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Unidade III ANÁLISE DE INVESTIMENTOS Prof. Alexandre Laurindo Técnicas de avaliação de investimentos Na unidade anterior, vimos os cálculos sobre tempo de retorno de investimento, levando em consideração a taxa de juros e os valores de entrada. Existem outras técnicas de análise de investimento. Primeiro deve-se contextualizar a situação, pois investimento faz parte das decisões diárias das empresas. Contextualização Em primeiro lugar deve-se pensar em: produtividade, pois ela gera entrada de recursos e, ao mesmo tempo, gera consumos diferentes. Por exemplo Uma máquina automática é mais cara, mas exige menos mão de obra, reduzindo o custo, contudo, a manutenção é mais cara. Deve-se comprar uma máquina automática ou manual? Decisões de investimentos Devem-se considerar: valor investido custo do capital aplicado tempo de retorno desejado custo de operação geração de caixa Técnicas de avaliação financeira Período de recuperação do investimento ou payback Taxa média de retorno Valor presente líquido – VPL EVA e o market value added (MVA) Taxa interna de retorno – TIR Payback Este método é o mais simples, pois é definido como o número de meses ou de anos necessário para recuperar o desembolso em determinado investimento. Não considera o valor do dinheiro no tempo, e a sua metodologia não se traduz num fluxo de caixa descontado a determinada taxa. Payback A recuperação do investimento feito está mais associada a um prazo limite fixado pelo investidor para recuperar o valor aplicado ou o investido. Havendo grandes possibilidades de risco de não recuperação no prazo limite fixado, a decisão é não aceitar o projeto de investimento. Payback Por exemplo: um investimento no valor de R$ 360.000, desembolsado de uma única vez e que gera expectativa de entradas conforme tabela a seguir: Ano Expectativas de entradas 1 51.000 2 115.000 3 264.000 4 200.000 5 250.000 Payback Como se calcular o payback? Observe o fluxo de caixa acumulado: Abatem-se os valores das entradas do investimento inicial feito até que os valores zerem e se tornem positivos. Ano Fluxo de caixa no período Fluxos acumulados 0 (360.000) (360.000) 1 51.000 (309.000) 2 115.000 (194.000) 3 264.000 70.000 4 200.000 270.000 5 250.000 570.000 Payback Para um projeto de investimento conforme a tabela anterior, cuja saída é de R$ 360.000, tornando-se positivo durante o terceiro ano, e admitindo-se que a entrada de R$ 264.000 no terceiro ano ocorra de maneira uniforme, ou seja, 264.000/12 = 22.000 por mês, o fluxo de caixa se torna positivo, decorridos dois anos e aproximadamente 8,81 meses, ou 9 meses. Payback Como se chega a esse valor? No fim do ano 2, há um saldo a recuperar de R$ 194.000, que deveria ser recuperado no ano 3. No ano 3, há uma entrada superior a esse valor, R$ 264.000. Então, precisamos apurar ou fazer um rateio das entradas mensais, ou seja, R$ 264.000 em um ano representam R$ 22.000 por mês, supondo entrada linear. Payback Como se chega a esse valor? O saldo a recuperar de R$ 194.000 deve ser dividido por R$ 22.000, o que vai apontar que esse valor será atingido em 8,81 meses. Se a empresa estabeleceu um limite de quase 3 anos, então o projeto deve ser aceito. Payback Entretanto, se houver uma margem de risco que possa determinar que o fluxo de caixa ocorra muito além dos 3 anos, por exemplo, 4 anos, então a decisão é não aceitar o projeto. Payback A decisão dos investidores quanto ao prazo é aceitável para obter o retorno. Se os cálculos apontarem retorno em tempo igual ou inferior ao prazo estipulado, o investimento é aceito e, se for superior, deve ser negado. Outra forma de calcular o payback Uma forma alternativa de calcular o tempo do payback conforme quadro anterior é: Os nove meses somados aos dois anos iniciais determinam que o período de recuperação do valor investido é de dois anos e nove meses, ou quase três anos. Interatividade Quando falamos sobre as técnicas de avaliação financeira, observe qual(is) das afirmações abaixo refere(m)-se ao assunto. I. Período de recuperação do investimento ou payback. II. Taxa média de retorno. III. Valor presente líquido – VPL. IV. EVA e o market value added (MVA). V. Taxa interna de retorno – TIR. Assinale a alternativa de garantia correta. a) Todas as afirmações estão corretas. b) Apenas a afirmação I está incorreta. c) Apenas a afirmação III está incorreta. d) Somente a afirmação II está correta. e) Todas as afirmações estão incorretas. Taxa média de retorno Este método também não considera o valor do dinheiro no tempo. Utilizando os mesmos dados, como o fluxo médio de entradas de caixa e calculado. Fluxo de entradas: Anos ou períodos Entradas de entradas Ano 1 51.000 Ano 2 115.000 Ano 3 264.000 Ano 4 200.000 Ano 5 250.000 Total 880.000 Taxa média de retorno O primeiro passo é calcular a média anual dos cinco anos, igualando, mesmo que em média, os valores de entradas. Entradas médias – anual: 880.000/5 = 176.000 por ano. Cada entrada será considerada como uma parcela de retorno, assim: Se o padrão desejado for inferior a 48,89%, por exemplo, 35%, então a decisão é também aceitar o projeto de investimento. Taxa média de retorno A conscientização de que a taxa de quase 50% poderá levar a ideia errônea de que o investimento será recuperado em dois anos. Contudo, no método do payback, o projeto levará quase três anos para ser recuperado, ou, precisamente, mais nove meses, decorridos os dois anos, ou seja, 2 anos e 9 meses. Taxa média de retorno Deficiências dos dois métodos É não levar em consideração o valor do dinheiro no tempo e os aspectos inflacionários, pois a saída de caixa para o investimento e as respectivas entradas não estão em uma mesma moeda, e as entradas e saídas de caixa em uma mesma data podem ser comparáveis. Taxa média de retorno Os modelos que consideram esses itens citados são denominados fluxo descontado de caixa, em que estão: Valor atual líquido (VPL) Taxa interna de retorno (TIR) EVA de market value added (MVA) ou lucro econômico VPL e a relação do valor do dinheiro no tempo “Por que pensamos em utilizar o VPL antes de mais nada?” (ROSS, WESTERFILD & JAFFE). Precisamos a relação entre 1 (um) Real hoje e 1 (um) Real futuro, antes de decidir a respeito de um projeto. Por exemplo Uma empresa está analisando a possibilidade de investir R$ 1 milhão num projeto que promete produzir R$ 200.000,00 por ano, durante dez anos. Deve a empresa aceitar o projeto? VPL e a relação do valor do dinheiro no tempo Análise do exemplo À primeira vista, poderia ter sido dito que sim, pois as entradas totais de R$ 2 milhões são maiores que a saída R$ 1 milhão. Entretanto, se o valor inicial é gasto imediatamente, sendo que os R$ 200.000 por ano serão recebidos no futuro. Observamos que o pagamento inicial é certo, mas as entradas futuras são apenas estimativas. Valor presente líquido – VPL Leva em conta o valor do dinheiro no tempo. Considera todas as entradas e saídas de caixa como tratadas no tempo presente. É igual ao valor presente do fluxo de caixa líquido do projeto em análise, descontado pelo custo médio ponderado de capital. Atributos do VPL “Aceitar projetos com VPL positivo é benéfico para os acionistas.” (ROSS, WESTERFILD & JAFFE) O VPL usa fluxos de caixa O VPL usa todos os fluxos de caixa do projeto O VPL desconta os fluxos de caixa corretamente Valor atual líquido ou valor presente líquido (VPL) É uma técnica que traz o valor presente na data do investimento ou desembolso de todas as entradas futuras de caixa. Sendo maior ou igual ao valor desembolsado (investimento inicial), então a decisão de investir deve ser aceita. Sendo o VPL negativo oumenor que o valor investido, a decisão é não aceitar o investimento. Valor atual líquido ou valor presente líquido (VPL) Tomando os mesmos dados apresentados anteriormente, utilizados no método do payback, sabe-se que a empresa deseja uma taxa de retorno de investimento de 25% ao ano. Fluxo das operações: Ano Fluxo de caixa no período Fator de valor atual a 25% ao ano Valor atual do fluxo de caixa a 25% ao ano 0 (360.000) 1,0000 (360.000) 1 51.000 0,8000 40.800 2 115.000 0,6400 73.600 3 264.000 0,5120 135.168 4 200.000 0,4096 81.920 5 250.000 0,3277 81.920 Valor Atual líquido ou Valor Presente Líquido = 53.408 Valor atual líquido ou valor presente líquido (VPL) Com os resultados obtidos, o projeto deve ser aceito, pois o valor atual líquido é positivo em $ 53.408,00. Cálculos Ano 1 Fator de valor atual 25% ao ano, como estamos no ano 1, temos que antecipar um período: Ano 2 Valor atual líquido ou valor presente líquido (VPL) Valor atual líquido ou valor presente líquido (VPL) Ano 3 Valor atual líquido ou valor presente líquido (VPL) O mesmo ocorre nos anos 4 e 5. Ao final, abatem-se do valor investido as atualizações de valores de entradas. Compilando os dados, temos: Então 413.408 – 360.000 = 53.408,00 O resultado foi positivo. Ano Valor atualizado 1 40.800 2 73.600 3 135.168 4 81.920 5 81.920 Total 413.408 Interatividade Observe as afirmações abaixo. I. A taxa média de retorno não considera o valor do dinheiro no tempo. II. Valor atual líquido (VPL) considera o valor do dinheiro no tempo. III. Taxa interna de retorno (TIR) leva em consideração o dinheiro no tempo. Assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmações estão incorretas. b) Somente a afirmação I está incorreta. c) Apenas a afirmação II está correta. d) Todas as afirmações estão corretas. e) Somente a afirmação III está correta. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico O valor econômico agregado (EVA) conduz aos mesmos resultados do VPL. Sua utilização tem importância para se entender qual taxa de desconto deve ser utilizada para trazer os fluxos de caixas futuros a valor presente. A taxa de desconto utilizada correspondente ao conceito de custo de capital. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico O custo de capital é definido como a taxa de retorno desejada pelos detentores do capital. Na economia de mercado, o empresário que investe uma dada quantia de capital em uma empresa ou em um conjunto de ativos que produzirão lucros anuais não possui capital próprio suficiente para aplicação em determinado negócio ou empreendimento. Uma das alternativas é buscar capital emprestado nas instituições financeiras ou bancárias. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico Quando aplicados os capitais próprios e de terceiros, o empresário deve ter consciência principalmente sobre este último, que deve produzir lucros suficientes para pagar os juros e que proporcionem uma diferença favorável entre o lucro produzido pelos capital emprestado e juros pagos. A empresa está sendo alavancada financeiramente, porque o excesso entre o lucro produzido pelo capital emprestado e os juros pagos são acrescidos aos lucros produzidos pelo capital dos proprietários da empresa. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico O lucro produzido pelo capital próprio da empresa ou o capital de propriedade dos sócios ou acionistas deve produzir um lucro que dê para remunerar os sócios ou acionistas pela taxa de retorno desejada, e o que exceder após a remuneração dos sócios ou acionistas e o chamado EVA, ou lucro economicamente ganho. De outra forma, de acordo com a metodologia do EVA, lucro, efetivamente, é o que sobrar após a dedução do custo do capital próprio. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico Supondo que determinada empresa possua os seguintes capitais à sua disposição: capital de terceiros – $ 100.000 a uma taxa de juros de 15%; e capital próprio – $ 100.000 a uma taxa de retorno desejada de 25%. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico Ainda que a empresa tenha produzido os seguintes resultados: Nessa tabela, especificamente na coluna 1, o lucro é apurado tradicionalmente pela contabilidade. Pelo conceito do EVA, indicado na coluna 2, lucro é somente o que exceder o custo sobre o capital próprio. Itens Coluna 1 Coluna 2 Receitas de vendas 100.000 100.000 (-) Custos e despesas (20.000) (20.000) Lucro antes das despesas financeiras 80.000 80.000 (-) Despesas financeiras (15.000) (15.000) Lucro líquido 65.000 65.000 (-) Custo do capital próprio (25.000) EVA – ou lucro econômico 40.000 Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico Nas colunas 1 ou 2, tomando o lucro de $ 80.000 antes de computar o custo do capital de terceiros (juros) e o custo do capital próprio, podemos obter a taxa de retorno sobre a soma dos capitais. Essa taxa é usualmente denominada taxa de retorno sobre os ativos (RSA): RSA = (Lucro antes das despesas financeiras / Soma dos capitais) x 100 RSA = (80.000 / 200.000) x 100 = 40% Os capitais de terceiros e próprios renderam juntos uma taxa de 40%. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico Entretanto, qual é o custo da dívida ou qual é o custo da remuneração do capital de terceiros? Custo da dívida = (Despesas financeiras / Capital de terceiros) x 100 Custo da dívida = (15.000 / 100.000) x 100 = 15% Diante desses dois cálculos, podemos concluir o seguinte – Fluxo de Operações: Capitais Valor Taxa Lucro produzido Capital de terceiros 100.000 40% 40.000 (-) Juros pagos 100.000 15% (15.000) = Expresso 25.000 Capital próprio 100.000 40% 40.000 Lucro líquido 65.000 Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico O capital de terceiros proporcionou um lucro de $ 40.000, dos quais $ 15.000 foram pagos ao banco, e sobraram $ 25.000, acrescidos automaticamente para os acionistas. O capital próprio rendeu também $ 40.000, que, somados aos $ 25.000 de excesso obtido pela aplicação do capital de terceiros, deu um lucro líquido final dos acionistas de $ 65.000. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico Nesse sentido, é que dizemos que a empresa está alavancando financeiramente e favoravelmente, isto é, consegue obter um lucro sobre o capital emprestado, pagar os juros de $ 15.000 e ainda sobram $ 25.000, acrescidos ao patrimônio dos proprietários. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico Observe ainda que, se os capitais fossem somente dos proprietários, o retorno sobre o capital próprio seria de 40%, ou seja, sendo o capital total próprio no montante de $ 200.000 e como consequência não tendo a despesa financeira de $ 15.000, o lucro líquido seria de $ 80.000. Então, o retorno sobre o capital próprio seria de (80.000/200.000) x 100 = 40%, enquanto, somente com a metade do capital no valor de $ 100.000, os acionistas conseguiram uma taxa de retorno sobre o capital próprio de (65.000/ 100.000) x 100 = 65%. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico Qual é a melhor alternativa: ganhar 40% sobre $ 200.000 (= $ 80.000) ou ganhar 65% sobre $ 100.000 (= $ 65.000)? E se os acionistas aplicarem os restantes $ 100.000 em outro negócio? Entretanto, para atingirmos o conceito do EVA ou lucro econômico, torna-se necessário ainda deduzir do lucro líquido de $ 65.000 o custo sobre o capital próprio, conforme demonstrado na segunda coluna da tabela anterior. Assim, $ 65.000 deduzidos o custo do capital próprio ou retorno desejado pelos acionistas de 25% sobre $ 100.000 = $ 25.000, sendo o lucro econômico de $ 40.000. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico Pelo conceito EVA, o lucro aparece após a dedução não só da remuneraçãodo capital de terceiros, mas principalmente o custo do capital próprio, de tal forma que o lucro econômico que resta é para aplicação na própria empresa, pois ela necessita cada vez mais de lucro para as suas necessidades de capital de giro, para manutenção de suas atividades, ou mesmo, aumentar o seu nível de atividade. Valor econômico agregado (EVA) ou lucro econômico Do mesmo modo, utilizando os dados do quadro do modelo do VPL, cuja taxa é de 25%, vamos supor que o investimento inicial de $ 360.000 seja composto de metade de capital próprio e que os sócios ou acionistas desejam uma taxa de retorno de seu capital inicial investido de 16% ao ano. A outra metade dos $ 360.000 decorre de capital de terceiros, cuja taxa exigida pelos emprestadores de dinheiro ou bancos é de 9% ao ano, perfazendo a taxa total de 25%. Avaliação dos resultados Trataremos agora de dois pontos importantes para a avaliação dos resultados de uma empresa: O estudo desses temas se justifica por apontar meios de verificar mudanças nas atuações da empresa, mostrando mudanças na análise de investimento. grau de alavancagem operacional grau de alavancagem financeira Interatividade Observe as afirmações abaixo. I. O valor econômico agregado (EVA) conduz aos mesmos resultados do payback. II. Sua utilização tem importância para se entender qual taxa de desconto deve ser utilizada para trazer os fluxos de caixas futuros a valor presente. III. A taxa de desconto utilizada correspondente ao conceito de custo de capital. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmação I está correta. b) As afirmações I e II estão corretas. c) Todas as afirmações estão corretas. d) Nenhuma afirmação está correta. e) Somente a afirmação I está incorreta. Grau de alavancagem operacional Este índice indica a relação entre a variação dos lucros e a variação das vendas. Quando se aumenta as vendas, não significa aumento de lucro; logo, na análise de um investimento não se pode fazer simulações de ampliação de lucros simplesmente ampliando previsão de vendas. A forma para se fazer este cálculo é: Grau de alavancagem operacional Esse índice aponta o efeito que o aumento de vendas terá nos lucros, e se o lucro vai aumentar na mesma proporção ou não, e qual será essa proporção. O grau de alavancagem operacional auxilia na projeção dos resultados que uma empresa poderia ter nos mais variados níveis de produção ou de vendas. Por exemplo, se a empresa produzir 10.000 unidades de um produto qualquer, terá um impacto em custos; se produzir 20.000 unidades, o impacto em custos será outro e, por consequência, os lucros serão diferentes. Grau de alavancagem operacional Um exemplo, utilizando como base os dados da tabela abaixo: Em um primeiro momento, projetaremos os lucros com um volume de vendas de 500 unidades: Custo fixo + despesa fixa R$ 10.000,00 Preço de venda unitário R$ 110,05 Custo variável unitário R$ 66,00 Margem de contribuição R$ 110,05 – 66= 44.05 Grau de alavancagem operacional Ao se projetar os lucros com vendas de 600 unidades: Assim, a variação dos lucros foi de: 16.430 – 12.025 = 4.405,00, que corresponde a 36,63% de crescimento. A variação na receita foi de: 66.030 – 55.025 = 11.005, que corresponde a 20% de crescimento. Grau de alavancagem operacional Uma leitura financeira diz que um crescimento de 20% nas vendas resulta em crescimento de 36,63% nos lucros. Assim, o GAO seria: Um grau de alavancagem operacional de 1,83 vezes significa que qualquer acréscimo percentual no volume de 500 unidades acarretará em aumento de lucro em 1,83 vezes. Grau de alavancagem financeira Quando se abre uma empresa, tem-se a possibilidade de abrir com capital próprio ou capital de terceiros. Adotando o último, estaria assumindo uma dívida, buscando recursos no mercado a determinada taxa de juros e aplicando na empresa (ativo) com outra taxa de atratividade. Assim, a taxa de atratividade, que é o retorno esperado pela empresa, será certa porcentagem e a taxa de juros assumida na empresa será outra taxa. Essa diferença vai para os acionistas, afetando o retorno sobre o patrimônio líquido. Grau de alavancagem financeira O excesso de participação de capital de terceiros coloca a empresa em risco, mas traz retorno maior sobre o capital aplicado. Contudo, o risco da operação é maior, pois a empresa está mais endividada. Gitman (1984): alavancagem financeira é a capacidade da empresa em usar encargos financeiros fixos (de terceiros) para maximizar os efeitos da variação no lucro antes de juros e imposto de renda (LAJIR) sobre o lucro por ação, LPA. Grau de alavancagem financeira Assaf Neto (2003) aplica o índice para decidir se é viável utilizar capital de terceiros ou capital próprio; em sua visão, quanto maior o capital de terceiro maior a alavancagem financeira. Exemplo: uma empresa quer executar um projeto que necessita de investimento de R$ 98.000,00 e pretende ter um retorno de 1,77% sobre esse capital. Feitas as projeções, os dados foram os seguintes: Vendas 28.333,33 CMV (14.702,16) Lucro bruto 13.631,17 Despesas com vendas (4.867.66) Despesas administrativas (7.027.66) Lucro 1.735,85 Grau de alavancagem financeira Com investimento de R$ 98.000,00, o retorno sobre o ativo foi de: Lucro / ativo total 1.735,85 / 98.000 = 0,0177 x 100 = 1,77% de retorno. O retorno foi como o previsto, mas o que ocorreria se, no lugar de utilizar capital próprio, a empresa desejasse investir 50% do valor de capital próprio e o restante de recursos de terceiros com juros de 1% ao mês? Por exemplo, R$ 49.000,00 de capital próprio e R$ 49.000,00 de capital de terceiros, com juros de R$ 490,00. Grau de alavancagem financeira Considerando que os juros foram calculados no primeiro mês de utilização do capital. A operação fecha com um lucro financeiro, mas gera dívidas a vencer: em um balanço, estaria no lado do passivo. O lucro é igual a receitas menos despesas; não se computam despesas a vencer, somente as realizadas. Vendas 28.333,33 CMV (14.702,16) Lucro bruto 13.631,17 Despesas com vendas (4.867.66) Despesas administrativas (7.027.66) Lucro 1.735,85 Despesas financeiras (490,00) 1% do capital de terceiros Lucro depois dos pag. De juros 1.245,85 Grau de alavancagem financeira Numericamente, o lucro foi menor, o que nos levaria a pensar em uma situação ruim, mas vamos lembrar que o acionista quer retorno do capital, e seu papel como gestor financeiro é justamente maximizar esse retorno. Já o retorno sobre o PL, sobre o capital próprio, na primeira situação ficou: (1.735,85 / 98.000) x 100 = 1,77% Isso significa que, para cada R$ 100,00 aplicados na empresa, houve retorno de R$ 1,77. Grau de alavancagem financeira Se a empresa trabalhasse com capital de terceiros, o lucro diminuiria para R$ 1.245,85. Isso significa que: (1.245,85/49.000) x 100 = 2,54%. Assim, para cada R$ 100,00 aplicados na empresa, houve retorno de R$ 2,54. Percebe-se que o retorno para cada real aplicado foi maior, maximizando os ganhos dos acionistas. Para atrair investidores isso pode funcionar, mas, claro, sem se esquecer do risco que é gerado. Grau de alavancagem financeira Então, para calcular a alavancagem financeira, vamos simplificar e utilizar a seguinte fórmula: Deve-se decidir entre a utilização de capital próprio ou de terceiros e em que volume. Assim como o retorno sobre o patrimônio líquido na operação com capital de terceiros (2,54) e o retorno sobre o ativo calculado na situação de investimento próprio total (1,77). Grau de alavancagem financeira O GAF de 1,43 significa que a segunda opção oferece um retorno 43% maior do que a primeira. Em outras palavras, utilizando recursos de terceiros em 50%, haverá umretorno sobre o capital investido 43% maior do que com um investimento 100% próprio. Outros autores consideram o índice de endividamento como referência de análise da alavancagem financeira: Grau de alavancagem financeira Em que grau de endividamento do patrimônio líquido: GEPL, ou quanto das dívidas da empresa são dividas com terceiros; passivo circulante: PC; passivo exigível de LP: PE; patrimônio líquido: PL. Esses valores podem ser extraídos do Balanço Patrimonial. Interatividade Referente aos tipos de alavancagem, analise as afirmações abaixo. I. Este índice indica a relação entre a variação dos lucros e a variação das vendas. II. Quando se aumenta as vendas, não significa aumento de lucro; logo, na análise de um investimento, não se pode fazer simulações de ampliação de lucros simplesmente ampliando previsão de vendas. Assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmações se referem à alavancagem operacional. b) Somente a afirmação I se refere à alavancagem financeira. c) Todas se referem à alavancagem financeira. d) Nenhuma delas se refere à alavancagem. e) Somente a afirmação II se refere à alavancagem operacional. ATÉ A PRÓXIMA!
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