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BOTÂNICA SISTEMÁTICA Ronei Tiago Stein Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar caracteres morfológicos, sistemáticos e reprodutivos da Família Podocarpaceae. Reconhecer caracteres morfológicos, sistemáticos e reprodutivos da Família Araucariaceae. Definir caracteres morfológicos, sistemáticos e reprodutivos das Fa- mílias Taxaceae e Gnetales. Introdução As gimnospermas atuais são compostas por quatro filos: Cycadophyta, Ginkgophyta, Coniferophyta e Gnetophyta. Apesar de as espécies perten- centes a cada filo apresentarem diferenças morfológicas e sistemáticas, os seus ciclos de vida são bastante similares. Geralmente, ocorre uma alternância de gerações heteromorfas com esporófitos grandes e independentes e gametófitos bastante reduzidos. Os óvulos (megasporângios mais tegumentos) ficam expostos nas su- perfícies dos megasporângios ou estruturas análogas. Na maturidade, o megagametófito da maioria das gimnospermas apresenta-se como uma estrutura multicelular com vários arquegônios. Os microgametófitos desenvolvem-se no interior dos grãos de pólen. Neste capítulo, você verá os caracteres morfológicos, sistemáticos e reprodutivos do Filo Coniferophyta (Famílias Podocarpaceae, Araucaria- ceae e Taxaceae) e do Filo Gnetophyta (Gnetales). Família Podocarpaceae (pinheiro-bravo) As coníferas são consideradas o grupo mais importante das gimnospermas, representadas por cerca de 650 espécies, divididas em sete famílias: Arauca- riaceae, Cephalotaxaceae, Cupressaceae, Pinaceae, Podocarpaceae, Sciado- pityaceae e Taxaceae. As espécies desse grupo são os maiores e mais antigos organismos terrestres presentes no planeta (HENRY, 2005; KLABUNDE, 2016). A Figura 1 apresenta um esquema com a classifi cação vegetal atual. Figura 1. Tábua de classificação vegetal. Fonte: Schwambach e Cardoso Sobrinho (2014, p. 182). A filogenia das famílias da Ordem Coniferales coloca lado a lado as Famílias Araucariaceae e Podocarpaceae, as quais possuem como representantes no Brasil as Espécies A. angustifolia (araucá- ria) e P. lambertii (Pinheiro-bravo), conhecidas pelos nomes populares de pinheiro-bravo, pinheirinho, pinho-bravo, pinheirinho-bravo e atambuaçu. Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales2 O termo Podocarpus vem do grego pous, que significa pé (podos), em alusão ao pedicelo do pseudofruto. Já o termo lambertii é uma homenagem a Aylmer Bourke Lambert (1761–1842), botânico inglês que também investigou as Coníferas. A Família Podocarpaceae é caracterizada por árvores ou arbustos de até 60 m de altura ligeiramente resinosos. Apresentam folhas simples, inteiras, de formatos diversos (lineares), com até 30 m de comprimento e 5 cm de largura ou, ainda, pequenas e escamiformes (JUDD et al., 2009). A Figura 2 apresenta um exemplar dessa família. Figura 2. Exemplo de espécie da Família Podocarpaceae. Fonte: Nikolay Kurzenko/Shutterstock.com. Podocarpaceae é tropical e subtropical, ocorrendo com menos frequência em regiões temperadas, em especial, no Hemisfério Sul. No Norte, a família estende-se até o Japão, América Central e Caribe. Essa família cresce, prin- cipalmente, em florestas sazonais (TAIZ; ZEIGER, 2013). 3Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales Com relação à classificação das podocarpáceas e à quantidade de gêneros, existem controvérsias entre os especialistas, apesar de todos concordarem de que se trata de coníferas. Por exemplo, Judd et al. (2009) mencionam que a Família Podocarpaceae é bastante numerosa, apresentando 19 gêneros, com mais de 180 espécies, divididos entre árvores e arbustos. Entretanto, Taiz e Zeiger (2013) descrevem que a Família Podocarpaceae pode apresentar até 170 gêneros, com mais de 180 espécies. Podocarpus, Dacrydium e outros integrantes dessa família fornecem madeira de qua- lidade. Podocarpus macrophyllus (pinheiro-budista) é muito cultivada como planta ornamental em climas temperados. No Brasil, um exemplar bastante conhecido da família das podocarpáceas é o Podocarpus lambertii, espécie que apresenta as seguintes características, de acordo com Remade ([201-?]). Folhas: árvore com folha perene (perenifólia), ou seja, mantém as folhas durante todo o ano em suas diferentes estações. As folhas são simples, alternas, lineares, medindo 3 a 5 cm de comprimento e 4 mm de largura, coriáceas, ápice agudo acuminado e base aguda e com margem sub-recurva. Tronco: geralmente, tortuoso, inclinado e curto, podendo apresentar- -se reto na floresta, onde atinge fustes de até 10 m de comprimento. O fuste compreende a parte do tronco das árvores entre o solo e as ramificações mais baixas. Ramificação: monopodial quando jovem, formando copa cônica e dicotômica, com galhos grossos e longos nas árvores adultas. A copa é arredondada a irregular. Casca: com espessura de até 10 mm, a casca externa é pardacenta, levemente fendilhada, descamando-se em lâminas finas, que ficam mais ou menos soltas na árvore, caindo aos poucos e com as pontas dobradas para cima. A casca interna é carmim-clara, com odor suave e perfumado. Flor: feminina, solitária, axilar, com pedúnculo delgado de até 15 mm de comprimento, carnoso e comestível, com 4 mm de comprimento e Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales4 masculina, umbeliforme, formada por até seis amentilhos, com pedún- culo delgado de até 10 mm de comprimento. Semente: subglobosa, brilhante, medindo 4 mm de diâmetro, esverde- ada, envolta pelo epimá cio e localizada na ponta do pedúnculo carnoso. Pardacenta: coloração parda ou cinzenta. Fendilhada: com pequenas fendas/rachaduras. Pedúnculo: a haste de uma inflorescência ou de uma flor solitária. Pedicelo: a haste de uma flor individual em uma inflorescência. Umbeliforme: inflorescência na qual os pedicelos individuais partem todos do ápice do pedúnculo. De modo geral, quanto à forma de reprodução, as plantas dessa família são dioicas (raramente monoicas), ou seja, os sexos encontram-se separados em indivíduos diferentes. Caracterizam-se pelos estróbilos femininos reduzidos a poucos, às vezes, apenas um complexo de escamas tectrizes/seminíferas. As escamas seminíferas envolvem as sementes como um órgão carnoso (epimá cio). Além disso, escamas seminíferas estéreis podem apresentar-se concrescidas com o eixo do estróbilo formando uma zona pedicelar carnosa (BRESINSKY et al., 2012). As escamas correspondem a folhas, geralmente, subterrâneas, que armazenam subs- tâncias nutritivas e protegem os brotos. Podem ser: escamas seminíferas (ou carpelos) — envolvem as sementes como um órgão carnoso. escamas tectrizes (ou protetoras) — responsáveis por proteger as sementes. escamas ovulíferas — estruturas férteis que correspondem a folhas modificadas onde se formam os óvulos. Alguns especialistas defendem que existe uma relação de grupos-irmãos entre Podocarpaceae e Araucariaceae, pois ambas as famílias partilham as 5Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales seguintes sinapomorfias (quando dois táxons apresentam o mesmo caractere), de acordo com Judd et al. (2009): presença de um óvulo por escama ovulífera; escama ovulífera associada com a semente; fusão entre a bráctea (estruturas filiáceas) e a escama ovulífera. Família Araucariaceae (pinheiro-do-paraná) Bresinsky et al. (2012) mencionam que as famílias das Coniferopsidas podem ser classifi cadas em três grupos: 1. Pinaceae; 2. Araucariaceae e Podocarpaceae; 3. Cupressaceae, Sciadopityaceae e Cephalotaxaceae/Taxaceae. A Família Araucariaceae (dividida em três gêneros e cerca de 23 espécies) é caracterizada por apresentar plantas arbóreas de grande porte, alternadas, em geral, densamente dispostas e, em certos casos, imbricadas, ou seja, en- trelaçadas. Judd et al. (2009) mencionam que sãocaracterizadas, ainda, por apresentar árvores longevas de até 65 m de altura e 6 m de diâmetro basal, muito resinosas, bem simétricas e com formato geral cônico. Possuem folhas pequenas, inteiras e simples, de formatos variáveis (acicu- lares, escamosas, lineares, oblongas ou elípticas). As plantas podem ser dioicas (sexos separados) ou monoicas. As flores femininas são reunidas em grandes e densos estróbilos com mais de duas centenas de flores. O óvulo nasce na axila de um megasporófilo pouco desenvolvido e é protegido por uma folha estéril, a escama de cobertura que acaba envolvendo e encerrando o óvulo fecundado, de forma que o grande cone maduro é composto por unidades isoladas, o chamado pinhão (JUDD et al., 2009). O pinhão consiste em um estróbilo masculino longo, onde cada microsporófilo trans- porta oito microsporângios alongados (BRESINSKY et al., 2012). Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales6 A Araucariaceae está praticamente restrita ao Hemisfério Sul (exceto África), incluindo Ásia, Austrália, Nova Zelândia e América do Sul. Os in- tegrantes dessa família crescem em florestas tropicais e subtropicais, bem como em regiões temperadas. No Brasil, Amabis e Martho (1997) ressaltam que as plantas mais conhe- cidas são as araucárias (também conhecidas como pinheiro-do-paraná). Essas plantas adaptaram-se bem a regiões temperadas, formando grandes florestas, como as matas de araucárias do Sul do Brasil (Figura 3). Figura 3. (a) Araucária, planta encontrada na região Sul do Brasil. (b) Ramo de araucária (Araucaria angustifólia). (c, d, e) Estróbilo microsporangiado, cone e semente de Araucaria angustifólia. Fonte: (a) Iuliia Timofeeva/Shutterstock.com; (b) Gabriela Beres/Shutterstock.com; (c–e) Judd et al. (2009, p. 218). (a) (c) (b) (d) (e) (f ) A araucária é uma espécie endêmica das regiões Sul e Sudeste do Brasil (na região Sudeste, pequenas manchas nos Estados de São Paulo, Minas Ge- rais e Rio de Janeiro), com extensões em pequenas manchas no Noroeste da Argentina (Províncias de San Pedro e Corrientes) e Paraguai (Alto Paraná), conforme mencionam Carvalho (1994), Judd et al. (2009) e Klabunde (2016). 7Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales Originalmente, a floresta de Araucária (também conhecida como floresta Ombrófila Mista) ocupou 49,8% de todo o Paraná. As árvores localizam-se em regiões serranas e planaltos, entre as altitudes de 500 a 1.500 m, podendo chegar a 2.300 m acima do nível do mar. A araucária é uma planta dioica, ou seja, com árvores masculinas e femininas. As árvores jovens apresentam a copa em forma de cone, as adultas, em forma de guarda-chuva, e as senis, em forma de taça. Essa espécie pode viver, em média, entre 200 e 300 anos, conforme a Secretaria Municipal do Meio Ambiente do Paraná (PARANÁ, 2007). A reprodução da Família Araucariaceae ocorre após as plantas atingirem a maturidade sexual, quando os esporófitos formam ramos reprodutivos especia- lizados, os estróbilos, que são as flores das araucárias. Um estróbilo apresenta um eixo central no qual se prendem folhas especializadas, os esporófilos. Em seu interior, encontram-se os esporângios, com células que sofrem meiose e originam esporos. Os estróbilos podem ser femininos ou masculinos (AMABIS; MARTHO, 1997). Esporófito: estágio do ciclo de vida que produz esporos. O esporófito é diploide, ou seja, suas células têm um conjunto duplo de cromossomos. Produz, por meiose, grande número de pequenos esporos que se desenvolvem em gametófitos, que vivem independentes. Gametófito: estágio do ciclo de vida que produz gametas. O gametófito é haploide, ou seja, suas células têm um conjunto simples de cromossomos. Pode ser tanto macho como fêmea, ou ambos. O gametófito produz células sexuais, ou gametas, por mitose. No estróbilo feminino, formam-se esporos que acumulam substâncias nutritivas e com tamanho relativamente maior que os esporos masculinos, razão pela qual são chamados de megásporos. Por sua vez, o estróbilo fe- minino é denominado de megastróbilo, e suas partes são denominadas me- gasporófilos e megasporângios. No estróbilo masculino, formam-se esporos relativamente pequenos, denominados micrósporos. O estróbilo masculino, por sua vez, é denominado microstróbilo, e suas partes são os microsporófilos e os microsporângios. Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales8 Os dois gêneros principais da Família Araucariaceae, Agathis e Araucaria, fornecem madeira de alta qualidade. Os maiores indivíduos, como Agathis australis da Nova Zelândia, podem atingir até 65 m de altura e mais de 6 m de diâmetro, além de conter um volume considerável de madeira. Araucaria heterophylla e A. araucana são espécies muito apreciadas como plantas ornamentais. Taxaceae e Gnetales Judd et al. (2009) descrevem que as Taxaceae (Família Taxus) apresentam cinco gêneros e cerca de 25 espécies, caracterizadas por árvores de tamanho mode- rado, arvoretas ou arbustos, em geral, não resinosas ou levemente resinosas. Podem exalar cheiro ou não, dependendo da espécie. As folhas são simples e duram por muitos anos, liberadas de maneira individual pela planta. Com frequência, são retorcidas, parecendo dísticas, lineares, achatadas, inteiras, de ápice agudo, com nenhum ou um canal resinífero. A Figura 4 apresenta uma esquematização das folhas dessas plantas. Figura 4. Taxaceae. (a) Ramo com folhas e estróbilo microsporangiado no período de liberação do pólen. (b) Detalhe da superfície abaxial da folha. (c, d, e) Estróbilos microspo- rangiados durante e depois da liberação do pólen. (f) Detalhe do microsporófilo. (g) Ramo com óvulo arilado. Fonte: Judd et al. (2009, p. 219). (a) (g) (b) (d) (e) (f ) (c) 9Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales Em geral, as plantas são dioicas, e os estróbilos microsporangiados apre- sentam de 6 a 14 microsporófilos, de 2 a 9 microsporângios, em arranjo radial ao redor do microsporófilo ou limitados à sua superfície abaxial (JUDD et al., 2009). Nas Taxaceae, a estrutura dos estróbilos femininos é diferente daquela característica para as famílias até agora descritas, com escamas tectrizes e escamas seminíferas com rudimentos seminais (BRESINSKY et al., 2012). Nas Taxaceae, a semente madura é envolvida por um tecido carnoso formado pelo pedicelo do rudimento seminal, conhecido como arilo, uma cobertura carnuda presente em certas sementes muito parecida com um fruto. As es- truturas femininas das Taxaceae derivam de uma estrutura de estróbilo com escamas tectrizes e escamas seminíferas. Em taxus, os inúmeros sacos polínicos estão ordenados radialmente em torno do pedicelo do estame e, em Pseudotaxus, os conjuntos de estames são separados por brácteas. Na Europa Central, as Taxaceae são representadas pelo teixo (Taxus baccata), que está relacionado a um clima de inverno ameno e ocorre em locais iluminados nas florestas. O teixo é tóxico devido à ocor- rência de derivados de taxanos em todas as suas partes, exceto no manto em torno da semente, e sua madeira é uma das mais densas entre as árvores da Europa Central. O taxol, uma substância extraída da Espécie Taxus brevifolia, é utilizado em terapias contra o câncer devido ao seu efeito como inibidor da mitose (TAIZ; ZEIGER, 2013). A Taxus é muito utilizada como planta ornamental e como essência florestal na América do Norte e Europa. É uma das melhores madeiras de coníferas, utilizada em marcenaria de alta qualidade. Gnetales A Gnetales refere-se à ordem das gimnospermas na qual a fecundação se processa por intermédio de um tubo (microprótalo) que cresce até atingir o arquegônio (sifonogamia). As Gnetófi tas, de acordo com Judd et al. (2009) e Evert e Eichhorn (2014), compreendem três gêneros atuais: Gnetum, Ephedra e Welwitschia, com cerca de 75 espécies de gimnospermas pouco comuns. As três famílias aqui estudadas apresentam diferenças fundamentais entre elas e,Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales10 aparentemente, só têm em comum a sifonogamia, a presença de mais de um envoltório no óvulo (tegumentos) e certas peculiaridades no desenvolvimento do megaprótalo. Segundo Evert e Eichhorn (2014), Gnetum é um gênero com cerca de 35 espécies, encontrado, principalmente, em trópicos úmidos (Figura 5). Consiste em plantas lenhosas arbustivas ou trepadeiras, com folhas grandes e coriáceas, grandes, em forma elíptica, com nervação penada. As flores masculinas são nuas, constituídas por um único estame ereto, fixo a uma porção dilatada, com muitos pelos na base. Essas flores estão dispostas em nítidos verticilos em torno do eixo. As flores femininas são dispostas verticiladamente em andares. Cada uma delas é protegida por um perigônio apresso que envolve o óvulo na base. Esse perigônio tem dois tegumentos, com o interior prolongado além do perigônio, funcionando como um estigma. Figura 5. As espécies do Gênero Gnetum são arbustos ou trepadeiras lenhosas, que crescem em florestas tropicais ou subtropicais. (a) As folhas são, geralmente, grandes e coriáceas. (b) As sementes são carnosas. Fonte: Attakorn Benjkulrat/Shutterstock.com; Achmad Rokim/Shutterstock.com. (a) (b) 11Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales No megasporângio, desenvolve-se um prótalo atípico que não mostra arquegônios diferenciados, porém, na parte inferior, é encontrado um grupo de células que constituem o endosperma primário e, na parte superior, muitos núcleos livres. Estame: parte da flor que produz os grãos de pólen, constituída, em geral, pelo filete e pela antera. Corresponde ao microsporófilo (masculino). Perigônio: verticilo protetor composto por um ou mais círculos de segmentos (tépalas) iguais. Estigma: região do carpelo que serve como uma superfície receptora para os grãos de pólen e sobre a qual eles germinam. O Gênero Ephedra é composto por cerca de 35 espécies de acordo com Evert e Eichhorn (2014). São caracterizadas por apresentar arbustos profusamente ramificados, com folhas inconspícuas, dimensões reduzidas e, portanto, não evidentes, pequenas e escamiformes. A maioria das espécies habita regiões áridas e desérticas de ambos os hemisférios. A Figura 6 apresenta como exemplo desse gênero a Espécie Ephedra viridis. Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales12 Figura 6. (a) Arbusto masculino de Ephedra viridis encontrado na Califórnia (Estados Unidos) densamente ramificado com folhas escamiformes. (b) Ramo do indivíduo microsporangiado. (c) Estróbilo microsporangiado. (d) Unidade reprodutiva microsporangiada. (e) Estróbilo ovulífero. (f) Unidade reprodutiva ovulífera. Fonte: Vera Mitskevich/Shutterstock.com; Judd et al. (2009, p. 220). (a) (b) 1 m m 2 m m 1 mm 1 m m (c) (d) (e) (f ) 13Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales Joly (1998) descreve que as folhas são escamiformes opostas ou verticiladas, na maioria das vezes, caducas, com caule verde abundantemente ramificado. Algumas espécies podem ser escandentes, ou seja, crescem apoiadas em outras plantas. Em relação ao sexo, raramente são monoicas, as flores masculinas são constituídas de 1 a 8 microsporângios (anteras), com sésseis ou pedunculados (estames) protegidos por duas bractéolas delicadas (escamas). Ocorre apenas uma espécie do Gênero Ephedra no Brasil, encontrada, principalmente, no Rio Grande do Sul. Trata-se da Espécie Ephedra tweediana Fisch, apresentada pela Figura 7. Figura 7. Espécie Ephedra tweediana Fisch, única espécie do Gênero Ephedra encontrada no Brasil. Fonte: Fonseca (2017, documento on-line). Algumas espécies asiáticas do Gênero Ephedra são produtoras de efedrina, um alcaloide medicinal amplamente utilizado (JOLY, 1998). Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales14 O Gênero Welwitschia apresenta uma única espécie, a Welwitschia mirabilis, considerada a planta vascular mais “estranha e bizarra” conforme Evert e Eichhorn (2014). Essa espécie (Figura 8) cresce na costa desértica do Sudoeste da África, em Angola, Namíbia e África do Sul. É denominada como polvo do deserto, mas não apresenta grande importância econômica. Alguns povos isolados utilizam as fibras da planta como cordas/barbantes. Figura 8. A Gnetófita Welwitschia mirabilis é encontrada apenas no Deserto da Namíbia e em regiões adjacentes no Sudoeste da África. Fonte: Dmitry Pichugin/Shutterstock.com. A maior parcela da planta fica enterrada no solo arenoso. A parte exposta consiste em um disco côncavo, maciço e lenhoso, que produz apenas duas folhas em forma de fita que se fundem longitudinalmente com a idade. Os ramos com estróbilos crescem de um tecido meristemático na margem do disco. Evert e Eichhorn (2014) mencionam que, embora os gêneros de Gneto- phyta sejam relacionados uns com os outros e apropriadamente agrupados, eles diferem muito em suas características. Esses gêneros apresentam muitas características semelhantes às das angiospermas, como por exemplo: simetria de seus estróbilos com algumas inflorescências (agrupamento de flores) de angiospermas; presença de elementos de vasos muito similares em seus xilemas; ausência de arquegônios em Gnutem e Welwitschia. 15Gimnospermas: Podocarpaceae, Araucariaceae, Taxaceae e Gnetales De modo geral, mesmo as gimnospermas não apresentando tantas espé- cies em comparação com as angiospermas, muitas delas possuem enorme importância econômica. Existe grande quantidade de espécies utilizadas para fins ornamentais, principalmente, do Filo Coniferophyta. Outras espécies apresentam vital importância para a indústria papeleira ou moveleira, devido à qualidade da madeira. Existem, ainda, espécies que são utilizadas na produção de perfumes, tintas, vernizes, medicamentos e, até mesmo, na alimentação, como é o caso do pinhão, semente da araucária. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1997. BRESINSKY, A. et al. Tratado de botânica de Strasburger. 36. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. CARVALHO, P. E. R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, poten- cialidades e uso da madeira. Colombo: EMBRAPA-CNPF; Brasília: EMBRAPA-SPI, 1994. EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. FONSECA, A. N. da. Ephedra tweediana Fisch. & C.A. Mey. 27 abr. 2017. 1 fotografia. 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