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205
PARTE II:
UNIDADE 01:
REALISMO E NATURALISMO
CONTEXTO HISTÓRICO
A Revolução Frances gerou uma ideia de liberdade
na primeira metade do século XIX, e essa liberdade foi base
para que uma revolução literária fosse feita. A estética
surgida foi o Romantismo, repleto de subjetividade, de
imaginação criadora, do culto do "eu".
Na segunda metade do século XIX, o apogeu da
Revolução Industrial, o avanço tecnológico e científico, a
situação dos trabalhadores e a explosão urbana farão
mudanças significativas na Literatura; aparecerão o
Realismo/Naturalismo que se caracterizarão pela análise
da sociedade e pelo propósito de transformá-la.
Nessa época, achava-se que a ciência tudo podia
explicar e isso fez com que a Literatura tendesse para
objetivismo e cientificismo.
ALGUNS DOS GRANDES AVANÇOS DA CIÊNCIA
••••• Hertz - identificou as correntes elétricas
••••• Maxwell - com seus estudos sobre os gases
propiciou o surgimento da indústria do frio
(conservação dos alimentos)
••••• Pasteur - desvenda os segredos dos
microrganismos
••••• Isolam-se os agentes responsáveis pela sífilis,
malária e tuberculose.
••••• Incremento do transporte ferroviário e marítimo.
••••• Expansão da comunicação telegráfica.
Todo o idealismo e subjetivismo foram substituídos
pelo materialismo e racionalismo.
Surgiram algumas doutrinas que foram responsáveis
pelo nova pensamento e consequentemente pela Literatura.
a) Teoria Determinista (Hypolite Taine)
O comportamento humano é determinado pela
hereditariedade, pelo momento e circunstância
(trindade tainiana).
b) Teoria Evolucionista (Charles Darwiin)
Defende a tese de que o homem defende de
animais inferiores, e que há uma luta contínua pela
existência, da qual resultaria a sobrevivência dos
mais aptos pelo processo de seleção natural
(darwinismo).
c) Teoria Positivista (Augusto Conte)
Defende a ideia de que a humanidade estaria
entrando no terceiro ciclo de usa evolução, o
positivo da era científica, depois de ter passado
pelo teológico e pelas abstrações. Defende que o
único meio de atingir o conhecimento é a
observação, a experimentação e comparação. o
homem estava entrando na era da ciência,
(positivismo).
A época realista apresenta três modalidades literárias:
••••• Realismo (prosa)
••••• Naturalismo (prosa)
••••• Parnasianismo (poesia)
1. MARCOS DA ÉPOCA REALISTA
••••• Início - Memórias Póstumas de Brás Cubas de
Machado de Assis (1881)
••••• Término - Publicação de Missal (prosa) e
Broquéis (poesia) ambos de Cruz e Souza (1893)
e o início do Simbolismo.
CARACTERÍSTICAS TEMÁTICAS E ESTILÍSTICAS
Vamos entender as características de diferentes
formas de conhecimento produzido pelos seres humanos
em comunidade. Perceberemos como cada maneira de se
conhecer parte de um pressuposto específico para dar conta
da imensidão da realidade que nos envolve.
1. OBJETIVISMO
Caracteriza-se pela preocupação com a verdade, não
apenas verossímil, mas exata, através da observação e
análise.
2. IMPASSIBILIDADE
O autor procura uma posição neutra, ausentando-se
da narrativa, sem interesse pelo destino das personagens,
que são "fotografadas" por dentro (Machado de Assis) e
por fora (Aluísio Azevedo). procura obedecer a uma lógica
rigorosa entre as causas que determinam o comportamento
humano; não há atividade da personagem realista que seja
gratuita, sempre há uma explicação lógica e científica
aceitável para seu comportamento.
3. PERSONAGENS ESFÉRICAS
Enquanto no romantismo as personagens eram
lineares, construídas ao redor de uma só ideia ou qualidade,
o realismo valoriza as personagens esféricas, que
apresentam simultaneamente várias qualidades ou
tendências; são complexas. São dinâmicas, porque evoluem
e têm profundidade psicológica.
4. TEMAS COMTEMPORÂNEOS
A obra realista e naturalista centra-se no presente, no
momento vivido pelo autor. Os temas principais são: a
CRÍTICA SOCIAL, mostrando as mazelas da burguesia e
do clero, e a ANÁLISE PSICOLÓGICA, voltada para
investigação dos motivos das ações humanas.
206
5. EXALTAÇÃO SENSORIAL
O romântico apreendia o mundo com o coração, com
o sentimento. O realista é, acima de tudo, sensorial: precisa
ver, apalpar, experimentar fisicamente. A sensação é o
elemento fundamental no conhecimento do mundo. Assim,
no Realismo, o amor perde a conotação espiritualizante para
restringir-se ao aspecto físico: ocorre o que se chama de
sexualização do amor.
DIFERENÇA ENTRE REALISMO – NATURALISMO
a) Realismo
Ocupa-se com os aspectos sociológicos da época,
faz um romance documental, descritivo, narrativa
lenta. É a essência do movimento materialista e
retrata a vida contemporânea. É fundamentado na
observação e documentação, o autor faz o papel
do repórter, retrata exatamente o que acontece,
procura a realidade que lhe é contemporânea. Não
há, por isso, nessa época romances históricos.
b) Naturalismo
Preocupa-se com os aspectos patológicos, une-
se à Biologia e ao determinismo da herança
genética e do ambiente. Segue em linhas gerais
as características do Realismo, porém defende
que o homem é dominado pelo ambiente, pelos
instintos, taras, pela carga hereditária e não pela
razão. Existe uma enorme preocupação em
justificar e explicar através da ciência o
comportamento dos personagens.
1. CARACTERÍSTICAS DO REALISMO
••••• Fidelidade ao objeto.
••••• Apresentação da história sem desfigura-la.
••••• Narrativa lenta rica em detalhes.
••••• Personagens concretas, não idealizadas.
••••• Personagens condicionadas pelo ambiente e
sociedade.
••••• Observação e documentação.
••••• Equilíbrio e harmonia.
••••• Clareza e correção gramatical.
••••• Linguagem simples que possa exprimir
exclusivamente a realidade.
••••• Predomínio da razão.
••••• Ênfase para o romance psicológico e social.
••••• Amor descambando para a sexualidade.
2. CARACTERÍSTICAS DO NATURALISMO
••••• Visão materialista do homem, da vida e da
sociedade.
••••• As leis científicas possuem explicações válidas,
nunca concepções teológicas.
••••• O homem está sujeito diretamente à raça, ao meio
e ao momento (trindade tainiana).
••••• A vida e as reações do homem estão
determinadas, sujeitas a algo imutável.
••••• O homem é um simples animal, sujeitos à forças
fatais e levado pela fisiologia.
••••• Aparecem temas como crimes, miséria,
homossexualismo, prostituição, adultério, intrigas,
etc.
••••• Surgem todas as atividades do homem, inclusive
os próprios aspectos bestiais com preferência
pelas camadas mais baixas da sociedade.
••••• Não importam os conceitos morais, o objetivo é
analisar a realidade.
Os catadores, pintura realista
de Jean François Millet
PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS REPRESENTATIVAS
1. JOAQUIM MARIA MACHADO DE ASSIS (1839-1908)
 Machado de Assis com 25 anos
207
Machado de Assis foi o maior autor do Realismo
brasileiro. Nasceu no Rio de Janeiro, no Morro do
Livramento. Machado foi muito pobre, sofreu muito
preconceito por ser mulato.
Escreveu em quase todos os gêneros literários, porém
os contos e os romances o notabilizaram.
Foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de
Letras. Sua obra está dividida em duas partes:
— 1ª Fase - Romântica
Já apresenta algumas características realistas,
como a denúncia social, isto é, denúncia das
diferenças sociais, críticas feitas aos casamentos
por interesse. Nessa fae não aparece a análise
profunda do perfil psicológico das personagens.
Nesta fase há ainda uma preocupação com o
enredo.
— 2ª Fase - Realista
Fase do amadurecimento de Machado de Assis,
inicia com Memórias Póstumas de Brás Cubas -
1881 - Neste romance, aparecerão características
que marcam definitivamente o estilo de Machado.
a) Características de Machado de Assis na Fase
Realista
••••• Tentativa de trazer o leitor para dentro da
narrativa.
Ex.: “Abane a cabeça leitor; faça todos os
gestos de incredulidade..."
••••• Pessimismo em relação à humanidade.
Ex.: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma
criatura o legado da nossa miséria."
••••• Ironia fina.
Ex.: "Meu caro Dom Casmurro, não cuide que
o dispenso do teatroamanhã; venha e
dormirá aqui na cidade; dou-lhe um
camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só
não lhe dou uma moça."
••••• A ingenuidade é desmistificada.
Ex.: "...Marcela amou-me durante quinze
meses e onze contos de réis, nada
menos."
••••• A ruptura com a narrativa linear: os fatos e as
ações não seguem um fio lógico ou cronológi-
co.
••••• A organização metalinguística do discurso nar-
rativo é comum, na ficção machadiana. O
narrador interrompe a narrativa para, comentar
com o leitor a própria escritura do romance, fa-
zendo-o participar da sua construção.
••••• O universalismo: O seu interesse jamais re-
caiu sobre o típico, o pitoresco, a cor local, o
exótico, muito ao gosto dos românticos. Bus-
cou o UNIVERSAL, a essência humana, os
grandes temas filosóficos, a normalidade e a
loucura, o acaso, a irracionalidade, a usura e a
crueldade.
••••• O pessimismo: Machado revela sempre uma
visão desencantada da vida e do homem. Não
acreditava nos valores do seu tempo e, a rigor,
não acreditava em nenhum valor.
••••• A ironia e o humor negro: A forma de revolta
de Machado era o rir, quase sempre um riso
amargo que exteriorizava o desencanto e o de-
salento ante a miséria física e moral de suas
personagens.
••••• O psicologismo: A ação e o enredo perdem a
importância para a caracterização das perso-
nagens. Os acontecimentos exteriores são con-
siderados somente na medida em que revelam
o interior, os motivos profundos da ação, que
Machado devassa e apresente detalhadamente.
••••• O estilo "enxuto": Machado prima pelo equi-
líbrio, pela disciplina clássica, pela correção gra-
matical, pela concisão e pela economia
vocabular.
2. ALUÍSIO AZEVEDO (1867 -1913)
Aluísio de Azevedo morre em Buenos Aires
como vice-cônsul do Brasil.
208
3. RAUL POMPEIA (1863 - 1895)
Raul Pompeia
4. INGLÊS DE SOUZA (1853 - 1918)
TEXTO I
O SENÃO DO LIVRO
Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me
canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns
magros capítulos para esse mundo sempre e? tarefa que
distrai um pouco da eternidade. Mas o livro e? enfadonho,
cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício
grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és
tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda
devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular
e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios,
guinam a? direita e a? esquerda, andam e param,
resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu,
escorregam e caem...
 E caem! - Folhas misérrimas do meu cipreste, heis
de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu
tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta e?
a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para
rir, também não deixa olhos para chorar... Heis de cair.
(Memória Póstumas de Brás Cubas.
Machado de Assis.)
TEXTO II
CAPÍTULO PRIMEIRO
Rubião fitava a enseada, — eram oito horas da manhã.
Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do
chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria
que ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas, em
verdade, vos digo que pensava em outra coisa. Cotejava o
passado com o presente. Que era, há um ano? Professor.
Que é agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas
(umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo,
Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada,
para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até
o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.
 *Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas”,
pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas
Borba, apenas me daria uma esperança colateral. Não
casou; ambos morreram, e aqui está tudo comigo; de modo
que o que parecia uma desgraça...
(Quincas Borba, Machado de Assis)
TEXTO III
O CORTIÇO
CAP. III (FRAGMENTO)
Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava,
abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e
janelas alinhadas.
209
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma
assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam
ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da ultima
guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e
tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido
em terra alheia.
A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros,
umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário.
As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e
em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma
palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas
secas
Entretanto, das portas surgiam cabeças
congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes
como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda
a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do
café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de
janela para janela as primeiras palavras, os bons-dias;
reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada
cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros
abafados de crianças que ainda não andam. No confuso
rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozes
que altercavam, sem se saber onde, grasnar de marrecos,
cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns quartos
saiam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a
gaiola do papagaio, e os louros, à semelhança dos donos,
cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se à luz
nova do dia.
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum
crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e
fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente,
debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco
palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já
prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-
se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas
despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco;
os homens, esses não se preocupavam em não molhar o
pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e
esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e
fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas
não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante,
um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro
e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças
não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali
mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem
ou no recanto das hortas.
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos
os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes
dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o
cortiço. Começavam a fazer compras na venda;
ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se
gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-
se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa
de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na
lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a
triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
Da porta da venda que dava para o cortiço iam e
vinham como formigas; fazendo compras.
(Aluísio Azevedo)
01 Leia com atenção os fragmentos a seguir,
identificando-os (R) os Realistas e (N) os Naturalistas.
( ) "A partir dessa noite, da qual só pela manhã o
Miranda se retirou do quarto da mulher, estabe-
leceu-se entre eles o hábit0 de uma felicidade
sexual tão completa como ainda não tinham
desfrutado, posto que no íntimo de cada um
persiste contra o outro a mesma repugnância
moral em nada enfraquecida".
( ) "Isto é uma multidão, é preciso força nos coto-
velos para romper. Não sou criança, nem idiota,
vivo só e vejo de longe; mas vejo. Não pode
imaginar. Os gênios fazem aqui dois sexos como
se fosse uma escola mista".
( ) "Agora eu ia começar a minha ópera.
"A vida é uma ópera", dizia-me um velho tenor
italiano que aqui viveu e morreu... E explicou-
me um dia a definição, em tal maneira que me
fez crer nela". Da porta da venda que dava para
o cortiço iam e vinham como formigas; fazendo
compras.
( ) "Capitu olhou alguns instantes para o cadáver
tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não ad-
mira lhe soltassem algumas lágrimas poucas e
caladas...
() "... Doida de luxúria, irracional feroz, revolutiava,
em corcovos de égua, bufando e relinchando."
( ) "Eis aí mais um mistério para ajuntar aos tantos
desse mundo. Apesar de tudo, jantei bem e fui
ao teatro".
( ) "... acabaram por foguear-lhe a pólvora do san-
gue, despertando-lhe a razão ao rebate dos sen-
tidos."
( ) "Esse primeiro palpitar da seiva, essa revela-
ção da consciência de si própria, nunca mais
me esqueceu, nem achei que lhe fosse compa-
rável qualquer outra sensação da mesma espé-
cie."
02 De acordo com as características da Época Realista,
marque (F) FALSO e (V) VERDADEIRO para as
opções que identificam essa época.
1. ( ) Os personagens se apresentam com pro-
blemas sociais.
2. ( ) Os personagens são idealizados, a ficção
é marcada pela inverosimilhança.
3. ( ) Análise crítica da sociedade.
4. ( ) A mulher aparece convertida em anjo.
5. ( ) Observação indireta dos fatos.
6. ( ) O cientificismo é contra a metafísica.
7. ( ) O homem é um "caso" que deve ser estu-
dado cientificamente.
8. ( ) Verosimilhansa.
9. ( ) Personagens heróis.
10. ( ) Os incidentes do enredo decorrem do ca-
ráter dos personagens.
11. ( ) Ênfase para os romances históricos.
12. ( ) Repúdio ao sonho, à imaginação.
13. ( ) Interiorização dos sentimentos.
210
14. ( ) Homem é zoomorfizado.
15. ( ) A vida e as reações dos homens estão de-
terminadas, sujeitas a algo imutável.
16. ( ) O Uso abundante da conotação a fim de
retratar com fidedignidade a sociedade e o
homem.
17. ( ) Naturalismo é mais determinista e
mecanicista que o Realismo.
18. ( ) O homem está sujeito à raça, ao meio e ao
momento.
19. ( ) As concepções teológicas da natureza não
dão lugar às leis científicas porque elas não
possuem explicações válidas que sa-
tisfaçam o homem.
20. ( ) Machado de Assis e Aluízio Azevedo são
os expoentes máximos do Naturalismo e
Realismo.
21. ( ) Os escritores preferem temas doo passa-
do.
01 Marque a opção que encerra a característica maior,
do Naturalismo e que se encontra explícita no Cortiço
de Aluísio Azevedo.
(A) A vida é encarada com religiosidade.
(B) A natureza envolvida nos sentimentos dos per-
sonagens.
(C) Uma concepção idealista do universo.
(D) Compreensão biológica do mundo.
(E) Compreensão psicológica do mundo.
02 Indique a opção em que os escritores mencionados
pertencem, respectivamente, aos movimentos
naturalistas e realistas.
(A) Machado de Assis e Raul Pompéia.
(B) Aluísio Azevedo e José de Alencar.
(C) Aluísio Azevedo e Machado de Assis.
(D) Euclides da Cunha e Lima Barreto.
(E) Raul Pompéia e Machado de Assis.
03 Os ideais naturalistas são ressaltados e marcados na
história do Cortiço de Aluísio Azevedo, por que
característica básica?
(A) O ideal sobrepõe-se à razão.
(B) O trabalho sobrepõe-se ao capital.
(C) O personagem sobrepõe-se ao ambiente.
(D) O psicológico sobrepõe-se ao social.
(E) O coletivo sobrepõe-se ao individual.
04 Identifique a afirmativa INCORRETA.
(A) É antiburguesa grande parte da literatura realis-
ta.
(B) A observação dos costumes sociais é traço típi-
co do Realismo.
(C) A paixão pelo detalhe torna a narrativa lenta.
(D) A figura do sacerdote é vista como exemplo de
hipocrisia.
(E) O Realismo é também um tipo de literatura de
evasão, de fuga ao real.
05 Sobre Machado de Assis, não é CORRETO afirmar:
(A) fugiu dos clichês realistas, sexo e questões so-
ciais.
(B) seu realismo engloba a natureza psicológica.
(C) interrompe frequentemente a narrativa para di-
gressão.
(D) enquanto poeta, foi contido, artesanal.
(E) sua visão dos homens e da vida, em geral, é
pessimista.
06 Em relação à linguagem realista não podemos afirmar
que:
(A) a realidade realista é superficial, vaga, nebulo-
sa.
(B) a denotação predomina sobre a conotação.
(C) tem um pouco de lirismo porque é objetiva, che-
gando muitas vezes a se utilizar de vocábulos
grosseiros.
(D) é uma linguagem sensorial pois o realista preci-
sa ver, sentir.
(E) a discussão sobre a própria linguagem é um dos
traços característicos.
07 Considerando características realistas não é
CORRETO afirmar que:
(A) a burguesia é criticada.
(B) apresenta riqueza de detalhes.
(C) o sexo aparece como tema quase obrigatório.
(D) nota-se um passado glorioso, saudosista.
(E) aparece apelos ao leitor, com que o narrador
dialoga e a quem, às vezes ridiculariza.
08 Com relação aos temas e atitudes do Naturalismo,
não podemos apontar como CORRETA a opção:
(A) o romance naturalista é um romance de tese
experimental.
(B) no Naturalismo, além da denúncia social anali-
sa-se psicologicamente o personagem.
(C) as classes baixas da sociedade são objeto de
análise.
(D) apesar dos problemas que focaliza, o autor na-
turalista oferece ao leitor uma visão otimista,
tranquila do homem.
(E) as personagens são pessoas grosseiras de apa-
rência e atitudes.
09 Sobre Aluísio Azevedo é FALSO dizer que:
(A) sua concepção do amor é espiritualizada.
(B) escreveu O Mulato, obra que introduziu o Natu-
ralismo em nossa literatura.
(C) construiu uma obra fiel aos cânones naturalis-
tas.
(D) a hereditariedade, o homem zoomorfizado, mo-
vimentos de massa são alguns dos temas que
focaliza.
(E) foi o maior nome do Naturalismo entre nós.
211
10 Sobre Aluísio Azevedo a sua obra O Cortiço é válido
afirmar:
(A) os elementos considerados maus durante a nar-
rativa, transformam-se em bons, resgatando
assim sua imagens.
(B) Leónie, Bertoliza, Pombinha e Zulmira são per-
sonagens de relevante importância na obra, e o
fato de habitarem a mesma ambiência, aproxi-
mam-nas.
(C) Observa-se uma tendência moralista quando
Aluísio Azevedo retrata a relação entre
Pombinha e Leónie.
(D) O desfecho da obra é irônico, porque João
Romão é abolicionista, embora explorasse o
copo e a mão de obra de Bertoleza, fazendo-a o
primeiro degrau de sua ascensão social.
11 Machado de Assis foi polígrafo, isto é escreveu em
vários estilos. Baseando-se na época em que produziu
suas obras, marque a opção INCORRETA.
(A) Escreveu prosa romântica e realista.
(B) Fez crítica teatral.
(C) Fez crítica literária.
(D) É autor de várias epopeias e romances históri-
cos.
12 Leia com bastante atenção os textos
"A designação de Realismo, dada a esse movimento,
é inadequada, pois o realismo ocorre em todos os
tempos como um dos pólos da criação literária, sendo
a tendência para reproduzir nas obras os traços
observados no mundo real - seja nas coisas, seja nas
pessoas e nos sentimentos. Outro pólo é a fantasia,
isto é, a tendência para inventar um mundo novo,
diferente e muitas vezes oposto às leis do mundo real.
os autores e as modas literárias oscilam
incessantemente entre ambos, e é da sua combinação
mais ou menos mais ou menos variada que se faz a
literatura".
"O naturalismo significa o tipo de realismo que procura
explicar cientificamente a conduta e o modo de ser
dos personagens por meio de fatores externos, de
natureza biológica e sociológica que condicionam a
vida humana. Os seres aparecem, então, como
produtos, como consequências de forças
preexistentes, que limitam a sua responsabilidade e
os tornam, nos casos extremos verdadeiros joguetes
das condições. Como houve naquele tempo obsessão
com os problemas de hereditariedade (ainda bem mal
conhecidos), os escritores não hesitavam em sublinhar
o efeito das taras, das doenças dos vícios na formação
do caráter juntando-lhes os efeitos complementares
da formação familiar, da educação, do nível cultural.
Com isso, adaptavam-se às teorias científicas em
voga, amplamente divulgadas e, a fim de se
aproximarem mais dos cientistas, pregavam a atitude
objetivos, desapaixonado, de quem verifica e registra
sem tomar partido, como convém ao pesquisador de
verdade".
(Presença da Literatura Brasileira Antôni Cândido e
J. Aderal Castelo)
Com base na leitura dos dois textos, podemos afirmar
que:
I. realismo sempre existiu em todas as correntes
literárias na medida em que o autor procura re-
produzir o lado real das coisas.
II. são os dois polos entre os quais oscilam asobras
literárias: realidade e fantasia.
III. dentro do Romantismo não houve realismo, tudo
o que existiu foi apenas imaginação.
IV. O naturalismo torna as pessoas menos respon-
sáveis pelos seus atos pois a conduta do indiví-
duo é determinada pela hereditariedade e am-
biente.
V. no Romantismo, os artistas procuram compro-
var as teorias cientistas em voga.
Assinale:
(A) As afirmações I e III estão corretas.
(B) As afirmações III e IV estão corretas.
(C) As afirmações I, III e IV estão corretas.
(D) As afirmações I, II e IV estão corretas.
(E) Somente a afirmação IV é falsa.
13 Marque o item correto a respeito de Machado de Assis:
(A) Suas obras estão divididas em dois grandes gru-
pos: o primeiro, de caráter romântica, o segun-
do, de caráter naturalista.
(B) Machado foi, acima de tudo, um excelente poe-
ta parnasiano, superior a Raimundo Correia.
(C) Machado sempre se preocupou com a análise
dos fatos humanos, mas colocou o enredo aci-
ma de tudo.
(D) O universo de Machado de Assis é, em grande
parte, a expressão do indivíduo, da família, de
cada ser.
(E) Machado de Assis é nosso melhor contista. Seus
melhores contos são O Alienista e D. Casmur-
ro.
14 A doutrina que apresenta o homem dominado não pela
razão mas pelo ambiente em que vive, pelos instintos,
pelas taras e pela carga hereditária, denomina-se:
(A) evolucionismo.
(B) determinismo.
(C) ecletismo.
(D) determinismo.
(E) racionalismo.
15 (ENEM)
TEXTO I
VOLUNTÁRIO
Rosa tecia redes, e os produtos de sua pequena
indústria gozavam de boa fama nos arredores. A
reputação da tapuia crescera com a feitura de uma
maqueira de tucum ornamentada com a coroa
brasileira, obra de ingênuo gosto, que lhe valera a
admiração de toda a comarca e provocara a inveja da
célebre Ana Raimunda, de Óbidos, a qual chegara a
formar uma fortunazinha com aquela especialidade,
quando a indústria norte-americana reduzira à
inatividade os teares rotineiros do Amazonas.
SOUSA, I. Contos amazônicos.
São Paulo: Martins Fontes, 2004
212
TEXTO II
RELATO DE UM CERTO ORIENTE
Emilie, ao contrário de meu pai, de Dorner e dos
nossos vizinhos, não tinha vivido no interior do
Amazonas. Ela, como eu, jamais atravessara o rio.
Manaus era o seu mundo visível. O outro latejava na
sua memória. Imantada por uma voz melodiosa, quase
encantada, Emilie maravilha-se com a descrição da
trepadeira que espanta a inveja, das folhas malhadas
de um tajá que reproduz a fortuna de um homem, das
receitas de curandeiros que veem em certas ervas da
floresta o enigma das doenças mais temíveis, com as
infusões de coloração sanguínea aconselhadas para
aliviar trinta e seis dores do corpo humano. "E existem
ervas que não curam nada", revelava a lavadeira, "mas
assanham a mente da gente. Basta tomar um gole do
líquido fervendo para que o cristão sonhe uma única
noite muitas vidas diferentes". Esse relato poderia ser
de duvidosa veracidade para outras pessoas, mas não
para Emilie.
HATOUM, M. São Paulo: Cia. das Letras, 2008
As representações da Amazônia na literatura brasileira
mantêm relação com o papel atribuído à região na
construção do imaginário nacional. Pertencentes a
contextos históricos distintos, os fragmentos
diferenciam-se ao propor uma representação da
realidade amazônica em que se evidenciam
(A) aspectos da produção econômica e da cura na
tradição popular.
(B) manifestações culturais autênticas e da resig-
nação familiar.
(C) valores sociais autóctones e influência dos es-
trangeiros.
(D) formas de resistência locais e do cultivo das
superstições.
(E) costumes domésticos e levantamento das tradi-
ções indígenas.
16 (ENEM)
O MULATO
Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do
Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos
de francês e tocava modinhas sentimentais ao violão
e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita
da virtude, um modo bonito, e por vezes lamentara
não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de
agulha; bordava como poucas, e dispunha de uma
gargantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir.
Uma só palavra boiava à superfície dos seus
pensamentos: "Mulato". E crescia, crescia,
transformando-se em tenebrosa nuvem, que escondia
todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava
todas as outras ideias.
- Mulato!
Esta só palavra explicava-lhe agora todos os
mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do
Maranhão usara para com ele. Explicava tudo: a frieza
de certas famílias a quem visitara; as reticências dos
que lhe falavam de seus antepassados; a reserva e a
cautela dos que, em sua presença, discutiam questões
de raça e de sangue.
AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo:
Ática, 1996 (fragmento).
O texto de Aluísio Azevedo é representativo do
Naturalismo, vigente no final do século XIX. Nesse
fragmento, o narrador expressa fidelidade ao discurso
naturalista, pois
(A) relaciona a posição social a padrões de com-
portamento e à condição de raça.
(B) apresenta os homens e as mulheres melhores
do que eram no século XIX.
(C) mostra a pouca cultura feminina e a distribuição
de saberes entre homens e mulheres.
(D) ilustra os diferentes modos que um indivíduo ti-
nha de ascender socialmente.
(E) critica a educação oferecida às mulheres e os
maus-tratos dispensados aos negros.
17 (ENEM) Abatidos pelo fadinho harmonioso e
nostálgico dos desterrados, iam todos, até mesmo os
brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas,
de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado
pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com
um chorado baiano. Nada mais que os primeiros
acordes da música crioula para que o sangue de toda
aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe
fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-
se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e
mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que
soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em
torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa
floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em
frenesi de amor: música feita de beijos e soluços
gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo
estalar de gozo.
No romance O Cortiço, de Aluízio Azevedo, as
personagens são observadas como elementos
coletivos caracterizados por condicionantes de origem
social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o
confronto entre brasileiros e portugueses revela
prevalência do elemento brasileiro, pois
(A) destaca o nome de personagens brasileiras e
omite o de personagens portuguesas.
(B) exalta a força do cenário natural brasileiro e con-
sidera o do português inexpressivo.
(C) mostra o poder envolvente da música brasilei-
ra, que cala o fado português.
(D) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário
à tristeza dos portugueses.
(E) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com
instrumentos musicais.
18 (ENEM)
ESAÚ E JACÓ
Ora, aí está justamente a epígrafe do livro, se eu lhe
quisesse pôr alguma, e não me ocorresse outra. Não
é somente um meio de completar as pessoas da
narração com as ideias que deixarem, mas ainda um
par de lunetas para que o leitor do livro penetre o que
for menos claro ou totalmente escuro.
213
Por outro lado, há proveito em irem as pessoas da
minha história colaborando nela, ajudando o autor,
por uma lei de solidariedade, espécie de troca de
serviços, entre o enxadrista e os seus trebelhos.
Se aceitas a comparação, distinguirás o rei e a dama,
o bispo e o cavalo, sem que o cavalo possa fazer de
torre, nem a torre de peão. Há ainda a diferença da
cor, branca e preta, mas esta não tira o poder da
marcha de cada peça, e afinal umas e outras podem
ganham a partida, e assim vai o mundo.
ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1964 (fragmento).
O fragmento do romance Esaú e Jacó mostra como o
narrador concebe a leitura de um texto literário. Com
base nesse trecho, tal leitura deve levar em conta
(A) o leitor como peça fundamental na construção
dos sentidos.
(B) a luneta como objeto que permite ler melhor.
(C) o autor como único criador de significados.
(D) o caráter de entretenimento da literatura.
(E) a solidariedadede outros autores
19 (ENEM)
CAPITULO LIV A PÊNDULA
Sai dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-
me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada.
Ouvi as horas todas da noite.Usualmente, quando eu
perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal;
esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia
dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de
vida. Imaginava entao um velho diabo, sentado entre
dois sacos, o da vida e o da morte, e a contá-los assim:
Outra de menos..
Outra de menos..
Outra de menos..
Outra de menos..
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-
lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca,
e eu pudesse contar todos os meus instantes
perdidos.Invenções há, que se transformam ou
acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é
definitivo e perpetuo. O derradeiro homem, ao
despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio
na algibeira, para saber a hora exata em que morre.
Naquela noite não padeci esse triste sensação de
enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias
tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre
outras, à semelhança de devotas que se abairoam
para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia
perdidos, mas os minutos ganhados.
ASSIS. M Memórias de Póstumas de Brás Cubas.
Rio de Janeiro: nova Aguilar 1992 (fragmento)
O capitulo apresenta o instante em que Brás Cubas
revive a sensação do beijo trocado com Virgilia,
casada com lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora
do relógio desconstrói certos paradigmas românticas,
porque
(A) O narrador e Virgilia não tem percepção do tem-
po em seus encontros adúlteros.
(B) Como "defunto autor, Brás Cubas reconhece a
inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tem-
po.
.
(C) Na contagem das horas, o narrador metaforiza
o desejo de triunfar e acumular riquezas.
(D) O relógio representa a materialização do tempo
e redireciona o comportamento idealista de Brás
Cubas
(E) O narrador compara a duração do sabor do bei-
jo à perpetuidade do relógio.
20 (ENEM)
O NASCIMENTO DA CRÔNICA
Há um meio certo de começar a crônica por uma
trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor!
Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como
um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca.
Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos,
fazemse algumas conjeturas acerca do sol e da lua,
outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a
Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a
crônica. Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho
ainda do que as crônicas, que apenas datam de
Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de
Abraão, Isaque e Jacó, antes mesmo de Noé, houve
calor e crônicas. No paraíso é provável, é certo que o
calor era mediano, e não é prova do contrário o fato
de Adão andar nu. Adão andava nu por duas razões,
uma capital e outra provincial. A primeira é que não
havia alfaiates, não havia sequer casimiras; a segunda
é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe.
Digo que esta razão é provincial, porque as nossas
províncias estão nas circunstâncias do primeiro
homem.
ASSIS, M. In: SANTOS, J .F. As cem melhores crônicas
brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007 (fragmento).
Um dos traços fundamentais da vasta obra literária de
Machado de Assis reside na preocupação com a
expressão e com a técnica de composição. Em O
nascimento da crônica, Machado permite ao leitor
entrever um escritor ciente das características da
crônica, como
(A) texto breve, diálogo com o leitor e registro pes-
soal de fatos do cotidiano.
(B) síntese de um assunto, linguagem denotativa,
exposição sucinta.
(C) linguagem literária, narrativa curta e conflitos in-
ternos.
(D) texto ficcional curto, linguagem subjetiva e cria-
ção de tensões.
(E) priorização da informação, linguagem impesso-
al e resumo de um fato.
01 Como poderíamos explicar o objetivismo e
materialismo da época realista?
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214
02 Em que se distingue o Realismo do Naturalismo?
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O ATENEU
(Raul Pompeia)
Abriram-se as aulas a 15 de fevereiro.
De manhã, à hora regulamentar, compareci. O diretor,
no escritório do estabelecimento, ocupava uma cadeira
rotativa junto à mesa de trabalho. Sobre a mesa, um grande
livro abria-se em colunas maciças de escrituração e linhas
encarnadas.
Aristarco, que consagrava as manhãs ao governo
financeiro do colégio, conferia os assentamentos do guarda
livros. De momento a momento entravam alunos. Alguns
acompanhados.
A cada entrada, o diretor fechava lentamente o livro,
marcando a página com um espadim de marfim; fazia girar
a cadeira e soltava interjeições de acolhimento, oferecendo
episcopalmente1 a mão peluda ao beijo contrito2 e filial dos
meninos. Os maiores, em regra, recusavam-se à cerimônia
e partiam com um simples aperto de mão.
O rapaz desaparecia, levando o sorriso pálido na face,
saudoso da vadiação ditosa das férias. O pai, o
correspondente, o portador, despedia-se, depois de banais
cumprimentos, ou palavras a respeito do estudante,
amenizadas pela bonomia3 superior de Aristarco, que punha
habilmente um sujeito fora de portas com o riso fanhoso e o
simples modo de segurar-lhe os dedos.
A cadeira girava de novo à posição primitiva, o livro
da escrituração mostrava outra vez as páginas enormes e
a figura paternal do educador desmanchava-se, voltando a
simplificar-se na esperteza atenta e seca do gerente.
A este vaivém de atitudes estava tão habituado o
nosso diretor que nenhum esforço lhe custava a manobra.
03 O que revelam os gestos de Aristarco?
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04 Explique o último parágrafo do texto.
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A HISTÓRIA do casamento de Maria Benedita é curta;
e, posto Sofia a ache vulgar, vale a pena dizê-la. Fique desde
já admitido que, se não fosse a epidemia das Alagoas, talvez
não chegasse a haver casamento; donde se conclui que as
catástrofes são úteis, e até necessárias. Sobejam exemplos;
mas basta um contozinho que ouvi em criança, e que aqui
lhes dou em duas linhas. Era uma vez uma choupana que
ardia na estrada; a dona, -um triste molambo de mulher,-
chorava o seu desastre, a poucos passos, sentada no chão.
Senão quando, indo a passar um homem ébrio, viu o
incêndio, viu a mulher, perguntou-lhe se a casa era dela.
- É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eu possuía
neste mundo.
- Dá-me então licença que acenda ali o meu charuto?
(QUICAS BORBA, Machado de Assis - fragmento)
06 "Talvez estes reparos sejam menos atendíveis, desde
que o nosso ponto de vista é diferente. O Sr. Eça de
Queirós não quer ser realista mitigado, mas intenso e
completo; e daí vem que o tom carregado das tintas,
que nos assusta, para ele é simplesmente o tom
próprio."
As palavras de Machado de Assis aludem ao Realismo
ou ao Naturalismo? Justifique.
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07 "... E a Bertoleza?
(...)
Diabo! E não poder arredar logo da vida aquele ponto
negro; apagá-lo rapidamente, como quem tira da pele
uma nódoa de lama! (...)ali estava como o documento
vivo das suas misérias, já passadas mas ainda
palpitantes. Bertoleza devia ser esmagada (...) Seria
um crime conservá-la a seu lado! Ela era o torpe
balcão da primitiva bodega; (...)devia, pois, extinguir-
se! Devia ceder o lugar à pálida mocinha de mãos
delicadas e cabelos perfumados, (...)
Das doutrinas surgidas no século XIX, qual delas
melhor se adaptaria ao fragmento citado? Justifique
apoiando-se no texto.
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05 "O bem não sobrevive sem o mal". Esta é a teoria
"Humanitas" do filósofo Quincas Borba.
Aplique esta teoria no fragmento textual acima.
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215
TEXTO I
Bertoleza, que havia já feito subir o jantar dos
caixeiros, estava de cócoras no chão, escamando
peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar
defronte dela aquele grupo sinistro.
Reconheceu logo o filho mais velho do seu
primitivo senhor, e um calefrio percorreu-lhe o corpo.
Num relance de grande perigo compreendeu a
situação: adivinhou tudo com a lucidez de quem se
vê perdido para sempre. Adivinhou que tinha sido
enganada; que a sua carta de alforria era uma
mentira, e que o seu amante, não tendo coragem
para matá-la, restituía-a ao cativeiro.
Seu primeiro impulso foi de fugir. Mal, porém,
circunvagou os olhos em torno de si, procurando
escapula, o senhor adiantou-se dela e segurou-lhe
o ombro.
- É esta! Disse aos soldados que, com um gesto,
intimaram a desgraçada a segui-los. -- Prendam-na!
É escrava minha !
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas
de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e
coma outra segurando a faca de cozinha, olhou
aterrada para eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava,
desembainharam os sabres. Bertoleza então,
erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de
um salto, e antes que alguém conseguisse alcançá-
la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre
de lado a lado.
E depois emborcou para a frente, rugindo e
esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.
João Romão fugira até o canto mais escuro do
armazém, tapando o rosto com as mãos.
Nesse momento parava à porta da rua uma
carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que
vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o
diploma de sócio benemérito.
Ele mandou que os conduzissem para a sala de
visitas.
 (AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço.
Cap.XXXIII, pp.164-5. Rio de Janeiro: Ediouro s.d..)
TEXTO II
RIOS SEM DISCURSO
Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.
08 O Texto I corresponde à cena em que a escrava fugida
Bertoleza comete suicídio, quando se depara com os
policiais que vêm capturá-la, após denúncia de seu
paradeiro feita por João Romão, o amante. Leia-o
atentamente e responda às questões propostas em
"a" e "b".
a) Explique uma característica do realismo-natu-
ralismo expressa no trecho compreendido en-
tre as linhas 13 e 16 . ("Os policiais...de san-
gue")
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b) Transcreva a passagem em que o leitor deduz
a ironia dos acontecimentos, provocada pelo
contraditório comportamento de João Romão.
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09 No Texto II, o poeta emprega várias palavras que
pertencem a dois contextos de significação: "rio" e
"discurso". A A partir das relações entre tais contextos,
construa uma interpretação para o poema.
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O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.
(MELO NETO, João Cabral de.
 In: A educação pela pedra.
Rio de Janeiro: José Olympio. 1979, p.26.)
05
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