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INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE PÚBLICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE PÚBLICA 
 
 
2 
 
 SUMÁRIO 
NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 3 
Introdução à Contabilidade Pública ............................................................................ 4 
1 - CONTABILIDADE PÚBLICA .................................................................................. 4 
2 - Princípios e Conceitos ............................................................................................. 6 
3 - Objetos da Contabilidade Pública ......................................................................... 8 
4 - Regime Patrimonial ............................................................................................... 14 
5 - Receita Orçamentária X Receita Contábil ......................................................... 17 
5.1 - Despesa Orçamentária X Despesa Contábil ................................................. 19 
5.2 - EXERCÍCIO FINANCEIRO ............................................................................... 20 
6 - CAMPO DE APLICAÇÃO ..................................................................................... 21 
Referência Bibliográfica .............................................................................................. 28 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Introdução à Contabilidade Pública 
 
1 - CONTABILIDADE PÚBLICA 
Define-se Contabilidade Pública como sendo o ramo da contabilidade que 
registra, controla e demonstra a execução dos orçamentos, dos atos e fatos da 
fazenda pública e o patrimônio público e suas variações. 
 Portanto, seu escopo relaciona-se ao controle e gestão dos recursos 
públicos. Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF (Lei 
Complementar 101/2000), a contabilidade pública alçou uma maior importância 
e valorização. 
 A contabilidade societária, relacionada com a atividade privada, rege-se 
pela Lei das Sociedades Anônimas e pelo Código Civil, que estabelecem regras 
de procedimentos contábeis. Já a contabilidade pública é regulada pela Lei 
4.320/1964, que é a Lei das Finanças Públicas. 
A contabilidade societária tem como foco principal o patrimônio e as suas 
avaliações, de tal forma que a principal peça é o balanço patrimonial. 
 Porém, na contabilidade pública, o mais relevante é o balanço de 
resultados, que trata da despesa e da receita, ou seja, de que forma foi 
arrecadado o dinheiro e como foi aplicado. 
Outra diferença é que a contabilidade da área societária tem como visão 
o patrimônio e o lucro. Já na área pública, a visão é a gestão. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF deu forma ao Relatório Resumido 
da Execução Orçamentária, definiu o que compõe o relatório, como se publica 
essa informação. Também trouxe como inovação o relatório de gestão fiscal, que 
visa demonstrar se foram atingidas as metas e os limites estabelecidos na lei de 
responsabilidade fiscal. Outra inovação é que a lei exigiu que as receitas 
vinculadas tenham a contabilização de onde está evidenciado o que já foi 
aplicado e qual é o saldo. 
 
 
5 
A lei também passou a dar uma maior importância e visibilidade à 
contabilidade. 
A Contabilidade Pública - seja na área Federal, Estadual, Municipal ou no 
Distrito Federal - tem como base a Lei 4.320, de 17 de março de 1964, que 
instituiu normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos 
orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito 
Federal. 
A Lei 4.320/64 está para a Contabilidade Aplicada à Administração 
Pública assim como a Lei das Sociedade por Ações, Lei 6.404/76, está para a 
Contabilidade aplicada à atividade empresarial. 
A Contabilidade Pública registra a previsão da receita e a fixação da 
despesa, estabelecidas no Orçamento Público aprovado para o exercício, 
escritura a execução orçamentária da receita e da despesa, faz a comparação 
entre a previsão e a realização das receitas e despesas, controla as operações 
de crédito, a dívida ativa, os valores, os créditos e obrigações, revela as 
variações patrimoniais e mostra o valor do patrimônio. 
 A contabilidade pública está interessada também em todos os atos 
praticados pelo administrador, sejam de natureza orçamentária (previsão da 
receita, fixação da despesa, empenho, descentralização de créditos etc.) ou 
sejam meramente administrativos (contratos, convênios, acordos, ajustes, avais, 
fianças, valores sob responsabilidade, comodatos de bens, etc.) representativos 
de valores potenciais que poderão afetar o patrimônio no futuro. 
O objeto de qualquer contabilidade é o patrimônio. A contabilidade pública 
não está interessada somente no patrimônio e suas variações, mas, também, no 
orçamento e sua execução (previsão e arrecadação da receita e a fixação e a 
execução da despesa). 
A contabilidade pública, além de registrar todos os fatos contábeis 
(modificativos, permutativos e mistos), registra os atos potenciais praticados pelo 
administrador, que poderão alterar qualitativa e quantitativamente o patrimônio. 
 
 
6 
O objetivo da Contabilidade Pública é o de fornecer aos gestores 
informações atualizadas e exatas para subsidiar as tomadas de decisões, aos 
órgãos de controle interno e externo para o cumprimento da legislação e às 
instituições governamentais e particulares informações estatísticas e outras de 
interesse dessas instituições. 
2 - Princípios e Conceitos 
Para se conceituar bem a Contabilidade Pública é necessário conhecer 
todos os dispositivos legais pertinentes. O principal normativo legal é a Lei n. 
4.320/64. Essa lei estabelece muitos dos procedimentos e funções que são 
exercidas pela Contabilidade Pública. Não basta, conhecer os princípios e 
técnicas contábeis profundamente, faz-se mister também ter a compreensão das 
determinações contidas na legislação relativa à administração pública. Os 
conceitos aqui formulados têm por base as normas legais existentes. 
A Contabilidade Pública é o ramo da Ciência Contábil que aplica na 
administração pública as técnicas de registro dos atos e fatos administrativos, 
apurando resultados e elaborando relatórios periódicos, levando em conta as 
normas de Direito Financeiro (Lei 4.320/64), os princípios gerais de finanças 
públicas e os princípios de contabilidade. As funções da Contabilidade Pública 
relacionadas acima podem ser confirmadas pelo artigo 78 do Decreto-Lei 200/67 
que estabelece: “O acompanhamento da execução orçamentária será feito pelos 
órgãos de contabilização”. Também é possível encontrar base legal para os 
procedimentos aplicados pela Contabilidade Pública na Lei n.4.320/64, que em 
seu artigo 90 determina: 
“A contabilidadedeverá evidenciar, em seus registros, o montante dos 
créditos orçamentários vigentes, a despesa empenhada e a despesa realizada 
à conta dos mesmos créditos e as dotações disponíveis”. 
Pela leitura dos artigos 29 e 89, da Lei n. 4.320/64, pode-se entender que 
a contabilidade também é encarregada de acompanhar a execução da receita 
orçamentária, de onde é possível se extrair os seguintes trechos importantes: 
 
 
7 
“Caberá aos órgãos de contabilidade... organizar demonstrações mensais 
da receita arrecadada... para servirem de base à estimativa da receita, na 
proposta orçamentária.” “A contabilidade evidenciará os fatos ligados à 
administração orçamentária, financeira, patrimonial e industrial”. 
A Contabilidade Pública registra a previsão da receita e a fixação da 
despesa estabelecidas no orçamento público aprovado para o exercício, 
escritura a execução orçamentária, faz a comparação entre a previsão e a 
realização das receitas e despesas, revela as variações patrimoniais, demonstra 
o valor do patrimônio e controla: 
– as operações de crédito; 
 – a dívida ativa; 
 – os créditos; 
 – as obrigações. 
De conformidade com o artigo 85 da Lei n. 4.320/64, a contabilidade será 
organizada de modo a permitir: – o acompanhamento da execução 
orçamentária, – o conhecimento da composição patrimonial, – a determinação 
dos custos dos serviços industriais, – o levantamento dos balanços gerais e – a 
análise e interpretação dos resultados econômicos e financeiros. 
“A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública a situação de 
todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, 
administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados” (artigo 83 da Lei 
4.320/64). 
 “A contabilidade deverá apurar os custos dos serviços de forma a 
evidenciar os resultados da gestão”. (Artigo 79 do Decreto-Lei 200/67). 
De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao 
Setor Público – NBCASP, editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade – 
CFC por meio das Resoluções n. 1.128 a 1.137/ 2008 a: “Contabilidade Aplicada 
ao Setor Público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador 
 
 
8 
de informações, os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as normas 
contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público.” 
A Resolução CFC N. 1.128/2008, que trata de conceituação, objeto e 
campo de aplicação da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, dispõe que seu 
objetivo é: 
“Fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os 
aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio 
da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada 
de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a 
instrumentalização do controle social”. 
3 - Objetos da Contabilidade Pública 
O objeto da Ciência Contábil, em seu sentido amplo, é patrimônio 
constituído por bens, direitos e obrigações vinculados a uma entidade (pessoa 
física ou jurídica). Dentro dessa ótica, podemos definir o objeto da contabilidade 
praticada por entidades privadas, como sendo o patrimônio privado, de 
propriedade de cada empresa. De acordo com a Resolução CFC n. 1.129/2008, 
entende-se como patrimônio público: “o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou 
intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, 
mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou 
represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de 
serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e 
suas obrigações.” De acordo com o Código Civil, Lei n.10.406/02, art. 99, são 
bens públicos: 
– os bens de uso comum do povo, tais como: rios, mares, estradas, ruas 
e praças; 
 – os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço 
ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, 
inclusive os de suas autarquias; 
- os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de 
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas 
 
 
9 
entidades. Quanto à primeira categoria de bens públicos, ou seja, os bens de 
uso comum do povo, que são bens de uso geral e indiscriminado por parte da 
população, tais como rodovias, praças, viadutos, quadras esportivas etc., a 
Resolução CFC n. 1.137/2008 estabelece: “Os bens de uso comum que 
absorveram ou absorvem recursos públicos, ou aqueles eventualmente 
recebidos em doação, devem ser incluídos no ativo não circulante da entidade 
responsável pela sua administração ou controle, estejam, ou não, afetos a sua 
atividade operacional.” Todavia, o entendimento presente na doutrina em geral 
é no sentido de que esses bens não são objeto de registro e evidenciação por 
parte da Contabilidade e, por conta disso, não seriam incorporados no ativo pelos 
órgãos encarregados de sua construção e manutenção, em função de que não 
seria possível identificar a sua titularidade. No tocante às outras duas categorias 
de bens públicos, não há restrição quanto ao seu registro e evidenciação nos 
balanços públicos, devendo ser evidenciados no ativo não circulante. 
Além dos bens, compõem o patrimônio dos órgãos e entidades públicas, 
direitos a receber (saldos bancários, dívida ativa, por exemplo) e obrigações a 
pagar (fornecedores, dívida fundada etc.), que também devem ser objeto de 
registro e evidenciação por parte da Contabilidade. Esse entendimento está de 
acordo com as NBCASP, identificadas pelo código NBC T 16, no quadro de 
normas do Conselho Federal de Contabilidade – CFC. Uma das normas do CFC 
que compõe a NBC T 16 é a Resolução n. 1.128/2008. Em um dos seus trechos, 
estabelece que o “objeto da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o 
patrimônio público.” A Contabilidade aplicada ao Setor Público não se limita a 
estudar, registrar e evidenciar um único objeto: patrimônio (e suas variações). 
Há normas que impõem a necessidade de registro e evidenciação do 
orçamento e de sua execução, bem como de situações não compreendidas no 
patrimônio, mas que possam vir a afetá-lo. Isso está regulado, entre outros, pelos 
artigos 89, 90 e 105 da Lei n. 4.320/64, bem como pela Resolução CFC n. 
1.132/2008 que afirma: “O patrimônio das entidades do setor público, o 
orçamento, a execução orçamentária e financeira e os atos administrativos que 
provoquem efeitos de caráter econômico e financeiro no patrimônio da entidade 
devem ser mensurados ou avaliados monetariamente e registrados pela 
contabilidade”. 
 
 
10 
Deve-se atentar para o que estabelece a Lei n. 4.320/64, em seus artigos 
35 (transcrito anteriormente) e 36 – caput, que diz “Consideram-se Restos a 
Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro, 
distinguindo-se as processadas das não processadas.” Nesses trechos, a 
mencionada Lei disciplina o parâmetro sinalizador a ser utilizado para mensurar 
a despesa orçamentária do exercício financeiro: valores legalmente 
empenhados. Uma das polêmicas da Ciência Contábil, a mensuração da 
despesa, é objetivamente esclarecida no âmbito da Contabilidade Pública, pelo 
art. 35 da Lei n. 4.320/64: a despesa deve ser mensurada pelo exato valor 
legalmente empenhado. O momento do reconhecimento da despesa 
orçamentária resta polêmico também. De regra, no âmbito da Administração 
Federal, durante o exercício financeiro, as despesas devem ser apropriadas 
quando verificado o implemento de condição do empenho, que é o recebimento 
de bens e serviços e que coincide com a segunda fase da execução da despesa 
orçamentária, denominada de liquidação. 
Esse procedimento é adotado tomando como base o teor do artigo 58 da 
Lei n. 4.320/64, que afirma: “O empenho de despesa é o ato emanado de 
autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento 
pendenteou não de implemento de condição.” Mesmo no caso das despesas 
cujo implemento de condição não seja possível identificar claramente 
(aposentadorias, transferências constitucionais, juros etc.) isso deve ocorrer. 
Para tanto, se utiliza o fator tempo como orientador, de modo que se aproprie as 
despesas ao final do transcorrer de cada mês, quando se supõe seja possível 
realizar algum procedimento que permita constatar a liquidação desse tipo de 
despesa. Trata-se, então, da aplicação de uma convenção contábil. 
NA CONTABILIDADE PÚBLICA 
D: DESPESA DE AQUISIÇÃO DE BENS 
C: OBRIGAÇÃO A PAGAR E 
D: ATIVO (BENS MÓVEIS) 
C: VARIAÇÃO AUMENTATIVA NA CONTABILIDADE EMPRESARIAL 
 
 
11 
D: DIREITO A RECEBER 
C: RECEITA DE VENDAS DE BENS E 
D: CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS 
C: ATIVO (MERCADORIAS) 
Portanto, a despesa orçamentária não deve ser reconhecida no momento 
do empenho, mas sim na liquidação. A única exceção se dá quando da 
apropriação, ao final do ano, dos compromissos decorrentes de empenhos a 
liquidar, que têm como contrapartida restos a pagar não processados. Então, a 
despesa é registrada num determinado momento que é posterior à emissão do 
empenho e anterior à liquidação. Dessa forma, pode-se afirmar que a despesa 
não deve ser registrada no momento do empenho. 
Outra razão para não se registrar a despesa orçamentária, durante o 
exercício financeiro, no momento da emissão do empenho, é o fato de a Lei n. 
4.320/64 disciplinar no art. 60 que: “É vedada a realização de despesa sem 
prévio empenho”. Essa regra estabelece que, antes de se iniciar a realização da 
despesa, deverá já ter sido emitido o empenho. Logo, a despesa orçamentária 
obedece ao seguinte esquema de contabilização: – durante o ano, deverá ser 
apropriada quando ocorrer o estágio da liquidação, correspondendo ao momento 
do recebimento de bens e serviços; – no encerramento do exercício, deverá ser 
apropriado também como despesa, o saldo de empenhos emitidos e não 
liquidados. 
Com isso, parte da despesa orçamentária será registrada em momento 
anterior ao do recebimento dos bens e serviços. Esse incremento na apropriação 
da despesa com base nos saldos de empenhos a liquidar, que ocorre no 
encerramento do exercício financeiro, por força do artigo 35 da Lei n. 4.320/64, 
tem como consequência o surgimento de restos a pagar não processados, fato 
que está previsto no art. 36 da Lei n° 4.320/64. Comparando a aplicação do 
preceito do art. 35 da Lei n. 4.320/64, com a recomendação da boa técnica 
contábil, a qual define que as despesas, dentro do regime contábil de 
competência, devem ser registradas tendo como fato gerador o consumo de 
 
 
12 
bens e serviços, em regra geral, conclui-se que, na Contabilidade Pública o 
momento do reconhecimento da despesa orçamentária é diferente do 
recomendado pela Ciência Contábil. Com relação aos gastos efetuados com 
serviços, não há grandes divergências entre a legislação aplicada à área pública 
e os preceitos da Ciência Contábil, em razão de que os serviços devem ser 
considerados como despesas no momento de seu recebimento, quando 
simultaneamente se dá o consumo. Porém, em relação aos gastos com 
aquisição de bens de consumo (estoques) ou permanentes, bem como aos 
referentes a despesas antecipadas (assinatura de periódicos, aquisição de 
seguros de veículos etc.) existe um distanciamento entre os dois conceitos. A 
aquisição de bens à vista consiste num fato permutativo – troca de dinheiro por 
bens, não devendo gerar despesas nesse momento. O raciocínio é parecido para 
o caso de ser a prazo, pois resulta também em fato permutativo. Para atender à 
Lei n. 4.320/64, a despesa deve ser reconhecida no momento do recebimento 
dos bens, isto é, na liquidação (verificação do implemento de condição). Nesse 
momento, surge a despesa orçamentária em contrapartida à obrigação de pagar 
do órgão público e, simultaneamente, surge o direito a receber no patrimônio do 
fornecedor de bens em contrapartida à receita de vendas. Direitos a receber de 
uma entidade representam obrigações a pagar de outra entidade. Em tese, no 
exato momento que se configura a transação de compra e venda, envolvendo o 
Poder Público e o fornecedor de bens, estão atuando a Contabilidade Pública, 
de um lado, registrando a despesa orçamentária e a obrigação de pagar ao 
fornecedor e a Contabilidade Empresarial, do outro lado, registrando o direito a 
receber junto ao órgão público e a receita de vendas. 
Observe a seguir uma representação do que ocorre, praticamente de 
forma simultânea, nas duas áreas contábeis, quando do registro da liquidação 
do empenho da despesa de aquisição de bens. Dando prosseguimento ao 
raciocínio, como consequência do registro da despesa orçamentária, em 
atendimento à Lei n. 4.320/64, fato que afeta negativamente o resultado do 
exercício, é necessário a Contabilidade Pública fazer um registro adicional para 
evitar esse efeito. Então, no mesmo momento do registro da despesa deve ser 
providenciado o reconhecimento de uma variação patrimonial positiva, que tem 
efeito aumentativo no resultado, anulando (compensando) o efeito diminutivo da 
 
 
13 
despesa. Isso ocorre apenas com as despesas não efetivas (aquelas oriundas 
de fatos permutativos), como é o caso da decorrente da aquisição de bens 
permanentes. 
A despesa deve ser registrada, atendendo aos mandamentos legais, mas 
o princípio contábil da competência deve ser respeitado também, com a 
utilização do mecanismo de compensar o efeito negativo da despesa (que é 
indevido para a ciência contábil, pois trata-se de um fato permutativo) com o 
efeito positivo da variação patrimonial aumentativa no resultado. Todavia, para 
a ciência contábil, a despesa só poderia ser reconhecida quando da constatação 
de que bens foram consumidos. 
O mesmo procedimento é adotado para o registro da receita orçamentária 
não efetiva, tais como as que surgem pela conversão em espécie de bens e 
direitos – receita da dívida ativa e de amortização de empréstimos concedidos, 
por exemplo. Essas receitas provocam aumento e diminuição de ativo 
simultaneamente. Isso também ocorre com a receita decorrente de constituição 
de dívidas, como a receita de operações de crédito (contratação de empréstimos 
e financiamentos) porque provocam, concomitantemente, aumento de ativo e de 
passivo. Os dois casos são provenientes de fatos permutativos. A compensação, 
nesse caso, se dá com o emprego de contas de efeito diminutivo no resultado, 
chamadas de variações patrimoniais negativas. Observe que isso somente 
ocorre com as receitas não-efetivas. Resumo da aplicação das regras do regime 
contábil orçamentário: – as receitas orçamentárias devem ser contabilizadas 
pelo regime de caixa orçamentário (regime de arrecadação); – as despesas 
orçamentárias devem ser contabilizadas pelo regime de competência 
orçamentária (regime de empenho), sendo que durante o exercício financeiro o 
registro deve ocorrer no momento da liquidação e, no final do ano, deve ser 
acrescentado aos valores da despesa orçamentária o montante de empenho não 
liquidado. 
 
 
 
14 
4 - Regime Patrimonial 
Em função do que estabelece a melhor doutrina da Ciência Contábil com 
relação ao momento de reconhecimento dos efeitos no patrimônio decorrentes 
de receitas e despesas, bem como do disciplinamento da Resolução do CFC n. 
1.111/07 acerca do Princípio da Competência, conforme transcrição a seguir, 
deve-se adotar também na área pública os procedimentos de registro de receita 
e despesa adotados no âmbito da contabilidade aplicada às empresas: 
“Princípio da Competência é aquele que reconhece as transações e os 
eventos na ocorrência dos respectivos fatos geradores, independentemente do 
seu pagamento ou recebimento, aplicando-se integralmente ao Setor Público. 
Os atos e os fatos que afetam o patrimônio público devem ser contabilizados por 
competência,e os seus efeitos devem ser evidenciados nas Demonstrações 
Contábeis do exercício financeiro com o qual se relacionam, 
complementarmente ao registro orçamentário das receitas e das despesas 
públicas.” 
A receita e a despesa contábeis decorrem de fatos modificativos 
aumentativos e diminutivos, respectivamente. Seus efeitos no patrimônio devem 
ser reconhecidos quando da alteração na situação líquida patrimonial, 
independentemente de haver ou não autorização orçamentária. Esse é o 
enfoque patrimonial de receita e despesa. Como visto, de modo geral, os 
registros na Contabilidade Pública devem seguir as orientações da Lei n. 
4.320/64, que disciplina o denominado regime misto: caixa para a receitas 
(arrecadadas) e competência para as despesas (empenhadas). Essa norma 
utiliza um modelo de contabilidade estritamente vinculada aos aspectos 
orçamentários e, por esse motivo, é muito comum os estudiosos afirmarem que 
a Contabilidade Pública é uma “contabilidade orçamentária”. 
O registro contábil da despesa orçamentária no momento da liquidação 
de empenhos e a escrituração da receita orçamentária no momento da 
arrecadação são os exemplos mais concretos de que a prática da escrituração 
pública se faz levando em consideração conceitos orçamentários. Esse 
fenômeno contábil, típico da área pública, causa algumas distorções nos 
 
 
15 
demonstrativos financeiros e patrimoniais produzidos pela contabilidade pública. 
Um dos maiores problemas é o reconhecimento de despesa fruto de empenhos 
pendentes de liquidação ao final do exercício financeiro. Esse procedimento 
orientado pelo art. 36 da Lei n. 4.320/64 faz surgir um compromisso no passivo 
do ente público, denominado restos a pagar não processados. Essa prática não 
tem suporte no referencial teórico da Ciência Contábil. 
Além disso, é certo que existem passivos constituídos contra as entidades 
públicas, porém não reconhecidos em razão de que seria necessária a execução 
orçamentária para tal. Esse é o caso das provisões para férias e para 13º salário 
que deveriam, segundo as melhores técnicas da Ciência Contábil, ser 
registradas mensalmente, com base no duodécimo da folha de pagamento de 
salários. Todavia, o reconhecimento contábil desses compromissos somente 
vem ocorrendo no momento da liquidação dos empenhos. Da mesma forma, é 
comum detectarmos créditos plenamente constituídos em favor dos entes 
públicos, porém não contabilizados, sob a alegação de que o regime da receita 
orçamentária é o de caixa e isso não admite o reconhecimento de créditos a 
receber. 
O aumento na situação líquida patrimonial costuma ser reconhecido no 
momento da arrecadação, quando na realidade pelo regime competência 
contábil já teria ocorrido no momento da prestação dos serviços a terceiros, por 
exemplo, quando um órgão público vende serviços a prazo. Preocupada com 
essas discrepâncias entre a realidade das boas técnicas contábeis e os 
procedimentos de registro que distorcem os demonstrativos gerados com base 
na prática adotada pela Contabilidade Pública, a Secretaria do Tesouro Nacional 
– STN vem propondo e implementando uma série de aperfeiçoamentos no 
processo de escrituração, de modo a promover uma integração entre a 
Contabilidade Pública e os princípios da Ciência Contábil, mas preservando as 
melhores técnicas utilizadas no controle orçamentário. A denominada 
contabilidade patrimonial (que dá maior foco ao patrimônio), recomendada na 
contabilização das operações realizadas pelas entidades públicas. Essa 
contabilidade patrimonial deve empregar todos os princípios fundamentais de 
contabilidade identificados pelo Conselho de Contabilidade Federal. Destacam-
se os princípios de competência e de oportunidade que são muito citados nas 
 
 
16 
publicações da STN, ao fazer referência à contabilização de receita e despesa 
visando à apuração de resultados. Na realidade, a própria Lei 4320/64 abre 
espaço para implementação dessas novidades na contabilidade das entidades 
públicas, por meio da incorporação de práticas adotadas no âmbito da 
contabilidade patrimonial, tais como: – depreciação, amortização, exaustão; – 
provisões do passivo (para 13º salário, para férias e contingências) – provisões 
do ativo (para perdas prováveis, para devedores duvidosos) 
Observando o teor de alguns de seus artigos, percebe-se a existência de 
suporte legal para implementação das técnicas da contabilidade patrimonial: 
“Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem 
o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição 
patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento 
dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e 
financeiros. 
Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração 
orçamentária, financeira, patrimonial e industrial. 
Art. 97. Para fins orçamentários e determinação dos devedores, far-se-á 
o registro contábil das receitas patrimoniais, fiscalizando-se sua efetivação. ... 
Art. 99. Os serviços públicos industriais, ainda que não organizados como 
empresa pública ou autárquica, manterão contabilidade especial para 
determinação dos custos, ingressos e resultados, sem prejuízo da escrituração 
patrimonial e financeira comum. Art. 100 As alterações da situação líquida 
patrimonial, que abrangem os resultados da execução orçamentária, bem como 
as variações independentes dessa execução e as superveniências e 
insubsistências ativas e passivas, constituirão elementos da conta patrimonial. 
Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as 
alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução 
orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício. 
Art. 107. As entidades autárquicas ou paraestatais, inclusive de 
previdência social ou investidas de delegação para arrecadação de contribuições 
para-fiscais da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal terão 
 
 
17 
seus orçamentos aprovados por decreto do Poder Executivo, salvo se disposição 
legal expressa determinar que o sejam pelo Poder Legislativo. Parágrafo único. 
Compreendem-se nesta disposição as empresas com autonomia 
financeira e administrativa cujo capital pertencer, integralmente, ao Poder 
Público. Art. 108. 
Os orçamentos das entidades referidas no artigo anterior vincular-se-ão 
ao orçamento da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, pela 
inclusão: 
I – como receita, salvo disposição legal em contrário, do saldo positivo 
previsto entre os totais das receitas e despesas; 
II – como subvenção econômica, na receita do orçamento da beneficiária, 
salvo disposição legal em contrário, do saldo negativo previsto entre os totais 
das receitas e despesas. § 1º Os investimentos ou inversões financeiras da 
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, realizados por 
intermédio das entidades aludidas no artigo anterior, serão classificados como 
receita de capital destas e despesa de transferência de capital daqueles. § 2º As 
previsões para depreciação serão computadas para efeito de apuração do saldo 
líquido das mencionadas entidades.” A seguir são apresentados os 
procedimentos de registro desses aspectos ligados à contabilidade patrimonial, 
num órgão público, incluindo os recomendados pela STN. Em regra geral, para 
incorporação dos procedimentos da contabilidade patrimonial à Contabilidade 
Pública são empregadas contas de variação patrimonial ativa e passiva extra 
orçamentárias. 
 
5 - Receita Orçamentária X Receita Contábil 
De acordo com os art. 3º e 57 da Lei n. 4.320/64, toda receita arrecadada 
deve ser classificada (e contabilizada) como receita orçamentária, exceto as 
entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro. Esse é o denominado 
regime orçamentário de caixa, também estabelecido pelo art. 35 dessa mesmalei. A receita contábil é reconhecida seguindo o Princípio de Competência 
 
 
18 
estabelecido pelo CFC e pela Teoria Contábil, sendo em síntese identificada no 
momento da prestação de serviços ou da transferência da propriedade de bens 
a terceiros. Ou seja, a receita contábil envolve a incorporação de elementos 
ativos ou o desaparecimento de passivos. 
Em regra geral, para o reconhecimento de uma receita orçamentária é 
necessário apenas que haja arrecadação de recursos financeiros. Essas regras 
fazem com que algumas receitas orçamentárias sejam reconhecidas antes ou 
depois do reconhecimento da receita contábil. Em outros casos, pode haver 
coincidência entre o momento de reconhecimento da receita orçamentária e o 
da receita contábil. Essas explicações podem ser sintetizadas em três casos. No 
primeiro caso, há uma receita contábil que não é receita orçamentária: 
reconhecimento de créditos a receber decorrentes da prestação de serviços 
(faturamento de prestação de serviços). 
Quando há o fato gerador da receita contábil, mas ainda não houve 
recebimento de recursos financeiros (arrecadação). O registro contábil envolve 
apenas uma conta de variação patrimonial: D – Ativo Circulante (créditos a 
receber) C – Acréscimos Patrimoniais (variação ativa extra orçamentária) O 
segundo caso envolve uma receita contábil que também é receita orçamentária: 
prestação de serviços à vista (arrecadação da receita de prestação de serviços 
no mês). Quando no momento da arrecadação há também o fato gerador da 
receita contábil, o registro contábil requer apenas uma conta de variação 
patrimonial: D – Ativo Circulante (bancos ou caixa) C – Receita Orçamentária 
(variação ativa orçamentária) A terceira situação é a que envolve uma receita 
orçamentária que não é receita contábil: realização de operação de crédito 
externa de longo prazo. No momento do recebimento dos recursos financeiros 
não há fato gerador da receita contábil. A escrituração se dá com uso de duas 
contas de variação patrimonial: D – Ativo Circulante (bancos) C – Receita 
Orçamentária (variação ativa orçamentária) D – Mutação Passiva (variação 
passiva orçamentária) C – Passivo Exigível a Longo Prazo (dívida fundada) 
Deve-se ressaltar que há situações em que um embolso financeiro não é receita 
contábil e também não é receita orçamentária: recebimento de cauções em 
dinheiro em garantia de contratos. Não há o fato gerador da receita contábil. 
Mesmo havendo recebimento de recursos financeiros, não há receita 
 
 
19 
orçamentária em razão do que estabelece o parágrafo único do art. 3º da Lei n. 
4.320/64, ao afirmar que não se considera receita orçamentária entradas 
compensatórias no ativo e no passivo financeiro. 
O lançamento contábil não envolve variação patrimonial, mas apenas 
contas financeiras de ativo e passivo circulante: D – Ativo Circulante (bancos) C 
– Passivo Circulante (depósitos de terceiros). 
 
5.1 - Despesa Orçamentária X Despesa Contábil 
Uma despesa é considerada orçamentária quando depende de 
autorização na lei de orçamento ou em créditos adicionais para sua execução, 
que envolve empenho, liquidação e pagamento. Esse é o denominado regime 
orçamentário de competência estabelecido pelo art. 35 da Lei n. 4.320/64. 
A despesa contábil é reconhecida seguindo as melhores técnicas do 
regime de competência, de conformidade com o Princípio de Competência 
estabelecido pelo CFC e pela Teoria Contábil, sendo em síntese identificada no 
momento do consumo de ativos ou da incorporação de passivos. Para o 
reconhecimento de uma despesa orçamentária é necessário que haja a 
liquidação de empenhos, regra usada durante o exercício financeiro. No final do 
ano, empenhos não liquidados também podem ser registrados como despesa. 
Essas regras fazem com que algumas despesas orçamentárias sejam 
reconhecidas antes ou depois do reconhecimento da despesa contábil. 
Em outros casos pode haver coincidência entre o momento de 
reconhecimento da despesa orçamentária e o da despesa contábil. Podemos 
resumir as explicações em três situações. 
A primeira envolve uma despesa orçamentária que é despesa contábil: 
despesa de serviços de energia elétrica. 
No momento da liquidação do empenho há também o fato gerador da 
despesa contábil. O registro contábil requer apenas uma conta de variação 
patrimonial: D – Despesa Orçamentária (variação passiva orçamentária) 
 
 
20 
C – Passivo Circulante 
No segundo caso, há uma despesa contábil que não é despesa 
orçamentária: reconhecimento da depreciação. Há o fato gerador da despesa 
contábil, mas não há liquidação de empenhos. O registro contábil envolve 
apenas uma conta de variação patrimonial: 
D – Decréscimos Patrimoniais (variação passiva extra orçamentária) 
C – Ativo Permanente (depreciação acumulada) 
A terceira situação é a que envolve uma despesa orçamentária que não é 
despesa contábil: despesa de aquisição de bens permanentes. No momento da 
liquidação do empenho não há fato gerador da despesa contábil. A escrituração 
se dá com uso de duas contas de variação patrimonial: 
D – Despesa Orçamentária (variação passiva orçamentária) 
C – Passivo Circulante 
 D – Ativo Permanente 
C – Mutação Ativa (variação ativa orçamentária) 
Ressalte-se que existem operações envolvendo desembolso financeiro 
que não é despesa contábil e também não é despesa orçamentária: devolução 
de cauções em dinheiro. Não há o fato gerador da despesa contábil, nem não há 
liquidação de empenhos. O lançamento contábil não envolve variação 
patrimonial, mas sim apenas contas financeiras de ativo e passivo circulante: D 
– Passivo Circulante (depósitos de terceiros) C – Ativo Circulante (bancos) 
 
5.2 - EXERCÍCIO FINANCEIRO 
Na área empresarial, o período em que se ocorrem as transações 
comerciais, financeiras, industriais etc., é denominado de exercício social. Ele 
tem, geralmente, a duração de um ano, podendo ou não coincidir com o ano 
 
 
21 
calendário, de acordo com o que estabelece o art. 175 da Lei n. 6.404/76, cujo 
texto é transcrito a seguir: 
“Art. 175. O exercício social terá duração de 1 (um) ano e a data do 
término será fixada no estatuto. Parágrafo único. Na constituição da companhia 
e nos casos de alteração estatutária o exercício social poderá ter duração 
diversa.” 
Na Administração Pública, o período em que ocorrem as atividades 
orçamentárias delimita o período em que se desenvolvem as demais atividades: 
financeiras, patrimoniais e contábeis. No Brasil, esse período está definido no 
art. 34 da Lei n. 4.320/64, que estabelece: “O exercício financeiro coincidirá com 
o ano civil”. Sendo assim, o exercício financeiro começa em 1º de janeiro e 
encerra-se em 31 de dezembro de cada ano, fazendo com que haja 
compatibilidade com o princípio da anualidade orçamentária, de forma que 
possam ser elaborados demonstrativos simultâneos sobre a execução 
orçamentária, financeira e patrimonial em uma mesma data, que é o final de cada 
ano. 
Esse e outros aspectos típicos da Contabilidade Pública, os quais 
destacam a sua profunda inter-relação com o orçamento público leva alguns 
autores a afirmarem que a Contabilidade Pública é uma contabilidade 
orçamentária, pois muitos de seus procedimentos são orientados pelas normas 
e conceitos orçamentários. 
 
6 - CAMPO DE APLICAÇÃO 
 O campo de aplicação da Contabilidade Pública pode ser delimitado em 
função do que dispõe a Lei n. 4.320/64, por se tratar da norma responsável pela 
definição de procedimentos contábeis no Setor Público. Conforme preâmbulo da 
Lei n. 4.320/64 que diz: “Estatui normas gerais de Direito Financeiro para 
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos 
Municípios e do Distrito Federal”, a Contabilidade Pública é aplicada nos três 
níveis de Governo: Federal, Estadual, Distrital e Municipal. 
 
 
22 
Em seu Título X, a Lei n. 4.320/64 trata das autarquiase outras entidades, 
compreendidas entre estas as com autonomia financeira e administrativa cujo 
capital pertença, integralmente, ao Poder Público. A leitura dos artigos 107 e 110 
desse Título da Lei n. 4.320/64, a seguir transcritos, permite concluir que também 
faz parte do campo de aplicação da Contabilidade Pública as autarquias e as 
fundações: “Art. 107. As entidades autárquicas ou paraestatais, inclusive de 
previdência social ou investidas de delegação para arrecadação de contribuições 
para fiscais da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal terão 
seus orçamentos aprovados por decreto do Poder Executivo, salvo se disposição 
legal expressa determinar que o sejam pelo Poder Legislativo. Parágrafo único. 
Compreendem-se nesta disposição as empresas com autonomia financeira e 
administrativa cujo capital pertencer, integralmente, ao Poder Público Art. 110. 
Os orçamentos e balanços das entidades já referidas, obedecerão aos padrões 
e normas instituídas por esta lei, ajustados às respectivas peculiaridades.” Dessa 
forma, com base na Lei n. 4.320/64, a estrutura da Administração Pública 
atendida pela Contabilidade é: a. Administração direta: – Governo Federal 
(Ministérios, Secretarias da Presidência da República e órgãos dos demais 
Poderes da União); – Governos Estadual/Distrital/Municipal (Secretarias de 
Governo e órgãos dos demais Poderes). b. Administração indireta: – Autarquias 
e fundações vinculadas aos três níveis de governo, enquanto fazem uso de 
recursos à conta do orçamento público (esferas fiscal e seguridade social). 
Alguns autores acrescentam a essa lista as empresas públicas e as sociedades 
de economia mista quando forem contempladas com recursos dos orçamentos 
fiscal e da seguridade social. Este é o caso do Prof. João Fortes que, em sua 
obra denominada Contabilidade Pública – Teoria e Prática, relaciona entre as 
entidades da administração indireta que usam as normas da Contabilidade 
Pública as sociedades de economia mista “sujeitas ao orçamento fiscal e da 
seguridade social”. Entretanto, Piscitelli, Rosa e Brum (1999, p.21) afirmam que 
as sociedades de economia mista e outras constituídas, segundo as normas de 
Direito Privado, praticam normalmente a Contabilidade Empresarial. Kohama 
(2003, p.47) e Silva (1996, p. 152) não incluem no campo de atuação da 
Contabilidade Pública as fundações e empresas públicas e, também, as 
sociedades de economia mista, limitando-se a citar as entidades de Direito 
Público Interno e respectivas autarquias. 
 
 
23 
Lima e Casto (2003, p. 14) expressam entendimento um pouco diferente 
dos estudiosos já citados, incluindo na área de atuação da Contabilidade Pública, 
além das pessoas jurídicas de Direito Público de âmbito Federal, Estadual e 
Municipal e suas correspondentes autarquias e fundações, as empresas 
públicas que “fizerem emprego de recursos públicos constantes dos orçamentos 
anuais.” Os autores também afirmam que as “entidades privadas que são 
financiadas por contribuições para fiscais, a exemplo das organizações do 
Sistema S (Sesi, Senai, Senac, Senar e similares)” fazem parte do campo de 
atuação da Contabilidade Pública. Não são mencionadas expressamente as 
sociedades de economia mista. Andrade (2002, p. 36) entende que a 
Contabilidade Pública é utilizada pelos três poderes, tanto na administração 
direta, quanto na administração indireta, ressalvando as empresas públicas e 
sociedades de economia mista que, “por suas características especificamente 
comerciais, empregam o que determina a Lei n. 6.404/76”. Slomsky (2003, p. 28) 
também se limita a relacionar no campo de atuação da Contabilidade Pública “as 
pessoas jurídicas de Direito Público Interno – União, Estados, Distrito Federal, 
Municípios, seus fundos, suas autarquias e suas fundações.” 
É evidente a ausência de consenso em relação ao rol de entidades da 
administração indireta que fazem parte do campo de atuação da Contabilidade 
Pública. O entendimento básico é no sentido de que as regras da Lei n. 4.320/64 
atingem as autarquias e as fundações públicas. No tocante à situação das 
empresas públicas e das sociedades de economia mista, deve-se fazer 
referência aos artigos 2º e 50 da Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF. No art. 
2º a LRF estabelece o conceito de empresa estatal dependente, conforme a 
seguir transcrito: “Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se 
como: .... III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do 
ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal 
ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles 
provenientes de aumento de participação acionária; ...” No caput e inciso III do 
art. 50, a LRF dispõe sobre a obrigatoriedade de atendimento de normas de 
Contabilidade Pública por parte das empresas estatais dependentes, conforme 
se observa pela leitura dos trechos destacados a seguir: “Art. 50. Além de 
obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas 
 
 
24 
públicas observará as seguintes: I - a disponibilidade de caixa constará de 
registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa 
obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada; II - a 
despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de 
competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fluxos 
financeiros pelo regime de caixa; III - as demonstrações contábeis 
compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e operações de cada 
órgão, fundo ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional, 
inclusive empresa estatal dependente; ...” Dessa forma, o campo de atuação da 
Contabilidade Pública pode contemplar também as empresas públicas e as 
sociedades de economia mista que estão na condição de empresa estatal 
dependente. Além disso, anualmente, a lei de diretrizes orçamentárias da União, 
dispondo sobre a abrangência dos orçamentos fiscal e da seguridade social, 
reforça esse entendimento de modo indireto ao estabelecer que a execução 
orçamentária e financeira da receita e da despesa das entidades contempladas 
com dotação nos orçamentos fiscal e da seguridade social, deve ser registrada 
na modalidade “total” no Sistema Integrado de Administração Financeira do 
Governo Federal – SIAFI, que é o sistema utilizado pela Contabilidade Pública 
Federal, conforme pode-se entender pela interpretação do texto do caput do art. 
6º da Lei n. 11.768/2008 (LDO para 2009), a seguir transcrito: “Art. 6º. Os 
orçamentos fiscal e da seguridade social compreenderão a programação dos 
Poderes da União, seus fundos, órgãos, autarquias, inclusive especiais, e 
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, bem como das empresas 
públicas, sociedades de economia mista e demais entidades em que a União, 
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto e 
que dela recebam recursos do Tesouro Nacional, devendo a correspondente 
execução orçamentária e financeira, da receita e da despesa, ser registrada na 
modalidade total no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo 
Federal – SIAFI” Há normas da Secretaria do Tesouro Nacional que disciplinam 
procedimentos para registro das receitas e despesas das empresas estatais 
dependentes. A principal norma, que é de aplicação obrigatória no âmbito de 
todos os entes públicos das três esferas (federal, estadual e municipal), é a 
Portaria n. 589/01 que, no parágrafo único de seu art. 4º, obriga as empresas 
estatais dependentes à adoção de toda legislação aplicável às demais entidades 
 
 
25 
constantes do orçamento fiscal e da seguridade social, conforme se observa no 
trecho a seguir: “Art. 4º Os orçamentos fiscal e da seguridade social de cada 
ente da Federação compreenderão a programação dos poderes, órgãos, 
autarquias e fundações instituídase mantidas pelo Poder Público, empresas 
estatais dependentes e demais entidades em que o ente, direta ou indiretamente, 
detenha a maioria do capital social com direito a voto e que dele recebam 
recursos nos termos desta portaria. Parágrafo único. A partir do exercício de 
2003, as empresas estatais dependentes, de que trata esta portaria e para 
efeitos da consolidação nacional das contas públicas, deverão ser incluídas nos 
orçamentos fiscal e da seguridade social observando toda a legislação pertinente 
aplicável às demais entidades.” 
É evidente que as empresas estatais dependentes, por exercerem 
atividades de economia privada, seguem as normas referentes à Contabilidade 
Empresarial, ou seja, a Lei n. 6.404/76, sendo esta considerada sua principal 
norma. Elas não se tornam imunes a impostos pela simples condição de 
dependência financeira do Poder Público, devendo elaborar demonstrativos 
específicos destinados à apuração do resultado do exercício. Porém, também 
devem observância às normas da Lei n. 4.320/64 e outras pertinentes à área 
pública, inserindo-as no campo de atuação da Contabilidade Pública, conforme 
se depreende da leitura das normas já mencionadas. Ressalte-se que as normas 
da Lei n. 6.404/76 são adotadas também pelas entidades públicas, naquilo que 
a legislação específica for omissa. A convivência simultânea e de modo 
harmonioso de normas tão díspares é, obviamente, um problema que cabe à 
Ciência Contábil resolver por meio do desenvolvimento de técnicas avançadas 
que possibilitem envolver num único ambiente misto a Contabilidade Pública e a 
Contabilidade Empresarial. Com a edição da Lei n. 11.107/2005 que dispõe 
sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos, mais uma entidade 
da administração indireta está sujeita às regras da Contabilidade Pública, 
conforme trechos a seguir transcritos: 
“Art. 9º A execução das receitas e despesas do consórcio público deverá 
obedecer às normas de direito financeiro aplicáveis às entidades públicas. 
Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à fiscalização contábil, 
operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as 
 
 
26 
contas do Chefe do Poder Executivo representante legal do consórcio, inclusive 
quanto à legalidade, legitimidade e economicidade das despesas, atos, contratos 
e renúncia de receitas, sem prejuízo do controle externo a ser exercido em razão 
de cada um dos contratos de rateio. Art. 20. O Poder Executivo da União 
regulamentará o disposto nesta Lei, inclusive as normas gerais de contabilidade 
pública que serão observadas pelos consórcios públicos para que sua gestão 
financeira e orçamentária se realize na conformidade dos pressupostos da 
responsabilidade fiscal.” Com a edição das NBCASP, o campo de aplicação da 
Contabilidade Pública passou a ser regulamentado de modo mais específico. 
A Resolução do CFC n. 1.128/2008 é atualmente a norma responsável 
pela definição do universo de entidades que estão abrangidas no campo da 
Contabilidade Pública. A norma se manifesta em seus trechos mais importantes: 
“O campo de aplicação da Contabilidade Aplicada ao Setor Público abrange 
todas as entidades do setor público. As entidades abrangidas pelo campo de 
aplicação devem observar as normas e as técnicas próprias da Contabilidade 
Aplicada ao Setor Público, considerando-se o seguinte escopo: (a) 
integralmente, as entidades governamentais, os serviços sociais e os conselhos 
profissionais; (b) parcialmente, as demais entidades do setor público, para 
garantir procedimentos sufi cientes de prestação de contas e instrumentalização 
do controle social.” Para compreender esse escopo é importante conhecer o 
conceito de entidade do setor público, o qual consta na própria Resolução do 
CFC: “Entidade do Setor Público: órgãos, fundos e pessoas jurídicas de direito 
público ou que, possuindo personalidade jurídica de direito privado, recebam, 
guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos públicos, na execução 
de suas atividades. Equiparam-se, para efeito contábil, as pessoas físicas que 
recebam subvenção, benefício, ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão 
público.” A intenção da norma é ampliar o campo em que atua a Contabilidade 
Pública e sua interpretação permite concluir que devem aplicar integralmente as 
regras da Contabilidade Pública às entidades do setor público que se enquadrem 
como: – unidades da administração direta (casas legislativas, tribunais, 
ministérios, secretarias de governo etc.); – unidades da administração indireta 
(autarquias, fundações e empresas estatais dependentes); – serviços sociais, 
 
 
27 
tais como SENAC, SENAI, SESI etc.; e – conselhos profissionais, tais como: 
CFC, OAB, CRM, CREA etc. 
Aplicam parcialmente as regras da Contabilidade Pública às demais 
entidades que “recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem 
recursos públicos, na execução de suas atividades”, especialmente para fins de 
prestação de contas. Por conta dessa regra, uma entidade beneficente deve 
empregar técnicas contábeis públicas para prestar contas do uso de recursos 
públicos, por meio da elaboração de balanço financeiro e patrimonial, por 
exemplo. A regra também se aplica ao caso de uma pessoa física que use 
recursos públicos no desenvolvimento de pesquisas científicas. Ressalte-se que 
ainda não está definido o alcance da expressão “aplicar parcialmente as regras 
da Contabilidade Pública”, fato que deve ser objeto de orientação por parte dos 
órgãos oficiais. 
Assim a aplicabilidade da Contabilidade Pública deve garantir a lisura das 
contas e a clareza e transparência da sua demonstração. Os balancetes e 
inventários patrimoniais também fazem parte desse escopo devendo esses 
constarem de sua periodicidade de divulgação em órgãos da imprensa oficial e 
publicações afins. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
Referência Bibliográfica 
KOHAMA, Helio. Contabilidade Pública. Teoria e prática. 8.ªedição. São 
Paulo: Atlas, 2001 
 ANGÉLICO, João. Contabilidade Pública. 8ª edição. São Paulo: Atlas, 
1995. 
GIACOMONI, James. Orçamento Público. 5.ª Edição. Sâo Paulo: Atlas, 
1994 
JUND, Sergio. Administração, Orçamento e Contabilidade Pública.Rio de 
Janeiro, Elsevier, 2006.

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