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1 Quais foram as estratégias para a criação de um am- biente político estável durante o governo JK? JK foi capaz de criar um ambiente de estabilidade por meio da anistia aos conspiradores que atentaram contra seu governo, somada a uma política de grandes investimentos nas Forças Armadas. O crescimento econômico verificado pela média aproximada de 7% de aumento do PIB ao ano também contribuiu para a estabilidade política. 2 Segundo o tripé econômico, qual seria a origem do capi- tal destinado ao desenvolvimento direto das indústrias automobilísticas no país? JK entendia que os investimentos na indústria automobilística deveriam sair diretamente das empresas multinacionais que estavam sendo atraídas para o país. Daí a política de subsídios e investimento em infraestrutura. Seu intuito era tornar o Brasil uma nação interessante aos investimentos estrangeiros. Apesar do aspecto positivo a respeito do governo JK, um olhar investigativo talvez permita novas percepções acerca desse período. Experimente coletar as impressões das pessoas da sua casa sobre esse governo. Talvez você perceba que o resultado dilui o olhar crítico que você percebeu até aqui. É comum depararmos com uma memória oficial e com uma popular, centrada sobretudo na construção de Brasília. Homenagens e referências não faltam sobre o assunto. A inflação chegou a patamares considerados altíssimos para a época. A corrupção e o superfa- turamento de obras públicas eram uma certeza entre seus detratores. A dívida externa foi mais que triplicada durante o mandato de JK e a ruptura com o FMI deixava para o seu sucessor um legado de excessiva austeridade. O resultado disso foi a impossibilidade de eleger o candidato de seu partido à sucessão, o general Lott. Apesar das críticas, o mérito do empreendedorismo de JK deve ser reconhecido. O Brasil cres- ceu, a capacidade de consumo dos trabalhadores não foi inteiramente comprometida pela inflação, Brasília foi inaugurada (mesmo que inacabada), e a integração por meio das estradas teve grandes avanços. O Nordeste brasileiro teve atenção especial em seu governo com a cria- ção da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), com o intuito de estimular e acompanhar o de- senvolvimento daquela região. Ademais, as indústrias e sua capacidade produtiva cresceram, assim como o número de pessoas empregadas no país. Também não se pode ignorar a rara estabilidade democrática conquistada em um período marcado por constantes ameaças à ordem constitucional. Todavia, ao pensar no governo JK, não devemos nos restringir aos resultados imediatos de sua administração. É preciso lembrar que o final instável de seu governo foi um dos elementos que contribuíram para a eleição de Jânio Quadros, apoiado pela UDN. Mas o desdobramento para o país será estudado no próximo módulo. PARA CONCLUIR PRATICANDO O APRENDIZADO R e p ro d u ç ã o /C a s a d a M o e d a d o B ra s il/ M in is té ri o d a F a ze n d a R e p ro d u ç ã o /C a s a d a M o e d a d o B ra s il/ M in is té ri o d a F a ze n d a Nota de cem cruzados — frente e verso — em homenagem a Juscelino Kubitschek após mais de duas décadas do fim de seu governo em 1961. As notas estiveram em circulação entre 1986 e 1990. Austeridade: políticas econômicas voltadas ao controle de gastos, corte de despesas e ajuste fiscal. 162 H IS T Ó R IA M Ó D U LO 1 6 PH_EF2_9ANO_HIS_153a166_CAD3_MOD16_CA.indd 162 03/04/20 09:06 1 A imagem a seguir mostra os traços originais do urba- nista Lúcio Costa a quem Juscelino Kubitschek enco- mendou o desenho das ruas de Brasília. Visto do alto, o traçado original remete ao desenho de um avião, símbolo de modernidade, assim como a própria cidade. R e p ro d u ç ã o /A rq u iv o P ú b lic o d o D is tr it o F e d e ra l/ In s ti tu to L ú c io C o s ta , B ra s íli a . Plano piloto (ou planta) da cidade de Brasília, elaborado pelo urbanista Lúcio Costa. Que elementos presentes na imagem acima nos per- mitem perceber sua origem planejada antes mesmo de sua construção? O plano piloto foi elaborado antes da construção da cidade. Além disso, os quarteirões e as ruas simétricos, com suas largas avenidas cortando o plano piloto de norte a sul e de leste a oeste, nos permitem entendê-la como um projeto racional, diferentemente da maior parte das cidades brasileiras, originadas da ocupação não planejada. 2 Observe a fotografia. Fábrica automotiva na década de 1950. A c e rv o U H /F o lh a p re s s Explique como a fotografia, registrada nos anos 1950, pode ser explicada com base na política econômica brasileira durante o governo JK. A Volkswagen foi uma das multinacionais atraídas pelas estratégias de JK para o desenvolvimentismo brasileiro. A atuação do capital estatal no desenvolvimento de uma infraestrutura, associada ao crescimento do mercado interno, foi responsável pela entrada de indústrias de bens de consumo duráveis como as de automóveis. 3 Qual é o significado do termo “desenvolvimentismo”, frequentemente relacionado ao governo JK? O termo “desenvolvimentismo“ está associado ao estímulo à industrialização. Quando um governante usa o termo, a intenção é a afirmação de uma identidade industrializante. 4 Expliq ue os planos políticos pessoais de JK por trás da construção de Brasília. Brasília serviria de cartão de visita político de JK, que tinha a intenção de disputar as eleições presidenciais de 1965. APLICANDO O CONHECIMENTO 163 H IS T Ó R IA M Ó D U LO 1 6 PH_EF2_9ANO_HIS_153a166_CAD3_MOD16_CA.indd 163 03/04/20 09:06 4 Veja a tabela. GREVES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Ano Número de greves 1954 14 1955 18 1956 22 1957 16 1958 7 1959 32 1960 35 1961 56 1962 61 1963 77 1964 38 Total 376 Fonte: MATTOS, Marcelo Badaró. Greves, sindicatos e repressão policial no Rio de Janeiro (1954-1964). In: Revista Brasileira de História – Órgão Oficial da Associação Nacional de História. São Paulo: ANPUH, v. 24, n. 47, jan.-jun. 2004, p. 243. Observando a tabela, relacione o cenário econômico e social dos anos finais do governo JK ao número de greves na cidade do Rio de Janeiro. As escolhas econômicas da administração de JK levaram a um ambiente de insatisfação generalizada em razão do quadro inflacionário constituído. Além disso, estava em curso uma campanha pela desmoralização de sua administração, por meio de denúncias de superfaturamentos e práticas de corrupção associadas à construção de Brasília. A soma desses fatores levou a um grande aumento do número de greves no Rio de Janeiro durante os anos finais de seu governo. 3 Leia o trecho abaixo. Pode-se ligar essa hipótese àquilo que já foi propos- to, em termos semelhantes, por Mikhail Bakhtin, e que é possível resumir no termo “circularidade”: entre a cultura das classes dominantes e a das classes subalternas exis- tiu, na Europa pré-industrial, um relacionamento circu- lar feito de influências recíprocas, que se movia de baixo para cima, bem como de cima para baixo. GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 12-13. No livro O queijo e os vermes, o historiador Carlo Ginzburg se debruça sobre as trocas e os diálogos culturais entre as classes subalternas e as classes dominantes da Europa moderna e seus desdobramentos. No Brasil, durante o governo JK, o encontro cultural entre as classes também teve desdobramentos. Analise a Bossa Nova à luz do conceito de encontros culturais apresentado na citação acima. A circularidade cultural pode ser percebida na Bossa Nova, uma vez que esse estilo representa o encontro do samba, de origem e consumo predominantemente populares, ligado às classes subalternas, com o jazz, que, apesar da origem afro-americana, chegaao Brasil por intermédio dos grupos sociais dominantes. O resultado foi um novo estilo de samba, alimentado pela melodia e pelo ritmo de uma música estrangeira que ajuda a tornar aquele produto popular uma melodia aceitável aos ouvidos das elites. 164 H IS T Ó R IA M Ó D U LO 1 6 PH_EF2_9ANO_HIS_153a166_CAD3_MOD16_CA.indd 164 03/04/20 09:06 1 Observe as imagens. R e p ro d u ç ã o /P re fe it u ra M u n ic ip a l d o R io d e J a n e ir o , R J . Plano piloto da Barra da Tijuca (Rio de Janeiro) elaborado por Lúcio Costa. R e p ro d u ç ã o /A rq u iv o P ú b lic o d o D is tr it o F e d e ra l/ In s ti tu to L ú c io C o s ta , B ra s íli a . Plano piloto de Brasília elaborado por Lúcio Costa. O primeiro projeto representa o bairro da Barra da Tijuca e suas extensões e foi elaborado por Lúcio Costa nos anos 1970. O segundo retrata a atual capital brasileira, quando ainda era um projeto nos anos 1950. Este último foi cum- prido integralmente, mas o crescimento desordenado da população vem levando a capital a se adaptar às demandas, o que significa fugir do projeto original, que não contava com o surgimento de cidades-satélites que circundariam a capital, muitas delas repletas de ambientes urbanos pouco estruturados, uma vez que os valores cobrados pelos imóveis dentro do plano piloto não eram acessíveis a todos os assalariados. No que diz respeito à Barra da Tijuca, o plano piloto nunca foi respeitado, restando apenas algumas ideias, que foram postas em prática sem que houvesse continuidade. Sobre a construção ou a expansão planejada de cidades, podemos dizer que: a) envolvem um desafio de planejamento e execução nem sempre condizentes com o planejado. b) submetem de maneira autoritária e incontornável a população aos devaneios de um urbanista. c) tornam os processos de expansão das cidades mais acessíveis às classes populares. d) exigem dos governos que as executam um olhar sensível para as necessidades populares. e) provocam sempre o desenvolvimento inevitável das regiões sujeitas a esses projetos. 2 Em novembro de 1955 o Brasil teve três presidentes em uma semana. O episódio teve início com um suposto mal-estar cardíaco do presidente João Café Filho, o que levou o cargo a ser transferido interinamente ao pre- sidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz. Este não teve tempo sequer de “esquentar a cadeira”, sendo deposto pelo general Lott, que assegurou a Nereu Ramos, presidente do Senado, a função de terminar o man- dato que Getúlio Vargas não pudera concluir. Esse conturbado período foi marcado por conspirações golpistas, finalmente frustradas pela atuação do general Lott, um militar considerado um legalista porque: a) acreditava que as Forças Armadas deveriam liderar a nação rumo ao crescimento inexorável. b) defendia o respeito à Constituição como único caminho aceitável para a boa política no país. c) conspirava contra o PSD de Carlos Luz por compartilhar do trabalhismo de João Goulart. d) promovia os princípios do integralismo, que era antipático a quaisquer soluções golpistas. e) sonhava com a Presidência da República desde sua última candidatura sob indicação do PTB. Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das alternativas sinalizadas com asterisco. DESENVOLVENDO HABILIDADES 165 H IS T Ó R IA M Ó D U LO 1 6 PH_EF2_9ANO_HIS_153a166_CAD3_MOD16_CA.indd 165 03/04/20 09:06 3 Leia o trecho a seguir. Essa nova moda, em matéria de música popular, correspondia exatamente a um tipo novo de alienação (embora socio- logicamente inevitável) não desejada das elites brasileiras, ao início de um processo de rápida industrialização. O mesmo que levava o Presidente Kubitschek a saudar com discurso de afirmação nacional a fabricação dos primeiros modelos de automóveis JK no Brasil, diante de algumas unidades trazidas às pressas da Itália, desmontadas, para servirem à ocasião. Fora dentro desse mesmo espírito que os rapazes dos apartamentos de Copacabana, cansados da importação pura e simples da música norte-americana, resolveram montar o novo tipo de samba, à base de procedimentos da música clássica e do jazz […] RAMOS, José Tinhorão. Música popular: um tema em debate. São Paulo: Ed. 34, 1997. p. 37-38. Com base na leitura, podemos dizer que o autor: a) tem uma opinião acrítica sobre a Bossa Nova, mas questiona o nacionalismo de JK. b) tem um olhar crítico sobre os aspectos nacionalistas do projeto de JK e da Bossa Nova. c) defende a exaltação da Bossa Nova e da política nacionalista ufanista de JK. d) evita desenvolver qualquer análise crítica de um ícone da política e de outro da música nacional. e) critica a Bossa Nova ao mesmo tempo que defende as escolhas econômicas de JK. 4 O gráfico abaixo demonstra a trajetória do salário mínimo entre os anos de 1950 e 1960. R$ 300 19 50 R$ 400 R$ 350 R$ 500 R$ 450 R$ 600 R$ 550 R$ 700 R$ 650 R$ 800 R$ 750 R$ 900 R$ 850 R$ 1 000 R$ 950 R$ 1 100 R$ 1 050 R$ 1 200 R$ 1 150 R$ 1 300 R$ 1 250 R$ 1 400 R$ 1 450 R$ 1 350 19 51 19 52 19 53 19 54 19 55 19 56 19 57 19 58 19 59 19 60 Salário mínimo de 1950 a 1960 (em R$ de 2019) Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/colunistas/pedro-menezes/como-aumentos-no- salario-minimo-contribuiram-para-o-golpe-de-64/>. Acesso em: 2 mar. 2020. A partir das informações contidas nele, podemos afirmar que: a) o período do governo JK foi o de menor poder de consumo do salário mínimo. b) o salário mínimo apresenta uma crescente capacidade de consumo em sua história. c) o século XXI foi caracterizado pela valorização dos direitos humanos do trabalhador. d) o governo de JK promoveu aumentos reais no salário mínimo e na capacidade de consumo do trabalhador. e) o Produto Interno Bruto brasileiro foi capaz de surpreender as expectativas nacionais. 166 H IS T ” R IA M ” D U LO 1 6 PH_EF2_9ANO_HIS_153a166_CAD3_MOD16_CA.indd 166 03/04/20 09:06
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