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«w id e Coleção Encontro com Cristo 1. Ao Vencedor, 4a ed. Pe. Alberto L. Gambarini 2. Batalha espiritual, 16a ed. Pe. Alberto L. Gambarini 3. Em que cremos? Doutrina Católica e Bíblia, 8a ed. Pe. Alberto L. Gambarini Pe. Alberto Luiz Gambarin BATALHA ESPIRITUAL A # « p e Edições Loyola As citaçOes bíblicas foram tomadas da Tradução Ecumênica da B íblia , Edições Loyola São Paulo, 1996 Preparação: Renato da Rocha Carlos Maurício Balthazar Leal R evisão: Maria Helena D iagramação: Maurélio Barbosa Ágape Caixa Postal 32 06850-970 - Itapecerica da Serra, SP © (11) 4666-3988 / 4666-3619 (D (11) 466-6056 Home page:www.encontrocomcristo.org.br Edições Loyola Rua 1822 na 347 - Ipiranga 04216-000 São Paulo, SP Caixa Postal 42.335 - 04218-970 - São Paulo, SP © (11) 6914-1922 © ( 1 1 ) 6163-4275 Home page e vendas: www.loyola.com.br Editorial: loyola@loyola.com.br Vendas: vendas@loyola.com.br Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. ISBN: 85-15-00836-X 16a edição: fevereiro de 2005 © EDIÇÕES LOYOLA, São Paulo, Brasil, 1996 http://www.encontrocomcristo.org.br http://www.loyola.com.br mailto:loyola@loyola.com.br mailto:vendas@loyola.com.br *índice APRESENTAÇÃO............................................................ 9 PRÓLOGO........................................................................ 13 INTRODUÇÃO............................................................... 15 ( Iapítulo 1 DESMASCARANDO O INIMIGO............................... 19 Para a Bíblia, quem é o d iabo?..............................20 Como identificar a presença do maligno: a m entira.................................................................... 22 Campos de batalha................................................. 24 Primeiro campo de batalha: o indivíduo ......... 24 Dimensão no espírito...................................... 25 Dimensão da alma.......................................... 27 Dimensão do corpo: ...................................... 30 Segundo campo de batalha: a Igreja ................ 31 Terceiro campo de batalha: a soc iedade .......... 34 Um testemunho da mentira de Satanás........... 36 Um testemunho de libertação...............................39 Sugestão para uma oração pessoal de libertação.................................................................... 44 Salmo 91 [90]............................................................ 44 Oração a São Miguel A rcan jo ................................ 45 Oração 4 6 C apítulo II PLANO DE BATALHA.................................................. 47 C apítulo III TREINAMENTO PARA A BATALHA.......................... 55 Etapas para o treinam ento..................................... 58 Primeira etapa: entrega real da vida ao senhorio de Jesus Cristo ....................................................... 58 Segunda etapa: andar na unção do Espírito ... 61 Terceira etapa: conhecer a Palavra de D eus.... 67 Quarta etapa: a o ra çã o ...................................... 74 Quinta etapa: a Eucaristia ................................. 82 Sexta etapa: a penitência..................................... 87 C apítulo IV ENTRANDO NA BATALHA......................................... 95 C apítulo V UM GRANDE PERIGO: A NOVA ERA.................... 103 As crenças da nova era e a Bíblia......................110 Meios de atuação da nova e ra .............................113 A astrologia apresentada como uma ciência capaz de ajudar o homem a planejar seu futuro ................................................................... 114 O uso de determinados objetos para atrair bons flu idos ........................................................ 115 Outros meios de atuação da nova e ra .............. 116 A difusão de métodos de m editação ou relaxamento de influência o r ien ta l..................117 6 C apítulo VI A NOVA ERA E A IGREJA.......................................... I 21 A nova era na Igreja cató lica ............................. 122 A nova era nas Igrejas evangélicas.................. 124 Como identificar o evangelho da nova era .. 127 C apítulo VII DMA SEITA DA NOVA ERA: A UNIVERSAL DO REINO DE DEUS.......................................................... 133 A origem da universal.......................................... 134 Algumas práticas da universal.............................135 Av correntes de f é ............................................... 135 Entrego de objetos poro atrair sorte..................136 O descarrego com arruda .................................... 138 C apítulo VIII MARIA SANTÍSSIMA NA BATALHA ESPIRITUAL. 141 C apítulo IX O MUNDO VAI ACABAR?........................................ 145 1- sinal: fraude espiritual.......................................151 2- sinal: caos político e social.............................. 153 3Q sinal: manifestações da natureza.................. 153 A pêndice I EXORCISMO................................................................. 157 Contra Satanás e os Anjos Rebeldes................ 1 57 Publicado por ordem de S. S. Leão X III ......... 157 Oração a São Miguel A rcanjo .......................... 157 Exorcism o................................................................ 158 Salmo 6 8(67)........................................................... 158 O ração....................................................................... 161 / A pêndice II LIVRAI-NOS DO MAL 1 6 3 Alocução de Paulo VI, na audiência pública de 15 de novembro de 1 9 7 2 ..............................163 O ensinamento bíblico..........................................164 O inimigo o cu lto .................................................. 168 A ação do dem ônio.............................................. 170 A defesa do cristão................................................ 171 8 Apresentação Uma obra como Batalha espiritual, do Pe. Alberto Gambarini, é sumamente importante em nossos dias, pois os livros de espiritualidade e os sermões paroquiais guardam perigoso silêncio sobre a tentação e, conseqüentemente, sobre a ação do mau espírito na vida cristã. Para alguns autores e pregadores os nomes de Satanás e do demônio não representam senão uma personifi cação mítica e funcional, cujo único significado seria o de sublinhar de forma dramática o influxo do mal e do pecado sobre as pessoas e a sociedade. Todavia, entre a negação da existência do demô nio e a da tentação existe apenas um passo. A este respeito, e em sentido oposto, nos alegram e impressionam as palavras valentes do Papa Paulo VI, que representam a posição oficial da Igreja: "O mal não é somente uma deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo, espiritual, pervertido e pervertedor. Uma terrí vel realidade. Misteriosa e pavorosa. Sai do en sinamento bíblico e da Igreja quem rejeita a 9 sua existência ou ensina como sendo uma pseudo-realidade, ou somente uma maneira para explicar as causas do mal... O diabo é homicida desde o princípio... pai da mentira, como é definido pelo Cristo (cf. Jo 8, 44-45)". Com efeito a Bíblia, o ensino tradicional da Igreja, a experiência dos grandes mestres da espiritualidade e da mística descrevem a vida es piritual e detectam nela a existência da tentação, provocada pelo mau espírito, cuja ação se opõe à ação do Bom Espírito e da graça divina. Em outras palavras, a vida espiritual é descrita exata mente pela luta. Uma luta real, correspondente à ação do mau espírito e do Bom Espírito. Ação que, aliás, não é fácil de identificar, já que o inimigo costuma se disfarçar e esconde a sua identidade de pai da mentira. Graças a Deus, o discernimento espiritual, praticado em espiritualidades tão sólidas como a beneditina, carmelitana e inaciana, está no augeem nossos dias. E alegra-nos, por isso, constatar que este excelente livro do Pe. Alberto segue a mesma orientação dos grandes mestres da espiritualidade e, como eles, não se limita a "teorizar", mas "ajuda" concretamente os cris tãos de nossos tempos a "discernir" a ação dos diversos espíritos que "agitam", como diria Loyola, os homens e comunidades que preten dem levar a sério a vida espiritual cristã. É curioso! Para Inácio a luta é inerente à vida espiritual. Não existe vida espiritual sem luta. E Inácio desconfia daqueles cuja vida trans corre em absoluta calmaria, ou seja, daqueles 10 que, por uma parte, não sentem no seu íntimo a ação do mau espírito, e que, por outra, são incapazes de reconhecer e agradecer a ação do Bom Espírito que estimula e orienta todo e qualquer progresso na vida espiritual. Parece-me que prestam um grande servi ço a Satanás tanto aqueles que são indiferentes e ignoram a ação do mau espírito como aque les que atribuem poderes de Deus ao inimigo que é uma pura criatura. Infelizmente estas pessoas tornam-se incapazes de experimentar a infinita e gratificante obra do Espírito Divino que, como na criação, também “geme" nos nossos corações e não permitirá que sejamos tentados acima de nossas forças (cf. ICor 10,13). Obrigado, Pe. Alberto, por este seu novo livro que, de uma maneira prática, orienta a vida espiritual de tantos bons cristãos que, impulsio nados pela força do Espírito, tentam sair vitori osos das muitas batalhas que devem enfrentar pessoal e socialmente no mundo de hoje. Parabéns, Pe. Alberto, por este seu 102 livro, cujo lançamento coincide também com os dez anos de programação rádio-televisiva do seu pro grama evangelizador "Encontro com Cristo". iC. G alache, SJ* j Ediçõ es L oyola o— APRESENTAÇAO "Livrai-nos d o m al" é o que pedimos cons tantemente na oração que Jesus nos ensinou. Sabemos como o problema do mal angustia a todas as pessoas de bem. Jesus veio em nosso so corro para crucificar, em sua própria carne, todo o mal das pessoas que o reconhecem como Salvador. Com sua paixão, morte e ressurreição, venceu o pecado, o demônio e a morte. Em Cristo, portanto, toda a nossa confiança e a certeza da vitória final! Não existe vitória sem luta. Este novo livro do Pe. Alberto Gambarini nos introduz e nos fortalece na grande Batalha espiritual. Faço votos que muitos o leiam e, meditando- -o, saibam vencer o grande combate. Consolidai Vossa Vocação! Bispo Diocesano Prólogo Antes de iniciar a leitura deste livro, per mitamos que o Senhor libere seu poder em nossas vidas. Fechemos os olhos e peçamos que Ele venha em nosso socorro, que supra nossa incapacidade, nossa limitação humana, e nos dê a graça da compreensão de sua Palavra: uma compreensão não apenas intelectual, mas tam bém, e principalmente, espiritual. "Inspira-nos, Senhor, a atenção de que preci samos para receber a tua Palavra. Ilumina a nossa mente, Senhor. Convence o nosso cora ção, unge os nossos ouvidos. Que a tua mão poderosa, Pai, esteja sobre a nossa vida e confirme a Tua unção, para que a tua Pala vra, como luz de nossos passos, traga a nossas vidas as bênçãos de que necessitamos. Em nome de Jesus, amém." P e . A l b e r t o L u iz G a m ba r in i 13 ük. Introdução Este livro fala de um dos temas mais atuais para o cristianismo: a batalha espiritual. Falar deste tema significa entrar na dimensão dos poderes das trevas. Não estamos diante de algo fácil. Há sempre o perigo de cair no engano de desprezar a presença de Satanás e seus demônios, ou conce der exagerada importância a sua influência na vida dos homens. A Palavra de Deus nos alerta: a vida cristã autêntica não é algo pequeno. Para alcançá-la é necessário exercitar o poder espiritual recebido em Jesus Cristo. Aqueles que descuidam do trei namento para a batalha, mais cedo ou mais tar de, caem derrotados diante da vida. Todo cristão deve viver como um soldado de Cristo, manten do uma disciplina apropriada e uma firmeza de propósito conveniente. Tendo entendido esta primeira verdade, é necessário definir: o que é batalha espiritual? Trata-se de reconhecer que, a partir da queda 15 de Lúcifer, anjo mau que originou o mal, e por meio do pecado de nossos primeiros pais, co meçou um conflito que dura desde sempre. Este início da batalha espiritual está reve lado em Gn 3,15: "Porei hostilidade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta te atingirá a cabeça, e tu lhe atingirás o calcanhar". Sendo Sata nás e seus demônios expulsos do céu, o comba te passou a ser travado na terra: "Foi precipi tado o grande dragão, a antiga serpente, aquele a quem chamam Diabo e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Ele foi precipita do à terra, seus anjos com ele" (Ap 12,9). A Escritura é clara quanto ao confronto do Reino de Deus e o império das trevas: "Ele (Deus) nos arrancou ao poder das trevas e nos trans feriu para o reino do Filho do seu amor". (Cl 1,13). Também somos alertados: "Pois não é o homem que afrontamos, mas as Autoridades, os Poderes, os Dominadores deste mundo de trevas, os espíritos do mal que estão nos céus (Ef 6,12). A estratégia de Satanás é tentar, por todos os meios, impedir os homens de viverem como verdadeiros habitantes do Reino de Deus. Pode mos identificar esta ação destruidora pelos gra ves acontecimentos dos dias atuais: destruição da família, aumento da pornografia, expansão das drogas, guerras, violência urbana, corrupção política, a injustiça social, a confusão religiosa causada pelo crescimento de seitas pseudocristãs 16 e pela onda de esoterismo influenciada pela nova era. E o mais grave é constatar esta ameaça invadindo a própria Igreja. Em 15 de novem bro de 1972, o Papa Paulo VI, em sua alocução intitulada "Livrai-nos do mal", afirmava: "...a fumaça de Satanás penetrou no Templo de Deus por alguma brecha". Existe uma batalha acontecendo. Cada um de nós é chamado a ocupar o seu lugar de sen tinela e guerreiro do Senhor. Cabe a cada cristão ter consciência da gravidade desta batalha, e ao mesmo tempo saber discernir as artimanhas do inimigo, para saber combatê-lo eficazmente. C apítulo 1 Desmascarando o inimigo Todo despertar espiritual autêntico leva a um confronto com as potências das trevas. Nesta visão, o cristão é alguém que está em batalha para deter o avanço do perverso inimi go da obra de Deus: Satanás. Mais do que em outros tempos, torna-se necessário reconhecer quem é este inimigo per verso, e aprender a não permitir que ele nos engane quanto ao seu poder. Em teoria, a maio ria dos cristãos crê que não existe poder igual ao do nosso grande e poderoso Deus. Todavia, na prática, um bom número desses mesmos cristãos reage como se o diabo fosse um deus mau lutando contra o Deus bom. Muitos vi vem um cristianismo feito de medos ou, o mais grave, cheio de superstições, no qual em tudo se vê a presença do maligno. 19 O cristianismo sadio tem presente a rea lidade de Satanás e seus demônios, sem contu do se deixar intimidar. Ser cristão é viver a certeza revelada em ljo 4,4: " ...o que está no meio de vós é maior que aquele que está no mundo". PARA A BÍBLIA, QUEM É O DIABO? A Sagrada Escritura faz questão de revelar com todas as letras que o diabo não possui poder igual ou semelhante a Deus. Afinal, ele não passa de uma criatura de Deus: "A serpen te era o mais astuto de todos os animais do campo que o senhor Deus havia feito..." (Gn 3,1). Sua posição é abaixo de Deus. Ele necessi ta de permissão para agir conforme o testemu nho da história de Jó: "então o Senhor disse ao Adversário: 'Seja assim! Todos os seus bens estão em teu poder. Só não estendas tua mão contra ele'. E o Adversário retirou-se da pre sença do senhor" (Jó 1,12). Somos informados de que Satanás era um anjo de luz, chamado Lúcifer, que se rebelou contra Deus: "Eras um querubim cintilante, o protetor que euhavia estabelecido; estavas sobre a montanha santa de Deus, ias e vinhas no meio das brasas ardentes. Tua conduta foi perfeita desde o dia de tua criação, até que se descobriu em ti a perversidade: pela amplidão do teu comércio, te encheste de violência e pecaste. Coloco-te, pois, na cate goria do profano, longe do monte de Deus, 20 vou expulsar-te, querubim protetor, do meio das brasas ardentes" (Ez 28,14-16). Não tendo poder para enfrentar a Deus, ele tenta atingir o plano divino atacando o homem: "Ora, Deus criou o homem para ser incorruptível e o fez imagem daquilo que lhe é próprio. Mas, pela inveja do diabo a morte entrou no mundo e a experimentam os que são do seu partido" (Sb 2,23-24). Deste modo, a Bíblia faz questão de destacar que Satanás é o "príncipe deste mundo" Qo 14,30) e o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos rebeldes. O papa Paulo VI, na audiência geral de 15 de novembro de 1972, diante da posição de alguns em duvidar da existência do diabo, apresentou a posição oficial da Igreja: "...O mal não é somente uma deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo, espiritual, pervertido e pervertedor. Uma terrível realidade. Miste riosa e pavorosa. Sai do ensinamento bíblico e da Igreja quem rejeita sua existência... ou ensina como sendo uma pseudo-realidade, ou somente uma maneira para explicar as causas do mal... O diabo é homicida desde o princípio... pai da mentira, como é definido pelo Cristo (cf. Jo 8,44-45)". De acordo com o ensinamento bíblico c a doutrina da Igreja, devemos crer que o diabo (o caluniador), ou Satanás (adversário), 6 um ser pessoal, invisível, incorpóreo, dotado de conhecimento e liberdade. I I COMO IDENTIFICAR A PRESENÇA DO MALIGNO: A MENTIRA O príncipe das trevas manifesta-se ao ho mem principalmente por meio da mentira. Esta foi, desde o início da criação, a sua estratégia. No paraíso, levou os nossos primeiros pais a duvidarem da Palavra dada por Deus. Para al cançar este objetivo primeiro tentou distorcer uma ordem de Deus: "Deus vos disse real mente: 'Não comereis de todas as árvores do jardim'"? (Gn 3,1). Em seguida, despertou a curiosidade, com a finalidade de fazer a mu lher crer que existia um certo exagero no man damento divino: "A mulher viu que a árvore era boa de comer, sedutora de se olhar, pre ciosa para agir com clarividência. Apanhou um fruto e dele comeu, deu-o também a seu homem que estava com ela, e ele comeu" (Gn 3,6). O pano de fundo da mentira do diabo era a falsa impressão de que, desobedecendo à ordem divina, o homem seria igual a Deus: "É que Deus sabe que, no dia em que dele co merdes, vossos olhos se abrirão e sereis como deuses, possuindo o conhecimento do que seja bom ou mau" (Gn 3,5). Esta ainda é a insinuação mentirosa do maligno, que leva o homem a se rebelar contra as verdades bíblicas e buscar em tantos outros caminhos a igualda de com Deus. Os caminhos desse afastamento são os mais diferentes: muitos decretam a morte de 22 Deus e constroem suas vidas confiando somente naquilo que é possível ver ou explicar pelo co nhecimento humano. Tantos outros fascinam- -se pela busca de conhecimento em filosofias ou doutrinas religiosas de conteúdo completa mente diferente da mensagem cristã, como por exemplo toda a onda de misticismo divulgada pela nova era. O mais triste é observar que a mentira de Satanás está entrando nas fileiras da Igreja, le vando os seus membros a práticas estranhas à fé cristã, ou ainda, criando um espírito de rebe lião, a ponto de quebrar a comunhão desejada pelo Senhor Jesus: "...para que eles cheguem à unidade perfeita e, assim, o mundo possa conhecer que tu me enviaste e os amaste como tu me amaste" (Jo 17,23). Quantos cris tãos estão sendo inchados pelo mesmo orgu lho que levou Lúcifer, astro de luz, a se rebelar contra Deus! E esta nova rebelião evidencia-se ou pelo confronto dentro da Igreja, ou pelo crescimento de tantas seitas, em sua grande maioria nascidas de desentendimentos entre cristãos. O sinal da mentira do diabo dentro da Igreja é a desunião. Se, em nome do evangelho, usa mos a calúnia em uma tentativa de destruir o oponente, revelamos não estar na verdade. O risco é tentar justificar a destruição que quere mos levar aos que julgamos ser nossos inimigos. Quando a nossa defesa em nome de Deus que bra o corpo de Cristo, não estamos mais na ver dade de Deus. É preciso sempre estar atentos para des cobrir se, por meio de nossas palavras e atitu des, não estamos sendo agentes do inimigo. Quando perseguido, um líder, sem que tenha consciência, pode passar a defender as suas idéias e não os valores do Reino. Os piores conselheiros são as emoções feridas. A mágoa ou a incompreensão levam irmão a ficar con tra irmão. Este é o momento em que se abre a brecha para que o inimigo nos leve à rebelião. CAMPOS DE BATALHA Primeiro campo de batalha: o indivíduo O primeiro território que o inimigo dese ja alcançar é a nossa mente, olhos e coração. A armadilha continua sendo a mesma: os nossos sentidos (cf. Gn 3,6). Jamais seremos soldados vencedores na batalha espiritual se primeiro não estivermos em condições de enfrentar e desmascarar o inimigo em nossa própria vida. Isto significa que podemos incorrer no engano de identificar o inimigo na vida dos outros, na sociedade, sem que tenhamos consciên cia do combate que está acontecendo dentro de nós. É fundamental buscar e manter a integri dade de nosso ser (espírito, alma e corpo). Para lutar contra o inimigo, devemos buscar a saú de espiritual, emocional e física. Satanás derru ba os soldados de Cristo por meio de uma destas 24 dimensões do nosso ser. Seguir a Cristo exige dedicação e disciplina. D im e n sã o d o e sp ír it o A partir de nossa decisão de seguir a Cristo, o nosso espírito é despertado pelo Espírito Santo. Uma das imagens fortes do Espírito Santo é o fogo, que nos ajuda a entender: para se manter acesa, uma fogueira necessita de lenha. A vida espiritual sadia necessita primeiro da lenha da Palavra de Deus, "a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para qualquer obra boa" (2Tm 3,17). A inti midade com a Bíblia dá à fé a segurança para enfrentar o inimigo. Foi com a Palavra de Deus na mente, co ração e lábios que Jesus enfrentou e venceu o diabo nas tentações do deserto. Nestas três ten tações estão resumidas as formas como o inimi go procura nos levar para longe de Deus. Na tentação de transformar o dinheiro ou o prazer na meta principal da vida, a resposta do Senhor foi: "Não só de pão viverá o ho mem" (Lc 4,4). Diante da tentação de possuir poder para dispor da vida conforme a própria vontade Jesus repreendeu o diabo dizendo: "Adorarás ao Senhor, teu Deus, e a ele só prestarás culto" (Lc 4,8). O risco nesta tentação é não mais saber qual o limite entre a nossa vontade e a 25 de Deus. Nessa perspectiva, há o perigo de con fundir a nossa vontade com a de Deus. Nessa confusão, para nos convencer mais tarde da inutilidade de Deus, o diabo cria doutrinas que dão a ilusão de podermos obrigar Deus a fazer o que desejamos. Proceder desse modo significa trocar Deus pelo eu, afastar-nos Dele. Outro ardil pelo qual o maligno tenta der rubar o cristão é a tentação da busca de manifes tações extraordinárias: sinais, prodígios e mila gres. Satanás é o maior especialista em fazer o charlatanismo parecer milagre autêntico. O fato de existirem curas ou milagres não dá a com provação da presença de Deus. Quem dá o dis cernimento para não ser enganado é a Palavra de Deus: "De fato, viva é a palavra de Deus, eficaz e mais incisiva do que qualquer espada de dois gumes. Ela penetra até divi dir a alma do espírito, as articulações das medulas. Ela julga as intenções e os pensa mentos do coração". (Hb 4,12). A ocorrência de sinais extraordinários não pode desviar a nossa atenção da fonte dos milagres, pois a gló ria não pertence ahomens ou a qualquer outra criatura. Diante desta tentação, prontamente Jesus repreendeu o diabo: "Está escrito: não porás à prova o Senhor, teu Deus" (Lc 4,12). Somado ao alimento da Palavra, necessi tamos da união com a Igreja e da graça dos sacramentos. A comunhão com a Igreja é que dá a certeza de estarmos com Jesus, pois ela faz 26 parte de seu plano de salvação para as nossas vidas. Por meio dela somos cobertos da pro teção contra as forças do inimigo: " ...e a Po tência da morte não terá força contra ela" (Mt 16,18). Os sacramentos são os canais deixados por Jesus Cristo para comunicar o Seu poder a nós. Pelo batismo, recebemos o Espírito Santo, tornando-nos filhos de Deus, discípulos de Cristo e membros da Igreja. A crisma capacita- nos para o testemunho público de nossa fé. A Eucaristia nos dá privilégio da intimidade com Cristo, renova os efeitos do sacrifício da cruz e concede-nos todo o auxílio divino para uma vida de vitória. A reconciliação cura-nos da doença do pecado. O matrimônio sustenta a união do homem e da mulher com o amor de Deus. A unção dos enfermos devolve a saúde do espírito, alma e corpo. E o sacramento da ordem revela que o Senhor da messe continua a convocar pessoas para cuidar com zelo do Seu povo. D im e n s ã o d a alm a As nossas emoções são um dos canais preferidos por Satanás para nos derrubar e tirar o poder espiritual. Uma das armadilhas mais fortes do demônio é fazer os cristãos não se rem capazes de reconhecer os próprios erros. Trata-se do engano da falsa santidade: "Eu rezo, jejuo, leio a Bíblia. Portanto os outros é que estão errados". A armadilha de Satanás é fazer- 27 -nos vestir a roupa dos fariseus. O caminho para não cair neste engano é jamais perder a cons ciência da nossa limitação humana. Aquele que deseja ser soldado de Cristo, deve estar atento ao que guarda em seu cora ção. A falta de perdão, a inveja, o ciúme, a vingança ou a cobiça desmedida por bens ma teriais são como a erva daninha em uma plan tação. A Escritura nos previne: "Velai por que ninguém venha a subtrair-se à graça de Deus; nenhuma raiz amarga ponha-se a brotar, a causar perturbação e, assim, a infeccionar a comunidade" (Hb 12,15). Como Jesus tem sofrido! Às vezes, passa mos uma vida inteira preocupados com o que os outros dizem de nós; ficamos entretidos com as nossas rusgas; destilamos mágoas; às vezes, Satanás nos distrai fazendo-nos acreditar em fofocas, levando-nos a tomar partido na comu nidade e a brigar entre nós... e o mundo se perde! De modo especial, quero falar aos jovens, que são um dos alvos preferidos de Satanás. Pelos mais diferentes modos, o Maligno tem levado a juventude à destruição. Há ídolos da música que com suas letras incentivam o uso errado do sexo, dos tóxicos, a rebelião contra tudo. Ao ou vir músicas que sacodem e desequilibram o cor po, muitos jovens estão se contaminando sem saber. Há algum tempo, me levantei de madru gada, liguei a televisão e vi uns loucos chacoa lhando a cabeça e balançando o cabelo em um 28 programa cristão. Um deles berrava, não canta va. A música cristã não pode reproduzir os mol des do mundo; ela tem de elevar nosso coração a Deus, abri-lo para a alegria, a meditação, a adoração e louvor! Você talvez diga: "Esse pa dre é muito careta!" Não. Nós cantamos músi cas alegres na Igreja. Mas ao fazer isso não repro duzimos os moldes do mundo. Temos de to mar muito cuidado, porque o Maligno, infeliz mente, tem entrado com sua fumaça dentro da Igreja. Os jovens devem estar atentos, porque Satanás deseja plantar a insatisfação em seus corações. Hoje em dia, quase todos têm um amigo que se viciou em drogas; e, no futuro, talvez quase todos terão um parente ou amigo com a id s . A insatisfação leva o jovem ao tóxico, ao alcoolismo, ao suicídio... Não podemos nos esquecer dos casados. A família está sendo atacada pelas forças do inferno. Esse ataque começa pela perda dos va lores familiares, passa pelo incentivo ao adulté rio e termina na desunião de seus integrantes. Quantos, hoje em dia, acham que não há mal nenhum em "pular a cerca"! Na televisão, ou vimos artistas dizendo: "Se minha esposa sen tir atração por alguém e quiser ter algo com essa pessoa, eu não vou me importar, porque faço o mesmo. Vamos continuar morando em baixo do mesmo teto, porque somos um casal moderno". Isso é quebrar o padrão de Deus para a família! O homem e a mulher abençoa dos por Deus foram feitos um para o outro, até 29 que a morte os separe! Existem, é claro — e a Igreja sabe disso —, alguns casos em que ocor re a separação. Mas isso são exceções, e não a regra. Certa vez, ouvi uma jovem dizer ao noivo: "Vamos casar!" E o rapaz respondeu: "Ah, casar, não, mas se você quiser uma lua- -de-mel...". Você que é jovem tome muito cui dado, porque o diabo conhece seu ponto fraco! Sabemos que muitos homens casados di zem que não o são. Todos os casados, homem ou mulher, têm de usar aliança. E hão adianta usar o pretexto: "Engordei, ela já não serve..."; basta comprar outra e levar para o padre ben zer. Mostre que você é casado para defender-se do adultério! Mostre que não tem vergonha de reconhecer que diante do altar seu amor foi consagrado a Deus e Ele lhe dará a graça de perseverar em sua união! Quando não temos famílias unidas, mais facilmente destruímos a sociedade. Noventa e nove por cento daque las pessoas que estupram, assaltam ou são vio lentas vêm de lares desfeitos. É a família que mantém a sociedade sadia, e ela vem de Deus. D im e n sã o d o c o r p o : Não podemos descuidar de nossa saúde física. Há pessoas que falam: "Depois que entrei na Igreja, deixei de praticar esporte". Isso está errado. É claro que, se depois da partida de futebol, o pessoal vai "encher a cara", você não deve mesmo participar do jogo, porque isso não é sadio. Mas é importante cuidar do cor 30 po: "Corpo sadio é mente sadia". Se o seu corpo não funciona direito, sua emoção será enfra quecida e sua oração também não terá poder. Além de praticar algum esporte, deve-se estar atento ao ritmo do sono, para não abusar do corpo. Durma as horas necessárias, não seja dorminhoco: dormir quinze horas por dia tam bém faz mal. A medicina diz que oito horas são suficientes. E antes de dormir, em vez de ficar assistindo à televisão, leia um versículo bíblico. Esse vai ser o melhor remédio para um sono santo. Este é o passo inicial para ser um guerrei ro valoroso no combate espiritual contra o exército das trevas. Segundo campo de batalha: a Igreja Outra batalha é aquela que se trava con tra a Igreja. No Sínodo dos Bispos de 1985, foi dito: "Não podemos negar a existência, na sociedade, de forças que agem com certo espí rito hostil em relação à Igreja. Todas essas coi sas manifestam a obra do príncipe deste mun do e do mistério da iniqüidade em nossos dias". Por que a Igreja é um dos alvos preferidos de Satanás? Em primeiro lugar, porque foi fun dada por Jesus Cristo. Sua origem é santa, e por isso as trevas tentam derrubá-la de todos os modos. Ela é o lugar onde estão os salvos, os que não desejam mais viver nas trevas. Ela é necessária para a nossa salvação. Afinal, se 31 gundo Efésios 5,25, “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela". Satanás tenta desacreditar a Igreja, tornan do-a desnecessária. Há algum tempo, em uma viagem à Europa, passei por uma praça e algu mas pessoas se aproximaram para falar de Jesus. Então lhes perguntei de que grupo elas eram, e me responderam: "Nós não somos de Igreja nenhuma”. Insisti na pergunta, e a resposta não se alterou: "Nós só temos Jesus e a Palavra de Deus". Então comecei a mostrar-lhes, na Bí blia, todas as passagens que revelavam a im portância da Igreja. Elas então perguntaram o que eu fazia, e quando descobriram que era padre disseram: "Poxa! Tanta gente a quem pre gar a Palavra de Deus e tínhamos de topar logo com um padre!". Satanás tem enganadoa muitos dizendo: “Basta ter Jesus". Mas ninguém pode ter a Jesus se não tem a Igreja. Quando fez o chamado a Pedro, Jesus disse: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja". E em Atos dos Apóstolos, o primeiro livro da história da Igreja, lemos que todos aqueles que aceitavam Jesus e recebiam o Espírito Santo passavam a fazer parte da Igreja (cf. At 2,41-47). Portanto, a Igreja é necessária para a nossa salvação. É ela que nos protege contra as portas do infer no: "...e a Potência da morte não terá força contra ela" (Mt 16,18). Quando o papa João Paulo II, na confe rência do Cairo, combateu com coragem o abor- 32 to, condenando-o como pecado, os jornais, a rádio, a televisão tentaram diminuir a palavra do Papa. Mas ainda assim, por meio do docu mento do Cairo, o Vaticano conseguiu impedir que a vida fosse destruída. Os Estados Unidos, a maior potência da terra, tiveram de se dobrar ao Vaticano, o menor Estado do mundo, com apenas mil habitantes: um Estado que não tem exército, mas tem o poder de Deus. Neste espírito de ataque à Igreja, o Malig no procura atingir aqueles que têm a responsa bilidade de pastorear o povo de Deus: o papa, bispos e sacerdotes. Nunca foram feitos tantos ataques ao clero. O inimigo tenta desmoralizar os consagrados do Senhor, com calúnia, des confiança, e levar o rebanho à rebeldia, pois o demônio sabe que uma Igreja desunida não pode subsistir. O grande chamado do Senhor em nossos dias, reforçado nas aparições de Nossa Senhora nestes dois séculos, é para que tenhamos um amor todo especial pelo papa, pelos bispos e padres, e de modo particular por aqueles pa dres que dirigem a nossa paróquia. O padre de sua paróquia não precisa ser carismático. Ele é um escolhido do Senhor, e se orar por ele, e não estiver no meio daqueles que o criti cam, Deus reconhecerá isso. Todos os dias, rezemos pela Igreja, pela santificação do clero, para que Deus desperte vocações santas. Esta mos precisando de oradores repletos do Espíri to Santo. 33 Outro meio de ataque de Satanás consiste em nos levar a duvidar da doutrina da Igreja. Existe o perigo de nos deixar fascinar, enganar e iludir por questionamentos às verdades da nossa Igreja, recebidas desde a origem do cristia nismo. Tais verdades, nós as recebemos de Jesus, por meio dos apóstolos. O apóstolo Paulo, em Tito 3,9-10, diz: "Mas as vãs pesquisas, as ge nealogias, as disputas, as controvérsias acerca da Lei, evita-as: são inúteis e vãs. Se alguém for herético, afasta-o depois de uma primeira e uma segunda advertência". Se você está assis tindo a um programa que fala mal da doutrina de sua Igreja, fuja dele. Em vez de aceitar sem mais nem menos as críticas, estude os funda mentos de nossa fé católica. O príncipe das trevas deseja estabelecer o caos espiritual pela confusão de doutrinas com aparência cristã. Mas a Igreja criada pelo Espí rito Santo persevera na "doutrina dos apósto los..." (cf. At 2,42), não se deixa levar pelo sabor de novidades. Terceiro campo de batalha: a sociedade O terceiro campo de batalha é aquele que é travado na sociedade. A maldade de Satanás se infiltra por agentes humanos e pelas diver sas instituições sociais. Por detrás das causas da miséria, guerras, corrupção, imoralidade, expan são das drogas... está também a influência per 34 niciosa de Satanás. Não se trata de tirar a res ponsabilidade do homem, mas ter presente a perigosa estratégia de destruição do inimigo contra a obra de Deus. A batalha espiritual não é travada somente contra pessoas individuais. O plano do diabo tem como objetivo influenciar indivíduos que atuam nos diversos níveis da sociedade. Ele, em nome da liberdade, leva à contestação dos valores cris tãos, tentando apresentá-los como ultrapassados. Por outro lado, afrouxa as consciências para que percam a noção de verdade e mentira, honesti dade e desonestidade. Ele usa as pessoas, des- truindo-as em todos os sentidos, com a finalida de de desestruturar a sociedade e afastá-la dos valores de Deus. Nesse sentido, o diabo pode se servir de pessoas bem-intencionadas, todavia carentes de uma experiência de Deus, para alcançar seus objetivos. Estas pessoas nem sempre têm cons ciência de estar lutando contra Deus. Na maio ria dos casos, sempre imaginam estar buscando o bem da humanidade. O discípulo de Cristo precisa estar sem pre atento para que o espírito do mundo não o afaste do Senhor. Toda a atenção se faz ne cessária, pois o inimigo não dá trégua. "Sabe mos que todo aquele que nasceu de Deus não peca mais, mas o Gerado por Deus o guarda, e o Maligno não tem como apanhá- -lo” (ljo 5,18). 35 UM TESTEMUNHO DA MENTIRA DE SATANÁS Em 1978 comecei meu trabalho pastoral na Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, em Itapecerica da Serra, um município da Grande São Paulo. Nessa ocasião, eu ainda não era pa dre, havia acabado de ser ordenado diácono. Com a idade de 23 anos, de repente fui posto diante da responsabilidade de pastorear um rebanho em nome do Senhor. Desde o início de meu ministério nessa querida paróquia, senti um chamado a entrar em guerra contra as forças do exército do ini migo de Deus. Alguns meses após a minha posse, comecei a conscientizar o povo das for mas como o diabo se infiltrava para trazer des truição aos homens. A linha mestra da pregação neste período foram alguns textos da Sagrada Escritura que esclareciam os malefícios dos cultos onde se invocam e consultam espíritos. Em minha ci dade, como na maioria do Brasil, existe (ouso dizer que agora em minha paróquia quase não) uma grande influência do espiritismo kardecis- ta (alto espiritismo ou mesa branca) e dos afro- -brasileiros (baixo espiritismo: umbanda, quim- banda, candomblé...). Por isso minha pregação causou tamanho impacto. Os textos bíblicos mais usados naquele início de uma nova evangelização foram: 36 "Não pratiqueis a adivinhação; não a procureis, pois tornar-vos-ia impuros. Eu sou o Senhor, vosso Deus" (Lv 19,31). "Aquele que se prostituir praticando a adivinhação, eu me voltarei contra ele e o cortarei do meio do seu povo" (Lv 20,6). "Não haverá no meio de ti ninguém que faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, que interrogue os oráculos, pratique sorti légios, magia, encantamentos, enfeitiçamen- tos, recorra à adivinhação ou consulte os mortos. Todo homem que assim proceder é uma abominação para o Senhor, e é por causa de tais abominações que o Senhor, teu Deus, desapossa as nações diante de ti" (Dt 18,10-12). "E como o destino dos homens é mor rer uma só vez — após o que vem o julga m ento..." (Hb 9,27). A primeira reação veio de dentro da pró pria Igreja, afinal muitos (é triste ter de admi tir) participavam da missa aos domingos, esta vam ligados a algum trabalho da paróquia e, ao mesmo tempo, freqüentavam com tranqüi- lidade lugares contrários aos ensinamentos bí blicos. Dentre esses, alguns preferiram afastar- -se da Igreja ou freqüentar uma paróquia onde não fossem questionados quanto ao erro das suas crenças. A segunda frente de batalha do inimigo veio daqueles que não eram da Igreja, mas esta- 37 vam ligados ao espiritismo ou aos cultos afro. As armas foram as mais diferentes: as tentativas de desacreditar nosso trabalho com calúnias ou ameaças de toda ordem, abaixo-assinados para minha remoção da paróquia e, inclusive, traba lhos de macumba despachados na porta da ma triz e da casa paroquial. Todavia, nem a atitude de repulsa vinda de dentro da Igreja nem a reação externa al cançaram a finalidade de impedir o avanço da obra de Deus. Afinal, não existe poder igual ao do nosso Deus. Ele, e somente Ele, tem em suas mãos todo poder do céu e da terra. Quem combate com o Senhor dos Exércitos possui a Sua promessa: "Os que esperam em mim não ficarão envergonhados" (Is 49,23b). Desde o início da nossa difícil tarefa, o Senhor havia dado a convicção de que estava se abrindo uma grandefrente de batalha, a começar pela paróquia, que representava ape nas o ponto de partida. No começo dessa trajetória espiritual, não havia ainda entendido claramente toda a am plitude da obra para a qual estava sendo pre parado. Imaginava tratar-se somente de um tra balho normal de evangelização em uma pa róquia. Enquanto escrevo este pequeno histórico, próximo do dia 20 de outubro de 1996, ocasião em que serão celebrados os dez anos de progra mação de rádio e televisão, vem a minha mente a visão daquilo que humanamente eu jamais seria 3 8 capaz de realizar: o alvo do Senhor era ser glori- ficado pelos meios de comunicação. Não se trata de falsa modéstia, e sim do reconhecimento do que faço dentro de minhas limitações, que são muitas. Como o apóstolo Paulo declaro: "Por isso farei consistir meu orgulho antes em minhas fraquezas, a fim de que pouse sobre mim o poder do Cristo." (2Cor 12,9b). Espero em Deus um dia poder escrever toda a história dessa missão que um dia me foi confiada pelo chamado de Deus. Este breve histórico de uma das dimen sões de nosso trabalho de evangelização tem por finalidade introduzir um testemunho de como Jesus Cristo libertou um membro de minha paróquia das mentiras do Maligno. UM TESTEMUNHO DE LIBERTAÇÃO "Eis os sinais que acompanharão os que houverem crido: em meu nome, expul sarão os demônios, falarão novas línguas..." (Mc 16,17). Este testemunho esclarece a realidade ter rível da destruição lançada pelo diabo na vida daqueles que se envolvem com as suas práti cas. Ao mesmo tempo, fica desmascarada a mentira de que o diabo tem um poder igual ou semelhante ao de Deus. "Fui criado em um lar católico onde aprendí desde cedo a participar da missa aos domingos. Apesar 39 de estar freqüentando a igreja, por uma série de motivos comecei a freqiientar um terreiro de umbanda. Aí permanecí durante cinco anos. Nunca ouvira fa lar de que tal coisa era contrária à lei de Deus. Os padres que passaram pela paróquia de Nossa Senho ra dos Prazeres de Itapecerica da Serra nunca toca ram neste assunto. A promessa da mãe-de-santo era: 'Você vai conseguir dinheiro, bens materiais, e na vida tudo será fácil'. Porém, a realidade foi outra: em minha casa cresceram as brigas, não conseguia trabalho, não tinha paz interior, tudo parecia amarrado em minha vida. Tudo começou a mudar com a vinda do Pe. Albeito, que começou a usar a Bíblia na missa e a mostrar que os que freqüentavam centros espíritas ou terreiros entristeciam a Deus. Um dia, minha mãe voltou da missa e comen tou que o Pe. Albeito chamou a atenção para o pe rigo que correm as pessoas que vão aos centros espí ritas. Nesse tempo, eu estava no fundo do poço. Tomei a decisão de não mais ir ao terreiro e voltei a parti cipar da Igreja. Os resultados foram maravilhosos: a paz voltou a reinar na minha família, nunca mais fiquei sem trabalho. Enfim, posso dizer que tudo se fez novo pelo poder maravilhoso do Espírito Santo. É impoitante lembrar que o espírito que descia na mãe-de-santo rne ameaçou dizendo: 'Não gosto de igreja, de padres e da oração do terço. Quem paiticipa do centro fica com o nome marcado aqui. Se você não voltar mais a este centro uma doença incurável virá para você'. 40 i No início nem dei atenção. Tudo estava cor rendo normalmente em minha vida. Um ano de- l>ois de ter abandonado o terreiro, surgiu em mi nha perna uma trombose que se tornou tão grave, a ponto de os médicos estarem dispostos a amputá- la. Foi aí que lembrei das ameaças feitas pelo diabo. Apesar de ter voltado a freqüentar a Igreja, ain da não estava totalmente integrado a ela. Estava afas tado da confissão e da santa comunhão havia nove anos. Ia à missa, mas não recebia a maior fonte de benção: o próprio Jesus presente na hóstia consagrada. Eu não tinha buscado a confissão por medo de receber alguma bronca, por vergonha de ter freqiientado luga res errados e, é chato reconhecer, porque não acredita va muito no sacramento da reconciliação. O caminho para a minha vitória começou em uma missa em que o Pe. Alberto explicava que muitas doenças tinham como causa pecados não- eonfessados, e de como a comunhão tinha a força para trazer a cura de Jesus. Mais uma vez, não permiti que o diabo me enganasse. Pedi ao Espírito Santo que me tirasse o medo, a vergonha e desse coragem para procurar o padre e me confessar. A resposta de Deus não tardou, pois em um domingo de louvor da paró quia, durante a oração de cura, Deus mostrou que estava me curando. Para a glória de Deus, a doen ça desapareceu! Na segunda-feira, fui ao médico e foi constatado que eu estava curado. Cada dia, vejo bênçãos e mais bênçãos sendo derramadas em minha vida e em nossa paróquia. Eu sou testemunha de que quando andamos no temor 41 do Senhor, firmes na Sua Palavra, unidos a Sua Igreja e fiéis aos Seus pastores não existe mal que possa nos atingir. A maldição só se abate em nossa vida quando desobedecemos à Palavra. Deus seja louvado, porque veio em nosso so corro em Jesus Cristo, e agora esta derramando a plenitude do Espírito Santo! A n t ô n io C in t r a * Este testemunho permite tirar algumas conclusões: — como ensinam a Bíblia e a Igreja, o poder do diabo é real; — o diabo pode mandar destruição para a vida do homem e, consequentemente, aqueles que se envolvem com estas prá ticas estão sujeitos a esta possibilidade; — o mal lançado pelo inimigo é sempre vencido pelo poder de Deus. Quem se cobre com a proteção do Altíssimo não teme o diabo; — é necessário esclarecer as pessoas dos perigos de freqüentar lugares onde se invocam espíritos; — para uma libertação da contaminação das obras do mal, é preciso romper toda ligação com elas. De modo prático, a pessoa deve desfazer-se de tudo que te nha ligação com estes cultos e crenças; * O nome do autor do testemunho foi mudado para preservar sua privacidade. 42 — é necessário fazer uma oração de renún cia e um convite para Jesus Cristo entrar no coração como Senhor e Salvador; — procurar um sacerdote para uma boa confissão e cobrir-se com a proteção de Jesus presente na Eucaristia; — participar com alegria da santa missa, de algum grupo de oração e ser acom panhado por pessoas capazes de aju dar a não permitir que o inimigo ten te tirar a certeza da vitória; — diariamente usar as armas da oração, Bíblia e a oração freqiiente do terço; — ter o coração limpo de toda mentira, desonestidade, rancor, ódio, calúnia... pois os sentimentos maus afastam Deus e dão espaço ao autor do mal: o diabo. 43 SUGESTÃO PARA UMA ORAÇAO PESSOAL DE LIBERTAÇÃO SALMO 91 [90] Aquele que habita onde se esconde o Altíssimo e passa a noite à sombra do Deus Soberano. — Do Senhor eu digo: "Ele é meu refúgio, minha fortaleza, meu Deus: nele confio!" — É ele que te livra da rede do caçador e da peste perniciosa. De suas asas ele faz para ti um abrigo, e debaixo da sua plumagem te refugias. Sua fidelidade é um escudo e uma armadura. Não temerás nem o terror da noite, nem a flecha que voa em pleno dia, nem a peste que ronda na sombra, nem o flagelo que devasta ao meio-dia. Se tombarem mil a teu lado e dez mil à tua direita, não serás atingido. Basta abrires os olhos e verás que recompensa recebem os infiéis. Sim, Senhor, tu és o meu refúgio! — 44 Fizeste do Altíssimo a tua morada, não te acontecerá desgraça, nenhum golpe ameaçará a tua tenda, pois ele encarregará seus anjos de guardar-te em todos os teus caminhos. Eles te carregarão em seus braços para que o teu pé não se contunda numa pedra; andarás por sobre o leão e a víbora, calcarás aos pés o tigre e o dragão. — Já que ele se apega a mim, eu o liberto, eu o protegerei, pois conhece o meu nome. Se me chamar, lhe responderei, estarei com ele na aflição; eu o livrarei e o glorificarei; eu o cumularei de longos dias e lhe revelarei a minha salvação. ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO São Miguel Arcanjo, protejei-nos no combate, cobri-noscom vosso escudo / contra os embustes e ciladas do demônio. / Subjugue-o Deus, / instantemente o pedimos, / e vós, príncipe da milícia celeste, / pelo divino poder, / precipitai no inferno / a Satanás e aos outros espíritos malignos / que andam pelo mundo para perder as almas / Amém. Sacratíssimo Coração de Jesus (três vezes) Tende Piedade de nós. 4 5 ORAÇAO Senhor Jesus Cristo, eu creio que Tu morreste na cruz por meus pecados e ressuscitaste da morte. Tu me redimiste por Teu sangue e pertenço a Ti. Confesso todos os pecados (........................) co nhecidos e desconhecidos. Lamento-me por eles. Arrependo-me deles. Renuncio a todos eles. Eu per doo a todas as pessoas que me ofenderam (......... ) e quero que me perdoes. Perdoa-me agora e pu- rifica-me com Teu sangue Jesus, que me purifica agora de todo pecado. E chego a Ti neste momento como meu Libertador. Tu sabes minhas necessidades especiais, aquilo que me perverte, aquele espírito maldito (dizer o nome se sabe qual é) que me atormenta. Clamo a promessa de Tua palavra: "Todo aquele, que invocar o nome do Senhor será salvo". Clamo a Ti agora: em nome de Jesus Cristo, liberta- -me ó Senhor! t Satanás, eu renuncio a você e a toda a sua obra, inclusive toda e qualquer feitiçaria, macumba, espiritismo, cartomantes, tudo que direta ou dis- farçadamente tenha ligação com você. f Renuncio agora, também, a qualquer ligação que eu ou membros da minha família, amigos e co nhecidos tenhamos tido com as obras ligadas a você. t Eu renuncio a você, Satanás, em nome de Jesus Cristo e ordeno que me deixe agora em nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo, meu Salvador, Amém. 46 C apítulo II Plano de batalha Existe uma batalha espiritual a ser travada em nosso interior, na Igreja e na sociedade em que vivemos. Precisamos estar conscientes desses três grandes campos de batalha e não podemos ser ingênuos a ponto de acreditar que ela possa ser travada por cristãos despreparados, desaten tos, que não têm realmente o vigor de quem deseja ser soldado de vanguarda. É necessário um plano de batalha para enfrentar o inimigo, com homens e mulheres repletos do Espírito Santo. Atualmente, estamos vivendo o tempo de um derramamento especial do Espírito Santo sobre a nossa Igreja. O papa Paulo VI, dirigin do-se aos líderes da Renovação Carismática reu nidos em Roma há alguns anos, lhes disse: “Esta renovação espiritual é uma nova chance que Deus está dando a sua Igreja". Estamos vivendo justamente o tempo da chance de Deus. Não 4 7 podemos desperdiçá-lo; não podemos deixar passar em vão a graça de Deus por nossa vida. Devemos permitir que o Espírito Santo nos leve para a frente da batalha, não para que sejamos derrotados, mas para que possamos realmente ser vencedores, soldados valorosos. Os primeiros cristãos são exemplo dessa atitude de guerra que deve estar presente no cristianismo: "Eles os apresentaram [Paulo e Silas] aos estrategos, dizendo: 'Esses homens lançam a perturbação em nossa cidade: são judeus e pregam normas de comportamento que não é permitido a nós, romanos, nem admitir nem seguir"' (At 16,20-21). Os cris tãos têm um estilo de vida que não é do mun do, mas do padrão de Deus. Eles não se confor mam com este mundo; não seguem os modis mos da maioria, mas aquilo que o Senhor diz em sua Palavra. A Igreja deve ter duas dimensões: em pri meiro lugar, deve ser reunião daqueles que são chamados por Deus. Portanto, só vai à igreja aquele que deixa Deus falar ao seu coração; só persevera junto com a Igreja aquele que de fato é a ovelha que ouve a voz do Bom Pastor. O próprio Jesus diz: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz" (cf. Jo 10,16). Mas a Igreja não pode ficar presa àquilo que fazemos no final de semana, em nosso gru po de oração, na missa dominical. Portanto, ela deve ter uma segunda dimensão: ser um benefí cio para aqueles que ainda não são membros dela. Assim como Jesus não esperava que as 48 pessoas fossem a Ele, nós, que dizemos possuir Jesus Cristo, temos de ir ao encontro dos perdi dos, para lhes dizer que existe Alguém que os ama; temos de levar-lhes uma palavra de espe rança. A finalidade da Igreja no mundo é ser instrumento de salvação para todos os homens. No mundo, as pessoas querem cargos im portantes; querem ser caciques e não índios comuns. Em um grupo, todos querem ser diri gentes; ninguém quer carregar a cadeira. Todos querem ser da chefia na paróquia; não querem visitar os pobres, os doentes, os presos, as pros titutas ou os drogados... ninguém tem tempo. Mas as pessoas têm tempo para pensar em seus interesses. "Jesus os chamou e lhes disse: 'Como sabeis, os que são considerados chefes das nações as mantêm sob seu poder, e os gran des, sob seu domínio. Não deve ser assim entre vós. Pelo contrário, se alguém quer ser grande dentre vós, seja vosso servo, e se al guém quer ser o primeiro entre vós, seja o escravo de todos. Pois o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate pela multidão'" (Mc 10,42-45). O soldado de Cristo é servo. Ao dar o passo por Jesus, Ele nos dá o Espírito Santo, que começa a renovar nosso espírito, nossas emoções e nosso físico. Deste modo, à medida que vamos nos treinando na Palavra, na ora ção, nos sacramentos e no serviço, tornamo- -nos grandes aos olhos de Deus, e as bênçãos crescem em nossa vida. 4 9 Existem muitos cristãos nos grupos de ora ção, nas paróquias, nas igrejas, que não possuem idéias claras sobre o sentido de ser seguidor de Jesus. É preciso perguntar: "Por que estou na Igreja? Por que participo do grupo de oração? Por que vou à missa todo domingo e visito os pobres, os doentes? Por que leio a Bíblia e rezo todos os dias?" Se de fato recebeu o batismo no Espírito Santo, você então é chamado por Deus a levar o Evangelho a todas as criaturas e a fazer discípulos em todas as nações. Ser soldado de Cristo é semear a boa nova de Jesus Cristo, é levar a salvação a todas as pessoas. Nossa tarefa é ganhar almas para Cristo, por meio de uma vida abundante. Temos de mostrar que Jesus tem o poder de salvar, libertar e curar. Não podemos esquecer: estamos em uma batalha espiritual. Isso significa que precisamos subir nos telhados e proclamar aquilo que Jesus fala aos nossos ouvidos. Temos de defender nossa Igreja, temos de amar nossos pastores, o papa, os bispos, os sacerdotes; temos de orar pela perseverança e santidade dos seminaristas, das religiosas, a fim de que dêem testemunho. Essa batalha é travada também na socie dade, e isso não pode ser desprezado. Dizia um santo, neste século: o cristão deve ter em uma das mãos a Bíblia e na outra o jornal. Tem de saber o que está acontecendo a sua volta, para, a partir daí, mudar este mundo. O diabo influencia sociedades inteiras, le vando-as ao caos social, político, econômico e moral: destruição da família, pornografia, ex 50 pansão das drogas, guerras, confusão religiosa pelo crescimento das seitas, violência urbana, corrupção na política. Nós, cristãos, temos de trabalhar para que essas coisas possam ser der rotadas; para que se possa construir a civiliza ção do amor. Precisamos mostrar que a Palavra de Deus tem a força de mudar tudo: minha vida, minha família, meu trabalho, a política, a economia, as artes... A fé pode mudar a vida do empregado, do patrão; pode levar realmen te à construção da sociedade, do mundo que Deus deseja para nós, onde possamos viver plenamente o verdadeiro amor. Tudo o que fazemos, na vida pessoal, na Igreja ou na vida social, deve cumprir o obje tivo dado por Deus. Devemos nos perguntar como usamos nosso tempo; que tipo de edu cação temos dado para nossa família ou como convivemos com nossos parentes; como ga nhamos nosso dinheiro e como o temos gasta do; se nossas diversões são realmente agradá veis a Deus... Quer sejamos solteiros, casados, viúvos ou separados, devemos nos perguntar se a vida quelevamos é digna daquele que se diz discípulo de Cristo. O essencial é viver de acordo com o padrão de Deus: se você é soltei ro ou solteira não pode ser, por esse motivo, uma pessoa frustrada. As coisas nem sempre acontecem na hora e nos moldes em que que remos, e sim quando e como Ele quer. O apóstolo Paulo, em Colossenses 4,5, diz: "Valei-vos da ocasião". Não seja soldado de Cristo apenas à noite, no grupo de oração, 51 quando vai a um curso de noivos ou à missa. Não seja uma coisa na oração e outra em sua vida diária. Volte-se para Deus, e sua vida espi ritual será abençoada. Você terá uma vida de poder. Ninguém vence a batalha sozinho. Uma das áreas em que Satanás tem êxito é impedir os cristãos de trabalhar como um exército unido. Enquanto fico preocupado com alguém que — dizem — me fez algo, ou sinto ciúme porque outra pessoa está aparecendo mais, ou me preocupo com o que podem estar falando de mim, perco tempo, deixo de trabalhar, por que fico triste, deprimido, nervoso. É isso que o diabo quer. Agindo assim, não teremos tem po para salvar almas. Em nome de Jesus, possamos queimar no fogo do Espírito essas emoções ruins. Possamos levar o espírito de unidade às nossas paróquias. Veremos milagres permanentes quando os cris tãos realmente souberem, dentro de suas pró prias Igrejas, ser unidos; quando os cristãos de todas as denominações aprenderem a anunciar a Palavra, sem querer engordar suas igrejas. A ba talha não pode ser travada contra aqueles que estão recebendo a instrução da Palavra, mas con tra Satanás e seus anjos maus. Não nos afastemos do trabalho quando alguém nos perseguir, quando falarem mal de nós, quando quiserem nos “puxar o tapete". Lembremo-nos da Palavra de Jesus a Pedro quan do este Lhe perguntou o que iria ganhar depois 5 2 de ter deixado tudo para segui-Lo: "Cem vezes mais agora, no tempo presente, casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com persegui ções, e no mundo futuro a vida eterna" (Mc 10,30). Saibamos ser intercessores, orando por nossa vida pessoal, pela Igreja e pelo mundo em que estamos vivendo, para que os pecadores sejam salvos. 5 3 C a p í t u l o III Treinamento para a batalha Para enfrentar a batalha contra as forças espirituais, precisamos estar preparados, e não apenas como recrutas de última hora, mas como soldados prontos para vencer, em nome do Senhor. Em nossos dias, como talvez em nenhum outro tempo, vemos de maneira sobrenatural o derramamento do Espírito Santo. Sem dúvida alguma, estamos diante de uma renovação es piritual que marcará profundamente o cristia nismo de nossa geração. E é por isso, por estar mos vivendo um tempo do Espírito, que o inimigo, diante de tal ofensiva espiritual, não permanecerá quieto. Estamos vivendo um mo mento em que Deus está avivando, despertan do um povo. Mas ao mesmo tempo, ao lado do crescimento vertiginoso de pessoas que se dizem transformadas pelo poder de Deus, não temos constatado uma real transformação de suas vidas, apesar de dizerem que estão seguin do Jesus Cristo. As idéias, as palavras e a ma neira de agir de alguns que afirmam ter nasci do de novo em nada se diferenciam do modo de vida daqueles que estão afastados de toda prática religiosa. Qual a razão disso? A respos ta, a encontramos na parábola do Evangelho em que o Senhor diz que foi plantado o trigo e, junto, cresceu o joio. Por que o joio está crescendo por entre a renovação espiritual? (cf. Mt 13,24-30.36-43.) Sem dúvida alguma, o problema é a igno rância espiritual, causada por dois motivos: — por não se ter recebido instrução es piritual no início da caminhada; — pela soberba pessoal de imaginar ser suficiente sua experiência inicial. Há quem ache que basta começar a par ticipar de um grupo de oração, ou fazer um seminário de vida no Espírito, para ser um cristão pleno do Espírito Santo. Não. Isso é apenas o início de uma caminhada que deve ser cultivada. Ocorre o mesmo com o agricul tor: se deseja ver resultados em sua plantação, não basta apenas que semeie, ele tem de cuidar daquilo que foi semeado. Tais pessoas, expostas às investidas do ini migo, deixam de crescer, ou na verdade andam para trás, porque o resto continua caminhando. Por estarem alicerçadas não sobre a rocha, mas 56 sobre a areia, elas voltam para sua antiga vida. Quando essas pessoas entram na batalha espiri tual, mais cedo ou mais tarde, com toda proba bilidade, enfrentarão o risco de ataques pessoais de Satanás, e como conseqüência — porque não estavam de fato no Senhor, mas envolvidas com suas idéias ou com aquilo que julgavam ser o Senhor — trarão descrédito para a obra de Deus. O contratestemunho — por nossa igno rância ou soberba, por nossa preguiça de apro fundar as verdades divinas — virá por um es tilo de vida contrário ao Evangelho ou pela volta da pessoa a sua antiga vida. Diante de um tempo de renovação espiri tual, em que somos levados a entrar no território do inimigo, é de fundamental importância um melhor treinamento de todos os envolvidos na luta espiritual. Não basta ter um linguajar cristão, freqüentar uma igreja ou até estar envolvido em alguma pastoral. Tudo isso é importante, faz parte do ser cristão, mas é somente uma conseqüência, pois ser cristão pleno do Espírito Santo é viver de acordo com o padrão estabelecido por Deus. Muitas vezes confundimos cristianismo com costumes: "Não corte o cabelo, não use esse tipo de roupa ou maquiagem..." Isso é muito fácil fazer, mas não diz a Jesus Cristo quem você é de fato. Você pode agir dessa maneira e, ao mesmo tempo, ter um coração de pedra, duro, não refletindo uma men te renovada pelo poder do Espírito. Certa vez, li uma verdade que marcou pro fundamente meu coração: "O cristão está sem pre disposto a aprender as coisas básicas do 57 procedimento agradável ao Senhor". É aquele que deseja agradar a seu Deus naquilo que pen sa, vê, ouve, fala e faz. Aquele que, na forma como está vivendo em família, ou trabalhando, ou na escola, ou namorando, sabe está sempre na Presença do Senhor. O verdadeiro cristão não passa seu tempo envolvido em discussões re ligiosas, ou discutindo hábitos, apegado a picui nhas... O cristão é aquele que sabe que por sua vida, por seu proceder, será julgado pelo Todo- -Poderoso. Em Apocalipse 22,12, está escrito: "Eis que eu venho em breve, e minha retri buição está comigo, para pagar a cada um segundo as suas obras". O Senhor está dizen do que no dia do julgamento receberemos pela forma como aqui vivemos. Em ljoão 2,5-6, le mos: "Aquele que guarda a sua Palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito; e nisto reconhecem os que estamos nele. Quem pretende permanecer nele deve tam bém andar no caminho em que ele [Jesus] andou". ETAPAS PARA O TREINAMENTO Primeira etapa: entrega real da vida ao senhorio de Jesus Cristo Nesta primeira etapa, é preciso examinar quem está no comando de nossa vontade. Não podemos desprezá-la, sob pena de afetar o res to de nosso treinamento, de nosso compromis so com Jesus. 58 A entrega da vida a Jesus, no momento da conversão, é somente um primeiro degrau tia vida cristã. Paulo, grande conhecedor dos caminhos de Deus, tem alguns versículos pre ciosos a este respeito: "Se alguém está em Cris to, é uma nova criatura. O mundo antigo passou, eis que aí está uma realidade nova" (2Cor 5,17). E o Apóstolo continua, explican do qual é o efeito dessa vida nova em Cristo. Infelizmente, às vezes, é deixada de lado a lei tura dos versículos seguintes, onde está descri to como saber se de fato nascemos de novo. Leiamos juntos 2 Coríntios 5,18-21; 6,1: "Tudo vem de Deus, que nos reconciliou con sigo por Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação. Pois, de qualquer forma, era Deus que em Cristo reconciliava o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas, e pondo em nós a palavra de reconci liação. É em nome de Cristo que exercemos a funçãode embaixadores, e, por nós, é o pró prio Deus que, na realidade, vos dirige um apelo. Em nome de Cristo, nérs vos suplicamos, deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não conhecera o pecado, ele o identificou com o pecado, por nós, a fim de que, por ele, nos tornemos justiça de Deus". "Visto estarmos cooperando com ele, nós vos exortamos a não deixar sem efeito a graça recebida de Deus". Estamos diante de algo muito sério. Essas palavras do Apóstolo não foram dirigidas a cris tãos marinheiros de primeira viagem, mas a uma Igreja considerada espiritualmente forte. Aparen 5 9 temente, a Igreja de Corinto era digna de admi ração, pois tinha todos os dons do Espírito San to. No entanto, nas duas cartas de São Paulo aos Coríntios, percebemos duras correções feitas pelo Apóstolo. O problema dos cristãos daquela Igreja eram os relacionamentos. Ali existiam divisões, ciúmes e contendas, sinais visíveis da falta de visão da obra realizada por Deus na cruz de Cristo. O apóstolo Paulo nos diz que por causa da cruz fomos transformados em embaixadores da recon ciliação, do perdão, da comunhão entre as pes soas. Em outras palavras, Paulo está dizendo que não seremos dignos das bênçãos da cruz se não formos uma bênção para nossos irmãos; se esti vermos, como a Igreja de Corinto, repletos de divisões, mentiras, adultério, desonestidade... Temos de pôr em ordem nossas idéias e rendê-las ao Senhor. Temos de pôr em ordem nossa vida na família; a esposa precisa orar pelo marido, e este pela esposa; os filhos devem orar pelos pais, e os pais pelos filhos! "Quem preten de permanecer nele deve também andar no caminho que ele andou" (ljo 2,6). Para pôr em ordem nossa família, nosso ambiente de traba lho, o mundo, é necessário, antes, começar a faxina em nossa vida pessoal, naquilo que esta mos guardando na mente e no coração. Para alcançar este objetivo, é preciso permitir que o Espírito Santo nos dê a posse do poder da cruz para todas as áreas de nossa vida, "pois, de qualquer forma, era Deus que em Cristo re conciliava o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas, e pondo em nós a palavra de reconciliação" (2Cor 5,19). 60 Na hora em que seu coração se angustiar, desanimar ou entrar em batalha contra outros, procure lembrar: quando éramos pecadores, Jesus morreu por nós na cruz, e Ele não fez isso para que tivéssemos ódio de nossa família, para que fôssemos desonestos, fofoqueiros, ciumentos.... Não! Ele morreu para que, por seu sangue, fôsse mos lavados, libertados do pecado! Pergunte a si mesmo: "Quem está no co mando de meus pensamentos, de minha boca, meus ouvidos, meus olhos? Quem está no coman do de meu coração?" Se você descobrir pensamen tos impuros, sentimentos ruins, atitudes de sonestas, procure pedir perdão ao Senhor, fazer uma boa confissão. No domingo, ao comungar, peça a Jesus que comece a curá-lo, para que você possa ser fortalecido, abençoado, transformando- -se em um soldado que vive no poder da cruz. Segunda etapa: andar na unção do Espírito " O s que pertencem ao Cristo crucifica ram a carne com suas paixões e desejos. Se vivemos pelo Espírito, andemos também sob o impulso do Espírito" (G1 5,24-25). A Igreja primitiva era zelosa quanto à qua lidade de seus membros. Procurava de todos os modos fazer com que aqueles que desejavam seguir Jesus Cristo entendessem de fato o que isso significava. Assim, a efusão do Espírito Santo — ou batismo no Espírito —, momento em que o Espírito passa a habitar em nós, era condição necessária para a pessoa ser considerada de fato 6 1 cristã, e por meio dessa experiência, a Igreja pro curava equipar a todos com o poder necessário para testemunhar a fé. Os primeiros cristãos não queriam ape nas números; não queriam somente pessoas que freqüentassem a Igreja — aliás nem existia, na época, a igreja-prédio, pois o cristianismo era proibido, perseguido, e os irmãos se encontra vam nas casas, nas praças, nas cavernas, escon didos. O essencial era a qualidade da vida es piritual daqueles que aderiam a Jesus Cristo. Nos Atos dos Apóstolos, encontramos alguns exemplos importantes do zelo em tor nar as pessoas plenas do Espírito Santo: — a resposta de Jesus aos discípulos antes do derramamento do Espírito Santo em Pentecostes: "Jesus lhes recomen dou que não deixassem Jerusalém, mas esperassem aí a promessa do Pai, 'aquela, disse, que ouvistes de minha boca: João batizava com água, mas vós, é no Espírito Santo que sereis batizados daqui a poucos dias'" (At 1,4-5). Jesus não queria que as pessoas saíssem de qualquer modo pelas ruas e praças falando do Evangelho. Queria que esperassem pela unção do Espírito, a unção que lhes desse as palavras capazes de tocar os corações daqueles que estavam longe do Evangelho. Os cristãos, hoje em dia, talvez não estejam buscando essa unção da maneira como o Senhor exige. Mui- 62 Ias vezes, ficam contentes porque estão em uma Igreja, ou porque vão a uma reunião, mas isso não é suficiente. O Senhor deseja fazer jorrar de nosso interior rios de água viva, para que nos firmemos n'Ele de uma vez por todas. — a atitude dos apóstolos de enviar Pe dro e João aos irmãos de Samaria. A Igreja de Jerusalém ficou sabendo que em Samaria fora pregado o Evange lho e, então, mandou os emissários para que orassem e aquelas pessoas recebessem o Espírito Santo: "Ao che garem, eles oraram pelos samarita- nos, a fim de que recebessem o Es pírito Santo" (At 8,15); — O grande apóstolo Paulo, após ver ao Senhor e conversar com Ele na estra da de Damasco, chegou à cidade e ficou como que cego. Então o Senhor lhe mandou Ananias: "Ananias par tiu, entrou na casa e lhe impôs as mãos, dizendo: 'Saulo, meu irmão, é o Senhor que me envia — este Jesus que te apareceu no caminho que seguias — a fim de que recupe res a vista e fiques repleto de Espí rito Santo'" (At 9,17). Por que motivo preocupavam-se tanto em levar aqueles que aceitavam Jesus a passar pela experiência desse mergulhar, dessa efusão, des se batismo no Espírito Santo? Em primeiro lugar, em virtude da vida pessoal do cristão. Porque o Espírito Santo: — nos capacita a viver de modo sobre natural (cf. At 1,8); — nos convence do pecado e nos dá força para vencê-lo (cf. Jo 16,8-10); — nos dá os dons extraordinários para sermos pedras vivas da Igreja de Cris to, e não somente assistentes (ICor 12,4ss.); — nos dá o fruto de um proceder novo com Deus e os irmãos (G1 5,22-23); — nos dá um novo gosto pela oração, pela Palavra de Deus e pela participa ção nos sacramentos, principalmente a eucaristia e a confissão (At 2,42ss.). Em segundo lugar, a Igreja primitiva preo cupava-se com a efusão do Espírito em vista da construção do reino de Deus. Infelizmente, a busca pela plenitude do Espírito Santo tem sido incentivada somente em vista da vida pessoal, como um fim em si mesmo. Daí haver, dentro das Igrejas, tantas pessoas espiritualmente muti ladas. Não basta querermos o Espírito Santo apenas para a nossa vida pessoal. Precisamos permitir que Ele faça toda a sua obra. Se não preenchermos esta segunda condição — que c justamente permitir que o Espírito nos transfor me em instrumentos de construção do reino de Deus, não teremos plena satisfação espiritual, e em pouco tempo o Espírito Santo em nós estará sendo entristecido pelo nosso proceder. Quem põe a mão no fogo é para se queimar. Em outras palavras, se queremos o Espírito Santo para con tinuar levando uma vida acomodada ou egoísta, estamos buscando a coisa errada. 64 O discípulo de Cristo deseja que o Espírito Santo possa agir em sua vida com toda a liber dade. Ele não fica fora do campo de batalha; ora, todos os dias, de modo semelhante aos primei ros cristãos: "E agora, Senhor, sê atento às suas ameaças, e concede aos teus servos que anun ciem a tua Palavra com inteira segurança. Estende, pois, a mão para que se produzam curas, sinais e prodígios pelo nomede Jesus, teu santo servo" (At 4,29-30). Os primeiros cristãos enfrentavam todo tipo de dificuldade, de incompreensão; seus líderes es tavam sendo presos... mas eles não se deixavam ameaçar, não se deixavam invadir pelo medo, não desanimavam. Ao reunir-se, essas pessoas o fa ziam na certeza de que o poder de Deus iria real mente manifestar-se. Tratava-se de homens e mulheres como nós, que tinham seu trabalho, suas ocupações, mas que sabiam dar a Deus o lugar devido em suas vidas. Hoje em dia, as pessoas dão muito mais ao mundo do que a Deus. Qual foi o efeito das palavras acima, pro nunciadas pelos primeiros cristãos? "No fim de sua oração, o local em que estavam reu nidos estremeceu; todos ficaram repletos do Espírito Santo, e proclamavam com firmeza a palavra de Deus" (At 4,31). Na Igreja primi tiva não se perdia tempo. Existia a consciência de se deixar moldar pelo poder de Deus para ser um pescador de almas. Há pessoas que passam a vida inteira cho rando por seus problemas, reclamando da vida... Estão perdendo tempo, porque não acreditam 65 que, por estarem em Jesus, receberam a bên ção. São ricos, por possuírem uma riqueza que lhes foi dada em Jesus Cristo, mas ao mesmo tempo são mendigos, porque não a utilizam. A partir do momento em que aceitamos Jesus Cristo e deixamos o Espírito Santo começar a agir, Ele vai nos moldando, vai devolvendo nos sa integridade perdida, nossa autoridade e po der diante da vida. A Igreja de nossos dias está necessitando de um despertar espiritual capaz de levar cada um de seus membros a ser sal e luz de Cristo no mundo. Não há como nos tornarmos plenos do Espírito Santo com um conta-gotas; no céu existe somente uma mangueira muito forte para encher os nossos vasos. Somos vasos de barro, como diz o apóstolo Paulo, mas repletos e trans bordando na graça de Deus, na unção do po der do Espírito Santo! Esta é a grande certeza que devemos ter no coração. Não desperdicemos a oportunidade que nos está sendo concedida pelo Senhor Deus. O Senhor está derramando como que um novo Pentecostes! Não fique contente com restos; não aceite lavagem, quando você pode ter o man jar do céu que lhe é oferecido na Palavra. Não se contente com migalhas que caem da mesa de Deus; é muito pouco, quando você pode sentar à mesa com Ele e comer do melhor que existe. Uma vez que deixemos o Espírito Santo agir, não o entristeçamos mais, com um proce 6 6 der indigno de quem recebeu a vida nova. Nesse sentido, faço minhas as palavras do apóstolo Paulo: "Por isso recordo-te que tens de reavivar o dom de Deus que está em ti desde que te impus as mãos" (2Tm 1,6). Aqueles que não estiverem realmente, da ponta dos cabelos à ponta dos pés, encharcados na unção do Espírito Santo, que tiverem apenas uma religiosidade de casca, que forem preguiço sos, distraídos, serão engolidos pelos aconteci mentos. Reavive a chama do dom de Deus enquan to Deus está falando conosco, enquanto existe tempo para que nos convertamos. Assim, Ele nos exaltará como soldados e receberemos toda pro visão. Não deseje pequenas coisas, apenas. Dese je a plenitude do Espírito Santo, e as pequenas coisas, então, também serão abençoadas. Meu irmão, não seja um mendigo espiritual. Se sua vida, sua família não estão indo bem, se você está sentindo falta de poder, é porque está preci sando renovar a unção do Espírito em sua vida. Buscando a plenitude do Espírito, Ele passará então a guiar sua vida, e você passará a ver sal vação, libertação, cura, milagres... Na plenitude, você encontrará vida e poder. Terceira etapa: conhecer a Palavra de Deus Assim como um exército comum precisa de treinamento básico para os seus soldados, o mesmo se faz necessário para aqueles que estão envolvidos na batalha espiritual. O Senhor não 67 deseja pessoas religiosas apenas. Ele quer que aqueles que foram equipados com sua graça — por meio do batismo no Espírito Santo — pos sam crescer sempre mais na condição de solda dos valorosos. Em Efésios 6,17, o apóstolo Paulo diz: "Re cebei enfim o capacete da salvação e o gládio do Espírito, isto é, a Palavra de Deus". O soldado de Cristo precisa conhecer o plano da batalha de Deus. Para tanto, é fundamental a intimidade com a Escritura Sagrada. A Escritu ra não pode ser desodorante em nossa vida: algo que apenas carregamos embaixo do braço, e pronto. Não pode ser um livro empoeirado que guardamos em nossa casa ou simplesmen te um enfeite bonito que expomos na sala. A Bíblia deve ser o livro mais usado de nossa casa, aquele que está à nossa cabeceira e do qual nos alimentamos todos os dias. A falha de muitos cristãos é não possuir a familiaridade necessária com a Palavra. Não estou falando simplesmente daquele conheci mento a partir do qual as pessoas citam sem pre determinados textos ou lêem somente as partes que lhes convêm. Por exemplo: — aqueles que são dados a um envolvi mento social usam e abusam de tre chos para tentar mostrar a importân cia de seu trabalho. E quantas vezes acabam esquecendo que nem só de pão vive o homem! — os que pregam a cura divina dão a im pressão, a seus ouvintes, de ser este o 6 8 único tema da Escritura. Tal procedi mento pode criar cristãos incapazes de uma verdadeira conversão, cristãos que não vivem plenamente a Palavra de Deus, porque ninguém a levou a eles; e, o pior, tal procedimento pode levar muitos de seus seguidores ao desespero quando não se alcançam os resultados prometidos; — os que fazem da Bíblia uma espécie de esparadrapo. Há pessoas que só se lembram, por exemplo, do Salmo 22(23) ou do Salmo 90(91), como se a Palavra fosse um tapa-buraco, uma maneira de pensar positivamente, e nada mais. A Bíblia é um livro completo e não uma colcha de retalhos para ser usada de acordo com as conveniências individuais. A finalidade da Palavra de Deus é clara, e está em Deutero- nômio 12,28: depois de ter libertado seu povo da opressão do Egito, Deus começou, por meio de Moisés, a ensiná-lo a ser um povo-luz para os outros: "Observa e escuta todas as pala vras dos mandamentos que te dou; assim serás feliz, tu e teus filhos depois de ti para sempre, porque terás feito o que é bom e reto aos olhos do Senhor, teu Deus". Quando olhamos apenas uma parte da Es critura; quando buscamos não a Deus na Bíblia, mas desejamos simplesmente satisfazer nosso egoísmo, nossa vontade humana, imperfeita; quando vamos atrás das coisas de Deus não por 6 9 causa de Deus, não para ser filhos d'Ele, não para aprender a andar segundo seus estatutos, mas simplesmente pensando nos benefícios pessoais... ficamos vazios. A Palavra de Deus é completa. Ela fala de salvação, de ânimo, de cura, mas tam bém nos corrige: "Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, refutar, corrigir, educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para qualquer obra boa" (2Tm 3,16-17). A Palavra foi revelada para nos mstruir sobre a obra de Deus para as nossas /idas. Por meio da Escritura, devemos ser formados a pensar biblicamente (com as idéias de Deus, e não de acordo com a cabeça dos outros) e, conseqüentemente, a mudar nosso padrão de vida. Deus precisa de pessoas pensando de maneira nova, com pensamentos santos, com o coração puro. O discípulo de Cristo não é um novo fariseu, alguém que se esconde por trás de uma falsa religiosidade. Sempre existe o risco de sermos os juizes dos erros alheios, sem perceber os nossos pró prios. É necessário, antes de tudo, conhecer a Palavra e pregá-la a nós mesmos, obedecendo às verdades bíblicas, deixando-nos transformar por ela. Nunca seremos heróis da fé se não possuirmos intimidade com a Bíblia. É preciso conhecer o pensamento de Deus, a forma como foi em socorro dos homens e, também, como os corrigiu quando erravam a meta. Quando precisou, Deus falou duro, para que os homens pudessem acordar de seus erros. Estamos viven 70 do um tempo em que não
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