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Artigo - O lúdico na Aprendizagem do Autista

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2
O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DO AUTISTA
Nome do Autor[footnoteRef:1]* [1: * Currículo do autor - Endereço eletrônico do autor] 
RESUMO
Práticas e políticas inclusivas tem sido cada vez mais noticiada e divulgada, entretanto, apesar deste ser um assunto amplamente debatido, várias instituições de ensino ainda não se encontram preparadas para receber crianças com deficiências, em especial, com Transtorno de Espectro Autista (TEA). Deve-se destacar que as atividades lúdicas são um instrumento fundamental para o desenvolvimento físico e mental, e bem como, para o tratamento de crianças com autismo. Através dos jogos e brincadeiras há o estímulo da imaginação, da autoestima e da cooperação entre crianças, estabelecendo relações sociais e, possibilitando um tratamento eficaz para crianças com autismo. É a partir deste contexto que o presente artigo busca analisar “O lúdico na aprendizagem do autista”. A metodologia a ser utilizada é uma revisão bibliográfica de caráter qualitativo e, para sua produção, os seguintes itens serão desenvolvidos: No primeiro capítulo será tratado sobre as características e possibilidades de tratamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista, no segundo capítulo, será versado sobre a importância do lúdico no processo de desenvolvimento e aprendizagem de crianças e, até mesmo, adultos. E, no último capítulo, será observado a importância do lúdico na aprendizagem da criança autista.
Palavras-Chave: Autismo. Lúdico. Brincar.
ABSTRACT
Inclusive practices and policies have been increasingly reported and disseminated, however, although this is a widely debated issue, many educational institutions are not yet prepared to receive children with disabilities, especially with Autistic Spectrum Disorder (ASD). It should be noted that playful activities are a fundamental tool for physical and mental development, as well as for the treatment of children with autism. Through games and play there is the stimulation of imagination, self-esteem and cooperation among children, establishing social relationships and enabling an effective treatment for children with autism. It is from this context that the present article seeks to analyze “The playful in learning autism”. The methodology to be used is a qualitative literature review and, for its production, the following items will be developed: In the first chapter will be treated about the characteristics and treatment possibilities of children with Autistic Spectrum Disorder, in the second chapter will be versed about the importance of playfulness in the process of development and learning of children and even adults. And, in the last chapter, the importance of playfulness in the learning of the autistic child will be observed.
Keywords: Autism. Ludic. Play.
1. INTRODUÇÃO
Várias instituições de ensino atualmente ainda não estão preparadas para realizar o processo de inclusão de crianças que possuam algum tipo de deficiência, muito menos para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Diante deste contexto o presente artigo procura refletir sobre o lúdico na aprendizagem do autista.
Esta pesquisa destaca que o brincar é um recurso fundamental para o desenvolvimento mental e físico de todas as crianças, em especial aquelas que possuem alguma deficiência. Por meio de brincadeiras e jogos é possível estimular a imaginação, a autoestima e a cooperação entre as crianças, possibilitando, desta forma, a interação estre as elas e, consequentemente, que relações sociais possam ser estabelecidas com outras crianças.	
Em vista destes anseios, procuramos analisar a eficácia que as atividades lúdicas apresentam na aprendizagem da criança com autismo. Desta forma, procuraremos compreender as concepções, características e formas de tratamento do Transtorno de Espectro Autista. Analisaremos a importância do lúdico, não apenas no tratamento de deficiências e transtornos, mas também no processo saudável de desenvolvimento de qualquer pessoa, e, refletiremos sobre, como as atividades lúdicas possibilitam um tratamento eficaz para pessoas com autismo.
Desta forma, buscamos apontar que uma educação adequada, associada a uma educação lúdica contribui de forma eficaz para o desenvolvimento de crianças autistas. Por meio das atividades lúdicas, o educador pode ensinar e, de forma prazerosa, desenvolver os aspectos físicos, mentais e socioemocionais da criança.
Para a produção deste texto os seguintes itens serão desenvolvidos: Inicialmente, nesta introdução estão sendo apresentados tema, problemática, justificativa, objetivos, metodologia e estrutura do trabalho. No primeiro capítulo, que se refere ao desenvolvimento teórico, procuramos caracterizar o Transtorno do Espectro Autista, mostrando possibilidades de tratamento. No segundo capítulo, refletimos sobre a importância do lúdico para o desenvolvimento humano, e por fim, no último capítulo analisamos a importância do lúdico no processo de aprendizagem da criança autista. Por fim, teremos uma breve conclusão, seguida pelas referências bibliográficas.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. O TRANSTORNO O ESPECTRO AUTISTA: CARACTERÍSTICAS E TRATAMENTOS
2.1.1. Características Do Autismo
Em 1911, o psiquiatra Paul Eugen Bleuler cunhou o termo Autismo como um sintoma da esquizofrenia que estaria dirigida para um retraimento do indivíduo. Entretanto, só em 1943, este transtorno obteve uma descrição, pelo médico Leo Kanner, por meio de seus estudos sobre “um grupo de crianças gravemente lesadas que tinham certas características comuns. A mais notável era a incapacidade de se relacionar com pessoas” (GAUDERER, 1993, p. 09). Desde então, diversos outros estudos foram desenvolvidos com o intuito de procurar mais informações sobre esse distúrbio do desenvolvimento humano.
Segundo Fonseca (2009, p, 16) as crianças com autismo “apresentam atrasos na linguagem ou ausência no desenvolvimento da fala, o que às vezes dificulta a manutenção de um diálogo. Os autistas poderão apresentar ecolalia que é a repetição do que alguém acabou de dizer, incluindo palavras, expressões ou diálogos”. Entretanto, apesar das inúmeras pesquisas e estudos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), ainda não se sabe ao certo as suas causas, sendo quatro vezes mais comum sua ocorrência entre meninos do que meninas.
De acordo com Gauderer (1993, p. 133) através das pesquisas sobre o Espectro Autista foi possível perceber características comuns em três áreas do desenvolvimento desses sujeitos: a comunicação, a sociabilização e a imaginação. Nos desvios de comunicação é possível observar a um desajuste na comunicação, seja verbal, não verbal ou pela ausência de gestos, linguagem corporal e, até mesmo, expressões faciais, além disso, é muito comum nas crianças com TEA, a presença da Ecolalia, que um tipo de distúrbio de linguagem na qual o paciente repete de forma mecânica palavras ou frase ouvidas anteriormente. Os desvios de socialização por vezes são difíceis de identificar, e podem produzir diagnósticos incorretos, visto que a criança com TEA pode manifestar algum tipo de demonstração de afeto, como beijos ou abraços, entretanto fazem isso sem diferenciar a pessoa, sendo, assim, considerados como gestos repetitivos. No que se refere aos desvios de imaginação, crianças com autismo demonstram dificuldades em compreender e acolher mudanças e o ato de brincar ocorrer em uso da criatividade, como por exemplo, permanecer um largo espaço de tempo observando a textura de um único brinquedo.
Para Daguano e Fantacini (2011) as seguintes características apontam para possíveis problemas de desenvolvimento da criança: Ausência de balbucio aos 12 meses; ausência de gestos aos 12 meses, como apontar ou dar tchau com as mãos; ausência de palavras aos 16 meses; ausência da progressão da comunicação de duas palavras aos 24 meses; perda, a qualquer idade, de competência do uso da linguagem ou das interações socias.
Gauderer (1993) nos mostra que por causa da complexidade do Transtorno do Espectro Autista, as variadas características e o desconhecimentodas causas, ainda não foi possível a descoberta de uma curo e seu tratamento costuma ser diversificado observando as particularidades de cada caso.
A melhor abordagem é a flexibilidade e ecletismo, uma adaptação de métodos diversos a fases e problemas diferentes. Os pais e as crianças se beneficiam, acima de tudo, de um plano a longo prazo com uma orientação clara e específica, que também leve em consideração mudanças evolutivas e regressões espontâneas. Estas oscilações devem ser reconhecidas para não serem confundidas com progressos ou falhas de um plano terapêutico. É importante, sobretudo que o plano seja realista (GAUDERER, 1993, p, 44).
2.1.2. Autismo E Possibilidades De Tratamento
Embora não haja cura, o Transtorno do Espectro Autista possui uma diversidade de tratamentos, como os psicoterapêuticos, fisioterápicos, fonoaudiológicos, como também, tratamentos não convencionais, como a equoterapia, a musicoterapia, a Holding Terapy (Terapia do Abraço) e ainda, inúmeros outros tem demonstrado resultados positivos, diminuindo as dificuldades e auxiliando positivamente o desenvolvimento das habilidades.
Diversos casos de sucesso têm sido relatados no qual a educação tem sido um instrumento de extrema importância para o desenvolvimento social e intelectual de crianças com TEA.
Na maioria dos métodos de educação especializados para a criança autista, inicia-se por um processo de avaliação para poder selecionar os objetivos estabelecidos por área de aprendizado. A forma de levar a criança aos objetos propostos varia conforme o método adotado, mas na grande maioria dos métodos a seleção de um sistema de comunicação que seja realmente compreensível para a criança tem tanta importância quanto as estratégias educacionais adotadas (MELLO, 2011, p. 40).
Vale, ainda, salientar que existe um método de ensino com excelentes e significativos resultados no desenvolvimento das crianças com TEA, o método Montessori, que foi proposto pela educadora italiana Maria Montessori e aplicado no Brasil durante a década de 1920, no movimento Escolas Novas, este método visava promover o estímulos as atividades motoras, intelectuais e sensoriais, acompanhadas de um professor qualificado que atua quando necessário para propor melhorias e mudanças.
O professor não é o ser que focaliza a concentração do aprendiz, e sim aquele que examina atentamente o comportamento e o desenvolvimento das crianças, estimulando-as a buscar o saber de forma criativa, prazerosa e lúdica. Ou seja, o mestre apenas conduz o estudante nesta caminhada em direção ao conhecimento, solucionando dúvidas e questionamentos (SANTANA, 2011, p. 32).
Neste sentido, o ambiente escolar possibilita o surgimento de circunstâncias para que estas crianças avancem em seu desenvolvimento, conforme nos mostram Paulon, Freitas e Pinho (2005, p. 32), as doenças mentais “são passíveis de remissão”, assim, a educação acaba “preservando e reforçando os laços sociais e as experiências de aprendizagem desde a primeira infância, é muito mais provável que estas crianças consigam desenvolver sua capacidade intelectual”.
2.2. A IMPORTÂNCIA DO LÛDICO
O brincar é extremamente importante para que qualquer criança venha demonstre bons desempenhos na saúde física e mental. Gauderer (1993, p. 133-134) nos mostra que
Na idade pré-escolar, um jardim de infância ou creche, pelo menos algumas horas por semana, pode ser de grande ajuda para as crianças e seus pais. Nesse estágio, a criança autista pode se integrar com outras crianças deficientes ou com crianças normais contanto que a enfermeira ou professora esteja disposta a lidar com seus comportamentos inapropriados. Pode levar algum tempo até que a criança se acomode ao grupo, mas a experiência será bastante válida e útil para ela, quando tiver que ser transferida de escola.
A Declaração Universal dos Direitos da Criança (ONU, 1959) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), garantem que toda a criança, seja ela deficiente, mental/fisicamente ou não, tem direito à educação gratuita e, quando com acesso, quando necessário, a um ensino especializado. Segundo Rizzo (1996), durante a fase de formação da personalidade da criança é fundamental o processo de educação, esta fase ocorre até os seis ou oito anos, ou seja, é neste período que o ser humano desenvolve seu próprio comportamento, com características particulares.
Os indivíduos deficientes percebem, aprendem, pensam e se adaptam de modo fundamentalmente idêntico ao dos demais. Assim sendo, todos nós percebemos, pensamos, aprendemos e nos adaptamos, tanto pessoal como socialmente, de acordo com os mesmos princípios e padrões gerais, haja ou não qualquer deficiência física, mental ou sócio-emocional. Todavia, alguns fazem isso de maneira eficiente e rápida, enquanto outros o fazem mais lenta e menos eficiente (RAPPAPORT, 1986, p. 05).
Diante disso, o lúdico se mostra como um importante recurso no processo de desenvolvimento da criança com deficiência, em especial, da criança autista. A palavra Lúdico, segundo definição do dicionário Online de Língua Portuguesa (DICIO, 2020), se relaciona com às atividades, brincadeiras e jogos que possibilitam momentos de diversão para as pessoas. Atualmente, existe uma vasta bibliografia que comprova que as práticas lúdicas são muito importantes no desenvolvimento infantil, ajudando na concepção de pensamentos e ideias e, por este motivo, devem estar presentes na educação da criança. Neste contexto, Santos (2008, p. 56) mostra que 
Através das atividades lúdicas a criança assimila valores, adquire comportamentos, desenvolve diversas áreas de conhecimento, exercita-se fisicamente e aprimora habilidades motoras. No convívio com outras crianças aprende a dar e receber ordens, a esperar sua vez de brincar, a emprestar e tomar como empréstimo o seu brinquedo, a compartilhar momentos bons e ruins, a fazer amigos, a ter tolerância e respeito, enfim, a criança desenvolve a sociabilidade.
As atividades lúdicas aplicadas dentro do processo de educação da criança auxiliam o desenvolvimento e aperfeiçoamento das habilidades motoras de forma eficaz e prazerosa, além de contribuir na conquista de novos conhecimentos. Assim, os jogos e brincadeiras realizados no dia a dia da criança possibilitam uma maior leveza na aprendizagem, tornando-a descontraída. Cunha (2007, p. 12) ainda ressalta que é no ato de brincar que a criança possibilita seu autoconhecimento e aprende a considerar as diferenças que existem de pessoa para pessoa.
Os brinquedos são parceiros silenciosos que desafiam a criança possibilitando descobertas e estimulando a auto expressão. É preciso haver tempo para eles, e espaço que assegure o sossego suficiente para que a criança brinque e solte a sua imaginação, inventando, sem medo de desgostar alguém ou de ser punida. Onde possa brincar com seriedade.
De uma forma geral, a ludicidade precisa ser vivenciada na vida de qualquer pessoa, independente da idade. Ela não deve ser tratada como uma mera forma de divertimento ou passa tempo, visto que produz no indivíduo uma maior facilidade em absorver conhecimentos e, bem como, desenvolver a comunicação.
Segundo Almeida (2016, p. 25):
Por meio da brincadeira a criança envolve-se no jogo e sente a necessidade de partilhar com o outro. Ainda que em postura de adversário, a parceria é um estabelecimento de relação. Esta relação expõe as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e põe à prova as aptidões testando limites. Brincando e jogando a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional, tais como atenção, afetividade, o hábito de permanecer concentrado e outras habilidades percentuais psicomotoras. Brincando a criança torna-se operativa.
Como é possível observar, através do brincar a criança apreende as habilidades que possui e desenvolve novas habilidades através da interação com outras crianças. Neste contexto, o brincar deve ser livre e natural, para que a criança consiga conhecer suas emoções e desejos, criara própria realidade. As interações das crianças entre si irão favorecer o surgimento de novas experiências e criar ambientes onde serão reconhecidos erros e acertos e planejados novas formas de agir e de decidir.
É também na atividade lúdica que pode conviver com os diferentes sentimentos que fazem parte de sua realidade interior. Na brincadeira a criança aprende a se conhecer melhor e a aceitar a existência do outro; organizando, assim, suas relações emocionais e estabelecendo relações sociais. (SANTOS, 2000, p. 158)
O brincar e as práticas lúdicas, possibilitarão que a criança estimule sua imaginação, utilizando seus pensamentos e realizando seus desejos dentro desse universo criativo. Através do lúdico, a criança assume os mais diversos papeis e cria os meios para construir conhecimentos. Almeida (2016) afirma que os professores, ao aplicarem a educação lúdica produzem a transformação da realidade na qual seus alunos estão inseridos, por meio do estímulo e interesse que a criança passa a ter no conhecimento. 
Santos (2000, p. 159) mostra como o lúdico revela os mais íntimos anseios da criança:
Com a ajuda do brinquedo, a criança pode desenvolver a imaginação, a confiança, a autoestima e a cooperação. O modo como a criança brinca revela seu mundo interior. O brinquedo contribui assim, para a unificação e a integração da personalidade e permite à criança entrar em contato com outras crianças.
Neste sentido, observamos que a criança sente o desejo de brincar desde muito cedo. Este é um caminho espontâneo através do qual a criança pode emitir suas emoções e entrar contato consigo mesma, explorar o mundo que a cerca e criar relações de troca entre o seu mundo interior e o exterior.
Santos (2000) explica, que diante da relevância do lúdico na vida do ser humano, foram criadas na década de 1960, na Suécia, espaços destinados a realização de atividades lúdicas. No Brasil, estes espaços foram desenvolvidos pela Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABBri), com o objetivo de emprestar brinquedos e orientar a realização de atividade lúdicas entre crianças com deficiência e suas famílias.
A Brinquedoteca busca resgatar a essência do ser humano pela via da emoção. Razão e emoção são as características principais do ser humano, pois é um ser racional e emocional na mesma medida. Porém, estes dois elementos, no decorrer da história, não tiveram a mesma relevância. As descobertas científicas e tecnológicas deram ao homem grande prestígio e, por isso, a racionalidade é que foi proclamada como a especificidade da dimensão humana em detrimento da emotividade (SANTOS, 2000, p. 60).
Sobre as brinquedotecas, Cunha (2007, p. 13) ressalta que “é um espaço onde as crianças (e os adultos) brincam livremente, com todo o estímulo à manifestação de suas potencialidades e necessidades lúdicas”. Atualmente é possível encontrar Brinquedotecas especializadas para áreas determinadas, como hospitalar ou terapêutica. As Brinquedotecas terapêuticas, comumente encontradas em clínicas psicológicas, tem por objetivo atender crianças com alguma deficiência, ou com dificuldades de aprendizagem. Para Cunha (2007, p. 98) “Brinquedotecas são aquelas onde se procura aproveitar as oportunidades oferecidas pelas atividades lúdicas para ajudar as crianças a superar dificuldades específicas”.
Além de possibilitar o brincar em seu interior, as brinquedotecas ofertam a oportunidade de empréstimo de brinquedos para serem levados para casa, beneficiando o desenvolvimento e incentivando que o brincar não termine. Cunha (2007, p. 99) explica que
O empréstimo de brinquedos adequados (de preferência aqueles que a criança escolheu e com os quais já brincou) irá assegurar a continuidade do trabalho em casa. Se o atendimento for individualizado, os pais poderão estar presentes apenas para observar como os terapeutas interagem. O apoio e a orientação aos pais é fundamental nestes casos, pois eles ficam a maior parte do tempo com a criança e irão dar continuidade ao processo de estimulação em casa.
O apoio psicológico torna-se fundamental, pois beneficia, não apenas as interações, como também, a produtividade das crianças deficientes, promovendo, até mesmo melhorias no relacionamento com seus familiares. Cunha (2007, p. 100) destaca que 
Frequentemente, a preocupação com o tratamento da criança faz desaparecer a alegria e a ludicidade no relacionamento. Quando isso acontece, é preciso resgatar os aspectos lúdicos para que a família tenha condições para brincar com a criança portadora de necessidades especiais [sic]. Jogar jogos bem divertidos com os companheiros do grupo de pais pode ser uma maneira de descontrair e aliviar tensões.
2.3. O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DO AUTISTA
Segundo Gibello (1986) a pessoa autista pode vivenciar experiências agradáveis ou desagradáveis ao realizar atividades ligadas ao corpo, em geral, o sujeito entra em uma situação de conflito com o meio no qual se insere. Apesar disto, Saldanha (2014) explica que cada vez mais as pesquisas tem demonstrado os vários benefícios que o brincar produz na infância.
Segundo Ellis (1996), a relação entre educação e ludicidade pode auxiliar a criança com Transtorno de Espectro Autista a interagir com o mundo. Sabe-se que as práticas pedagógicas e educacionais não visam a cura de transtornos e déficits, mas tem a capacidade de ser um ponto de ajuda em prol de melhorias no modo de vida. Diante das dificuldades no processo de ensino-aprendizagem da criança com TEA, devido a falta e atenção e interações, os jogos podem promover a abertura da criança para novas experiências e vivências. A aprendizagem por meio de brincadeiras e jogos possibilita a criança, além de sentir diversas sensações, aprender regras e apresentar conduta social aceitável, evitando o isolamento dos outros. É neste contexto que Luckesi (2000) explica que o agir ludicamente exige do ser humano uma entrega total da mente e do corpo ao mesmo tempo. Assim, o professor pode se utilizar das práticas lúdicas para inserir crianças com TEA ao grupo social. Vale Ressaltar que as atividades lúdicas não devem ter em vista apenas seu uso pedagógico, para que o sentido da brincadeira não venha a se perder.
Diante da resistência que crianças com TEA apresentam ao aprendizado, é importante o uso do brincar para criação de um ambiente que incentive a participação. Saldanha (2014, p. 15) afirma que
Trabalhar pedagogicamente, com crianças autistas e jovens com autismo, é um permanente e um instável desafio. Permanente, porque as situações de aprendizagem requerem uma atenção ininterrupta; instável, porque a imprevisibilidade de cada momento seguinte é a grande única certeza.
Para Saldanha (2014), o caráter simbólico da atividade lúdica possibilita que a criança compense suas insatisfações e frustrações, representando imaginativamente o objeto ou as situações de ausência. Lembremos que a criança com TEA possui extrema dificuldade em produzir o jogo simbólico necessário para o brincar de faz-de-conta. Apesar disso, esta dificuldade não é um obstáculo, o educador pode ensinar o faz-de-conta, através de técnicas de mudança de comportamento e, na medida que a criança interage com outras consegue entrar no mundo de fantasias. Podemos perceber que o educador não deve trabalhar o lúdico de forma improvisada, mas antecipar o que pode acontecer durante a realização da atividade e transmitir isso a criança com TEA, seja por meio de palavras ou gestos.
As atividades lúdicas devem ocorrer de forma natural e flexível, não devem ser forçadas, isto é, precisam envolver a criança para, desta forma, a ludicidade aconteça. O professor, tendo a ludicidade como parceira, conseguirá bastante êxito na aprendizagem e na interação social da criança com Transtorno do Espectro Autista.
3. CONCLUSÃO
De acordo com a legislação brasileira, todas as instituições de ensino devem matricular quaisquer alunos, se organizando para oferecer uma educação de qualidade para todos, inclusive alunos deficientes. Porém, de forma geral, isto não acontece, funcionários,professores e gestores em sua grande maioria estão despreparados no que se refere a atender as necessidades de alunos com alguma deficiência, em especial, alunos com Transtorno do Espectro Autista.
É extremamente relevante que os educadores adquiram conhecimento sobre as especificidades dos alunos autistas, para que suas demandas possam ser atendidas e, consequentemente, haja uma aproximação com a família destas crianças, firmando parcerias que contribuam com a inserção social, interação com outras crianças e desenvolvimento educacional e mental.
As atividades lúdicas mostram sua importância no processo de aprendizagem da criança autista, pois incentiva, estimula e provoca a aprendizagem e o desenvolvimento do indivíduo em qualquer fase da vida. O brincar favorece aos seres humanos um desenvolvimento com confiança em si mesmos e em suas habilidades, promovendo facilidades nas interações sociais, garantindo um entendimento maior na comunicação, dos sentimentos, nos pensamentos e, também, da percepção e aceitação das diferenças existentes.
Esperamos que esse estudo resulte em novas discussões e que sirva de subsídio a todas àquelas pessoas que se sentem desafiadas a contribuir com a inclusão e educação das crianças com autismo.
REFERÊNCIAS
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CUNHA, N. H. S. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. 4 ed. São Paulo: Aquariana, 2007.
DAGUANO, L. Q.; FANTACINI, R. A. F. O lúdico no universo autista. Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 1, n. 2, p. 109-122, jul./dez. 2011.
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ELLIS, K. Autismo. Rio de Janeiro: Reinventer, 1996.
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GAUDERER, E. C. Autismo. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 1993.
GIBELLO, B. A criança com distúrbios de inteligência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.
LUCKESI, C. C. Educação, ludicidade e prevenção das neuroses futuras: uma proposta pedagógica a partir da Biossíntese. In: LUCKESI, C. C. (Org.). Ludopedagogia; ensaios e ludicidade. Salvados: Gepel, 2000.
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