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205 PARTE II: UNIDADE 01: REALISMO E NATURALISMO CONTEXTO HISTÓRICO A Revolução Frances gerou uma ideia de liberdade na primeira metade do século XIX, e essa liberdade foi base para que uma revolução literária fosse feita. A estética surgida foi o Romantismo, repleto de subjetividade, de imaginação criadora, do culto do "eu". Na segunda metade do século XIX, o apogeu da Revolução Industrial, o avanço tecnológico e científico, a situação dos trabalhadores e a explosão urbana farão mudanças significativas na Literatura; aparecerão o Realismo/Naturalismo que se caracterizarão pela análise da sociedade e pelo propósito de transformá-la. Nessa época, achava-se que a ciência tudo podia explicar e isso fez com que a Literatura tendesse para objetivismo e cientificismo. ALGUNS DOS GRANDES AVANÇOS DA CIÊNCIA ••••• Hertz - identificou as correntes elétricas ••••• Maxwell - com seus estudos sobre os gases propiciou o surgimento da indústria do frio (conservação dos alimentos) ••••• Pasteur - desvenda os segredos dos microrganismos ••••• Isolam-se os agentes responsáveis pela sífilis, malária e tuberculose. ••••• Incremento do transporte ferroviário e marítimo. ••••• Expansão da comunicação telegráfica. Todo o idealismo e subjetivismo foram substituídos pelo materialismo e racionalismo. Surgiram algumas doutrinas que foram responsáveis pelo nova pensamento e consequentemente pela Literatura. a) Teoria Determinista (Hypolite Taine) O comportamento humano é determinado pela hereditariedade, pelo momento e circunstância (trindade tainiana). b) Teoria Evolucionista (Charles Darwiin) Defende a tese de que o homem defende de animais inferiores, e que há uma luta contínua pela existência, da qual resultaria a sobrevivência dos mais aptos pelo processo de seleção natural (darwinismo). c) Teoria Positivista (Augusto Conte) Defende a ideia de que a humanidade estaria entrando no terceiro ciclo de usa evolução, o positivo da era científica, depois de ter passado pelo teológico e pelas abstrações. Defende que o único meio de atingir o conhecimento é a observação, a experimentação e comparação. o homem estava entrando na era da ciência, (positivismo). A época realista apresenta três modalidades literárias: ••••• Realismo (prosa) ••••• Naturalismo (prosa) ••••• Parnasianismo (poesia) 1. MARCOS DA ÉPOCA REALISTA ••••• Início - Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis (1881) ••••• Término - Publicação de Missal (prosa) e Broquéis (poesia) ambos de Cruz e Souza (1893) e o início do Simbolismo. CARACTERÍSTICAS TEMÁTICAS E ESTILÍSTICAS Vamos entender as características de diferentes formas de conhecimento produzido pelos seres humanos em comunidade. Perceberemos como cada maneira de se conhecer parte de um pressuposto específico para dar conta da imensidão da realidade que nos envolve. 1. OBJETIVISMO Caracteriza-se pela preocupação com a verdade, não apenas verossímil, mas exata, através da observação e análise. 2. IMPASSIBILIDADE O autor procura uma posição neutra, ausentando-se da narrativa, sem interesse pelo destino das personagens, que são "fotografadas" por dentro (Machado de Assis) e por fora (Aluísio Azevedo). procura obedecer a uma lógica rigorosa entre as causas que determinam o comportamento humano; não há atividade da personagem realista que seja gratuita, sempre há uma explicação lógica e científica aceitável para seu comportamento. 3. PERSONAGENS ESFÉRICAS Enquanto no romantismo as personagens eram lineares, construídas ao redor de uma só ideia ou qualidade, o realismo valoriza as personagens esféricas, que apresentam simultaneamente várias qualidades ou tendências; são complexas. São dinâmicas, porque evoluem e têm profundidade psicológica. 4. TEMAS COMTEMPORÂNEOS A obra realista e naturalista centra-se no presente, no momento vivido pelo autor. Os temas principais são: a CRÍTICA SOCIAL, mostrando as mazelas da burguesia e do clero, e a ANÁLISE PSICOLÓGICA, voltada para investigação dos motivos das ações humanas. 206 5. EXALTAÇÃO SENSORIAL O romântico apreendia o mundo com o coração, com o sentimento. O realista é, acima de tudo, sensorial: precisa ver, apalpar, experimentar fisicamente. A sensação é o elemento fundamental no conhecimento do mundo. Assim, no Realismo, o amor perde a conotação espiritualizante para restringir-se ao aspecto físico: ocorre o que se chama de sexualização do amor. DIFERENÇA ENTRE REALISMO – NATURALISMO a) Realismo Ocupa-se com os aspectos sociológicos da época, faz um romance documental, descritivo, narrativa lenta. É a essência do movimento materialista e retrata a vida contemporânea. É fundamentado na observação e documentação, o autor faz o papel do repórter, retrata exatamente o que acontece, procura a realidade que lhe é contemporânea. Não há, por isso, nessa época romances históricos. b) Naturalismo Preocupa-se com os aspectos patológicos, une- se à Biologia e ao determinismo da herança genética e do ambiente. Segue em linhas gerais as características do Realismo, porém defende que o homem é dominado pelo ambiente, pelos instintos, taras, pela carga hereditária e não pela razão. Existe uma enorme preocupação em justificar e explicar através da ciência o comportamento dos personagens. 1. CARACTERÍSTICAS DO REALISMO ••••• Fidelidade ao objeto. ••••• Apresentação da história sem desfigura-la. ••••• Narrativa lenta rica em detalhes. ••••• Personagens concretas, não idealizadas. ••••• Personagens condicionadas pelo ambiente e sociedade. ••••• Observação e documentação. ••••• Equilíbrio e harmonia. ••••• Clareza e correção gramatical. ••••• Linguagem simples que possa exprimir exclusivamente a realidade. ••••• Predomínio da razão. ••••• Ênfase para o romance psicológico e social. ••••• Amor descambando para a sexualidade. 2. CARACTERÍSTICAS DO NATURALISMO ••••• Visão materialista do homem, da vida e da sociedade. ••••• As leis científicas possuem explicações válidas, nunca concepções teológicas. ••••• O homem está sujeito diretamente à raça, ao meio e ao momento (trindade tainiana). ••••• A vida e as reações do homem estão determinadas, sujeitas a algo imutável. ••••• O homem é um simples animal, sujeitos à forças fatais e levado pela fisiologia. ••••• Aparecem temas como crimes, miséria, homossexualismo, prostituição, adultério, intrigas, etc. ••••• Surgem todas as atividades do homem, inclusive os próprios aspectos bestiais com preferência pelas camadas mais baixas da sociedade. ••••• Não importam os conceitos morais, o objetivo é analisar a realidade. Os catadores, pintura realista de Jean François Millet PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS REPRESENTATIVAS 1. JOAQUIM MARIA MACHADO DE ASSIS (1839-1908) Machado de Assis com 25 anos 207 Machado de Assis foi o maior autor do Realismo brasileiro. Nasceu no Rio de Janeiro, no Morro do Livramento. Machado foi muito pobre, sofreu muito preconceito por ser mulato. Escreveu em quase todos os gêneros literários, porém os contos e os romances o notabilizaram. Foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Sua obra está dividida em duas partes: — 1ª Fase - Romântica Já apresenta algumas características realistas, como a denúncia social, isto é, denúncia das diferenças sociais, críticas feitas aos casamentos por interesse. Nessa fae não aparece a análise profunda do perfil psicológico das personagens. Nesta fase há ainda uma preocupação com o enredo. — 2ª Fase - Realista Fase do amadurecimento de Machado de Assis, inicia com Memórias Póstumas de Brás Cubas - 1881 - Neste romance, aparecerão características que marcam definitivamente o estilo de Machado. a) Características de Machado de Assis na Fase Realista ••••• Tentativa de trazer o leitor para dentro da narrativa. Ex.: “Abane a cabeça leitor; faça todos os gestos de incredulidade..." ••••• Pessimismo em relação à humanidade. Ex.: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria." ••••• Ironia fina. Ex.: "Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatroamanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe um camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou uma moça." ••••• A ingenuidade é desmistificada. Ex.: "...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis, nada menos." ••••• A ruptura com a narrativa linear: os fatos e as ações não seguem um fio lógico ou cronológi- co. ••••• A organização metalinguística do discurso nar- rativo é comum, na ficção machadiana. O narrador interrompe a narrativa para, comentar com o leitor a própria escritura do romance, fa- zendo-o participar da sua construção. ••••• O universalismo: O seu interesse jamais re- caiu sobre o típico, o pitoresco, a cor local, o exótico, muito ao gosto dos românticos. Bus- cou o UNIVERSAL, a essência humana, os grandes temas filosóficos, a normalidade e a loucura, o acaso, a irracionalidade, a usura e a crueldade. ••••• O pessimismo: Machado revela sempre uma visão desencantada da vida e do homem. Não acreditava nos valores do seu tempo e, a rigor, não acreditava em nenhum valor. ••••• A ironia e o humor negro: A forma de revolta de Machado era o rir, quase sempre um riso amargo que exteriorizava o desencanto e o de- salento ante a miséria física e moral de suas personagens. ••••• O psicologismo: A ação e o enredo perdem a importância para a caracterização das perso- nagens. Os acontecimentos exteriores são con- siderados somente na medida em que revelam o interior, os motivos profundos da ação, que Machado devassa e apresente detalhadamente. ••••• O estilo "enxuto": Machado prima pelo equi- líbrio, pela disciplina clássica, pela correção gra- matical, pela concisão e pela economia vocabular. 2. ALUÍSIO AZEVEDO (1867 -1913) Aluísio de Azevedo morre em Buenos Aires como vice-cônsul do Brasil. 208 3. RAUL POMPEIA (1863 - 1895) Raul Pompeia 4. INGLÊS DE SOUZA (1853 - 1918) TEXTO I O SENÃO DO LIVRO Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre e? tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro e? enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam a? direita e a? esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem... E caem! - Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta e? a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar... Heis de cair. (Memória Póstumas de Brás Cubas. Machado de Assis.) TEXTO II CAPÍTULO PRIMEIRO Rubião fitava a enseada, — eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade. *Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas”, pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba, apenas me daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma desgraça... (Quincas Borba, Machado de Assis) TEXTO III O CORTIÇO CAP. III (FRAGMENTO) Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. 209 Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da ultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia. A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janela para janela as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam. No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozes que altercavam, sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns quartos saiam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os louros, à semelhança dos donos, cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se à luz nova do dia. Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via- se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas. O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia- se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra. Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas; fazendo compras. (Aluísio Azevedo) 01 Leia com atenção os fragmentos a seguir, identificando-os (R) os Realistas e (N) os Naturalistas. ( ) "A partir dessa noite, da qual só pela manhã o Miranda se retirou do quarto da mulher, estabe- leceu-se entre eles o hábit0 de uma felicidade sexual tão completa como ainda não tinham desfrutado, posto que no íntimo de cada um persiste contra o outro a mesma repugnância moral em nada enfraquecida". ( ) "Isto é uma multidão, é preciso força nos coto- velos para romper. Não sou criança, nem idiota, vivo só e vejo de longe; mas vejo. Não pode imaginar. Os gênios fazem aqui dois sexos como se fosse uma escola mista". ( ) "Agora eu ia começar a minha ópera. "A vida é uma ópera", dizia-me um velho tenor italiano que aqui viveu e morreu... E explicou- me um dia a definição, em tal maneira que me fez crer nela". Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas; fazendo compras. ( ) "Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não ad- mira lhe soltassem algumas lágrimas poucas e caladas... () "... Doida de luxúria, irracional feroz, revolutiava, em corcovos de égua, bufando e relinchando." ( ) "Eis aí mais um mistério para ajuntar aos tantos desse mundo. Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro". ( ) "... acabaram por foguear-lhe a pólvora do san- gue, despertando-lhe a razão ao rebate dos sen- tidos." ( ) "Esse primeiro palpitar da seiva, essa revela- ção da consciência de si própria, nunca mais me esqueceu, nem achei que lhe fosse compa- rável qualquer outra sensação da mesma espé- cie." 02 De acordo com as características da Época Realista, marque (F) FALSO e (V) VERDADEIRO para as opções que identificam essa época. 1. ( ) Os personagens se apresentam com pro- blemas sociais. 2. ( ) Os personagens são idealizados, a ficção é marcada pela inverosimilhança. 3. ( ) Análise crítica da sociedade. 4. ( ) A mulher aparece convertida em anjo. 5. ( ) Observação indireta dos fatos. 6. ( ) O cientificismo é contra a metafísica. 7. ( ) O homem é um "caso" que deve ser estu- dado cientificamente. 8. ( ) Verosimilhansa. 9. ( ) Personagens heróis. 10. ( ) Os incidentes do enredo decorrem do ca- ráter dos personagens. 11. ( ) Ênfase para os romances históricos. 12. ( ) Repúdio ao sonho, à imaginação. 13. ( ) Interiorização dos sentimentos. 210 14. ( ) Homem é zoomorfizado. 15. ( ) A vida e as reações dos homens estão de- terminadas, sujeitas a algo imutável. 16. ( ) O Uso abundante da conotação a fim de retratar com fidedignidade a sociedade e o homem. 17. ( ) Naturalismo é mais determinista e mecanicista que o Realismo. 18. ( ) O homem está sujeito à raça, ao meio e ao momento. 19. ( ) As concepções teológicas da natureza não dão lugar às leis científicas porque elas não possuem explicações válidas que sa- tisfaçam o homem. 20. ( ) Machado de Assis e Aluízio Azevedo são os expoentes máximos do Naturalismo e Realismo. 21. ( ) Os escritores preferem temas doo passa- do. 01 Marque a opção que encerra a característica maior, do Naturalismo e que se encontra explícita no Cortiço de Aluísio Azevedo. (A) A vida é encarada com religiosidade. (B) A natureza envolvida nos sentimentos dos per- sonagens. (C) Uma concepção idealista do universo. (D) Compreensão biológica do mundo. (E) Compreensão psicológica do mundo. 02 Indique a opção em que os escritores mencionados pertencem, respectivamente, aos movimentos naturalistas e realistas. (A) Machado de Assis e Raul Pompéia. (B) Aluísio Azevedo e José de Alencar. (C) Aluísio Azevedo e Machado de Assis. (D) Euclides da Cunha e Lima Barreto. (E) Raul Pompéia e Machado de Assis. 03 Os ideais naturalistas são ressaltados e marcados na história do Cortiço de Aluísio Azevedo, por que característica básica? (A) O ideal sobrepõe-se à razão. (B) O trabalho sobrepõe-se ao capital. (C) O personagem sobrepõe-se ao ambiente. (D) O psicológico sobrepõe-se ao social. (E) O coletivo sobrepõe-se ao individual. 04 Identifique a afirmativa INCORRETA. (A) É antiburguesa grande parte da literatura realis- ta. (B) A observação dos costumes sociais é traço típi- co do Realismo. (C) A paixão pelo detalhe torna a narrativa lenta. (D) A figura do sacerdote é vista como exemplo de hipocrisia. (E) O Realismo é também um tipo de literatura de evasão, de fuga ao real. 05 Sobre Machado de Assis, não é CORRETO afirmar: (A) fugiu dos clichês realistas, sexo e questões so- ciais. (B) seu realismo engloba a natureza psicológica. (C) interrompe frequentemente a narrativa para di- gressão. (D) enquanto poeta, foi contido, artesanal. (E) sua visão dos homens e da vida, em geral, é pessimista. 06 Em relação à linguagem realista não podemos afirmar que: (A) a realidade realista é superficial, vaga, nebulo- sa. (B) a denotação predomina sobre a conotação. (C) tem um pouco de lirismo porque é objetiva, che- gando muitas vezes a se utilizar de vocábulos grosseiros. (D) é uma linguagem sensorial pois o realista preci- sa ver, sentir. (E) a discussão sobre a própria linguagem é um dos traços característicos. 07 Considerando características realistas não é CORRETO afirmar que: (A) a burguesia é criticada. (B) apresenta riqueza de detalhes. (C) o sexo aparece como tema quase obrigatório. (D) nota-se um passado glorioso, saudosista. (E) aparece apelos ao leitor, com que o narrador dialoga e a quem, às vezes ridiculariza. 08 Com relação aos temas e atitudes do Naturalismo, não podemos apontar como CORRETA a opção: (A) o romance naturalista é um romance de tese experimental. (B) no Naturalismo, além da denúncia social anali- sa-se psicologicamente o personagem. (C) as classes baixas da sociedade são objeto de análise. (D) apesar dos problemas que focaliza, o autor na- turalista oferece ao leitor uma visão otimista, tranquila do homem. (E) as personagens são pessoas grosseiras de apa- rência e atitudes. 09 Sobre Aluísio Azevedo é FALSO dizer que: (A) sua concepção do amor é espiritualizada. (B) escreveu O Mulato, obra que introduziu o Natu- ralismo em nossa literatura. (C) construiu uma obra fiel aos cânones naturalis- tas. (D) a hereditariedade, o homem zoomorfizado, mo- vimentos de massa são alguns dos temas que focaliza. (E) foi o maior nome do Naturalismo entre nós. 211 10 Sobre Aluísio Azevedo a sua obra O Cortiço é válido afirmar: (A) os elementos considerados maus durante a nar- rativa, transformam-se em bons, resgatando assim sua imagens. (B) Leónie, Bertoliza, Pombinha e Zulmira são per- sonagens de relevante importância na obra, e o fato de habitarem a mesma ambiência, aproxi- mam-nas. (C) Observa-se uma tendência moralista quando Aluísio Azevedo retrata a relação entre Pombinha e Leónie. (D) O desfecho da obra é irônico, porque João Romão é abolicionista, embora explorasse o copo e a mão de obra de Bertoleza, fazendo-a o primeiro degrau de sua ascensão social. 11 Machado de Assis foi polígrafo, isto é escreveu em vários estilos. Baseando-se na época em que produziu suas obras, marque a opção INCORRETA. (A) Escreveu prosa romântica e realista. (B) Fez crítica teatral. (C) Fez crítica literária. (D) É autor de várias epopeias e romances históri- cos. 12 Leia com bastante atenção os textos "A designação de Realismo, dada a esse movimento, é inadequada, pois o realismo ocorre em todos os tempos como um dos pólos da criação literária, sendo a tendência para reproduzir nas obras os traços observados no mundo real - seja nas coisas, seja nas pessoas e nos sentimentos. Outro pólo é a fantasia, isto é, a tendência para inventar um mundo novo, diferente e muitas vezes oposto às leis do mundo real. os autores e as modas literárias oscilam incessantemente entre ambos, e é da sua combinação mais ou menos mais ou menos variada que se faz a literatura". "O naturalismo significa o tipo de realismo que procura explicar cientificamente a conduta e o modo de ser dos personagens por meio de fatores externos, de natureza biológica e sociológica que condicionam a vida humana. Os seres aparecem, então, como produtos, como consequências de forças preexistentes, que limitam a sua responsabilidade e os tornam, nos casos extremos verdadeiros joguetes das condições. Como houve naquele tempo obsessão com os problemas de hereditariedade (ainda bem mal conhecidos), os escritores não hesitavam em sublinhar o efeito das taras, das doenças dos vícios na formação do caráter juntando-lhes os efeitos complementares da formação familiar, da educação, do nível cultural. Com isso, adaptavam-se às teorias científicas em voga, amplamente divulgadas e, a fim de se aproximarem mais dos cientistas, pregavam a atitude objetivos, desapaixonado, de quem verifica e registra sem tomar partido, como convém ao pesquisador de verdade". (Presença da Literatura Brasileira Antôni Cândido e J. Aderal Castelo) Com base na leitura dos dois textos, podemos afirmar que: I. realismo sempre existiu em todas as correntes literárias na medida em que o autor procura re- produzir o lado real das coisas. II. são os dois polos entre os quais oscilam asobras literárias: realidade e fantasia. III. dentro do Romantismo não houve realismo, tudo o que existiu foi apenas imaginação. IV. O naturalismo torna as pessoas menos respon- sáveis pelos seus atos pois a conduta do indiví- duo é determinada pela hereditariedade e am- biente. V. no Romantismo, os artistas procuram compro- var as teorias cientistas em voga. Assinale: (A) As afirmações I e III estão corretas. (B) As afirmações III e IV estão corretas. (C) As afirmações I, III e IV estão corretas. (D) As afirmações I, II e IV estão corretas. (E) Somente a afirmação IV é falsa. 13 Marque o item correto a respeito de Machado de Assis: (A) Suas obras estão divididas em dois grandes gru- pos: o primeiro, de caráter romântica, o segun- do, de caráter naturalista. (B) Machado foi, acima de tudo, um excelente poe- ta parnasiano, superior a Raimundo Correia. (C) Machado sempre se preocupou com a análise dos fatos humanos, mas colocou o enredo aci- ma de tudo. (D) O universo de Machado de Assis é, em grande parte, a expressão do indivíduo, da família, de cada ser. (E) Machado de Assis é nosso melhor contista. Seus melhores contos são O Alienista e D. Casmur- ro. 14 A doutrina que apresenta o homem dominado não pela razão mas pelo ambiente em que vive, pelos instintos, pelas taras e pela carga hereditária, denomina-se: (A) evolucionismo. (B) determinismo. (C) ecletismo. (D) determinismo. (E) racionalismo. 15 (ENEM) TEXTO I VOLUNTÁRIO Rosa tecia redes, e os produtos de sua pequena indústria gozavam de boa fama nos arredores. A reputação da tapuia crescera com a feitura de uma maqueira de tucum ornamentada com a coroa brasileira, obra de ingênuo gosto, que lhe valera a admiração de toda a comarca e provocara a inveja da célebre Ana Raimunda, de Óbidos, a qual chegara a formar uma fortunazinha com aquela especialidade, quando a indústria norte-americana reduzira à inatividade os teares rotineiros do Amazonas. SOUSA, I. Contos amazônicos. São Paulo: Martins Fontes, 2004 212 TEXTO II RELATO DE UM CERTO ORIENTE Emilie, ao contrário de meu pai, de Dorner e dos nossos vizinhos, não tinha vivido no interior do Amazonas. Ela, como eu, jamais atravessara o rio. Manaus era o seu mundo visível. O outro latejava na sua memória. Imantada por uma voz melodiosa, quase encantada, Emilie maravilha-se com a descrição da trepadeira que espanta a inveja, das folhas malhadas de um tajá que reproduz a fortuna de um homem, das receitas de curandeiros que veem em certas ervas da floresta o enigma das doenças mais temíveis, com as infusões de coloração sanguínea aconselhadas para aliviar trinta e seis dores do corpo humano. "E existem ervas que não curam nada", revelava a lavadeira, "mas assanham a mente da gente. Basta tomar um gole do líquido fervendo para que o cristão sonhe uma única noite muitas vidas diferentes". Esse relato poderia ser de duvidosa veracidade para outras pessoas, mas não para Emilie. HATOUM, M. São Paulo: Cia. das Letras, 2008 As representações da Amazônia na literatura brasileira mantêm relação com o papel atribuído à região na construção do imaginário nacional. Pertencentes a contextos históricos distintos, os fragmentos diferenciam-se ao propor uma representação da realidade amazônica em que se evidenciam (A) aspectos da produção econômica e da cura na tradição popular. (B) manifestações culturais autênticas e da resig- nação familiar. (C) valores sociais autóctones e influência dos es- trangeiros. (D) formas de resistência locais e do cultivo das superstições. (E) costumes domésticos e levantamento das tradi- ções indígenas. 16 (ENEM) O MULATO Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de francês e tocava modinhas sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita da virtude, um modo bonito, e por vezes lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de agulha; bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir. Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: "Mulato". E crescia, crescia, transformando-se em tenebrosa nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava todas as outras ideias. - Mulato! Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as reticências dos que lhe falavam de seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue. AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996 (fragmento). O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, vigente no final do século XIX. Nesse fragmento, o narrador expressa fidelidade ao discurso naturalista, pois (A) relaciona a posição social a padrões de com- portamento e à condição de raça. (B) apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no século XIX. (C) mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes entre homens e mulheres. (D) ilustra os diferentes modos que um indivíduo ti- nha de ascender socialmente. (E) critica a educação oferecida às mulheres e os maus-tratos dispensados aos negros. 17 (ENEM) Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram- se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo. No romance O Cortiço, de Aluízio Azevedo, as personagens são observadas como elementos coletivos caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre brasileiros e portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois (A) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas. (B) exalta a força do cenário natural brasileiro e con- sidera o do português inexpressivo. (C) mostra o poder envolvente da música brasilei- ra, que cala o fado português. (D) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses. (E) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais. 18 (ENEM) ESAÚ E JACÓ Ora, aí está justamente a epígrafe do livro, se eu lhe quisesse pôr alguma, e não me ocorresse outra. Não é somente um meio de completar as pessoas da narração com as ideias que deixarem, mas ainda um par de lunetas para que o leitor do livro penetre o que for menos claro ou totalmente escuro. 213 Por outro lado, há proveito em irem as pessoas da minha história colaborando nela, ajudando o autor, por uma lei de solidariedade, espécie de troca de serviços, entre o enxadrista e os seus trebelhos. Se aceitas a comparação, distinguirás o rei e a dama, o bispo e o cavalo, sem que o cavalo possa fazer de torre, nem a torre de peão. Há ainda a diferença da cor, branca e preta, mas esta não tira o poder da marcha de cada peça, e afinal umas e outras podem ganham a partida, e assim vai o mundo. ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1964 (fragmento). O fragmento do romance Esaú e Jacó mostra como o narrador concebe a leitura de um texto literário. Com base nesse trecho, tal leitura deve levar em conta (A) o leitor como peça fundamental na construção dos sentidos. (B) a luneta como objeto que permite ler melhor. (C) o autor como único criador de significados. (D) o caráter de entretenimento da literatura. (E) a solidariedadede outros autores 19 (ENEM) CAPITULO LIV A PÊNDULA Sai dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei- me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite.Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava entao um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, e a contá-los assim: Outra de menos.. Outra de menos.. Outra de menos.. Outra de menos.. O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava- lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos.Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpetuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre. Naquela noite não padeci esse triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abairoam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia perdidos, mas os minutos ganhados. ASSIS. M Memórias de Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: nova Aguilar 1992 (fragmento) O capitulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgilia, casada com lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticas, porque (A) O narrador e Virgilia não tem percepção do tem- po em seus encontros adúlteros. (B) Como "defunto autor, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tem- po. . (C) Na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas. (D) O relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas (E) O narrador compara a duração do sabor do bei- jo à perpetuidade do relógio. 20 (ENEM) O NASCIMENTO DA CRÔNICA Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazemse algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a crônica. Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que apenas datam de Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de Abraão, Isaque e Jacó, antes mesmo de Noé, houve calor e crônicas. No paraíso é provável, é certo que o calor era mediano, e não é prova do contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por duas razões, uma capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia sequer casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe. Digo que esta razão é provincial, porque as nossas províncias estão nas circunstâncias do primeiro homem. ASSIS, M. In: SANTOS, J .F. As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007 (fragmento). Um dos traços fundamentais da vasta obra literária de Machado de Assis reside na preocupação com a expressão e com a técnica de composição. Em O nascimento da crônica, Machado permite ao leitor entrever um escritor ciente das características da crônica, como (A) texto breve, diálogo com o leitor e registro pes- soal de fatos do cotidiano. (B) síntese de um assunto, linguagem denotativa, exposição sucinta. (C) linguagem literária, narrativa curta e conflitos in- ternos. (D) texto ficcional curto, linguagem subjetiva e cria- ção de tensões. (E) priorização da informação, linguagem impesso- al e resumo de um fato. 01 Como poderíamos explicar o objetivismo e materialismo da época realista? ................................................................................... ................................................................................... 214 02 Em que se distingue o Realismo do Naturalismo? ................................................................................... ................................................................................... ................................................................................... ................................................................................... O ATENEU (Raul Pompeia) Abriram-se as aulas a 15 de fevereiro. De manhã, à hora regulamentar, compareci. O diretor, no escritório do estabelecimento, ocupava uma cadeira rotativa junto à mesa de trabalho. Sobre a mesa, um grande livro abria-se em colunas maciças de escrituração e linhas encarnadas. Aristarco, que consagrava as manhãs ao governo financeiro do colégio, conferia os assentamentos do guarda livros. De momento a momento entravam alunos. Alguns acompanhados. A cada entrada, o diretor fechava lentamente o livro, marcando a página com um espadim de marfim; fazia girar a cadeira e soltava interjeições de acolhimento, oferecendo episcopalmente1 a mão peluda ao beijo contrito2 e filial dos meninos. Os maiores, em regra, recusavam-se à cerimônia e partiam com um simples aperto de mão. O rapaz desaparecia, levando o sorriso pálido na face, saudoso da vadiação ditosa das férias. O pai, o correspondente, o portador, despedia-se, depois de banais cumprimentos, ou palavras a respeito do estudante, amenizadas pela bonomia3 superior de Aristarco, que punha habilmente um sujeito fora de portas com o riso fanhoso e o simples modo de segurar-lhe os dedos. A cadeira girava de novo à posição primitiva, o livro da escrituração mostrava outra vez as páginas enormes e a figura paternal do educador desmanchava-se, voltando a simplificar-se na esperteza atenta e seca do gerente. A este vaivém de atitudes estava tão habituado o nosso diretor que nenhum esforço lhe custava a manobra. 03 O que revelam os gestos de Aristarco? ................................................................................... ................................................................................... ................................................................................... ................................................................................... 04 Explique o último parágrafo do texto. ................................................................................... ................................................................................... ................................................................................... ................................................................................... A HISTÓRIA do casamento de Maria Benedita é curta; e, posto Sofia a ache vulgar, vale a pena dizê-la. Fique desde já admitido que, se não fosse a epidemia das Alagoas, talvez não chegasse a haver casamento; donde se conclui que as catástrofes são úteis, e até necessárias. Sobejam exemplos; mas basta um contozinho que ouvi em criança, e que aqui lhes dou em duas linhas. Era uma vez uma choupana que ardia na estrada; a dona, -um triste molambo de mulher,- chorava o seu desastre, a poucos passos, sentada no chão. Senão quando, indo a passar um homem ébrio, viu o incêndio, viu a mulher, perguntou-lhe se a casa era dela. - É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eu possuía neste mundo. - Dá-me então licença que acenda ali o meu charuto? (QUICAS BORBA, Machado de Assis - fragmento) 06 "Talvez estes reparos sejam menos atendíveis, desde que o nosso ponto de vista é diferente. O Sr. Eça de Queirós não quer ser realista mitigado, mas intenso e completo; e daí vem que o tom carregado das tintas, que nos assusta, para ele é simplesmente o tom próprio." As palavras de Machado de Assis aludem ao Realismo ou ao Naturalismo? Justifique. ................................................................................... ................................................................................... ...................................................................................................................................................................... 07 "... E a Bertoleza? (...) Diabo! E não poder arredar logo da vida aquele ponto negro; apagá-lo rapidamente, como quem tira da pele uma nódoa de lama! (...)ali estava como o documento vivo das suas misérias, já passadas mas ainda palpitantes. Bertoleza devia ser esmagada (...) Seria um crime conservá-la a seu lado! Ela era o torpe balcão da primitiva bodega; (...)devia, pois, extinguir- se! Devia ceder o lugar à pálida mocinha de mãos delicadas e cabelos perfumados, (...) Das doutrinas surgidas no século XIX, qual delas melhor se adaptaria ao fragmento citado? Justifique apoiando-se no texto. ................................................................................... ................................................................................... 05 "O bem não sobrevive sem o mal". Esta é a teoria "Humanitas" do filósofo Quincas Borba. Aplique esta teoria no fragmento textual acima. ................................................................................... ................................................................................... ................................................................................... ................................................................................... 215 TEXTO I Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos caixeiros, estava de cócoras no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela aquele grupo sinistro. Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor, e um calefrio percorreu-lhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação: adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre. Adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro. Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém, circunvagou os olhos em torno de si, procurando escapula, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe o ombro. - É esta! Disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. -- Prendam-na! É escrava minha ! A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e coma outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto, e antes que alguém conseguisse alcançá- la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado. E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue. João Romão fugira até o canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos. Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito. Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas. (AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. Cap.XXXIII, pp.164-5. Rio de Janeiro: Ediouro s.d..) TEXTO II RIOS SEM DISCURSO Quando um rio corta, corta-se de vez o discurso-rio de água que ele fazia; cortado, a água se quebra em pedaços, em poços de água, em água paralítica. Em situação de poço, a água equivale a uma palavra em situação dicionária: isolada, estanque no poço dela mesma, e porque assim estanque, estancada; e mais: porque assim estancada, muda e muda porque com nenhuma comunica, porque cortou-se a sintaxe desse rio, o fio de água por que ele discorria. 08 O Texto I corresponde à cena em que a escrava fugida Bertoleza comete suicídio, quando se depara com os policiais que vêm capturá-la, após denúncia de seu paradeiro feita por João Romão, o amante. Leia-o atentamente e responda às questões propostas em "a" e "b". a) Explique uma característica do realismo-natu- ralismo expressa no trecho compreendido en- tre as linhas 13 e 16 . ("Os policiais...de san- gue") .......................................................................... ........................................................................... .......................................................................... ........................................................................... ........................................................................... b) Transcreva a passagem em que o leitor deduz a ironia dos acontecimentos, provocada pelo contraditório comportamento de João Romão. .......................................................................... ........................................................................... .......................................................................... ........................................................................... 09 No Texto II, o poeta emprega várias palavras que pertencem a dois contextos de significação: "rio" e "discurso". A A partir das relações entre tais contextos, construa uma interpretação para o poema. ................................................................................... ................................................................................... ................................................................................... ................................................................................... ................................................................................... 05 10 15 20 25 30 35 O curso de um rio, seu discurso-rio, chega raramente a se reatar de vez; um rio precisa de muito fio de água para refazer o fio antigo que o fez. Salvo a grandiloqüência de uma cheia lhe impondo interina outra linguagem, um rio precisa de muita água em fios para que todos os poços se enfrasem: se reatando, de um para outro poço, em frases curtas, então frase e frase, até a sentença-rio do discurso único em que se tem voz a seca ele combate. (MELO NETO, João Cabral de. In: A educação pela pedra. Rio de Janeiro: José Olympio. 1979, p.26.) 05 10 15 20 216 ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... . ............................................................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................................................................... 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