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219 Duas das mais importantes nações da Europa atual, Itália e Alemanha atravessaram um processo histórico peculiar no que tange à formação de seus Estados nacionais. Chamadas "nações de unificação tardia", esses dois Estados só definiram fronteiras nacionais unificadas de fato na segunda metade do século XIX. Não obstante o fato de que essas fronteiras continuaram a sofrer transformações ao longo de todo o século XX, sobretudo no caso da Alemanha, que sentiria fortemente em suas fronteiras os efeitos de duas guerras mundiais e as influências da guerra fria. Essa demora em superar dificuldades internas e afastar a influência de potências estrangeiras sobre regiões que seriam vitais para a formação de um Estado nacional certamente trouxe dificuldades à Itália e à Alemanha. Isso porque essas regiões, enquanto não unificadas, tardaram a se lançar efetivamente na disputa por mercados coloniais, o que as deixava em desvantagem quando comparadas a outras potências imperialistas, como Inglaterra e França. Dessa forma, a unificação era, para essas duas nações, mais que a simples coroação de um projeto de nacionalismo e afirmação de uma identidade, era também um imperativo econômico. Cabe ainda ressaltar que a unificação alemã em especial, foi a grande responsável por romper o equilíbrio geopolítico na Europa, estabelecido desde 1815 pelo Congresso de Viena. Afinal de contas, o surgimento de um gigante como a Alemanha, com força militar e industrial, certamente redefiniria as relações entre os impérios europeus de então. A compreensão desses dois processos requer um entendimento mais amplo das realidades dessas regiões no período anterior às suas unificações, como veremos adiante. Expoentes das unificações de Alemanha e Itália, respectivamente O PROCESSO DE UNIFICAÇÃO ITALIANA A península itálica, antes da formação do estado nacional italiano, encontrava-se em uma situação delicada política e economicamente. O Congresso de Viena abrira o caminho paro o domínio austríaco sobre a maior parte da região norte da península, o que representava um sério obstáculo a qualquer projeto de unidade nacional. Além disso, a região se encontrava em um estágio econômico consideravelmente atrasado em relação ao restante da Europa, embora fosse a mais desenvolvida economicamente dentro da península itálica, uma vez que o sul era uma região essencialmente agrí- cola. Nessa região norte, o reino da Sardenha-Piemonte era certamente o mais influente, onde havia uma elite intelectual que pensava a unificação como condição fundamental para a busca do progresso econômico, contando com o apoio de uma burguesia ainda frágil, mas desejosa de expandir suas atividades. PARTE II: HISTÓRIA GERAL UNIDADE 01: AS UNIFICAÇÕES DE ITÁLIA E ALEMANHA Garibaldi Bismarck 220 A UNIFICAÇÃO ITALIANA Mapa da península itálica antes da unificação do Estado nacional italiano A região central do país era dividia em diversos esta- dos independentes, sendo grande parte dominada sob a influência direta do papado. Esses estados, como Roma, eram conhecidos como os estados pontifícios, e recebiam, em caso de guerra, proteção de grandes reinos católicos europeus, como a França. Ao sul, também fracionado em vários estados agrícolas e pouco desenvolvidos, destaca- va-se o reino das duas Sicílias. O desejo de unificação nacional ganhou força na se- gunda metade do século XIX, embora diversos projetos anteriores tivessem sido empreendidos, inclusive durante a primavera dos povos de 1848, mas sem grande sucesso. Além de serem pouco expressivos numericamente, esses movimentos não construíram uma unidade ideológica, va- riando da monarquia à república, apresentando ideais um pouco românticos e pouco pragmáticos quanto à constru- ção do Estado nacional. Salvo o discurso liberal e nacionalista de construção da unidade italiana, os muitos movimentos mais discordavam que convergiam quanto aos seus projetos. Por fim, a repressão austríaca a esses movi- mentos não encontrava maiores dificuldades diante das muitas divisões internas que os defensores da unificação apresentavam, além da sempre presente oposição da igre- ja, que via seu controle sobre os estados pontifícios ameaçado. Somente a partir da metade final do século, quando o rei Vitor Emanuel II, da dinastia de Savóia, assumiu o trono do reino Sardo-Piemontês, é que o projeto nacional se for- taleceu de fato. Camilo Benso, o conde de Cavour tornou-se ministro do novo rei e iniciou negociações com diversos estados em prol da integração italiana, além de trabalhar pela modernização econômica da Sardenha-Piemonte. No plano externo, Cavour costurou o apoio da França aos itali- anos na guerra contra os austríacos, condição fundamental para o projeto de unidade nacional. Em 1860, pela primeira vez, constituiu-se um reino da Itália, contando inclusive com um parlamento único. Camilo Benso, o conde de Cavour, foi um dos principais articuladores da Unificação italiana Ao sul da península, Giuseppe Garibaldi liderava uma série de lutas populares, com o apoio das massas campo- nesas empobrecidas pela formação de uma república popular. Garibaldi, no entanto, foi levado a perceber as mui- tas dificuldades políticas, militares e econômicas que teria para manter seu projeto popular, e acabou integrando o rei- no das duas Sicílias (que havia conquistado) ao Estado nacional italiano comandado por Vitor Emanuel II, em mais uma etapa fundamental para a unificação de toda a penín- sula. Por fim, a região dos estados pontifícios, em espacial a cidade de Roma, permanecia sob proteção francesa, o que impedia a conclusão do processo de unificação de toda a península. O imperador Francês Napoleão III, diretamente envolvido nos processos de unificação da Itália e da Alemanha. Porém, como veremos a diante, o imperador francês Napoleão III precisou deslocar seu efetivo militar em Roma para lutar as guerras franco-prussianas (parte do processo de unificação alemã), deixando Roma desprotegida. O rei italiano aproveita-se da situação e ocupa Roma, convocan- do um plebiscito para obter o apoio da população à anexação do território, concluindo a unificação italiana em 1871. Essa anexação de Roma gerou um atrito entre o nas- cente estado italiano e a igreja católica, uma vez que o papa Pio IX não reconheceu a unificação. 221 Essa tensão só seria definitivamente resolvida em 1929, quando a Santa Sé e a Itália, então governada por Mussolini, acertariam suas diferenças no Tratado de Latrão, que afirmou a soberania da igreja católica sobre o Vaticano, oficializou o papel da igreja católica dentro do Estado italiano e acertou os valores da indenização reclamada pela igreja, a respeito de suas perdas territoriais. Como veremos mais adiante, esse gesto de Mussolini lhe renderia grande popularidade em uma Itália de população majoritariamente católica. O PROCESSO DE UNIFICAÇÃO ALEMÃ Para compreendermos o processo de unificação do Estado alemão é preciso voltar ao Congresso de Viena, que encerrou de vez o período napoleônico em 1815. Segundo as determinações desse congresso, a Confederação do Reno, constituída então por dezesseis estados germânicos foi extinta, redefinindo a geopolítica na região. Foi então estabelecida a Confederação Germânica, contando com 38 Estados com considerável autonomia. Partes dos territórios do Império Austríaco e do Reino da Prússia (dois dos grandes vencedores de Napoleão Bonaparte) foram incluídos na confederação, fazendo destes os dois mais fortes membros na confederação, que disputavam a hegemonia sobre os demais estados. Primeiro rei da Itália, Vitor Emanuel II Mapa das regiões incorporadas durante o processo de unificação alemã UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA A Prússia possuía claramente a intenção de integração dos estados da confederação, pois era um Estado em crescente industrialização e que ambicionava o fim das tarifas alfandegárias impostas pelos estados-membros, como forma de facilitar a circulação de matérias-primas e acesso ao poderoso mercado interno da região. Impulsionada por esse desejo,a Prússia conduziu em 1834 a criação de uma união alfandegária entre os Estados Germânicos, chamada Zollverein, criando uma grande liga aduaneira que não tardou a desenvolver uma infra-estrutura que possibilitasse essa efetiva união, encurtando distâncias e facilitando a circulação de recursos (principalmente o carvão e o ferro) e produtos. É importante observar que, apesar de insistentes tentativas de fazer parte do Zollverein, a Áustria foi vetada pela Prússia e não se tornou membro da liga. 222 Essa primeira etapa de integração, de motivações cla- ramente econômicas, acabou favorecendo uma integração política dentre os membros da confederação, gerando in- clusive um fortalecimento da identidade cultural. No entanto, ainda persistiam algumas divergências políticas que trava- vam o projeto de unidade. Um novo impulso nesse projeto de unificação seria dado a partir de 1861, quando assumiu o trono prussiano o Kaiser Guilherme I, que nomeou como ministro Otto Von Bismarck, defensor ferrenho de uma unificação alemã que não incluísse a Áustria. Bismarck era um representante dos Junkers, uma espécie de aristocracia rural alemã, com es- treitas ligações na oficialidade militar, grupo que, ao lado de uma poderosa burguesia industrial, defendia claramen- te a construção de um Estado nacional alemão centralizador, que combatesse os grupos internos de caráter liberal e desenvolvesse o poder militar alemão que, amparado por uma forte indústria bélica, asseguraria o controle sobre as regiões necessárias à unidade nacional. Otto Von Bismarck, o chanceler da unificação alemã A partir de Bismarck, a política de unificação centralizadora e pela via militar ganhou força. Inicialmente, Bismarck convenceu os austríacos a participarem de uma guerra contra os dinamarqueses, pela disputa dos ducados de Schleswig e Holstein, concebendo uma espécie de na- cionalismo germânico. Isto porque os ducados, controlados pela Dinamarca, possuíam população de maioria germânica. A proposta inicial de Bismarck defendia que Schleswig fica- ria sobre controle prussiano e o ducado de Holstein seria governado pelos austríacos. Porém, após a fácil vitória so- bre os dinamarqueses, Bismarck claramente buscou afirmar a influência prussiana sobre os dois ducados conquista- dos, levando a Áustria a declarar guerra contra a Prússia. A força militar prussiana já havia sido demonstrada desde as guerras napoleônicas e estava ainda mais consolidada pelo desenvolvimento da indústria bélica, incentivada por Bismarck. Assim, a vitória do exército prussiano sobre os austríacos também não tardou, praticamente consolidando o Estado alemão unificado. Restava apenas um último passo para a unificação plena. A região da Alsácia-Lorena, disputada historicamen- te por franceses e alemães, rica em minério de ferro e carvão, foi incorporada após a vitória militar alemã em 1871. A derrota, no entanto, não seria facilmente esquecida pela França, fomentando uma rivalidade nacionalista conhecida como “revanchismo francês”, que traria consequências de- sastrosas para a Europa, sobretudo ao final da primeira guerra mundial. Ali, a França estaria do lado vencedor e iria impor pesadas penalidades aos alemães, através do Trata- do de Versalhes, que estudaremos mais à frente. 01 (UFRGS) A Unificação Alemã, habilmente arquiteta- da por Otto Von Bismarck, realizou-se em torno de guerras bem-sucedidas contra potências vizinhas. Assinale a alternativa correta em relação às motiva- ções e aos acontecimentos que desencadearam esse processo de unificação. ( ) A fragmentação política obstaculizava o pleno desenvolvimento comercial e industrial da re- gião. A unificação promoveria um mercado ágil e ampliado, com condições de enfrentar a con- corrência inglesa através da proteção governa- mental. ( ) A unificação foi liderada pela Áustria, o mais po- deroso dos Estados germânicos e sucessora do extinto Sacro-Império, capaz de eliminar as pre- tensões da Prússia. Aliado da França, o país austríaco contou com o seu apoio para vencer as resistências germânicas do sul. ( ) A constituição, redigida por Bismarck, inaugu- rou uma era democrática nos estados alemães, sob influência dos ideais da Revolução France- sa, baseados na soberania e na participação po- pular. ( ) As decisões do Congresso de Viena, ao reco- nhecerem o direito de independência da Alema- nha, foram fundamentais para a consolidação da unificação, pois inibiram as pretensões itali- anas aos territórios do sul da Alemanha. ( ) O processo de unificação alemã contou com o apoio da França, que, acossada pela suprema- cia britânica, via no novo Estado um importante aliado na corrida imperialista. 02 (UEPG) Na Europa, na primeira metade do século XIX, surgiram ideias nacionalistas, como afirmação dos princípios liberais aplicados à nação, entendida como um conjunto de indivíduos dotados de liberda- des naturais e unidos por interesses e idioma comuns, constituindo uma "individualidade política" com direi- to a autodeterminação. Na segunda metade desse século, o panorama político europeu caracterizou-se pela política das nacionalidades, e nesse contexto ocorreram as unificações da Itália e da Alemanha. Sobre a unificação da ltália, assinale o que for correto 01) A ideia de unificação partiu das zonas de cres- cente desenvolvimento industrial, correspondendo basicamente aos interesses de setores da burguesia, desejosos de constituir um amplo mercado nacional para seus produ- tos. 02) O processo de unificação se desenvolveu no sentido norte/sul, a partir do Reino do Piemonte- Sardenha. 04) O movimento nacionalista de Mazzini foi derro- tado em 1830, mas recuperou força em 1849, com a fundação da República Romana. 223 08) O caráter popular e a radicalização dos movi- mentos de unificação nos anos de 1848 e 1849 levaram a burguesia a retirar o seu apoio, o que favoreceu a contrarrevolução. 16) Concluído o processo de unificação, dois im- portantes problemas permaneceram: a Ques- tão Romana - recusa de Pio IX e seus suces- sores em aceitar a perda de seus territórios - e a existência de minorias italianas fora do territó- rio unificado. 03 (UFU) "Alexandre, Bispo, Servo dos Servos de Deus, ao Caríssimo filho em Cristo, Afonso, Ilustre Rei dos Portugueses, e a seus herdeiros, 'in perpetuum'. Está claramente demonstrado que, como bom filho e prín- cipe católico, prestaste inumeráveis serviços a tua mãe, a Santa Igreja, (...) Por isso, nós, atendemos às qualidades de prudência, justiça e idoneidade de go- verno que ilustram a tua pessoa, tomamo-la sob a proteção de São Pedro e nossa, e concedemos e con- firmamos por autoridade apostólica ao teu excelso domínio o reino de Portugal (...)" Disponível em: <http://ensina.rtp.pt/artigo/a-bula- manifestis-probatum-o-documento-fundador-do-reino/>. Acesso em 06 de mar. 2018. Em 23 de maio de 1179, o Papa Alexandre III emitiu uma bula, declarando D. Afonso Henriques soberano de Portugal. Esse trecho do documento é testemu- nho do surgimento precoce da primeira nação europeia. A aliança entre a nobreza e a burguesia (abençoada pela Igreja) enfraqueceu os senhores feu- dais, dando início ao aparecimento dos Estados Nacionais. Esse processo se arrastaria até o século XIX quando surgiu a última nação por meio da unifi- cação de reinos. De acordo com as informações dadas, a nação referi- da no trecho em destaque é (A) Alemanha. (B) Itália. (C) França. (D) Inglaterra. PARA RESPONDER À QUESTÃO, CONSIDERE O TEX- TO ABAIXO. O que singulariza o pessimismo de Machado de As- sis é a sua posição antagônica em relação ao evolucionismo oitocentista, ao culto do progresso e da ciência. Frente às ingenuidades do cientificismo, o sarcasmo de Brás Cubas reabre a interrogação metafísica, a perplexidade radical ante a variedade do ser humano. Um artista como Machado le- vou mais a sério do que os arautos do evolucionismo cientificista o golpe que Darwin tinha desfechado contra as ilusões antropocêntricas da humanidade. MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a Euclides. Riode Janeiro: José Olympio, 1977, p. 171-172. 04 (PUCCAMP) O culto do progresso e da ciência, bem como o nacionalismo compuseram a mentalidade de parte das elites europeias do século XIX, período em que diversas burguesias atuaram em prol da unifica- ção nacional, em seus países. Nesse contexto, Itália e Alemanha, em comparação com outras nações europeias, (A) tardaram a se unificar, pois abrigavam diferen- tes povos e dialetos, além de sofrerem oposi- ção do Império Austríaco a essa unificações. (B) tiveram processos pioneiros de unificação, uma vez que o interesse na unificação da moeda e no estabelecimento de barreiras alfandegárias visando o progresso econômico prevaleceu so- bre as diferenças internas existentes. (C) enfrentaram poucos obstáculos em seu proces- so de unificação, por contarem com a pronta ade- são de nobres que controlavam pequenos rei- nos autônomos, a quem não interessava a per- da do poder local. (D) contaram com o apoio do Vaticano para se tor- narem Estados-nações, pois a Igreja Católica optou por apoiar as burguesias em ascensão e, dessa forma, continuar influente nesses países. (E) conquistaram sua condição de Estado-nação após séculos de guerras internas sangrentas, uma vez que autoridades monárquicas mobili- zaram grandes exércitos populares para se opo- rem às burguesias. PARA RESPONDER À QUESTÃO A SEGUIR, CONSIDE- RE O TEXTO ABAIXO. (...) o romantismo no Brasil não foi apenas um projeto estético, mas também um movimento cultural e político, pro- fundamente ligado ao nacionalismo. Diferente do movimento alemão de finais do século XIX, tão bem descrito por Norbert Elias, o nacionalismo brasileiro, pintado com as cores do lugar, partiu sobretudo das elites cariocas, que, associadas à monarquia, esforçavam-se em chegar a uma emancipa- ção em termos culturais. Os temas eram nacionais, mas a cultura, em vez de popular, era cada vez mais palaciana (...). Atacados de frente por um historiador como Varhagen, que os chamava de "patriotas caboclos", os indianistas bra- sileiros ganharam, porém, popularidade e tiveram sucesso nesse contexto na imposição da representação romântica do indígena como símbolo nacional. SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador. D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 139-140. 05 (PUCCAMP) No final do XIX, as regiões de popula- ção germânica (que posteriormente integrariam a Alemanha) assaram por um processo de formação de um Estado nacional. Esse processo foi caracteri- zado (A) pela ratificação, por meio de um amplo plebisci- to, da decisão de que a língua e a cultura alemã fossem consideradas "nacionais" em todas as regiões habitadas por povos da raça ariana. (B) pela adesão das elites burguesas vinculadas a diferentes estados ao movimento cultural do ro- mantismo, que se impôs com forte carga nacio- nalista e como forma de a jovem burguesia de Viena se contrapor às velhas aristocracias ale- mãs. 224 (C) por violentas guerras travadas entre o exército da Prússia, liderado por Bismarck, contra a Fran- ça e a Áustria para consolidar um Império Ale- mão sob o comando de Guilherme I. (D) pelo apoio dos Habsburgos à formação de um império vizinho que irmanasse as duas princi- pais regiões de língua alemã (Alemanha e Áus- tria) a fim de consolidar uma aliança política entre Estados distintos, porém ancorada na identida- de comum possibilitada pela cultura germânica. (E) pelo impacto positivo da reformulação de leis alfandegárias que contribuíram para criar um próspero "mercado comum alemão", favorecen- do o desenvolvimento da região e estimulando o nacionalismo popular que resultaria em movi- mentos revolucionários camponeses pró-unifi- cação. 06 (UFPR) A unificação alemã foi articulada pelo reino da: (A) Prússia, após a derrota da Comuna de Paris na Guerra Franco-Prussiana, apoiado em uma ali- ança com a aristocracia austríaca e a burgue- sia prussiana. (B) Áustria, devido à sua superioridade industrial e militar dentro da Confederação Germânica, apoi- ado em uma aliança com a aristocracia prussiana. (C) Áustria, como resposta à ameaça prussiana de unificação após a instituição do Zollverein na Confederação Germânica, apoiado em uma ali- ança com a aristocracia austríaca. (D) Prússia, devido ao seu poderio militar e força econômica dentro da Confederação Germânica, apoiado em uma aliança entre a aristocracia e a alta burguesia. (E) Prússia, devido à mobilização nacionalista da Confederação Germânica durante a Guerra Franco-Prussiana, apoiado em uma aliança com a grande burguesia austríaca. 07 (FGV) A unidade italiana - o processo de constituição de um Estado único para o país - conserva o sistema oligárquico (...) Isto não impede a formação do Esta- do, mas retarda a eclosão do fenômeno nacional. (Leon Pomer, O surgimento das nações, 1985, p. 40-42) Fizemos a Itália; agora, precisamos fazer os italianos. (Massimo d'Azeglio apud E. J. Hobsbawm, A era do capital, 1977, p. 108) A partir dos textos, é correto afirmar que (A) apesar de ter nascido antes da nação, o Estado italiano, unificado em 1871, representou os in- teresses dos não proprietários, o que implicou a defesa de mudanças revolucionárias, que tor- naram o Estado não autoritário e permitiram a emergência do sentimento nacional, já fortifica- do pelas guerras de unificação. (B) o Estado italiano, nascido em 1848, na luta da alta burguesia do norte pelo poder, representa- va os interesses liberais, isto é, a unidade do país como um alargamento do Estado piemontês, na defesa da pequena propriedade e do voto universal, condições para a consoli- dação do sentimento nacional que cria os italia- nos. (C) em 1848, a criação do Estado italiano, pela bur- guesia do Reino das Duas Sicílias, foi uma vitó- ria do liberalismo, pois a estrutura fundiária, baseada na grande propriedade, e a exclusão política dos não proprietários permaneceram, encorajando os valores nacionais, condição para diminuir as diferenças regionais. (D) em 1871, o processo de unificação e o senti- mento nacional estavam intimamente ligados, na medida em que a classe proprietária do cen- tro da península, vitoriosa na guerra contra a Áustria, absorveu os valores populares nacio- nais, o que legitimou a formação do Estado au- toritário, defensor das desigualdades regionais. (E) o Estado italiano nasceu antes da nação, em 1871, como uma construção artificial, frágil e au- toritária da alta burguesia do norte, cujos inte- resses de dominação excluíram as mudanças revolucionárias e atrasaram a emergência do sentimento nacional, ainda estranho para a gran- de maioria das diferentes regiões da península. 08 (UPE) Não causa admiração o fato de os historiado- res falarem de uma "Europa Bismarckiana". Em todos os Estados Europeus, a questão das relações com o Império alemão está no centro das preocupações dos homens de governo: é para Bismarck que todos olham. (DUROSELLE, Jean Baptiste. A Europa de 1815 aos nossos dias. São Paulo: Pioneira, 1970, p. 37.) Dentre as principais características políticas do go- verno desse influente líder alemão, a que mais se destacou foi a (A) desestruturação da ideia de império, construin- do a primeira República alemã, com sede na cidade de Weimar. (B) construção de ampla política diplomática, que proporcionou uma ausência de guerra europeia entre as potências no intervalo de 1871 a 1914. (C) diminuição dos domínios territoriais devolvendo à França as regiões da Alsácia-Lorena no intui- to de desfazer um possível foco de conflito. (D) implementação da estabilidade pela paz e não pela força, reduzindo o efetivo do exército ale- mão e evitando uma corrida de armamentos. (E) organização do Congresso de Berlim que des- fez as hostilidades entre as potências europeias, colocando um fim nas antigas rivalidades entre essas nações. 225 01 (UFPR) No Brasil, desde 2011, tem havido diversas comemorações dos 150 anos da Unificação Italiana, relembrando os fortes laços culturais entre os dois países. Sobre a relação entre a UnificaçãoItaliana e a imigração de italianos para as Américas, é correto afirmar: (A) A Unificação Italiana foi o resultado de uma sé- rie de revoltas populares, que culminaram em 1861 com a formação de uma república socia- lista sob a direção de Giuseppe Mazzini. A bur- guesia, que não concordava com o novo regi- me, emigrou para as Américas, levando capital suficiente para iniciar a industrialização em paí- ses como a Argentina, o Brasil e os Estados Unidos. (B) O processo da Unificação Italiana contou com a intensa participação do Império brasileiro, pois D. Pedro II almejava estabelecer relações co- merciais com os italianos. É notória a participa- ção de Giuseppe Garibaldi na política brasileira do período imperial. Após a unificação, contu- do, nem o Brasil nem os demais países aliados conseguiram levantar a Itália de uma profunda crise econômica, o que levou a uma grande leva emigratória para as Américas de 1880 a 1930. (C) A Unificação Italiana foi um processo iniciado no início do século XIX, que se concluiu em 1861, com uma monarquia constitucionalista, sob o comando de uma aliança entre burgueses e la- tifundiários, que afastou os setores populares do poder. Muitos italianos camponeses e traba- lhadores saíram empobrecidos após a unifica- ção, o que estimulou uma intensa emigração para as Américas entre 1880 e 1930, engros- sando fileiras de trabalhadores agrícolas e ope- rários. (D) A Unificação Italiana durou de 1861 a 1870, agre- gando estados independentes sob a direção do reino de Piemonte-Sardenha. Porém, sua con- clusão só foi possível após a Unificação Alemã, que marcou o fim da ingerência de Otto Von Bismark na política europeia. Após esse proces- so, o monarca instituído perseguiu duramente seus inimigos políticos, que emigraram para as Américas. (E) A emigração italiana para as Américas teve iní- cio por conta de uma série de dificuldades fi- nanceiras causadas por problemas climáticos, que, por volta de 1850, prejudicaram as colhei- tas. O volume de emigrantes intensificou-se após a Unificação em 1861, em decorrência do fato de que o governo anarquista instituído fracas- sou na tentativa de reerguer o país. 02 (ESPM) As imagens a seguir mostram dois impor- tantes personagens da história europeia do século XIX, figuras que expressaram com sua liderança o sentimento nacionalista: (A) a figura I é de Bismarck, ministro prussiano e articulador do processo de unificação da Ale- manha – a figura II é de Vitor Emanuel, rei do Piemonte-Sardenha e primeiro rei da Itália unificada; (B) a figura I é de Guilherme I, declarado kaiser do II Reich alemão em 1871 – a figura II é de Vitor Emanuel, rei do Piemonte-Sardenha e primeiro rei da Itália unificada; (C) a figura I é de Von Moltke, o comandante prussiano responsável pela unificação alemã – a figura II é de Giuseppe Garibaldi, líder dos camisas vermelhas, forças populares republica- nas, que combateram pela unificação da Itália; (D) a figura I é de Bismarck, representante da aris- tocracia prussiana e artífice da unidade alemã – a figura II é Giuseppe Garibaldi, herói da unifi- cação italiana e líder dos camisas vermelhas; (E) a figura I é do kaiser Guilherme I, fundador do II Reich alemão – a figura II é de Camilo Cavour, ministro do reino do Piemonte-Sardenha e artí- fice da unificação italiana. 03 (UEG) O ano de 1870 foi marcado, na Europa, pelo início da guerra franco-prussiana e, na América do Sul, pelo fim da Guerra do Paraguai. Essas duas guer- ras influenciaram politicamente a (A) a queda do chanceler alemão Otto von Bismark e a questão religiosa no Brasil. (B) a implantação do II Império Francês e a eman- cipação dos escravos no Brasil. (C) o advento da Comuna de Paris e a criação da Guarda Nacional no Brasil. (D) unificação alemã e a Proclamação da Repúbli- ca brasileira. 04 (UFV) A expressão Risorgimento designa o conjunto de movimentos heterogêneos que desejaram a unifi- cação da Itália no século XIX. A vertente vitoriosa que promoveu a unificação da Itália foi: (A) o projeto republicano de Giuseppe Mazzini, que criou o movimento Jovem Itália. (B) o movimento popular e secreto dos Carbonários, que defendeu a instituição de um Estado unitá- rio e laico, contra a influência da Igreja e do Im- pério Austríaco. (C) o Papado, que defendeu a instituição de uma monarquia teocrática com sede no Vaticano. (D) o movimento liderado pelo reino do Piemonte- Sardenha, que adotou uma monarquia consti- tucional laica e favoreceu a industrialização. 226 05 (UECE) O Movimento das Nacionalidades traz em si a concepção de Nacionalismo e reafirma os princípi- os liberais aplicados à ideia de Nação. Ao ressaltar elos étnicos, linguísticos e culturais, criam o arcabouço ideológico de algumas unificações europeias. Dos países unificados, no século XIX, destacam-se (A) a Itália e a Alemanha. (B) a Rússia e a Inglaterra. (C) a Áustria e a França. (D) a Prússia e a Suíça. 06 (G1-UFTPR) A Itália foi uma nação que se unificou tardiamente, na segunda metade do século XIX. Le- vando em conta os fatores históricos desse processo, é INCORRETO afirmar que: (A) as determinações do Congresso de Viena (1814 - 1815) assinalaram a divisão da Itália em sete Estados submetidos parcialmente à ocupação austríaca. (B) o norte da Península Itálica era industrializado, com investimentos nos setores mecânicos e fer- roviários, na instalação de companhias de cré- ditos e no estabelecimento de bancos e redes comerciais. (C) após a unificação, a burguesia do sul da Penín- sula Itálica promoveu um desenvolvimento ca- pitalista a partir de um intenso surto de industri- alização. (D) interessava à burguesia do norte da Península Itálica superar todos os obstáculos que emperravam o crescimento capitalista. A Penín- sula Itálica, dividida em vários reinos, apresen- tava diversas leis e impostos que retardavam a livre circulação das mercadorias. (E) no norte da Península Itálica se evidenciou a formação de uma burguesia industrial interes- sada em fortalecer os empreendimentos capita- listas, combatendo o domínio das forças con- servadoras. 07 (FGV) Até hoje se sonha com uma sociedade perfei- ta, justa e harmoniosa - utópica. No século XIX, o Romantismo produziu muitas utopias, que influencia- ram duas correntes ideológicas diferentes: o socialismo e o nacionalismo. A partir de 1848, tais ideias passaram para o campo concreto das lutas sociais na Europa. Já nas novas áreas de domínio colonial, o nascente nacionalismo assumiu o caráter de luta contra a exploração e a presença estrangeira. Respectivamente, os movimentos que exemplificam o socialismo, o nacionalismo na Europa e o naciona- lismo contra o domínio europeu são (A) a Comuna de Paris, a unificação da Alemanha e a Revolta dos Boxers. (B) o ludismo, a independência da Grécia e a Guer- ra dos Cipaios. (C) a Internacional Socialista, a Revolução do Por- to e a Guerra do Ópio. (D) a Revolução Praieira, a independência da Bél- gica e a Guerra dos Bôeres. (E) o Cartismo, a unificação da Itália e a Revolução Meiji. 08 (UFRGS) Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que está correta em relação ao processo de unificação italiana, concluída na segunda metade do século XIX. (A) O Congresso de Viena concluiu o processo de integração nacional italiano na medida em que este veio ao encontro dos interesses das elites locais. (B) O processo de unificação nacional resultou das fortes pressões da burguesia do sul do país, cuja economia demandava um mercado interno ho- mogêneo, dinâmico e integrado para a coloca- ção da sua moderna produção industrial. (C) A construção do Estado Nacional implicou en- frentar e expulsar as tropas de ocupação per- tencentes aos impérios britânico, russo e espa- nhol, estabelecidas na Península Itálica desde os acontecimentos de 1848. (D) O movimento de unificação partiu das áreas mais industrializadas, teve forte presença de uma burguesia interessada na ampliação do merca- do interno e foi sustentado pela ideologia do nacionalismo. (E) A consolidação daformação do Estado nacio- nal italiano ocorreu com a anuência do papa Pio IX e o reconhecimento, pelo primeiro-ministro Cavour, da existência e da soberania do Estado do Vaticano, após as negociações da Questão Romana. O Leopardo, de Tomasi di Lampedusa, publicado postuma- mente e popularizado pelo cineasta italiano Luchino Visconti, nar- ra a decadência da nobreza e a ascensão de uma nova classe na Itália do final do sécu- lo XIX, endinheirada, destituída de sangue azul, mas ávida para comprá-lo. A astúcia do aristocrata Tancredi o levou a perceber a necessidade de sobrevivência numa nova realidade. Em uma de suas falas, ele diz: "Se nós não estivermos presentes [na unificação], eles aprontam a República. Se queremos que tudo conti- nue como está, é preciso que tudo mude. Fui claro?". Adaptado de revistabula.com. 01 (UERJ) A frase do personagem Tancredi no filme O Leopardo sintetiza a postura da nobreza italiana em meio ao processo de unificação nacional na década de 1860. Apresente uma característica da unificação italiana que justifique a frase do personagem. Aponte, ainda, um efeito socioeconômico dessa unificação para o continente americano. 227 02 (UFJF-PISM) Analise as seguintes figuras e leia o texto abaixo. Suponha-se que um dia, após uma guerra nuclear, um historiador intergaláctico pouse em um planeta en- tão morto para inquirir sobre as causas da pequena e remota catástrofe pelos sensores de sua galáxia. (...) Após alguns estudos, nosso observador conclui que os últimos dois séculos da história humana do plane- ta Terra são incompreensíveis sem o entendimento do termo 'nação' e do vocábulo que dele deriva. HOBSBAWM, Eric. Nações e nacionalismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990. p. 11. a) Uma importante medida econômica que contri- buiu para a unificação da Alemanha. b) A importância do poderio militar nesse contexto de unificação dos Estados Alemães. A partir da análise desse cartaz e considerando ou- tros conhecimentos sobre o assunto, a) Descreva o contexto histórico que motivou a re- volta que deu origem à Comuna de Paris, em 1871. b) Cite duas medidas adotadas pelo governo cons- tituído pela Comuna de Paris. c) Explique como cada um dos dois elementos re- presentados no cartaz - a mulher e os dois ho- mens - se relaciona com o contexto da Comuna de Paris. 04 (UERJ) A União Europeia dá continuidade ao seu processo de ampliação. Com o ingresso da Bulgária e Romênia em 2007, o bloco passa a contar com 27 países-membros. (www.dw-world.de) Vem de longe o esforço europeu para desenvolver estratégias que garantam a paz e o equilíbrio entre as nações que formam o continente. No século XIX, por exemplo, a tentativa realizada pelas nações partici- pantes do Congresso de Viena (1814-1815) foi rompida com a unificação alemã, fruto da política empreendida por Bismarck. Apresente dois objetivos do Congresso de Viena e um efeito da unificação alemã sobre as relações polí- ticas europeias estabelecidas na época. 05 (UFPR) O texto a seguir narra o episódio da procla- mação da Comuna de Paris em 1871. "Faz-se silêncio, as pessoas escutam. Os membros do Comitê Central e da Comuna, com o lenço verme- lho a tiracolo, acabam de subir ao palanque. Ranvier: 'O Comitê Central entrega seus poderes à Comuna. Cidadãos, meu coração está tão transbordante de ale- gria, que não posso pronunciar um discurso. Permiti-me apenas glorificar o povo de Paris pelo gran- de exemplo que acaba de dar ao mundo'. [...] Os tambores rufam. Os músicos, duzentas mil vozes, re- começam a entoar a Marselhesa, não querem mais discursos. Em uma oportunidade, Ranvier mal con- segue bradar: 'Em nome do povo, é proclamada a Comuna!'" (LISSAGARAY, Prosper-Olivier. "A História da Comuna de 1871". São Paulo: Editora Ensaio, 1991, p. 118.) a) Analise o contexto histórico que permitiu a pro- clamação da Comuna na França de 1871. b) Discuta o desfecho da experiência revolucioná- ria de governo dos partidários da Comuna. 03 (UFMG) Observe este cartaz comemorativo da Comuna de Paris: ............................................................................................. ............................................................................................. ............................................................................................. 228 PARTE II: HISTÓRIA GERAL UNIDADE 02: O IMPERIALISMO E O NEOCOLONIALISMO A colonização é uma prática antiga e recorrente na história das grandes potências. Sobretudo na história da Europa e nas suas relações com o restante do mundo. Conceitualmente, a colonização pode ser entendida como a transposição de pessoas e estruturas de uma área cen- tral para uma área a ser dominada, com o objetivo de transformar as características internas da área colonizada para que ela passe a se reorganizar em função de atender aos interesses do conquistador dominante. Em diversos momentos da história européia, a exportação do modo de vida e de um modelo econômico europeu para áreas colo- nizadas, foi à solução encontrada pelas potências de diferentes épocas para graves crises internas ou períodos de estagnação econômica. Assim foi, por exemplo, com a expansão marítima dos séculos XV e XVI que levou à for- mação dos grandes impérios ibéricos de então. Todavia, é preciso compreender que as diferentes épocas produziram, e produzem, diferentes tipos de colonialismo. Muito se discute na atualidade sobre a exis- tência de um "colonialismo sedutor", que dispensa o uso direto da via militar para empreender práticas tipicamente colonizadoras pelo mundo, simplesmente pelo uso de di- versas estratégias sutis que buscam eleger um modelo particular como sendo universal, apresentando-o como avançado e superior, levando os próprios povos coloniza- dos a desejarem a colonização. No século XIX em especial, podemos observar alguns modelos de colonialismo pelo mundo. Como as práticas dos Estados Unidos sobre boa parte do continente americano e, mais marcadamente, a investida das potências européi- as sobre a África e a Ásia. Esta última sendo claramente influenciada pelos discursos de determinadas ciências típi- cas do século XIX que afirmavam a superioridade moral, intelectual e material do homem branco, estabelecendo uma visão etnocêntrica sobre o modelo de civilização européia como o único modelo efetivamente “civilizado” e despre- zando outras culturas como inferiores e primitivas. Esse estigma preconceituoso se impôs principalmente sobre povos africanos e asiáticos, que passaram a ser vistos como incapazes de desenvolver espontaneamente a civilização e o progresso (nos moldes europeus), sendo portanto ne- cessária a orientação de povos superiores na busca por esse modelo mais adequado. Charge ironizando a presença dos EUA na América latina Essa concepção encontrava amparo em diversas pu- blicações “científicas” europeias do século XIX (notavelmente a antropologia racial), levando a concepções como o “Darwinismo Social” e a “Missão Civilizatória”, se- gundo a qual existiria um “fardo” que o homem branco deveria carregar, ou seja, a “dura e generosa” tarefa de “ci- vilizar” os povos atrasados. É evidente que esses discursos de superioridade genética e cultural do homem branco eram apenas mecanismos que escamoteavam a real intenção econômica de dominação dessas regiões por parte das potencias industriais europeias, que necessitavam de cres- centes mercados consumidores e áreas fornecedoras de matéria-prima, em um modelo que ficou conhecido como o neocolonialismo ou simplesmente o imperialismo europeu. Em outras palavras, a velha Europa apenas travestia seu novo colonialismo com um discurso moralmente mais “acei- tável”. É importante frisar ainda que, além de fornecerem matérias-primas para a indústria europeia e servirem de mercados para sua crescente produção, essas áreas tam- bém recebiam dois tipos de “excedentes” europeus: por um lado, o avanço do processo industrial na Europa gerava uma massa de explorados e desempregados, potencialmen- te revolucionários, que ameaçavama ordem burguesa européia. Como escreveu um dos grandes nomes do impe- rialismo europeu do século XIX, Cecil Rhodes, essa massa constituía-se em uma “bomba relógio”, e para salvar as nações européias de uma “sangrenta e mortífera guerra civil”, seria necessário estimular a ida desses trabalhado- res empobrecidos para as áreas coloniais, onde organizariam as plantações e o controle político sobre os povos nativos. Além disso, as áreas coloniais poderiam re- ceber os excedentes de capitais europeus, que seriam empregados na modernização das vias de circulação para facilitar a integração e o escoamento das matérias-primas e produtos europeus, mais uma vez maquiados pelo dis- curso enganoso de levar o progresso aos povos atrasados. Governos locais, direta ou indiretamente subordinados aos interesses metropolitanos, endividavam seus países com- prando ferrovias ou modernizando portos que em nada atendiam aos interesses das populações locais, uma vez que serviam apenas para escoar o grande fluxo de recur- sos naturais a serem enviados para a Europa, e receber dela os produtos industrializados. Também cabe ressaltar que o discurso civilizatório incutiu nos povos dominados novos padrões de consumo, uma vez que os hábitos e vestimentas tipicamente européias eram associados à modernidade. Imagem que apresenta o homem branco como “condutor” dos povos africanos. 229 A CORRIDA IMPERIALISTA NA ÁFRICA A cobiça por essas áreas coloniais acirrava a disputa entre as potencias européias, sobretudo as grandes potências industriais ou em franco processo de industrialização. Essas disputas ficaram conhecidas como a corrida imperialista, e acirrou rivalidades econômicas, diplomáticas e nacionalistas entre os países europeus, criando um clima de grandes tensões e rivalidades que levou à crescente formação de alianças e a imensos investimentos na indústria bélica, num período que hoje denominamos “Paz Armada”. Cabe aqui ressaltar o tamanho da expansão imperialista inglesa, uma vez que o império britânico chegou a dominar ¼ do planeta, em áreas que iam do ocidente ao oriente, reeditando a expressão do antigo império Filipino Espanhol, onde “O sol nunca se punha”. Charge demonstrando o alcance do imperialismo inglês O ponto alto dessa corrida imperialista se deu entre os anos de 1884/1885, quando se realizou a Conferência de Berlim. Essa conferência coroou toda uma política de conquistas européias no continente africano, propondo uma reunião entre as principais potências européias de então, além de Estados Unidos e a Turquia, para redefinir o mapa e as frontei- ras do continente africano a partir do interesse dessas potências. A partilha da África feita nessa conferência desprezou largamente as realidades pré-existentes no continente africano, criando estados com fronteiras artificiais. Esses limites foram, em grande parte, preservados após as descolonizações (já na segunda metade do século XX), e historicamente geraram intensa miséria, fome e guerras civis para os povos africanos. Mapa das fronteiras coloniais, e seus respectivos colonizadores, no continente africano 230 Vale também lembrar que as próprias potências nem sempre respeitaram os limites firmados na Conferência de Berlim, e promoveram graves desentendimentos e até guer- ras pelo controle de determinadas áreas. Um exemplo disso foi a disputa anglo-holandesa pelo controle de ricas regi- ões mineradoras no sul do continente africano, em um conflito que ficaria conhecido como Guerra dos Böeres. A disputa envolvendo o canal de Suez, no Egito, também merece destaque. O governo egípcio, com apoio francês, havia construído na década de 1850 um importante canal na região, que promoveria a ligação entre o Mar Mediterrâ- neo e o Mar Vermelho, encurtando as viagens da Europa para a margem oriental africana e para o oriente propria- mente dito. Além de facilitar o transporte de cargas pela região, o canal gerava altos lucros a partir dos pedágios que outros navios pagariam para cruzar a região. Cobiçan- do esses lucros e facilidades, além do altamente lucrativo algodão egípcio, os ingleses investiram pesado na moder- nização de ferrovias e portos na região, através de empréstimos e concessões que endividaram excessivamen- te o governo egípcio, gerando uma grave crise que seria utilizada de pretexto pelos ingleses para anexar a região em 1882. O IMPERIALISMO NA ÁSIA O império inglês no século XIX era indubitavelmente o maior e mais poderoso do mundo. Além de manter o con- trole sobre possessões na América (Guiana) e África, a Inglaterra controlava diversos territórios em continente asi- ático. A existência de uma empresa inglesa, a CIA das Índias Orientais, especializada no comércio de produtos chineses (como o chá) e indianos (como o algodão, o chá e o ópio, uma droga derivada da papoula e altamente lucrativa, ape- sar de gerar alguns questionamentos morais nas regiões consumidoras) demonstra a lucratividade da região para o comércio inglês. Na Índia, os ingleses se aproveitaram da existência de uma elite local, característica da sociedade de castas na região, composta por alguns príncipes e grandes propri- etários rurais, para através destes exercerem o controle sobre a população hindu. Além de se aproveitarem das his- tóricas diferenças entre hindus e muçulmanos na região. Até mesmo a estrutura militar inglesa nas Índias se valia de uma população local, uma vez que parte da população era treinada e organizada em métodos ingleses para manter a ordem sobre a grande maioria dos povos nativos. Os mem- bros desse exército eram chamados de Cipaios. À medida que crescia o controle inglês na Índia, im- plicando em uma crescente “ocidentalização” dos costumes, as reações anti-britânicas se tornaram cada vez mais in- tensas. Sobretudo após os ingleses empreenderem uma política de assumir diretamente o controle sobre os territó- rios da Índia cujos governantes morressem sem deixar herdeiros diretos. Esse quadro de tensões crescentes se manifestou em uma Revolta do Exército de Cipaios contra a dominação inglesa. Além de uma violentíssima repres- são inglesa contra os Cipaios, essa revolta redefiniu a estratégia militar e política da Inglaterra para a região, pois houve o envio maciço de soldados ingleses para a Índia e uma maior aproximação do governo inglês com os grandes líderes locais, que contariam com todo o apoio inglês para controlar e explorar as populações locais, com a contrapartida de viabilizarem os interesses comerciais bri- tânicos na região. A Índia passava a ser um Vice-Reino da Inglaterra, condição na qual permaneceria até a independência no pós segunda guerra mundial, e que aprofundaria largamente a miséria para a maior parte da população local e a depen- dência econômica do país para com a Inglaterra. Além da forte presença inglesa na Índia, como discu- tido acima, outras regiões asiáticas também foram alvo de invasões imperialistas. O caso Chinês é marcante nesse sentido, pois o país tradicionalmente conviveu com várias invasões estrangeiras, por vezes até de vários países coli- gados. No século XIX, a presença inglesa era muito forte em alguns portos chineses. Sobretudo devido a atuação da CIA das Índias Orientais, que comercializava o chá chinês na Europa de modo bastante lucrativo. Além disso, os ingle- ses também vendiam uma droga, o ópio produzido pelos ingleses na Índia para os chineses, o que gerava diversos problemas econômicos e sociais para os chineses. A tenta- tiva do governo chinês em proibir o comércio de ópio no país foi o estopim para a Guerra do Ópio, que teria conse- qüências desastrosas para os chineses. Além de entregar a ilha de Hong Kong para os ingleses, a China foi obrigada pelo Tratado de Nanquim a abrir diversos portos ao acesso inglês, e revogar a proibição do comércio do Ópio nessas regiões. Pouco tempo depois, a Inglaterra estendeu, pela via militar, seu controle sobre parte considerável do territó- rio chinês. Além de promover diversas reformas que tentavam ocidentalizar algumas estruturas do país. Esse episódiocontribuiu ainda mais para o desenvol- vimento de uma aversão do governo chinês aos estrangeiros. Aliás, não só os europeus se faziam presen- tes na china. O Japão, com uma estrutura industrial e militar mais moderna desde a chamada "Revolução Meiji", quan- do absorveu elementos das potências capitalistas ocidentais que o invadiram e modernizou suas estruturas educacio- nais e de produção industrial e agrícola, também investiu com freqüência sobre o território chinês. Regiões chinesas como Formosa, atualmente Taiwan, e a Manchúria, obtida após vitória militar sobre os russos no início do século XX, tornaram-se de domínio japonês. O IMPERIALISMO NA AMÉRICA Na condição de única grande potencial industrial efe- tiva no continente americano, os Estados Unidos foram o grande protagonista do imperialismo na América do século XIX e início do XX. Além da conquista de territórios que anteriormente pertenciam ao México, como já foi Charge sobre as disputas imperialistas na China 231 01 (UEPG) Fenômeno que teve origem no século XIX, o Imperialismo foi uma das marcas fundamentais do avanço do capitalismo por continentes como a Améri- ca, a Ásia e a África. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) A busca (pelas nações europeias) de matérias- primas e a ampliação de novos mercados con- sumidores de produtos industrializados são ra- zões que explicam o surgimento do Imperialis- mo. 02) O discurso altruísta de que o avanço sobre regi- ões afro-asiáticas era algo positivo, pois os ca- pitalistas europeus promoveriam uma melhor qualidade de vida para povos "selvagens" e "pri- mitivos", foi uma das armas ideológicas do Im- perialismo. 04) O avanço do Imperialismo europeu sobre a Amé- rica do Norte foi intenso. Na virada do século XIX para o XX, a economia dos Estados Unidos estava completamente controlada por investido- res e capitais ingleses, franceses e alemães. 08) Por ser predominantemente agrária, a América do Sul não foi compreendida como área de inte- resse do Imperialismo europeu. demonstrado no capítulo 16, os EUA orientaram sua políti- ca externa no sentido de garantir seus interesses comerciais na região do Pacífico e na América Latina, sobretudo na região central do Caribe. Após a guerra hispano-americana e, sobretudo, a partir da emenda Platt (que assegurava o direito de intervenção militar norte-americana em Cuba para a defesa de seus próprios interesses), Cuba viveu uma es- pécie de liberdade condicional, sendo em verdade uma extensão dos interesses comerciais dos EUA. Outras regi- ões, como Porto Rico, passaram a ser possessões dos Estados Unidos após a vitória contra os espanhóis, ainda no século XIX. Áreas como o Havaí foram incorporadas e se tornaram efetivamente território americano. Com a política do Big Stick, do presidente Ted Roosevelt, os Estados Unidos passaram a uma clara políti- ca expansionista sobre a região do Caribe, obtendo, por exemplo, o controle sobre o lucrativo Canal do Panamá, que liga os oceanos Pacífico e Atlantico. CONSEQUÊNCIAS As disputas imperialistas, sobretudo a corrida imperi- alista européia no continente africano, acabaram levando a um clima de crescentes tensões internacionais, pontuado pela formação de alianças (muitas vezes através de trata- dos secretos) e por imensos investimentos na indústria bélica. O produto final desse caldo seria o cenário da Pri- meira Guerra Mundial. Com relação às áreas dominadas por potências im- perialistas as conseqüências foram igualmente nefastas. A exploração de seus recursos em escala industrial, a arbi- trariedade de certas fronteiras e a implantação de estruturas políticas, sociais e econômicas tipicamente ocidentais, desestruturaram as antigas sociedades africanas e asiáti- cas, deixando marcas indeléveis nessas regiões. 02 (UEM) Assinale o que for CORRETO a respeito das práticas imperialistas que marcaram o capitalismo. 01) O Império das Índias ocupou a orla litorânea da Manchúria com o intuito de estabelecer entrepostos comerciais vinculados à indústria têxtil. 02) A busca por matérias-primas e por fontes de energia, bem como a necessidade de amplia- ção dos investimentos e dos mercados consu- midores, impulsionou a expansão imperialista europeia sobre a África e a Ásia. 04) O imperialismo estadunidense exercido sobre a América Latina seguiu os mesmos parâmetros do imperialismo praticado pelas nações europeias e pelo Japão, ou seja, foi praticado mediante controle político e militar diretamente sobre suas áreas de atuação. 08) A divisão internacional do trabalho consolidou- se com a Revolução Industrial. 16) O chamado neocolonialismo, ocorrido no sécu- lo XIX, tinha por meta a busca por mercados consumidores e por fornecedores de matérias- primas. 03 (UEPG) Denominação utilizada para expressar as práticas de nações política, econômica e militarmen- te poderosas na ampliação e controle de regiões, nações e/ou povos pobres, o Imperialismo marcou a história mundial contemporânea. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) A Guerra do Ópio, promovida pela Inglaterra con- tra a China, teve como motivação o desejo bri- tânico de proibir o tráfico dessa substância para o continente europeu e como consequência o domínio político inglês sobre o território chinês. 02) Bélgica, França e Grã-Bretanha estão entre os países que estabeleceram práticas imperialis- tas no continente africano ao longo do século XX. 04) Os países do continente americano sofreram, desde o início do século XIX, com a forte influ- ência política e com a exploração econômica exercida pelos Estados Unidos. 08) Ações imperialistas podem ocorrer de diferen- tes formas. O colonialismo, ou seja, a sobera- nia política - e consequente domínio econômico - é uma das faces do imperialismo. 16) A produção em larga escala, resultado da Re- volução Industrial, arrefeceu às práticas imperi- alistas das potências europeias. A geração de riqueza dentro da própria Europa contribuiu para que as práticas de controle das periferias dimi- nuíssem ao longo do século XX. 232 04 (UEM) Sobre o imperialismo na Ásia e na África, as- sinale o que for CORRETO. 01) A dominação britânica na Índia promoveu a des- truição das comunidades tradicionais indianas, que mesclavam a pequena produção agrícola com a produção artesanal. 02) Em meados do século XIX, os Estados Unidos enviaram ao Japão uma esquadra militar conhe- cida como Esquadra Negra, para forçar a aber- tura dos portos japoneses ao comércio norte- americano. 04) A partilha da África, decidida na Conferência de Berlim em 1884/1885, organizou a corrida das nações europeias para conquistar os territórios livres africanos e para assegurar o livre comér- cio no continente. 08) Os Estados Unidos e a Inglaterra foram as na- ções que condenaram a Conferência de Berlim e impuseram sanções econômicas e políticas aos países que participaram da reunião. 16) A supremacia econômica foi utilizada para justi- ficar a expansão imperialista, já que havia uma ideia difusa, na sociedade europeia, de que a raça branca tinha superioridade sobre povos de outras raças. 05 (UFSC) As raças superiores têm um direito perante as raças inferiores. Há para elas um direito porque há um dever para elas. As raças superiores têm o dever de civilizar as inferiores [...]. Vós podeis negar; qual- quer um pode negar que há mais justiça, mais ordem material e moral, mais equidade, mais virtudes soci- ais na África do Norte desde que a França a conquistou? FERRY, J. Discurso ao parlamento francês em 28 de julho de 1885. In: MESGRAVIS. L. A colonização da África e da Ásia. São Paulo: Atual, 1994, p. 14. Sobre o Imperialismo e o Neocolonialismo no conti- nente africano no século XIX, é correto afirmar que: 01) a Conferência de Berlim foi realizada na Alema- nha, entre 1884 e 1885, com a presença de al- gumas lideranças de diferentes etnias africanas que concordavam com as ações das nações europeias. 02) Leopoldo II, rei belga, constituiu uma sociedade privada comandada por ele para ocupar e ad- ministrarseus territórios na África. Isso se deu depois que o Parlamento da Bélgica não apoiou o desejo do rei de estabelecer um império colo- nial. 04) os europeus, por conhecerem pouco os recur- sos naturais e a geografia africana, sucumbi- ram muitas vezes na tentativa de ocupar o con- tinente, o que explica terem levado quase todo o século XIX para consolidar seu projeto neocolonial. 08) estudos recentes têm levado em consideração o fato de que a resistência africana à invasão europeia no continente contribuiu para acelerar o processo de dominação através de intensas ações militares. 16) os países europeus procuraram justificar a do- minação de outros povos com base em uma in- terpretação equivocada das teorias de Charles Darwin, adotando o que se chamou de darwinismo social. 32) muitas fronteiras foram criadas por meio de acor- dos diplomáticos entre os países europeus le- vando em consideração as divisões étnicas e culturais dos povos que ali viviam como estraté- gia para evitar possíveis conflitos entre os po- vos originários do continente. 06 (UEM) Sobre o imperialismo na África, é correto afir- mar que: 01) A conferência de Berlim (1884-1885) produziu uma verdadeira partilha da África entre os paí- ses europeus, EUA e Rússia. 02) Em 1842, a China assinou o Tratado de Nan- quim, cedendo todos os seus territórios na Áfri- ca para a Inglaterra e a França. 04) O Brasil teve papel preponderante na divisão da África, ficando com direito aos territórios de Angola, Cabo Verde e Moçambique. 08) No início do século XX, no continente africano, apenas a Libéria (habitada por ex-escravos emigrados dos EUA) e a Abissínia (atual Etiópia) eram estados livres e soberanos. 16) A guerra dos Boêres (1899-1902) foi travada en- tre os ingleses e os colonos holandeses (conhe- cidos como bôeres ou africânderes) pelo con- trole das regiões de Orange e do Transvall, na África do Sul, ricas na produção de diamante e ouro. 07 (UEPG) Em 1912, Vladimir Lênin publicou um livro denominado "Imperialismo, estágio superior do capi- talismo". Nessa obra, o conhecido revolucionário comunista russo descreveu aquilo que ele considera- va ser uma nova etapa do desenvolvimento capitalista, marcada pelo domínio dos monopólios industriais, do capital financeiro e fadada a enfrentar conflitos soci- ais radicais: o imperialismo. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) Na perspectiva do imperialismo, pode-se com- preender que os "centros" são regiões do siste- ma capitalista nas quais há uma forte burguesia nacional em consonância com um Estado bur- guês e com uma plena economia capitalista em funcionamento. 02) Diferente do que ocorreu em continentes como o Africano e o Asiático, a América do Sul ficou de fora do avanço imperialista do início do sé- culo passado. Área de influência e proteção norte-americana, nessa porção do continente americano não houve investimentos originários das potências imperialistas europeias. 04) Ao contrário do colonialismo, o imperialismo não se estrutura a partir da dominação política de regiões periféricas. O único meio de controle estabelecido pelo imperialismo é o econômico, com o controle financeiro e produtivo das anti- gas colônias europeias. 233 08) O predomínio do capital financeiro e do mono- pólio produtivo por grandes corporações não ate- nuou, pelo contrário, ampliou as desigualdades sociais a partir do século XX. Tais situações ser- viram para sustentar discursos anti-imperialis- tas ao redor do mundo. 16) Como o avanço tecnológico era fundamental para o estabelecimento dos monopólios indus- triais, os Estados imperialistas passaram a in- vestir recursos cada vez maiores em pesquisa e tecnologia, diminuindo acentuadamente o vo- lume destinado para as despesas militares. 08 (UEM) A formação territorial do que veio a ser os Es- tados Unidos da América deu-se por meio de uma política expansionista. Sobre essa questão, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) A jovem nação nasceu na segunda metade do século XVIII, a partir das antigas treze colônias inglesas da costa leste. 02) No início do século XIX, a Flórida foi adquirida dos espanhóis. 04) Em meados do século XIX, a ilha do Havaí foi comprada da França. 08) Em meados do século XIX, a Califórnia foi con- quistada do México. 16) Na segunda metade do século XIX, o Alasca foi adquirido da Rússia. 01 (UNICAMP) Os viajantes, missionários, administra- dores coloniais e etnógrafos europeus, no passado, tenderam a fundir múltiplas identidades em um único conceito de tribo. O uso da palavra tribo para descre- ver as sociedades africanas surgiu de um desejo de enaltecer o Estado-nação, ao mesmo tempo em que sugeria a inferioridade inerente de outros. Em resu- mo, conotava políticas primitivas que eram menos desenvolvidas do que as políticas dos Estados-na- ção. (Adaptado de John Parker e Richard Rathbone, "A ideia de África", em História da África. Lisboa: Quimera, 2016, p. 56-58.) Baseado no texto acima e em seus conhecimentos, assinale a alternativa correta. (A) A formação e a difusão do conceito de tribo no pensamento europeu acompanharam os avan- ços do colonialismo na África no século XIX, le- gitimando o domínio de seus povos por agentes oriundos de nações que se consideravam civili- zadas e superiores. (B) O conceito de tribo ganhou força no pensamen- to ocidental, porque na África não havia forma- ções políticas que cobriam grandes extensões territoriais como na Europa. Ou seja, os euro- peus não encontraram estruturas políticas aci- ma das unidades tribais. (C) As sociedades africanas eram organizadas a partir de pequenas tribos lideradas por chefes guerreiros, o que gerava fragmentação política e guerras, inviabilizando nesse continente a for- mação de unidades políticas complexas nos moldes europeus. (D) Em razão das tradições milenares e do respeito aos ancestrais, as tribos eram unidades sociais e políticas estáticas assentadas em uma identi- dade homogênea. Os europeus comumente desrespeitavam todas essas características na colonização. 02 (UNESP) O mapa representa a divisão da África no final do sé- culo XIX. Essa divisão (A) persistiu até a vitória dos movimentos de descolonização da África, ocorridos nas duas primeiras décadas do século XX. (B) foi rejeitada pelos países participantes da Con- ferência de Berlim, em 1885, por considerarem que privilegiava os interesses britânicos. (C) incluiu áreas conquistadas por europeus tanto durante a expansão marítima dos séculos XV- XVI quanto no expansionismo dos séculos XVIII- XIX. (D) foi determinada após negociação entre povos africanos e países europeus, durante o Congres- so Pan-Africano de Londres, em 1890. (E) restabeleceu a divisão original dos povos afri- canos, que havia sido desrespeitada durante a colonização europeia dos séculos XV-XVIII. 234 03 (UEFS) Com o início da anexação do Marrocos pela França, uma crise violenta eclode entre a França e a Alemanha, que, em 1911, coloca uma canhoneira di- ante de Agadir, para demonstrar sua decisão de partir para o confronto. A prova de força se resolve com a devolução à Alemanha de parte de Camarões. Em 1912, o sultão do Marrocos decide assinar um tratado de protetorado que põe seu país sob a tutela france- sa. (Marc Ferro. A colonização explicada a todos, 2017. Adaptado.) O historiador descreve as relações de força presen- tes nos processos de anexação de territórios e mercados pelos países imperialistas europeus. São exemplos dessas relações: (A) oposições culturais entre os povos expansionistas e decisões arbitradas por orga- nizações políticas supranacionais. (B) disputas entre economias industrializadas e acordos em prejuízo de sociedades colonizadas. (C) divergências de sistemas sociais entre nações colonizadoras e missões civilizadoras dos po- vos cristãos nos países afro-asiáticos. (D) guerras mundiais desencadeadas nas áreas co- lonizadas e desindustrialização das nações dominadoras. (E) divisões dos conquistadores em exploradores e favoráveis aos povos colonizadose formação da liga internacional de nações dominadas. 04 (PUC-RJ) Desde o último quartel do século XIX até o início da Primeira Guerra Mundial, no contexto de um capitalismo cada vez mais globalizado, grande parte do território africano foi partilhado entre um conjunto de Estados europeus. Indique qual destes Estados não fazia parte desse conjunto: (A) Bélgica (B) Grã-Bretanha (C) Império Russo (D) Itália (E) Países Baixos 05 (FGV) A proclamação da República Popular da Chi- na em 1º de outubro de 1949 e a eleição do governo presidido por Mao Tsetung foram resultados da luta contra a ocupação da China por potências estrangei- ras e contra o regionalismo que fortalecia os senhores de terra. O movimento camponês, liderado por Mao Tsetung, sagrou-se vitorioso em outubro de 1949. Entretanto, as raízes desse movimento estão no século 19 e nas condições que se foram criando a partir da interven- ção das potências estrangeiras, no início do século 20. (Carlos Guilherme Mota. História moderna e contemporânea, 1986) No que diz respeito às interferências estrangeiras nesse país, é correto afirmar que (A) a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) termi- nou com a vitória do Império Russo e sua de- corrente ação do imperialismo russo no proces- so de partilha de grande parte do território da China Imperial. (B) as Guerras do Ópio (1839-1842 e 1856-1860) garantiram à Inglaterra a abertura comercial da China e permitiram também que outras potênci- as europeias e asiáticas revelassem seus inte- resses no Império Chinês. (C) a guerra entre o Império Chinês e o Japão (1894- 1895) resultou no enfraquecimento da China e no início da hegemonia alemã em grande parte desse país, principalmente por meio das amplas inversões de capitais. (D) a Revolta dos Boxers (1898-1901) representou a luta das classes médias urbanas e da classe operária pela ampliação da cidadania político- eleitoral, contra os grandes senhores de terra e a República chinesa recém-proclamada. (E) a Longa Marcha (1923-1927), organizada pelo Partido Comunista Chinês em aliança com o Par- tido Nacional do Povo, lutou contra as presen- ças estrangeiras na China, e foi derrotada pelos japoneses no momento da invasão da Manchúria. 06 (G1-IFPE) A natureza distribuiu desigualmente no planeta os depósitos e a abundância de suas matéri- as-primas; enquanto localizou o gênio inventivo das raças brancas e a ciência da utilização das riquezas naturais nesta extremidade continental que é a Euro- pa, concentrou os mais vastos depósitos de matérias-primas nas Áfricas, Ásias tropicais, Oceanias equatoriais, para onde as necessidades de viver e de criar lançariam o elã dos países civilizados. Estas imensas extensões incultas, de onde poderiam ser tiradas tantas riquezas, deveriam ser deixadas virgens, abandonadas à ignorância ou à incapacidade? (...) A humanidade total deve poder usufruir da riqueza total espalhada pelo planeta. Esta riqueza é o tesouro co- mum da Humanidade." SARRAUT, Albert. Grandeur et Servitude Coloniales. Paris: Nathan, 1931. p. 18-19. CARVALHO, Alek Sander de. Documentos para análise: Discursos Imperialistas no Século XIX/XX. Disponível em: http://apreenderhistoria.blogspot. com.br/2015/02/documentos-para-analise-discursos.html. Acesso: 09 out. 2017. O texto acima é um documento que se refere ao Im- perialismo, também conhecido como o Colonialismo Contemporâneo, marcado pelo processo de expan- são das potências industrializadas. 235 A partir dele e de seus conhecimentos sobre o Impe- rialismo, marque a alternativa CORRETA. (A) Grande parte do mundo ainda não conhecia as avançadas técnicas de produção fabril, nem ti- nham conhecimento para explorar as riquezas de seu território e, por isso, estabeleceram par- cerias com empresas de países europeus em troca de aprendizado. (B) As potências industriais europeias, na segunda metade do século XIX, já em avançado estado de industrialização, tinham consciência de que precisavam expandir seus investimentos para outros territórios, na intenção de modernizar e civilizar áreas do globo habitadas por povos in- cultos. (C) Os políticos e intelectuais europeus cumpriam uma missão civilizatória em diversos territórios do globo, pautados por valores iluministas de fraternidade e de universalidade, tendo por meta espalhar riqueza e educação pela humanidade. (D) As nações imperialistas, cuja produtividade fa- bril era intensa em especial depois de 1870, co- meçaram a estabelecer trocas comerciais com territórios ainda inexplorados, vendendo-lhes produtos industriais e comprando matérias-pri- mas, distribuindo, assim, riqueza e conhecimen- tos. (E) A expansão e exploração europeia sobre imen- sos territórios do mundo correspondia às neces- sidades do capitalismo industrial em expansão, e tinha por base discursos justificadores, alguns deles fundamentados na noção de superiorida- de racial e na suposta "missão civilizadora". 07 (UDESC) Leia atentamente o texto a seguir: "Existem hoje, sobre a Terra, dois grandes povos que, tendo partido de pontos diferentes, parecem adian- tar-se para o mesmo fim: são os americanos e os russos (...) Para atingir a sua meta, o primeiro apoia- se no interesse pessoal e deixa agir, sem dirigi-las, à força e à razão dos indivíduos. O segundo concentra num homem, de certa forma, todo o poder da socie- dade. Um tem por principal meio a liberdade; o outro, a servidão. O seu ponto de partida é diferente, os seus caminhos são diversos; não obstante, cada um deles parece convocado, por um desígnio secreto da Provi- dência, a deter nas mãos, um dia, os destinos da metade do mundo." (Tocqueville, Alexis de. A democracia na América, 1835) A partir deste trecho, publicado por Tocqueville em 1835, é correto afirmar que o autor: (A) refere-se às políticas imperialistas que, mesmo pautadas em princípios diferentes, podiam ser observadas tanto nos Estados Unidos quanto na Rússia do século XIX. (B) refere-se, evidentemente, ao período da Guer- ra Fria e ao governo de Gorbachev, na Rússia. (C) refere-se aos resultados da Primeira Guerra Mundial, ao papel representado por Lenin, no governo da Rússia, e por Roosevelt, no gover- no norte-americano. (D) relaciona os princípios básicos da democracia às práticas do governo russo do século XIX. (E) analisa os resultados da Revolução Russa e as atitudes de retaliação do governo norte-ameri- cano. 08 (UPE-SSA) O darwinismo social pode ser definido como a aplicação das leis da teoria da seleção natu- ral de Darwin na vida e na sociedade humanas. Seu grande mentor foi o filósofo inglês Herbert Spencer, criador da expressão "sobrevivência dos mais aptos", que, mais tarde, também seria utilizada por Darwin. Fonte: BOLSANELLO, Maria Augusta. Darwinismos social, eugenia e racismo científico: sua repercussão na sociedade e na educação brasileiras. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/er/n12/ n12a14.pdf /Adaptado. Essa teoria foi utilizada no século XIX pelas nações europeias para justificar a (A) independência da Oceania. (B) colonização dos Estados Unidos. (C) dominação imperialista na Ásia e África. (D) supremacia racial das nações latino-americanas. (E) inferioridade dos Estados Unidos frente ao Ja- pão. 01 (FUVEST) As letras das canções abaixo fazem men- ção ao rei Haile Selassie (1892-1975), que governou a Etiópia entre 1916 e 1930, como regente, e entre 1930 e 1974, como imperador. HAILE SELASSIE (…) Rastafári Ele nasceu na Etiópia Descendente do rei Salomão Buscou verdade e as respostas Na Babilônia da escravidão Foi reconhecido pelo povo Rude boys na população Foi condecorado o mais novo ras! Rastafári da libertação Haile Selassie ê! (…) Natural Mystic. Álbum Salve Roots, 2016. Industrial Music SELASSIE É A CAPELA Haile Selassie é a Capela Poder da Trindade (Trindade, Trindade é Ele) Concentre-se nessa direção Sirva o Deus vivo e viva (Deus vivo e vivo) Leve seus problemas para Selassie Ele é o único Rei dos Reis (Rei dos Reis, o Rei dos Reis é ele) Conquistando o Leão de Judá Triunfalmente, todos nósdevemos cantar (todos de- vem cantar, todos devem cantar) (...) Bob Marley. Álbum The complete Bob Marley & The Wailers (1967-1972) v.1, Jad Records, 1997. Tradução livre. 236 Com base nas canções e em seus conhecimentos, responda ao que se pede. a) Explique a relação entre a descendência do rei Salomão atribuída a Selassie e a construção religiosa do culto à sua personalidade. b) Selassie foi cultuado por afrodescendentes es- tabelecidos fora do continente africano, em um processo conhecido como "diáspora negra". Explique esse processo. c) No século XIX, a situação da Etiópia contrasta- va com a imensa maioria do continente africa- no. Explique tal situação. 02 (UFJF-PISM) Analise atentamente os documentos abaixo: DOCUMENTO 1 "Todos sabem que a Terra é um planeta e, portanto, redondo (ou quase). Bolas não têm meio, apenas cen- tro e, nesse caso, qualquer indicação externa é arbitrária e convencional. A representação cartográfica do planeta é uma convenção e corresponde à matriz europeia de compreensão do mundo. (...). O mapa também se afirma como um instrumento de formação da cidadania, definindo-se como emblema de identi- dade da nação." KNAUSS, Paulo; RICCI, Claudia e CHIAVARI. Maria Pace. Brasil: uma cartografia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2010. DOCUMENTO 2 03 (FUVEST) A Índia exporta para a China vastas quan- tidades de ópio, para cujo cultivo possui facilidades peculiares. O ópio pode ser produzido em Bengala melhor e mais barato do que em qualquer outra parte do mundo; e a China oferece um mercado quase que ilimitado em suas dimensões. O gosto por essa droga espalhou-se pelo império, a despeito das severas regulações para sua exclusão, e se diz que ele entrou no próprio palácio. Não obstante o consumo desse estimulante pernicioso eventualmente ser reprimido de um ponto de vista moral, é certo que ele promove diversos objetos que são igualmente desejáveis tan- to pela Índia como pela Inglaterra. A Índia, ao exportar ópio, auxilia o fornecimento de chá à Inglaterra. A China, ao consumir ópio, facilita as operações de re- ceita entre a Índia e a Inglaterra. A Inglaterra, ao consumir chá, contribui para aumentar a demanda por ópio indiano. Edward Thornton, India, its state and prospects. Londres: Parbury, Allen & Co., 1835. Adaptado. a) Indique como o texto caracteriza a cadeia mer- cantil do ópio e qual sua importância para a eco- nomia inglesa do século XIX e para as relações coloniais entre Grã-Bretanha e Índia. b) Identifique e explique um conflito posterior a 1835 que se relacione diretamente aos proces- sos descritos no texto. 04 (UERJ) ‘ Observando comparativamente o texto e a Tirinha da Mafalda é possível dizer que o modo de se compre- ender o espaço geográfico tem relação com o tema da identidade das nações. Sobre isso: a) Cite DUAS nações europeias que se expandi- ram para outras partes do mundo no século XIX; b) Explique como os mapas do século XIX servi- ram aos propósitos do imperialismo. As maneiras de apresentar povos e territórios possu- em variações históricas associadas às relações estabelecidas entre sociedades e culturas. As ima- gens acima sobre o continente africano ilustram essas variações. A partir da comparação entre as imagens, identifique a principal diferença quanto a essas representações do continente africano. Em seguida, cite um proces- so histórico contemporâneo que explique a diferença de perspectiva entre a imagem 1 e a imagem 2. IMAGEM 1 IMAGEM 2 237 05 (FUVEST) Leia os dois fragmentos abaixo. I. É necessário, pois, aceitar como princípio e pon- to de partida o fato de que existe uma hierar- quia de raças e civilizações, e que nós perten- cemos a raça e civilização superiores, reconhe- cendo ainda que a superioridade confere direi- tos, mas, em contrapartida, impõe obrigações estritas. A legitimação básica da conquista de povos nativos é a convicção de nossa superio- ridade, não simplesmente nossa superioridade mecânica, econômica e militar, mas nossa su- perioridade moral. Nossa dignidade se baseia nessa qualidade, e ela funda nosso direito de dirigir o resto da humanidade. O poder material é apenas um meio para esse fim. Declaração do francês Jules Harmand, em 1910. Apud: Edward Said. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Adaptado. II. (...) apesar das suas diferenças, os ingleses e os franceses viam o Oriente como uma entida- de geográfica - e cultural, política, demográfica, sociológica e histórica - sobre cujos destinos eles acreditavam ter um direito tradicional. Para eles, o Oriente não era nenhuma descoberta repenti- na, mas uma área ao leste da Europa cujo valor principal era definido uniformemente em termos de Europa, mais particularmente em termos que reivindicavam especificamente para a Europa - para a ciência, a erudição, o entendimento e a administração da Europa - o crédito por ter trans- formado o Oriente naquilo que era. Edward Said. Orientalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. a) Identifique a principal ideia defendida no texto I e explique sua relação com a expansão imperi- alista europeia no final do século XIX. b) Relacione o texto I com o texto II, quanto à con- cepção política neles presente. ............................................................................................. ............................................................................................. ............................................................................................. ............................................................................................. ............................................................................................. ............................................................................................. ............................................................................................. ............................................................................................. ............................................................................................. ............................................................................................. ............................................................................................. PARTE II: HISTÓRIA GERAL UNIDADE 03: A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914 – 1918) O estudo da Primeira Guerra Mundial exige que ana- lisemos diversos elementos da conjuntura de então. Primeiro é preciso compreender que essa conjuntura não era perce- bida da mesma forma por governantes (assim como militares e industriais) e pela sociedade civil. Esta, sobretudo nas tradicionais potências europeias como Inglaterra e França, alimentava uma percepção bastante positiva do período pré- guerra. A Europa experimentava um período praticamente livre de guerras desde o fim da guerra franco-prussiana em 1871, gerando na cabeça do cidadão comum uma rara ex- periência de paz duradoura. Além disso, a exploração dos recursos e dos mercados das áreas coloniais mantinha a indústria européia a pleno vapor, alimentando uma sensa- ção de prosperidade para as elites. Inovações tecnológicas como o automóvel (que começava a se difundir com maior velocidade no início do século XX) floresciam nesse cená- rio, contribuindo para um estilo de vida moderno e enriquecido, que modificava paisagens e hábitos num perí- odo conhecido como Belle Époque. Para essas pessoas a Grande Guerra que se iniciaria em 1914 seria, de certo modo, incompreensível. O contraste entre a prosperidade pré guerra e a destruição do conflito representou uma con- tradição e mesmo uma desilusão para esses setores. Muito embora alguns setores sociais tenham sido profundamen- te influenciados por sentimentos patrióticos e nacionalistas ao início do conflito, a duração da guerra, seu elevado nú- mero de mortes e grande destruição, rapidamente reverteram a euforia nacionalista em espanto e desilusão. Já na percepção dos grandes círculos políticos, mili- tares e industriais uma grande guerra era cada vez mais