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Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 1 SUMÁRIO Introdução .............................................................................................................. 02 Principais tendências da ergonomia ....................................................................... 04 Considerações Preliminares: Trabalho e Condições de Trabalho .......................... 05 Origem e Evolução da Ergonomia .......................................................................... 09 Histórico ................................................................................................................. 13 Cronologia Mundial e Brasileira .............................................................................. 14 Ergonomia no Brasil – ABERGO ............................................................................. 18 Estudo das relações Homem – Máquina ................................................................. 20 Conceituação .......................................................................................................... 21 Objeto e Objetivo da Ergonomia ............................................................................. 22 Três principais tipos de ergonomia .......................................................................... 23 Métodos e Técnicas ................................................................................................ 25 Técnicas utilizadas na análise do trabalho .............................................................. 26 Texto de Apoio Nº 01 “LER / DORT” ...................................................................... 32 Texto de Apoio Nº 02 “22 Dicas para prevenir LER / DORT” ................................. 38 Revisando os Conceitos de Ergonomia ................................................................. 41 As diferentes Abordagens em Ergonomia .............................................................. 45 Os diferentes tipos de Ergonomia .......................................................................... 49 Abordagem Sistêmica em Ergonomia .................................................................... 50 Situações de Trabalho ........................................................................................... 57 Análise Ergonômica do trabalho .............................................................................. 61 Referências Bibliográficas ...................................................................................... 67 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 2 INTRODUÇÃO Na antiguidade, o conceito de trabalho estava muito associado a castigo, portanto, as condições de sofrimento impostas pelas atividades laborais não preocupavam muito os estudiosos, cientistas e trabalhadores. Com o advento da Revolução Industrial e após a Segunda Guerra Mundial, as condições de trabalho a que os trabalhadores eram submetidos, começou a preocupar as pessoas e surgiram os primeiros tratados de ergonomia. No Brasil, por volta dos anos 60, a Ergonomia pode ser definida como o estudo científico das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho (1965). Desde então, Governos, Cientistas, trabalhadores e a sociedade como um todo, têm dedicado mais atenção a essa importante ciência multidisciplinar que além de outros objetivos visa a perfeita interação homem-máquina-processos de trabalho, possibilitando trabalhar com menos sofrimento. A ergonomia, como veremos, é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução de problemas surgidos desses relacionamentos, ela está preocupada com os aspectos humanos do trabalho, em qualquer situação onde este é realizado e, desta maneira, ela busca não apenas evitar aos trabalhadores postos de trabalhos fatigantes e/ou perigosos, mas procura colocá-los nas melhores condições de trabalho possíveis, de forma a aumentar a eficácia do sistema de produção. A ergonomia tem sua base centrada no ser humano e esta antropocentricidade pode resgatar o respeito ao ser humano no trabalho, de forma a se alcançar não apenas o aumento da produtividade, mas, sobretudo uma melhor qualidade de vida no trabalho. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 3 Definições, histórico, conceitos, princípios, aplicações... ERGONOMIA ÉRGON = FORÇA / TRABALHO NOMOS = regras / LEIS DEFINIÇÃO DE ERGONOMIA: É a ciência que estuda a relação entre o homem e o seu trabalho, equipamentos e meio ambiente. ONDE PODEMOS APLICAR UM ESTUDO ERGONÔMICO? No lar No transporte No lazer Na escola Principalmente, no trabalho Ou seja, em qualquer lugar ERGONOMIA = CIÊNCIA DO CONFORTO Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 4 A Ergonomia surgiu em função da necessidade do ser humano cada vez mais querer aplicar menos esforço físico e mental, nas atividades diárias. A Ergonomia tem sido fator de aumento de produtividade e da qualidade do produto bem como da qualidade de vida dos trabalhadores, na medida em que a mesma é aplicada com a finalidade de melhorar as condições ambientais, visando a interação com o ser humano. PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DA ERGONOMIA: CORRENTE AMERICANA : Ergonomia dos métodos e das tecnologias, contínua necessidade de adaptação da máquina ao homem; CORRENTE EUROPÉIA: Ergonomia da organização do trabalho, européia, estudo da inter-relação entre o homem e o trabalho, como o homem “sente” e “experimenta” o trabalho. EM AMBAS AS CORRENTES TEMOS A BUSCA DA TRÍADE BÁSICA DA ERGONOMIA: CONFORTO - SEGURANÇA - EFICIÊNCIA MENOS ESFORÇO FÍSICO E MENTAL MAIS ERGONOMIA = Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 5 Considerações Preliminares: trabalho e condições de Trabalho A primeira definição conhecida de trabalho está escrita nas Sagradas Escrituras em Gênesis 3, 17-19 "Disse, pois, o Senhor Deus ao ser humano: maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; pois és pó, e ao pó tornarás". Podemos deduzir, então, que o trabalho está relacionado a noção geral de sofrimento e pena (BIBLIA,1995). O Dicionário Larousse de Língua Portuguesa (1992), dá as seguintes definições para trabalho: palavra derivada do latim tripalium que significa instrumento de tortura composto de três paus; sofrimento; esforço; luta; atividade humana aplicada à produção, à criação ou ao entretenimento; produto dessa atividade; obra. Atividade profissional regular e remunerada. Exercício de uma atividade profissional; lugar onde essa atividade é exercida. DAVIES e SHACKLETON (1977), define o trabalho como uma "atividade instrumental executada por seres humanos, cujo objetivo é preservar e manter a vida, e que é dirigida para uma alteração planejada de certas caraterísticas do meio-ambiente do ser humano". Eles referenciam, também, a definição ainda mais ampla dada por O'TOOLE, que diz que "o trabalho é uma atividade que produzalgo de valor para outras pessoas". LEPLAT e CUNY (1977) definem condições de trabalho como "o conjunto de fatores que determinam o comportamento do trabalhador. Estes fatores são, antes de mais nada, constituídos pelas exigências impostas ao trabalhador: objetivo com critérios de avaliação (fabricar determinado tipo de peça com estas ou aquelas tolerâncias), condições de execução (meios técnicos utilizáveis, ambientes físicos, regulamentos a observar)". Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 6 Por outro lado, MONTMOLLIN (1990), define condições de trabalho como tudo o que caracteriza uma situação de trabalho e permite ou impede a atividade dos trabalhadores. Deste modo, distinguem-se as condições: Físicas: características dos instrumentos, máquinas, ambiente do posto de trabalho(ruído, calor, poeiras, perigos diversos); Temporais: em especial os horários de trabalho; Organizacionais: procedimentos prescritos, ritmos impostos, de um modo geral, "conteúdo" do trabalho; as condições subjetivas características do operador: saúde, idade, formação; e as condições sociais, remuneração, qualificação, vantagens sociais, segurança de emprego, em certos casos condições de alojamento e de transporte, relações com a hierarquia, etc. Segundo SELL (1994b), entende-se por trabalho "tudo o que a pessoa faz para manter-se e desenvolver-se e para manter e desenvolver a sociedade, dentro de limites estabelecidos por esta sociedade. E, o conceito de condições de trabalho inclui tudo que influencia o próprio trabalho, como ambiente, tarefa, posto, meios de produção, organização do trabalho, as relações entre produção e salário, etc". A mesma autora explica que boas condições de trabalho significam, em termos práticos: meios de produção adequados às pessoas - o que pressupõe o projeto ergonômico das máquinas, dos equipamentos, dos veículos, das ferramentas, dos dispositivos auxiliares, usados no sistema de trabalho; objetos de trabalho, materiais e insumos inócuos às pessoas que com elas entram em contato; postos de trabalho ergonomicamente projetados, o que inclui bancadas, assentos, mesas, a disposição e a alocação de comandos, controles, dispositivos de informação e ferramentas fixas em bancadas; controle sobre os fatores ambientais adversos, como por exemplo, iluminação, ruídos, vibrações, temperaturas altas ou baixas, partículas tóxicas, poeiras, gases, etc. reduzindo-se o efeito destes sobre as pessoas no sistema de Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 7 trabalho; postos de trabalho, meios de produção, objetos de trabalho sem perigos mecânicos, físicos, químicos ou outros que representem riscos para as pessoas, isto é, sem partes móveis expostas, sem ferramentas cortantes acessíveis ao trabalhador, sem emissão de gases, vapores, poeiras nocivas, etc. organização do trabalho que garanta a cada pessoa uma tarefa com conteúdo adequado as suas capacidades físicas, psíquicas, mentais e emocionais, que seja interessante e motivante; Organização temporal do trabalho (regime de turnos) que permita ao trabalhador levar uma vida com ritmo sincronizado com seu ritmo circadiano, comprometendo ao mínimo a sua saúde, bem como o seu convívio familiar e social; Quando necessário, um regime de pausas que possibilitem a recuperação das funções fisiológicas do trabalhador, para, a longo prazo, não comprometer a sua saúde; Sistema de remuneração de acordo com a solicitação do trabalhador no seu sistema de trabalho, considerando-se também sua qualificação profissional; clima social sem atritos, bom relacionamento com colegas, superiores e subalternos". SELL (1994b), afirma que com vistas à " melhoria das condições de trabalho, tanto de forma corretiva - melhorias em sistemas já existentes - quanto de maneira prospectiva - melhorias nos sistemas de trabalho em fase de concepção e projeto - é necessário avaliar o trabalho humano existente, por critérios bem definidos, aceitos e que obedeçam a uma hierarquia de níveis de valoração relacionados com o trabalhador". Assim: Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 8 Trabalho deve ser realizável, isto é, as cargas provenientes da tarefa e da situação de trabalho não podem ultrapassar os limites individuais do trabalhador, como por exemplo, o alcance dos membros, a velocidade de reação, as capacidades sensoriais, etc; Trabalho deve ser suportável ou inócuo ao longo do tempo, isto é, o trabalhador deve pode executar a tarefa durante o tempo necessário, diariamente, e se for o caso, durante toda uma vida profissional, sem levar danos por isso; O trabalho deve ser pertinente na sociedade em que é executado; O trabalho deve trazer satisfação para o trabalhador. É oportuno chamar a atenção para a possibilidade de uma pseudo-satisfação do trabalhador, simplesmente por ter-se acostumado à ideia de que seu trabalho (realizável, suportável e pertinente) não pode ser modificado. A aceitação de um trabalho por parte do indivíduo pode ser influenciada pela estrutura da tarefa, pelo treinamento, pelo ambiente, pelas relações interpessoais, etc; O trabalho deve promover o desenvolvimento pessoal do indivíduo, isto é, a pessoa deve adquirir novas qualificações e não perder suas habilidades, e capacidades na execução de tarefas monótonas e repetitivas. A partir dessas considerações gerais sobre trabalho e suas condições de execução, pode-se evidenciar a origem e o desenvolvimento de uma disciplina, cujo objeto de estudo é o trabalho humano. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 9 Origem e evolução da ergonomia Historicamente, o termo ergonomia foi utilizado pela primeira, em 1857, pelo polonês W. JASTRZEBOWSKI, que publicou um "ensaio de ergonomia ou ciência do trabalho baseada nas leis objetivas da ciência da natureza". Quase cem anos mais tarde, a ergonomia veio a se desenvolver como uma área de conhecimento humano, quando, durante a II Guerra Mundial, pela primeira vez, houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia e as ciências humanas e biológicas. Fisiólogos, psicólogos, antropólogos, médicos e engenheiros, trabalharam juntos para resolver os problemas causados pela operação de equipamentos militares complexos. Os resultados desse esforço interdisciplinar foram tão frutíferos, que foram aproveitados pela indústria, no pós-guerra (DUL e WEERDMEESTER, 1995). Em 1949, um engenheiro inglês chamado MURREL, criou na Inglaterra, na Universidade de Oxford, a primeira sociedade nacional de ergonomia, a Ergonomics Research Society. Em 1959, foi organizada a Associação Internacional de Ergonomia, em Estocolmo. Em 1959, a recomendação n0 112, da OIT - Organização Internacional do Trabalho dedica-se aos serviços de saúde ocupacional, definidos como serviços médicos instalados em um local de trabalho ou suas proximidades, com as seguintes finalidades: Proteger o trabalhador contra qualquer risco à sua saúde e que decorra do trabalho ou das condições em que ele é cumprido; Concorrer para o ajustamento físico e mental do trabalhador a suas atividades na empresa, através da adaptação do trabalho ao ser humano e pela colocação deste em setor que atenda às suas aptidões; Contribuir para o estabelecimento e manutenção do mais alto grau possível de bem-estar físico e mental dos trabalhadores (SAAD, 1993).Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 10 Nessa conceituação de serviços de saúde ocupacional, verifica-se a presença do conceito de ergonomia: adaptação do trabalho ao ser humano. Em 1960, a OIT define ergonomia como sendo a "aplicação das ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo ajustamento do ser humano ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar" ( MIRANDA,1980). Atualmente, vários países estão desenvolvendo estudos e pesquisa nesta área de conhecimento, dentre eles podemos destacar: USA, Inglaterra, França, Bélgica, Holanda, Alemanha e Países Escandinavos. No caso do Brasil, apesar de relativamente recente, a ergonomia está-se desenvolvendo rapidamente no meio acadêmico. De fato, em 31 de agosto de 1983 foi criada no país a Associação Brasileira de Ergonomia. Em 1989, foi implantado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, o primeiro mestrado na área do país. É importante salientar que no Brasil, o Ministério do Trabalho e Previdência Social instituiu a Portaria n. 3.751 em 23/11/90 que baixou a Norma Regulamentadora - NR17, que trata especificamente da ergonomia. "Esta norma visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente". Com esta norma começa-se a despertar o interesse pela ergonomia no meio empresarial brasileiro. Da mesma forma, nos USA, o uso corrente da ergonomia no meio empresarial só aconteceu, de fato, a partir de 1970, quando a Agência de Segurança e Saúde Ocupacional daquele país - Occupational Health and Safety Agency (OSHA), criou regulamentos exigindo das empresas um ambiente livre de acidentes, saudável e seguro. A partir de então, a ergonomia tem evoluído de forma significativa e, atualmente, pode ser considerada como um estudo científico interdisciplinar do ser humano e da sua relação com o ambiente de trabalho, estendendo-se aos ambientes informatizados e seu entorno, incluindo usuários e tarefas. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 11 O desenvolvimento atual da ergonomia pode ser caracterizado, então, segundo quatro níveis de exigências: As exigências tecnológicas: relativas ao aparecimento de novas técnicas de produção que impõem novas formas de organização do trabalho; As exigências organizacionais: relativas a uma gestão mais participativa, trabalho em times e produção enxuta em células que impõem uma maior capacitação e polivalência profissional; As exigências econômicas: relativas a qualidade e ao custo da produção que impõem novas condicionantes às atividades de trabalho, como zero defeito, zero desperdício, zero estoque, etc; As exigências sociais: relativas a melhoria das condições de trabalho e, também, do meio ambiente. Segundo SADD (1981), os estudos ergonômicos tiveram um aprofundamento ainda maior com o início dos programas espaciais e de segurança de veículos automotores, devido a severas solicitações: Impostas ao organismo humano dos astronautas em seu ambiente de trabalho, ou seja, nas cápsulas espaciais e em locais extraterrenos; Impostas aos usuários de veículos, em caso de acidentes, bem como a segurança ativa que estes veículos devem proporcionar para evitar acidentes. Segundo THIBODEAU (1995), "a ergonomia contribui no projeto e modificação os ambientes de trabalho maximizando a produção, enquanto aponta as melhores condições de saúde e bem estar para os que atuam nesses ambientes". Essa abordagem deve ainda segundo o autor ser "holística Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 12 e interdisciplinar", exigindo conhecimento do trabalho/tarefa, do trabalhador/usuário, do ambiente e da organização. Dix e outros (1993), afirmam que "esse fim de século foi caracterizado pelo surgimento de profissionais trabalhando na combinação de ferramentas e máquinas para indivíduos, suas tarefas e suas aspirações sociais. A engenharia industrial, fatores humanos (human factors), ergonomia e os sistemas ser humano-máquina são denominações de especialidades profissionais que atuam nessa área. Mais recentemente, a especialidade denominada interação ser humano-computador emergiu como outra especialidade, refletindo as transformações em versões de computadores digitais interativos e a disseminação e popularização de computadores pessoais". Esses enfoques que mostram a natureza dinâmica e os limites tênues entre estas áreas multidisciplinares afins, não podem ser considerados definitivos e fechados. A evolução da ergonomia e áreas relacionadas afins, que tem motivado estudos por parte dos diversos grupos de pesquisa, repercute-se nas abordagens teóricas, nas técnicas, na terminologia e nas discussões na literatura, enfatizando a importância dessas áreas emergentes. Além disso, a ergonomia é direcionada a atividades específicas e caracterizadas por constantes modificações e inovações, como é o caso das tecnologias relacionadas à gestão de sistemas de informação e de conhecimento. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 13 Histórico 1857 - W. JARTRZEBOWSKI (Corrente Americana) “O esboço da ergonomia ou ciência do trabalho baseada sobre as verdadeiras avaliações das ciências da natureza.Ciência do uso das forças e das capacidades humanas no trabalho.” Em 1857 Jastrezebowisky publicou um artigo intitulado "ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho". O tema é retomado quase cem anos depois, quando em 1949 um grupo de cientistas e pesquisadores se reunem, interessados em formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Em 1950, durante a segunda reunião deste grupo, foi proposto o neologismo "ERGONOMIA", formado pelos termos gregos ergon (trabalho) e nomos (regras). Funda-se assim no início da década de '50, na Inglaterra, a Ergonomics Research Society. Em 1955, é publicada a obra "Análise do Trabalho" de Obredane & Faverge, que torna-se decisiva para a evolução da metodologia ergonômica. Nesta publicação é apresentada de forma clara a importância da observação das situações reais de trabalho para a melhoria dos meios, métodos e ambiente do trabalho. 1887 - ALAIN WISNER (Corrente Francesa) Um conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência. Em referência às publicações científicas que marcaram o início da produção dos conhecimentos em ergonomia, podemos citar: Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 14 1949 Chapanis Com a aplicação da Psicologia Experimental 1953 Lehmann, G.A. Prática da Fisiologia do Trabalho 1953 Floyd & Welford Fadiga e Fatores Humanos no Desenho de Equipamentos Cronologia Mundial e Brasileira Cronologia... Mundial Brasileira 1857 Jastrezebowisky publica o artigo "ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho" 1857 - 1949 Primeira reunião do grupo de pesquisas para retomada dos estudos sobre ergonomia e ciência do trabalho. 1949 - 1950 Adoção do neologismo "Ergonomia"durante a segunda reunião do grupo de estudos. 1950 - 1951 Fundação da Ergonomics REsearch Society, na Inglaterra. 1951 - 1953 Publicação dos trabalhos: Prática da Fisiologia do Trabalho de Lehmann, G.A.; e Fadiga e Fatores Humanos no Desenho de Equipamentos de Floyd & Welford 1953 - 1955 A European Productivity Agency (EPA), uma subdivisão da Organization for European Economics Cooperation, estabelece uma Human Factors Section. 1955 - 1956 A EPA visita os Estados Unidos para observar as pesquisas em Human Factors. 1956 - Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 15 1957 Seminário técnico promovido pela própria EPA, na University of Leiden, "Fitting the Job to Worker". Durante o seminário formou-se um comitê para analisar as propostas e organizar uma associação internacional que adotou a denominação International Ergonomics Association. 1957 - 1958 Encontro especial, em Paris, em setembro, para Análise de um regimento preliminar para a associação. Decidiu-se, então, dar continuidade aos trabalhos de organização da associação e realizar um Congresso Internacional, em 1961. 1958 - 1959 O comitê passou a se denominar Comittee for the International Association of Ergonomics Scientists. O comitê se reuniu em Oxford, decidiu manter o nome International Ergonomics Association, e aprovou o regimento e o estatuto. 1959 - 1960 - 1960 Abordagem do tópico "O produto e o homem" por Ruy Leme e Sérgio Penna Kehl na disciplina Projeto de Produto (Eng. Humana) na Politécnica da USP. 1961 I Congresso Trianual da IEA, em Estocolmo, na Suécia. 1961 - 1964 II Congresso Trianual da IEA, em Dortmund, FRG. 1964 - 1966 - 1966 Aplicações da Ergonomia no curso de projeto de Produto ESDI/UERJ. 1967 III Congresso Trianual da IEA, em Birmingham, na Inglaterra. 1967 "Introdução à Ergonomia" no curso de Psicologia Industrial II, na USP - Ribeirão Preto - Paul Stephaneck. 1968 - 1968 Livro "Ergonomia: notas de aulas", de Itiro Iida e Henri Wierzbicki, lançado em São Paulo, pela Ivan Rossi. 1970 IV Congresso Trianual da IEA, em Strasbourgo, na França. 1970 Disciplina de Ergonomia no Mestrado de Eng. de Produção da COPPE- UFRJ/ Ergonomia na área de Psicologia do Trabalho-Isop/FGV Franco Lo Presti Seminério 1971 - 1971 Tese de Doutorado "A Ergonomia do manejo", defendida por Itiro Iida, na Politécnica da USP./ Curso de Ergonomia na ESDI/UERJ - Itiro Iida./ Área de concentração em Ergonomia treinamento e Aperfeiçoamento Profissional no mestrado em Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 16 Psicologia do Isop/FGV 1973 V Congresso Trianual da IEA, em Amsterdam, na Holanda. 1973 Ergonomia como disciplina nos cursos de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho da Fundacentro. 1974 - 1974 1 o Seminário Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABPA (Associação Brasileira de Psicologia Aplicada) e pelo Isop/FGV. 1975 - 1975 Publicação de "Aspectos ergonômicos do urbano" de Itiro Iida - MIC/STI/COPPE./ Curso de especialização em Ergonomia, na FGV. Grupo de Estudos Ergonômicos do Isop/FGV - Franco Lo Presti Seminério. 1976 VI Congresso Trianual da IEA, em College Park, nos Estados Unidos. 1976 Fundação do GAPP (Grupo Associado de Pesquisa e Planejamento Ltda.) - Sérgio Penna Kehl. 1979 VII Congresso Trianual da IEA, em Varsóvia, na Polônia. 1979 Ergonomia como disciplina do currículo mínimo da graduação em Desenho Industrial./CEBERC - Centro Brasileiro de Ergonomia e Cibernética Isop/FGV - Ued Maluf. 1982 VIII Congresso Trianual da IEA, em Tokio, no Japão. 1982 - 1983 - 1983 Fundação da ABERGO - Associação Brasileira de Ergonomia, em 31 de agosto 1984 - 1984 2 o Seminário Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO - Isop/FGV./ Inauguração do Laboratório de Ergonomia do INT - Diva Maria P. Ferreira. 1985 IX Congresso Trianual da IEA, em Bornemouth, Inglaterra. 1985 Implantação do setor de Ergonomia da Fundacentro - Leda Leal Ferreira 1986 - 1986 Curso de Especialização em Ergonomia, Departamento de Psicologia Experimental USP - Regina H. Maciel. 1987 - 1987 3 o Seminário Brasileiro de Ergonomia e 1 o Congresso Latino-Americano de Ergonomia, em São Paulo, promovido pela ABERGO/Fundacentro. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 17 1988 X Congresso Trianual da IEA, em Sidney, Austrália. 1988 - 1989 - 1989 4 o Seminário Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO/FGV. 1990 - 1990 Segundo livro do Professor Itiro Iida, "Ergonomia: projeto e produção", pela Editora Edgard Blucher, de São Paulo. Fundação da ERGON PROJETOS, o primeiro escritório dedicado a consultoria e desenvolvimento de projetos em Ergonomia. 1991 XI Congresso Trianual da IEA, em Paris, França. 1991 Fundação da ABERGO/RJ, Associação Brasileira de Ergonomia, seção Rio de Janeiro, em 23 de maio. / 5 o Seminário Brasileiro de Ergonomia, em São Paulo, promovido pela ABERGO/Fundacentro. 1992 - 1992 1 o Encontro Carioca de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO-RJ/UERJ. 1993 - 1993 6 o Seminário Brasileiro de Ergonomia e 2 o Congresso Latino-Americano de Ergonomia, em Florianópolis, promovido pela ABERGO/Fundacentro. 1994 XII Congresso Trianual da IEA, em Toronto, Canadá. 1994 - 1995 - 1995 IEA World Conference 1995./ 3 o Congresso Latino-Americano de Ergonomia and 7 o Seminário Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO e pela International Ergonomics Association. 1997 XII Congresso Trianual da IEA, em Tampere, Finlândia. 1997 - Ergonomia.com.br - Copyright © 1999-2001. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Ateliêbrasil Design http://www.ateliebrasil.com/ Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 18 Ergonomia no Brasil fonte: ABERGO A ergonomia no Brasil começou a ser evocada na USP, nos anos 60 pelo Prof. Sergio Penna Khel, que encorajou Itiro Iida a desenvolver a primeira tese brasileira em Ergonomia, a Ergonomia do Manejo. Também na USP, Ribeirão Preto, Paul Stephaneek introduzia o tema na Psicologia. Nesta época, no Rio de Janeiro, o Prof. Alberto Mibielli de Carvalho apresentava Ergonomia aos estudantes de Medicina das duas faculdades mais importantes do Rio, a Nacional (UFRJ) e a ciencias Médicas (UEG, depois UERJ); O Prof. Franco Seminério falava desta disciplina, com seu refinado estilo, aos estudantes de Psicologia da UFRJ. O maior impulso se deu na COPPE, no início dos anos 70, com a vinda do Prof. Itiro Iida para o Programa de Engenharia de Produção, com escala na ESDI/RJ. Além dos cursos de mestrado e graduação, Itiro organizou com Collin Palmer um curso que deu origem ao primeiro livro editado em português. 1. A Ergonomia estrutura-se a partir dos conhecimentos científicos sobre o ser humano, isto é, sobre suas características psicofisiológicas, para a partir daí, conceber equipamentos ou modificá-los e não o contrário, ou seja, aplicar o conhecimento em máquinas para depois procurar a pessoa certa. 2. A verdadeira Ergonomia, muito pouco conhecida é a Ergonomia de concepção, que planeja, estrutura todo o projeto a partir dos dados referentes do ser humano.Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 19 BUSCA A PERFEITA INTEGRAÇÃO ENTRE: I- AS CONDIÇÕES DE TRABALHO II- TRÍADE: CONFORTO – SEGURANÇA – EFICIÊNCIA DO TRABALHADOR PODE SER CONSIDERADO COMO O OBJETIVO DA ERGONOMIA Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 20 Para atingir essa condição, devemos buscar a integração entre: ANATOMIA - FISIOLOGIA – ANTROPOMETRIA - BIOMECÂNICA (postura) PSICOLOGIA – ENGENHARIA - DESENHO INDUSTRIAL - INFORMÁTICA ADMINISTRAÇÃO É, portanto, o caráter interdisciplinar da ergonomia PPssiiccoollooggiiaa:: Analisando as exigências do trabalho e estudando o comportamento humano, no que tange ao processamento de informações e formulação de decisões, relacionando adaptações do organismo ao meio ambiente em função de treinamento, esforços e diferenças individuais. AAnnaattoommiiaa:: PPoorr mmeeiioo ddaa AAnnttrrooppoommeettrriiaa ee ddaa BBiioommeeccâânniiccaa,, eessttuuddaa oo ccoorrppoo hhuummaannoo,, ssuuaass ddiimmeennssõõeess ee aa ffoorrmmaa ccoommoo ccaaddaa óórrggããoo éé eessttrruuttuurraaddoo ee ccoommoo eexxeeccuuttaa ssuuaass ffuunnççõõeess.. EEssttuuddoo ddaass rreellaaççõõeess HHoommeemm -- MMááqquuiinnaa EErrggoonnoommiiaa FFiissiioollooggiiaa:: EEssttuuddaannddoo,, ppoorr mmeeiioo ddaa ffuunnççããoo ddee ccaaddaa oorrggaanniissmmoo,, aa ffuunnççããoo ddee ccaaddaa óórrggããoo ee aaiinnddaa ddoo pprroocceessssoo bbiioollóóggiiccoo ddee ssuuaa mmaannuutteennççããoo,, eemm rreellaaççããoo ààss ccaarrggaass ddeeccoorrrreenntteess ddee ccaaddaa ttaarreeffaa.. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 21 Conceituação Algumas conceituações e definições para a ergonomia... Murrel, K.F. - A Ergonomia pode ser definida como o estudo científico das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho (1965). Grandjean, E. - A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria é a sociedade no trabalho. O objetivo prático da Ergonomia é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, dos horários, do meio ambiente às exigências do homem. A realização de tais objetivos, ao nível industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforço humano (1968). Montmollin, M. - A Ergonomia é a tecnologia das comunicações homem-máquina (1971). Leplat, J - A Ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência, cujo objeto é a organização dos sistemas homens-máquina (1972).. Wisner - A Ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários a concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto e eficácia (1972). Self - A Ergonomia reúne os conhecimentos da fisiologia e psicologia, e das ciências vizinhas aplicadas ao trabalho humano, na perspectiva de uma melhor adaptação ao homem dos métodos, meios e ambientes de trabalho A Ergonomia é considerada por alguns autores como ciência, enquanto geradora de conhecimentos. Outros autores a enquadram como tecnologia, por seu caráter aplicativo, de transformação. Apesar das divergências conceituais, alguns aspectos são comuns as várias definições existentes: Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 22 A aplicação dos estudos ergonômicos; A natureza multidisciplinar, o uso de conhecimentos de várias disciplinas; O fundamento nas ciências; O objeto: a concepção do trabalho. A Ergonomia estuda a situação de trabalho como: Atividade Ambientes físicos Iluminação, ruído, temperatura O posto de trabalho Dimensões, formas, concepção, etc. Buscando dar o máximo de conforto, segurança e eficiência. OBJETO E OBJETIVO DA ERGONOMIA Se, para um certo número de disciplinas, o trabalho é o campo de aplicação ou uma extensão do objeto próprio da disciplina, para a ergonomia o trabalho é o único possível de intervenção. A ergonomia tem como objetivo produzir conhecimentos específicos sobre a atividade do trabalho humano. O objetivo desejado no processo de produção de conhecimentos é o de informar sobre a carga do trabalhador, sendo a atividade do trabalho específica a cada trabalhador. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 23 O procedimento ergonômico é orientado pela perspectiva de transformação da realidade, cujos resultados obtidos irão depender em grande parte da necessidade da mudança. Mesmo que o objetivo possa ser diferente de acordo com a especialização de cada pesquisador, o objeto do estudo não pode ser definido a priori, pois sua construção depende do objetivo da transformação. Em ergonomia o objeto sobre o qual pretende-se produzir conhecimentos, deve ser construído por um processo de decomposição/ recomposição da atividade complexa do trabalho, que é analisada e que deve ser transformada. O objetivo é ocultar o mínimo possível a complexidade do trabalho real. Quanto mais a ergonomia aprofunda o seu questionamento sobre a realidade, mais ela é interpelada por ela mesma. OS TRÊS TIPOS DE ERGONOMIA 1) ERGONOMIA DE CORREÇÃO: Atua de maneira restrita modificando os elementos parciais do posto de trabalho, como: Dimensões Iluminação Ruído Temperatura etc. *TEM EFICÁCIA LIMITADA 2) ERGONOMIA DE CONCEPÇÃO: Interfere amplamente no projeto do posto de trabalho, do instrumento, da máquina ou do sistema de produção, organização do trabalho e formação de pessoal. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 24 AO INICIAR, REFORMAR OU AMPLIAR SEU ESCRITÓRIO, SUA LINHA DE PRODUÇÃO, SEU TRABALHO, CONSULTE UM ESPECIALISTA EM ERGONOMIA 3) ERGONOMIA DE CONSCIENTIZAÇÃO: Ensina o COLABORADOR a usufruir plenamente dos benefícios de seu posto de trabalho, através de: Boa postura Uso adequado de mobiliários e equipamentos Implantação de pausas Ginástica laborativa (antes, durante e depois das atividades) ERGONOMIA PARTICIPATIVA: Estimulada pela presença de um Comitê Interno de Ergonomia (CIE) que englobe representantes da empresa e dos funcionários, utiliza as ferramentas da ergonomia de conscientização para que haja o pleno usufruto do projeto ergonômico, seja esse implementado pela Ergonomia de concepção ou de correção. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 25 Métodos e Técnicas A Ergonomia utiliza métodos e técnicas científicas para observar o trabalho humano. A estratégia utilizada pela Ergonomia para apreender a complexidade do trabalho é decompor a atividade em indicadores observáveis (postura, exploração visual, deslocamento). A partir dos resultados iniciais obtidos e validados com os operadores, chega-se a uma síntese que permite explicar a inter-relação de vários condicionantes à situação detrabalho. Como em todo processo científico de investigação, a espinha dorsal de uma intervenção ergonômica é a formulação de hipóteses. Segundo LEPLAT "o pesquisador trabalha em geral a partir de uma hipótese, é isso que lhe permite ordenar os fatos". São as hipóteses que darão o status científico aos métodos de observação nas atividades do homem no trabalho. A organização das observações em uma situação real de trabalho é feita em função das hipóteses que guiam a análise, mas também, segundo GUERIN (1991), em função das imposições práticas ou das facilidades de cada situação de trabalho. Os comportamentos manifestáveis do homem são frequentemente observáveis pelos ergonomistas, como por exemplo: Os deslocamentos dos operadores - esses podem ser registrados a partir do acompanhamento dos percursos realizados pelo operador em sua jornada de trabalho. O registro do deslocamento pode explicar a importância de outras áreas de trabalho e zonas adjacentes. Exemplo; em uma sala de controle o deslocamento dos operadores até os painéis de controle está relacionado à exploração de certas informações visuais Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 26 que são fundamentais para o controle de processo; o deslocamento até outros colegas pode esclarecer as trocas de comunicações necessárias ao trabalho. Técnicas utilizadas na análise do trabalho Pode-se agrupar as técnicas utilizadas em Ergonomia em técnicas objetivas e subjetivas. Técnicas objetivas ou diretas: - Registro das atividades ao longo de um período, por exemplo, através de um registro em vídeo. Essas técnicas impõem uma etapa importante de tratamento de dados. Técnicas subjetivas ou indiretas:- Técnicas que tratam do discurso do operador, são os questionários, os check-lists e as entrevistas. Esse tipo de coleta de dados pode levar a distorções da situação real de trabalho, se considerada uma apreciação subjetiva. Entretanto, esses podem fornecer uma gama de dados que favoreçam uma análise preliminar. Deve-se considerar que essas técnicas são aplicadas segundo um plano preestabelecido de intervenção em campo, com um dimensionamento da amostra a ser considerado em função dos problemas abordados. Métodos Objetivos Diretos Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 27 Observação É o método mais utilizado em Ergonomia, pois permite abordar de maneira global a atividade no trabalho. A partir da estruturação das grandes classes de problemas a serem observados, o Ergonomista dirige suas observações e faz uma filtragem seletiva das informações disponíveis. Observação assistida Inicialmente considera-se uma ficha de observação, construída a partir de uma primeira fase de observação "aberta". A utilização de uma ficha de registro permite tratar estatisticamente os dados recolhidos; as frequências de utilização, as transições entre atividades, a evolução temporal das atividades. Em um segundo nível utiliza-se os meios automáticos de registro, áudio e vídeo. O registro em vídeo é interessante à medida que libera o pesquisador da tomada incessante de dados, que são, inevitavelmente, incompletos, e permite a fusão entre os comportamentos verbais, posturais e outros. O vídeo pode ser um elemento importante na análise do trabalho, mas os registros devem poder ser sempre explicados pelos resultados da observação paralela dos pesquisadores. Os registros em vídeo permitem recuperar inúmeras informações interessantes nos processos de validação dos dados pelos operadores. Essa técnica, entretanto, está relacionada a uma etapa importante de tratamento de dados, assim como de toda preparação inicial para a coleta de dados (ambientação dos operadores), e uma filtragem dos períodos observáveis e dos operadores que participarão dos registros. Alguns indicadores podem ser observados para melhor estudo da situação de trabalho (postura, exploração visual, deslocamentos, etc.). Direção do olhar Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 28 A posição da cabeça e orientação dos olhos do indivíduo permite inferir para onde esse está olhando. O registro da direção do olhar é amplamente utilizado em Ergonomia para apreciação das fontes de informações utilizadas pelos operadores. As observações da direção do olhar podem ser utilizadas como indicador da solicitação visual da tarefa. O número e a frequência das informações observadas em um painel de controle na troca de petróleo em uma refinaria, por exemplo, indicam as estratégias que estão sendo utilizadas pelos operadores na detecção de presença de água no petróleo, para planejar sua ação futura. Comunicações A troca de informação entre indivíduos no trabalho podem ter diversas formas: verbais, por intermédio de telefones, documentais e através de gestos. O conteúdo das informações trocadas tem se revelado como grande fonte entre operadores, esclarecedora da aprendizagem no trabalho, da competência das pessoas, da importância e contribuição do conhecimento diferenciado de cada um na resolução de incidentes. O registro do conteúdo das comunicações em um estudo de caso no Setor Petroquímico da Refinaria Alberto Pasqualini, Canoas - RS, mostrou a importância da checagem das informações fornecidas pelos automatismos e pelas pessoas envolvidas no trabalho, através de inúmeras confirmações solicitadas pelos operadores do painel de controle. O conteúdo das comunicações pode, além de permitir uma quantificação de fontes de informações e interlocutores privilegiados, revelar os aspectos coletivos do trabalho. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 29 Posturas As posturas constituem um reflexo de uma série de imposições da atividade a ser realizada. A postura é um suporte à atividade gestual do trabalho e um suporte às informações obtidas visualmente. A postura é influenciada pelas características antropométricas do operador e características formais e dimensionais dos postos de trabalho. No trabalho em salas de controle, a postura é condicionada à oscilação do volume de trabalho. Em períodos monótonos a alternância postural servirá como escape à monotonia e reduzirá a fadiga do operador. Em períodos perturbados a postura será condicionada pela exploração visual que passa a ser o pivô da atividade. Os segmentos corporais acompanharão a exploração visual e executarão os gestos. Estudo de traços A análise é centralizada no resultado da atividade e não mais na própria atividade. Ela permite confrontar os resultados técnicos esperados e os resultados reais. Os dados levantados em diferentes fases do trabalho podem dar indicação sobre os custos humanos no trabalho mas, entretanto, não conseguem explicar o processo cognitivo necessário à execução da atividade. O estudo de traços pode ser considerado como complemento e é usado, com freqüência, nas primeiras fases da análise do trabalho. O estudo de traços pode ser fundamental no quadro metodológico para análise dos erros. Métodos Subjetivos Indiretos O questionário é pouco utilizado em Ergonomia pois requer um número importante de operadores. Entretanto a aplicação de questionário em um grupo Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 30 restrito de pessoas pode ser utilizada para hierarquizar um certo número de questões a serem tratadas em uma análise aprofundada.As respostas dos questionários podem ser úteis para a contribuição de uma classificação de tarefas e de postos de trabalho. O questionário, entretanto, deve respeitar a amostra e as probabilidades de aplicação.Deve-se ressaltar que com o questionário se obtém as opiniões, as atitudes em relação aos objetos, e que elas não permitem acesso ao comportamento real. Segundo PAVARD & VLADIS (1985), o questionário é um método fácil e se presta ao tratamento estatístico, e, se corretamente utilizado, permite coletar um certo número de informações pertinentes para o Ergonomista. Tabelas de avaliação Esse tipo de questionário permite aos operadores avaliarem, eles mesmos, o sistema que utilizam. O objetivo é apontar os pontos fracos e fortes dos produtos. No caso de avaliação de programas, uma tabela de avaliação deve cobrir os aspectos funcionais e conversacionais. Entrevistas e verbalizações provocadas A consideração do discurso do operador é uma fonte de dados indispensável à Ergonomia. A linguagem, segundo MONTMOLLIN (1984), é a expressão direta dos processos cognitivos utilizados pelo operador para realizar uma tarefa. A entrevista pode ser consecutiva à realização da tarefa (pede-se ao operador para explicar o que ele faz, como ele faz e por que). Entrevistas e verbalizações simultâneas As entrevistas podem ser realizadas simultaneamente à observação dos operadores trabalhando em situação real ou em simulação. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 31 A análise se concentra nas questões sobre a natureza dos dados levantados, sobre as razões que motivaram certas decisões e sobre as estratégias utilizadas. Dessa maneira o Ergonomista revela a significação que os operadores tem do seu próprio comportamento. As verbalizações devem ser aplicadas com cuidado e de maneira a não alterar a atividade real de trabalho. TEXTO DE APOIO Nº 01 LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS - DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO (LER/DORT): A MAIS NOVA EPIDEMIA NA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 32 Resumo Este artigo diz respeito as afecções músculoesqueléticas ocasionadas por sobrecargas biomecânicas que vêm sendo observadas nos últimos anos em todas as classes trabalhistas em nosso país, sendo considerada nos dias de hoje uma epidemia mundial denominada como LER/DORT. Estas afecções têm sido, na área da saúde, pauta de discussão e debates buscando soluções tanto para prevenir como para tratar pessoas portadoras dessa patologia. Palavras-chaves: Epidemia, LER/DORT, Tratamento. Introdução As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) tornaram-se a mais nova epidemia dos últimos anos, já que a partir da década de 80 passaram a ser a mais freqüente causa de afastamento do trabalho no mundo. Os termos LER/DORT são usados para determinar as afecções que podem lesar tendões, sinóvias, músculos, nervos, fáscias, ligamentos, de forma isolada ou associada, com ou sem degeneração dos tecidos, atingindo principalmente membros superiores, região escapular e pescoço. Decorrente de uma origem ocupacional ela pode ser ocasionada de forma combinada ou não do uso repetido e forçado de grupos musculares e da manutenção de postura inadequada (CODO E ALMEIDA, 1998). Além do uso repetitivo, a sobrecarga estática, o excesso de força para execução de tarefas, o trabalho sob temperaturas inadequadas ou o uso prolongado de instrumentos com movimentos excessivos podem contribuir para o aparecimento das enfermidades músculoesqueléticas. Assim sendo, a sigla LER (lesão por esforço repetitivo) é insatisfatória, pois não determina outros tipos de sobrecarga que podem trazer prejuízo ao aparelho locomotor, dessa forma, a LER adquiriu um estigma negativo, passando a ser designada DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) (ZILLI,2002). O termo permitiu ampliar os mecanismos de lesão, não só restritos aos movimentos repetitivos, mas que também cincunscreve formas clínicas peculiares a algumas atividades ocupacionais e ainda propõe o estabelecimento do nexo causal classificando-o como doença ocupacional (VIEIRA, 1999). Histórico Acompanhando a história das doenças ocupacionais, facilmente se percebe que as LER/DORT são temas de pesquisa e discussão há muitos anos. Com o advento da era industrial, teve início o processo de fabricação de produtos em massa, e a crescente Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 33 especialização dos operários no sentido de melhorar a qualidade, aumentar a produção e também reduzir custos. Essa especialização levou os trabalhadores a executarem funções específicas nas empresas, com a realização de movimentos repetitivos, associados a esforço excessivo, levando muitos trabalhadores a sentir dores (NAKACHIMA, 2002). Segundo Moreira e Carvalho (2001) o professor italiano Bernardino Ramazzini, considerado pai da medicina ocupacional, forneceu a primeira contribuição histórica, em 1713, fundamentando em 54 profissões de sua época. Nesse trabalho ele não só identificou os distúrbios, mas também traçou uma causa ocupacional. Ele acreditava que as lesões encontradas em escreventes eram causadas pelo uso repetitivo das mãos, pela posição das cadeiras e pelo trabalho mental excessivo. No século seguinte, foram descritos na Europa quadros clínicos afetando o esqueleto axial e periférico de trabalhadores que desempenhavam distintas tarefas laborativas. Na época esta sintomatologia foi chamada de “cãimbras ocupacionais”. Entre as várias atividades ocupacionais envolvidas, salientava-se a “cãimbra do escrevente”, que atingiu níveis de epidemia no serviço civil britânico em 1833 (MOREIRA E CARVALHO,2001). Em 1888, o neurologista William Gowers relatou casos de trabalhadores com sintomas de ansiedade, de insatisfação com o trabalho ou do peso de responsabilidades. Ressaltou ainda a instabilidade emocional desses indivíduos e admitiu sua grande dificuldade em distinguir uma neurose de um quadro de simulação de doença. Desde então, diversos países industrializados têm passado por epidemias de diagnósticos envolvendo tais distúrbios (MOREIRA E CARVALHO,2001). Epidemiologia A diversidade de conceitos observados na literatura dificultam a obtenção concreta de dados para o estudo da incidência e da prevalência dos diferentes tipos de doenças e das condições clínicas das chamadas LER/DORT, que costumam surgir em rápidas escaladas na forma de surtos. Uma outra dificuldade é que os estudos na sua grande maioria não têm a colaboração de empresas e seus empregados pelo medo de exposição e o risco de demissões de seus cargos. Segundo Moreira e Carvalho (2001), as estatísticas do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, a indenização referente aos DORT é 50% mais custosa que a reinvindicada por trauma agudo (acidente de trabalho). O tempo perdido de trabalho nos pacientes com DORT nos EUA é extremamente maior do que com os outros distúrbios músculoesqueléticos, como, por exemplo, a dor lombar. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 34 Existem inúmeros trabalhadores com queixas de dor atribuída a seu trabalho. A patologia é reconhecida pela atual legislação brasileira gerando grande interesse nos meios médicos. O ônus gerado ao governo, às indústrias e aos trabalhadores, levam os meiosmédicos a realizar estudos e discussões que possam contribuir para uma melhor compreensão dessa patologia já considerada como epidemia na saúde brasileira (NAKACHIMA, 2002). No Brasil, os dados dessas afecções são deficientes, mas a quantidade de diagnósticos de LER/DORT tem dimensões muito altas. Considerando assim que na última década nosso país presenciou uma situação epidêmica com relação aos DORT, tornando-se esta patologia a segunda maior causa de afastamento do trabalho no Brasil. Somente nos últimos 5 anos foram abertos 532.434 CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) geradas pelas LER/DORT. A cada 100 trabalhadores da região Sudeste do Brasil, 1 é portador de LER/DORT (AMERICANO, 2001). Num estudo realizado na cidade de São Paulo, onde foram examinados 1.560 pacientes, o sexo feminino representou 87% dos casos; sendo que a faixa etária mais afetada oscilava entre 26 e 35 anos (MOREIRA E CARVALHO, 2001). Em outro estudo realizado pela Cassi (Caixa de Assistência aos Funcionários do Banco do Brasil) no ano de 2000, 26,2 % dos funcionários do Banco do Brasil apresentaram algum sintoma que está relacionado à LER/DORT (AMERICANO, 2001). Vários fatores vêm impulsionando a enorme quantidade de diagnósticos de LER ou DORT em nosso país, entre eles: tensão social; alto índice de desemprego; predisposição ética; falta de organização no ambiente de trabalho; influência da ação de sindicatos; ações políticas; oportunismo de advogados; influência da mídia; interesses por indenizações ou aposentadorias. Etiologia Quando um indivíduo apresenta uma lesão ocasionada por sobrecarga biomecânica ocupacional, os fatores etiológicos estão associados à organização do trabalho envolvendo principalmente equipamentos, ferramentas, acessórios e mobiliários inadequados; descaso com o posicionamento, técnicas incorretas para realização de tarefas, posturas indevidas, excesso de força empregada para execução de tarefas, sobrecarga biomecânica dinâmica; uso de instrumentos com excessos de vibração, temperatura, ventilação e umidade Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 35 inapropriadas no ambiente de trabalho (MOREIRA E CARVALHO,2001). Sabe-se então que um ambiente de trabalho organizado, com pessoas bem treinadas e condicionadas com respeito aos fatores ergonômicos e aos limites biomecânicos certamente diminuem o risco de desencadeamento das chamadas LER/DORT (MOREIRA e CARVALHO, 2001). Distúrbios mais frequentes Alguns dos principais distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho citados por Couto (1998) são: tendinite e tenossinovite dos músculos dos antebraços, miosite dos músculos lumbricais e fasciíte da mão, tendinite do músculo bíceps, tendinite do músculo supra- espinhoso, inflamação do músculo pronador redondo com compressão do nervo mediano, cisto gangliônico no punho, tendinite De Quervain, compressão do nervo ulnar, síndrome do túnel do carpo, compressão do nervo radial, síndrome do desfiladeriro torácico, epicondilite medial e lateral, bursite de cotovelo e ombro, síndrome da tensão cervical e lombalgia. Fatores de Risco Para identificar e abordar as causas de LER/DORT é necessário considerar vários aspectos do ambiente de trabalho. Os fatores psicossociais, incluindo o estresse na situação de trabalho e o clima organizacional da empresa podem influenciar a eficácia das medidas preventivas. Os principais fatores de risco são: organização do trabalho, riscos psicossociais, riscos ambientais, fatores biomecânicos e fatores extra-trabalho (ZILLI, 2002). Avaliação Clínica O paciente portador de LER/DORT deve ter os locais onde há dor examinados como também ser submetidos ao exame físico global do sistema múculoesquelético, pois afecções músculoesqueléticas cervicais e lombares podem ser causas ou fatores agravantes da dor. Os sintomas e os padrões clínicos que expressam a LER/DORT são variados, freqüentemente vagos e muitas vezes inespecíficos, pois várias estruturas músculoesqueléticas e nervosas podem estar comprometidas isolada ou associadamente (CODO e ALMEIDA, 1998). Tratamento e prevenção O insucesso dos programas de terapêutica da LER/DORT deve-se a falha no diagnóstico das reais etiologias da dor, da incapacidade e dos fatores que contribuem ou agravam o quadro doloroso, sendo assim, a identificação das estruturas lesadas é importante para o melhor Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 36 resultado no tratamento (CODO e ALMEIDA, 1998). O tratamento depende sempre de um diagnóstico correto, da eliminação completa dos agentes causais e de uma adequada estratégia terapêutica medicamentosa, fisioterápica e, em alguns casos, cirúrgica (MOREIRA e CARVALHO, 2001). O tratamento fisioterápico consiste em: termoterapia (calor profundo como ondas curtas ou ultra-som), eletroterapia, massagens, cinesioterapia, hidroterapia, órteses, RPG e outras técnicas. O fisioterapeuta deve levar em consideração tanto o estágio evolutivo da doença, como as respostas do paciente a tratamentos anteriores (PEROSSI, 2001). Apesar da abordagem terapêutica ampla, muitos pacientes permanecem sintomáticos, particularmente aqueles com diagnóstico de depressão, que estão insatisfeitos com seu trabalho, que acreditam ter adquirido “lesões” através das atividades desse trabalho e que estão envolvidos em alguma causa trabalhista. O fisioterapeuta deve, no tratamento, ensiná-lo a relaxar, ir direcionando-o a tomar consciência de seu corpo. Orientá-lo a “escutar” os sintomas que lhe dizem o limite de seu corpo e a postura errada. Partindo dessa tese o paciente consegue melhorar seu desempenho pessoal, minimizar tensões musculares, tirar a atenção da dor e principalmente perceber suas limitações (PEROSSI, 2001). A implementação de medidas preventivas é a melhor atitude a ser empregada, existe uma necessidade de melhorar a educação dos trabalhadores com condutas de orientação recomendações e de comunicações das experiências dos profissionais de saúde. É essencial que os trabalhadores tenham um bom ambiente de trabalho, com aperfeiçoamento técnico para realização de suas tarefas com respeito aos fatores ergonômicos e antropométricos, aos limites biomecânicos, à duração das jornadas e dos intervalos de trabalho, e com atitudes de reconhecimento de seus cargos superiores (MOREIRA e CARVALHO, 2001). Conclusão O enorme contingente de diagnósticos LER/DORT existente no nosso país atinge proporções consideradas epidêmicas. Conclui-se que ações dos vários segmentos da sociedade trabalhista sejam responsáveis pelos fatores que vêm sustentando esse fenômeno. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 37 Sendo assim, o mais importante é a conscientização dos empregadores em orientar seus empregados tanto na prevenção quanto na terapêutica dos distúrbios músculo esqueléticos. Referências AMERICANO, Maria José. Prevenção às LER/DORT - Site da Web: www.2.uol.com.br/prevler/o_que_eh.htm, Acessado em 23/08/2005. CODO, Wanderley; ALMEIDA, Maria C. de – LER – Lesões por Esforços Repetitivos. 4ª edição, 1998. COUTO, Ha – Como Gerenciar a Questão das LER/DORT,1998. NAKACHIMA, Luis Renato – Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - Site da Web: www.fundacentro.gov.br/CTN/forum_maos_ler_dort.htm. Acessado em 18/08/2005. PEROSSI, Sandra C.- LER/DORT - Abordagem Psicossomática na Fisioterapia. In: Revista Fisio &Terapia, nº27 – 2001. *Disponível em: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/reumato/ler_dort_epidemia.htmacesso em: 06 set 2008 TEXTO DE APOIO Nº 02 22 dicas para prevenir as lesões do trabalho: LER e DORT Entenda a diferença entre essas duas síndromes e tome atitudes simples para evitar problemas futuros Quem nunca ouviu falar nas LER lesões por esforços repetitivos ou nos DORT distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho? Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 38 LER e DORT são síndromes que atacam os nervos, músculos e tendões, especialmente dos membros superiores e do pescoço. São síndromes degenerativas e cumulativas e sempre acompanhadas de dor ou incômodo, provenientes não somente da atividade ocupacional intensiva, mas também de atividades realizadas sob intenso estresse. LER ou DORT? O termo LER utilizado para denominar uma síndrome da atividade ocupacional excessiva, que abrange uma gama de condições caracterizadas por desconforto ou dor persistente nos músculos, tendões etc. Entretanto, sabidamente nem todas as patologias estão relacionadas aos movimentos repetitivos, pois existem outros fatores biomecânicos causais como esforço físico proveniente de levantamento constante de peso, além dos fatores psicofísicos e sociológicos, que atuam sobre o problema. "Infelizmente, o termo LER passou a ser utilizado de forma indistinta como nome de uma doença, porém, este é simplesmente uma denominação de um mecanismo de lesão e não pode ser utilizado como um diagnóstico", explica a engenheira Maria Aparecida Frediani Rocha, especialista em Ergonomia e consultora da Vendrame Consultores Associados. Por tais razões, estudiosos recomendaram que este termo fosse abandonado e se passasse a usar o termo DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, pois numa primeira fase ocorrem os distúrbios, com sintomas como fadiga, peso e dor nos membros e somente depois aparecem as lesões. Em geral, qualquer trabalhador pode estar sujeito aos DORT. Percebemos que quem sofre muita pressão psicológica no trabalho está predisposto ao desconforto ou dor persistente nos músculos, tendões e outras partes do corpo. Com tratamento adequado, muitas das condições da síndrome são reversíveis , comenta. Prevenção é o melhor remédio A ergonomia é a ciência que visa a adaptar as condições de trabalho às características do trabalhador. As posturas inadequadas, que advém de um posto de trabalho mal dimensionado, ou que não se ajuste às variações antropométricas de cada indivíduo, e os movimentos repetitivos são alguns dos fatores que mais predispõem o aparecimento das LER/DORT. No entanto, não se deve esquecer da organização do trabalho, que eventualmente pode estar por trás desta patologia. Os ritmos excessivos, a postura Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 39 rígida, a ausência de pausas, a pouca liberdade do trabalhador, além da pressão pelos superiores, são contribuições para o surgimento das LER/DORT. A título de exemplo, num posto de trabalho com computador, devem ser observados os seguintes aspectos: A seguir, veja como regular sua estação de trabalho Cadeira: 1 - A altura ideal deve ser de 48 a 58cm 2 - O encosto deve estar a 110° do assento 3 - A cadeira deve ter apoio para a região lombar e dorsal; 4 - Os pés devem ter contato completo com o chão ou apoiados em suporte específico 5 - As coxas devem ficar paralelas ao piso 6 - O trabalhador deve estar próximo da superfície de trabalho 7 - Os braços devem ficar apoiados Monitor: 8 - A altura ideal da 1ª linha escrita deve ser de 155cm 9 - A tela deve estar ao nível do horizonte ou levemente abaixo 10 - O trabalhador deve localizar-se bem em frente ao monitor 11 - A iluminação deve ser adequada 12 - Use filtro no caso de brilho excessivo 13 - A distância adequada é de 60 cm entre a pessoa e a tela do computador Teclado e mouse: 14 - A altura ideal deve ser de 110cm 15 - Eles devem localizar-se próximos e na frente de quem vai usá-lo 16 - Os cotovelos devem permanecer em ângulo de 90° 17 - Os punhos precisam permanecer retos Dicas preventivas: 18 - Realize pequenas pausas rápidas em qualquer atividade que se exerça repetitividade excessiva ou em postura inadequada por tempo prolongado. Intervalos breves e frequentes são mais eficazes para a recuperação do que um período de descanso igual, tomado de uma só vez. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 40 19 - Durante essas pausas faça alguns alongamentos para as áreas de seu corpo que estiverem executando a tarefa. 20 - Cuide para sempre permanecer com uma boa postura, incluindo a adequação do seu posto de trabalho de acordo com as características físicas e com sua atividade 21 - Não realizar força nem pressão exageradas, repetitivas ou frequentes em sua atividade 22 - As LER/DORT são curáveis, principalmente nos primeiros estágios. Portanto, procure ajuda. *Disponível em: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/2486-22-dicas-para- prevenir-as-lesoes-do-trabalho-ler-e-dort, Acesso 10 ago 2008 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 41 Revisando os Conceitos de Ergonomia Como vimomos anteriormente, termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras). De fato, na Grécia antiga o trabalho tinha um duplo sentido: ponos que designava o trabalho escravo de sofrimento e sem nenhuma criatividade e, ergon que designava o trabalho arte de criação, satisfação e motivação. Tal é o objetivo da ergonomia, transformar o trabalho ponos em trabalho ergon. Numa publicação da Organização Mundial da Saúde - OMS, W.T. SINGLETON (1972), definiu ergonomia como "uma tecnologia da concepção do trabalho baseada nas ciências da biologia humana". Para A. WISNER (1987), a "ergonomia constitui o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao ser humano e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia". A ergonomia é definida por A. LAVILLE (1977) como "o conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do ser humano em atividade, afim de aplicá-los á concepção de tarefas, dos instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção". Distingue-se, habitualmente, segundo este autor, dois tipos de ergonomia: ergonomia de correção e ergonomia de concepção. A primeira procura melhorar as condições de trabalho existentes e é, frequentemente, parcial e de eficácia limitada. A Segunda, ao contrário, tende a introduzir os conhecimentos sobre o ser humano desde o projeto do posto, do instrumento, da máquina ou dos sistemas de produção. De acordo com HENDRICK (1994), a ergonomia, em termos de sua tecnologia singular, pode ser definida como "o desenvolvimento e aplicação da tecnologia de interface do sistema ser humano-máquina. Ao nível micro, isso inclui a tecnologia de interface ser humano-máquina, ou ergonomia de hardware; tecnologia de interface ser humano-ambiente, ou ergonomia ambiental, e tecnologia de interface usuário-sistema, ou ergonomia de software (também relatada como ergonomia cognitiva porque trata como as pessoas Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 42 conceitualizam e processam a informação). Num nível macro temos a tecnologia de interface organizacão-máquina,ou macroergonomia, que tem sido definida como uma abordagem top-dow do sistema sócio-técnico". IIDA (1993) define a ergonomia como "o estudo da adaptação do trabalho ao ser humano". Neste contexto, o autor alerta para a importância de se considerar além das máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o ser humano e o seu trabalho, ou seja, não apenas o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados. A Ergonomics Research Society do Reino Unido, define ergonomia como "o estudo do relacionamento entre o ser humano o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia, na solução de problemas surgidos neste relacionamento". A International Ergonomics Association (IEA), define ergonomia como "o estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e espaços de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de aplicação, deve resultar em uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida". E, finalmente, a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), define ergonomia como o estudo da adaptação do trabalho às características fisiológicas e psicológicas do ser humano". Para WISNER (1987), a ergonomia se baseia, essencialmente, em conhecimentos no campo das ciências do ser humano (antropometria, fisiologia, psicologia, uma pequena parte da sociologia), mas constitui uma parte da arte do engenheiro, à medida que seu resultado se traduz no dispositivo técnico. O mesmo autor coloca que, embora os contornos da prática ergonômica variem entre países e até entre grupos de pesquisa, quatro aspectos são constantes, quais sejam: Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 43 A utilização de dados científicos sobre o ser humano; A origem multidisciplinar desses dados; A aplicação sobre o dispositivo técnico e, de modo complementar, sobre a organização do trabalho e a formação; A perspectiva do uso destes dispositivos técnicos pela população normal dos trabalhadores disponíveis, por suas capacidades e limites, sem implicar a ênfase numa rigorosa seleção. Segundo SANTOS e ZAMBERLAN (1992), a "ergonomia tem como finalidade conceber e/ou transformar o trabalho de maneira a manter a integridade da saúde dos operadores e atingir objetivos econômicos. Os ergonomistas são profissionais que têm conhecimento sobre o funcionamento humano e estão prontos a atuar nos processos projetuais de situações de trabalho, interagindo na definição da organização do trabalho, nas modalidades de seleção e treinamento, na definição do mobiliário e ambiente físico de trabalho". Conforme MINICUCCI (1992), a "ergonomia reúne conhecimentos relativos ao ser humano e necessários á concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência ao trabalhador. A mesma trabalha essencialmente com duas ciências : a Psicologia e a Fisiologia, buscando também auxílio na Antropologia e na Sociologia". A ergonomia, entre outros assuntos, procura estudar: As características materiais do trabalho, como o peso dos instrumentos, a resistência dos comandos, a dimensão do posto de trabalho; O meio ambiente físico (o ruído, iluminação, vibrações, ambiente térmico); A duração da tarefa, os horários, as pausas no trabalho; Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 44 O modelo de treinamento e aprendizagem. As lideranças e ordens dadas. Além disso, a ergonomia procura realizar diversos tipos de análises: Análises das atividades físicas e cognitivas de trabalho; Análise das informações; Análise do processo de tratamento das informações. Ela foge da linguagem simples das aptidões que define apenas as qualidades exigidas do operador para a execução do trabalho, procurando informações mais amplas a respeito das condições materiais necessárias para executá-lo. Leva em conta termos como: esforço, julgamento, atenção, concentração, percepção, motivação que o psicólogo, ás vezes, não leva em consideração, orientando-se apenas no sentido da seleção. Uma ampla definição é dada por VIDAL et al. (1993), segundo a qual a "ergonomia tem como objeto teórico a atividade de trabalho, como disciplinas fundamentais a fisiologia do trabalho, a antropologia cognitiva e a psicologia dinâmica, como fundamento metodológico a análise do trabalho, como programa tecnológico a concepção dos componentes materiais, lógicos e organizacionais de situações de trabalho adequadas às pessoas e aos coletivos de trabalho. Tem ainda como meta de base a discussão e interpretação sobre as interações entre ergonomistas e os demais atores sociais envolvidos na produção e no processo de concepção, buscando entender o lugar do ergonomista nestas ações, assim como formar seus princípios deontológicos". Para o Instituto de Ergonomia da General Motors - Espanha, a ergonomia é definida "como uma metodologia multidisciplinar que tem como objetivo a adaptação da técnica e as tarefas ao ser humano. Desta adaptação, ha de derivar-se em um menor risco no trabalho, maior conforto no posto de trabalho, assim como um enriquecimento dos conteúdos dos mesmos. Todos Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho ERGONOMIA 45 estos aspetos são compatíveis com uma melhor produtividade, através, entre outros, da otimização dos esforços e movimento no desenvolvimento das tarefas, de uma diminuição da probabilidade de erros, da melhora das condições de trabalho". Pode-se constatar, em todos os conceitos formulados, que a ergonomia está preocupada com os aspectos humanos do trabalho, em qualquer situação onde este é realizado e, desta maneira, ela busca não apenas evitar aos trabalhadores postos de trabalhos fatigantes e/ou perigosos, mas procura colocá-los nas melhores condições de trabalho possíveis, de forma a aumentar a eficácia do sistema de produção. A ergonomia tem sua base centrada no ser humano e esta antropocentricidade pode resgatar o respeito ao ser humano no trabalho, de forma a se alcançar não apenas o aumento da produtividade, mas sobretudo uma melhor qualidade de vida no trabalho. As diferentes abordagens em ergonomia MARCELIN e FERREIRA (1982), comentam que a maioria dos conhecimentos utilizados pela ergonomia não são próprios dela, mas "emprestados" de outras disciplinas, particularmente da fisiologia e da psicologia do trabalho. A organização e a utilização desses conhecimentos. em uma determinada situação de trabalho, ou seja, a metodologia empregada, esta sim, é própria da ergonomia. A. WISNER (op. cit.), considera mesmo, ser a metodologia o domínio preferencial das pesquisas em ergonomia. Uma das metodologias mais utilizadas na atualidade, em especial nas escolas de linha francesa, é a de Análise Ergonômica do Trabalho - AET, que procura estudar o trabalho não só na sua dimensão explícita (tarefa), conforme definido pela engenharia de métodos, mas, sobretudo, na sua dimensão implícita (atividades), característica do conhecimento tácito do pessoal de nível operacional. Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Técnico em Segurança do Trabalho
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