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Batalha Espiritual

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«w
id
e
Coleção Encontro com Cristo
1. Ao Vencedor, 4a ed.
Pe. Alberto L. Gambarini
2. Batalha espiritual, 16a ed.
Pe. Alberto L. Gambarini
3. Em que cremos? Doutrina Católica e Bíblia, 8a ed. 
Pe. Alberto L. Gambarini
Pe. Alberto Luiz Gambarin
BATALHA
ESPIRITUAL
A # « p e Edições Loyola
As citaçOes bíblicas foram tomadas da 
Tradução Ecumênica da B íblia , Edições Loyola 
São Paulo, 1996
Preparação: Renato da Rocha Carlos 
Maurício Balthazar Leal 
R evisão: Maria Helena 
D iagramação: Maurélio Barbosa
Ágape
Caixa Postal 32
06850-970 - Itapecerica da Serra, SP 
© (11) 4666-3988 / 4666-3619 
(D (11) 466-6056
Home page:www.encontrocomcristo.org.br
Edições Loyola
Rua 1822 na 347 - Ipiranga
04216-000 São Paulo, SP
Caixa Postal 42.335 - 04218-970 - São Paulo, SP
© (11) 6914-1922
© ( 1 1 ) 6163-4275
Home page e vendas: www.loyola.com.br 
Editorial: loyola@loyola.com.br 
Vendas: vendas@loyola.com.br
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode 
ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia 
e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de 
dados sem permissão escrita da Editora.
ISBN: 85-15-00836-X
16a edição: fevereiro de 2005
© EDIÇÕES LOYOLA, São Paulo, Brasil, 1996
http://www.encontrocomcristo.org.br
http://www.loyola.com.br
mailto:loyola@loyola.com.br
mailto:vendas@loyola.com.br
*índice
APRESENTAÇÃO............................................................ 9
PRÓLOGO........................................................................ 13
INTRODUÇÃO............................................................... 15
( Iapítulo 1
DESMASCARANDO O INIMIGO............................... 19
Para a Bíblia, quem é o d iabo?..............................20
Como identificar a presença do maligno:
a m entira.................................................................... 22
Campos de batalha................................................. 24
Primeiro campo de batalha: o indivíduo ......... 24
Dimensão no espírito...................................... 25
Dimensão da alma.......................................... 27
Dimensão do corpo: ...................................... 30
Segundo campo de batalha: a Igreja ................ 31
Terceiro campo de batalha: a soc iedade .......... 34
Um testemunho da mentira de Satanás........... 36
Um testemunho de libertação...............................39
Sugestão para uma oração pessoal de
libertação.................................................................... 44
Salmo 91 [90]............................................................ 44
Oração a São Miguel A rcan jo ................................ 45
Oração 4 6
C apítulo II
PLANO DE BATALHA.................................................. 47
C apítulo III
TREINAMENTO PARA A BATALHA.......................... 55
Etapas para o treinam ento..................................... 58
Primeira etapa: entrega real da vida ao senhorio
de Jesus Cristo ....................................................... 58
Segunda etapa: andar na unção do Espírito ... 61 
Terceira etapa: conhecer a Palavra de D eus.... 67
Quarta etapa: a o ra çã o ...................................... 74
Quinta etapa: a Eucaristia ................................. 82
Sexta etapa: a penitência..................................... 87
C apítulo IV
ENTRANDO NA BATALHA......................................... 95
C apítulo V
UM GRANDE PERIGO: A NOVA ERA.................... 103
As crenças da nova era e a Bíblia......................110
Meios de atuação da nova e ra .............................113
A astrologia apresentada como uma ciência 
capaz de ajudar o homem a planejar seu
futuro ................................................................... 114
O uso de determinados objetos para atrair
bons flu idos ........................................................ 115
Outros meios de atuação da nova e ra .............. 116
A difusão de métodos de m editação ou 
relaxamento de influência o r ien ta l..................117
6
C apítulo VI
A NOVA ERA E A IGREJA.......................................... I 21
A nova era na Igreja cató lica ............................. 122
A nova era nas Igrejas evangélicas.................. 124
Como identificar o evangelho da nova era .. 127
C apítulo VII
DMA SEITA DA NOVA ERA: A UNIVERSAL DO 
REINO DE DEUS.......................................................... 133
A origem da universal.......................................... 134
Algumas práticas da universal.............................135
Av correntes de f é ............................................... 135
Entrego de objetos poro atrair sorte..................136
O descarrego com arruda .................................... 138
C apítulo VIII
MARIA SANTÍSSIMA NA BATALHA ESPIRITUAL. 141
C apítulo IX
O MUNDO VAI ACABAR?........................................ 145
1- sinal: fraude espiritual.......................................151
2- sinal: caos político e social.............................. 153
3Q sinal: manifestações da natureza.................. 153
A pêndice I
EXORCISMO................................................................. 157
Contra Satanás e os Anjos Rebeldes................ 1 57
Publicado por ordem de S. S. Leão X III ......... 157
Oração a São Miguel A rcanjo .......................... 157
Exorcism o................................................................ 158
Salmo 6 8(67)........................................................... 158
O ração....................................................................... 161
/
A pêndice II
LIVRAI-NOS DO MAL 1 6 3
Alocução de Paulo VI, na audiência pública
de 15 de novembro de 1 9 7 2 ..............................163
O ensinamento bíblico..........................................164
O inimigo o cu lto .................................................. 168
A ação do dem ônio.............................................. 170
A defesa do cristão................................................ 171
8
Apresentação
Uma obra como Batalha espiritual, do Pe. 
Alberto Gambarini, é sumamente importante em 
nossos dias, pois os livros de espiritualidade e os 
sermões paroquiais guardam perigoso silêncio 
sobre a tentação e, conseqüentemente, sobre a 
ação do mau espírito na vida cristã. Para alguns 
autores e pregadores os nomes de Satanás e do 
demônio não representam senão uma personifi­
cação mítica e funcional, cujo único significado 
seria o de sublinhar de forma dramática o influxo 
do mal e do pecado sobre as pessoas e a sociedade. 
Todavia, entre a negação da existência do demô­
nio e a da tentação existe apenas um passo.
A este respeito, e em sentido oposto, nos 
alegram e impressionam as palavras valentes 
do Papa Paulo VI, que representam a posição 
oficial da Igreja: "O mal não é somente uma 
deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo, 
espiritual, pervertido e pervertedor. Uma terrí­
vel realidade. Misteriosa e pavorosa. Sai do en­
sinamento bíblico e da Igreja quem rejeita a
9
sua existência ou ensina como sendo uma 
pseudo-realidade, ou somente uma maneira 
para explicar as causas do mal... O diabo é 
homicida desde o princípio... pai da mentira, 
como é definido pelo Cristo (cf. Jo 8, 44-45)".
Com efeito a Bíblia, o ensino tradicional 
da Igreja, a experiência dos grandes mestres da 
espiritualidade e da mística descrevem a vida es­
piritual e detectam nela a existência da tentação, 
provocada pelo mau espírito, cuja ação se opõe 
à ação do Bom Espírito e da graça divina. Em 
outras palavras, a vida espiritual é descrita exata­
mente pela luta. Uma luta real, correspondente 
à ação do mau espírito e do Bom Espírito. Ação 
que, aliás, não é fácil de identificar, já que o 
inimigo costuma se disfarçar e esconde a sua 
identidade de pai da mentira.
Graças a Deus, o discernimento espiritual, 
praticado em espiritualidades tão sólidas como 
a beneditina, carmelitana e inaciana, está no 
augeem nossos dias. E alegra-nos, por isso, 
constatar que este excelente livro do Pe. Alberto 
segue a mesma orientação dos grandes mestres 
da espiritualidade e, como eles, não se limita a 
"teorizar", mas "ajuda" concretamente os cris­
tãos de nossos tempos a "discernir" a ação dos 
diversos espíritos que "agitam", como diria 
Loyola, os homens e comunidades que preten­
dem levar a sério a vida espiritual cristã.
É curioso! Para Inácio a luta é inerente à 
vida espiritual. Não existe vida espiritual sem 
luta. E Inácio desconfia daqueles cuja vida trans­
corre em absoluta calmaria, ou seja, daqueles
10
que, por uma parte, não sentem no seu íntimo 
a ação do mau espírito, e que, por outra, são 
incapazes de reconhecer e agradecer a ação do 
Bom Espírito que estimula e orienta todo e 
qualquer progresso na vida espiritual.
Parece-me que prestam um grande servi­
ço a Satanás tanto aqueles que são indiferentes 
e ignoram a ação do mau espírito como aque­
les que atribuem poderes de Deus ao inimigo 
que é uma pura criatura. Infelizmente estas 
pessoas tornam-se incapazes de experimentar a 
infinita e gratificante obra do Espírito Divino 
que, como na criação, também “geme" nos 
nossos corações e não permitirá que sejamos 
tentados acima de nossas forças (cf. ICor 10,13).
Obrigado, Pe. Alberto, por este seu novo 
livro que, de uma maneira prática, orienta a vida 
espiritual de tantos bons cristãos que, impulsio­
nados pela força do Espírito, tentam sair vitori­
osos das muitas batalhas que devem enfrentar 
pessoal e socialmente no mundo de hoje.
Parabéns, Pe. Alberto, por este seu 102 livro, 
cujo lançamento coincide também com os dez 
anos de programação rádio-televisiva do seu pro­
grama evangelizador "Encontro com Cristo".
iC. G alache, SJ* 
j Ediçõ es L oyola
o—
APRESENTAÇAO
"Livrai-nos d o m al" é o que pedimos cons­
tantemente na oração que Jesus nos ensinou.
Sabemos como o problema do mal angustia a 
todas as pessoas de bem. Jesus veio em nosso so­
corro para crucificar, em sua própria carne, todo o 
mal das pessoas que o reconhecem como Salvador. 
Com sua paixão, morte e ressurreição, venceu o 
pecado, o demônio e a morte.
Em Cristo, portanto, toda a nossa confiança e a 
certeza da vitória final! Não existe vitória sem luta.
Este novo livro do Pe. Alberto Gambarini nos 
introduz e nos fortalece na grande Batalha espiritual.
Faço votos que muitos o leiam e, meditando- 
-o, saibam vencer o grande combate.
Consolidai Vossa Vocação!
Bispo Diocesano
Prólogo
Antes de iniciar a leitura deste livro, per­
mitamos que o Senhor libere seu poder em 
nossas vidas. Fechemos os olhos e peçamos que 
Ele venha em nosso socorro, que supra nossa 
incapacidade, nossa limitação humana, e nos 
dê a graça da compreensão de sua Palavra: uma 
compreensão não apenas intelectual, mas tam­
bém, e principalmente, espiritual.
"Inspira-nos, Senhor, a atenção de que preci­
samos para receber a tua Palavra. Ilumina a 
nossa mente, Senhor. Convence o nosso cora­
ção, unge os nossos ouvidos. Que a tua mão 
poderosa, Pai, esteja sobre a nossa vida e 
confirme a Tua unção, para que a tua Pala­
vra, como luz de nossos passos, traga a nossas 
vidas as bênçãos de que necessitamos. Em 
nome de Jesus, amém."
P e . A l b e r t o L u iz G a m ba r in i
13
ük.
Introdução
Este livro fala de um dos temas mais atuais 
para o cristianismo: a batalha espiritual. Falar deste 
tema significa entrar na dimensão dos poderes 
das trevas. Não estamos diante de algo fácil. Há 
sempre o perigo de cair no engano de desprezar 
a presença de Satanás e seus demônios, ou conce­
der exagerada importância a sua influência na 
vida dos homens.
A Palavra de Deus nos alerta: a vida cristã 
autêntica não é algo pequeno. Para alcançá-la é 
necessário exercitar o poder espiritual recebido 
em Jesus Cristo. Aqueles que descuidam do trei­
namento para a batalha, mais cedo ou mais tar­
de, caem derrotados diante da vida. Todo cristão 
deve viver como um soldado de Cristo, manten­
do uma disciplina apropriada e uma firmeza de 
propósito conveniente.
Tendo entendido esta primeira verdade, 
é necessário definir: o que é batalha espiritual? 
Trata-se de reconhecer que, a partir da queda
15
de Lúcifer, anjo mau que originou o mal, e por 
meio do pecado de nossos primeiros pais, co­
meçou um conflito que dura desde sempre.
Este início da batalha espiritual está reve­
lado em Gn 3,15: "Porei hostilidade entre ti 
e a mulher, entre a tua descendência e a 
descendência dela. Esta te atingirá a cabeça, 
e tu lhe atingirás o calcanhar". Sendo Sata­
nás e seus demônios expulsos do céu, o comba­
te passou a ser travado na terra: "Foi precipi­
tado o grande dragão, a antiga serpente, 
aquele a quem chamam Diabo e Satanás, o 
sedutor do mundo inteiro. Ele foi precipita­
do à terra, seus anjos com ele" (Ap 12,9).
A Escritura é clara quanto ao confronto do 
Reino de Deus e o império das trevas: "Ele (Deus) 
nos arrancou ao poder das trevas e nos trans­
feriu para o reino do Filho do seu amor". (Cl 
1,13). Também somos alertados: "Pois não é o 
homem que afrontamos, mas as Autoridades, 
os Poderes, os Dominadores deste mundo de 
trevas, os espíritos do mal que estão nos céus 
(Ef 6,12).
A estratégia de Satanás é tentar, por todos 
os meios, impedir os homens de viverem como 
verdadeiros habitantes do Reino de Deus. Pode­
mos identificar esta ação destruidora pelos gra­
ves acontecimentos dos dias atuais: destruição 
da família, aumento da pornografia, expansão 
das drogas, guerras, violência urbana, corrupção 
política, a injustiça social, a confusão religiosa 
causada pelo crescimento de seitas pseudocristãs
16
e pela onda de esoterismo influenciada pela 
nova era.
E o mais grave é constatar esta ameaça 
invadindo a própria Igreja. Em 15 de novem­
bro de 1972, o Papa Paulo VI, em sua alocução 
intitulada "Livrai-nos do mal", afirmava: "...a 
fumaça de Satanás penetrou no Templo de Deus 
por alguma brecha".
Existe uma batalha acontecendo. Cada um 
de nós é chamado a ocupar o seu lugar de sen­
tinela e guerreiro do Senhor. Cabe a cada cristão 
ter consciência da gravidade desta batalha, e ao 
mesmo tempo saber discernir as artimanhas do 
inimigo, para saber combatê-lo eficazmente.
C apítulo 1
Desmascarando 
o inimigo
Todo despertar espiritual autêntico leva a 
um confronto com as potências das trevas. 
Nesta visão, o cristão é alguém que está em 
batalha para deter o avanço do perverso inimi­
go da obra de Deus: Satanás.
Mais do que em outros tempos, torna-se 
necessário reconhecer quem é este inimigo per­
verso, e aprender a não permitir que ele nos 
engane quanto ao seu poder. Em teoria, a maio­
ria dos cristãos crê que não existe poder igual 
ao do nosso grande e poderoso Deus. Todavia, 
na prática, um bom número desses mesmos 
cristãos reage como se o diabo fosse um deus 
mau lutando contra o Deus bom. Muitos vi­
vem um cristianismo feito de medos ou, o mais 
grave, cheio de superstições, no qual em tudo 
se vê a presença do maligno.
19
O cristianismo sadio tem presente a rea­
lidade de Satanás e seus demônios, sem contu­
do se deixar intimidar. Ser cristão é viver a 
certeza revelada em ljo 4,4: " ...o que está no 
meio de vós é maior que aquele que está no 
mundo".
PARA A BÍBLIA, QUEM É O DIABO?
A Sagrada Escritura faz questão de revelar 
com todas as letras que o diabo não possui 
poder igual ou semelhante a Deus. Afinal, ele 
não passa de uma criatura de Deus: "A serpen­
te era o mais astuto de todos os animais do 
campo que o senhor Deus havia feito..." (Gn 
3,1). Sua posição é abaixo de Deus. Ele necessi­
ta de permissão para agir conforme o testemu­
nho da história de Jó: "então o Senhor disse 
ao Adversário: 'Seja assim! Todos os seus bens 
estão em teu poder. Só não estendas tua mão 
contra ele'. E o Adversário retirou-se da pre­
sença do senhor" (Jó 1,12).
Somos informados de que Satanás era um 
anjo de luz, chamado Lúcifer, que se rebelou 
contra Deus: "Eras um querubim cintilante, 
o protetor que euhavia estabelecido; estavas 
sobre a montanha santa de Deus, ias e vinhas 
no meio das brasas ardentes. Tua conduta 
foi perfeita desde o dia de tua criação, até 
que se descobriu em ti a perversidade: pela 
amplidão do teu comércio, te encheste de 
violência e pecaste. Coloco-te, pois, na cate­
goria do profano, longe do monte de Deus,
20
vou expulsar-te, querubim protetor, do meio 
das brasas ardentes" (Ez 28,14-16).
Não tendo poder para enfrentar a Deus, 
ele tenta atingir o plano divino atacando o 
homem: "Ora, Deus criou o homem para ser 
incorruptível e o fez imagem daquilo que 
lhe é próprio. Mas, pela inveja do diabo a 
morte entrou no mundo e a experimentam 
os que são do seu partido" (Sb 2,23-24). Deste 
modo, a Bíblia faz questão de destacar que 
Satanás é o "príncipe deste mundo" Qo 14,30) 
e o príncipe das potestades do ar, do espírito 
que agora atua nos rebeldes.
O papa Paulo VI, na audiência geral de 
15 de novembro de 1972, diante da posição de 
alguns em duvidar da existência do diabo, 
apresentou a posição oficial da Igreja: "...O mal 
não é somente uma deficiência, mas uma 
eficiência, um ser vivo, espiritual, pervertido 
e pervertedor. Uma terrível realidade. Miste­
riosa e pavorosa. Sai do ensinamento bíblico 
e da Igreja quem rejeita sua existência... ou 
ensina como sendo uma pseudo-realidade, 
ou somente uma maneira para explicar as 
causas do mal... O diabo é homicida desde o 
princípio... pai da mentira, como é definido 
pelo Cristo (cf. Jo 8,44-45)".
De acordo com o ensinamento bíblico c 
a doutrina da Igreja, devemos crer que o diabo 
(o caluniador), ou Satanás (adversário), 6 um 
ser pessoal, invisível, incorpóreo, dotado de 
conhecimento e liberdade.
I
I
COMO IDENTIFICAR A PRESENÇA DO 
MALIGNO: A MENTIRA
O príncipe das trevas manifesta-se ao ho­
mem principalmente por meio da mentira. Esta 
foi, desde o início da criação, a sua estratégia. 
No paraíso, levou os nossos primeiros pais a 
duvidarem da Palavra dada por Deus. Para al­
cançar este objetivo primeiro tentou distorcer 
uma ordem de Deus: "Deus vos disse real­
mente: 'Não comereis de todas as árvores do 
jardim'"? (Gn 3,1). Em seguida, despertou a 
curiosidade, com a finalidade de fazer a mu­
lher crer que existia um certo exagero no man­
damento divino: "A mulher viu que a árvore 
era boa de comer, sedutora de se olhar, pre­
ciosa para agir com clarividência. Apanhou 
um fruto e dele comeu, deu-o também a seu 
homem que estava com ela, e ele comeu" 
(Gn 3,6).
O pano de fundo da mentira do diabo 
era a falsa impressão de que, desobedecendo à 
ordem divina, o homem seria igual a Deus: "É 
que Deus sabe que, no dia em que dele co­
merdes, vossos olhos se abrirão e sereis como 
deuses, possuindo o conhecimento do que 
seja bom ou mau" (Gn 3,5). Esta ainda é a 
insinuação mentirosa do maligno, que leva o 
homem a se rebelar contra as verdades bíblicas 
e buscar em tantos outros caminhos a igualda­
de com Deus.
Os caminhos desse afastamento são os 
mais diferentes: muitos decretam a morte de
22
Deus e constroem suas vidas confiando somente 
naquilo que é possível ver ou explicar pelo co­
nhecimento humano. Tantos outros fascinam- 
-se pela busca de conhecimento em filosofias 
ou doutrinas religiosas de conteúdo completa­
mente diferente da mensagem cristã, como por 
exemplo toda a onda de misticismo divulgada 
pela nova era.
O mais triste é observar que a mentira de 
Satanás está entrando nas fileiras da Igreja, le­
vando os seus membros a práticas estranhas à 
fé cristã, ou ainda, criando um espírito de rebe­
lião, a ponto de quebrar a comunhão desejada 
pelo Senhor Jesus: "...para que eles cheguem 
à unidade perfeita e, assim, o mundo possa 
conhecer que tu me enviaste e os amaste 
como tu me amaste" (Jo 17,23). Quantos cris­
tãos estão sendo inchados pelo mesmo orgu­
lho que levou Lúcifer, astro de luz, a se rebelar 
contra Deus! E esta nova rebelião evidencia-se 
ou pelo confronto dentro da Igreja, ou pelo 
crescimento de tantas seitas, em sua grande 
maioria nascidas de desentendimentos entre 
cristãos.
O sinal da mentira do diabo dentro da Igreja 
é a desunião. Se, em nome do evangelho, usa­
mos a calúnia em uma tentativa de destruir o 
oponente, revelamos não estar na verdade. O 
risco é tentar justificar a destruição que quere­
mos levar aos que julgamos ser nossos inimigos. 
Quando a nossa defesa em nome de Deus que­
bra o corpo de Cristo, não estamos mais na ver­
dade de Deus.
É preciso sempre estar atentos para des­
cobrir se, por meio de nossas palavras e atitu­
des, não estamos sendo agentes do inimigo. 
Quando perseguido, um líder, sem que tenha 
consciência, pode passar a defender as suas 
idéias e não os valores do Reino. Os piores 
conselheiros são as emoções feridas. A mágoa 
ou a incompreensão levam irmão a ficar con­
tra irmão. Este é o momento em que se abre a 
brecha para que o inimigo nos leve à rebelião.
CAMPOS DE BATALHA
Primeiro campo de batalha: o indivíduo
O primeiro território que o inimigo dese­
ja alcançar é a nossa mente, olhos e coração. A 
armadilha continua sendo a mesma: os nossos 
sentidos (cf. Gn 3,6). Jamais seremos soldados 
vencedores na batalha espiritual se primeiro 
não estivermos em condições de enfrentar e 
desmascarar o inimigo em nossa própria vida. 
Isto significa que podemos incorrer no engano 
de identificar o inimigo na vida dos outros, 
na sociedade, sem que tenhamos consciên­
cia do combate que está acontecendo dentro 
de nós.
É fundamental buscar e manter a integri­
dade de nosso ser (espírito, alma e corpo). Para 
lutar contra o inimigo, devemos buscar a saú­
de espiritual, emocional e física. Satanás derru­
ba os soldados de Cristo por meio de uma destas
24
dimensões do nosso ser. Seguir a Cristo exige 
dedicação e disciplina.
D im e n sã o d o e sp ír it o
A partir de nossa decisão de seguir a Cristo, 
o nosso espírito é despertado pelo Espírito Santo. 
Uma das imagens fortes do Espírito Santo é o 
fogo, que nos ajuda a entender: para se manter 
acesa, uma fogueira necessita de lenha.
A vida espiritual sadia necessita primeiro 
da lenha da Palavra de Deus, "a fim de que o 
homem de Deus seja perfeito, qualificado 
para qualquer obra boa" (2Tm 3,17). A inti­
midade com a Bíblia dá à fé a segurança para 
enfrentar o inimigo.
Foi com a Palavra de Deus na mente, co­
ração e lábios que Jesus enfrentou e venceu o 
diabo nas tentações do deserto. Nestas três ten­
tações estão resumidas as formas como o inimi­
go procura nos levar para longe de Deus.
Na tentação de transformar o dinheiro 
ou o prazer na meta principal da vida, a resposta 
do Senhor foi: "Não só de pão viverá o ho­
mem" (Lc 4,4).
Diante da tentação de possuir poder para 
dispor da vida conforme a própria vontade Jesus 
repreendeu o diabo dizendo: "Adorarás ao 
Senhor, teu Deus, e a ele só prestarás culto" 
(Lc 4,8). O risco nesta tentação é não mais 
saber qual o limite entre a nossa vontade e a
25
de Deus. Nessa perspectiva, há o perigo de con­
fundir a nossa vontade com a de Deus. Nessa 
confusão, para nos convencer mais tarde da 
inutilidade de Deus, o diabo cria doutrinas 
que dão a ilusão de podermos obrigar Deus a 
fazer o que desejamos. Proceder desse modo 
significa trocar Deus pelo eu, afastar-nos Dele.
Outro ardil pelo qual o maligno tenta der­
rubar o cristão é a tentação da busca de manifes­
tações extraordinárias: sinais, prodígios e mila­
gres. Satanás é o maior especialista em fazer o 
charlatanismo parecer milagre autêntico. O fato 
de existirem curas ou milagres não dá a com­
provação da presença de Deus. Quem dá o dis­
cernimento para não ser enganado é a Palavra 
de Deus: "De fato, viva é a palavra de 
Deus, eficaz e mais incisiva do que qualquer 
espada de dois gumes. Ela penetra até divi­
dir a alma do espírito, as articulações das 
medulas. Ela julga as intenções e os pensa­
mentos do coração". (Hb 4,12). A ocorrência 
de sinais extraordinários não pode desviar a 
nossa atenção da fonte dos milagres, pois a gló­
ria não pertence ahomens ou a qualquer outra 
criatura. Diante desta tentação, prontamente 
Jesus repreendeu o diabo: "Está escrito: não 
porás à prova o Senhor, teu Deus" (Lc 4,12).
Somado ao alimento da Palavra, necessi­
tamos da união com a Igreja e da graça dos 
sacramentos.
A comunhão com a Igreja é que dá a 
certeza de estarmos com Jesus, pois ela faz
26
parte de seu plano de salvação para as nossas 
vidas. Por meio dela somos cobertos da pro­
teção contra as forças do inimigo: " ...e a Po­
tência da morte não terá força contra ela" 
(Mt 16,18).
Os sacramentos são os canais deixados 
por Jesus Cristo para comunicar o Seu poder a 
nós. Pelo batismo, recebemos o Espírito Santo, 
tornando-nos filhos de Deus, discípulos de 
Cristo e membros da Igreja. A crisma capacita- 
nos para o testemunho público de nossa fé. A 
Eucaristia nos dá privilégio da intimidade com 
Cristo, renova os efeitos do sacrifício da cruz e 
concede-nos todo o auxílio divino para uma 
vida de vitória. A reconciliação cura-nos da 
doença do pecado. O matrimônio sustenta a 
união do homem e da mulher com o amor de 
Deus. A unção dos enfermos devolve a saúde 
do espírito, alma e corpo. E o sacramento da 
ordem revela que o Senhor da messe continua 
a convocar pessoas para cuidar com zelo do 
Seu povo.
D im e n s ã o d a alm a
As nossas emoções são um dos canais 
preferidos por Satanás para nos derrubar e tirar 
o poder espiritual. Uma das armadilhas mais 
fortes do demônio é fazer os cristãos não se­
rem capazes de reconhecer os próprios erros. 
Trata-se do engano da falsa santidade: "Eu rezo, 
jejuo, leio a Bíblia. Portanto os outros é que 
estão errados". A armadilha de Satanás é fazer-
27
-nos vestir a roupa dos fariseus. O caminho para 
não cair neste engano é jamais perder a cons­
ciência da nossa limitação humana.
Aquele que deseja ser soldado de Cristo, 
deve estar atento ao que guarda em seu cora­
ção. A falta de perdão, a inveja, o ciúme, a 
vingança ou a cobiça desmedida por bens ma­
teriais são como a erva daninha em uma plan­
tação. A Escritura nos previne: "Velai por que 
ninguém venha a subtrair-se à graça de Deus; 
nenhuma raiz amarga ponha-se a brotar, a 
causar perturbação e, assim, a infeccionar a 
comunidade" (Hb 12,15).
Como Jesus tem sofrido! Às vezes, passa­
mos uma vida inteira preocupados com o que 
os outros dizem de nós; ficamos entretidos com 
as nossas rusgas; destilamos mágoas; às vezes, 
Satanás nos distrai fazendo-nos acreditar em 
fofocas, levando-nos a tomar partido na comu­
nidade e a brigar entre nós... e o mundo se 
perde!
De modo especial, quero falar aos jovens, 
que são um dos alvos preferidos de Satanás. Pelos 
mais diferentes modos, o Maligno tem levado a 
juventude à destruição. Há ídolos da música que 
com suas letras incentivam o uso errado do 
sexo, dos tóxicos, a rebelião contra tudo. Ao ou­
vir músicas que sacodem e desequilibram o cor­
po, muitos jovens estão se contaminando sem 
saber. Há algum tempo, me levantei de madru­
gada, liguei a televisão e vi uns loucos chacoa­
lhando a cabeça e balançando o cabelo em um
28
programa cristão. Um deles berrava, não canta­
va. A música cristã não pode reproduzir os mol­
des do mundo; ela tem de elevar nosso coração 
a Deus, abri-lo para a alegria, a meditação, a 
adoração e louvor! Você talvez diga: "Esse pa­
dre é muito careta!" Não. Nós cantamos músi­
cas alegres na Igreja. Mas ao fazer isso não repro­
duzimos os moldes do mundo. Temos de to­
mar muito cuidado, porque o Maligno, infeliz­
mente, tem entrado com sua fumaça dentro da 
Igreja.
Os jovens devem estar atentos, porque 
Satanás deseja plantar a insatisfação em seus 
corações. Hoje em dia, quase todos têm um amigo 
que se viciou em drogas; e, no futuro, talvez 
quase todos terão um parente ou amigo com 
a id s . A insatisfação leva o jovem ao tóxico, ao 
alcoolismo, ao suicídio...
Não podemos nos esquecer dos casados. 
A família está sendo atacada pelas forças do 
inferno. Esse ataque começa pela perda dos va­
lores familiares, passa pelo incentivo ao adulté­
rio e termina na desunião de seus integrantes. 
Quantos, hoje em dia, acham que não há mal 
nenhum em "pular a cerca"! Na televisão, ou­
vimos artistas dizendo: "Se minha esposa sen­
tir atração por alguém e quiser ter algo com 
essa pessoa, eu não vou me importar, porque 
faço o mesmo. Vamos continuar morando em­
baixo do mesmo teto, porque somos um casal 
moderno". Isso é quebrar o padrão de Deus 
para a família! O homem e a mulher abençoa­
dos por Deus foram feitos um para o outro, até
29
que a morte os separe! Existem, é claro — e a 
Igreja sabe disso —, alguns casos em que ocor­
re a separação. Mas isso são exceções, e não a 
regra. Certa vez, ouvi uma jovem dizer ao 
noivo: "Vamos casar!" E o rapaz respondeu: 
"Ah, casar, não, mas se você quiser uma lua- 
-de-mel...". Você que é jovem tome muito cui­
dado, porque o diabo conhece seu ponto fraco!
Sabemos que muitos homens casados di­
zem que não o são. Todos os casados, homem 
ou mulher, têm de usar aliança. E hão adianta 
usar o pretexto: "Engordei, ela já não serve..."; 
basta comprar outra e levar para o padre ben­
zer. Mostre que você é casado para defender-se 
do adultério! Mostre que não tem vergonha de 
reconhecer que diante do altar seu amor foi 
consagrado a Deus e Ele lhe dará a graça de 
perseverar em sua união! Quando não temos 
famílias unidas, mais facilmente destruímos 
a sociedade. Noventa e nove por cento daque­
las pessoas que estupram, assaltam ou são vio­
lentas vêm de lares desfeitos. É a família que 
mantém a sociedade sadia, e ela vem de Deus.
D im e n sã o d o c o r p o :
Não podemos descuidar de nossa saúde 
física. Há pessoas que falam: "Depois que entrei 
na Igreja, deixei de praticar esporte". Isso está 
errado. É claro que, se depois da partida de 
futebol, o pessoal vai "encher a cara", você não 
deve mesmo participar do jogo, porque isso 
não é sadio. Mas é importante cuidar do cor­
30
po: "Corpo sadio é mente sadia". Se o seu corpo 
não funciona direito, sua emoção será enfra­
quecida e sua oração também não terá poder. 
Além de praticar algum esporte, deve-se estar 
atento ao ritmo do sono, para não abusar do 
corpo. Durma as horas necessárias, não seja 
dorminhoco: dormir quinze horas por dia tam­
bém faz mal. A medicina diz que oito horas 
são suficientes. E antes de dormir, em vez de 
ficar assistindo à televisão, leia um versículo 
bíblico. Esse vai ser o melhor remédio para um 
sono santo.
Este é o passo inicial para ser um guerrei­
ro valoroso no combate espiritual contra o 
exército das trevas.
Segundo campo de batalha: a Igreja
Outra batalha é aquela que se trava con­
tra a Igreja. No Sínodo dos Bispos de 1985, foi 
dito: "Não podemos negar a existência, na 
sociedade, de forças que agem com certo espí­
rito hostil em relação à Igreja. Todas essas coi­
sas manifestam a obra do príncipe deste mun­
do e do mistério da iniqüidade em nossos dias".
Por que a Igreja é um dos alvos preferidos 
de Satanás? Em primeiro lugar, porque foi fun­
dada por Jesus Cristo. Sua origem é santa, e 
por isso as trevas tentam derrubá-la de todos 
os modos. Ela é o lugar onde estão os salvos, 
os que não desejam mais viver nas trevas. Ela 
é necessária para a nossa salvação. Afinal, se­
31
gundo Efésios 5,25, “Cristo amou a Igreja e se 
entregou por ela".
Satanás tenta desacreditar a Igreja, tornan­
do-a desnecessária. Há algum tempo, em uma 
viagem à Europa, passei por uma praça e algu­
mas pessoas se aproximaram para falar de Jesus. 
Então lhes perguntei de que grupo elas eram, 
e me responderam: "Nós não somos de Igreja 
nenhuma”. Insisti na pergunta, e a resposta 
não se alterou: "Nós só temos Jesus e a Palavra 
de Deus". Então comecei a mostrar-lhes, na Bí­
blia, todas as passagens que revelavam a im­
portância da Igreja. Elas então perguntaram o 
que eu fazia, e quando descobriram que era 
padre disseram: "Poxa! Tanta gente a quem pre­
gar a Palavra de Deus e tínhamos de topar logo 
com um padre!".
Satanás tem enganadoa muitos dizendo: 
“Basta ter Jesus". Mas ninguém pode ter a Jesus 
se não tem a Igreja. Quando fez o chamado a 
Pedro, Jesus disse: "Tu és Pedro e sobre esta 
pedra edificarei a minha Igreja". E em Atos 
dos Apóstolos, o primeiro livro da história da 
Igreja, lemos que todos aqueles que aceitavam 
Jesus e recebiam o Espírito Santo passavam a 
fazer parte da Igreja (cf. At 2,41-47). Portanto, 
a Igreja é necessária para a nossa salvação. É 
ela que nos protege contra as portas do infer­
no: "...e a Potência da morte não terá força 
contra ela" (Mt 16,18).
Quando o papa João Paulo II, na confe­
rência do Cairo, combateu com coragem o abor-
32
to, condenando-o como pecado, os jornais, a 
rádio, a televisão tentaram diminuir a palavra 
do Papa. Mas ainda assim, por meio do docu­
mento do Cairo, o Vaticano conseguiu impedir 
que a vida fosse destruída. Os Estados Unidos, 
a maior potência da terra, tiveram de se dobrar 
ao Vaticano, o menor Estado do mundo, com 
apenas mil habitantes: um Estado que não tem 
exército, mas tem o poder de Deus.
Neste espírito de ataque à Igreja, o Malig­
no procura atingir aqueles que têm a responsa­
bilidade de pastorear o povo de Deus: o papa, 
bispos e sacerdotes. Nunca foram feitos tantos 
ataques ao clero. O inimigo tenta desmoralizar 
os consagrados do Senhor, com calúnia, des­
confiança, e levar o rebanho à rebeldia, pois o 
demônio sabe que uma Igreja desunida não pode 
subsistir.
O grande chamado do Senhor em nossos 
dias, reforçado nas aparições de Nossa Senhora 
nestes dois séculos, é para que tenhamos um 
amor todo especial pelo papa, pelos bispos e 
padres, e de modo particular por aqueles pa­
dres que dirigem a nossa paróquia. O padre de 
sua paróquia não precisa ser carismático. Ele 
é um escolhido do Senhor, e se orar por ele, 
e não estiver no meio daqueles que o criti­
cam, Deus reconhecerá isso. Todos os dias, 
rezemos pela Igreja, pela santificação do clero, 
para que Deus desperte vocações santas. Esta­
mos precisando de oradores repletos do Espíri­
to Santo.
33
Outro meio de ataque de Satanás consiste 
em nos levar a duvidar da doutrina da Igreja. 
Existe o perigo de nos deixar fascinar, enganar 
e iludir por questionamentos às verdades da 
nossa Igreja, recebidas desde a origem do cristia­
nismo. Tais verdades, nós as recebemos de Jesus, 
por meio dos apóstolos. O apóstolo Paulo, em 
Tito 3,9-10, diz: "Mas as vãs pesquisas, as ge­
nealogias, as disputas, as controvérsias acerca 
da Lei, evita-as: são inúteis e vãs. Se alguém 
for herético, afasta-o depois de uma primeira 
e uma segunda advertência". Se você está assis­
tindo a um programa que fala mal da doutrina 
de sua Igreja, fuja dele. Em vez de aceitar sem 
mais nem menos as críticas, estude os funda­
mentos de nossa fé católica.
O príncipe das trevas deseja estabelecer o 
caos espiritual pela confusão de doutrinas com 
aparência cristã. Mas a Igreja criada pelo Espí­
rito Santo persevera na "doutrina dos apósto­
los..." (cf. At 2,42), não se deixa levar pelo 
sabor de novidades.
Terceiro campo de batalha: a sociedade
O terceiro campo de batalha é aquele que 
é travado na sociedade. A maldade de Satanás 
se infiltra por agentes humanos e pelas diver­
sas instituições sociais. Por detrás das causas da 
miséria, guerras, corrupção, imoralidade, expan­
são das drogas... está também a influência per­
34
niciosa de Satanás. Não se trata de tirar a res­
ponsabilidade do homem, mas ter presente a 
perigosa estratégia de destruição do inimigo 
contra a obra de Deus.
A batalha espiritual não é travada somente 
contra pessoas individuais. O plano do diabo tem 
como objetivo influenciar indivíduos que atuam 
nos diversos níveis da sociedade. Ele, em nome 
da liberdade, leva à contestação dos valores cris­
tãos, tentando apresentá-los como ultrapassados. 
Por outro lado, afrouxa as consciências para que 
percam a noção de verdade e mentira, honesti­
dade e desonestidade. Ele usa as pessoas, des- 
truindo-as em todos os sentidos, com a finalida­
de de desestruturar a sociedade e afastá-la dos 
valores de Deus.
Nesse sentido, o diabo pode se servir de 
pessoas bem-intencionadas, todavia carentes de 
uma experiência de Deus, para alcançar seus 
objetivos. Estas pessoas nem sempre têm cons­
ciência de estar lutando contra Deus. Na maio­
ria dos casos, sempre imaginam estar buscando 
o bem da humanidade.
O discípulo de Cristo precisa estar sem­
pre atento para que o espírito do mundo não 
o afaste do Senhor. Toda a atenção se faz ne­
cessária, pois o inimigo não dá trégua. "Sabe­
mos que todo aquele que nasceu de Deus 
não peca mais, mas o Gerado por Deus o 
guarda, e o Maligno não tem como apanhá- 
-lo” (ljo 5,18).
35
UM TESTEMUNHO DA MENTIRA 
DE SATANÁS
Em 1978 comecei meu trabalho pastoral 
na Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, em 
Itapecerica da Serra, um município da Grande 
São Paulo. Nessa ocasião, eu ainda não era pa­
dre, havia acabado de ser ordenado diácono. 
Com a idade de 23 anos, de repente fui posto 
diante da responsabilidade de pastorear um 
rebanho em nome do Senhor.
Desde o início de meu ministério nessa 
querida paróquia, senti um chamado a entrar 
em guerra contra as forças do exército do ini­
migo de Deus. Alguns meses após a minha 
posse, comecei a conscientizar o povo das for­
mas como o diabo se infiltrava para trazer des­
truição aos homens.
A linha mestra da pregação neste período 
foram alguns textos da Sagrada Escritura que 
esclareciam os malefícios dos cultos onde se 
invocam e consultam espíritos. Em minha ci­
dade, como na maioria do Brasil, existe (ouso 
dizer que agora em minha paróquia quase não) 
uma grande influência do espiritismo kardecis- 
ta (alto espiritismo ou mesa branca) e dos afro- 
-brasileiros (baixo espiritismo: umbanda, quim- 
banda, candomblé...). Por isso minha pregação 
causou tamanho impacto.
Os textos bíblicos mais usados naquele 
início de uma nova evangelização foram:
36
"Não pratiqueis a adivinhação; não a 
procureis, pois tornar-vos-ia impuros. Eu sou 
o Senhor, vosso Deus" (Lv 19,31).
"Aquele que se prostituir praticando a 
adivinhação, eu me voltarei contra ele e o 
cortarei do meio do seu povo" (Lv 20,6).
"Não haverá no meio de ti ninguém que 
faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, 
que interrogue os oráculos, pratique sorti­
légios, magia, encantamentos, enfeitiçamen- 
tos, recorra à adivinhação ou consulte os 
mortos. Todo homem que assim proceder é 
uma abominação para o Senhor, e é por 
causa de tais abominações que o Senhor, 
teu Deus, desapossa as nações diante de ti" 
(Dt 18,10-12).
"E como o destino dos homens é mor­
rer uma só vez — após o que vem o julga­
m ento..." (Hb 9,27).
A primeira reação veio de dentro da pró­
pria Igreja, afinal muitos (é triste ter de admi­
tir) participavam da missa aos domingos, esta­
vam ligados a algum trabalho da paróquia e, 
ao mesmo tempo, freqüentavam com tranqüi- 
lidade lugares contrários aos ensinamentos bí­
blicos. Dentre esses, alguns preferiram afastar- 
-se da Igreja ou freqüentar uma paróquia onde 
não fossem questionados quanto ao erro das 
suas crenças.
A segunda frente de batalha do inimigo 
veio daqueles que não eram da Igreja, mas esta-
37
vam ligados ao espiritismo ou aos cultos afro. As 
armas foram as mais diferentes: as tentativas de 
desacreditar nosso trabalho com calúnias ou 
ameaças de toda ordem, abaixo-assinados para 
minha remoção da paróquia e, inclusive, traba­
lhos de macumba despachados na porta da ma­
triz e da casa paroquial.
Todavia, nem a atitude de repulsa vinda 
de dentro da Igreja nem a reação externa al­
cançaram a finalidade de impedir o avanço da 
obra de Deus. Afinal, não existe poder igual ao 
do nosso Deus. Ele, e somente Ele, tem em 
suas mãos todo poder do céu e da terra. Quem 
combate com o Senhor dos Exércitos possui a 
Sua promessa: "Os que esperam em mim não 
ficarão envergonhados" (Is 49,23b).
Desde o início da nossa difícil tarefa, o 
Senhor havia dado a convicção de que estava 
se abrindo uma grandefrente de batalha, a 
começar pela paróquia, que representava ape­
nas o ponto de partida.
No começo dessa trajetória espiritual, não 
havia ainda entendido claramente toda a am­
plitude da obra para a qual estava sendo pre­
parado. Imaginava tratar-se somente de um tra­
balho normal de evangelização em uma pa­
róquia.
Enquanto escrevo este pequeno histórico, 
próximo do dia 20 de outubro de 1996, ocasião 
em que serão celebrados os dez anos de progra­
mação de rádio e televisão, vem a minha mente 
a visão daquilo que humanamente eu jamais seria
3 8
capaz de realizar: o alvo do Senhor era ser glori- 
ficado pelos meios de comunicação.
Não se trata de falsa modéstia, e sim do 
reconhecimento do que faço dentro de minhas 
limitações, que são muitas. Como o apóstolo 
Paulo declaro: "Por isso farei consistir meu 
orgulho antes em minhas fraquezas, a fim 
de que pouse sobre mim o poder do Cristo." 
(2Cor 12,9b). Espero em Deus um dia poder 
escrever toda a história dessa missão que um dia 
me foi confiada pelo chamado de Deus.
Este breve histórico de uma das dimen­
sões de nosso trabalho de evangelização tem 
por finalidade introduzir um testemunho de 
como Jesus Cristo libertou um membro de 
minha paróquia das mentiras do Maligno.
UM TESTEMUNHO DE LIBERTAÇÃO
"Eis os sinais que acompanharão os 
que houverem crido: em meu nome, expul­
sarão os demônios, falarão novas línguas..."
(Mc 16,17).
Este testemunho esclarece a realidade ter­
rível da destruição lançada pelo diabo na vida 
daqueles que se envolvem com as suas práti­
cas. Ao mesmo tempo, fica desmascarada a 
mentira de que o diabo tem um poder igual ou 
semelhante ao de Deus.
"Fui criado em um lar católico onde aprendí 
desde cedo a participar da missa aos domingos. Apesar
39
de estar freqüentando a igreja, por uma série de 
motivos comecei a freqiientar um terreiro de umbanda. 
Aí permanecí durante cinco anos. Nunca ouvira fa­
lar de que tal coisa era contrária à lei de Deus. Os 
padres que passaram pela paróquia de Nossa Senho­
ra dos Prazeres de Itapecerica da Serra nunca toca­
ram neste assunto.
A promessa da mãe-de-santo era: 'Você vai 
conseguir dinheiro, bens materiais, e na vida tudo 
será fácil'. Porém, a realidade foi outra: em minha 
casa cresceram as brigas, não conseguia trabalho, 
não tinha paz interior, tudo parecia amarrado em 
minha vida.
Tudo começou a mudar com a vinda do Pe. 
Albeito, que começou a usar a Bíblia na missa e a 
mostrar que os que freqüentavam centros espíritas ou 
terreiros entristeciam a Deus.
Um dia, minha mãe voltou da missa e comen­
tou que o Pe. Albeito chamou a atenção para o pe­
rigo que correm as pessoas que vão aos centros espí­
ritas. Nesse tempo, eu estava no fundo do poço. Tomei 
a decisão de não mais ir ao terreiro e voltei a parti­
cipar da Igreja. Os resultados foram maravilhosos: a 
paz voltou a reinar na minha família, nunca mais 
fiquei sem trabalho. Enfim, posso dizer que tudo se 
fez novo pelo poder maravilhoso do Espírito Santo.
É impoitante lembrar que o espírito que descia 
na mãe-de-santo rne ameaçou dizendo: 'Não gosto 
de igreja, de padres e da oração do terço. Quem 
paiticipa do centro fica com o nome marcado aqui. 
Se você não voltar mais a este centro uma doença 
incurável virá para você'.
40
i
No início nem dei atenção. Tudo estava cor­
rendo normalmente em minha vida. Um ano de- 
l>ois de ter abandonado o terreiro, surgiu em mi­
nha perna uma trombose que se tornou tão grave, 
a ponto de os médicos estarem dispostos a amputá- 
la. Foi aí que lembrei das ameaças feitas pelo diabo.
Apesar de ter voltado a freqüentar a Igreja, ain­
da não estava totalmente integrado a ela. Estava afas­
tado da confissão e da santa comunhão havia nove 
anos. Ia à missa, mas não recebia a maior fonte de 
benção: o próprio Jesus presente na hóstia consagrada. 
Eu não tinha buscado a confissão por medo de receber 
alguma bronca, por vergonha de ter freqiientado luga­
res errados e, é chato reconhecer, porque não acredita­
va muito no sacramento da reconciliação.
O caminho para a minha vitória começou 
em uma missa em que o Pe. Alberto explicava que 
muitas doenças tinham como causa pecados não- 
eonfessados, e de como a comunhão tinha a força 
para trazer a cura de Jesus.
Mais uma vez, não permiti que o diabo me 
enganasse. Pedi ao Espírito Santo que me tirasse o 
medo, a vergonha e desse coragem para procurar o 
padre e me confessar. A resposta de Deus não 
tardou, pois em um domingo de louvor da paró­
quia, durante a oração de cura, Deus mostrou que 
estava me curando. Para a glória de Deus, a doen­
ça desapareceu! Na segunda-feira, fui ao médico e 
foi constatado que eu estava curado.
Cada dia, vejo bênçãos e mais bênçãos sendo 
derramadas em minha vida e em nossa paróquia. Eu 
sou testemunha de que quando andamos no temor
41
do Senhor, firmes na Sua Palavra, unidos a Sua 
Igreja e fiéis aos Seus pastores não existe mal que 
possa nos atingir. A maldição só se abate em nossa 
vida quando desobedecemos à Palavra.
Deus seja louvado, porque veio em nosso so­
corro em Jesus Cristo, e agora esta derramando a 
plenitude do Espírito Santo!
A n t ô n io C in t r a *
Este testemunho permite tirar algumas 
conclusões:
— como ensinam a Bíblia e a Igreja, o 
poder do diabo é real;
— o diabo pode mandar destruição para a 
vida do homem e, consequentemente, 
aqueles que se envolvem com estas prá­
ticas estão sujeitos a esta possibilidade;
— o mal lançado pelo inimigo é sempre 
vencido pelo poder de Deus. Quem 
se cobre com a proteção do Altíssimo 
não teme o diabo;
— é necessário esclarecer as pessoas dos 
perigos de freqüentar lugares onde se 
invocam espíritos;
— para uma libertação da contaminação 
das obras do mal, é preciso romper toda 
ligação com elas. De modo prático, a 
pessoa deve desfazer-se de tudo que te­
nha ligação com estes cultos e crenças;
* O nome do autor do testemunho foi mudado para 
preservar sua privacidade.
42
— é necessário fazer uma oração de renún­
cia e um convite para Jesus Cristo entrar 
no coração como Senhor e Salvador;
— procurar um sacerdote para uma boa 
confissão e cobrir-se com a proteção 
de Jesus presente na Eucaristia;
— participar com alegria da santa missa, 
de algum grupo de oração e ser acom­
panhado por pessoas capazes de aju­
dar a não permitir que o inimigo ten­
te tirar a certeza da vitória;
— diariamente usar as armas da oração, 
Bíblia e a oração freqiiente do terço;
— ter o coração limpo de toda mentira, 
desonestidade, rancor, ódio, calúnia... 
pois os sentimentos maus afastam Deus 
e dão espaço ao autor do mal: o diabo.
43
SUGESTÃO PARA UMA ORAÇAO 
PESSOAL DE LIBERTAÇÃO
SALMO 91 [90]
Aquele que habita onde se esconde o Altíssimo 
e passa a noite à sombra do Deus Soberano.
— Do Senhor eu digo: "Ele é meu refúgio, minha 
fortaleza,
meu Deus: nele confio!" —
É ele que te livra da rede do caçador 
e da peste perniciosa.
De suas asas ele faz para ti um abrigo, 
e debaixo da sua plumagem te refugias.
Sua fidelidade é um escudo e uma armadura.
Não temerás nem o terror da noite, 
nem a flecha que voa em pleno dia, 
nem a peste que ronda na sombra, 
nem o flagelo que devasta ao meio-dia.
Se tombarem mil a teu lado 
e dez mil à tua direita, 
não serás atingido.
Basta abrires os olhos
e verás que recompensa recebem os infiéis.
Sim, Senhor, tu és o meu refúgio! —
44
Fizeste do Altíssimo a tua morada, 
não te acontecerá desgraça, 
nenhum golpe ameaçará a tua tenda, 
pois ele encarregará seus anjos 
de guardar-te em todos os teus caminhos.
Eles te carregarão em seus braços
para que o teu pé não se contunda numa pedra;
andarás por sobre o leão e a víbora,
calcarás aos pés o tigre e o dragão.
— Já que ele se apega a mim, eu o liberto, 
eu o protegerei, pois conhece o meu nome.
Se me chamar, lhe responderei, 
estarei com ele na aflição; 
eu o livrarei e o glorificarei; 
eu o cumularei de longos dias 
e lhe revelarei a minha salvação.
ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO
São Miguel Arcanjo,
protejei-nos no combate, cobri-noscom vosso 
escudo / contra os embustes e ciladas do demônio. 
/ Subjugue-o Deus, / instantemente o pedimos, / 
e vós, príncipe da milícia celeste, / pelo divino 
poder, / precipitai no inferno / a Satanás e aos 
outros espíritos malignos / que andam pelo 
mundo para perder as almas / Amém. Sacratíssimo 
Coração de Jesus (três vezes)
Tende Piedade de nós.
4 5
ORAÇAO
Senhor Jesus Cristo, eu creio que Tu morreste na 
cruz por meus pecados e ressuscitaste da morte. Tu 
me redimiste por Teu sangue e pertenço a Ti. 
Confesso todos os pecados (........................) co­
nhecidos e desconhecidos. Lamento-me por eles.
Arrependo-me deles. Renuncio a todos eles. Eu per­
doo a todas as pessoas que me ofenderam (......... )
e quero que me perdoes. Perdoa-me agora e pu- 
rifica-me com Teu sangue Jesus, que me purifica 
agora de todo pecado. E chego a Ti neste momento 
como meu Libertador.
Tu sabes minhas necessidades especiais, aquilo que 
me perverte, aquele espírito maldito (dizer o nome 
se sabe qual é) que me atormenta.
Clamo a promessa de Tua palavra: "Todo aquele, 
que invocar o nome do Senhor será salvo".
Clamo a Ti agora: em nome de Jesus Cristo, liberta- 
-me ó Senhor!
t Satanás, eu renuncio a você e a toda a sua obra, 
inclusive toda e qualquer feitiçaria, macumba, 
espiritismo, cartomantes, tudo que direta ou dis- 
farçadamente tenha ligação com você.
f Renuncio agora, também, a qualquer ligação que 
eu ou membros da minha família, amigos e co­
nhecidos tenhamos tido com as obras ligadas a 
você.
t Eu renuncio a você, Satanás, em nome de Jesus 
Cristo e ordeno que me deixe agora em nome de 
Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo, meu Salvador, 
Amém.
46
C apítulo II
Plano de batalha
Existe uma batalha espiritual a ser travada 
em nosso interior, na Igreja e na sociedade em 
que vivemos. Precisamos estar conscientes desses 
três grandes campos de batalha e não podemos 
ser ingênuos a ponto de acreditar que ela possa 
ser travada por cristãos despreparados, desaten­
tos, que não têm realmente o vigor de quem 
deseja ser soldado de vanguarda. É necessário 
um plano de batalha para enfrentar o inimigo, 
com homens e mulheres repletos do Espírito 
Santo.
Atualmente, estamos vivendo o tempo de 
um derramamento especial do Espírito Santo 
sobre a nossa Igreja. O papa Paulo VI, dirigin­
do-se aos líderes da Renovação Carismática reu­
nidos em Roma há alguns anos, lhes disse: “Esta 
renovação espiritual é uma nova chance que 
Deus está dando a sua Igreja". Estamos vivendo 
justamente o tempo da chance de Deus. Não
4 7
podemos desperdiçá-lo; não podemos deixar 
passar em vão a graça de Deus por nossa vida. 
Devemos permitir que o Espírito Santo nos leve 
para a frente da batalha, não para que sejamos 
derrotados, mas para que possamos realmente 
ser vencedores, soldados valorosos.
Os primeiros cristãos são exemplo dessa 
atitude de guerra que deve estar presente no 
cristianismo: "Eles os apresentaram [Paulo e 
Silas] aos estrategos, dizendo: 'Esses homens 
lançam a perturbação em nossa cidade: são 
judeus e pregam normas de comportamento 
que não é permitido a nós, romanos, nem 
admitir nem seguir"' (At 16,20-21). Os cris­
tãos têm um estilo de vida que não é do mun­
do, mas do padrão de Deus. Eles não se confor­
mam com este mundo; não seguem os modis­
mos da maioria, mas aquilo que o Senhor diz 
em sua Palavra.
A Igreja deve ter duas dimensões: em pri­
meiro lugar, deve ser reunião daqueles que são 
chamados por Deus. Portanto, só vai à igreja 
aquele que deixa Deus falar ao seu coração; só 
persevera junto com a Igreja aquele que de fato 
é a ovelha que ouve a voz do Bom Pastor. O 
próprio Jesus diz: "As minhas ovelhas ouvem 
a minha voz" (cf. Jo 10,16).
Mas a Igreja não pode ficar presa àquilo 
que fazemos no final de semana, em nosso gru­
po de oração, na missa dominical. Portanto, ela 
deve ter uma segunda dimensão: ser um benefí­
cio para aqueles que ainda não são membros 
dela. Assim como Jesus não esperava que as
48
pessoas fossem a Ele, nós, que dizemos possuir 
Jesus Cristo, temos de ir ao encontro dos perdi­
dos, para lhes dizer que existe Alguém que os 
ama; temos de levar-lhes uma palavra de espe­
rança. A finalidade da Igreja no mundo é ser 
instrumento de salvação para todos os homens.
No mundo, as pessoas querem cargos im­
portantes; querem ser caciques e não índios 
comuns. Em um grupo, todos querem ser diri­
gentes; ninguém quer carregar a cadeira. Todos 
querem ser da chefia na paróquia; não querem 
visitar os pobres, os doentes, os presos, as pros­
titutas ou os drogados... ninguém tem tempo. 
Mas as pessoas têm tempo para pensar em seus 
interesses.
"Jesus os chamou e lhes disse: 'Como 
sabeis, os que são considerados chefes das 
nações as mantêm sob seu poder, e os gran­
des, sob seu domínio. Não deve ser assim 
entre vós. Pelo contrário, se alguém quer ser 
grande dentre vós, seja vosso servo, e se al­
guém quer ser o primeiro entre vós, seja o 
escravo de todos. Pois o Filho do Homem 
veio, não para ser servido, mas para servir e 
dar a vida em resgate pela multidão'" (Mc 
10,42-45). O soldado de Cristo é servo. Ao dar 
o passo por Jesus, Ele nos dá o Espírito Santo, 
que começa a renovar nosso espírito, nossas 
emoções e nosso físico. Deste modo, à medida 
que vamos nos treinando na Palavra, na ora­
ção, nos sacramentos e no serviço, tornamo- 
-nos grandes aos olhos de Deus, e as bênçãos 
crescem em nossa vida.
4 9
Existem muitos cristãos nos grupos de ora­
ção, nas paróquias, nas igrejas, que não possuem 
idéias claras sobre o sentido de ser seguidor de 
Jesus. É preciso perguntar: "Por que estou na 
Igreja? Por que participo do grupo de oração? 
Por que vou à missa todo domingo e visito os 
pobres, os doentes? Por que leio a Bíblia e rezo 
todos os dias?" Se de fato recebeu o batismo no 
Espírito Santo, você então é chamado por Deus 
a levar o Evangelho a todas as criaturas e a fazer 
discípulos em todas as nações. Ser soldado de 
Cristo é semear a boa nova de Jesus Cristo, é 
levar a salvação a todas as pessoas. Nossa tarefa 
é ganhar almas para Cristo, por meio de uma 
vida abundante. Temos de mostrar que Jesus tem 
o poder de salvar, libertar e curar.
Não podemos esquecer: estamos em uma 
batalha espiritual. Isso significa que precisamos 
subir nos telhados e proclamar aquilo que Jesus 
fala aos nossos ouvidos. Temos de defender 
nossa Igreja, temos de amar nossos pastores, o 
papa, os bispos, os sacerdotes; temos de orar 
pela perseverança e santidade dos seminaristas, 
das religiosas, a fim de que dêem testemunho.
Essa batalha é travada também na socie­
dade, e isso não pode ser desprezado. Dizia um 
santo, neste século: o cristão deve ter em uma 
das mãos a Bíblia e na outra o jornal. Tem de 
saber o que está acontecendo a sua volta, para, 
a partir daí, mudar este mundo.
O diabo influencia sociedades inteiras, le­
vando-as ao caos social, político, econômico e 
moral: destruição da família, pornografia, ex­
50
pansão das drogas, guerras, confusão religiosa 
pelo crescimento das seitas, violência urbana, 
corrupção na política. Nós, cristãos, temos de 
trabalhar para que essas coisas possam ser der­
rotadas; para que se possa construir a civiliza­
ção do amor. Precisamos mostrar que a Palavra 
de Deus tem a força de mudar tudo: minha 
vida, minha família, meu trabalho, a política, 
a economia, as artes... A fé pode mudar a vida 
do empregado, do patrão; pode levar realmen­
te à construção da sociedade, do mundo que 
Deus deseja para nós, onde possamos viver 
plenamente o verdadeiro amor.
Tudo o que fazemos, na vida pessoal, na 
Igreja ou na vida social, deve cumprir o obje­
tivo dado por Deus. Devemos nos perguntar 
como usamos nosso tempo; que tipo de edu­
cação temos dado para nossa família ou como 
convivemos com nossos parentes; como ga­
nhamos nosso dinheiro e como o temos gasta­
do; se nossas diversões são realmente agradá­
veis a Deus... Quer sejamos solteiros, casados, 
viúvos ou separados, devemos nos perguntar 
se a vida quelevamos é digna daquele que se 
diz discípulo de Cristo. O essencial é viver de 
acordo com o padrão de Deus: se você é soltei­
ro ou solteira não pode ser, por esse motivo, 
uma pessoa frustrada. As coisas nem sempre 
acontecem na hora e nos moldes em que que­
remos, e sim quando e como Ele quer.
O apóstolo Paulo, em Colossenses 4,5, diz: 
"Valei-vos da ocasião". Não seja soldado de 
Cristo apenas à noite, no grupo de oração,
51
quando vai a um curso de noivos ou à missa. 
Não seja uma coisa na oração e outra em sua 
vida diária. Volte-se para Deus, e sua vida espi­
ritual será abençoada. Você terá uma vida de 
poder.
Ninguém vence a batalha sozinho. Uma 
das áreas em que Satanás tem êxito é impedir 
os cristãos de trabalhar como um exército 
unido. Enquanto fico preocupado com alguém 
que — dizem — me fez algo, ou sinto ciúme 
porque outra pessoa está aparecendo mais, ou 
me preocupo com o que podem estar falando 
de mim, perco tempo, deixo de trabalhar, por­
que fico triste, deprimido, nervoso. É isso que 
o diabo quer. Agindo assim, não teremos tem­
po para salvar almas.
Em nome de Jesus, possamos queimar no 
fogo do Espírito essas emoções ruins. Possamos 
levar o espírito de unidade às nossas paróquias. 
Veremos milagres permanentes quando os cris­
tãos realmente souberem, dentro de suas pró­
prias Igrejas, ser unidos; quando os cristãos de 
todas as denominações aprenderem a anunciar a 
Palavra, sem querer engordar suas igrejas. A ba­
talha não pode ser travada contra aqueles que 
estão recebendo a instrução da Palavra, mas con­
tra Satanás e seus anjos maus.
Não nos afastemos do trabalho quando 
alguém nos perseguir, quando falarem mal de 
nós, quando quiserem nos “puxar o tapete". 
Lembremo-nos da Palavra de Jesus a Pedro quan­
do este Lhe perguntou o que iria ganhar depois
5 2
de ter deixado tudo para segui-Lo: "Cem vezes 
mais agora, no tempo presente, casas, irmãos, 
irmãs, mães, filhos e campos, com persegui­
ções, e no mundo futuro a vida eterna" (Mc
10,30). Saibamos ser intercessores, orando por 
nossa vida pessoal, pela Igreja e pelo mundo em 
que estamos vivendo, para que os pecadores 
sejam salvos.
5 3
C a p í t u l o III
Treinamento 
para a batalha
Para enfrentar a batalha contra as forças 
espirituais, precisamos estar preparados, e não 
apenas como recrutas de última hora, mas como 
soldados prontos para vencer, em nome do 
Senhor.
Em nossos dias, como talvez em nenhum 
outro tempo, vemos de maneira sobrenatural o 
derramamento do Espírito Santo. Sem dúvida 
alguma, estamos diante de uma renovação es­
piritual que marcará profundamente o cristia­
nismo de nossa geração. E é por isso, por estar­
mos vivendo um tempo do Espírito, que o 
inimigo, diante de tal ofensiva espiritual, não 
permanecerá quieto. Estamos vivendo um mo­
mento em que Deus está avivando, despertan­
do um povo. Mas ao mesmo tempo, ao lado 
do crescimento vertiginoso de pessoas que se
dizem transformadas pelo poder de Deus, não 
temos constatado uma real transformação de 
suas vidas, apesar de dizerem que estão seguin­
do Jesus Cristo. As idéias, as palavras e a ma­
neira de agir de alguns que afirmam ter nasci­
do de novo em nada se diferenciam do modo 
de vida daqueles que estão afastados de toda 
prática religiosa. Qual a razão disso? A respos­
ta, a encontramos na parábola do Evangelho 
em que o Senhor diz que foi plantado o trigo 
e, junto, cresceu o joio. Por que o joio está 
crescendo por entre a renovação espiritual? (cf. 
Mt 13,24-30.36-43.)
Sem dúvida alguma, o problema é a igno­
rância espiritual, causada por dois motivos:
— por não se ter recebido instrução es­
piritual no início da caminhada;
— pela soberba pessoal de imaginar ser 
suficiente sua experiência inicial.
Há quem ache que basta começar a par­
ticipar de um grupo de oração, ou fazer um 
seminário de vida no Espírito, para ser um 
cristão pleno do Espírito Santo. Não. Isso é 
apenas o início de uma caminhada que deve 
ser cultivada. Ocorre o mesmo com o agricul­
tor: se deseja ver resultados em sua plantação, 
não basta apenas que semeie, ele tem de cuidar 
daquilo que foi semeado.
Tais pessoas, expostas às investidas do ini­
migo, deixam de crescer, ou na verdade andam 
para trás, porque o resto continua caminhando. 
Por estarem alicerçadas não sobre a rocha, mas
56
sobre a areia, elas voltam para sua antiga vida. 
Quando essas pessoas entram na batalha espiri­
tual, mais cedo ou mais tarde, com toda proba­
bilidade, enfrentarão o risco de ataques pessoais 
de Satanás, e como conseqüência — porque não 
estavam de fato no Senhor, mas envolvidas com 
suas idéias ou com aquilo que julgavam ser o 
Senhor — trarão descrédito para a obra de Deus.
O contratestemunho — por nossa igno­
rância ou soberba, por nossa preguiça de apro­
fundar as verdades divinas — virá por um es­
tilo de vida contrário ao Evangelho ou pela 
volta da pessoa a sua antiga vida.
Diante de um tempo de renovação espiri­
tual, em que somos levados a entrar no território 
do inimigo, é de fundamental importância um 
melhor treinamento de todos os envolvidos na 
luta espiritual. Não basta ter um linguajar cristão, 
freqüentar uma igreja ou até estar envolvido em 
alguma pastoral. Tudo isso é importante, faz parte 
do ser cristão, mas é somente uma conseqüência, 
pois ser cristão pleno do Espírito Santo é viver de 
acordo com o padrão estabelecido por Deus. Muitas 
vezes confundimos cristianismo com costumes: 
"Não corte o cabelo, não use esse tipo de roupa ou 
maquiagem..." Isso é muito fácil fazer, mas não 
diz a Jesus Cristo quem você é de fato. Você pode 
agir dessa maneira e, ao mesmo tempo, ter um 
coração de pedra, duro, não refletindo uma men­
te renovada pelo poder do Espírito.
Certa vez, li uma verdade que marcou pro­
fundamente meu coração: "O cristão está sem­
pre disposto a aprender as coisas básicas do
57
procedimento agradável ao Senhor". É aquele 
que deseja agradar a seu Deus naquilo que pen­
sa, vê, ouve, fala e faz. Aquele que, na forma 
como está vivendo em família, ou trabalhando, 
ou na escola, ou namorando, sabe está sempre 
na Presença do Senhor. O verdadeiro cristão 
não passa seu tempo envolvido em discussões re­
ligiosas, ou discutindo hábitos, apegado a picui­
nhas... O cristão é aquele que sabe que por sua 
vida, por seu proceder, será julgado pelo Todo- 
-Poderoso. Em Apocalipse 22,12, está escrito: 
"Eis que eu venho em breve, e minha retri­
buição está comigo, para pagar a cada um 
segundo as suas obras". O Senhor está dizen­
do que no dia do julgamento receberemos pela 
forma como aqui vivemos. Em ljoão 2,5-6, le­
mos: "Aquele que guarda a sua Palavra, nele 
o amor de Deus é verdadeiramente perfeito; 
e nisto reconhecem os que estamos nele. 
Quem pretende permanecer nele deve tam ­
bém andar no caminho em que ele [Jesus] 
andou".
ETAPAS PARA O TREINAMENTO
Primeira etapa: entrega real da vida ao senhorio 
de Jesus Cristo
Nesta primeira etapa, é preciso examinar 
quem está no comando de nossa vontade. Não 
podemos desprezá-la, sob pena de afetar o res­
to de nosso treinamento, de nosso compromis­
so com Jesus.
58
A entrega da vida a Jesus, no momento 
da conversão, é somente um primeiro degrau 
tia vida cristã. Paulo, grande conhecedor dos 
caminhos de Deus, tem alguns versículos pre­
ciosos a este respeito: "Se alguém está em Cris­
to, é uma nova criatura. O mundo antigo 
passou, eis que aí está uma realidade nova" 
(2Cor 5,17). E o Apóstolo continua, explican­
do qual é o efeito dessa vida nova em Cristo. 
Infelizmente, às vezes, é deixada de lado a lei­
tura dos versículos seguintes, onde está descri­
to como saber se de fato nascemos de novo.
Leiamos juntos 2 Coríntios 5,18-21; 6,1: 
"Tudo vem de Deus, que nos reconciliou con­
sigo por Cristo e nos confiou o ministério da 
reconciliação. Pois, de qualquer forma, era 
Deus que em Cristo reconciliava o mundo 
consigo, não imputando aos homens as suas 
faltas, e pondo em nós a palavra de reconci­
liação. É em nome de Cristo que exercemos a 
funçãode embaixadores, e, por nós, é o pró­
prio Deus que, na realidade, vos dirige um 
apelo. Em nome de Cristo, nérs vos suplicamos, 
deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que 
não conhecera o pecado, ele o identificou com 
o pecado, por nós, a fim de que, por ele, nos 
tornemos justiça de Deus". "Visto estarmos 
cooperando com ele, nós vos exortamos a não 
deixar sem efeito a graça recebida de Deus".
Estamos diante de algo muito sério. Essas 
palavras do Apóstolo não foram dirigidas a cris­
tãos marinheiros de primeira viagem, mas a uma 
Igreja considerada espiritualmente forte. Aparen­
5 9
temente, a Igreja de Corinto era digna de admi­
ração, pois tinha todos os dons do Espírito San­
to. No entanto, nas duas cartas de São Paulo aos 
Coríntios, percebemos duras correções feitas pelo 
Apóstolo. O problema dos cristãos daquela Igreja 
eram os relacionamentos. Ali existiam divisões, 
ciúmes e contendas, sinais visíveis da falta de 
visão da obra realizada por Deus na cruz de Cristo. 
O apóstolo Paulo nos diz que por causa da cruz 
fomos transformados em embaixadores da recon­
ciliação, do perdão, da comunhão entre as pes­
soas. Em outras palavras, Paulo está dizendo que 
não seremos dignos das bênçãos da cruz se não 
formos uma bênção para nossos irmãos; se esti­
vermos, como a Igreja de Corinto, repletos de 
divisões, mentiras, adultério, desonestidade...
Temos de pôr em ordem nossas idéias e 
rendê-las ao Senhor. Temos de pôr em ordem 
nossa vida na família; a esposa precisa orar pelo 
marido, e este pela esposa; os filhos devem orar 
pelos pais, e os pais pelos filhos! "Quem preten­
de permanecer nele deve também andar no 
caminho que ele andou" (ljo 2,6). Para pôr em 
ordem nossa família, nosso ambiente de traba­
lho, o mundo, é necessário, antes, começar a 
faxina em nossa vida pessoal, naquilo que esta­
mos guardando na mente e no coração. Para 
alcançar este objetivo, é preciso permitir que o 
Espírito Santo nos dê a posse do poder da cruz 
para todas as áreas de nossa vida, "pois, de 
qualquer forma, era Deus que em Cristo re­
conciliava o mundo consigo, não imputando 
aos homens as suas faltas, e pondo em nós a 
palavra de reconciliação" (2Cor 5,19).
60
Na hora em que seu coração se angustiar, 
desanimar ou entrar em batalha contra outros, 
procure lembrar: quando éramos pecadores, Jesus 
morreu por nós na cruz, e Ele não fez isso para 
que tivéssemos ódio de nossa família, para que 
fôssemos desonestos, fofoqueiros, ciumentos.... 
Não! Ele morreu para que, por seu sangue, fôsse­
mos lavados, libertados do pecado!
Pergunte a si mesmo: "Quem está no co­
mando de meus pensamentos, de minha boca, 
meus ouvidos, meus olhos? Quem está no coman­
do de meu coração?" Se você descobrir pensamen­
tos impuros, sentimentos ruins, atitudes de­
sonestas, procure pedir perdão ao Senhor, fazer 
uma boa confissão. No domingo, ao comungar, 
peça a Jesus que comece a curá-lo, para que você 
possa ser fortalecido, abençoado, transformando- 
-se em um soldado que vive no poder da cruz.
Segunda etapa: andar na unção do Espírito
" O s que pertencem ao Cristo crucifica­
ram a carne com suas paixões e desejos. Se 
vivemos pelo Espírito, andemos também sob 
o impulso do Espírito" (G1 5,24-25).
A Igreja primitiva era zelosa quanto à qua­
lidade de seus membros. Procurava de todos os 
modos fazer com que aqueles que desejavam 
seguir Jesus Cristo entendessem de fato o que 
isso significava. Assim, a efusão do Espírito Santo 
— ou batismo no Espírito —, momento em que 
o Espírito passa a habitar em nós, era condição 
necessária para a pessoa ser considerada de fato
6 1
cristã, e por meio dessa experiência, a Igreja pro­
curava equipar a todos com o poder necessário 
para testemunhar a fé.
Os primeiros cristãos não queriam ape­
nas números; não queriam somente pessoas que 
freqüentassem a Igreja — aliás nem existia, na 
época, a igreja-prédio, pois o cristianismo era 
proibido, perseguido, e os irmãos se encontra­
vam nas casas, nas praças, nas cavernas, escon­
didos. O essencial era a qualidade da vida es­
piritual daqueles que aderiam a Jesus Cristo.
Nos Atos dos Apóstolos, encontramos 
alguns exemplos importantes do zelo em tor­
nar as pessoas plenas do Espírito Santo:
— a resposta de Jesus aos discípulos antes 
do derramamento do Espírito Santo 
em Pentecostes: "Jesus lhes recomen­
dou que não deixassem Jerusalém, 
mas esperassem aí a promessa do 
Pai, 'aquela, disse, que ouvistes de 
minha boca: João batizava com água, 
mas vós, é no Espírito Santo que 
sereis batizados daqui a poucos dias'" 
(At 1,4-5).
Jesus não queria que as pessoas saíssem 
de qualquer modo pelas ruas e praças falando 
do Evangelho. Queria que esperassem pela 
unção do Espírito, a unção que lhes desse as 
palavras capazes de tocar os corações daqueles 
que estavam longe do Evangelho. Os cristãos, 
hoje em dia, talvez não estejam buscando essa 
unção da maneira como o Senhor exige. Mui-
62
Ias vezes, ficam contentes porque estão em uma 
Igreja, ou porque vão a uma reunião, mas isso 
não é suficiente. O Senhor deseja fazer jorrar 
de nosso interior rios de água viva, para que 
nos firmemos n'Ele de uma vez por todas.
— a atitude dos apóstolos de enviar Pe­
dro e João aos irmãos de Samaria. A 
Igreja de Jerusalém ficou sabendo que 
em Samaria fora pregado o Evange­
lho e, então, mandou os emissários 
para que orassem e aquelas pessoas 
recebessem o Espírito Santo: "Ao che­
garem, eles oraram pelos samarita- 
nos, a fim de que recebessem o Es­
pírito Santo" (At 8,15);
— O grande apóstolo Paulo, após ver ao 
Senhor e conversar com Ele na estra­
da de Damasco, chegou à cidade e 
ficou como que cego. Então o Senhor 
lhe mandou Ananias: "Ananias par­
tiu, entrou na casa e lhe impôs as 
mãos, dizendo: 'Saulo, meu irmão, 
é o Senhor que me envia — este 
Jesus que te apareceu no caminho 
que seguias — a fim de que recupe­
res a vista e fiques repleto de Espí­
rito Santo'" (At 9,17).
Por que motivo preocupavam-se tanto em 
levar aqueles que aceitavam Jesus a passar pela 
experiência desse mergulhar, dessa efusão, des­
se batismo no Espírito Santo? Em primeiro 
lugar, em virtude da vida pessoal do cristão. 
Porque o Espírito Santo:
— nos capacita a viver de modo sobre­
natural (cf. At 1,8);
— nos convence do pecado e nos dá 
força para vencê-lo (cf. Jo 16,8-10);
— nos dá os dons extraordinários para 
sermos pedras vivas da Igreja de Cris­
to, e não somente assistentes (ICor 
12,4ss.);
— nos dá o fruto de um proceder novo 
com Deus e os irmãos (G1 5,22-23);
— nos dá um novo gosto pela oração, 
pela Palavra de Deus e pela participa­
ção nos sacramentos, principalmente 
a eucaristia e a confissão (At 2,42ss.).
Em segundo lugar, a Igreja primitiva preo­
cupava-se com a efusão do Espírito em vista da 
construção do reino de Deus. Infelizmente, a 
busca pela plenitude do Espírito Santo tem sido 
incentivada somente em vista da vida pessoal, 
como um fim em si mesmo. Daí haver, dentro 
das Igrejas, tantas pessoas espiritualmente muti­
ladas. Não basta querermos o Espírito Santo 
apenas para a nossa vida pessoal. Precisamos 
permitir que Ele faça toda a sua obra. Se não 
preenchermos esta segunda condição — que c 
justamente permitir que o Espírito nos transfor­
me em instrumentos de construção do reino de 
Deus, não teremos plena satisfação espiritual, e 
em pouco tempo o Espírito Santo em nós estará 
sendo entristecido pelo nosso proceder. Quem 
põe a mão no fogo é para se queimar. Em outras 
palavras, se queremos o Espírito Santo para con­
tinuar levando uma vida acomodada ou egoísta, 
estamos buscando a coisa errada.
64
O discípulo de Cristo deseja que o Espírito 
Santo possa agir em sua vida com toda a liber­
dade. Ele não fica fora do campo de batalha; ora, 
todos os dias, de modo semelhante aos primei­
ros cristãos: "E agora, Senhor, sê atento às suas 
ameaças, e concede aos teus servos que anun­
ciem a tua Palavra com inteira segurança. 
Estende, pois, a mão para que se produzam 
curas, sinais e prodígios pelo nomede Jesus, 
teu santo servo" (At 4,29-30).
Os primeiros cristãos enfrentavam todo tipo 
de dificuldade, de incompreensão; seus líderes es­
tavam sendo presos... mas eles não se deixavam 
ameaçar, não se deixavam invadir pelo medo, não 
desanimavam. Ao reunir-se, essas pessoas o fa­
ziam na certeza de que o poder de Deus iria real­
mente manifestar-se. Tratava-se de homens e 
mulheres como nós, que tinham seu trabalho, 
suas ocupações, mas que sabiam dar a Deus o lugar 
devido em suas vidas. Hoje em dia, as pessoas dão 
muito mais ao mundo do que a Deus.
Qual foi o efeito das palavras acima, pro­
nunciadas pelos primeiros cristãos? "No fim 
de sua oração, o local em que estavam reu­
nidos estremeceu; todos ficaram repletos do 
Espírito Santo, e proclamavam com firmeza 
a palavra de Deus" (At 4,31). Na Igreja primi­
tiva não se perdia tempo. Existia a consciência 
de se deixar moldar pelo poder de Deus para 
ser um pescador de almas.
Há pessoas que passam a vida inteira cho­
rando por seus problemas, reclamando da vida... 
Estão perdendo tempo, porque não acreditam
65
que, por estarem em Jesus, receberam a bên­
ção. São ricos, por possuírem uma riqueza que 
lhes foi dada em Jesus Cristo, mas ao mesmo 
tempo são mendigos, porque não a utilizam. A 
partir do momento em que aceitamos Jesus 
Cristo e deixamos o Espírito Santo começar a 
agir, Ele vai nos moldando, vai devolvendo nos­
sa integridade perdida, nossa autoridade e po­
der diante da vida. A Igreja de nossos dias está 
necessitando de um despertar espiritual capaz 
de levar cada um de seus membros a ser sal e 
luz de Cristo no mundo.
Não há como nos tornarmos plenos do 
Espírito Santo com um conta-gotas; no céu 
existe somente uma mangueira muito forte para 
encher os nossos vasos. Somos vasos de barro, 
como diz o apóstolo Paulo, mas repletos e trans­
bordando na graça de Deus, na unção do po­
der do Espírito Santo! Esta é a grande certeza 
que devemos ter no coração.
Não desperdicemos a oportunidade que 
nos está sendo concedida pelo Senhor Deus. O 
Senhor está derramando como que um novo 
Pentecostes! Não fique contente com restos; não 
aceite lavagem, quando você pode ter o man­
jar do céu que lhe é oferecido na Palavra. Não 
se contente com migalhas que caem da mesa 
de Deus; é muito pouco, quando você pode 
sentar à mesa com Ele e comer do melhor que 
existe.
Uma vez que deixemos o Espírito Santo 
agir, não o entristeçamos mais, com um proce­
6 6
der indigno de quem recebeu a vida nova. Nesse 
sentido, faço minhas as palavras do apóstolo 
Paulo: "Por isso recordo-te que tens de reavivar 
o dom de Deus que está em ti desde que te 
impus as mãos" (2Tm 1,6).
Aqueles que não estiverem realmente, da 
ponta dos cabelos à ponta dos pés, encharcados 
na unção do Espírito Santo, que tiverem apenas 
uma religiosidade de casca, que forem preguiço­
sos, distraídos, serão engolidos pelos aconteci­
mentos.
Reavive a chama do dom de Deus enquan­
to Deus está falando conosco, enquanto existe 
tempo para que nos convertamos. Assim, Ele nos 
exaltará como soldados e receberemos toda pro­
visão. Não deseje pequenas coisas, apenas. Dese­
je a plenitude do Espírito Santo, e as pequenas 
coisas, então, também serão abençoadas. Meu 
irmão, não seja um mendigo espiritual. Se sua 
vida, sua família não estão indo bem, se você 
está sentindo falta de poder, é porque está preci­
sando renovar a unção do Espírito em sua vida. 
Buscando a plenitude do Espírito, Ele passará 
então a guiar sua vida, e você passará a ver sal­
vação, libertação, cura, milagres... Na plenitude, 
você encontrará vida e poder.
Terceira etapa: conhecer a Palavra de Deus
Assim como um exército comum precisa 
de treinamento básico para os seus soldados, o 
mesmo se faz necessário para aqueles que estão 
envolvidos na batalha espiritual. O Senhor não
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deseja pessoas religiosas apenas. Ele quer que 
aqueles que foram equipados com sua graça — 
por meio do batismo no Espírito Santo — pos­
sam crescer sempre mais na condição de solda­
dos valorosos.
Em Efésios 6,17, o apóstolo Paulo diz: "Re­
cebei enfim o capacete da salvação e o gládio 
do Espírito, isto é, a Palavra de Deus". O
soldado de Cristo precisa conhecer o plano da 
batalha de Deus. Para tanto, é fundamental a 
intimidade com a Escritura Sagrada. A Escritu­
ra não pode ser desodorante em nossa vida: 
algo que apenas carregamos embaixo do braço, 
e pronto. Não pode ser um livro empoeirado 
que guardamos em nossa casa ou simplesmen­
te um enfeite bonito que expomos na sala. A 
Bíblia deve ser o livro mais usado de nossa 
casa, aquele que está à nossa cabeceira e do 
qual nos alimentamos todos os dias.
A falha de muitos cristãos é não possuir 
a familiaridade necessária com a Palavra. Não 
estou falando simplesmente daquele conheci­
mento a partir do qual as pessoas citam sem­
pre determinados textos ou lêem somente as 
partes que lhes convêm. Por exemplo:
— aqueles que são dados a um envolvi­
mento social usam e abusam de tre­
chos para tentar mostrar a importân­
cia de seu trabalho. E quantas vezes 
acabam esquecendo que nem só de 
pão vive o homem!
— os que pregam a cura divina dão a im­
pressão, a seus ouvintes, de ser este o
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único tema da Escritura. Tal procedi­
mento pode criar cristãos incapazes 
de uma verdadeira conversão, cristãos 
que não vivem plenamente a Palavra 
de Deus, porque ninguém a levou a 
eles; e, o pior, tal procedimento pode 
levar muitos de seus seguidores ao 
desespero quando não se alcançam os 
resultados prometidos;
— os que fazem da Bíblia uma espécie 
de esparadrapo. Há pessoas que só se 
lembram, por exemplo, do Salmo 
22(23) ou do Salmo 90(91), como se 
a Palavra fosse um tapa-buraco, uma 
maneira de pensar positivamente, e 
nada mais.
A Bíblia é um livro completo e não uma 
colcha de retalhos para ser usada de acordo 
com as conveniências individuais. A finalidade 
da Palavra de Deus é clara, e está em Deutero- 
nômio 12,28: depois de ter libertado seu povo 
da opressão do Egito, Deus começou, por meio 
de Moisés, a ensiná-lo a ser um povo-luz para 
os outros: "Observa e escuta todas as pala­
vras dos mandamentos que te dou; assim 
serás feliz, tu e teus filhos depois de ti para 
sempre, porque terás feito o que é bom e 
reto aos olhos do Senhor, teu Deus".
Quando olhamos apenas uma parte da Es­
critura; quando buscamos não a Deus na Bíblia, 
mas desejamos simplesmente satisfazer nosso 
egoísmo, nossa vontade humana, imperfeita; 
quando vamos atrás das coisas de Deus não por
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causa de Deus, não para ser filhos d'Ele, não para 
aprender a andar segundo seus estatutos, mas 
simplesmente pensando nos benefícios pessoais... 
ficamos vazios. A Palavra de Deus é completa. 
Ela fala de salvação, de ânimo, de cura, mas tam­
bém nos corrige: "Toda a Escritura é inspirada 
por Deus, e útil para ensinar, refutar, corrigir, 
educar na justiça, a fim de que o homem de 
Deus seja perfeito, qualificado para qualquer 
obra boa" (2Tm 3,16-17).
A Palavra foi revelada para nos mstruir 
sobre a obra de Deus para as nossas /idas. Por 
meio da Escritura, devemos ser formados a 
pensar biblicamente (com as idéias de Deus, e 
não de acordo com a cabeça dos outros) e, 
conseqüentemente, a mudar nosso padrão de 
vida. Deus precisa de pessoas pensando de 
maneira nova, com pensamentos santos, com 
o coração puro. O discípulo de Cristo não é 
um novo fariseu, alguém que se esconde por 
trás de uma falsa religiosidade.
Sempre existe o risco de sermos os juizes 
dos erros alheios, sem perceber os nossos pró­
prios. É necessário, antes de tudo, conhecer a 
Palavra e pregá-la a nós mesmos, obedecendo 
às verdades bíblicas, deixando-nos transformar 
por ela. Nunca seremos heróis da fé se não 
possuirmos intimidade com a Bíblia. É preciso 
conhecer o pensamento de Deus, a forma como 
foi em socorro dos homens e, também, como 
os corrigiu quando erravam a meta. Quando 
precisou, Deus falou duro, para que os homens 
pudessem acordar de seus erros. Estamos viven­
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do um tempo em que não

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