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1 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL: AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 2020 1 WILLIAN JOEL MONTEIRO O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS Trabalho de conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia ALFA de Umuarama, como requisito parcial para obtenção de título de Especialista em EDUCAÇÃO ESPECIAL: AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS, sob a orientação da Prof. Dra Andreia Aparecida Ferreira da Silva 2020 2 O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS RESUMO: O autismo (Transtorno do Espectro Autista - TEA) é uma condição caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do comportamento humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento do cérebro. Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os principais sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de uma maneira completamente diferente das pessoas fora espectro. Preferem passar o tempo sozinhos e estão mais interessados nos objetos ao seu redor do que nas pessoas. Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Também podem contribuir para a socialização visto que favorece a aproximação e a interação social. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social e conseqüente inclusão social de crianças com TEA. Palavras-Chave: Autismo, Games, Educação, Socialização. ABSTRACT: ABSTRACT: Autism (Autistic Spectrum Disorder - ASD) is a condition characterized by disorders of social development and human behavior, possibly due to changes in brain development. Every year about 800,000 children around the world are born with ASD. The main symptoms are disruptions in social skills. They perceive the world in a completely different way than people outside the spectrum. They prefer to spend time alone and are more interested in the objects around them than in people. Technological and media advances have contributed to making electronic games part of the global culture. They can also contribute to socialization since they favor social interaction. Based on some studies, it is observed that electronic games can be a pedagogical complement in social interaction and consequent social inclusion of children with ASD. KEYWORDS: Autism, Games, Education, Socialization. 1 Acadêmico do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase em Libras 2 Professora Orientadora do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase em Libras 1. INTRODUÇÃO 3 O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista - TEA é uma condição caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do comportamento humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento do cérebro. As causas dessa condição não foram totalmente elucidadas, mas fatores genéticos, trauma no nascimento, certas condições e certos medicamentos durante a gravidez são considerados relevantes. Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os principais sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de uma maneira completamente diferente dos neurotípicos, pessoas fora espectro. Suas percepções são aguçadas, sons e ruídos quase imperceptíveis para os indivíduos fora do espectro, podem irritá-los e assustá-los, cheiros que não sentimos podem ser extremamente intrusivos para eles, e objetos que fazem parte de nossas vidas diárias podem causar medo. Preferem passar o tempo sozinhos e estão mais interessados nos objetos ao seu redor do que nas pessoas. Costumam passar horas estudando um assunto de maneira concentrada. Esses fatores corroboram para dificuldade de comunicação e interação social. Dificuldade está que pode ser superada aos poucos, através de terapias, dia após dia. Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas maneiras hoje em dia para jogar um jogo. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do modelo à fantasia, da liberdade à regra, da imitação à criatividade. O uso de jogos para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o desenvolvimento infantil e no processo ensino aprendizagem. Além do entretenimento os jogos podem ser uma forma do individuo se desenvolver, promover a socialização e se descobrir como sujeito ativo no processo de amadurecimento. Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Eles fazem parte do cotidiano; seja como passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem contribuir para a socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, seja de forma presencial ou on-line. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social de crianças com TEA. Dessa forma, buscamos promover outra possibilidade de auxiliar a interação social de crianças portadoras de TEA, este trabalho tem como foco a 4 análise de pesquisas e relatos acerca dos resultados do uso de jogos eletrônicos na promoção da interação social de indivíduos dentro do espectro autista. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Autismo O autismo (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento complexo e biologicamente condicionado, que se manifesta durante a primeira infância e afeta as percepções da criança sobre o mundo e como ele interage com o ambiente. É uma disfunção comportamental de origem neurológica. Após o nascimento e nos primeiros meses de vida, uma criança com autismo parece perfeitamente normal. Os sintomas podem se manifestar durante o primeiro ano, mas os pais nem sempre percebem que algo está errado antes do segundo ou terceiro ano da criança. Os traços do espectro geram comprometimento na comunicação e interação social, bem como nos comportamentos que podem incluir os interesses e os padrões de atividades, manifestações presentes desde a infância que impõem barreiras e prejudicam o cotidiano do indivíduo. Os principais sintomas que caracterizam o autismo são: interesse social reduzido ou inexistente; falta de iniciativa para entrar em contato com outras pessoas; dificuldade em entender emoções e reações; preferência por ficar sozinho; comportamento estereotipado, ritual, agressivo ou autolesivo; hábitos alimentares estranhos; aumento da ansiedade; vários distúrbios da fala; incompreensão de conceitos abstratos. O TEA é um transtorno do espectro, o que significa que há uma grande variação na maneira como afeta as pessoas.Toda pessoa autista tem problemas em vários graus com habilidades sociais, comunicação e comportamento. Não há duas pessoas com as mesmas características e grau de incapacidade. Toda pessoa autista é única, ou seja não existe dois indivíduos atípicos completamente iguais. E como todas as pessoas, eles têm pontos fortes e fracos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo estejam no espectro do autismo (TEA). 5 “Segundo dados do CDC (Center of Diseases Controland Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas.” (OLIVEIRA, 2014) E dentre estes 2 milhões de casos de TEA no Brasil, estima-se que metade dos casos ainda foi não diagnosticado. O termo "autismo" tem origem grega "autos", que significa “voltar-se para símesmo" “… Imagine chegar em um país onde você não entende a língua e não conhece os costumes – e ninguém entende o que você quer ou precisa. Você, na tentativa de se organizar e entender esse ambiente, provavelmente apresentará comportamentos que os nativos acharão estranhos…” (citação retirada do Manual de Treinamento ABA – Help us learn – Ajude-nos a aprender.) Através do trecho acima podemos visualizar como um individuo com TEA analisa a sociedade e a sim mesmo e o motivo de alguns criar uma realidade paralela, um mundo próprio. O TEA é composto por três categorias separadas pelo nível de comprometimento. No nível um (leve), o indivíduo exige apoio; também são chamados intelectuais de alto funcionamento, com discurso bem desenvolvido, mas pouca habilidade social. Esta condição é conhecida como Síndrome de Asperger. No nível dois (moderado), exige apoio substancial; e no nível três(severo) exige muito apoio substancial (APA, 2014), os autistas severos apresentam sérias dificuldades, não falam, falam ou compreendem meios de comunicação não verbais, e há um retardo mental significativo. Para Temple Grandin (1947, p. 717) o espectro do autismo, inclui funcionários brilhantes do Vale do Silício e pessoas que precisam ser cuidadas e monitoradas por toda a vida. Não existe tratamento estipulado para o autismo, pois cada paciente tem uma particularidade única. O tratamento precoce oferece maiores chances de progresso e adaptação para pessoas com autismo. Indivíduos autistas precisam de diferentes formas de apoio ao longo de suas vidas. 2.2 Socialização e Interação social 6 A História da humanidade está ligada ao viver em sociedade. Por natureza, nós humanos somos seres sociais. Desde o nascimento, temos a capacidade de sorrir, chorar, analisar. O cérebro das crianças é muito plástico, ou seja grande capacidade para mudar se adaptar, e está pronto para aprender muitas habilidades. Segundo Aristóteles o homem é por natureza um animal social ou seja viver em sociedade é uma exigência da natureza humana, o homem necessita de seus pares para sobreviver, perpetuar a espécie e se realizar plenamente com pessoa. A vida em sociedade se desenvolve pelo processo de socialização por ela o homem se integra ao grupo social em que nasceu aprendendo o conjunto de hábitos, regras e costumes característicos do qual faz parte. Socialização é o processo pelo qual novos membros de uma sociedade ou grupo dominam as habilidades socioculturais. A família é o primeiro espaço de socialização, e é nesse lugar que as primeiras regras são apresentadas ao indivíduo. Entretanto, ao longo da vida, o mesmo se deparará com inúmeras diferentes organizações sociais, mudando assim os conteúdos e formas de socialização. As pessoas são criaturas sociais, que apoiam uns aos outros para sobreviver. Os seres humanos estão se socializando o dia todo. Fazemos isso na escola, no trabalho, no treinamento de futebol, nas compras, nos momentos de lazer e nas redes sociais. Todos os indivíduos se ajustam, de maneira consciente ou inconscientemente, às normas e valores dos diferentes grupos e culturas que formam uma sociedade. Nós nos socializamos com outras pessoas durante toda a nossa vida e tentamos pertencer à sociedade. Nossas relações sociais nos protegem do estresse e nos levam a uma melhor saúde física e mental. A socialização é o processo que nos permite aprender e internalizar as normas da nossa sociedade, adquirir a capacidade de nos desenvolvermos socialmente e também criar uma identidade através da interação com os outros. Dessa forma, a socialização é a chave para um bom desenvolvimento . O alto ritmo de vida atual na sociedade ocidental moderna significa que as pessoas precisam se socializar em diferentes sistemas sociais nos quais desempenham os mais variados papéis. Elas não se comunicam apenas por palavras, mas também por seu comportamento. Esse comportamento pode dar às palavras um significado completamente diferente. O comportamento determina que sentimento você 7 obtém com as palavras. Duas pessoas podem ver um copo e terem opiniões divergentes, para uma o copo está meio cheio, para a outra meio vazio. Para entender um ao outro corretamente, é preciso construir uma ponte entre a visão de mundo de si mesmo e a do outro. É preciso ser capaz de imaginar os pensamentos da outra pessoa para poder conectar sua comunicação com ela. É preciso imergir no que o outro quer dizer com suas palavras e linguagem corporal. E para desempenhar estes papéis e aprimorar o processo de socialização as pessoas se valem das habilidades sociais. Habilidades estas que buscam promover, a comunicação; saber se expressar, compreender, reagir, sentir, o estabelecimento de laços, relações sociais e conseqüentemente gerando a interação social. Para Hare (1976, p. 60) interação significa “todas as palavras, símbolos e gestos com que as pessoas reagem umas as outras”. De maneira prática a socialização se desenvolver através da interação social, que é o processo gera uma mudança no comportamento das pessoas envolvidas, através do contato e da comunicação que se estabelece entre eles. Por exemplo: durante uma aula o professor estabelece comunicação com os alunos, ele ensina e os alunos aprendem; os alunos participam relatando dúvidas, exemplos e complementam a explanação e com isso o professor aprende, pois irá atualizar a metodologia ensino aprendizagem nas aulas seguintes. Ou seja, interação social é uma via de mão-dupla no processo de construção da sociedade onde pela reciprocidade o ser humano se transforma em sujeito social desenvolve a comunicação e contribui para o crescimento da sociedade. Para Vygotsky (Lakony, 2003 p.38) a interação social desempenha um papel importante no desenvolvimento do indivíduo o homem é um ser social e só existe na sua plenitude devido sua habilidade/necessidade de estabelecer em um grupo social e construir junto esse grupo um conjunto de símbolos e práticas que os caracterizam como grupo. Isso confirma a grande importância da Socialização no desenvolvimento da criança, que aprende com o contexto do ambiente em que vive, seja na família, na escola ou com os amigos. Visto que cada ambiente demanda de novos conhecimento e aprendizados para a adaptação e completa inserção. Promove a construção da identidade e o sentimento de pertencimento ao mundo, contribuindo na formação do indivíduo social e na construção a própria sociedade. 8 Entretanto para uma criança autista, é extremamente difícil entender os pensamentos e sentimentos de outras pessoas, mesmo as mais próximas a ela - mãe, pai, irmãos, irmãs, avós. Ela pode entender frases como "venha aqui" quando acompanhado por um gesto característico e responder adequadamente. Mas não conseguirá distinguir pelo tom de voz se o emissor está alegre, calmo ou bravo. As expressões faciais, gestos, postura, entonação e expressão facial permanecem incertas para ela. Gerando assim barreiras na comunicação, visto que não consegue compreender e as vezes nem se fazer compreendido perante a uma situação como um todo. 2.3 Jogos Eletrônicos Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas maneiras hoje em dia para jogar um jogo. O jogo é uma manifestação otimista, alegre e plena da energia vital, uma faculdade humana permeada de significados e que, além do desenvolvimento de habilidades, contribui também na aprendizagem, o prazer, a inserção na cultura, a solução de problemas e a socialização. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do modelo à fantasia, da liberdade à regra, da imitação à criatividade. Na antiguidade greco-romana, como relata Tomás de Aquino, o ato de jogar era visto apenas como um relaxamento, após as atividades físicas, intelectuais e escolares. Na idade média, o jogo passou a serligado ao azar e visto como uma atividade sem importância. Durante o Renascimento, o jogo ganhou destaque e passou a ser usado para difundir os princípios de moral, ética e os conhecimentos de Geografia, História e demais campos de estudo. O uso de jogos para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o desenvolvimento infantil e no processo ensino aprendizagem. Tal como o brincar, o jogo tem um papel especial na aprendizagem humana, contribuindo para a autonomia, a criatividade, e a interação social indivíduo. Segundo Piaget(2013) a partir do brincar a criança, nos primeiros ano de vida, desenvolve habilidades cognitivas, visuais, auditivas, tátil e motora Alem do entretenimento os jogos podem ser uma forma do individuo se desenvolver, promover a socialização e se descobrir como sujeito ativo no processo de amadurecimento. 9 Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global permeando todas as faixas etárias e vários países. Eles fazem parte do cotidiano; seja como passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem contribuir para a socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, seja de forma presencial ou on-line. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social de crianças com TEA. As maneiras mais famosas de jogar jogos eletrônicos são via PC e os consoles de jogos (por exemplo, Playstation ou Xbox). Devido a novos desenvolvimentos, também existem muitos outras possibilidades de reprodução, como no telefone celular e no consoles portáteis. Hoje em dia os estão ao alcance de todos. Existem jogos diferentes para diferentes públicos, desde crianças pequenas, adultos e toda a família. 2.4 Jogos eletrônicos e autismo Guiado pelas potencialidades dos jogos eletrônicos na melhoria da interação social e na promoção da socialização de indivíduos autistas, vários concordam com utilização deste recurso, tal como Ana Lúcia Hennemann, especialista em alfabetização e neuropsicopedagoga: "Através dos jogos, crianças do espectro autista podem ter um subsídio diferencial para a interação com os demais”. Ana ainda completa: “imagine a cena de uma criança autista jogando num ambiente onde há outras crianças. Provavelmente elas acompanharão o jogo, poderão dar dicas de como melhorar o seu desempenho, parabenizar quando a criança avança de fase (…) no caso de adolescentes ou adultos com TEA, os recursos tecnológicos são formas eficazes de ampliar a interação social”. Existem exemplos concretos de resultados alcançados tais como o caso de Keith Stuart, editor de tecnologia do The Guardian conta a história do próprio filho no livro “O Menino Feito de Blocos”. No livro ele relata como conseguiu através do jogo Minecraft se conectar, se comunicar e compreender seu filho autista, e como o mesmo através de comportamentos e rotinas dentro do jogo conseguiu compreender o mundo real que o cerca. “Quando eu vi ele jogando, foi como ligar um botão. Ele simplesmente entendeu. Ele entendeu que ele tinha que buscar 10 materiais e cortar árvores para fazer uma casa. Ele sabia que quando a noite caía ele precisava ficar em casa para evitar zumbis. Minecraft deu uma estrutura criativa que o libertou“, afirma Stuart. E complementa: "Eu não tinha pensado nisso antes, em como o autismo é uma versão amplificada e muito centrada de como todos nos sentimos, das ansiedades que todos temos. A diferença é que o restante de nós esconde tudo sob camadas de negação e de condicionamento social" (Stuart, 2016 p. 173) Outro exemplo é o de John Yan, dono do Portal Gaming Nexus que relata em seu site a experiência inesperada e marcante da reação de seu filho de 4 anos, diagnosticado com autismo, com o uso do Kinect(acessório do vídeo game Xbox360 produzido pela Microsoft, onde a interação nos jogos é feita a partir do movimento captados do corpo do jogador, sem a necessidade de ter um joystick nas mãos). “Ele pulava por todos os lados e balançava seus braços e pernas tentando socar as bolas de volta nos blocos. Era muito legal de ver, mas o que realmente me deixou impressionado foi quando o jogo acabou. Meu filho pôde navegar pelos menus sem o menor problema.” “Eu dizia ‘segure sua mão e coloque no botão’. Sem hesitação, elevantou sua mão e moveu em cima do botão na tela, e segurou até a animação circular terminar, indicando que o botão foi pressionado.” “Depois desse ensinamento inicial, ele continuou explorando todos os menus sem praticamente qualquer direcionamento meu. Eu simplesmente fiquei parado e impressionado com o que eu acabei de ver. (...).” “Pela primeira vez, eu pude jogar algo com meu filho e não passar tempo algum com ele ficando frustrado por não conseguir fazer nada, ou ter um personagem travado numa tela. Ele se divertiu com todos os jogos e de fato se deu bem em todos eles. A alegria nos seus olhos enquanto ele era capaz de completar as tarefas e se mover pelos menus é algo que eu nunca vou esquecer.” O apoio de vários profissionais e os relatos de resultados, motivaram algumas escolas e universidades a desenvolverem pesquisas e terapias com o uso de jogos eletrônicos como complemento pedagógico na inclusão social de autistas. O Lakeside Center for Autism em Issaquah Whashington e a Escola Steuart W. Weller d'Ashburn, de Seatle, ambos nos EUA, fazem o uso do kinetc para promover noção corporal e a interação social de autistas. Tendo como resultado cooperação, desenvolvimento da linguagem, comunicação, comemoração de conquistas coletivas e o cumprimento tocando as mãos. Interações estas que não 11 costumam a acontecer com indivíduos dentro do espectro. O recurso motiva o envolvimento dos participantes envolvidos, e promove a iniciativa dos mesmos. No Brasil um projeto de extensão da Unesp na cidade de Presidente Prudente, interior do estado de São Paulo, também utiliza o kinect na busca pela melhoria da inclusão social de autistas. O trabalho é precedido por um diagnostico inicial do comportamento do paciente, e partir dos resultados obtidos as crianças são submetidas aos jogos de acordo com o estímulo proporcionado. Segundo relato de alguns pais, as atividades melhoram a concentração, a verbalização além do interesse pela atividade. Também existem aplicativos utilizados em tablets e celulares que foram pensados e criados com o intuito de promover a inclusão social de autistas, como é o caso do Jade Autism GONDIM (2019), um aplicativo que coleta os dados da criança enquanto ela interage com o game, e estimula o jogador a realizar associações com imagens do seu cotidiano, que geram resultados de apoio aos terapeutas do autista. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os grandes avanços da tecnologia e dos meios de comunicação contribuíram para a disseminação dos jogos eletrônicos na cultural mundial, criando novas possibilidades de entretenimento e de relações sociais. O mundo virtual criando pelos jogos eletrônicos estabelece correlações com mundo real. Segundo Castells (2001 p.459) "a vida é permeada por símbolos e decodificamos seus significados e sentidos. Na virtualidade a expressão simbólica é acompanhada de uma riqueza e multiplicidade que constroem o mesmo que uma realidade real." Já é parte da cultural o global o uso dos jogos eletrônicos como meio de entretenimento, neste cenário o uso de jogos eletrônicos no processo de ensino aprendizagem pode promover o aprimoramento de habilidades tais como atenção, concentração, raciocínio lógico, resposta rápida a estímulos e motivação para não desistir. Desenvolve também o lado afetivo, social e moral. Contribuindo para a inclusão social. Se para um neurotípico, a virtualidade pode trazer concepções da realidade; para um autista esta imersão podeser bem maior. E através deste 12 ambiente virtual criado pelos jogos eletrônicos e as trocas simbólicas que permeiam este mundo particular é possível criar uma ponte de comunicação entre o individuo e o mundo real. E dessa forma promover a socialização e a conseqüente inclusão social. Tal como aconteceu com Keith Stuart, o autor do livro “O Menino Feito de Blocos” onde se valeu do mundo virtual para entender e acessar os sentimentos de seu filho e através de correlações pode compreender como seu filho "enxerga" o mundo real. Segundo Gardner(LAKONY, 2003 p.64), cada criança deve ser conhecida em particular, de modo a ser estimulada a desenvolver os diversos tipos de inteligência, aproveitando aquelas que se encontram mais desenvolvidas, inclusive para compensar áreas cognitivas de menor capacidade. E como cada autista é um ser único, a adoção de diferentes metodologias, tanto pode, como deve ser levadas em consideração na busca da inclusão social dos atípicos. Atualmente existe uma variedade de jogos para o desenvolvimento de diversos tipos de habilidades, tais como atenção, coordenação motora, raciocínio lógico, alfabetização, jogos que estimulam os participantes a interagirem entre sim. Cada jogo aborda uma habilidade especifica Entretanto a seleção de jogos deve ser guiada por uma pré analise comportamental que norteará, a construção de um programa terapêutico, afim relacionar o emprego de um jogo especifico na busca da melhoria de uma ou mais habilidades sociais. Dessa forma uso de jogos eletrônicos não é a solução para promover a interação e a conseqüente inclusão social de autistas. Mas sim um importante recurso tecnológico que através do trabalho em conjunto entre pais e terapeutas, pode se obter um interessante resultado na vida daqueles que enxergam o "mundo real" por um prisma diferente. REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais-DSM-V. Porto Alegre: Artmed, 2014. BERNARDO, Nairim. Socialização na Educação infantil: o que acontece quando uma criança encontra a outra: Por mais conhecimento que o professor tenha, há coisas que só uma criança vai saber ensinar a outra. [S. l.], 21 maio 2019. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/17447/socializacao-na-educacao-infantil-o-que-acontece- quando-uma-crianca-encontra-a-outra. Acesso em: 25 ago. 2020. 13 BOSA, Cleonice; CALLIAS, Maria. Autismo: breve revisão de diferentes abordagens. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre , v. 13, n. 1, p. 167-177, 2000 . 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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL: AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 15 2020 1 WILLIAN JOEL MONTEIRO O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS Trabalho de conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia ALFA de Umuarama, como requisito parcial para obtenção de título de Especialista em EDUCAÇÃO ESPECIAL: AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS, sob a orientação da Prof. Dra Andreia Aparecida Ferreira da Silva 2020 2 O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS RESUMO: O autismo (Transtorno do Espectro Autista - TEA) é uma condição caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do comportamento humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento do cérebro. Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os principais sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de uma maneira completamente diferente das pessoas fora espectro. Preferem passar o tempo sozinhos e estão maisinteressados nos objetos ao seu redor do que nas pessoas. Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Também podem contribuir para a socialização visto que favorece a aproximação e a interação social. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social e conseqüente inclusão social de crianças com TEA. Palavras-Chave: Autismo, Games, Educação, Socialização. ABSTRACT: ABSTRACT: Autism (Autistic Spectrum Disorder - ASD) is a condition characterized by disorders of social development and human behavior, possibly due to changes in brain development. Every year about 800,000 children around the world are born with ASD. The main symptoms are disruptions in social skills. They perceive the world in a completely different way than people outside the spectrum. They prefer to spend time alone and are more interested in the objects around them than in people. Technological and media advances have contributed to making electronic games part of the global culture. They can also contribute to socialization since they favor social interaction. Based on some studies, it is observed that electronic games can be a pedagogical complement in social interaction and consequent social inclusion of children with ASD. KEYWORDS: Autism, Games, Education, Socialization. 1 Acadêmico do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase em Libras 2 Professora Orientadora do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase em Libras 1. INTRODUÇÃO 3 O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista - TEA é uma condição caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do comportamento humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento do cérebro. As causas dessa condição não foram totalmente elucidadas, mas fatores genéticos, trauma no nascimento, certas condições e certos medicamentos durante a gravidez são considerados relevantes. Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os principais sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de uma maneira completamente diferente dos neurotípicos, pessoas fora espectro. Suas percepções são aguçadas, sons e ruídos quase imperceptíveis para os indivíduos fora do espectro, podem irritá-los e assustá-los, cheiros que não sentimos podem ser extremamente intrusivos para eles, e objetos que fazem parte de nossas vidas diárias podem causar medo. Preferem passar o tempo sozinhos e estão mais interessados nos objetos ao seu redor do que nas pessoas. Costumam passar horas estudando um assunto de maneira concentrada. Esses fatores corroboram para dificuldade de comunicação e interação social. Dificuldade está que pode ser superada aos poucos, através de terapias, dia após dia. Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas maneiras hoje em dia para jogar um jogo. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do modelo à fantasia, da liberdade à regra, da imitação à criatividade. O uso de jogos para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o desenvolvimento infantil e no processo ensino aprendizagem. Além do entretenimento os jogos podem ser uma forma do individuo se desenvolver, promover a socialização e se descobrir como sujeito ativo no processo de amadurecimento. Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Eles fazem parte do cotidiano; seja como passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem contribuir para a socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, seja de forma presencial ou on-line. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social de crianças com TEA. Dessa forma, buscamos promover outra possibilidade de auxiliar a interação social de crianças portadoras de TEA, este trabalho tem como foco a 4 análise de pesquisas e relatos acerca dos resultados do uso de jogos eletrônicos na promoção da interação social de indivíduos dentro do espectro autista. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Autismo O autismo (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento complexo e biologicamente condicionado, que se manifesta durante a primeira infância e afeta as percepções da criança sobre o mundo e como ele interage com o ambiente. É uma disfunção comportamental de origem neurológica. Após o nascimento e nos primeiros meses de vida, uma criança com autismo parece perfeitamente normal. Os sintomas podem se manifestar durante o primeiro ano, mas os pais nem sempre percebem que algo está errado antes do segundo ou terceiro ano da criança. Os traços do espectro geram comprometimento na comunicação e interação social, bem como nos comportamentos que podem incluir os interesses e os padrões de atividades, manifestações presentes desde a infância que impõem barreiras e prejudicam o cotidiano do indivíduo. Os principais sintomas que caracterizam o autismo são: interesse social reduzido ou inexistente; falta de iniciativa para entrar em contato com outras pessoas; dificuldade em entender emoções e reações; preferência por ficar sozinho; comportamento estereotipado, ritual, agressivo ou autolesivo; hábitos alimentares estranhos; aumento da ansiedade; vários distúrbios da fala; incompreensão de conceitos abstratos. O TEA é um transtorno do espectro, o que significa que há uma grande variação na maneira como afeta as pessoas.Toda pessoa autista tem problemas em vários graus com habilidades sociais, comunicação e comportamento. Não há duas pessoas com as mesmas características e grau de incapacidade. Toda pessoa autista é única, ou seja não existe dois indivíduos atípicos completamente iguais. E como todas as pessoas, eles têm pontos fortes e fracos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo estejam no espectro do autismo (TEA). 5 “Segundo dados do CDC (Center of Diseases Controland Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas.” (OLIVEIRA, 2014) E dentre estes 2 milhões de casos de TEA no Brasil, estima-se que metade dos casos ainda foi não diagnosticado. O termo "autismo" tem origem grega "autos", que significa “voltar-se para sí mesmo" “… Imagine chegar em um país onde você não entende a língua e não conhece os costumes – e ninguém entende o que você quer ou precisa. Você, na tentativa de se organizar e entender esse ambiente, provavelmente apresentará comportamentos que os nativos acharão estranhos…” (citação retirada do Manual de Treinamento ABA – Help us learn – Ajude-nos a aprender.) Através do trecho acima podemos visualizar como um individuo com TEA analisa a sociedade e a sim mesmo e o motivo de alguns criar uma realidade paralela, um mundo próprio. O TEA é composto por três categorias separadas pelo nível de comprometimento. No nível um (leve), o indivíduo exige apoio; também são chamados intelectuais de alto funcionamento, com discurso bem desenvolvido, mas pouca habilidade social. Esta condição é conhecida como Síndrome de Asperger. No nível dois (moderado), exige apoio substancial; e no nível três(severo) exige muito apoio substancial (APA, 2014), os autistas severos apresentam sérias dificuldades, não falam, falam ou compreendem meios de comunicação não verbais, e há um retardo mental significativo. Para Temple Grandin (1947, p. 717) o espectro do autismo, inclui funcionários brilhantes do Vale do Silício e pessoas que precisam ser cuidadas e monitoradaspor toda a vida. Não existe tratamento estipulado para o autismo, pois cada paciente tem uma particularidade única. O tratamento precoce oferece maiores chances de progresso e adaptação para pessoas com autismo. Indivíduos autistas precisam de diferentes formas de apoio ao longo de suas vidas. 2.2 Socialização e Interação social 6 A História da humanidade está ligada ao viver em sociedade. Por natureza, nós humanos somos seres sociais. Desde o nascimento, temos a capacidade de sorrir, chorar, analisar. O cérebro das crianças é muito plástico, ou seja grande capacidade para mudar se adaptar, e está pronto para aprender muitas habilidades. Segundo Aristóteles o homem é por natureza um animal social ou seja viver em sociedade é uma exigência da natureza humana, o homem necessita de seus pares para sobreviver, perpetuar a espécie e se realizar plenamente com pessoa. A vida em sociedade se desenvolve pelo processo de socialização por ela o homem se integra ao grupo social em que nasceu aprendendo o conjunto de hábitos, regras e costumes característicos do qual faz parte. Socialização é o processo pelo qual novos membros de uma sociedade ou grupo dominam as habilidades socioculturais. A família é o primeiro espaço de socialização, e é nesse lugar que as primeiras regras são apresentadas ao indivíduo. Entretanto, ao longo da vida, o mesmo se deparará com inúmeras diferentes organizações sociais, mudando assim os conteúdos e formas de socialização. As pessoas são criaturas sociais, que apoiam uns aos outros para sobreviver. Os seres humanos estão se socializando o dia todo. Fazemos isso na escola, no trabalho, no treinamento de futebol, nas compras, nos momentos de lazer e nas redes sociais. Todos os indivíduos se ajustam, de maneira consciente ou inconscientemente, às normas e valores dos diferentes grupos e culturas que formam uma sociedade. Nós nos socializamos com outras pessoas durante toda a nossa vida e tentamos pertencer à sociedade. Nossas relações sociais nos protegem do estresse e nos levam a uma melhor saúde física e mental. A socialização é o processo que nos permite aprender e internalizar as normas da nossa sociedade, adquirir a capacidade de nos desenvolvermos socialmente e também criar uma identidade através da interação com os outros. Dessa forma, a socialização é a chave para um bom desenvolvimento . O alto ritmo de vida atual na sociedade ocidental moderna significa que as pessoas precisam se socializar em diferentes sistemas sociais nos quais desempenham os mais variados papéis. Elas não se comunicam apenas por palavras, mas também por seu comportamento. Esse comportamento pode dar às palavras um significado completamente diferente. O comportamento determina que sentimento você 7 obtém com as palavras. Duas pessoas podem ver um copo e terem opiniões divergentes, para uma o copo está meio cheio, para a outra meio vazio. Para entender um ao outro corretamente, é preciso construir uma ponte entre a visão de mundo de si mesmo e a do outro. É preciso ser capaz de imaginar os pensamentos da outra pessoa para poder conectar sua comunicação com ela. É preciso imergir no que o outro quer dizer com suas palavras e linguagem corporal. E para desempenhar estes papéis e aprimorar o processo de socialização as pessoas se valem das habilidades sociais. Habilidades estas que buscam promover, a comunicação; saber se expressar, compreender, reagir, sentir, o estabelecimento de laços, relações sociais e conseqüentemente gerando a interação social. Para Hare (1976, p. 60) interação significa “todas as palavras, símbolos e gestos com que as pessoas reagem umas as outras”. De maneira prática a socialização se desenvolver através da interação social, que é o processo gera uma mudança no comportamento das pessoas envolvidas, através do contato e da comunicação que se estabelece entre eles. Por exemplo: durante uma aula o professor estabelece comunicação com os alunos, ele ensina e os alunos aprendem; os alunos participam relatando dúvidas, exemplos e complementam a explanação e com isso o professor aprende, pois irá atualizar a metodologia ensino aprendizagem nas aulas seguintes. Ou seja, interação social é uma via de mão-dupla no processo de construção da sociedade onde pela reciprocidade o ser humano se transforma em sujeito social desenvolve a comunicação e contribui para o crescimento da sociedade. Para Vygotsky (Lakony, 2003 p.38) a interação social desempenha um papel importante no desenvolvimento do indivíduo o homem é um ser social e só existe na sua plenitude devido sua habilidade/necessidade de estabelecer em um grupo social e construir junto esse grupo um conjunto de símbolos e práticas que os caracterizam como grupo. Isso confirma a grande importância da Socialização no desenvolvimento da criança, que aprende com o contexto do ambiente em que vive, seja na família, na escola ou com os amigos. Visto que cada ambiente demanda de novos conhecimento e aprendizados para a adaptação e completa inserção. Promove a construção da identidade e o sentimento de pertencimento ao mundo, contribuindo na formação do indivíduo social e na construção a própria sociedade. 8 Entretanto para uma criança autista, é extremamente difícil entender os pensamentos e sentimentos de outras pessoas, mesmo as mais próximas a ela - mãe, pai, irmãos, irmãs, avós. Ela pode entender frases como "venha aqui" quando acompanhado por um gesto característico e responder adequadamente. Mas não conseguirá distinguir pelo tom de voz se o emissor está alegre, calmo ou bravo. As expressões faciais, gestos, postura, entonação e expressão facial permanecem incertas para ela. Gerando assim barreiras na comunicação, visto que não consegue compreender e as vezes nem se fazer compreendido perante a uma situação como um todo. 2.3 Jogos Eletrônicos Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas maneiras hoje em dia para jogar um jogo. O jogo é uma manifestação otimista, alegre e plena da energia vital, uma faculdade humana permeada de significados e que, além do desenvolvimento de habilidades, contribui também na aprendizagem, o prazer, a inserção na cultura, a solução de problemas e a socialização. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do modelo à fantasia, da liberdade à regra, da imitação à criatividade. Na antiguidade greco-romana, como relata Tomás de Aquino, o ato de jogar era visto apenas como um relaxamento, após as atividades físicas, intelectuais e escolares. Na idade média, o jogo passou a ser ligado ao azar e visto como uma atividade sem importância. Durante o Renascimento, o jogo ganhou destaque e passou a ser usado para difundir os princípios de moral, ética e os conhecimentos de Geografia, História e demais campos de estudo. O uso de jogos para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o desenvolvimento infantil e no processo ensino aprendizagem. Tal como o brincar, o jogo tem um papel especial na aprendizagem humana, contribuindo para a autonomia, a criatividade, e a interação social indivíduo. Segundo Piaget(2013) a partir do brincar a criança, nos primeiros ano de vida, desenvolve habilidades cognitivas, visuais, auditivas, tátil e motora Alem do entretenimento os jogos podem ser uma forma do individuo se desenvolver, promover a socialização e se descobrir como sujeito ativo no processo de amadurecimento. 9 Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global permeando todas as faixas etárias e vários países. Eles fazem parte do cotidiano; seja como passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem contribuir para a socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, seja de forma presencial ou on-line. Com base em algunsestudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social de crianças com TEA. As maneiras mais famosas de jogar jogos eletrônicos são via PC e os consoles de jogos (por exemplo, Playstation ou Xbox). Devido a novos desenvolvimentos, também existem muitos outras possibilidades de reprodução, como no telefone celular e no consoles portáteis. Hoje em dia os estão ao alcance de todos. Existem jogos diferentes para diferentes públicos, desde crianças pequenas, adultos e toda a família. 2.4 Jogos eletrônicos e autismo Guiado pelas potencialidades dos jogos eletrônicos na melhoria da interação social e na promoção da socialização de indivíduos autistas, vários concordam com utilização deste recurso, tal como Ana Lúcia Hennemann, especialista em alfabetização e neuropsicopedagoga: "Através dos jogos, crianças do espectro autista podem ter um subsídio diferencial para a interação com os demais”. Ana ainda completa: “imagine a cena de uma criança autista jogando num ambiente onde há outras crianças. Provavelmente elas acompanharão o jogo, poderão dar dicas de como melhorar o seu desempenho, parabenizar quando a criança avança de fase (…) no caso de adolescentes ou adultos com TEA, os recursos tecnológicos são formas eficazes de ampliar a interação social”. Existem exemplos concretos de resultados alcançados tais como o caso de Keith Stuart, editor de tecnologia do The Guardian conta a história do próprio filho no livro “O Menino Feito de Blocos”. No livro ele relata como conseguiu através do jogo Minecraft se conectar, se comunicar e compreender seu filho autista, e como o mesmo através de comportamentos e rotinas dentro do jogo conseguiu compreender o mundo real que o cerca. “Quando eu vi ele jogando, foi como ligar um botão. Ele simplesmente entendeu. Ele entendeu que ele tinha que buscar 10 materiais e cortar árvores para fazer uma casa. Ele sabia que quando a noite caía ele precisava ficar em casa para evitar zumbis. Minecraft deu uma estrutura criativa que o libertou“, afirma Stuart. E complementa: "Eu não tinha pensado nisso antes, em como o autismo é uma versão amplificada e muito centrada de como todos nos sentimos, das ansiedades que todos temos. A diferença é que o restante de nós esconde tudo sob camadas de negação e de condicionamento social" (Stuart, 2016 p. 173) Outro exemplo é o de John Yan, dono do Portal Gaming Nexus que relata em seu site a experiência inesperada e marcante da reação de seu filho de 4 anos, diagnosticado com autismo, com o uso do Kinect(acessório do vídeo game Xbox360 produzido pela Microsoft, onde a interação nos jogos é feita a partir do movimento captados do corpo do jogador, sem a necessidade de ter um joystick nas mãos). “Ele pulava por todos os lados e balançava seus braços e pernas tentando socar as bolas de volta nos blocos. Era muito legal de ver, mas o que realmente me deixou impressionado foi quando o jogo acabou. Meu filho pôde navegar pelos menus sem o menor problema.” “Eu dizia ‘segure sua mão e coloque no botão’. Sem hesitação, elevantou sua mão e moveu em cima do botão na tela, e segurou até a animação circular terminar, indicando que o botão foi pressionado.” “Depois desse ensinamento inicial, ele continuou explorando todos os menus sem praticamente qualquer direcionamento meu. Eu simplesmente fiquei parado e impressionado com o que eu acabei de ver. (...).” “Pela primeira vez, eu pude jogar algo com meu filho e não passar tempo algum com ele ficando frustrado por não conseguir fazer nada, ou ter um personagem travado numa tela. Ele se divertiu com todos os jogos e de fato se deu bem em todos eles. A alegria nos seus olhos enquanto ele era capaz de completar as tarefas e se mover pelos menus é algo que eu nunca vou esquecer.” O apoio de vários profissionais e os relatos de resultados, motivaram algumas escolas e universidades a desenvolverem pesquisas e terapias com o uso de jogos eletrônicos como complemento pedagógico na inclusão social de autistas. O Lakeside Center for Autism em Issaquah Whashington e a Escola Steuart W. Weller d'Ashburn, de Seatle, ambos nos EUA, fazem o uso do kinetc para promover noção corporal e a interação social de autistas. Tendo como resultado cooperação, desenvolvimento da linguagem, comunicação, comemoração de conquistas coletivas e o cumprimento tocando as mãos. Interações estas que não 11 costumam a acontecer com indivíduos dentro do espectro. O recurso motiva o envolvimento dos participantes envolvidos, e promove a iniciativa dos mesmos. No Brasil um projeto de extensão da Unesp na cidade de Presidente Prudente, interior do estado de São Paulo, também utiliza o kinect na busca pela melhoria da inclusão social de autistas. O trabalho é precedido por um diagnostico inicial do comportamento do paciente, e partir dos resultados obtidos as crianças são submetidas aos jogos de acordo com o estímulo proporcionado. Segundo relato de alguns pais, as atividades melhoram a concentração, a verbalização além do interesse pela atividade. Também existem aplicativos utilizados em tablets e celulares que foram pensados e criados com o intuito de promover a inclusão social de autistas, como é o caso do Jade Autism GONDIM (2019), um aplicativo que coleta os dados da criança enquanto ela interage com o game, e estimula o jogador a realizar associações com imagens do seu cotidiano, que geram resultados de apoio aos terapeutas do autista. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os grandes avanços da tecnologia e dos meios de comunicação contribuíram para a disseminação dos jogos eletrônicos na cultural mundial, criando novas possibilidades de entretenimento e de relações sociais. O mundo virtual criando pelos jogos eletrônicos estabelece correlações com mundo real. Segundo Castells (2001 p.459) "a vida é permeada por símbolos e decodificamos seus significados e sentidos. Na virtualidade a expressão simbólica é acompanhada de uma riqueza e multiplicidade que constroem o mesmo que uma realidade real." Já é parte da cultural o global o uso dos jogos eletrônicos como meio de entretenimento, neste cenário o uso de jogos eletrônicos no processo de ensino aprendizagem pode promover o aprimoramento de habilidades tais como atenção, concentração, raciocínio lógico, resposta rápida a estímulos e motivação para não desistir. Desenvolve também o lado afetivo, social e moral. Contribuindo para a inclusão social. Se para um neurotípico, a virtualidade pode trazer concepções da realidade; para um autista esta imersão pode ser bem maior. E através deste 12 ambiente virtual criado pelos jogos eletrônicos e as trocas simbólicas que permeiam este mundo particular é possível criar uma ponte de comunicação entre o individuo e o mundo real. E dessa forma promover a socialização e a conseqüente inclusão social. Tal como aconteceu com Keith Stuart, o autor do livro “O Menino Feito de Blocos” onde se valeu do mundo virtual para entender e acessar os sentimentos de seu filho e através de correlações pode compreender como seu filho "enxerga" o mundo real. Segundo Gardner(LAKONY, 2003 p.64), cada criança deve ser conhecida em particular, de modo a ser estimulada a desenvolver os diversos tipos de inteligência, aproveitando aquelas que se encontram mais desenvolvidas, inclusive para compensar áreas cognitivas de menor capacidade. E como cada autista é um ser único, a adoção de diferentes metodologias, tanto pode, como deve ser levadas em consideração na busca da inclusão social dos atípicos. Atualmente existe uma variedade de jogos para o desenvolvimento de diversos tipos de habilidades, tais como atenção, coordenação motora, raciocínio lógico, alfabetização, jogos que estimulam os participantes a interagirem entre sim. Cada jogo aborda uma habilidade especifica Entretantoa seleção de jogos deve ser guiada por uma pré analise comportamental que norteará, a construção de um programa terapêutico, afim relacionar o emprego de um jogo especifico na busca da melhoria de uma ou mais habilidades sociais. Dessa forma uso de jogos eletrônicos não é a solução para promover a interação e a conseqüente inclusão social de autistas. Mas sim um importante recurso tecnológico que através do trabalho em conjunto entre pais e terapeutas, pode se obter um interessante resultado na vida daqueles que enxergam o "mundo real" por um prisma diferente. REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais-DSM-V. Porto Alegre: Artmed, 2014. BERNARDO, Nairim. Socialização na Educação infantil: o que acontece quando uma criança encontra a outra: Por mais conhecimento que o professor tenha, há coisas que só uma criança vai saber ensinar a outra. [S. l.], 21 maio 2019. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/17447/socializacao-na-educacao-infantil-o-que-acontece- quando-uma-crianca-encontra-a-outra. Acesso em: 25 ago. 2020. 13 BOSA, Cleonice; CALLIAS, Maria. Autismo: breve revisão de diferentes abordagens. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre , v. 13, n. 1, p. 167-177, 2000 . 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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL: AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 15 2020 WILLIAN JOEL MONTEIRO O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS Trabalho de conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia ALFA de Umuarama, como requisito parcial para obtenção de título de Especialista em EDUCAÇÃO ESPECIAL: AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS, sob a orientação da Prof. Dra Andreia Aparecida Ferreira da Silva 2020 2 O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS RESUMO: O autismo (Transtorno do Espectro Autista - TEA) é uma condição caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do comportamento humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento do cérebro. Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os principais sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de uma maneira completamente diferente das pessoas fora espectro. Preferem passar o tempo sozinhos e estão mais interessados nos objetos ao seu redor do que nas pessoas. Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Também podem contribuir para a socialização visto que favorece a aproximação e a interação social. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social e conseqüente inclusão social de crianças com TEA. Palavras-Chave: Autismo, Games, Educação, Socialização. ABSTRACT: ABSTRACT: Autism (Autistic Spectrum Disorder - ASD) is a condition characterized by disorders of social development and human behavior, possibly due to changes in brain development. Every year about 800,000 children around the world are born with ASD. The main symptoms are disruptions in social skills. They perceive the world in a completely different way than people outside the spectrum. They prefer to spend time alone and are more interested in the objects around them than in people. Technological and media advances have contributed to making electronic games part of the global culture. They can also contribute to socialization since they favor social interaction. Based on some studies, it is observed that electronic games can be a pedagogical complement in socialinteraction and consequent social inclusion of children with ASD. KEYWORDS: Autism, Games, Education, Socialization. 1 Acadêmico do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase em Libras 2 Professora Orientadora do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase em Libras 1. INTRODUÇÃO 3 O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista - TEA é uma condição caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do comportamento humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento do cérebro. As causas dessa condição não foram totalmente elucidadas, mas fatores genéticos, trauma no nascimento, certas condições e certos medicamentos durante a gravidez são considerados relevantes. Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os principais sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de uma maneira completamente diferente dos neurotípicos, pessoas fora espectro. Suas percepções são aguçadas, sons e ruídos quase imperceptíveis para os indivíduos fora do espectro, podem irritá-los e assustá-los, cheiros que não sentimos podem ser extremamente intrusivos para eles, e objetos que fazem parte de nossas vidas diárias podem causar medo. Preferem passar o tempo sozinhos e estão mais interessados nos objetos ao seu redor do que nas pessoas. Costumam passar horas estudando um assunto de maneira concentrada. Esses fatores corroboram para dificuldade de comunicação e interação social. Dificuldade está que pode ser superada aos poucos, através de terapias, dia após dia. Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas maneiras hoje em dia para jogar um jogo. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do modelo à fantasia, da liberdade à regra, da imitação à criatividade. O uso de jogos para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o desenvolvimento infantil e no processo ensino aprendizagem. Além do entretenimento os jogos podem ser uma forma do individuo se desenvolver, promover a socialização e se descobrir como sujeito ativo no processo de amadurecimento. Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Eles fazem parte do cotidiano; seja como passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem contribuir para a socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, seja de forma presencial ou on-line. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social de crianças com TEA. Dessa forma, buscamos promover outra possibilidade de auxiliar a interação social de crianças portadoras de TEA, este trabalho tem como foco a 4 análise de pesquisas e relatos acerca dos resultados do uso de jogos eletrônicos na promoção da interação social de indivíduos dentro do espectro autista. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Autismo O autismo (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento complexo e biologicamente condicionado, que se manifesta durante a primeira infância e afeta as percepções da criança sobre o mundo e como ele interage com o ambiente. É uma disfunção comportamental de origem neurológica. Após o nascimento e nos primeiros meses de vida, uma criança com autismo parece perfeitamente normal. Os sintomas podem se manifestar durante o primeiro ano, mas os pais nem sempre percebem que algo está errado antes do segundo ou terceiro ano da criança. Os traços do espectro geram comprometimento na comunicação e interação social, bem como nos comportamentos que podem incluir os interesses e os padrões de atividades, manifestações presentes desde a infância que impõem barreiras e prejudicam o cotidiano do indivíduo. Os principais sintomas que caracterizam o autismo são: interesse social reduzido ou inexistente; falta de iniciativa para entrar em contato com outras pessoas; dificuldade em entender emoções e reações; preferência por ficar sozinho; comportamento estereotipado, ritual, agressivo ou autolesivo; hábitos alimentares estranhos; aumento da ansiedade; vários distúrbios da fala; incompreensão de conceitos abstratos. O TEA é um transtorno do espectro, o que significa que há uma grande variação na maneira como afeta as pessoas.Toda pessoa autista tem problemas em vários graus com habilidades sociais, comunicação e comportamento. Não há duas pessoas com as mesmas características e grau de incapacidade. Toda pessoa autista é única, ou seja não existe dois indivíduos atípicos completamente iguais. E como todas as pessoas, eles têm pontos fortes e fracos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo estejam no espectro do autismo (TEA). 5 “Segundo dados do CDC (Center of Diseases Controland Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas.” (OLIVEIRA, 2014) E dentre estes 2 milhões de casos de TEA no Brasil, estima-se que metade dos casos ainda foi não diagnosticado. O termo "autismo" tem origem grega "autos", que significa “voltar-se para sí mesmo" “… Imagine chegar em um país onde você não entende a língua e não conhece os costumes – e ninguém entende o que você quer ou precisa. Você, na tentativa de se organizar e entender esse ambiente, provavelmente apresentará comportamentos que os nativos acharão estranhos…” (citação retirada do Manual de Treinamento ABA – Help us learn – Ajude-nos a aprender.) Através do trecho acima podemos visualizar como um individuo com TEA analisa a sociedade e a sim mesmo e o motivo de alguns criar uma realidade paralela, um mundo próprio. O TEA é composto por três categorias separadas pelo nível de comprometimento. No nível um (leve), o indivíduo exige apoio; também são chamados intelectuais de alto funcionamento, com discurso bem desenvolvido, mas pouca habilidade social. Esta condição é conhecida como Síndrome de Asperger. No nível dois (moderado), exige apoio substancial; e no nível três(severo) exige muito apoio substancial (APA, 2014), os autistas severos apresentam sérias dificuldades, não falam, falam ou compreendem meios de comunicação não verbais, e há um retardo mental significativo. Para Temple Grandin (1947, p. 717) o espectro do autismo, inclui funcionários brilhantes do Vale do Silício e pessoas que precisam ser cuidadas e monitoradas por toda a vida. Não existe tratamento estipulado para o autismo, pois cada paciente tem uma particularidade única. O tratamento precoce oferece maiores chances de progresso e adaptação para pessoas com autismo. Indivíduos autistas precisam de diferentes formas de apoio ao longo de suas vidas. 2.2 Socialização e Interação social 6 A História da humanidade está ligada ao viver em sociedade. Por natureza, nós humanos somos seres sociais. Desde o nascimento, temos a capacidade de sorrir, chorar, analisar. O cérebro das crianças é muito plástico, ou seja grande capacidade para mudar se adaptar, e está pronto para aprender muitas habilidades. Segundo Aristóteles o homem é por natureza um animal social ou seja viver em sociedade é uma exigência da natureza humana, o homem necessita de seus pares para sobreviver, perpetuar a espécie e se realizar plenamente com pessoa. A vida em sociedade se desenvolve pelo processo de socialização por ela o homem se integra ao grupo social em que nasceu aprendendo o conjunto de hábitos, regras e costumes característicos do qual faz parte. Socialização é o processo pelo qual novos membros de uma sociedade ou grupo dominam as habilidades socioculturais. A família é o primeiro espaço de socialização, e é nesse lugar que asprimeiras regras são apresentadas ao indivíduo. Entretanto, ao longo da vida, o mesmo se deparará com inúmeras diferentes organizações sociais, mudando assim os conteúdos e formas de socialização. As pessoas são criaturas sociais, que apoiam uns aos outros para sobreviver. Os seres humanos estão se socializando o dia todo. Fazemos isso na escola, no trabalho, no treinamento de futebol, nas compras, nos momentos de lazer e nas redes sociais. Todos os indivíduos se ajustam, de maneira consciente ou inconscientemente, às normas e valores dos diferentes grupos e culturas que formam uma sociedade. Nós nos socializamos com outras pessoas durante toda a nossa vida e tentamos pertencer à sociedade. Nossas relações sociais nos protegem do estresse e nos levam a uma melhor saúde física e mental. A socialização é o processo que nos permite aprender e internalizar as normas da nossa sociedade, adquirir a capacidade de nos desenvolvermos socialmente e também criar uma identidade através da interação com os outros. Dessa forma, a socialização é a chave para um bom desenvolvimento . O alto ritmo de vida atual na sociedade ocidental moderna significa que as pessoas precisam se socializar em diferentes sistemas sociais nos quais desempenham os mais variados papéis. Elas não se comunicam apenas por palavras, mas também por seu comportamento. Esse comportamento pode dar às palavras um significado completamente diferente. O comportamento determina que sentimento você 7 obtém com as palavras. Duas pessoas podem ver um copo e terem opiniões divergentes, para uma o copo está meio cheio, para a outra meio vazio. Para entender um ao outro corretamente, é preciso construir uma ponte entre a visão de mundo de si mesmo e a do outro. É preciso ser capaz de imaginar os pensamentos da outra pessoa para poder conectar sua comunicação com ela. É preciso imergir no que o outro quer dizer com suas palavras e linguagem corporal. E para desempenhar estes papéis e aprimorar o processo de socialização as pessoas se valem das habilidades sociais. Habilidades estas que buscam promover, a comunicação; saber se expressar, compreender, reagir, sentir, o estabelecimento de laços, relações sociais e conseqüentemente gerando a interação social. Para Hare (1976, p. 60) interação significa “todas as palavras, símbolos e gestos com que as pessoas reagem umas as outras”. De maneira prática a socialização se desenvolver através da interação social, que é o processo gera uma mudança no comportamento das pessoas envolvidas, através do contato e da comunicação que se estabelece entre eles. Por exemplo: durante uma aula o professor estabelece comunicação com os alunos, ele ensina e os alunos aprendem; os alunos participam relatando dúvidas, exemplos e complementam a explanação e com isso o professor aprende, pois irá atualizar a metodologia ensino aprendizagem nas aulas seguintes. Ou seja, interação social é uma via de mão-dupla no processo de construção da sociedade onde pela reciprocidade o ser humano se transforma em sujeito social desenvolve a comunicação e contribui para o crescimento da sociedade. Para Vygotsky (Lakony, 2003 p.38) a interação social desempenha um papel importante no desenvolvimento do indivíduo o homem é um ser social e só existe na sua plenitude devido sua habilidade/necessidade de estabelecer em um grupo social e construir junto esse grupo um conjunto de símbolos e práticas que os caracterizam como grupo. Isso confirma a grande importância da Socialização no desenvolvimento da criança, que aprende com o contexto do ambiente em que vive, seja na família, na escola ou com os amigos. Visto que cada ambiente demanda de novos conhecimento e aprendizados para a adaptação e completa inserção. Promove a construção da identidade e o sentimento de pertencimento ao mundo, contribuindo na formação do indivíduo social e na construção a própria sociedade. 8 Entretanto para uma criança autista, é extremamente difícil entender os pensamentos e sentimentos de outras pessoas, mesmo as mais próximas a ela - mãe, pai, irmãos, irmãs, avós. Ela pode entender frases como "venha aqui" quando acompanhado por um gesto característico e responder adequadamente. Mas não conseguirá distinguir pelo tom de voz se o emissor está alegre, calmo ou bravo. As expressões faciais, gestos, postura, entonação e expressão facial permanecem incertas para ela. Gerando assim barreiras na comunicação, visto que não consegue compreender e as vezes nem se fazer compreendido perante a uma situação como um todo. 2.3 Jogos Eletrônicos Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas maneiras hoje em dia para jogar um jogo. O jogo é uma manifestação otimista, alegre e plena da energia vital, uma faculdade humana permeada de significados e que, além do desenvolvimento de habilidades, contribui também na aprendizagem, o prazer, a inserção na cultura, a solução de problemas e a socialização. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do modelo à fantasia, da liberdade à regra, da imitação à criatividade. Na antiguidade greco-romana, como relata Tomás de Aquino, o ato de jogar era visto apenas como um relaxamento, após as atividades físicas, intelectuais e escolares. Na idade média, o jogo passou a ser ligado ao azar e visto como uma atividade sem importância. Durante o Renascimento, o jogo ganhou destaque e passou a ser usado para difundir os princípios de moral, ética e os conhecimentos de Geografia, História e demais campos de estudo. O uso de jogos para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o desenvolvimento infantil e no processo ensino aprendizagem. Tal como o brincar, o jogo tem um papel especial na aprendizagem humana, contribuindo para a autonomia, a criatividade, e a interação social indivíduo. Segundo Piaget(2013) a partir do brincar a criança, nos primeiros ano de vida, desenvolve habilidades cognitivas, visuais, auditivas, tátil e motora Alem do entretenimento os jogos podem ser uma forma do individuo se desenvolver, promover a socialização e se descobrir como sujeito ativo no processo de amadurecimento. 9 Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global permeando todas as faixas etárias e vários países. Eles fazem parte do cotidiano; seja como passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem contribuir para a socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, seja de forma presencial ou on-line. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social de crianças com TEA. As maneiras mais famosas de jogar jogos eletrônicos são via PC e os consoles de jogos (por exemplo, Playstation ou Xbox). Devido a novos desenvolvimentos, também existem muitos outras possibilidades de reprodução, como no telefone celular e no consoles portáteis. Hoje em dia os estão ao alcance de todos. Existem jogos diferentes para diferentes públicos, desde crianças pequenas, adultos e toda a família. 2.4 Jogos eletrônicos e autismo Guiado pelas potencialidades dos jogos eletrônicos na melhoria da interação social e na promoção da socialização de indivíduos autistas, vários concordam com utilização deste recurso, tal como Ana Lúcia Hennemann, especialista em alfabetização e neuropsicopedagoga: "Através dos jogos, crianças do espectro autista podem ter um subsídio diferencial para a interação com os demais”. Ana ainda completa: “imagine a cena de uma criança autista jogando num ambiente onde há outras crianças. Provavelmente elas acompanharão o jogo, poderão dar dicas de como melhorar o seu desempenho, parabenizar quando a criança avança de fase (…) no caso de adolescentes ou adultos com TEA, os recursos tecnológicos são formas eficazes