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Prevenção Quaternária - Primeiro Não Causar Dano 
Um pouco de história... 
● A medicina é tão antiga como a própria humanidade, já 
que desde sempre a doença e os acidentes 
acompanharam o homem. 
● Na Grécia antiga - dietética: considerava-se que os 
estados patológicos resultavam do desequilíbrio entre as 
causas das doenças e as forças curativas da natureza. 
● Idade média, hospitais, caridade. 
● Século XVIII: emergência da medicina preventiva, 
vacinação. 
● Quarentena - Croácia - século XIV. 
● Até o início do século XX, a prevenção era uma atividade 
relacionada puramente à saúde pública e tratava da 
compreensão e do controle de doenças transmissíveis. 
● Conferência Internacional Promoção da Saúde - Otawa 
(Canadá), 1986, a saúde, pela OMS, mais do que um 
objetivo de vida, é um recurso do dia a dia. A 
responsabilidade da promoção da saúde é comum a 
todos os setores da sociedade, através da capacitação 
(empowerment) dos indivíduos e das comunidades, da 
criação de ambientes favoráveis à saúde e do 
desenvolvimento de aptidões pessoais (pela educação 
para a saúde). 
● Epidemia de riscos e gastos nos últimos 40 anos - 
medicalização da sociedade como “efeito adverso” da 
medicina preventiva. 
Níveis de Prevenção - Leavell & Clak (1965) 
● Prevenção primária: prevenção de doenças e promoção 
da saúde (medidas sanitárias, vacinas), prevenção 
primordial. 
● Prevenção secundária: detecção precoce e intervenção 
imediata para o controle da doença (hipertensão arterial 
sistêmica, diabetes mellitus, rastreios, doenças 
sexualmente transmissíveis). 
● Prevenção terciária: tratamento, reabilitação, evitar 
piora e sequelas, melhorar qualidade de vida e 
funcionalidade, “gestão” dos estados de doença. 
 
 
 
 
Prevenção Quaternária 
● Alguns autores a coloca, como sinônimo de “prevenção 
do sofrimento”, por exemplo na oncologia: 
- 1ª fase: corresponde à prevenção primária, riscos. 
- 2ª fase: corresponde à detecção e tratamento precoce 
das lesões neoplásicas. 
- 3ª fase: corresponde ao tratamento, reabilitação e 
melhora da sobrevida dos doentes cancerosos. 
● Prevenção quaternária em oncologia, enquadra-se nos 
cuidados paliativos, cuja finalidade é a prevenção em 
saúde melhoria da qualidade de vida dos doentes, 
prevenindo e aliviando o sofrimento dos próprios e dos 
seus proporcionando progressivamente mais conforto e 
qualidade de vida. 
● “É o conjunto de ações que visam evitar a iatrogenia 
associada às intervenções médicas como a 
sobremedicalização ou os excessos preventivos”. 
● Um novo nível de prevenção. Não causar danos. 
 
● Proposto pelo médico de família Marc Jamoulle, em 
1999, o conceito da prevenção quaternária foi 
oficializado pela World Organization of National Colleges 
(Wonca), Academies and Academic Associations of 
General Practitioners/Family Physicians em 2003. 
● Quatro domínios de prevenção para a prática clínica. 
 
 
● Encontro médico-paciente pode abranger problemas dos 
diferentes campos de prevenção. 
 
Situações comuns em que o conceito é aplicável 
● Sobrediagnóstico ou “overdiagnosis”: excesso de 
rastreamentos, excesso de solicitação de exames. 
● Sobretratamento: trocas médicas caras (metformina). 
● Alto valor x alto custo: 
- Intervenção de alto custo: pode produzir alto valor 
(benefícios líquidos suficientemente grandes para 
justificar os custos. Ex.: TARV, desfibrilador implantável). 
- Intervenção de baixo custo: pode reduzir baixo valor se 
os benefícios forem pequenos ou ausentes. Ex.: 
papanicolau anual, radiografia de tórax pré-operatória 
em assintomáticos. 
● Abusos na medicalização de fatores de risco. 
● Criação de doenças (“Disease mongerina”): propagandas 
das indústrias farmacêuticas consomem o dobro do 
investimento feito em pesquisas. 
● Técnico em saúde x médico. 
● Charlatões e falsas esperanças. 
Fatores que atrapalham a prevenção quaternária (P4) 
● Síndrome do herói (prescrição é arma). 
● A ideia de que medicamentos funcionam (placebo). 
● Baixa noção estatística, p “significativo” e de Número 
Necessário para Tratar (NNT - estatina 100/1): opinião de 
especialistas (ex protocolo TSH gesta). 
Assumindo a postura da prevenção quaternária 
● Obriga a resistir: 
- Aos modismos (consensos, protocolos e guias sem 
fundamento científico). 
- À corporação profissional-tecnológico-farmacêutica. 
- Inclusive à opinião pública. 
● Aceitar que há queixas não-explicáveis. 
● Adotar perspectiva biopsicossocial, encarando o 
paciente globalmente e praticando a ACP. 
● Evitar pseudo-diagnósticos e rótulos. 
● Trabalhar no reforço da relação médico-paciente: 
empatia. 
● Envolver o paciente nas decisões. 
O que a prevenção quaternária não é 
● Medicina complementar isolada. 
● Naturopatia. 
● Eliminar os medicamentos. 
● Stop screening, exames. 
● Vigor científico dogmático. 
● “Caça às bruxas” à indústria farmacêutica. 
● Negligência, imprudência ou imperícia. 
● Medicina pobre para os pobres. 
● Cortar custos para aumentar o superávit primário. 
● Extrema esquerda da medicina alopática.

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