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<p>CONTROLE DA TUBERCULOSE</p><p>A tuberculose ainda é considerada a maior causa de morte por doença</p><p>infecciosa em adultos. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde</p><p>(OMS), 2 bilhões de pessoas correspondendo a um terço da população mundial,</p><p>estão infectadas pelo Mycobacterium tuberculosis. Destas, 8 milhões desenvolverão</p><p>a doença e 2 milhões morrerão a cada ano.</p><p>O Brasil ocupa o 15º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total</p><p>de casos de tuberculose no mundo. Estima-se uma prevalência de 50 milhões de</p><p>infectados com cerca de 111 mil casos novos e 6 mil óbitos ocorrendo anualmente.</p><p>Segundo dados do Sinan/MS, são notificados anualmente 85 mil casos novos</p><p>(correspondendo a um coeficiente de incidência de 47/100.000 habitantes) no Brasil.</p><p>São verificados cerca de 6 mil óbitos por ano em decorrência da doença.</p><p>As metas internacionais estabelecidas pela OMS e pactuadas pelo governo</p><p>brasileiro são de descobrir 70% dos casos de tuberculose estimados e curá-los em</p><p>85%. A tuberculose ainda é um sério problema da saúde pública, com profundas</p><p>raízes sociais. Está intimamente ligada à pobreza e à má distribuição de renda, além</p><p>do estigma que implica na não adesão dos portadores e/ou familiares/contactantes.</p><p>O surgimento da epidemia de AIDS e o aparecimento de focos de tuberculose</p><p>multirresistente agravam ainda mais o problema da doença no mundo.</p><p>O Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) está integrado na</p><p>rede de Serviços de Saúde. É desenvolvido por intermédio de um programa</p><p>unificado, executado em conjunto pelas esferas federal, estadual e municipal. Está</p><p>subordinado a uma política de programação das suas ações com padrões técnicos e</p><p>assistenciais bem definidos, garantindo desde a distribuição gratuita de</p><p>medicamentos e outros insumos necessários, até ações preventivas e de controle do</p><p>agravo. Isto permite o acesso universal da população às suas ações.</p><p>A criação da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) na estrutura do</p><p>Ministério da Saúde veio reestruturar o combate à tuberculose uma vez que uniu</p><p>todas as ações de vigilância, controle e prevenção, possibilitando a integração entre</p><p>os vários programas.</p><p>Desde o lançamento, em 1996, do Plano Emergencial para o Controle da</p><p>Tuberculose, o Ministério da Saúde recomenda a implantação da Estratégia do</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>Tratamento Supervisionado (DOTS), formalmente oficializado em 1999, por</p><p>intermédio do PNCT. Esta estratégia continua sendo uma das prioridades para que o</p><p>PNCT atinja a meta de curar 85% dos doentes, diminuindo a taxa de abandono,</p><p>evitando o surgimento de bacilos resistentes e possibilitando um efetivo controle da</p><p>tuberculose no país.</p><p>Além da adoção da estratégia do tratamento supervisionado, o PNCT</p><p>brasileiro reconhece a importância de horizontalizar o combate à TB, estendendoo</p><p>para todos os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Portanto, visa à</p><p>integração do controle da TB com a atenção básica, incluindo o Programa de</p><p>Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e o Programa de Saúde da Família (PSF)</p><p>para garantir a efetiva ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento. Além disto,</p><p>o PNCT enfatiza a necessidade do envolvimento de Organizações Não</p><p>Governamentais (ONGs) e de parcerias como o monitoramento da ocorrência dos</p><p>casos novos.</p><p>Por intermédio dessas colaborações e parcerias, o PNCT visa ao sinergismo</p><p>e à multiplicação do impacto de suas ações de prevenção e controle da TB.</p><p>DIABETES E HIPERTENSÃO</p><p>O acompanhamento e controle da hipertensão arterial (HA) e diabetes</p><p>mellitus (DM) no âmbito da atenção básica poderá evitar o surgimento e a</p><p>progressão das complicações, reduzindo o número de internações hospitalares</p><p>devido a estes agravos, bem como a mortalidade por doenças cardiovasculares.</p><p>A hipertensão arterial e a diabetes mellitus são fatores de risco importantes</p><p>que estão associados à ocorrência das doenças do sistema cardiovascular, grupo de</p><p>causas responsável pelo maior número de óbitos na população total; as estimativas</p><p>apontam uma prevalência de 8% de diabetes mellitus, e de 22% de hipertensão</p><p>arterial nos indivíduos acima de 40 anos de idade; e a reorganização da atenção aos</p><p>segmentos populacionais expostos ou portadores de hipertensão arterial e de</p><p>diabetes mellitus na rede pública de serviços de saúde é, diante desse quadro, uma</p><p>necessidade.</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>Foram estabelecidas as seguintes diretrizes para a reorganização da atenção</p><p>aos segmentos populacionais expostos e portadores de hipertensão arterial e de</p><p>diabetes mellitus:</p><p>I. vinculação dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) – portadores de</p><p>hipertensão arterial e de diabetes mellitus a unidades básicas de saúde;</p><p>II. fomento à reorganização dos serviços de atenção especializada e hospitalar</p><p>para o atendimento dos casos que demandarem assistência de maior complexidade;</p><p>III. aperfeiçoamento do sistema de programação, aquisição e distribuição de</p><p>insumos estratégicos para a garantia da resolubilidade da atenção aos portadores</p><p>de hipertensão arterial e de diabetes mellitus;</p><p>IV. intensificação e articulação das iniciativas existentes, no campo da promoção</p><p>da saúde, de modo a contribuir na adoção de estilos de vida saudáveis;</p><p>V. promoção de ações de redução e controle de fatores de risco relacionados à</p><p>hipertensão e à diabetes;</p><p>VI. definição de elenco mínimo de informações sobre a ocorrência desses</p><p>agravos, em conformidade com os sistemas de informação em saúde disponíveis no</p><p>País.</p><p>A população-alvo do Plano são os brasileiros acima de 18 anos. Para a</p><p>detecção dos suspeitos de HA e DM é priorizada a população de indivíduos com</p><p>idade igual ou superior a 40 anos. A política prevê a identificação, cadastramento e</p><p>vinculação dos portadores de DM e HA às equipes de Saúde da Família. O cuidado</p><p>deve garantir a longitudinalidade do acompanhamento, o acesso aos medicamentos</p><p>previstos pela Política Nacional de Medicamentos, bem como a garantia de exames</p><p>complementares e o referenciamento a ambulatórios especializados e hospitais, no</p><p>âmbito da referência/contrarreferência.</p><p>SAÚDE DA CRIANÇA</p><p>As ações de promoção à saúde, prevenção de agravos e de assistência à</p><p>criança pressupõem o compromisso de prover qualidade de vida para que a criança</p><p>possa crescer e desenvolver todo o seu potencial.</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>As linhas de cuidado prioritárias da Área Técnica de Saúde da Criança e</p><p>Aleitamento Materno vêm ao encontro dos compromissos do Brasil com os Objetivos</p><p>de Desenvolvimento do Milênio, com o Pacto de Redução da Mortalidade Materna e</p><p>Neonatal, com o Pacto pela Saúde e com o Programa Mais Saúde.</p><p>FIGURA - LINHAS DE CUIDADO PARA SAÚDE DA CRIANÇA</p><p>SAÚDE DA MULHER</p><p>Foram estabelecidas como prioridades para a integralidade da saúde da</p><p>mulher.</p><p>• promover a saúde sexual e reprodutiva das mulheres e</p><p>adolescentes;</p><p>• prevenir e tratar os agravos decorrentes da violência</p><p>doméstica e sexual;</p><p>• reduzir a morbimortalidade por DST/AIDS na população</p><p>feminina;</p><p>• reduzir a morbimortalidade por câncer na população</p><p>feminina;</p><p>• ampliar e qualificar a atenção integral à saúde de grupos</p><p>da população</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>• feminina, ainda não considerados devidamente nas</p><p>políticas públicas (trabalhadoras rurais, mulheres negras, na</p><p>menopausa e na terceira idade, com deficiência, lésbicas, indígenas e</p><p>presidiárias). Além disso, promover a saúde mental das mulheres,</p><p>com enfoque de gênero;</p><p>• fortalecer a participação e o controle social.</p><p>SAÚDE DO IDOSO</p><p>É a política que objetiva, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS),</p><p>garantir atenção integral à saúde da população</p><p>idosa, enfatizando o envelhecimento</p><p>familiar, saudável e ativo, e fortalecendo o protagonismo dos idosos no Brasil,</p><p>segundo a Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006.</p><p>São diretrizes importantes para a atenção integral à saúde do idoso.</p><p>• promoção do envelhecimento ativo e saudável;</p><p>• manutenção e reabilitação da capacidade funcional;</p><p>• apoio ao desenvolvimento de cuidados informais.</p><p>O envelhecimento ativo e saudável compreende ações que promovem modos</p><p>de viver favoráveis à saúde e à qualidade de vida, orientados pelo desenvolvimento</p><p>de hábitos como: alimentação adequada e balanceada, prática regular de exercícios</p><p>físicos, convivência social estimulante, busca de atividades prazerosas e/ou que</p><p>atenuem o estresse, redução dos danos decorrentes do consumo de álcool e tabaco</p><p>e diminuição significativa da automedicação. Promover o envelhecimento ativo e</p><p>saudável significa, entre outros fatores, valorizar a autonomia e preservar a</p><p>independência física e psíquica da população idosa, prevenindo a perda de</p><p>capacidade funcional ou reduzindo os efeitos negativos de eventos que a</p><p>ocasionem. Além disso, garantir acesso a instrumentos diagnósticos adequados, a</p><p>medicação e a reabilitação funcional.</p><p>É importante qualificar os serviços de saúde para trabalhar com aspectos</p><p>específicos da saúde da pessoa idosa (como a identificação de situações de</p><p>vulnerabilidade social, a realização de diagnóstico precoce de processos</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>demenciais, a avaliação da capacidade funcional etc.). O sistema formal de atenção</p><p>à saúde precisa atuar intersetorialmente e, também, como parceiro da rede de</p><p>suporte social da pessoa idosa (sistema de apoio informal), auxiliando na otimização</p><p>do suporte familiar e comunitário e fortalecendo a formação de vínculos de</p><p>corresponsabilidade. Cabe, portanto, à gestão municipal da saúde desenvolver</p><p>ações que objetivem a construção de uma atenção integral à saúde dos idosos em</p><p>seu território. No âmbito municipal, é fundamental organizar as equipes de Saúde da</p><p>Família e a Atenção Básica, incluindo a população idosa em suas ações (por</p><p>exemplo: atividades de grupo, promoção da saúde, hipertensão arterial e diabetes</p><p>mellitus, sexualidade, DST/AIDS). Seus profissionais devem estar sensibilizados e</p><p>capacitados a identificar e atender às necessidades de saúde dessa população.</p><p>Não só a população brasileira está envelhecendo, mas a proporção da</p><p>população “mais idosa”, ou seja, a de 80 anos ou mais de idade, também está</p><p>aumentando, alterando a composição etária dentro do próprio grupo. Significa dizer</p><p>que a população idosa também está envelhecendo. Em 2000, esse segmento</p><p>representou 12,6% do total da população idosa brasileira. Isso leva a uma</p><p>heterogeneidade do segmento idoso brasileiro, havendo no grupo pessoas em pleno</p><p>vigor físico e mental e outras em situações de maior vulnerabilidade.</p><p>SAÚDE BUCAL</p><p>A Política Nacional de Saúde Bucal apresenta, como principais linhas de</p><p>ação, a viabilização da adição de flúor a estações de tratamento de águas de</p><p>abastecimento público, a reorganização da Atenção Básica – especialmente por</p><p>meio da Estratégia Saúde da Família; e da Atenção Especializada – por meio,</p><p>principalmente, da implantação de Centros de Especialidades Odontológicas e</p><p>Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias.</p><p>As ações de saúde bucal devem se inserir na estratégia planejada pela</p><p>equipe de saúde numa inter-relação permanente com as demais ações da Unidade</p><p>de Saúde.</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>As ações de proteção à saúde podem ser desenvolvidas no nível individual</p><p>e/ou coletivo. Devem incluir a garantia de acesso a escovas e pastas fluoretadas,</p><p>como também procedimentos coletivos como as ações educativo-preventivas</p><p>realizadas no âmbito das Unidades de Saúde (trabalho da equipe de saúde junto</p><p>aos grupos de idosos, hipertensos, diabéticos, gestantes, adolescentes, saúde</p><p>mental, planejamento familiar e sala de espera), nos domicílios, grupos de rua,</p><p>escolas, creches, associações, clube de mães ou outros espaços sociais, oferecidos</p><p>de forma contínua, que devem compreender:</p><p>• fluoretação das águas;</p><p>• educação em saúde – com atividades que podem ser</p><p>desenvolvidas pelo cirurgião-dentista (CD), técnico em higiene dental (THD),</p><p>auxiliar de consultório dentário (ACD) e agente comunitário de saúde (ACS)</p><p>especialmente durante as visitas domiciliares;</p><p>• higiene bucal supervisionada;</p><p>• aplicação tópica de flúor;</p><p>Ações de recuperação – destaca-se que o tratamento deve priorizar</p><p>procedimentos conservadores – estes entendidos como todos aqueles executados</p><p>para manutenção dos elementos dentários – invertendo a lógica que leva à</p><p>mutilação, hoje predominante nos serviços públicos;</p><p>Ações de reabilitação.</p><p>À Atenção Básica compete assumir a responsabilidade pela detecção das</p><p>necessidades, providenciar os encaminhamentos requeridos em cada caso e</p><p>monitorar a evolução da reabilitação, bem como acompanhar e manter a reabilitação</p><p>no período pós-tratamento. Para tanto, recomenda-se a organização e</p><p>desenvolvimento de ações de:</p><p>• prevenção e controle do câncer bucal;</p><p>• implantação e aumento da resolutividade do pronto atendimento;</p><p>• inclusão de procedimentos mais complexos na Atenção Básica;</p><p>• inclusão da reabilitação protética na Atenção Básica;</p><p>• ampliação do acesso.</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>Na última década, o Brasil avançou muito na prevenção e no controle da cárie</p><p>em crianças. Contudo, a situação de adolescentes, adultos e idosos está entre as</p><p>piores do mundo. E mesmo entre as crianças, problemas gengivais e dificuldades</p><p>para conseguir atendimento odontológico persistem. Para mudar esse quadro, o</p><p>Governo Federal criou a Política Brasil Sorridente, que reúne uma série de ações em</p><p>saúde bucal, voltadas para cidadãos de todas as idades.</p><p>Nesse sentido, a Política Brasil Sorridente propõe garantir as ações de</p><p>promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal dos brasileiros, entendendo</p><p>que esta é fundamental para a saúde geral e a qualidade de vida da população. Ela</p><p>está articulada a outras políticas de saúde e demais políticas públicas, de acordo</p><p>com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).</p><p>No âmbito da assistência, as diretrizes da Política Brasil Sorridente apontam,</p><p>fundamentalmente, para a ampliação e qualificação da Atenção Básica,</p><p>possibilitando o acesso a todas as faixas etárias e a oferta de mais serviços,</p><p>assegurando atendimentos nos níveis secundário e terciário de modo a buscar a</p><p>integralidade da atenção, além da equidade e da universalização do acesso às</p><p>ações e serviços públicos de saúde bucal.</p><p>PROMOÇÃO DA SAÚDE</p><p>A Promoção da Saúde é um dos eixos centrais do SUS para a construção de</p><p>uma abordagem integral do processo saúde/doença.</p><p>O Ministério da Saúde, em setembro de 2005, definiu a Agenda de</p><p>Compromisso pela Saúde que agrega três eixos: o Pacto em Defesa do SUS, o</p><p>Pacto em Defesa da Vida e o Pacto de Gestão.</p><p>O Pacto pela Vida constitui um conjunto de compromissos sanitários que</p><p>deverão se tornar prioridades inequívocas dos três entes federativos, com definição</p><p>das responsabilidades de cada um.</p><p>A publicação da Política Nacional de Promoção da Saúde, em 2006, veio</p><p>ratificar o compromisso do Ministério da Saúde na ampliação e qualificação das</p><p>ações de promoção da saúde nos serviços e na gestão do Sistema Único de Saúde.</p><p>Prevê estratégias para melhorar a qualidade de vida da população, por meio do</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>trabalho integrado entre os três níveis de gestão do SUS, envolvendo usuários,</p><p>movimentos sociais e trabalhadores do setor.</p><p>As ações incentivam a alimentação saudável, a prática de</p><p>atividade física, o</p><p>controle do tabagismo, a redução do uso abusivo de álcool e outras drogas, a</p><p>prevenção da violência e estímulo à cultura de paz, a redução da morbimortalidade</p><p>por acidentes de trânsito e o desenvolvimento sustentável.</p><p>PROCESSO SAÚDE/DOENÇA E HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA</p><p>Antes de abordar a ciência da Epidemiologia, é preciso retomar o conceito da</p><p>História Natural da doença e do processo saúde/doença.</p><p>Para prosseguir, é fundamental que a saúde seja entendida em seu sentido</p><p>mais amplo, como componente da qualidade de vida. Assim, não é um “bem de</p><p>troca”, mas um “bem comum”, um bem e um direito social, em que cada um e todos</p><p>possam ter assegurados o exercício e a prática do direito à saúde, a partir da</p><p>aplicação e utilização de toda a riqueza disponível, conhecimentos e tecnologias</p><p>desenvolvidos pela sociedade nesse campo, adequados às suas necessidades,</p><p>abrangendo promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento e</p><p>reabilitação de doenças. Em outras palavras, é preciso considerar esse bem e esse</p><p>direito como componente e exercício da cidadania, que é um referencial e um valor</p><p>básico a ser assimilado pelo poder público para o balizamento e orientação de sua</p><p>conduta, decisões, estratégias e ações.</p><p>O importante é saber reconhecer essa abrangência e complexidade:</p><p>saúde/doença não são estados estanques, isolados, de causação aleatória –</p><p>não se está com saúde ou doença por acaso. Há uma determinação permanente,</p><p>um processo causal, que se identifica com o modo de organização da sociedade.</p><p>Daí se dizer que há uma “produção social da saúde e/ou da doença”.</p><p>O processo saúde/doença representa o conjunto de relações e variáveis que</p><p>produz e condiciona o estado de saúde e doença de uma população, que se</p><p>modifica nos diversos momentos históricos do desenvolvimento científico da</p><p>humanidade.</p><p>Na evolução de seu conceito, verificou-se a incapacidade e insuficiência da</p><p>“unicausalidade” (exemplo do pensamento biomédico, que focava o agente</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>etiológico) em explicar a ocorrência de uma série de agravos à saúde. Já a partir dos</p><p>meados do século XX, uma série de estudos e conhecimentos, provindos</p><p>principalmente da epidemiologia social, esclarece melhor a determinação e a</p><p>ocorrência das doenças em termos individuais e coletivo. O fato é que se passa a</p><p>considerar saúde e doença como estados de um mesmo processo, composto por</p><p>fatores biológicos, econômicos, culturais e sociais.</p><p>Desse modo, surgiram vários modelos de explicação e compreensão da</p><p>saúde, da doença e do processo saúde/doença, como o modelo epidemiológico</p><p>baseado nos três componentes – agente, hospedeiro e meio – hoje, objetos de</p><p>análise no contexto da multicausalidade.</p><p>A história natural da doença é o nome dado ao conjunto de processos</p><p>interativos compreendendo[...] as inter-relações do agente, do suscetível e do meio</p><p>ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras</p><p>forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou qualquer outro lugar,</p><p>passando pela resposta do homem ao estímulo até as alterações que levam a um</p><p>defeito, invalidez, recuperação ou morte. (LEAVELL; CLARK, 1976). Com base na</p><p>identificação de tais momentos específicos da história natural das doenças têm sido</p><p>estabelecidos diferentes níveis de intervenção em saúde.</p><p>FIGURA - DIFERENTES NÍVEIS DE INTERVENÇÃO DA SAÚDE</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>Há, portanto, grupos que exigem ações e serviços de natureza e</p><p>complexidade variadas. Isso significa que o objeto do sistema de saúde deve ser</p><p>entendido como as condições de saúde das populações e seus determinantes, ou</p><p>seja, o seu processo de saúde/doença, visando produzir progressivamente melhores</p><p>estados e níveis de saúde dos indivíduos e das coletividades, atuando articulada e</p><p>integralmente nas prevenções primária, secundária e terciária, com redução dos</p><p>riscos de doença, sequelas e óbito.</p><p>Para garantir a integralidade é necessário operar mudanças na produção do</p><p>cuidado, a partir da rede básica, secundária, atenção à urgência e todos os outros</p><p>níveis assistenciais, incluindo a polêmica atenção hospitalar.</p><p>Na perspectiva da Saúde da Família, o conhecimento do processo</p><p>saúde/doença e da história natural da doença deve contribuir para a redução de</p><p>encaminhamentos desnecessários a especialistas, com a definição melhor</p><p>fundamentada do momento exato para que eles ocorram. Imaginamos, portanto, que</p><p>a integralidade começa pela organização dos processos de trabalho na atenção</p><p>básica, onde, como já exaustivamente abordamos, a assistência deve ser</p><p>multiprofissional, operando por meio de diretrizes como a do acolhimento e</p><p>vinculação de clientela, e onde a equipe se responsabiliza pelo seu cuidado. Este é</p><p>exercido a partir dos diversos campos de saberes e práticas, onde se associam os</p><p>da vigilância à saúde e dos cuidados individuais.</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>Na atenção integral todos os recursos disponíveis devem ser integrados por</p><p>fluxos que são direcionados de forma singular, guiados pelo projeto terapêutico do</p><p>usuário. Estes fluxos devem ser capazes de garantir o acesso seguro às diferentes</p><p>tecnologias necessárias à assistência, conferindo maior resolutividade às ações, ao</p><p>intervir no nível de atenção adequado à resolução do problema. Trabalha-se com a</p><p>imagem de uma linha de produção do cuidado, que parte da rede básica para os</p><p>diversos níveis assistenciais.</p><p>Assim, é esperado que as equipes de Saúde da Família sintam-se amparadas</p><p>sobre informações consistentes sobre o estado de saúde da população por elas</p><p>assistidas, para que possam definir suas linhas de cuidado com base no princípio da</p><p>integralidade.</p><p>Para que isso aconteça torna-se fundamental que se utilize os instrumentos</p><p>da Ciência da Epidemiologia, que será abordada.</p><p>A palavra “epidemiologia” deriva do grego (epi = sobre; demos = população,</p><p>povo; logos = estudo). Portanto, em sua etimologia, significa “estudo do que ocorre</p><p>em uma população”.</p><p>Com a ampliação de sua abrangência e complexidade, a Epidemiologia</p><p>também tem seu conceito ampliado. É descrita como a ciência que estuda o</p><p>processo saúde/doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os</p><p>fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à</p><p>saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou</p><p>erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao</p><p>planejamento, administração e avaliação das ações de saúde.</p><p>Ou seja, diferentemente da Clínica, que estuda o processo saúde/doença em</p><p>indivíduos, com o objetivo de tratar e curar casos isolados, a Epidemiologia se</p><p>preocupa com o processo de ocorrência de doenças, mortes, quaisquer outros</p><p>agravos ou situações de risco à saúde na comunidade, ou em grupos dessa</p><p>comunidade, com o objetivo de propor estratégias que melhorem o nível de saúde</p><p>das pessoas que compõem essa comunidade.</p><p>Como vimos, para o planejamento das ações de uma equipe de Saúde da</p><p>Família faz-se necessário o conhecimento do diagnóstico coletivo da população</p><p>atendida. Da mesma forma que o diagnóstico clínico possui ferramentas próprias</p><p>(história clínica, exame físico e laboratorial), o diagnóstico coletivo também requer</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p><p>uma sequência organizada de procedimentos, com ferramentas específicas de</p><p>trabalho.</p><p>Até o início do século XX, os estudos epidemiológicos enfocavam</p><p>principalmente as doenças infecciosas, pois eram essas as principais causas de</p><p>morbidade e mortalidade na população. A partir de meados do século XX, com a</p><p>mudança do perfil epidemiológico de grande</p><p>parte das populações, os estudos</p><p>epidemiológicos passaram também a enfocar outros tipos de doenças, agravos e</p><p>eventos, como: as doenças não infecciosas (câncer, doenças do aparelho</p><p>circulatório, doenças do aparelho respiratório, por exemplo); os agravos e lesões</p><p>resultantes de causas externas (acidentes de trânsito, doenças e acidentes de</p><p>trabalho, homicídios, envenenamentos etc.); os desvios nutricionais (desnutrição,</p><p>anemia, obesidade etc.); e os fatores de risco para ocorrência de doenças ou mortes</p><p>(tabagismo, hipercolesterolemia, baixo peso ao nascer etc.).</p><p>Destacam-se quatro grandes campos de possibilidade de utilização da</p><p>epidemiologia nos serviços de saúde:</p><p>• na busca de explicações (causas ou fatores de risco) para a ocorrência de</p><p>doenças, com utilização predominante dos métodos da epidemiologia analítica;</p><p>• nos estudos da situação de saúde (que doenças ocorrem mais na</p><p>comunidade? Há grupos mais suscetíveis? Há relação com o nível social dessas</p><p>pessoas? A doença ou agravo ocorre mais em determinado período do dia, ano?);</p><p>• na avaliação de tecnologias, programas ou serviços (houve redução dos</p><p>casos de doença ou agravo após introdução de um programa? A estratégia de</p><p>determinado serviço é mais eficaz do que a de outro? A tecnologia “A” fornece mais</p><p>benefícios do que a tecnologia “B”?);</p><p>• na vigilância epidemiológica (que informação devemos coletar, observar?</p><p>Que atitudes tomar para prevenir, controlar ou erradicar a doença?).</p><p>Segundo Castellanos (1994), esses quatro campos não se desenvolveram de</p><p>forma uniforme na América Latina e mesmo os campos mais usados pelos serviços</p><p>de saúde (estudos da situação de saúde e vigilância epidemiológica) ainda têm</p><p>recebido pouca atenção, com pouca possibilidade de interferência nas decisões a</p><p>respeito da organização dos serviços.</p><p>file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br</p>

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