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Neste módulo, refletimos sobre o processo de formação dos Estados modernos na Europa ocidental, os grupos envolvidos e seus interesses. Apesar das mudanças estruturais, a maioria da população continuou excluída das decisões importantes e até mesmo permaneceu impossibilitada de ter uma pequena melhora de vida ou mobilidade social. Assim, observamos como a nobreza e a Igreja se reorganizaram nesse novo contexto, mantendo seus privilégios e sua influência política. Vimos também como a burguesia ascendeu economica- mente – o que, nesse momento, ainda não significava uma ascensão política. Em oposição ao tipo de organização política da Baixa Idade Média, na Idade Moderna o poder era centralizado nas mãos do rei, que conduzia uma forte intervenção estatal na economia. No entanto, a organização da sociedade se manteve hierarquizada e com baixa mobilidade. Por fim, analisamos as justificativas da existência desse poder centralizado, uma vez que so- mente a força repressiva não seria capaz de sustentar o absolutismo monárquico. A partir daí, analisamos as ideias relacionadas à necessidade dessa centralização. PARA CONCLUIR Como vimos ao longo deste módulo, o absolutismo monárquico foi uma característica marcante dos Estados modernos. Considerando a ideia de uma autoridade soberana que representa Deus na Terra, o rei, de acordo com o pensamento da época, estaria acima de qualquer contestação. Com base nessas ideias, reflita sobre o tema considerando os seguintes pontos: ● A ideia de uma autoridade que concentra todo o poder é interessante para o bem-estar da sociedade? ● A possibilidade de concentrar poderes em um só posto pode gerar abusos? ● Esse modelo é condizente com o mundo em que vivemos hoje? 1 Cite um fator que contribuiu para a desagregação do mundo feudal. No século XIV a Europa ocidental estava assolada por uma crise generalizada, marcada pela fome, pela disseminação da peste bubônica e pelas guerras entre a nobreza. Assim, a figura do rei se fortaleceu como uma alternativa para a garantia da estabilidade em meio ao caos. 2 Por que a centralização do poder interessava à burguesia? A centralização do poder e a unificação do território, dos tributos e da moeda criavam condições para o crescimento dos negócios da burguesia. Além disso, havia a possibilidade de expansão marítima e comercial. 3 Cite duas práticas econômicas associadas ao mercanti- lismo. Os alunos podem citar duas práticas entre estas: intervenção estatal na economia, busca por uma balança comercial favorável, protecionismo alfandegário, colonialismo, etc. PRATICANDO O APRENDIZADO 257 H IS T Ó R IA M Ó D U LO 3 PH_EF2_7ANO_HIS_CAD1_250a259_MOD03_CA.indd 257 9/16/19 10:50 AM Texto 1 Assim, dentro de um estado em que se mostra a igual- dade de capacidades, de esperanças, de direitos, na qual a li- berdade dos indivíduos não encontra nenhum obstáculo, po- dendo os homens utilizá-la da maneira que mais lhe convier para preservação de suas vidas, dentro da busca desenfreada pelo lucro, segurança e reputação, se encontra uma constante disposição para a disputa, luta de todos contra todos. Essa condição Hobbes cognomina de condição de guerra. LOPES, Jecson. Thomas Hobbes: a necessidade da criação do estado. Griot. Revista de Filosofia, v. 6, n. 2, dez. 2012. Disponível em: <www.ufrb.edu.br/griot>. Acesso em: 17 jul. 2019. Texto 2 O fim último, causa final e desígnio dos homens (que amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre os outros), ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua própria conser- vação e com uma vida mais satisfeita. Quer dizer, o desejo de sair daquela mísera condição de guerra que é a consequência necessária (conforme se mostrou) das paixões naturais dos homens, quando não há um poder visível capaz de os man- ter em respeito, forçando-os, por medo do castigo, ao cumpri- mento de seus pactos e ao respeito àquelas leis de natureza. HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Coleção Os Pensadores). 1 Com base nos textos e nas ideias de Hobbes, o que caracteriza o Estado antes da centralização do poder? Trata-se da “condição de guerra” indicada por Hobbes, pensada a partir de um Estado no qual “a liberdade dos indivíduos não encontra nenhum obstáculo”, levando a uma constante disposição para a disputa entre eles, a “luta de todos contra todos”. Assim, a barbárie existiria enquanto não houvesse um poder maior capaz de punir os desvios, considerando o ser humano mau e sempre pronto a fazer valer a sua vontade sobre a dos outros. 2 Leia o trecho a seguir e responda à questão. Com o objetivo de aumentar o poder do Estado diante dos outros Estados, [o Mercantilismo] encorajava a exportação de mercadorias, ao mesmo tempo em que proibia exportações de ouro e prata e de moeda [o Metalismo], na crença de que existia uma quantidade fixa de comércio e riqueza no Mundo. ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado absolutista. São Paulo: Brasiliense, 1998. p. 35. APLICANDO O CONHECIMENTO Por que encorajar a exportação de mercadorias e proi- bir exportações de ouro e prata aumentaria o poder do Estado? Era uma maneira de garantir a manutenção das riquezas dentro do Estado. Considerando haver “uma quantidade fixa de riqueza no mundo”, a acumulação de riquezas garantiria a superioridade de um Estado sobre os demais. 3 Leia o trecho a seguir e responda à pergunta. A base moderna das ideias mercantilistas consiste na atuação de dois novos fatores: os Estados modernos nacio- nais, ou seja, as monarquias absolutas, e os efeitos de toda or- dem provocados pelas grandes navegações e descobrimen- tos sobre a vida das sociedades europeias. O primeiro fator produz a recuperação das práticas intervencionistas […]. Já o segundo fator, cuja referência central é o afluxo vertiginoso dos metais preciosos obtidos pelos portugueses na África e, muito mais ainda, o “tesouro americano” que os castelhanos obtêm através do saque e da exploração das minas […]. FALCON, Francisco. Mercantilismo e transição. São Paulo: Brasiliense, 1996. p. 52-53. De que maneira o mercantilismo se relaciona com a expansão marítima e comercial? A expansão marítima e comercial é parte da lógica mercantilista, visto que poderia ampliar bastante a acumulação de riquezas nos Estados europeus a partir do colonialismo, como nos casos citados no texto. 4 Analise a imagem consi- derando a forma de po- der que Luís XIV e outros reis absolutistas exerce- ram, sua aparência pú- blica e as características da Idade Moderna. A imagem de Luís XIV – assim como a dos reis absolutistas em geral – deveria refletir e consolidar seu poder: parecer poderoso, forte e firme. Os longos cabelos e as roupas luxuosas são partes fundamentais dessa construção. R e p ro d u ç ã o /M u s e u N a c io n a l d o P a lá c io d e V e rs a lh e s e T ri a n o n , V e rs a lh e s , F ra n ç a . Retrato de Luís XIV, rei da França. Óleo sobre tela de Nicolas-René Jollain le Vieux, século XVII. 258 H IS T Ó R IA M Ó D U LO 3 PH_EF2_7ANO_HIS_CAD1_250a259_MOD03_CA.indd 258 9/16/19 10:50 AM 1 Leia o trecho e responda ao que se pede. […] Além de afirmarem que a moeda é uma merca- doria, os autores mercantilistas identificam no metal pre- cioso ao mesmo tempo um meio de se obter [e acumular] a riqueza e um signo dessa mesma riqueza. FALCON, Francisco. Mercantilismo e transição. São Paulo: Brasiliense, 1996. p. 55. Segundo o trecho, pode-se depreender que o mercan- tilismo estimulava a a) circulação de mercadorias e o livre-comércio. b) intensificação da atividade econômica capitalista. c) aproximação econômica das novas monarquias europeias. d) acumulação de riquezas, símbolo de poder e pros- peridade. 2 Leia a declaração de Luís XIVe responda à pergunta. Queremos e nos agrada que, a contar do primeiro dia deste mês, seja estabelecido, imposto e cobrado, em toda a extensão do nosso reino, uma capitação geral por lar ou família, pagável ano a ano, durante a duração da presente guerra. Queremos que nenhum de nossos súditos […] seja isento da dita capitação, fora […] as ordens mendicantes e os pobres mendigos. Declaração do rei Luís XIV estabelecendo a capitação, 18 de janeiro de 1695. Citado por Groupe de Recherche pour 1’enseignement de 1’Histoire et la Géographie. Histoire “Héritages européens”. Paris: Hachette, 1981. p. 107. Sobre o Estado moderno, pode-se afirmar que a) ampliou a arrecadação de impostos, visto que estes financiavam a estrutura estatal e seus funcionários civis e militares. b) diminuiu a arrecadação de impostos, em uma es- tratégia que possibilitou a aliança entre o rei e a burguesia. c) deu origem à cobrança de impostos na Europa oci- dental, prática pouco difundida durante o feudalismo. d) constituiu-se a partir da exploração dos ganhos da nobreza e da burguesia, possibilitando os luxos reais. 3 Leia o trecho e responda ao que se pede. O príncipe não precisa ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso, bastando que aparente possuir tais qualidades […]. O príncipe não deve se desviar do bem, mas deve estar sempre pronto a fazer o mal, se necessário. MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1986. (Coleção Os Pensadores). A obra de Maquiavel sintetiza suas ideias sobre o abso- lutismo, como a noção a) de que um governante deve agir segundo os desíg- nios de Deus, visto que o representa. b) de que a bondade do príncipe é medida por sua popularidade e seus súditos devem amá-lo. c) de que o sucesso do Estado depende da disposição do governante para agir segundo as necessidades do Estado. d) de que o governante deve ser mau por natureza, punindo os desvios de conduta dos súditos. 4 Leia o trecho e responda à pergunta a seguir. O cargo de soberano (seja ele um monarca ou uma assembleia) consiste no objetivo para o qual lhe foi con- fiado o soberano poder, nomeadamente a obtenção da segurança do povo, ao qual está obrigado pela lei da na- tureza, e do qual tem de prestar contas a Deus, o au- tor dessa lei, e a mais ninguém além dele. […] Deus é rei, que a terra se alegre, escreve o salmista. E, também, Deus é rei muito embora as nações não o queiram; e é aquele que está sentado entre os querubins, muito embora a Terra seja movida. HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 103-106, 200-201. (Coleção Os Pensadores). O absolutismo conviveu com defensores e oposito- res da soberania real ao longo de sua existência. Na visão de Hobbes e de outros filósofos que refletiram sobre o modelo, como Bossuet e Maquiavel, o poder do rei deve a) ser inquestionável do ponto de vista político, mas li- mitado do ponto de vista econômico, social e cultural. b) estar baseado nas decisões da população, segundo a ideia de um pacto que se consolida com eleições. c) depender da vontade da nobreza e da Igreja, que o indicam a partir de seu preparo militar e intelectual. d) ser inquestionável, visto que o governante paira so- bre a sociedade e presta contas apenas a Deus. DESENVOLVENDO HABILIDADES Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das alternativas sinalizadas com asterisco. 259 H IS T Ó R IA M Ó D U LO 3 PH_EF2_7ANO_HIS_CAD1_250a259_MOD03_CA.indd 259 9/16/19 10:50 AM
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