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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL: 
AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA 
INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
 
 
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WILLIAN JOEL MONTEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA 
INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 
 
 
 
Trabalho de conclusão de Curso apresentado à 
Faculdade de Tecnologia ALFA de Umuarama, 
como requisito parcial para obtenção de título 
de Especialista em EDUCAÇÃO ESPECIAL: 
AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS, sob a 
orientação da Prof. Dra Andreia Aparecida 
Ferreira da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
 
 
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O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA 
INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 
 
RESUMO: O autismo (Transtorno do Espectro Autista - TEA) é uma condição 
caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do comportamento 
humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento do cérebro. 
Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os principais 
sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de uma 
maneira completamente diferente das pessoas fora espectro. Preferem passar o 
tempo sozinhos e estão mais interessados nos objetos ao seu redor do que nas 
pessoas. Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram 
para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Também podem 
contribuir para a socialização visto que favorece a aproximação e a interação 
social. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem 
ser um complemento pedagógico na interação social e conseqüente inclusão 
social de crianças com TEA. 
 
Palavras-Chave: Autismo, Games, Educação, Socialização. 
 
 
ABSTRACT: ABSTRACT: Autism (Autistic Spectrum Disorder - ASD) is a 
condition characterized by disorders of social development and human behavior, 
possibly due to changes in brain development. Every year about 800,000 children 
around the world are born with ASD. The main symptoms are disruptions in social 
skills. They perceive the world in a completely different way than people outside 
the spectrum. They prefer to spend time alone and are more interested in the 
objects around them than in people. Technological and media advances have 
contributed to making electronic games part of the global culture. They can also 
contribute to socialization since they favor social interaction. Based on some 
studies, it is observed that electronic games can be a pedagogical complement in 
social interaction and consequent social inclusion of children with ASD. 
 
 
KEYWORDS: Autism, Games, Education, Socialization. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Acadêmico do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase em Libras 
 2 Professora Orientadora do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase 
 em Libras 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
 
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 O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista - TEA 
é uma condição caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do 
comportamento humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento 
do cérebro. As causas dessa condição não foram totalmente elucidadas, mas 
fatores genéticos, trauma no nascimento, certas condições e certos 
medicamentos durante a gravidez são considerados relevantes. 
 Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os 
principais sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de 
uma maneira completamente diferente dos neurotípicos, pessoas fora espectro. 
Suas percepções são aguçadas, sons e ruídos quase imperceptíveis para os 
indivíduos fora do espectro, podem irritá-los e assustá-los, cheiros que não 
sentimos podem ser extremamente intrusivos para eles, e objetos que fazem parte 
de nossas vidas diárias podem causar medo. Preferem passar o tempo sozinhos e 
estão mais interessados nos objetos ao seu redor do que nas pessoas. 
Costumam passar horas estudando um assunto de maneira concentrada. Esses 
fatores corroboram para dificuldade de comunicação e interação social. 
Dificuldade está que pode ser superada aos poucos, através de terapias, dia após 
dia. 
 Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas 
maneiras hoje em dia para jogar um jogo. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do 
modelo à fantasia, da liberdade à regra, da imitação à criatividade. O uso de jogos 
para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o desenvolvimento 
infantil e no processo ensino aprendizagem. Além do entretenimento os jogos 
podem ser uma forma do individuo se desenvolver, promover a socialização e se 
descobrir como sujeito ativo no processo de amadurecimento. 
 Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para 
que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Eles fazem parte do 
cotidiano; seja como passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem 
contribuir para a socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, 
seja de forma presencial ou on-line. Com base em alguns estudos observa-se que 
os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social 
de crianças com TEA. 
 Dessa forma, buscamos promover outra possibilidade de auxiliar a 
interação social de crianças portadoras de TEA, este trabalho tem como foco a 
 
 
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análise de pesquisas e relatos acerca dos resultados do uso de jogos eletrônicos 
na promoção da interação social de indivíduos dentro do espectro autista. 
 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 
2.1 Autismo 
 
 O autismo (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento complexo e 
biologicamente condicionado, que se manifesta durante a primeira infância e afeta 
as percepções da criança sobre o mundo e como ele interage com o ambiente. É 
uma disfunção comportamental de origem neurológica. 
 Após o nascimento e nos primeiros meses de vida, uma criança com 
autismo parece perfeitamente normal. Os sintomas podem se manifestar durante 
o primeiro ano, mas os pais nem sempre percebem que algo está errado antes do 
segundo ou terceiro ano da criança. Os traços do espectro geram 
comprometimento na comunicação e interação social, bem como nos 
comportamentos que podem incluir os interesses e os padrões de atividades, 
manifestações presentes desde a infância que impõem barreiras e prejudicam o 
cotidiano do indivíduo. Os principais sintomas que caracterizam o autismo são: 
interesse social reduzido ou inexistente; falta de iniciativa para entrar em contato 
com outras pessoas; dificuldade em entender emoções e reações; preferência por 
ficar sozinho; comportamento estereotipado, ritual, agressivo ou autolesivo; 
hábitos alimentares estranhos; aumento da ansiedade; vários distúrbios da fala; 
incompreensão de conceitos abstratos. O TEA é um transtorno do espectro, o que 
significa que há uma grande variação na maneira como afeta as pessoas.Toda 
pessoa autista tem problemas em vários graus com habilidades sociais, 
comunicação e comportamento. Não há duas pessoas com as mesmas 
características e grau de incapacidade. Toda pessoa autista é única, ou seja não 
existe dois indivíduos atípicos completamente iguais. E como todas as pessoas, 
eles têm pontos fortes e fracos. 
 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de 
pessoas no mundo estejam no espectro do autismo (TEA). 
 
 
 
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“Segundo dados do CDC (Center of Diseases Controland Prevention), 
órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de 
autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com 
seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas.” 
(OLIVEIRA, 2014) 
 
 E dentre estes 2 milhões de casos de TEA no Brasil, estima-se que metade 
dos casos ainda foi não diagnosticado. O termo "autismo" tem origem grega 
"autos", que significa “voltar-se para símesmo" 
 
“… Imagine chegar em um país onde você não entende a língua e não 
conhece os costumes – e ninguém entende o que você quer ou precisa. 
Você, na tentativa de se organizar e entender esse ambiente, 
provavelmente apresentará comportamentos que os nativos acharão 
estranhos…” (citação retirada do Manual de Treinamento ABA – Help us 
learn – Ajude-nos a aprender.) 
 
 Através do trecho acima podemos visualizar como um individuo com TEA 
analisa a sociedade e a sim mesmo e o motivo de alguns criar uma realidade 
paralela, um mundo próprio. O TEA é composto por três categorias separadas 
pelo nível de comprometimento. No nível um (leve), o indivíduo exige apoio; 
também são chamados intelectuais de alto funcionamento, com discurso bem 
desenvolvido, mas pouca habilidade social. Esta condição é conhecida como 
Síndrome de Asperger. No nível dois (moderado), exige apoio substancial; e no 
nível três(severo) exige muito apoio substancial (APA, 2014), os autistas severos 
apresentam sérias dificuldades, não falam, falam ou compreendem meios de 
comunicação não verbais, e há um retardo mental significativo. 
 Para Temple Grandin (1947, p. 717) o espectro do autismo, inclui 
funcionários brilhantes do Vale do Silício e pessoas que precisam ser cuidadas e 
monitoradas por toda a vida. 
 Não existe tratamento estipulado para o autismo, pois cada paciente tem 
uma particularidade única. O tratamento precoce oferece maiores chances de 
progresso e adaptação para pessoas com autismo. Indivíduos autistas precisam 
de diferentes formas de apoio ao longo de suas vidas. 
 
2.2 Socialização e Interação social 
 
 
 
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 A História da humanidade está ligada ao viver em sociedade. Por natureza, 
nós humanos somos seres sociais. Desde o nascimento, temos a capacidade de 
sorrir, chorar, analisar. O cérebro das crianças é muito plástico, ou seja grande 
capacidade para mudar se adaptar, e está pronto para aprender muitas 
habilidades. Segundo Aristóteles o homem é por natureza um animal social ou 
seja viver em sociedade é uma exigência da natureza humana, o homem 
necessita de seus pares para sobreviver, perpetuar a espécie e se realizar 
plenamente com pessoa. A vida em sociedade se desenvolve pelo processo de 
socialização por ela o homem se integra ao grupo social em que nasceu 
aprendendo o conjunto de hábitos, regras e costumes característicos do qual faz 
parte. 
 Socialização é o processo pelo qual novos membros de uma sociedade ou 
grupo dominam as habilidades socioculturais. A família é o primeiro espaço de 
socialização, e é nesse lugar que as primeiras regras são apresentadas ao 
indivíduo. Entretanto, ao longo da vida, o mesmo se deparará com inúmeras 
diferentes organizações sociais, mudando assim os conteúdos e formas de 
socialização. 
 As pessoas são criaturas sociais, que apoiam uns aos outros para 
sobreviver. Os seres humanos estão se socializando o dia todo. Fazemos isso na 
escola, no trabalho, no treinamento de futebol, nas compras, nos momentos de 
lazer e nas redes sociais. Todos os indivíduos se ajustam, de maneira consciente 
ou inconscientemente, às normas e valores dos diferentes grupos e culturas que 
formam uma sociedade. Nós nos socializamos com outras pessoas durante toda a 
nossa vida e tentamos pertencer à sociedade. Nossas relações sociais nos 
protegem do estresse e nos levam a uma melhor saúde física e mental. A 
socialização é o processo que nos permite aprender e internalizar as normas da 
nossa sociedade, adquirir a capacidade de nos desenvolvermos socialmente e 
também criar uma identidade através da interação com os outros. Dessa forma, a 
socialização é a chave para um bom desenvolvimento . O alto ritmo de vida atual 
na sociedade ocidental moderna significa que as pessoas precisam se socializar 
em diferentes sistemas sociais nos quais desempenham os mais variados papéis. 
 Elas não se comunicam apenas por palavras, mas também por seu 
comportamento. Esse comportamento pode dar às palavras um significado 
completamente diferente. O comportamento determina que sentimento você 
 
 
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obtém com as palavras. Duas pessoas podem ver um copo e terem opiniões 
divergentes, para uma o copo está meio cheio, para a outra meio vazio. Para 
entender um ao outro corretamente, é preciso construir uma ponte entre a visão 
de mundo de si mesmo e a do outro. É preciso ser capaz de imaginar os 
pensamentos da outra pessoa para poder conectar sua comunicação com ela. É 
preciso imergir no que o outro quer dizer com suas palavras e linguagem corporal. 
 E para desempenhar estes papéis e aprimorar o processo de socialização 
as pessoas se valem das habilidades sociais. Habilidades estas que buscam 
promover, a comunicação; saber se expressar, compreender, reagir, sentir, o 
estabelecimento de laços, relações sociais e conseqüentemente gerando a 
interação social. 
 Para Hare (1976, p. 60) interação significa “todas as palavras, símbolos e 
gestos com que as pessoas reagem umas as outras”. De maneira prática a 
socialização se desenvolver através da interação social, que é o processo gera 
uma mudança no comportamento das pessoas envolvidas, através do contato e 
da comunicação que se estabelece entre eles. Por exemplo: durante uma aula o 
professor estabelece comunicação com os alunos, ele ensina e os alunos 
aprendem; os alunos participam relatando dúvidas, exemplos e complementam a 
explanação e com isso o professor aprende, pois irá atualizar a metodologia 
ensino aprendizagem nas aulas seguintes. Ou seja, interação social é uma via de 
mão-dupla no processo de construção da sociedade onde pela reciprocidade o ser 
humano se transforma em sujeito social desenvolve a comunicação e contribui 
para o crescimento da sociedade. 
 Para Vygotsky (Lakony, 2003 p.38) a interação social desempenha um 
papel importante no desenvolvimento do indivíduo o homem é um ser social e só 
existe na sua plenitude devido sua habilidade/necessidade de estabelecer em um 
grupo social e construir junto esse grupo um conjunto de símbolos e práticas que 
os caracterizam como grupo. 
 Isso confirma a grande importância da Socialização no desenvolvimento da 
criança, que aprende com o contexto do ambiente em que vive, seja na família, na 
escola ou com os amigos. Visto que cada ambiente demanda de novos 
conhecimento e aprendizados para a adaptação e completa inserção. Promove a 
construção da identidade e o sentimento de pertencimento ao mundo, 
contribuindo na formação do indivíduo social e na construção a própria sociedade. 
 
 
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 Entretanto para uma criança autista, é extremamente difícil entender os 
pensamentos e sentimentos de outras pessoas, mesmo as mais próximas a ela - 
mãe, pai, irmãos, irmãs, avós. Ela pode entender frases como "venha aqui" 
quando acompanhado por um gesto característico e responder adequadamente. 
Mas não conseguirá distinguir pelo tom de voz se o emissor está alegre, calmo ou 
bravo. As expressões faciais, gestos, postura, entonação e expressão facial 
permanecem incertas para ela. Gerando assim barreiras na comunicação, visto 
que não consegue compreender e as vezes nem se fazer compreendido perante a 
uma situação como um todo. 
 
2.3 Jogos Eletrônicos 
 
 Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas 
maneiras hoje em dia para jogar um jogo. O jogo é uma manifestação otimista, 
alegre e plena da energia vital, uma faculdade humana permeada de significados 
e que, além do desenvolvimento de habilidades, contribui também na 
aprendizagem, o prazer, a inserção na cultura, a solução de problemas e a 
socialização. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do modelo à fantasia, da 
liberdade à regra, da imitação à criatividade. 
 Na antiguidade greco-romana, como relata Tomás de Aquino, o ato de jogar 
era visto apenas como um relaxamento, após as atividades físicas, intelectuais e 
escolares. Na idade média, o jogo passou a serligado ao azar e visto como uma 
atividade sem importância. Durante o Renascimento, o jogo ganhou destaque e 
passou a ser usado para difundir os princípios de moral, ética e os conhecimentos 
de Geografia, História e demais campos de estudo. 
 O uso de jogos para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o 
desenvolvimento infantil e no processo ensino aprendizagem. Tal como o brincar, 
o jogo tem um papel especial na aprendizagem humana, contribuindo para a 
autonomia, a criatividade, e a interação social indivíduo. Segundo Piaget(2013) a 
partir do brincar a criança, nos primeiros ano de vida, desenvolve habilidades 
cognitivas, visuais, auditivas, tátil e motora 
 Alem do entretenimento os jogos podem ser uma forma do individuo se 
desenvolver, promover a socialização e se descobrir como sujeito ativo no 
processo de amadurecimento. 
 
 
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 Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para 
que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global permeando todas as 
faixas etárias e vários países. Eles fazem parte do cotidiano; seja como 
passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem contribuir para a 
socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, seja de forma 
presencial ou on-line. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos 
eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social de 
crianças com TEA. 
 As maneiras mais famosas de jogar jogos eletrônicos são via PC e os 
consoles de jogos (por exemplo, Playstation ou Xbox). Devido a novos 
desenvolvimentos, também existem muitos outras possibilidades de reprodução, 
como no telefone celular e no consoles portáteis. Hoje em dia os estão ao alcance 
de todos. Existem jogos diferentes para diferentes públicos, desde crianças 
pequenas, adultos e toda a família. 
 
2.4 Jogos eletrônicos e autismo 
 
 Guiado pelas potencialidades dos jogos eletrônicos na melhoria da 
interação social e na promoção da socialização de indivíduos autistas, vários 
concordam com utilização deste recurso, tal como Ana Lúcia Hennemann, 
especialista em alfabetização e neuropsicopedagoga: "Através dos jogos, crianças 
do espectro autista podem ter um subsídio diferencial para a interação com os 
demais”. Ana ainda completa: “imagine a cena de uma criança autista jogando 
num ambiente onde há outras crianças. Provavelmente elas acompanharão o 
jogo, poderão dar dicas de como melhorar o seu desempenho, parabenizar 
quando a criança avança de fase (…) no caso de adolescentes ou adultos com 
TEA, os recursos tecnológicos são formas eficazes de ampliar a interação social”. 
 Existem exemplos concretos de resultados alcançados tais como o caso de 
Keith Stuart, editor de tecnologia do The Guardian conta a história do próprio filho 
no livro “O Menino Feito de Blocos”. No livro ele relata como conseguiu através do 
jogo Minecraft se conectar, se comunicar e compreender seu filho autista, e como 
o mesmo através de comportamentos e rotinas dentro do jogo conseguiu 
compreender o mundo real que o cerca. “Quando eu vi ele jogando, foi como ligar 
um botão. Ele simplesmente entendeu. Ele entendeu que ele tinha que buscar 
 
 
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materiais e cortar árvores para fazer uma casa. Ele sabia que quando a noite caía 
ele precisava ficar em casa para evitar zumbis. Minecraft deu uma estrutura 
criativa que o libertou“, afirma Stuart. E complementa: "Eu não tinha pensado 
nisso antes, em como o autismo é uma versão amplificada e muito centrada de 
como todos nos sentimos, das ansiedades que todos temos. A diferença é que o 
restante de nós esconde tudo sob camadas de negação e de condicionamento 
social" (Stuart, 2016 p. 173) 
 Outro exemplo é o de John Yan, dono do Portal Gaming Nexus que relata 
em seu site a experiência inesperada e marcante da reação de seu filho de 4 
anos, diagnosticado com autismo, com o uso do Kinect(acessório do vídeo game 
Xbox360 produzido pela Microsoft, onde a interação nos jogos é feita a partir do 
movimento captados do corpo do jogador, sem a necessidade de ter um joystick 
nas mãos). 
 
“Ele pulava por todos os lados e balançava seus braços e pernas tentando 
socar as bolas de volta nos blocos. Era muito legal de ver, mas o que 
realmente me deixou impressionado foi quando o jogo acabou. Meu filho 
pôde navegar pelos menus sem o menor problema.” 
“Eu dizia ‘segure sua mão e coloque no botão’. Sem hesitação, elevantou 
sua mão e moveu em cima do botão na tela, e segurou até a animação 
circular terminar, indicando que o botão foi pressionado.” 
“Depois desse ensinamento inicial, ele continuou explorando todos os 
menus sem praticamente qualquer direcionamento meu. Eu simplesmente 
fiquei parado e impressionado com o que eu acabei de ver. (...).” 
“Pela primeira vez, eu pude jogar algo com meu filho e não passar tempo 
algum com ele ficando frustrado por não conseguir fazer nada, ou ter um 
personagem travado numa tela. Ele se divertiu com todos os jogos e de 
fato se deu bem em todos eles. A alegria nos seus olhos enquanto ele era 
capaz de completar as tarefas e se mover pelos menus é algo que eu 
nunca vou esquecer.” 
 
 O apoio de vários profissionais e os relatos de resultados, motivaram 
algumas escolas e universidades a desenvolverem pesquisas e terapias com o 
uso de jogos eletrônicos como complemento pedagógico na inclusão social de 
autistas. 
 O Lakeside Center for Autism em Issaquah Whashington e a Escola Steuart 
W. Weller d'Ashburn, de Seatle, ambos nos EUA, fazem o uso do kinetc para 
promover noção corporal e a interação social de autistas. Tendo como resultado 
cooperação, desenvolvimento da linguagem, comunicação, comemoração de 
conquistas coletivas e o cumprimento tocando as mãos. Interações estas que não 
 
 
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costumam a acontecer com indivíduos dentro do espectro. O recurso motiva o 
envolvimento dos participantes envolvidos, e promove a iniciativa dos mesmos. 
 No Brasil um projeto de extensão da Unesp na cidade de Presidente 
Prudente, interior do estado de São Paulo, também utiliza o kinect na busca pela 
melhoria da inclusão social de autistas. O trabalho é precedido por um diagnostico 
inicial do comportamento do paciente, e partir dos resultados obtidos as crianças 
são submetidas aos jogos de acordo com o estímulo proporcionado. Segundo relato 
de alguns pais, as atividades melhoram a concentração, a verbalização além do 
interesse pela atividade. 
 Também existem aplicativos utilizados em tablets e celulares que foram 
pensados e criados com o intuito de promover a inclusão social de autistas, como é 
o caso do Jade Autism GONDIM (2019), um aplicativo que coleta os dados da 
criança enquanto ela interage com o game, e estimula o jogador a realizar 
associações com imagens do seu cotidiano, que geram resultados de apoio aos 
terapeutas do autista. 
 
 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Os grandes avanços da tecnologia e dos meios de comunicação contribuíram 
para a disseminação dos jogos eletrônicos na cultural mundial, criando novas 
possibilidades de entretenimento e de relações sociais. O mundo virtual criando 
pelos jogos eletrônicos estabelece correlações com mundo real. Segundo Castells 
(2001 p.459) "a vida é permeada por símbolos e decodificamos seus significados e 
sentidos. Na virtualidade a expressão simbólica é acompanhada de uma riqueza e 
multiplicidade que constroem o mesmo que uma realidade real." 
Já é parte da cultural o global o uso dos jogos eletrônicos como meio de 
entretenimento, neste cenário o uso de jogos eletrônicos no processo de ensino 
aprendizagem pode promover o aprimoramento de habilidades tais como atenção, 
concentração, raciocínio lógico, resposta rápida a estímulos e motivação para não 
desistir. Desenvolve também o lado afetivo, social e moral. Contribuindo para a 
inclusão social. 
Se para um neurotípico, a virtualidade pode trazer concepções da 
realidade; para um autista esta imersão podeser bem maior. E através deste 
 
 
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ambiente virtual criado pelos jogos eletrônicos e as trocas simbólicas que 
permeiam este mundo particular é possível criar uma ponte de comunicação entre 
o individuo e o mundo real. E dessa forma promover a socialização e a 
conseqüente inclusão social. 
Tal como aconteceu com Keith Stuart, o autor do livro “O Menino Feito de 
Blocos” onde se valeu do mundo virtual para entender e acessar os sentimentos 
de seu filho e através de correlações pode compreender como seu filho "enxerga" 
o mundo real. 
 Segundo Gardner(LAKONY, 2003 p.64), cada criança deve ser conhecida 
em particular, de modo a ser estimulada a desenvolver os diversos tipos de 
inteligência, aproveitando aquelas que se encontram mais desenvolvidas, 
inclusive para compensar áreas cognitivas de menor capacidade. E como cada 
autista é um ser único, a adoção de diferentes metodologias, tanto pode, como 
deve ser levadas em consideração na busca da inclusão social dos atípicos. 
 Atualmente existe uma variedade de jogos para o desenvolvimento de 
diversos tipos de habilidades, tais como atenção, coordenação motora, raciocínio 
lógico, alfabetização, jogos que estimulam os participantes a interagirem entre sim. 
Cada jogo aborda uma habilidade especifica Entretanto a seleção de jogos deve 
ser guiada por uma pré analise comportamental que norteará, a construção de um 
programa terapêutico, afim relacionar o emprego de um jogo especifico na busca 
da melhoria de uma ou mais habilidades sociais. 
 Dessa forma uso de jogos eletrônicos não é a solução para promover a 
interação e a conseqüente inclusão social de autistas. Mas sim um importante 
recurso tecnológico que através do trabalho em conjunto entre pais e terapeutas, 
pode se obter um interessante resultado na vida daqueles que enxergam o 
"mundo real" por um prisma diferente. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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mentais-DSM-V. Porto Alegre: Artmed, 2014. 
 
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https://novaescola.org.br/conteudo/17447/socializacao-na-educacao-infantil-o-que-acontece-
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102 
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CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede (A era da informação: economia, sociedade e 
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DO PORTAL DO GOVERNO (São Paulo). Unesp utiliza jogos eletrônicos em iniciativa com 
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https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/unesp-utiliza-jogos-eletronicos-em-iniciativa-com-
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14
 
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TECMUNDO. Como tecnologia e jogos podem ajudar a comunicação com crianças 
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17 jul. 2020. 
 
THE KINECT at Lakeside Center for Autism. Direção: Lakeside Center for Autism. Produção: 
Lakeside Center for Autism. Issaquah, WA: Lakeside Center for Autism, 2011. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=uuP6d42hK8k&t=26s. Acesso em: 17 jul. 2020. 
 
 
 
 
 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL: 
AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA 
INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 
 
 
 
 
 
15
 
 
 
 
 
 
 
2020 
 
 
1 
 
WILLIAN JOEL MONTEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA 
INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 
 
 
 
Trabalho de conclusão de Curso apresentado à 
Faculdade de Tecnologia ALFA de Umuarama, 
como requisito parcial para obtenção de título 
de Especialista em EDUCAÇÃO ESPECIAL: 
AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS, sob a 
orientação da Prof. Dra Andreia Aparecida 
Ferreira da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
 
 
2 
O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA 
INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 
 
RESUMO: O autismo (Transtorno do Espectro Autista - TEA) é uma condição 
caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do comportamento 
humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento do cérebro. 
Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os principais 
sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de uma 
maneira completamente diferente das pessoas fora espectro. Preferem passar o 
tempo sozinhos e estão maisinteressados nos objetos ao seu redor do que nas 
pessoas. Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram 
para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Também podem 
contribuir para a socialização visto que favorece a aproximação e a interação 
social. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem 
ser um complemento pedagógico na interação social e conseqüente inclusão 
social de crianças com TEA. 
 
Palavras-Chave: Autismo, Games, Educação, Socialização. 
 
 
ABSTRACT: ABSTRACT: Autism (Autistic Spectrum Disorder - ASD) is a 
condition characterized by disorders of social development and human behavior, 
possibly due to changes in brain development. Every year about 800,000 children 
around the world are born with ASD. The main symptoms are disruptions in social 
skills. They perceive the world in a completely different way than people outside 
the spectrum. They prefer to spend time alone and are more interested in the 
objects around them than in people. Technological and media advances have 
contributed to making electronic games part of the global culture. They can also 
contribute to socialization since they favor social interaction. Based on some 
studies, it is observed that electronic games can be a pedagogical complement in 
social interaction and consequent social inclusion of children with ASD. 
 
 
KEYWORDS: Autism, Games, Education, Socialization. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Acadêmico do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase em Libras 
 2 Professora Orientadora do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase 
 em Libras 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
 
3 
 O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista - TEA 
é uma condição caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do 
comportamento humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento 
do cérebro. As causas dessa condição não foram totalmente elucidadas, mas 
fatores genéticos, trauma no nascimento, certas condições e certos 
medicamentos durante a gravidez são considerados relevantes. 
 Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os 
principais sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de 
uma maneira completamente diferente dos neurotípicos, pessoas fora espectro. 
Suas percepções são aguçadas, sons e ruídos quase imperceptíveis para os 
indivíduos fora do espectro, podem irritá-los e assustá-los, cheiros que não 
sentimos podem ser extremamente intrusivos para eles, e objetos que fazem parte 
de nossas vidas diárias podem causar medo. Preferem passar o tempo sozinhos e 
estão mais interessados nos objetos ao seu redor do que nas pessoas. 
Costumam passar horas estudando um assunto de maneira concentrada. Esses 
fatores corroboram para dificuldade de comunicação e interação social. 
Dificuldade está que pode ser superada aos poucos, através de terapias, dia após 
dia. 
 Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas 
maneiras hoje em dia para jogar um jogo. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do 
modelo à fantasia, da liberdade à regra, da imitação à criatividade. O uso de jogos 
para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o desenvolvimento 
infantil e no processo ensino aprendizagem. Além do entretenimento os jogos 
podem ser uma forma do individuo se desenvolver, promover a socialização e se 
descobrir como sujeito ativo no processo de amadurecimento. 
 Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para 
que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Eles fazem parte do 
cotidiano; seja como passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem 
contribuir para a socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, 
seja de forma presencial ou on-line. Com base em alguns estudos observa-se que 
os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social 
de crianças com TEA. 
 Dessa forma, buscamos promover outra possibilidade de auxiliar a 
interação social de crianças portadoras de TEA, este trabalho tem como foco a 
 
 
4 
análise de pesquisas e relatos acerca dos resultados do uso de jogos eletrônicos 
na promoção da interação social de indivíduos dentro do espectro autista. 
 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 
2.1 Autismo 
 
 O autismo (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento complexo e 
biologicamente condicionado, que se manifesta durante a primeira infância e afeta 
as percepções da criança sobre o mundo e como ele interage com o ambiente. É 
uma disfunção comportamental de origem neurológica. 
 Após o nascimento e nos primeiros meses de vida, uma criança com 
autismo parece perfeitamente normal. Os sintomas podem se manifestar durante 
o primeiro ano, mas os pais nem sempre percebem que algo está errado antes do 
segundo ou terceiro ano da criança. Os traços do espectro geram 
comprometimento na comunicação e interação social, bem como nos 
comportamentos que podem incluir os interesses e os padrões de atividades, 
manifestações presentes desde a infância que impõem barreiras e prejudicam o 
cotidiano do indivíduo. Os principais sintomas que caracterizam o autismo são: 
interesse social reduzido ou inexistente; falta de iniciativa para entrar em contato 
com outras pessoas; dificuldade em entender emoções e reações; preferência por 
ficar sozinho; comportamento estereotipado, ritual, agressivo ou autolesivo; 
hábitos alimentares estranhos; aumento da ansiedade; vários distúrbios da fala; 
incompreensão de conceitos abstratos. O TEA é um transtorno do espectro, o que 
significa que há uma grande variação na maneira como afeta as pessoas.Toda 
pessoa autista tem problemas em vários graus com habilidades sociais, 
comunicação e comportamento. Não há duas pessoas com as mesmas 
características e grau de incapacidade. Toda pessoa autista é única, ou seja não 
existe dois indivíduos atípicos completamente iguais. E como todas as pessoas, 
eles têm pontos fortes e fracos. 
 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de 
pessoas no mundo estejam no espectro do autismo (TEA). 
 
 
 
5 
“Segundo dados do CDC (Center of Diseases Controland Prevention), 
órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de 
autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com 
seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas.” 
(OLIVEIRA, 2014) 
 
 E dentre estes 2 milhões de casos de TEA no Brasil, estima-se que metade 
dos casos ainda foi não diagnosticado. O termo "autismo" tem origem grega 
"autos", que significa “voltar-se para sí mesmo" 
 
“… Imagine chegar em um país onde você não entende a língua e não 
conhece os costumes – e ninguém entende o que você quer ou precisa. 
Você, na tentativa de se organizar e entender esse ambiente, 
provavelmente apresentará comportamentos que os nativos acharão 
estranhos…” (citação retirada do Manual de Treinamento ABA – Help us 
learn – Ajude-nos a aprender.) 
 
 Através do trecho acima podemos visualizar como um individuo com TEA 
analisa a sociedade e a sim mesmo e o motivo de alguns criar uma realidade 
paralela, um mundo próprio. O TEA é composto por três categorias separadas 
pelo nível de comprometimento. No nível um (leve), o indivíduo exige apoio; 
também são chamados intelectuais de alto funcionamento, com discurso bem 
desenvolvido, mas pouca habilidade social. Esta condição é conhecida como 
Síndrome de Asperger. No nível dois (moderado), exige apoio substancial; e no 
nível três(severo) exige muito apoio substancial (APA, 2014), os autistas severos 
apresentam sérias dificuldades, não falam, falam ou compreendem meios de 
comunicação não verbais, e há um retardo mental significativo. 
 Para Temple Grandin (1947, p. 717) o espectro do autismo, inclui 
funcionários brilhantes do Vale do Silício e pessoas que precisam ser cuidadas e 
monitoradaspor toda a vida. 
 Não existe tratamento estipulado para o autismo, pois cada paciente tem 
uma particularidade única. O tratamento precoce oferece maiores chances de 
progresso e adaptação para pessoas com autismo. Indivíduos autistas precisam 
de diferentes formas de apoio ao longo de suas vidas. 
 
2.2 Socialização e Interação social 
 
 
 
6 
 A História da humanidade está ligada ao viver em sociedade. Por natureza, 
nós humanos somos seres sociais. Desde o nascimento, temos a capacidade de 
sorrir, chorar, analisar. O cérebro das crianças é muito plástico, ou seja grande 
capacidade para mudar se adaptar, e está pronto para aprender muitas 
habilidades. Segundo Aristóteles o homem é por natureza um animal social ou 
seja viver em sociedade é uma exigência da natureza humana, o homem 
necessita de seus pares para sobreviver, perpetuar a espécie e se realizar 
plenamente com pessoa. A vida em sociedade se desenvolve pelo processo de 
socialização por ela o homem se integra ao grupo social em que nasceu 
aprendendo o conjunto de hábitos, regras e costumes característicos do qual faz 
parte. 
 Socialização é o processo pelo qual novos membros de uma sociedade ou 
grupo dominam as habilidades socioculturais. A família é o primeiro espaço de 
socialização, e é nesse lugar que as primeiras regras são apresentadas ao 
indivíduo. Entretanto, ao longo da vida, o mesmo se deparará com inúmeras 
diferentes organizações sociais, mudando assim os conteúdos e formas de 
socialização. 
 As pessoas são criaturas sociais, que apoiam uns aos outros para 
sobreviver. Os seres humanos estão se socializando o dia todo. Fazemos isso na 
escola, no trabalho, no treinamento de futebol, nas compras, nos momentos de 
lazer e nas redes sociais. Todos os indivíduos se ajustam, de maneira consciente 
ou inconscientemente, às normas e valores dos diferentes grupos e culturas que 
formam uma sociedade. Nós nos socializamos com outras pessoas durante toda a 
nossa vida e tentamos pertencer à sociedade. Nossas relações sociais nos 
protegem do estresse e nos levam a uma melhor saúde física e mental. A 
socialização é o processo que nos permite aprender e internalizar as normas da 
nossa sociedade, adquirir a capacidade de nos desenvolvermos socialmente e 
também criar uma identidade através da interação com os outros. Dessa forma, a 
socialização é a chave para um bom desenvolvimento . O alto ritmo de vida atual 
na sociedade ocidental moderna significa que as pessoas precisam se socializar 
em diferentes sistemas sociais nos quais desempenham os mais variados papéis. 
 Elas não se comunicam apenas por palavras, mas também por seu 
comportamento. Esse comportamento pode dar às palavras um significado 
completamente diferente. O comportamento determina que sentimento você 
 
 
7 
obtém com as palavras. Duas pessoas podem ver um copo e terem opiniões 
divergentes, para uma o copo está meio cheio, para a outra meio vazio. Para 
entender um ao outro corretamente, é preciso construir uma ponte entre a visão 
de mundo de si mesmo e a do outro. É preciso ser capaz de imaginar os 
pensamentos da outra pessoa para poder conectar sua comunicação com ela. É 
preciso imergir no que o outro quer dizer com suas palavras e linguagem corporal. 
 E para desempenhar estes papéis e aprimorar o processo de socialização 
as pessoas se valem das habilidades sociais. Habilidades estas que buscam 
promover, a comunicação; saber se expressar, compreender, reagir, sentir, o 
estabelecimento de laços, relações sociais e conseqüentemente gerando a 
interação social. 
 Para Hare (1976, p. 60) interação significa “todas as palavras, símbolos e 
gestos com que as pessoas reagem umas as outras”. De maneira prática a 
socialização se desenvolver através da interação social, que é o processo gera 
uma mudança no comportamento das pessoas envolvidas, através do contato e 
da comunicação que se estabelece entre eles. Por exemplo: durante uma aula o 
professor estabelece comunicação com os alunos, ele ensina e os alunos 
aprendem; os alunos participam relatando dúvidas, exemplos e complementam a 
explanação e com isso o professor aprende, pois irá atualizar a metodologia 
ensino aprendizagem nas aulas seguintes. Ou seja, interação social é uma via de 
mão-dupla no processo de construção da sociedade onde pela reciprocidade o ser 
humano se transforma em sujeito social desenvolve a comunicação e contribui 
para o crescimento da sociedade. 
 Para Vygotsky (Lakony, 2003 p.38) a interação social desempenha um 
papel importante no desenvolvimento do indivíduo o homem é um ser social e só 
existe na sua plenitude devido sua habilidade/necessidade de estabelecer em um 
grupo social e construir junto esse grupo um conjunto de símbolos e práticas que 
os caracterizam como grupo. 
 Isso confirma a grande importância da Socialização no desenvolvimento da 
criança, que aprende com o contexto do ambiente em que vive, seja na família, na 
escola ou com os amigos. Visto que cada ambiente demanda de novos 
conhecimento e aprendizados para a adaptação e completa inserção. Promove a 
construção da identidade e o sentimento de pertencimento ao mundo, 
contribuindo na formação do indivíduo social e na construção a própria sociedade. 
 
 
8 
 Entretanto para uma criança autista, é extremamente difícil entender os 
pensamentos e sentimentos de outras pessoas, mesmo as mais próximas a ela - 
mãe, pai, irmãos, irmãs, avós. Ela pode entender frases como "venha aqui" 
quando acompanhado por um gesto característico e responder adequadamente. 
Mas não conseguirá distinguir pelo tom de voz se o emissor está alegre, calmo ou 
bravo. As expressões faciais, gestos, postura, entonação e expressão facial 
permanecem incertas para ela. Gerando assim barreiras na comunicação, visto 
que não consegue compreender e as vezes nem se fazer compreendido perante a 
uma situação como um todo. 
 
2.3 Jogos Eletrônicos 
 
 Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas 
maneiras hoje em dia para jogar um jogo. O jogo é uma manifestação otimista, 
alegre e plena da energia vital, uma faculdade humana permeada de significados 
e que, além do desenvolvimento de habilidades, contribui também na 
aprendizagem, o prazer, a inserção na cultura, a solução de problemas e a 
socialização. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do modelo à fantasia, da 
liberdade à regra, da imitação à criatividade. 
 Na antiguidade greco-romana, como relata Tomás de Aquino, o ato de jogar 
era visto apenas como um relaxamento, após as atividades físicas, intelectuais e 
escolares. Na idade média, o jogo passou a ser ligado ao azar e visto como uma 
atividade sem importância. Durante o Renascimento, o jogo ganhou destaque e 
passou a ser usado para difundir os princípios de moral, ética e os conhecimentos 
de Geografia, História e demais campos de estudo. 
 O uso de jogos para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o 
desenvolvimento infantil e no processo ensino aprendizagem. Tal como o brincar, 
o jogo tem um papel especial na aprendizagem humana, contribuindo para a 
autonomia, a criatividade, e a interação social indivíduo. Segundo Piaget(2013) a 
partir do brincar a criança, nos primeiros ano de vida, desenvolve habilidades 
cognitivas, visuais, auditivas, tátil e motora 
 Alem do entretenimento os jogos podem ser uma forma do individuo se 
desenvolver, promover a socialização e se descobrir como sujeito ativo no 
processo de amadurecimento. 
 
 
9 
 Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para 
que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global permeando todas as 
faixas etárias e vários países. Eles fazem parte do cotidiano; seja como 
passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem contribuir para a 
socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, seja de forma 
presencial ou on-line. Com base em algunsestudos observa-se que os jogos 
eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social de 
crianças com TEA. 
 As maneiras mais famosas de jogar jogos eletrônicos são via PC e os 
consoles de jogos (por exemplo, Playstation ou Xbox). Devido a novos 
desenvolvimentos, também existem muitos outras possibilidades de reprodução, 
como no telefone celular e no consoles portáteis. Hoje em dia os estão ao alcance 
de todos. Existem jogos diferentes para diferentes públicos, desde crianças 
pequenas, adultos e toda a família. 
 
2.4 Jogos eletrônicos e autismo 
 
 Guiado pelas potencialidades dos jogos eletrônicos na melhoria da 
interação social e na promoção da socialização de indivíduos autistas, vários 
concordam com utilização deste recurso, tal como Ana Lúcia Hennemann, 
especialista em alfabetização e neuropsicopedagoga: "Através dos jogos, crianças 
do espectro autista podem ter um subsídio diferencial para a interação com os 
demais”. Ana ainda completa: “imagine a cena de uma criança autista jogando 
num ambiente onde há outras crianças. Provavelmente elas acompanharão o 
jogo, poderão dar dicas de como melhorar o seu desempenho, parabenizar 
quando a criança avança de fase (…) no caso de adolescentes ou adultos com 
TEA, os recursos tecnológicos são formas eficazes de ampliar a interação social”. 
 Existem exemplos concretos de resultados alcançados tais como o caso de 
Keith Stuart, editor de tecnologia do The Guardian conta a história do próprio filho 
no livro “O Menino Feito de Blocos”. No livro ele relata como conseguiu através do 
jogo Minecraft se conectar, se comunicar e compreender seu filho autista, e como 
o mesmo através de comportamentos e rotinas dentro do jogo conseguiu 
compreender o mundo real que o cerca. “Quando eu vi ele jogando, foi como ligar 
um botão. Ele simplesmente entendeu. Ele entendeu que ele tinha que buscar 
 
 
10
materiais e cortar árvores para fazer uma casa. Ele sabia que quando a noite caía 
ele precisava ficar em casa para evitar zumbis. Minecraft deu uma estrutura 
criativa que o libertou“, afirma Stuart. E complementa: "Eu não tinha pensado 
nisso antes, em como o autismo é uma versão amplificada e muito centrada de 
como todos nos sentimos, das ansiedades que todos temos. A diferença é que o 
restante de nós esconde tudo sob camadas de negação e de condicionamento 
social" (Stuart, 2016 p. 173) 
 Outro exemplo é o de John Yan, dono do Portal Gaming Nexus que relata 
em seu site a experiência inesperada e marcante da reação de seu filho de 4 
anos, diagnosticado com autismo, com o uso do Kinect(acessório do vídeo game 
Xbox360 produzido pela Microsoft, onde a interação nos jogos é feita a partir do 
movimento captados do corpo do jogador, sem a necessidade de ter um joystick 
nas mãos). 
 
“Ele pulava por todos os lados e balançava seus braços e pernas tentando 
socar as bolas de volta nos blocos. Era muito legal de ver, mas o que 
realmente me deixou impressionado foi quando o jogo acabou. Meu filho 
pôde navegar pelos menus sem o menor problema.” 
“Eu dizia ‘segure sua mão e coloque no botão’. Sem hesitação, elevantou 
sua mão e moveu em cima do botão na tela, e segurou até a animação 
circular terminar, indicando que o botão foi pressionado.” 
“Depois desse ensinamento inicial, ele continuou explorando todos os 
menus sem praticamente qualquer direcionamento meu. Eu simplesmente 
fiquei parado e impressionado com o que eu acabei de ver. (...).” 
“Pela primeira vez, eu pude jogar algo com meu filho e não passar tempo 
algum com ele ficando frustrado por não conseguir fazer nada, ou ter um 
personagem travado numa tela. Ele se divertiu com todos os jogos e de 
fato se deu bem em todos eles. A alegria nos seus olhos enquanto ele era 
capaz de completar as tarefas e se mover pelos menus é algo que eu 
nunca vou esquecer.” 
 
 O apoio de vários profissionais e os relatos de resultados, motivaram 
algumas escolas e universidades a desenvolverem pesquisas e terapias com o 
uso de jogos eletrônicos como complemento pedagógico na inclusão social de 
autistas. 
 O Lakeside Center for Autism em Issaquah Whashington e a Escola Steuart 
W. Weller d'Ashburn, de Seatle, ambos nos EUA, fazem o uso do kinetc para 
promover noção corporal e a interação social de autistas. Tendo como resultado 
cooperação, desenvolvimento da linguagem, comunicação, comemoração de 
conquistas coletivas e o cumprimento tocando as mãos. Interações estas que não 
 
 
11
costumam a acontecer com indivíduos dentro do espectro. O recurso motiva o 
envolvimento dos participantes envolvidos, e promove a iniciativa dos mesmos. 
 No Brasil um projeto de extensão da Unesp na cidade de Presidente 
Prudente, interior do estado de São Paulo, também utiliza o kinect na busca pela 
melhoria da inclusão social de autistas. O trabalho é precedido por um diagnostico 
inicial do comportamento do paciente, e partir dos resultados obtidos as crianças 
são submetidas aos jogos de acordo com o estímulo proporcionado. Segundo relato 
de alguns pais, as atividades melhoram a concentração, a verbalização além do 
interesse pela atividade. 
 Também existem aplicativos utilizados em tablets e celulares que foram 
pensados e criados com o intuito de promover a inclusão social de autistas, como é 
o caso do Jade Autism GONDIM (2019), um aplicativo que coleta os dados da 
criança enquanto ela interage com o game, e estimula o jogador a realizar 
associações com imagens do seu cotidiano, que geram resultados de apoio aos 
terapeutas do autista. 
 
 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Os grandes avanços da tecnologia e dos meios de comunicação contribuíram 
para a disseminação dos jogos eletrônicos na cultural mundial, criando novas 
possibilidades de entretenimento e de relações sociais. O mundo virtual criando 
pelos jogos eletrônicos estabelece correlações com mundo real. Segundo Castells 
(2001 p.459) "a vida é permeada por símbolos e decodificamos seus significados e 
sentidos. Na virtualidade a expressão simbólica é acompanhada de uma riqueza e 
multiplicidade que constroem o mesmo que uma realidade real." 
Já é parte da cultural o global o uso dos jogos eletrônicos como meio de 
entretenimento, neste cenário o uso de jogos eletrônicos no processo de ensino 
aprendizagem pode promover o aprimoramento de habilidades tais como atenção, 
concentração, raciocínio lógico, resposta rápida a estímulos e motivação para não 
desistir. Desenvolve também o lado afetivo, social e moral. Contribuindo para a 
inclusão social. 
Se para um neurotípico, a virtualidade pode trazer concepções da 
realidade; para um autista esta imersão pode ser bem maior. E através deste 
 
 
12
ambiente virtual criado pelos jogos eletrônicos e as trocas simbólicas que 
permeiam este mundo particular é possível criar uma ponte de comunicação entre 
o individuo e o mundo real. E dessa forma promover a socialização e a 
conseqüente inclusão social. 
Tal como aconteceu com Keith Stuart, o autor do livro “O Menino Feito de 
Blocos” onde se valeu do mundo virtual para entender e acessar os sentimentos 
de seu filho e através de correlações pode compreender como seu filho "enxerga" 
o mundo real. 
 Segundo Gardner(LAKONY, 2003 p.64), cada criança deve ser conhecida 
em particular, de modo a ser estimulada a desenvolver os diversos tipos de 
inteligência, aproveitando aquelas que se encontram mais desenvolvidas, 
inclusive para compensar áreas cognitivas de menor capacidade. E como cada 
autista é um ser único, a adoção de diferentes metodologias, tanto pode, como 
deve ser levadas em consideração na busca da inclusão social dos atípicos. 
 Atualmente existe uma variedade de jogos para o desenvolvimento de 
diversos tipos de habilidades, tais como atenção, coordenação motora, raciocínio 
lógico, alfabetização, jogos que estimulam os participantes a interagirem entre sim. 
Cada jogo aborda uma habilidade especifica Entretantoa seleção de jogos deve 
ser guiada por uma pré analise comportamental que norteará, a construção de um 
programa terapêutico, afim relacionar o emprego de um jogo especifico na busca 
da melhoria de uma ou mais habilidades sociais. 
 Dessa forma uso de jogos eletrônicos não é a solução para promover a 
interação e a conseqüente inclusão social de autistas. Mas sim um importante 
recurso tecnológico que através do trabalho em conjunto entre pais e terapeutas, 
pode se obter um interessante resultado na vida daqueles que enxergam o 
"mundo real" por um prisma diferente. 
 
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13
 
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tradução Maria Cristina Torquilho Cavalcanti. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Record, 2015. Recurso 
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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL: 
AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA 
INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 
 
 
 
 
 
 
 
15
 
 
 
 
 
2020 
 
WILLIAN JOEL MONTEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA 
INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 
 
 
 
Trabalho de conclusão de Curso apresentado à 
Faculdade de Tecnologia ALFA de Umuarama, 
como requisito parcial para obtenção de título 
de Especialista em EDUCAÇÃO ESPECIAL: 
AUTISMO COM ÊNFASE EM LIBRAS, sob a 
orientação da Prof. Dra Andreia Aparecida 
Ferreira da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
 
 
2 
O USO DE JOGOS ELETRÔNICOS COMO COMPLEMENTO PEDAGÓGICO NA 
INCLUSÃO SOCIAL DE AUTISTAS 
 
RESUMO: O autismo (Transtorno do Espectro Autista - TEA) é uma condição 
caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do comportamento 
humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento do cérebro. 
Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os principais 
sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de uma 
maneira completamente diferente das pessoas fora espectro. Preferem passar o 
tempo sozinhos e estão mais interessados nos objetos ao seu redor do que nas 
pessoas. Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram 
para que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Também podem 
contribuir para a socialização visto que favorece a aproximação e a interação 
social. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos eletrônicos, podem 
ser um complemento pedagógico na interação social e conseqüente inclusão 
social de crianças com TEA. 
 
Palavras-Chave: Autismo, Games, Educação, Socialização. 
 
 
ABSTRACT: ABSTRACT: Autism (Autistic Spectrum Disorder - ASD) is a 
condition characterized by disorders of social development and human behavior, 
possibly due to changes in brain development. Every year about 800,000 children 
around the world are born with ASD. The main symptoms are disruptions in social 
skills. They perceive the world in a completely different way than people outside 
the spectrum. They prefer to spend time alone and are more interested in the 
objects around them than in people. Technological and media advances have 
contributed to making electronic games part of the global culture. They can also 
contribute to socialization since they favor social interaction. Based on some 
studies, it is observed that electronic games can be a pedagogical complement in 
socialinteraction and consequent social inclusion of children with ASD. 
 
 
KEYWORDS: Autism, Games, Education, Socialization. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Acadêmico do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase em Libras 
 2 Professora Orientadora do Curso de Especialização em Educação Especial: Autismo com ênfase 
 em Libras 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
 
3 
 O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista - TEA 
é uma condição caracterizada por distúrbios do desenvolvimento social e do 
comportamento humano, possivelmente devido a alterações no desenvolvimento 
do cérebro. As causas dessa condição não foram totalmente elucidadas, mas 
fatores genéticos, trauma no nascimento, certas condições e certos 
medicamentos durante a gravidez são considerados relevantes. 
 Todo ano cerca de 800 mil crianças pelo mundo nascem com TEA. Os 
principais sintomas são rupturas nas habilidades sociais. Percebem o mundo de 
uma maneira completamente diferente dos neurotípicos, pessoas fora espectro. 
Suas percepções são aguçadas, sons e ruídos quase imperceptíveis para os 
indivíduos fora do espectro, podem irritá-los e assustá-los, cheiros que não 
sentimos podem ser extremamente intrusivos para eles, e objetos que fazem parte 
de nossas vidas diárias podem causar medo. Preferem passar o tempo sozinhos e 
estão mais interessados nos objetos ao seu redor do que nas pessoas. 
Costumam passar horas estudando um assunto de maneira concentrada. Esses 
fatores corroboram para dificuldade de comunicação e interação social. 
Dificuldade está que pode ser superada aos poucos, através de terapias, dia após 
dia. 
 Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas 
maneiras hoje em dia para jogar um jogo. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do 
modelo à fantasia, da liberdade à regra, da imitação à criatividade. O uso de jogos 
para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o desenvolvimento 
infantil e no processo ensino aprendizagem. Além do entretenimento os jogos 
podem ser uma forma do individuo se desenvolver, promover a socialização e se 
descobrir como sujeito ativo no processo de amadurecimento. 
 Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para 
que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global. Eles fazem parte do 
cotidiano; seja como passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem 
contribuir para a socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, 
seja de forma presencial ou on-line. Com base em alguns estudos observa-se que 
os jogos eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social 
de crianças com TEA. 
 Dessa forma, buscamos promover outra possibilidade de auxiliar a 
interação social de crianças portadoras de TEA, este trabalho tem como foco a 
 
 
4 
análise de pesquisas e relatos acerca dos resultados do uso de jogos eletrônicos 
na promoção da interação social de indivíduos dentro do espectro autista. 
 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 
2.1 Autismo 
 
 O autismo (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento complexo e 
biologicamente condicionado, que se manifesta durante a primeira infância e afeta 
as percepções da criança sobre o mundo e como ele interage com o ambiente. É 
uma disfunção comportamental de origem neurológica. 
 Após o nascimento e nos primeiros meses de vida, uma criança com 
autismo parece perfeitamente normal. Os sintomas podem se manifestar durante 
o primeiro ano, mas os pais nem sempre percebem que algo está errado antes do 
segundo ou terceiro ano da criança. Os traços do espectro geram 
comprometimento na comunicação e interação social, bem como nos 
comportamentos que podem incluir os interesses e os padrões de atividades, 
manifestações presentes desde a infância que impõem barreiras e prejudicam o 
cotidiano do indivíduo. Os principais sintomas que caracterizam o autismo são: 
interesse social reduzido ou inexistente; falta de iniciativa para entrar em contato 
com outras pessoas; dificuldade em entender emoções e reações; preferência por 
ficar sozinho; comportamento estereotipado, ritual, agressivo ou autolesivo; 
hábitos alimentares estranhos; aumento da ansiedade; vários distúrbios da fala; 
incompreensão de conceitos abstratos. O TEA é um transtorno do espectro, o que 
significa que há uma grande variação na maneira como afeta as pessoas.Toda 
pessoa autista tem problemas em vários graus com habilidades sociais, 
comunicação e comportamento. Não há duas pessoas com as mesmas 
características e grau de incapacidade. Toda pessoa autista é única, ou seja não 
existe dois indivíduos atípicos completamente iguais. E como todas as pessoas, 
eles têm pontos fortes e fracos. 
 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de 
pessoas no mundo estejam no espectro do autismo (TEA). 
 
 
 
5 
“Segundo dados do CDC (Center of Diseases Controland Prevention), 
órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de 
autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com 
seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas.” 
(OLIVEIRA, 2014) 
 
 E dentre estes 2 milhões de casos de TEA no Brasil, estima-se que metade 
dos casos ainda foi não diagnosticado. O termo "autismo" tem origem grega 
"autos", que significa “voltar-se para sí mesmo" 
 
“… Imagine chegar em um país onde você não entende a língua e não 
conhece os costumes – e ninguém entende o que você quer ou precisa. 
Você, na tentativa de se organizar e entender esse ambiente, 
provavelmente apresentará comportamentos que os nativos acharão 
estranhos…” (citação retirada do Manual de Treinamento ABA – Help us 
learn – Ajude-nos a aprender.) 
 
 Através do trecho acima podemos visualizar como um individuo com TEA 
analisa a sociedade e a sim mesmo e o motivo de alguns criar uma realidade 
paralela, um mundo próprio. O TEA é composto por três categorias separadas 
pelo nível de comprometimento. No nível um (leve), o indivíduo exige apoio; 
também são chamados intelectuais de alto funcionamento, com discurso bem 
desenvolvido, mas pouca habilidade social. Esta condição é conhecida como 
Síndrome de Asperger. No nível dois (moderado), exige apoio substancial; e no 
nível três(severo) exige muito apoio substancial (APA, 2014), os autistas severos 
apresentam sérias dificuldades, não falam, falam ou compreendem meios de 
comunicação não verbais, e há um retardo mental significativo. 
 Para Temple Grandin (1947, p. 717) o espectro do autismo, inclui 
funcionários brilhantes do Vale do Silício e pessoas que precisam ser cuidadas e 
monitoradas por toda a vida. 
 Não existe tratamento estipulado para o autismo, pois cada paciente tem 
uma particularidade única. O tratamento precoce oferece maiores chances de 
progresso e adaptação para pessoas com autismo. Indivíduos autistas precisam 
de diferentes formas de apoio ao longo de suas vidas. 
 
2.2 Socialização e Interação social 
 
 
 
6 
 A História da humanidade está ligada ao viver em sociedade. Por natureza, 
nós humanos somos seres sociais. Desde o nascimento, temos a capacidade de 
sorrir, chorar, analisar. O cérebro das crianças é muito plástico, ou seja grande 
capacidade para mudar se adaptar, e está pronto para aprender muitas 
habilidades. Segundo Aristóteles o homem é por natureza um animal social ou 
seja viver em sociedade é uma exigência da natureza humana, o homem 
necessita de seus pares para sobreviver, perpetuar a espécie e se realizar 
plenamente com pessoa. A vida em sociedade se desenvolve pelo processo de 
socialização por ela o homem se integra ao grupo social em que nasceu 
aprendendo o conjunto de hábitos, regras e costumes característicos do qual faz 
parte. 
 Socialização é o processo pelo qual novos membros de uma sociedade ou 
grupo dominam as habilidades socioculturais. A família é o primeiro espaço de 
socialização, e é nesse lugar que asprimeiras regras são apresentadas ao 
indivíduo. Entretanto, ao longo da vida, o mesmo se deparará com inúmeras 
diferentes organizações sociais, mudando assim os conteúdos e formas de 
socialização. 
 As pessoas são criaturas sociais, que apoiam uns aos outros para 
sobreviver. Os seres humanos estão se socializando o dia todo. Fazemos isso na 
escola, no trabalho, no treinamento de futebol, nas compras, nos momentos de 
lazer e nas redes sociais. Todos os indivíduos se ajustam, de maneira consciente 
ou inconscientemente, às normas e valores dos diferentes grupos e culturas que 
formam uma sociedade. Nós nos socializamos com outras pessoas durante toda a 
nossa vida e tentamos pertencer à sociedade. Nossas relações sociais nos 
protegem do estresse e nos levam a uma melhor saúde física e mental. A 
socialização é o processo que nos permite aprender e internalizar as normas da 
nossa sociedade, adquirir a capacidade de nos desenvolvermos socialmente e 
também criar uma identidade através da interação com os outros. Dessa forma, a 
socialização é a chave para um bom desenvolvimento . O alto ritmo de vida atual 
na sociedade ocidental moderna significa que as pessoas precisam se socializar 
em diferentes sistemas sociais nos quais desempenham os mais variados papéis. 
 Elas não se comunicam apenas por palavras, mas também por seu 
comportamento. Esse comportamento pode dar às palavras um significado 
completamente diferente. O comportamento determina que sentimento você 
 
 
7 
obtém com as palavras. Duas pessoas podem ver um copo e terem opiniões 
divergentes, para uma o copo está meio cheio, para a outra meio vazio. Para 
entender um ao outro corretamente, é preciso construir uma ponte entre a visão 
de mundo de si mesmo e a do outro. É preciso ser capaz de imaginar os 
pensamentos da outra pessoa para poder conectar sua comunicação com ela. É 
preciso imergir no que o outro quer dizer com suas palavras e linguagem corporal. 
 E para desempenhar estes papéis e aprimorar o processo de socialização 
as pessoas se valem das habilidades sociais. Habilidades estas que buscam 
promover, a comunicação; saber se expressar, compreender, reagir, sentir, o 
estabelecimento de laços, relações sociais e conseqüentemente gerando a 
interação social. 
 Para Hare (1976, p. 60) interação significa “todas as palavras, símbolos e 
gestos com que as pessoas reagem umas as outras”. De maneira prática a 
socialização se desenvolver através da interação social, que é o processo gera 
uma mudança no comportamento das pessoas envolvidas, através do contato e 
da comunicação que se estabelece entre eles. Por exemplo: durante uma aula o 
professor estabelece comunicação com os alunos, ele ensina e os alunos 
aprendem; os alunos participam relatando dúvidas, exemplos e complementam a 
explanação e com isso o professor aprende, pois irá atualizar a metodologia 
ensino aprendizagem nas aulas seguintes. Ou seja, interação social é uma via de 
mão-dupla no processo de construção da sociedade onde pela reciprocidade o ser 
humano se transforma em sujeito social desenvolve a comunicação e contribui 
para o crescimento da sociedade. 
 Para Vygotsky (Lakony, 2003 p.38) a interação social desempenha um 
papel importante no desenvolvimento do indivíduo o homem é um ser social e só 
existe na sua plenitude devido sua habilidade/necessidade de estabelecer em um 
grupo social e construir junto esse grupo um conjunto de símbolos e práticas que 
os caracterizam como grupo. 
 Isso confirma a grande importância da Socialização no desenvolvimento da 
criança, que aprende com o contexto do ambiente em que vive, seja na família, na 
escola ou com os amigos. Visto que cada ambiente demanda de novos 
conhecimento e aprendizados para a adaptação e completa inserção. Promove a 
construção da identidade e o sentimento de pertencimento ao mundo, 
contribuindo na formação do indivíduo social e na construção a própria sociedade. 
 
 
8 
 Entretanto para uma criança autista, é extremamente difícil entender os 
pensamentos e sentimentos de outras pessoas, mesmo as mais próximas a ela - 
mãe, pai, irmãos, irmãs, avós. Ela pode entender frases como "venha aqui" 
quando acompanhado por um gesto característico e responder adequadamente. 
Mas não conseguirá distinguir pelo tom de voz se o emissor está alegre, calmo ou 
bravo. As expressões faciais, gestos, postura, entonação e expressão facial 
permanecem incertas para ela. Gerando assim barreiras na comunicação, visto 
que não consegue compreender e as vezes nem se fazer compreendido perante a 
uma situação como um todo. 
 
2.3 Jogos Eletrônicos 
 
 Jogar é um passatempo popular. Isso ocorre porque existem muitas 
maneiras hoje em dia para jogar um jogo. O jogo é uma manifestação otimista, 
alegre e plena da energia vital, uma faculdade humana permeada de significados 
e que, além do desenvolvimento de habilidades, contribui também na 
aprendizagem, o prazer, a inserção na cultura, a solução de problemas e a 
socialização. Jogar permite ir da alegria à tristeza, do modelo à fantasia, da 
liberdade à regra, da imitação à criatividade. 
 Na antiguidade greco-romana, como relata Tomás de Aquino, o ato de jogar 
era visto apenas como um relaxamento, após as atividades físicas, intelectuais e 
escolares. Na idade média, o jogo passou a ser ligado ao azar e visto como uma 
atividade sem importância. Durante o Renascimento, o jogo ganhou destaque e 
passou a ser usado para difundir os princípios de moral, ética e os conhecimentos 
de Geografia, História e demais campos de estudo. 
 O uso de jogos para fins pedagógicos, é um importante instrumento para o 
desenvolvimento infantil e no processo ensino aprendizagem. Tal como o brincar, 
o jogo tem um papel especial na aprendizagem humana, contribuindo para a 
autonomia, a criatividade, e a interação social indivíduo. Segundo Piaget(2013) a 
partir do brincar a criança, nos primeiros ano de vida, desenvolve habilidades 
cognitivas, visuais, auditivas, tátil e motora 
 Alem do entretenimento os jogos podem ser uma forma do individuo se 
desenvolver, promover a socialização e se descobrir como sujeito ativo no 
processo de amadurecimento. 
 
 
9 
 Os avanços tecnológicos e dos meios de comunicação contribuíram para 
que os jogos eletrônicos fizessem parte da cultura global permeando todas as 
faixas etárias e vários países. Eles fazem parte do cotidiano; seja como 
passatempo, raciocínio ou entretenimento. Também podem contribuir para a 
socialização, visto é mais "prazeroso" jogar com outras pessoas, seja de forma 
presencial ou on-line. Com base em alguns estudos observa-se que os jogos 
eletrônicos, podem ser um complemento pedagógico na interação social de 
crianças com TEA. 
 As maneiras mais famosas de jogar jogos eletrônicos são via PC e os 
consoles de jogos (por exemplo, Playstation ou Xbox). Devido a novos 
desenvolvimentos, também existem muitos outras possibilidades de reprodução, 
como no telefone celular e no consoles portáteis. Hoje em dia os estão ao alcance 
de todos. Existem jogos diferentes para diferentes públicos, desde crianças 
pequenas, adultos e toda a família. 
 
2.4 Jogos eletrônicos e autismo 
 
 Guiado pelas potencialidades dos jogos eletrônicos na melhoria da 
interação social e na promoção da socialização de indivíduos autistas, vários 
concordam com utilização deste recurso, tal como Ana Lúcia Hennemann, 
especialista em alfabetização e neuropsicopedagoga: "Através dos jogos, crianças 
do espectro autista podem ter um subsídio diferencial para a interação com os 
demais”. Ana ainda completa: “imagine a cena de uma criança autista jogando 
num ambiente onde há outras crianças. Provavelmente elas acompanharão o 
jogo, poderão dar dicas de como melhorar o seu desempenho, parabenizar 
quando a criança avança de fase (…) no caso de adolescentes ou adultos com 
TEA, os recursos tecnológicos são formas eficazes

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