Buscar

Economia Brasileira Contemporânea (UniFCV)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EduFatecie
E D I T O R A
Economia Brasileira
Contemporânea
Professora Ma. Daniela Carla Monteiro
20 by Editora EduFatecie 
Copyright do Texto © 20 Os autores 
Copyright © Edição 20 Editora EduFatecie
o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a 
EQUIPE EXECUTIVA
Editora-Chefe 
Prof
 Sbardeloto
Tatiane Viturino de
Oliveira
www.unifatecie.edu.br/
editora-edufatecie
edufatecie@fatecie.edu.br André Dudatt
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Design
Thiago Azenha
Reitor
Prof. Me. José Carlos Barbieri
Vice-Reitor
Prof. Dr. Hamilton Luiz Favaro
Pró-Reitora Acadêmica 
Prof. Ma. Margareth Soares 
Galvão
Diretor de Operações 
Comerciais 
Prof. Me. José Plínio Vicentini
Diretor de Graduação
Prof. Me. Alexsandro Cordeiro 
Alves da Silva
Diretora de Pós-Graduação e 
Extensão
Prof. Ma. Marcela Bortoti Favero
Diretor de Regulamentação e 
Normas
Prof. Me. Lincoln Villas Boas 
Macena
Diretor Operações EAD
Prof. Me. Cleber José Semensate 
dos Santos
CAMPUS SEDE 
Avenida Advogado Horácio 
Raccanello Filho, 5950
Novo Centro – Maringá – PR 
CEP: 87.020-035
SEDE ADMINISTRATIVA 
Avenida Advogado Horácio 
Raccanello Filho, 5410
CEP: 87.020-035
(44) 3028-4416
www.unifcv.edu.br/
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir do 
site ShutterStock
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
M775e Monteiro, Daniela Carla 
 Economia brasileira contemporânea / Daniela Carla 
 Monteiro. Paranavaí: EduFatecie, 2021. 
 88 p. : il. Color. 
 
 ISBN 978-65-87911-67-0 
 
 1. Economia - Brasil. 2. Desenvolvimento econômico 
 I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a 
 Distância. III. Título. 
 
CDD : 23 ed. 330 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
AUTORA
Professora Ma. Daniela Carla Monteiro
●	 Mestra	em	Economia	Regional	-	Universidade	Estadual	de	Londrina.	
●	 Bacharel	em	Ciências	Econômicas	-	Universidade	Estadual	de	Maringá.	
●	 Especialista	em	Direito	do	Estado	-	Universidade	Estadual	de	Londrina.	
●	 Professor	Formador	EAD	-	UniCesumar.
●	 Professor	de	graduação	na	Faculdade	Cidade	Verde	(FCV).	
Possui	graduação	em	Ciências	Econômicas	pela	Universidade	Estadual	de	Maringá	
(UEM-2002),	Especialização	em	Direito	do	Estado	-	área	de	concentração	em	Direito	Admi-
nistrativo	pela	Universidade	Estadual	de	Londrina	(UEL	-	2006)	e	Mestrado	em	Economia	
Regional	pela	Universidade	Estadual	de	Londrina	(UEL	-	2013).	É	professora	Adjunta	do	
Departamento	de	Ciências	Econômicas	da	Faculdade	Cidade	Verde	 (FCV)	e	professora	
Formadora	(EAD)	no	Centro	Universitário	de	Maringá	(Unicesumar).
Endereço	para	acessar	este	CV:	http://lattes.cnpq.br/0168207316464790
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá,	querido	(a)	acadêmico	(a),	seja	muito	bem-vindo	(a)	ao	livro	de	Economia	Bra-
sileira	Contemporânea.	É	com	imenso	prazer	que	lhe	apresento	este	livro,	que	preparei	com	
muito	carinho	e	dedicação.	Me	chamo	Daniela	Carla	Monteiro,	sou	formada	em	Ciências	Eco-
nômicas	pela	Universidade	Estadual	de	Maringá	e	sou	Mestra	em	Economia	pela	Universidade	
Estadual	de	Londrina.	Como	você	pôde	perceber,	a	economia,	sem	dúvida	nenhuma,	é	uma	
das	minhas	grandes	paixões.	Logo,	falar	de	economia,	pesquisar	sobre	economia	e	escrever	
sobre	economia	para	os	meus	alunos	é	uma	tarefa	muito	prazerosa	que	me	enche	de	orgulho.
Seria	impossível,	diante	da	proposta	de	elaboração	desta	obra,	esgotar	todo	o	con-
teúdo	que	compreende	a	economia	brasileira	contemporânea.	Por	 isso,	procurei	 trabalhar	
o	 contexto	e	as	 características	mais	 importantes	de	 cada	período	abordado.	Sem	dúvida	
nenhuma,	posso	afirmar	que	a	economia	brasileira	contemporânea	te	deixará	 inquieto,	ou	
seja,	te	despertará	inúmeras	curiosidades.	É	possível	que	muitas	das	políticas	econômicas	
aqui	apresentadas	ainda	estejam	vivas	na	memória	de	muitos	brasileiros,	 tamanha	a	sua	
magnitude,	por	isso	aproveite	e	converse	sobre	elas	com	seus	avós,	pais,	tios	e	amigos.	
Em	se	tratando	da	estrutura	geral	do	livro,	para	que	você	tenha	uma	noção	do	que	
será	estudado,	farei	uma	breve	apresentação	das	quatro	unidades	que	compreendem	esta	
obra.	Na	unidade	 I,	denominada	de	Economia	Brasileira,	subdividida	em	5	subitens,	você	
estudará:	(a)	Conceitos	e	ambientação	da	economia	brasileira	contemporânea;	(b)	A	crise	de	
1930	e	o	avanço	da	industrialização	brasileira,	(c)	Anos	1950:	Getúlio	Vargas	e	os	desafios	
da	indústria	pesada;	(d)	Plano	de	Metas	de	Juscelino	Kubitscheck:	planejamento	estatal	e	
consolidação	do	processo	de	 substituição	de	 importações;	 e	 (e)	A	 crise	 de	 1962-1967,	 o	
PAEG	e	as	bases	do	milagre	econômico.	
Na	Unidade	II,	por	sua	vez,	denominada	de	Desenvolvimento	econômico,	subdividida	
em	três	tópicos,	você	estudará:	(a)	A	Ditadura	Militar	no	Brasil,	(b)	A	Década	Perdida;	e	(c)	
Os	Planos	de	Estabilização	instituídos	no	Brasil		após	1985	até	1989.	Sequencialmente,	na	
unidade	III,	batizada	de	Perspectivas	e	novos	modelos	econômicos,	subdividida	em	três	tópi-
cos,	você	estudará:	(a)	A	abertura	comercial	que	ocorreu	na	primeira	metade	dos	anos	1990;	
(b)	O	Plano	Real	e	seus	desdobramentos;	e	(c)	O	governo	de	Fernando	Henrique	Cardoso.
Por	 fim,	 na	 unidade	 IV,	 cuja	 denominação	 dada	 foi	 Economia	 Contemporânea,	
subdividida	também	em	3	partes,	você	aprenderá	sobre:	(a)	O	primeiro	e	Segundo	governo	
Lula;	 (b)	Sobre	as	crises	e	desdobramentos	do	Governo	Dilma	Rousseff;	e	 	sobre	o	 (c)	
Governo	de	Michel	Temer.	Para	 fechar	a	minha	apresentação	geral	do	 livro,	gostaria	de	
deixar	registrado	aqui	uma	pequena	dica,	que	traz	grandes	resultados.	Dedique-se	a	 ler	
e	a	 interagir	com	os	 textos,	a	 fazer	anotações,	a	esclarecer	suas	dúvidas,	a	verificar	as	
indicações	de	leitura,	a	realizar	novas	pesquisas	sobre	os	assuntos	abordados,	a	responder	
às	atividades	propostas,	entre	outros.	Todo	e	qualquer	conhecimento	adicional	 contribui	
para	a	construção	e	para	a	consolidação	de	sua	formação.	
Um	forte	abraço	e	até	breve!
Professora	Me.	Daniela	Carla	Monteiro
SUMÁRIO
UNIDADE	I	...................................................................................................... 4
Economia Brasileira
UNIDADE	II	................................................................................................... 27
Desenvolvimento Econômico
UNIDADE	III	.................................................................................................. 46
Perspectivas e Novos Modelos Econômicos 
UNIDADE	IV	.................................................................................................. 68
Economia Contemporânea
http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/viewFile/3486/3076
http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/viewFile/3486/3076
4
Plano de Estudo:
●	 Conceitos	e	ambientação	da	Economia	Brasileira	Contemporânea;
●	 A	crise	de	1930	e	o	avanço	da	industrialização	brasileira;
●	 Anos	1950:	Getúlio	Vargas	e	o	desafio	da	indústria	pesada;
●	 Plano	de	Metas	de	Juscelino	Kubitschek:	planejamento	estatal	e	consolidação
					do	processo	de	substituição	de	importações;
●	 A	crise	de	1962	–	1967,	o	PAEG	e	as	bases	do	milagre	econômico.
Objetivos da Aprendizagem:
●	 Conceituar	e	contextualizar	a	Economia	Brasileira	Contemporânea;
●	 Compreender	a	crise	de	1930	e	o	avanço	da	industrialização	brasileira;
●	 Estudar	a	Gestão	Getúlio	Vargas	nos	anos	1950	e	o	desafio	da	indústria	pesada;
●	 Aprender	sobre	o	Plano	de	Metas	de	Juscelino	Kubitschek:	planejamento	estatal	e	con-
solidação	do	processo	de	substituição	de	importações;
●	 Contextualizar	a	crise	de	1962	–	1967,	o	PAEG	e	as	bases	do	milagre	econômico.
UNIDADE I
Economia Brasileira
Professora Ma. Daniela Carla Monteiro
5UNIDADE I Economia Brasileira
INTRODUÇÃO
Olá,	 caro	 (a)	acadêmico	 (a),	 seja	bem-vindo	 (a)	ao	 livro	de	Economia	BrasileiraContemporânea.	Nesta	unidade,	você	estudará	as	principais	características	da	economia	
brasileira	de	1930	a	1967.	Em	outras	palavras,	você	estudará	a	crise	de	1930	e	o	avanço	da	
industrialização	brasileira;	A	Gestão	Getúlio	Vargas	nos	anos	1950	e	o	desafio	da	indústria	
pesada;	O	Plano	de	Metas	de	Juscelino	Kubitschek:	planejamento	estatal	e	consolidação	
do	processo	de	substituição	de	importações;	e	A	crise	de	1962	–	1967,	o	PAEG	e	as	bases	
do	milagre	econômico.
A	aprendizagem	em	questão	é	fundamental	para	o	entendimento	da	economia	bra-
sileira	contemporânea,	bem	como	para	uma	melhor	compreensão	dos	assuntos	que	serão	
estudados	nas	unidades	posteriores,	ao	passo	que	é	necessário	que	você	compreenda	com	
precisão	de	onde	partimos,	ou	seja,	qual	era	o	nosso	tipo	de	economia,	qual	era	o	nosso	
carro-chefe	em	termos	de	produtos,	qual	era	a	nossa	variável	chave,	para	quem	esse	pro-
duto	era	vendido,	quais	eram	as	vantagens	e	desvantagens	do	modelo	de	desenvolvimento	
que	se	tinha,	quais	foram	as	políticas	implementadas	em	defesa	do	modelo	em	questão,	
quais	foram	os	casos	que	levaram	ao	esgotamento	do	referido	modelo,	entre	outros.	
Assim,	visando	atingir	os	objetivos	de	aprendizagem	elencados	para	esta	unidade,	
a	mesma	 foi	 dividida	 em	 cinco	 tópicos.	 No	 primeiro	 tópico,	 será	 conceituado	 e	 contex-
tualizado	 Economia	 Brasileira	 Contemporânea.	 No	 segundo	 tópico,	 por	 sua	 vez,	 você	
compreenderá	a	crise	de	1930	e	o	avanço	da	industrialização	brasileira.	Por	conseguinte,	
no	terceiro	tópico,	você	estudará	a	Gestão	Getúlio	Vargas	nos	anos	1950	e	o	desafio	da	
indústria	pesada.	No	quarto	tópico,	aprenderá	sobre	o	Plano	de	Metas	de	Juscelino	Kubits-
chek:	planejamento	estatal	e	consolidação	do	processo	de	substituição	de	importações.	Por	
fim,	no	quinto	e	último	tópico	aprenderá	sobre	a	crise	de	1962	–	1967,	o	PAEG	e	as	bases	
do	milagre	econômico.
Bons estudos e um forte abraço!
Professora Me. Daniela Carla Monteiro.
6UNIDADE I Economia Brasileira
1. CONCEITOS E AMBIENTAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Escrever	 sobre	 economia	 brasileira	 sem	 dúvida	 nenhuma	 está	 entre	 as	minhas	
grandes	paixões.	Essa	paixão	não	vem	apenas	da	minha	formação	enquanto	economista,	
mas	também	do	meu	olhar	e	do	meu	posicionamento	como	cidadã	ativa	neste	país.
Nesta	obra,	você	perceberá	que	estudar	economia	brasileira,	ao	contrário	do	que	
muitos	alunos	acreditam,	é	muito	mais	do	que	estudar	história.	É	estudar	as	nossas	bases,	
as	nossas	raízes,	as	nossas	primeiras	escolhas	em	termos	produtivos,	entre	outros.
Assim	sendo,	pode-se	dizer	que	ao	estudar	economia	brasileira	você	também	esta-
rá	estudando	a	história	da	sociedade	brasileira,	pois	ao	compreender	o	passado	econômico	
do	Brasil	você	compreenderá	como	a	nossa	sociedade	se	formou	e	evoluiu.
Desta	forma	quero	que	você	esteja	preparado	para	uma	viagem	incrível	no	tempo	
onde	será	possível	aprender	sobre	como	nossa	economia	caminhou	até	aqui.	Atualmente	a	
economia	brasileira	apresenta	um	perfil	sólido,	no	entanto,	nem	sempre	foi	assim.
Grande	exportadora,	desde	a	sua	formação,	de	uma	série	de	produtos,	contribuiu	e	
ainda	contribui	com	os	exportáveis	para	o	desenvolvimento	econômico.	Em	se	tratando	de	
importações,	não	é	diferente	e	tais	importações,	assim	como	as	exportações,	impactaram	
e	 impactam	a	economia	brasileira,	ao	passo	que	adquire-se	bens	em	outros	países	em	
detrimento	de	uma	aquisição	que	poderia	acontecer	no	mercado	doméstico.
E	aí?	Preparado	para	nossa	 viagem?	 Iniciaremos	 falando	da	 crise	de	1930	e	o	
avanço	da	industrialização	brasileira.	Posteriormente	vamos	estudar	os	anos	50	e	por	con-
seguinte	o	Plano	de	Metas	de	Juscelino	Kubitscheck.	Por	fim,	nesta	unidade,	trataremos	da	
crise	de	1962-1967,	o	PAEG	e	as	bases	do	milagre	econômico.
Coloque	seu	cinto,	iniciando	nosso	voo	em	3,2,1...
Boa viagem !
7UNIDADE I Economia Brasileira
2 . A CRISE DE 1930 E O AVANÇO DA INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
Desde	o	início	do	período	Colonial	(1500)	até	a	República	Velha	(1930),	a	economia	
brasileira	 dependeu	 de	 suas	 exportações.	 Tais	 exportações	 restringiam-se	 à	 commodities	
agrícolas,	 tais	como:	fumo,	borracha,	algodão,	açúcar,	café,	entre	outros.	Sem	dúvida,	esse	
contexto	definia	o	Brasil	como	uma	economia	agroexportadora.	Agro,	porque	a	commodity	era	
agrícola	e	exportadora,	porque	praticamente	tudo	que	se	produzia	era	para	fins	de	exportação.
É	fato	que	em	alguns	períodos,	determinadas	commodities	agrícolas,	ocupavam	lugar	
de	destaque.	Ou	seja,	em	determinados	períodos,	que	também	podem	ser	chamados	de	ciclos,	
tínhamos	a	 “commodity	agrícola”	da	vez.	Você	se	 lembra	por	exemplo	do	ciclo	do	açúcar?	
Tenho	certeza	que	sim!	Como	o	Brasil	produziu	e	comercializou	açúcar,	não	é	mesmo?
E	o	ciclo	do	café?	Você	se	lembra?	Sem	dúvida	o	que	você	aprendeu	sobre	esse	
ciclo	deve	ainda	estar	bem	mais	fresquinho	em	sua	memória,	afinal	ele	foi	o	último	ciclo	
desse	modelo	de	desenvolvimento.	Não	há	como	não	nos	lembrarmos	das	nossas	aulas	
de	história	no	ensino	médio	sem	nos	lembrarmos	das	políticas	que	foram	implementadas	
nesse	ciclo,	entre	elas,	a	política	de	preços	mínimos	que	retomarei	um	pouco	mais	adiante.
Tendo	entendido	e	relembrado	as	principais	características	da	economia	brasileira	
nesse	período,	destaca-se	que	o	bom	desempenho	de	nossa	economia	no	referido	modelo	
não	estava	atrelado	a	ótima	qualidade	de	nossos	produtos	e	muito	menos	ao	montante	
produzido	para	fins	de	exportação.	Em	outras	palavras,	o	bom	desempenho	dependia	ex-
clusivamente	das	condições	do	mercado	internacional	de	produtos	exportados.
8UNIDADE I Economia Brasileira
Você	tem	alguma	ideia	do	porquê?	A	resposta	para	essa	questão	é	bem	óbvia.	No	
entanto,	para	que	você	compreenda	bem	o	porquê	dessa	dependência	considere	que	a	
variável-chave	para	o	bom	desempenho	era	o	preço	internacional	do	café.	Pois	bem,	se	o	
preço	internacional	do	café	estava	favorável,	a	economia	brasileira,	por	conseguinte	teria	
um	bom	desempenho.	Por	outro	lado,	se	o	preço	internacional	do	café	estivesse	desfavo-
rável,	por	conseguinte	o	bom	desempenho	estaria	comprometido.
Em	se	tratando	da	demanda,	o	contexto	não	era	muito	diferente,	ou	seja,	a	depen-
dência	para	fins	de	procura	era	decorrente	do	comportamento	mundial.	Isto	é,	aumentava	
quando	o	crescimento	mundial	era	favorável	e	se	retraia	quando	por	motivos	de	crises	ou	
guerras	o	crescimento	mundial	se	estagnava	ou	até	mesmo	decrescia.
Você	consegue	mensurar,	diante	dessas	informações,	o	tamanho	da	vulnerabilidade	
da	economia	brasileira	na	década	de	30?	Pasme!	Instabilidades	externas	afetavam	direta-
mente	as	exportações	brasileiras.	No	entanto,	você	deve	estar	se	perguntando:	Professora,	
e	as	outras	atividades	econômicas	brasileiras?	Não	poderiam	elas	suprir	as	deficiências	da	
economia	nos	momentos	de	instabilidade?
Meu	caro	(a)	aluno	(a),	não	tínhamos	outras	atividades	econômicas.	É	isso	mesmo,	
você	não	leu	errado,	não	tínhamos!	Não	foi	por	acaso	que	o	modelo	que	aqui	estudamos,	em-
pregado	até	1930,	foi	batizado	como	modelo	de	desenvolvimento	voltado	para	fora	e	neste	tipo	
de	modelo	todas	as	outras	atividades	brasileiras	dependiam	do	sucesso	do	ciclo	exportador.
Observe	que	numa	economia	primária	exportadora,	o	efeito	do	setor	agroexportador	
sobre	os	demais	setores	da	economia	depende	do	efeito	multiplicador	desse	setor	sobre	os	
demais	setores.	Geralmente,	neste	tipo	de	economia,	os	chamados	demais	setores,	dada	
a	sua	baixa	produtividade,	não	tem	dinamismo	próprio.
Em	suma,	o	dinamismo	da	economia	brasileira	até	1930	era	decorrente	do	setor	
agroexportador	que	além	de	propiciar	uma	considerável	condição	de	vulnerabilidade	a	nos-
sa	economia,	pelos	motivos	já	elencados,	propiciava	elevada	rentabilidade	e	concentração	
de	recursos	produtivos,	o	que	por	sua	vez	explica	a	desigualdade	na	distribuição	da	renda	
que	existiu	e	que	ainda	existe	em	nosso	país.	De	acordo	com	Gremaud	et al (2020,	p.	363):
No	caso	brasileiro,os	problemas	históricos	de	distribuição	de	renda	e	proprie-
dade	também	podem	ser	associados	à	estrutura	fundiária	concentrada	desde	
o	início	da	colonização	e	às	condições	do	mercado	de	trabalho:	escravidão	
durante	quase	300	anos	e,	depois	de	sua	abolição,	dificuldade	na	incorpora-
ção	dessa	mão	de	obra	ao	mercado	em	função	de	preconceitos	e	do	excesso	
de	oferta	no	mercado	de	trabalho.		
Pois	bem,	tendo	lhe	apresentado	essas	questões,	não	poderia	deixar	de	te	apre-
sentar	a	pauta	de	exportações	do	Brasil	no	período	que	estamos	analisando.	Observe	com	
9UNIDADE I Economia Brasileira
calma	o	gráfico	abaixo	e	verifique	que	nossa	economia	era	uma	grande	exportadora	de	
bens	tipicamente	agrícolas,	com	destaque	para	o	café	que,	conforme	já	mencionei	no	início	
desse	tópico,	era	a	“bola	da	vez”.
GRÁFICO 01: PAUTA DE EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS - 1900
Fonte:	Gremaud	et al	(2020,	p.	364).
Não	obstante,	 têm-se	à	pauta	de	 importações,	que	é	 tão	 importante	quanto	a	de	
exportações.	Sabe-se	que	pelas	características	do	modelo	que	vigorava,	qual	seja,	modelo	
agroexportador,	a	pauta	era	basicamente	compreendida	de	produtos	não	disponíveis	no	país.
10UNIDADE I Economia Brasileira
GRÁFICO 02: PAUTA DE IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS – 1902 – 1903
Fonte:	Gremaud	et al	(2020,	p.365).
Você	conseguiu	notar	que	a	pauta	além	de	bem	diversificada	correspondia	a	es-
trutura	de	consumo	de	nossa	economia?		Querido	(a)	aluno	(a),	 importávamos	produtos	
como	arroz,	 farinha	de	trigo,	charque,	entre	outros.	Por	 isso,	chamo	a	sua	atenção	para	
a	essencialidade	da	pauta	e	mais	uma	vez,	te	convido	a	refletir	acerca	da	vulnerabilidade	
que	este	tipo	de	economia	nos	proporcionava.	Afinal,	quedas	na	exportação	implicavam	em	
quedas	no	volume	de	importáveis	e	assim	as	condições	de	consumo	da	economia	brasileira	
ficavam	totalmente	comprometidas.
 1.1. O esgotamento do Modelo Agroexportador
As	 condições	 do	 mercado	 cafeeiro,	 entre	 os	 anos	 de	 1851	 e	 1908,	 va-
riaram	 muito,	 ou	 seja,	 enfrentaram	 momentos	 de	 ascensão	 e	 queda.	 Mas	 afi-
nal,	 o	 que	 provocou	 tantas	 oscilações?	 Tais	 oscilações	 podem	 ser	 explicadas	 de	
duas	 formas,	 quais	 sejam:	 (1)	 Pela	 ótica	 da	 demanda;	 e	 (2)	 Pela	 ótica	 da	 oferta.	
Iniciarei	pela	ótica	da	demanda:	Explica-se	as	oscilações	pela	ótica	da	demanda	por	meio	
dos	ciclos	que	a	economia	mundial	enfrentou.	Em	outras	palavras,	crises	ou	guerras,	por	
exemplo,	determinaram	as	oscilações	da	demanda	por	café	em	determinados	ciclos.	Já	
pela	ótica	da	oferta	têm-se	geadas	e	pragas	que	reduziram	a	oferta	e	o	investimento	em	
novos	cafezais,	em	decorrência	de	momentos	em	que	a	demanda	estava	em	alta,	aumen-
11UNIDADE I Economia Brasileira
tando-a.	Registre-se	que	ocorreu	um	descompasso	entre	o	plantio	e	a	produção,	vez	que	
neste	período	o	espaço	de	tempo	entre	plantar	e	colher	era	de	quatro	anos.
E	é	exatamente	neste	descompasso	que	um	dos	maiores	problemas	do	ciclo	ca-
feeiro	começou	a	acontecer.	O	que	ocorria	era	o	seguinte:	Quando	a	demanda	estava	alta	
e	quando	o	preço	estava	atrativo,	plantava-se	novos	cafezais,	que	só	estariam	prontos	para	
a	colheita	em	quatro	anos.	No	entanto,	ao	final	desses	quatro	anos	nem	sempre	o	mercado	
estava	atrativo	em	termos	de	preço	e	demanda.	Assim	sendo,	é	importante	esclarecer	ainda	
que	investimentos	em	novos	cafezais	só	cessaram	quando	o	mercado	começou	a	sinalizar	
excesso	de	oferta,	por	meio	de	queda	nos	preços.
12UNIDADE I Economia Brasileira
3. ANOS 1950: GETÚLIO VARGAS E O DESAFIO DA INDÚSTRIA PESADA
Como	vimos,	o	desenvolvimento	industrial	brasileiro	foi	propiciado	pelo	processo	de	
substituição	de	importações	(PSI)	que,	por	sua	vez,	enfrentou	dificuldades	em	decorrência	
de	estrangulamentos	cambiais.
Nessa	direção,	por	conseguinte,	a	lógica	do	processo	de	substituição	de	importa-
ções	foi	a	necessidade	de	avanços	e	aprofundamento	do	referido	processo,	para	que	assim	
o	Brasil	passasse	a	produzir	internamente	os	bens	de	produção.
É	 importante	 salientar	 que	 os	 anos	 50	 foram	marcados	 pela	Guerra	 Fria	 e	 que	
diante	 de	um	contexto	 de	guerra,	 tais	 como	a	 supracitada,	 países	 como	o	Brasil	 foram	
deixados	à	“própria	sorte”.	Você	deve	estar	se	perguntando:	Como	assim,	foram	deixados	
à	própria	sorte?	
SAIBA MAIS
A	Guerra	Fria	foi	uma	disputa	entre	as	duas	superpotências	da	época:	Estados	Unidos	
(EUA)	e	União	Soviética	(URSS).	Este	período	de	intensa	hostilidade	começou	em	1947	
e	foi	até	1989,	e	não	contou	com	um	conflito	armado	direto	entre	as	duas	potências.	Por	
isso	o	nome:	Guerra	Fria,	ou	seja,	o	conflito	não	chegou	a	“esquentar”	e	ir	para	o	campo	
de	batalha.	Mas	isso	não	significa	que	não	houve	combates	indiretos.	A	União	Soviética	
tinha,	em	geral,	objetivos	mais	tangíveis,	como	o	território,	enquanto	os	Estados	Unidos	
tinham	objetivos	mais	 intangíveis,	 buscando	 estabelecer	 os	 rumos	 gerais	 da	 política	
internacional.
Fonte:	POLITIZE!	Guerra	Fria:	a	guerra	 ideológica	entre	duas	potências.	 	Disponível	em:	https://www.
politize.com.br/guerra-fria/	Acesso	em	01	Mar	2021.
http://www.politize.com.br/eleicoes-presidenciais-dos-eua-em-10-passos/
https://www.politize.com.br/guerra-fria/
https://www.politize.com.br/guerra-fria/
13UNIDADE I Economia Brasileira
Meu	caro	(a)	aluno	(a),	o	Brasil	foi	deixado	à	própria	sorte	porque	passou	a	depender	
de	forma	rigorosa	do	mercado	e	dos	movimentos	privados	de	capitais	para	o	financiamento	
de	seus	déficits	em	transações	correntes	e	de	seus	projetos	desenvolvimentistas.
De	volta	ao	poder	por	meio	de	eleições	livres,	Vargas	tentou	novamente	uma	su-
peração	nacionalista	dos	estrangulamentos	do	Processo	de	Substituição	de	Importações	
(PSI)	e	das	dificuldades	à	afirmação	de	um	projeto	nacional,	embora	existissem	em	suas	
propostas	contradições	e	limitações.
Faz-se	relevante	mencionar	ainda	que	a	economia	brasileira	no	início	da	década	
de	1950,	em	decorrência	das	tentativas	de	Vargas	de	implantar	as	bases	de	uma	indústria	
pesada	no	país,	passou	a	apresentar	 resultados	 interessantes	no	conjunto	da	produção	
industrial,	tanto	no	que	diz	respeito	ao	departamento	produtor	de	bens	de	capital	e	bens	
intermediários,	quanto	ao	departamento	de	bens	de	consumo.
O	projeto	de	Vargas	vetou	as	possibilidades	de	financiamento	externo	ou	a	partici-
pação	de	capitais	estrangeiros	na	forma	de	investimentos	diretos,	daí	vem	a	denominação	
“projeto	nacionalista”.	Ou	seja,	o	financiamento	ocorreu	internamente	-	impulsionado	pela	
política	de	valorização	cambial	e	pela	transferência	dos	excedentes	do	setor	agroexportador	
para	a	indústria	-	pelas	altas	taxas	de	lucro	da	indústria.
Em	se	tratando	dos	projetos	de	infraestrutura	de	transporte	e	energia,	bem	como	de	
implantação	industrial,	faz-se	relevante	destacar	que	eles	foram	financiados	pelo	Banco	Nacio-
nal	de	Desenvolvimento	Econômico,	popularmente	conhecido	como	BNDE,	criado	em	1952.
O	período,	mais	especificamente	1953,	é	relevantemente	marcado	pela	Instrução	
70	da	Superintendência	da	Moeda	e	do	Crédito	(SUMOC),	que	por	sua	vez,	condicionava	
as	importações	aos	interesses	industriais,	mediante	leilões	de	divisas	com	câmbio	diferen-
ciado	de	acordo	com	a	essencialidade	da	importação.
É	fato	que	os	leilões	foram	uma	importante	fonte	de	arrecadação	para	o	Estado.	Ademais,	
mantiveram	a	política	cambial	de	favorecimento	das	indústrias	substitutivas	de	importações.
Assim	sendo,	pode-se	dizer	que	as	tentativas	de	implantar	o	departamento	produtor	de	
bens	de	capital	e	de	bens	intermediários,	enfrentou	dificuldades	típicas	de	um	projeto	nacionalista.
Ademais,	 é	 importante	 deixar	 registrado	 também	 que	 os	 empresários	 ficaram	
totalmente	descontentes	com	o	aumento	dos	custos	de	importações	decorrentes	da	desva-
lorização	cambial.	Por	outro	lado,	os	trabalhadores	procuraram,	em	decorrência	do	avanço	
da	industrialização,	participar	dos	ganhos	de	produtividade.
14UNIDADE I Economia Brasileira
Capitalizada	politicamente	pela	oposição,	a	novacrise	que	atingiria	a	agricultura	
cafeeira,	foi	creditada	ao	governo.	E	assim,	o	desfecho	da	crise	política	foi	o	suicídio	de	
Vargas	e	a	morte	de	um	projeto	nacional	que	mal	chegou	a	ser	implementado.
A	burguesia	 industrial	não	sustentou	politicamente	o	governo	e	as	 limitações	da	
acumulação	financeira	nacional	resultaram	em	transformações	limitadas	na	estrutura	pro-
dutiva,	impedindo	a	abertura	de	caminhos	autônomos	para	o	desenvolvimento	nacional.
Tais	 transformações,	 entretanto,	 seriam	 fundamentais	 para	 o	 posterior	 processo	
de	industrialização,	ainda	que	que	não	fosse	mais	de	cunho	nacionalista,	ou	seja,	o	capital	
privado	estrangeiro	seria	o	carro-feche	dessa	industrialização.
Com	o	suicídio	de	Vargas,	Café	Filho,	vice-presidente,	assume	o	governo	(154	-	
1955)	e	assim,	num	curto	espaço	de	tempo	têm-se	implementadas,	políticas	econômicas	
distintas,	administradas	por	dois	ministros	das	Fazenda:	Eugênio	Gudin,	conhecido	pelo	
seu	traço	ultraliberal	e	José	Maria	Whitaker,	banqueiro.
REFLITA
Você	sabia	que	a	carta-testamento	original	deixada	por	Getúlio	Vargas	está	exposta	à	
visitação	no	Museu	da	República,	no	Rio	de	Janeiro?	
Fonte:	a	autora
Gudin	não	acreditava	em	propostas	desenvolvimentistas,	ou	seja,	defendia	uma	
linha	contrária	à	linha	de	pensamento	e	gestão	de	Vargas.	Posicionava-se	como	defensor	
de	uma	política	ortodoxa,	cujas	prioridades	estariam	voltadas	para	o	controle	da	inflação	
por	meio	do	controle	de	emissão	de	moeda	e	de	crédito.
Sem	 dúvida	 nenhuma,	 a	 principal	 ação	 de	Gudin	 foi	 a	 Instrução	 113	 da	 Supe-
rintendência	 da	Moeda	 do	Crédito	 –	 SUMOC,	 que	 permitia	 que	 empresas	 estrangeiras	
instaladas	no	Brasil	importassem	máquinas	e	equipamentos	sem	cobertura	cambial.	Esse	
foi	o	mecanismo	que	Gudin	encontrou	para	eliminar	os	obstáculos,	até	então	existentes,	à	
livre	entrada	de	capital	estrangeiro.
Mas	atenção!	A	 Instrução	113	da	SUMOC	não	se	estendia	às	empresas	nacionais.	
Desta	forma,	é	fato	que	as	empresas	nacionais	ficavam	em	desvantagem,	afinal	concorriam	em	
condições	de	inferioridade	e	quase	sempre	importando	máquinas	e	equipamentos	obsoletos.
15UNIDADE I Economia Brasileira
Gudin	buscou	ainda	cortar	gastos	públicos,	com	destaque	para	 investimentos,	e	
colocou	em	prática	 uma	política	 de	 contração	monetária	 e	 creditícia.	Gudin	 perdeu	 seu	
cargo	em	abril	de	1955,	por	questões	políticas,	quando	assume	Whitaker.
Whitaker,	assume	com	um	cenário	de	“crise	bancária”,	em	decorrência	da	política	con-
tracionista	adotada	por	Gudin.	A	crise	de	liquidez	foi	resolvida	por	intermédio	do	Banco	do	Brasil.
O	 novo	 Ministro	 da	 Fazenda,	 propôs	 então	 uma	 intensa	 reforma	 cambial,	 cujo	
objetivo	era	unificar	dez	taxas	distintas,	quais	sejam:	cinco	de	importações;	quatro	de	ex-
portações	e	uma	de	mercado	livre.
Se	essa	proposta	de	 reforma	 fosse	aceita	 e	 implementada,	 a	 política	 desenvol-
vimentista	 que	 impulsionava	 o	 processo	 de	 substituição	 de	 importações	 -	 PSI,	 estaria	
derrotada.		Os	principais	candidatos	à	presidência	não	apoiaram	a	proposta.	A	plataforma	
política,	por	exemplo,	de	Juscelino	Kubitscheck	tinha,	entre	outros,	como	proposta	intensi-
ficar	o	Processo	de	Substituição	de	Importações.
Diante	da	falta	de	sustentação	política	para	as	suas	propostas,	o	Ministro	foi	exone-
rado,	sem	colocar	suas	propostas	em	prática,	entre	elas:	(a)	implementar	a	reforma	cambial;	
e	(b)	defender	os	interesses	da	cafeicultura.
16UNIDADE I Economia Brasileira
4. PLANO DE METAS DE JUSCELINO KUBITSCHEK: PLANEJAMENTO 
 ESTATAL E CONSOLIDAÇÃO DO PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO 
 DE IMPORTAÇÕES
Em	se	tratando	de	planejamento	estatal,	sem	dúvida	nenhuma	ou	sem	medo	errar,	
pode-se	dizer	que	o	Plano	de	Metas,	implementado	por	Juscelino	Kubitschek,	foi	um	caso	
bem-sucedido	de	formulação	e	implementação	de	planejamento.
O	supracitado	planejamento	estatal,	contrariamente	ao	projeto	nacionalista	ideali-
zado	por	Vargas,	articulou	consideráveis	somas	de	investimentos	privados,	tanto	de	origem	
externa	quanto	de	origem	interna.	Em	outras	palavras,	o	planejamento	estatal,	consubstan-
ciado	no	Plano	de	Metas,	atuou	com	a	predominância	de	capital	externo,	tendo	o	capital	
nacional	assumido	um	papel	menos	representativo	no	processo.
Nessa	 direção,	 investimentos	 estatais	 em	 infraestrutura	 e	 empresas	 estatais	 do	
setor	produtivo	passaram	a	estar	a	serviço	da	acumulação	privada.	 Isto	posto,	quero	 te	
fazer	um	convite,	ou	seja,	quero	te	convidar	a	voltar	rapidamente	às	suas	aulas	de	história	
do	ensino	médio,	onde	tenho	certeza	de	que	você	aprendeu	sobre	o	slogan	“50	anos	em	5”.
A	ideia	aqui	é	te	fazer	relembrar	como	teve	início	essa	proposta	de	planejamento	
estatal.	Pois	bem,	o	planejamento	estatal	começou	no	momento	em	que	praticamente	toda	
a	economia	mundial	enfrentava	duros	anos	da	Grande	Depressão.	Assim	sendo,	a	palavra	
“planejamento”	passou	a	fazer	parte	dos	debates	em	economias	capitalistas	que	até	então	
não	eram	centralmente	planejadas.
17UNIDADE I Economia Brasileira
E	assim,	 impulsionados	pela	macroeconomia	Keynesiana	e	com	a	evolução	dos	
modelos	de	crescimento,	o	planejamento	estatal	passou	a	ser	uma	realidade	em	todo	o	
mundo.	Em	outras	palavras,	iniciou-se	a	atividade	de	planejamento	no	país.
Durante	o	governo	Vargas	 (1951	 -1953)	 foi	 constituída	a	Comissão	Mista	Brasil	
Estados	Unidos	 (CMBEU),	cuja	finalidade	era	elaborar	projetos	que	por	sua	vez	seriam	
financiados	pelo	Eximbank	e	pelo	Bird.	Ademais,	em	1953,	foi	constituído	o	Grupo	Misto	
BNDE-Cepal	que	era	a	base	do	Plano	de	Metas.	O	objetivo	do	Grupo	Misto	BNDE-Cepal	
era	levantar	os	principais	pontos	de	estrangulamento	da	economia	brasileira,	além	de	iden-
tificar	áreas	industriais	com	demanda	reprimida.
Desta	forma,	em	posse	do	diagnóstico,	era	de	competência	das	comissões	a	pro-
positura	de	projetos	e	planos	direcionados	a	superação	dos	pontos	de	estrangulamentos	
identificados.	Tais	projetos	e	planos	deveriam	considerar	ainda	as	repercussões	e	as	ne-
cessidades	criadas	pela	introdução	de	novos	ramos	industriais.
O	Plano	de	metas	(1956	-	1960)	continha	um	conjunto	de	31	metas,	entre	elas	a	meta-
-síntese:	a	construção	de	Brasília.	A	maior	parte	dos	investimentos	do	governo	foram	destina-
dos	aos	setores	de	energia,	transporte,	siderurgia	e	refino	de	petróleo.	Ademais,	é	importante	
registrar	ainda	que	 foram	concedidos	subsídios	e	estímulos	à	expansão	e	diversificação	do	
setor	secundário,	produtor	de	equipamentos	e	insumos	com	alta	intensidade	de	capital.
SAIBA MAIS
Em	1956,	com	um	terreno	demarcado	no	interior	de	Goiás,	o	então	presidente	da	Repú-
blica,	Juscelino	Kubitschek,	encaminhou	ao	Congresso	Nacional	a	“Mensagem	de	Aná-
polis”,	que	propunha	o	nome	Brasília	para	a	nova	capital,	entre	outros	assuntos	ligados	
à	construção	da	cidade.	Em	1957,	o	projeto	urbanístico	de	Lucio	Costa	 foi	escolhido	
como	vencedor	dentre	26	concorrentes	ávidos	para	o	projeto	de	construção	da	nova	
capital.	Em	1957,	Juscelino	sancionou	a	lei	que	determinava	a	fundação	de	Brasília	três	
anos	depois.
Fonte:	Matias	(2021).
E	 assim,	 para	 que	 políticas	 aplicáveis	 às	 atividades	 industriais	 privadas	 fossem	
formuladas,	 criou-se	 grupos	 executivos	 que	 nada	 mais	 nada	 menos	 eram	 colegiados	
compostos	por	representantes	públicos	e	privados.	A	título	de	exemplo,	pode-se	citar:	(a)	
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/juscelino-kubitschek.htm
18UNIDADE I Economia Brasileira
GEIA	–	Automobilístico;	 (b)	GEIMAR	–	Máquinas	agrícolas	e	 rodoviárias;	e	 (c)	GEMF	–	
Exportação	de	minério	de	ferro.	
Em	se	tratando	de	gastos	públicos	e	privados,	registra-se	que	o	Plano	de	Metas	os	
financiava	por	meio	da	expansão	dos	meios	de	pagamento	e	de	crédito,	via	empréstimos	
do	BNDE.	Já	o	crédito	privado,	por	sua	vez,	para	fins	de	capital	de	giro	das	empresas	foi	
estimulado	 por	meio	 de	 repasses	 do	 Banco	 do	 Brasil,	 que	 por	 conseguinte	 pressionou	
adicionalmente	oDéficit	Público.
Tais	escolhas	resultaram	em	inflação	doméstica,	que	se	manteve	elevada	durante	
todo	o	governo	JK.	Por	outro	lado,	entre	(1957-1961),	o	produto	interno	bruto	(PIB)	cresceu	
à	taxa	anual	de	8,2%,	o	que	resultou	em	um	aumento	de	5,1%	ao	ano	na	renda	per	capita,	
superando	assim	o	objetivo	estabelecido	no	Plano	de	Metas	(LACERDA,	2010).
Isto	posto,	quero	que	você	observe	agora	o	desenvolvimento	industrial,	cujo	cres-
cimento	foi	liderado	por	dois	setores,	quais	sejam:	(a)	o	produtor	de	bens	de	capital;	e	o	(b)	
produtor	de	bens	de	consumo	duráveis.	E	pasme!	meu	querido	(a)	aluno	(a),	as	taxas	anuais	
de	crescimento	foram,	entre	1955	-	1962,	da	ordem	de	26,4%	e	23,9%,	respectivamente	
(LACERDA,	2010).
É	 importante	 ressaltar	que	o	supracitado	crescimento	se	estruturou	em	um	 tripé	
formado	 por	 (a)	 empresas	 estatais;	 (b)	 por	 capital	 privado	 estrangeiro;	 e	 (c)	 por	 capital	
privado	nacional.
Diante	 desse	 cenário,	 quero	 chamar	 a	 sua	 atenção	 ainda	 para	 as	 chamadas	
transformações	 estruturais,	 transformações	 estas	 que	 implicaram	 em	 oligopolização	 da	
economia	 brasileira.	 Em	 outras	 palavras,	 oligopolizou-se	 a	 economia	 brasileira	 quando	
os	principais	 ramos	 industriais	passaram	a	ser	constituídos	por	um	reduzido	número	de	
grandes	empresas.
O	 período	 foi	marcado	 ainda	 pela	mudança	 da	 estratégia	 de	 investimentos	 das	
grandes	corporações	estrangeiras,	que	davam	início	à	transnacionalização	e	viam	o	Brasil,	
pelo	 tamanho	de	seu	mercado	 interno,	como	um	espaço	privilegiado	para	a	atuação	de	
empresas	multinacionais.
E	não	deu	outra!	As	empresas	multinacionais	passaram	a	dominar	amplamente	a	
produção	industrial	brasileira,	em	especial	os	setores	mais	dinâmicos	da	indústria	de	trans-
formação.	O	motivo?	O	motivo	é	muito	simples.	Em	decorrência	das	escalas	de	produção	
e	da	intensidade	de	capital	que	se	fazia	necessário	foi	inevitável	a	supremacia	do	capital	
externo.	Em	outras	palavras,	coube	ao	capital	nacional	um	mero	papel	de	coadjuvante	de	
fornecedor	de	insumos	e	componentes.
19UNIDADE I Economia Brasileira
Por	outro	lado,	em	setores	como	mineração,	agricultura	e	serviços	em	geral,	em	
decorrência	de	questões	legais	ou	até	mesmo	por	estratégia	de	investimentos	das	multina-
cionais,	foi	bem	restrita	a	participação	estrangeira.
Esse	contexto	tornou	a	economia	brasileira	uma	das	mais	abertas	e	internacionali-
zadas	do	mundo.	Mas	afinal,	a	estrutura	industrial	brasileira	se	consolidou?
Vamos	por	partes.	Primeiramente	é	importante	deixar	claro	que	o	Plano	de	Metas	
estimulou	decisivamente	o	PSI,	especialmente	no	setor	de	bens	de	consumo	duráveis	e	em	
importantes	áreas	do	setor	de	bens	de	capital.	Em	segundo	lugar,	destaca-se	também	que	
a	economia	brasileira,	na	América	Latina,	foi	a	que	mais	avançou	com	o	PSI.
No	entanto,	no	início	dos	anos	60	hipóteses	sobre	o	esgotamento	do	PSI,	começaram	
a	ser	levantadas,	em	decorrência	da	diminuição	dos	seus	efeitos	sobre	a	dinâmica	industrial.
Embora	a	produção	de	bens	de	capital	e	intermediários	tivesse	crescido	de	forma	
relevante,	não	cresceu	o	suficiente	para	possibilitar	autonomia	do	processo	de	acumulação,	
ao	passo	que	o	mercado	brasileiro	era	relativamente	pequeno	e	não	sustentava	as	escalas	
de	produção	requeridas	para	a	fabricação	de	bens	de	alta	tecnologia.
Desta	forma,	as	indústrias	concentravam	seus	esforços	na	produção	de	bens	mais	
leves,	deixando	os	mais	pesados	por	 conta	das	 importações,	gerando	assim	uma	nova	
dependência	financeira	e	tecnológica	com	relação	aos	países	desenvolvidos.
Os	saldos	comerciais	começaram	a	tornar-se	negativos	em	1958	e	a	situação	foi	
agravada	em	decorrência	dos	curtos	prazos	dos	vencimentos	dos	empréstimos	externos,	
o	que	por	sua	vez	resultou	no	rompimento	entre	o	governo	JK,	o	FMI	e	o	Banco	Mundial.
Apesar	da	aposta	liberal	feita	pelo	governo	com	relação	ao	capital	estrangeiro,	os	
organismos	internacionais,	tais	como	FMI	e	Banco	Mundial,	não	aprovavam	os	pilares	do	
PSI,	quais	sejam:	(a)	protecionismo;	e	(b)	controle	das	importações.
Ademais,	 também	não	estavam	de	acordo	com	a	condução	da	política	macroe-
conômica	 –	 grandes	 déficits	 fiscais	 –	 e	 a	 política	monetária	 expansionista,	 que	 não	 se	
preocupava	com	as	taxas	de	inflação	que	eram	crescentes	no	período.
Por	conseguinte,	incorreu-se	em	queda	no	ritmo	de	crescimento	industrial	a	partir	
de	 62,	 que	 culminou	 numa	 crise	 que	 revelou	 a	 importância	 assumida	 pela	 acumulação	
industrial	no	processo	de	desenvolvimento	econômico	do	país,	na	medida	em	que	o	cresci-
mento	do	PIB	se	torna	diretamente	vinculado	ao	crescimento	da	produção	industrial.
Desta	 forma,	 o	 nível	 de	 investimentos	 passa	 a	 ser	 a	 variável	 fundamental	 para	
explicar	os	movimentos	cíclicos	da	economia.	Então,	voltando	ao	questionamento	acerca	
da	consolidação	da	estrutura	industrial	brasileira,	a	resposta	é:	não,	a	estrutura	industrial	
brasileira	não	consolidou-se,	pelo	menos,	não	totalmente.
20UNIDADE I Economia Brasileira
5. A CRISE DE 1962 – 1967, O PAEG E AS BASES DO MILAGRE ECONÔMICO
Após	um	intenso	período	(1956-1962)	de	crescimento	do	PIB,	a	economia	brasileira	
passou	a	sofrer	uma	considerável	desaceleração,	que	por	sua	vez,	perdurou	até	1967.	A	
taxa	média	de	crescimento	do	PIB	despencou,	chegando	à	metade	daquela	alcançada	no	
período	anterior.	Diante	deste	cenário,	a	inflação	atingiu	uma	taxa	anual	de	90%	em	1964.
Mas	afinal,	o	que	propiciou	tal	cenário?	São	inúmeras	as	explicações	para	a	ex-
pressiva	diminuição	do	 ritmo	de	crescimento,	entre	elas:	 (a)	a	complexidade	do	modelo	
histórico;	(b)	a	combinação	de	questões	econômicas	estruturais	com	políticas	econômicas	
conjunturais;	 e	 (c)	 a	 tradição	 estruturalista	 que	 via	 tal	 condição	 como	 uma	 crise	 cíclica	
decorrente	dos	investimentos	do	Plano	de	Metas.
Pois	bem,	diante	de	tais	explicações	é	importante	esclarecer	que	sobre	a	questão	
estrutural	atuavam	ainda	fatores	conjunturais,	entre	eles	a	ascensão	inflacionária	e	a	políti-
ca	antiinflacionária	recessiva	do	Plano	Trienal.
Assim	sendo,	tratou-se	de	uma	crise	cíclica	que	se	agravou	em	decorrência	de	ins-
tabilidades	políticas	e	pelas	políticas	de	estabilização	recessivas,	tais	como	o	Plano	Trienal	e	
o	próprio	Programa	de	Ação	Econômica	do	Governo,	popularmente	conhecido	como	PAEG.
Isto	posto,	vamos	nos	aprofundar	um	pouco	mais	sobre	as	origens	da	supracitada	
crise	política.	Nessa	direção,	primeiramente,	é	 importante	que	você	saiba	que	durante	o	
rápido	governo	de	Jânio	Quadros,	institui-se	para	enfrentamento	dos	problemas	–	acelera-
21UNIDADE I Economia Brasileira
ção	inflacionária;	déficit	fiscal;	e	pressão	sobre	o	balanço	de	pagamentos	–	herdados	por	
Jk	uma	política	econômica	bastante	conservadora.
Ademais,	com	o	intuito	de	diminuir	a	pressão	dos	subsídios	cambiais	sobre	o	déficit	
público,	em	março	de	1961,	 foi	 feita	uma	desvalorização	cambial	de	100%.	No	entanto,	
em	agosto	de	1961,	o	presidente	renunciou	abruptamente,	o	que	por	sua	vez	culminou	na	
interrupção	de	sua	política	econômica.
A	posse	de	seu	vice,	João	Goulart,	aconteceu	em	meio	a	imposições	parlamenta-
ristas,	resultado	do	veto	dos	militares.	No	final	de	1962,	Celso	Furtado	apresentou	o	Plano	
Trienal.	O	referido	plano	era	uma	resposta	política	do	governo	à	aceleração	inflacionária	e	
à	deterioração	econômica	externa.	
Adotou-se	para	combater	a	inflação	políticas	fiscal	e	monetária	de	cunho	contra-
cionista.	Elevou-se	a	carga	tributária	e	os	gastos	do	governo	em	investimentos	e	subsídios	
foram	reduzidos.	Contraiu-se	ainda	o	crédito	ao	setor	privado.	Em	suma,	implementou-se	
uma	política	de	contenção	de	gastos	públicos	e	de	liquidez.
A	tentativa	de	estabilização	não	deu	certo,	resultando	em	crescimento	negativo	do	
PIB	per	capita.	De	acordo	com	Lacerda	(2010,	p.	77)	a	economia	cresceu	apenas	0,6%	em	
1963,	com	inflação	anual	de	83,25%.	O	fim	do	governo	ocorreu	com	o	golpe	militar	de	1964.
O	regime	militarassumiu	a	direção	do	Brasil	comprometendo-se	com	a	superação	
das	políticas	populistas	de	João	Goulart.	E	assim	nasceu	o	Plano	de	Ação	Econômica	do	
Governo	–	PAEG,	que	conseguiu	reduzir	a	taxa	de	inflação	de	90%	em	1964,	para	menos	
de	30%	em	1967	(LACERDA,	2010).
No	entanto,	atenção!	É	 importante	que	você	saiba	que	entre	os	 feitos	do	PAEG	
estão	transformações	institucionais,	consubstanciadas	nas	reformas	bancária	e	tributária	e	
na	centralização	do	poder	político	e	econômico.
Registre-se	ainda	que	o	PAEG	mantinha	objetivos	básicos	do	discurso	desenvol-
vimentista,	entre	eles:	(a)	retomada	do	desenvolvimento,	via	aumento	dos	investimentos;	
(b)	estabilidade	dos	preços;	(c)	atenuação	dos	desequilíbrios	regionais;	e	(d)	correção	dos	
déficits	do	balanço	de	pagamentos.
REFLITA
Você	sabia	que	as	prioridades	imediatas	do	PAEG	eram	controlar	a	inflação	e	normalizar	
as	relações	com	os	organismos	financeiros	internacionais?
Fonte:		a	autora.
22UNIDADE I Economia Brasileira
Isto	posto,	é	 importante	que	você	entenda	que	neste	momento	o	diagnóstico	da	
inflação	brasileira	 era	 embasado	na	ortodoxia	monetarista,	 qual	 seja:	 o	 excesso	de	de-
manda	seria	causado	pela	monetização	dos	déficits	públicos,	pela	expansão	do	crédito	às	
empresas	e	pelos	aumentos	salariais	superiores	ao	aumento	da	produtividade.
Diante	deste	contexto,	executou-se	uma	política	monetária	restritiva,	com	controle	
de	emissão	monetária	e	de	crédito;	e,	especialmente,	foi	implementada	uma	dura	política	
de	contenção	salarial.	A	política	de	contenção	de	salários	foi	considerada	uma	verdadeira	
derrota	dos	assalariados	em	geral	e	acabou	provocando	um	efetivo	arrocho	salarial.
Em	se	tratando	das	políticas	monetária	e	creditícia,	segundo	Lacerda	(2010),	foram	
do	 tipo	stop-and-go,	 ou	 seja,	 alternou-se	períodos	de	expansão	da	moeda	e	do	 crédito	
com	outros	de	forte	contração	monetária,	o	que	por	sua	vez	afetou	fortemente	a	atividade	
econômica,	culminando	em	falências	e	desemprego.
Nessa	direção,	 faz-se	 relevante	destacar	ainda	que	a	 reforma	bancária	de	1965	
criou	a	estrutura	básica	do	Sistema	Financeiro	Nacional,	onde	instituiu-se	o	Banco	Central	
e	o	Conselho	Monetário	Nacional.	Por	outro	lado,	com	a	criação	das	Obrigações	Reajus-
táveis	 do	Tesouro	Nacional	 (ORTN),	 institui-se	 a	 correção	monetária,	 que	 possibilitou	 a	
convivência	com	taxas	elevadas	de	inflação.
Ademais,	a	criação	do	Sistema	Financeiro	de	Habilitação	(SFH)	e	do	Banco	Nacional	
da	Habitação	(BNH)	possibilitou	o	fomento	extraordinário	da	construção	habitacional	e	do	sa-
neamento	básico,	usando	recursos	da	poupança	e	do	Fundo	de	Garantia	por	Tempo	de	Serviço.
Em	termos	de	reforma	tributária	(1967),	aumentou-se	a	arrecadação	e	a	mesma	foi	
centralizada	no	governo	federal.	Além	dos	 impostos,	adquiriu	grande	 importância	 fundos	
parafiscais	 como	Fundo	 de	Garantia	 por	Tempo	 de	Serviço,	 o	 Programa	 de	 Integração	
Social	(PIS)	e	o	Programa	de	Assistência	ao	Servidor	Público	(Pasep).
Em	suma,	o	PAEG	foi	avaliado	como	um	programa	de	estabilização	positivo,	embo-
ra	o	mesmo	tenha	gerado	custos	para	uma	relevante	parcela	da	população.	Positivo	porque	
reduziu	a	inflação	para	20%	a.a.	e	porque	executou	um	amplo	conjunto	de	transformações	
institucionais	 fundamentais	 para	 o	 grande	 crescimento	 econômico	 que	 se	 seguiria.	 Por	
outro	lado,	as	críticas	se	mantiveram	concentradas	no	diagnóstico	da	inflação	(considerada	
de	demanda),	que	culminou	numa	política	recessiva	com	altos	custos	sociais.	
23UNIDADE I Economia Brasileira
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro	(a)	acadêmico	(a),
Estamos	terminando	nossa	primeira	unidade	do	livro	de	Economia	Brasileira	Con-
temporânea.	Vamos	relembrar	aqui,	ainda	que	brevemente,	tudo	o	que	estudamos?
Você	se	lembra	que,	num	primeiro	momento,	aprendemos	o	conceito	e	a	contextua-
lização	de	Economia	Brasileira	Contemporânea?	A	partir	desse	aprendizado	você	conseguiu	
compreender	de	que	maneira	a	economia	brasileira	caminhou	até	1967?	Pois	bem,	essa	é	
a	nossa	história,	a	nossa	base,	o	alicerce	que	sustentou	todo	o	desenvolvimento	posterior.		
Você	se	 lembra	também	que	aprendemos	sobre	a	crise	de	1930	e	o	avanço	da	 in-
dustrialização	brasileira,	bem	como	a	Gestão	Getúlio	Vargas	nos	anos	de	1950	e	o	desafio	
da	indústria	pesada?	Consegue	a	partir	de	agora	compreender	os	malefícios	e	os	benefícios	
desse	período?	Vale	relembrar	que	as	políticas	de	defesa	do	café	acabaram	implicando	em	
superprodução	e	em	o	que	Celso	Furtado	chamou	de	socialização	das	perdas,	ao	passo	que	o	
sistema	como	um	todo	acabou	pagando	a	conta	por	meio	de	um	efeito	inflacionário	expressivo.
Por	fim,	aprendemos	nessa	unidade	sobre	o	Plano	de	Metas	de	Juscelino	Kubits-
check:	planejamento	estatal	e	consolidação	do	processo	de	substituição	de	importações	e	
sobre	a	crise	de	1962	–	1967,	o	PAEG	e	as	bases	do	milagre	econômico.	Quanta	coisa	não	
é	mesmo?	Quantos	detalhes	caracterizam	o	período	estudado.
Espero	que	esse	estudo	tenha	sido	proveitoso	e	que	você	tenha	gostado	de	apren-
der	sobre	a	economia	brasileira.	Vamos	para	a	unidade	II?	O	roteiro	é	outro,	mas	a	viagem	
continua	 sendo	 fantástica.	Nesta	 nova	 unidade	 vamos	 tratar	 dos	 planos	 de	 desenvolvi-
mento,	do	milagre	econômico	brasileiro,	de	alguns	choques	externos	e	por	fim	de	algumas	
crises,	tais	como	da	dívida	externa	e	fiscal	do	Estado
Um	forte	abraço!
Professora	Me.	Daniela	Carla	Monteiro.
24UNIDADE I Economia Brasileira
LEITURA COMPLEMENTAR
Carta-testamento de Getúlio Vargas: 63 anos de um marco nacional
“A	 carta-testamento	 é	 um	documento	 digno	de	 ser	 lido,	 porque	ele	 é	 generoso;	
ele	é	um	texto	humano;	muito	forte”,	exaltava	Leonel	Brizola,	durante	a	disputa	da	eleição	
para	prefeito	da	Cidade	do	Rio	de	Janeiro,	em	2000.	O	discurso	abordava	a	importância	
do	documento	deixado	pelo	ex-presidente	da	República,	Getúlio	Vargas,	antes	do	suicídio,	
que	 ocorreu	 em	 24	 de	 agosto	 de	 1954,	 no	Palácio	 do	Catete,	 no	Rio	 de	 Janeiro,	 com	
duas	versões:	uma	manuscrita	e	outra	datilografada.	Representativo	e	 impactante,	esse	
posicionamento	sempre	foi	ratificado	e	ecoado	por	trabalhistas	em	cada	parte	do	país.
Ao	contextualizar	o	indicativo	da	carta,	Brizola	mostrava	o	inconsequente	ataque	
que	o	trabalhista	sofria	no	período.	“Havia	um	ambiente	já	de	golpe	de	estado,	por	causa	
da	Petrobras,	dos	conflitos,	tudo	isso	aí.	Ele	sentiu.	E	não	quis	ser	humilhado.	Ele	ia	ser	
humilhado.	Ia	ser	derrubado.	Pressão	americana	muito	grande;	cresce	no	estrangeiro,	em	
outros	países.	E	ele	se	suicidou	e	deixou	aquela	carta.”
“O	dia	24	de	agosto	foi	um	dia	que	vocês	não	têm	uma	ideia	do	que	foi.	O	povo,	cho-
cado	com	a	morte	do	presidente,	porque	aquilo	vinha	de	uma	campanha,	de	uma	pressão	
de	campanha	terrível,	que	ele,	naquela	manhã	deu	fim	à	sua	vida.	E	aquilo	veio”,	explicou,	
ao	completar:	“Ele	entregou	a	carta-testamento	para	João	Goulart	e	mandou	que	ele	saísse	
daqui,	porque	ele	achava	que	eles	 iam	destruir	a	carta-testamento.	Mas	houve	ação	de	
muitos	 companheiros	naquela	hora,	 e	 fizeram	a	Rádio	Nacional	 ler	 a	Carta-testamento.	
Bom,	foi	um	estouro.”
Segundo	o	 líder	pedetista,	a	divulgação	da	morte	potencializou	a	 reação	da	po-
pulação.	“Vocês	sabem	que	o	povo	saiu	em	fúria	pelas	ruas,	por	toda	a	parte,	quebrando	
tudo.	Compreendeu?	Quebrando	tudo.	Quebraram	os	jornais	inimigos,	os	jornais	de	Cha-
teaubriand;	 queimaram	 consulados	 americanos;	 o	 que	 era	 firma	 americana,	 quebraram	
tudo,	incendiaram.	O	próprio	Exército	só	depois,	mais	tarde	(quando	amainou	um	pouco	a	
situação)	é	que	saiu	nas	ruas.”
O	ex-senador	e	antropólogo,	Darcy	Ribeiro,	ratificava	que	Getúlio	foi	o	maior	dos	
estadistas	 brasileiros.	 “Foi	 também	 o	mais	 amado	 pelo	 povo	 e	 o	mais	 detestado	 pelas	
elites.	Tinha	de	ser	assim.	Getúlio	obrigou	nosso	empresariado	urbano	de	descendentes	
de	senhores	de	escravos	a	reconhecer	os	direitos	dos	trabalhadores.	Os	politicões	tradicio-
25UNIDADEI Economia Brasileira
nais,	coniventes,	senão	autores	da	velha	ordem,	banidos	por	ele	do	cenário	político,	nunca	
o	perdoaram”,	indicou.
Para	ele,	Getúlio	governou	o	Brasil	durante	15	anos	sob	a	legitimação	revolucioná-
ria,	foi	deposto,	retornou,	pelo	voto	popular,	para	mais	cinco	anos	de	governo.	“Enfrentou	
os	poderosos	 testas-de-ferro	das	empresas	estrangeiras,	que	se	opunham	à	criação	da	
Petrobras	e	da	Eletrobrás,	e	os	venceu	pelo	suicídio,	deixando	uma	carta-testamento,	que	
é	o	mais	alto	e	mais	nobre	documento	político	da	história	do	Brasil”,	acrescentou,	ao	consi-
derar	o	documento	essencial	na	história	brasileira	contemporânea.
Darcy	relata	ainda	que	o	efeito	do	suicídio	de	Getúlio	foi	uma	revirada	completa.	
Segundo	ele,	a	opinião	pública,	antes	anestesiada	pela	campanha	da	imprensa,	percebeu	
que	se	tratava	de	um	golpe	contra	os	interesses	nacionais	e	populares.	“Era	a	direita	que	
estava	assumindo	o	poder	e	que	Getúlio	fora	vítima	de	uma	vasta	conspiração.	Os	testas-
-de-ferro	das	empresas	estrangeiras	e	o	partido	direitista,	que	esperavam	apossar-se	do	
poder,	entraram	em	pavor	e	refluíram.	As	forças	armadas	redefiniram	sua	posição,	o	que	
ensejou	condições	para	a	eleição	de	Juscelino	Kubitscheck”,	ponderou.
No	relato	do	enterro,	uma	passagem	emocionante.	“O	translado	do	corpo	de	Ge-
túlio,	do	Palácio	do	Catete	até	o	Aeroporto	Santos	Dumont	foi	a	maior,	a	mais	chorosa	e	
mais	dramática	manifestação	pública	que	se	viu	no	Brasil.	Pode-se	avaliar	bem	o	pasmo	
e	a	revolta	do	povo	brasileiro	ante	esta	série	de	acontecimentos	trágicos,	que	induziram	
seu	líder	maior	ao	suicídio	como	forma	extrema	de	reverter	a	sequência	política	que	daria	
fatalmente	o	poder	à	direita
Fonte:	Ribeiro	(2017)
26UNIDADE I Economia Brasileira
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título:	Economia	Brasileira
Autor:	Antônio	Corrêa	de	Lacerda
Editora:	Saraiva	–	4.	Ed.	2010
Sinopse:	Partindo	da	economia	colonial,	passando	pela	expansão	
cafeeira	e	abordando	o	processo	de	substituição	de	importações,	
desde	as	origens	do	processo	de	 industrialização	até	o	 II	PND,	
Economia	Brasileira	abrange	 todos	os	 tópicos	essenciais	para	a	
compreensão	do	atual	estágio	do	país.	Tendo	como	enfoque	a	co-
bertura	do	programa	da	disciplina,	sem	se	deter	exageradamente	
em	aspectos	inerentes	a	outras	matérias,	discute	detalhadamente,	
de	forma	sem	similar	em	outros	livros-texto	da	matéria,	o	período	
recente.	De	forma	didática	e	clara,	os	autores	elucidam	questões	
como	a	crise	e	a	hiperinflação	dos	anos	1980	e	os	desequilíbrios	
gerados,	bem	como	as	 iniciativas	heterodoxas	de	combate	à	 in-
flação,	e	os	anos	1990,	com	a	implementação	de	políticas	de	mo-
dernização	que	incorporam	os	princípios	de	rigidez	orçamentária,	
abertura	comercial	e	estabilização	da	moeda,	além	de	apresentar	
um	retrato	minucioso	do	Brasil	atual,	 ilustrado	com	os	principais	
indicadores	socioeconômicos.	A	alta	qualidade	do	texto,	a	atuali-
zação	de	todos	os	dados	estatísticos	e	a	abordagem	inovadora	e	
profunda	da	matéria,	expostas	de	maneira	absolutamente	sucinta	
e	 fácil,	 fruto	da	reconhecida	capacidade	dos	autores,	 todos	com	
relevantes	contribuições	acadêmicas,	 fazem	de	Economia	Brasi-
leira	uma	nova	e	definitiva	referência	na	área.
FILME/VÍDEO
Título:	Getúlio
Ano:	2014
Sinopse:	Getúlio	Vargas	passa	seus	16	últimos	dias	pressionado	
por	uma	crise	política	em	decorrência	das	acusações	de	que	teria	
ordenado	o	atentado	contra	Carlos	Lacerda.	O	presidente	avalia	
os	riscos	existentes	até	tomar	a	decisão	de	se	suicidar.
27
Plano de Estudo:
●	Ditadura	Militar	no	Brasil;
●	Década	perdida;
●	Planos	de	estabilização	instituídos	no	Brasil	após	1985	até	1989.
Objetivos da Aprendizagem:
●	Apresentar	como	se	instituiu	e	se	desenvolveu	a	ditadura	militar	no	Brasil;
●	Compreender	a	década	perdida;
●	Analisar	os	planos	de	estabilização	instituídos	no	Brasil	após	1985	até	1989.
UNIDADE II
Desenvolvimento Econômico
Professora Ma. Daniela Carla Monteiro
28UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
INTRODUÇÃO
Olá,	caro	 (a)	acadêmico	 (a),	 seja	bem-vindo	 (a)	a	segunda	unidade	do	Livro	de		
Economia	Brasileira	Contemporânea.	Nesta	unidade,	você	estudará	o	crescimento	econô-
mico	alcançado	durante	a	ditadura	militar,	os	retrocessos	enfrentados	na	década	de	80	e	os	
Planos	de	Estabilização	instituídos	no	Brasil	após	1985	até	1989.	
	A	 aprendizagem	em	questão	 é	 fundamental	 para	 o	 entendimento	 da	 economia	
brasileira	 contemporânea,	 bem	como	para	uma	melhor	 compreensão	dos	assuntos	que	
serão	estudados	nas	unidades	posteriores.	O	período	aqui	estudado,	ainda	é	muito	vivo	
na	memória	de	muitos	brasileiros.	Começando	pelo	período	da	ditadura,	não	há	como	não	
trazer	à	tona	discussões	que	envolvem	crescimento	econômico	de	um	lado	e	repressão	e	
autoritarismo	de	outro.	Ademais,	não	há	como	não	se	tratar	de	uma	década,	que	ficou	co-
nhecida	como	a	década	perdida,	justamente	após	a	economia	brasileira	ter	experimentado	
taxas	consideráveis	de	crescimento.	Por	fim,	mas	não	menos	importante,	não	há	como	não	
discutir	cada	um	dos	planos	de	estabilização	instituídos	no	Brasil	após	1985	até	1989.
Assim,	visando	atingir	os	objetivos	de	aprendizagem	elencados	para	esta	unidade,	
ela	foi	dividida	em	três	tópicos.	No	primeiro	tópico,	será	abordado	o	período	que	foi	marcado	
pela	ditadura	militar.	Neste	tópico,	você	aprenderá	sobre	quem	apoiou	o	golpe	de	64,	quem	
foram	os	presidentes	militares,	quais	foram	as	consequências	da	ditadura,	entre	outros.	No	
segundo	tópico,	por	sua	vez,	você	aprenderá	sobre	o	período	que	ficou	conhecido	como	a	
década	perdida.	Por	fim,	no	terceiro	e	último	tópico,	você	aprenderá	acerca	dos	planos	de	
estabilização	instituídos	no	Brasil	após	1985	e	até	1989,	quais	sejam:	(a)	Cruzado	I	e	II;	(b)	
Plano	Bresser;	e	(c)	Plano	Verão.
Espero	que	você	absorva	o	máximo	de	conhecimento	possível	sobre	esses	períodos	
tão	importantes	para	a	nossa	história,	pois	o	conhecimento	adquirido	aqui	será	fundamental	
não	somente	para	você	se	tornar	um	bom	economista,	mas	também	para	você	conhecer,	
enquanto	cidadão	ativo	em	nosso	país,	os	 importantes	acontecimentos	que	marcaram	a	
nossa	história.		
Bons	estudos	e	um	forte	abraço!
Professora	Me.	Daniela	Carla	Monteiro.
29UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
1. DITADURA MILITAR NO BRASIL 
A	ditadura	militar	esteve	presente	no	Brasil	de	1964	a	1985.	Instaurada	por	meio	de	
um	golpe	organizado	por	militares,	pelo	empresariado	brasileiro	e	com	o	apoio	dos	Estados	
Unidos	da	América,	este	regime	depôs	o	então	presidente	João	Goulart.	A	ditadura	militar	no	
Brasil,	ainda	é	lembrada	pelo	autoritarismo	e	pela	repressão	que	se	instituiu	nos	21	anos	de	
sua	vigência.	Além	da	derrubada	do	supracitado	presidente,	o	golpe	previa	ainda	o	cercea-
mento	do	projeto	trabalhista,	projeto	este	que	visava	desenvolvimento	e	bem-estar	social.
João	Goulart	assumiu	a	presidência	do	Brasil	enquanto	vice-presidente	porque	o	
então	Presidente	Jânio	Quadros	abriu	mão	de	sua	gestão	em	agosto	de	1961.	A	Constituição	
federal	vigente	no	período,	ou	seja,	a	Constituição	de	1946,	previa	que	o	vice-presidente	
deveria	 assumir	 a	 gestão	do	país	 em	caso	de	 renúncia.	No	entanto,	 os	militares	 foram	
contrários	a	tal	determinação,	o	que	por	sua	vez	resultou	em	uma	campanha	que	ficou	co-
nhecida	como	campanha	da	legalidade	ao	passo	que	os	militares	insistiam	em	não	acatar	
o	que	a	Constituição	Federal	previa.	Nessa	direção,	Jango	só	chegou	ao	poder	porque	a	
referida	campanha	garantiu	a	sua	posse.
Mas,	sua	posse	aconteceu	mediante	algumas	restrições,	pois	após	o	risco	de	se	
vivenciar	uma	guerra	civil,	optou-se	pela	adoção	de	um	regime	parlamentarista.	Em	outras	
palavras,	permitiu-se	a	posse	de	João	Goulart,	no	entanto,	essa	posse	foi	permitida	me-
diante	um	regime	parlamentarista	que	por	sua	vez	reduzia	os	direitos	políticos	do	então	
presidente.	Em	janeiro	de	1963,	retornou	ao	Brasil	o	presidencialismo	e	assim	Jango	co-
30UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
meçoua	governar	com	mais	autonomia	e	colocou	em	prática	uma	agenda	reformista.	Jango	
propunha	reformas	estruturais	e	essas	reformas	ficaram	conhecidas	como	reformas	de	base.	
Mas	afinal,	o	que	exatamente	as	reformas	de	base	pretendiam?	As	reformas	de	
base	 pretendiam	 promover	 mudanças	 em	 áreas	 consideradas	 essenciais,	 entre	 elas	 a	
educacional,	a	habitacional	e	a	agrária.	Ao	contrário	do	que	muitos	acreditam,	a	área	mais	
debatida,	principalmente	pelo	 fato	dela	 interferir	em	 interesses	de	grandes	 latifundiários,	
foi	a	agrária.	Desta	forma,	pode-se	afirmar	que	a	área	agrária	foi	a	que	mais	desgastou	o	
governo	Jango.		Em	outras	palavras,	a	questão	agrária	selou	o	destino	do	então	presidente,	
pois	seus	apoiadores,	por	não	concordarem	com	suas	propostas	de	reforma	agrária,	deixa-
ram	de	apoiá-lo	e	passaram	a	pertencer	à	oposição.	
Mas,	atenção,	não	se	deve	atribuir	somente	às	reformas	de	base	toda	responsabi-
lidade	ao	desgaste	atribuído	ao	governo	Jango.	A	título	de	exemplo,	pode-se	citar	a	lei	de	
remessas	de	lucros	que	foi	criada	em	1962	e	que	também	desagradou	interesses	americanos	
no	Brasil,	daí	é	que	vem	o	apoio	dos	Estados	Unidos	da	América	ao	golpe	de	1964.	Em	outras	
palavras,	os	Estados	Unidos	da	América	apoiou	o	golpe	de	1964,	porque	viu	seus	interesses	
serem	fortemente	afetados	pela	supracitada	lei.	A	lei	em	questão	proibia	que	as	empresas	
estadunidenses,	instituídas	no	Brasil,	enviassem	mais	de	10%	dos	lucros	obtidos.
João	Goulart	tinha	fama	de	comunista,	principalmente	pelo	fato	de	o	mesmo	rela-
cionar-se	com	sindicalistas.	Ademais,	as	propostas	de	Goulart	eram	vistas	como	propostas	
radicais,	propostas	estas	que	objetivavam	promover	desenvolvimento	e	conter	desigualda-
des.	Assim	sendo,	é	fato	que	as	escolhas	de	Goulart	não	agradavam	o	empresariado	brasi-
leiro	ao	passo	que	este	grupo	acreditava	que	as	propostas	de	Goulart	atingiam	diretamente	
os	seus	 interesses,	principalmente	quando	o	assunto	era	política	 trabalhista.	E	assim,	a	
oposição,	agora	pertencente	ao	partido	União	Democrática	Nacional	 (UDN),	articulou-se	
para	retomar	o	poder	a	qualquer	custo.
REFLITA
	Você	sabia	que	os	EUA	consideravam	parte	das	políticas	propostas	por	Jango,	políticas	
de	cunho	comunista?
Fonte:	a	autora.
31UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
Mas	afinal,	quem	pagou	essa	conta?	Ou	seja,	quem	financiou	a	articulação	que	
derrubou	o	presidente?	A	resposta	para	esta	questão	é	muito	simples,	isto	é,	os	financia-
mentos	foram	realizados	por	duas	instituições,	quais	sejam:	o	instituto	brasileiro	de	ação	
democrática	e	instituto	de	pesquisa	e	estudos	sociais.	O	primeiro	instituto	contribuiu	com	
investimentos	em	candidatos	conservadores;	o	segundo,	por	sua	vez,	 investiu	em	mate-
rial	publicitário	acerca	de	como	andava	o	país.	Registre-se	que	o	instituto	de	pesquisa	e	
estudos	sociais	era	mantido	financeiramente	pelo	empresariado	brasileiro.	Não	obstante,	
é	importante	deixar	claro	que	os	Estados	Unidos	da	América	também	apoiaram	financeira-
mente	o	golpe	contra	Jango.	No	entanto,	não	foi	só	com	o	dinheiro	dos	Estados	Unidos	da	
América	que	se	pode	contar,	ou	seja,	os	militares	também	contaram	com	o	apoio	militar	dos	
estadunidenses,	caso	a	ação	preparada	contra	Jango	não	desse	certo.		
A	 gota	 d’água	 para	 o	 golpe	 se	 deu	 através	 de	 um	 comunicado	 pelo	 presidente	
em	um	comício	da	central	do	Brasil	onde	João	Goulart	afirmou	categoricamente	que	as	
reformas	por	ele	proposta	aconteceriam	por	bem	ou	por	mal,	o	que	por	sua	vez	fez	com	que	
os	grupos	que	se	posicionavam	contra	o	presidente	começassem	a	agir.	Desta	forma,	para	
conter	o	presidente	foi	organizada	uma	passeata	denominada	de	família	com	Deus	pela	
liberdade.	Esta	passeata	foi	realizada	em	São	Paulo	e	contou	com	um	considerável	número	
de	pessoas.	Essa	considerável	adesão	à	passeata,	deixou	claro	a	existência	de	milhares	de	
adeptos	àqueles	que	se	declararam	opositores	de	João	Goulart.	
SAIBA MAIS
Cada	vez	mais	temerosos	das	atitudes	de	Goulart,	os	militares,	liderados	pelo	chefe	do	
Estado-Maior	do	Exército,	general	Castelo	Branco,	implementaram	no	final	do	mês	de	
janeiro,	à	revelia	do	presidente,	um	Acordo	Militar	com	os	Estados	Unidos.	Esse	acordo,	
sob	a	forma	de	um	ajuste	pormenorizado,	previa	a	necessidade	de	assistência	ao	Brasil	
para	enfrentar	ameaças,	atos	de	agressão	ou	quaisquer	outros	perigos	à	paz	e	à	segu-
rança,	conforme	os	compromissos	assinalados	na	carta	da	Organização	dos	Estados	
Americanos	(OEA).
Fonte:	JOÃO	Goulart.	2001.	Disponível	em:	https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/biografias/joao_
goulart.	Acesso	em:	07	maio	2021.
32UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
E	assim,	em	31	de	março	de	1964,	iniciou-se	uma	rebelião	militar.	Essa	rebelião	foi	
crescendo	dia	após	dia	e	o	presidente	se	manteve	inerte,	o	que	fez	com	que	parlamentares	
se	reunissem	e	consolidassem	o	golpe,	declarando	assim	“vaga”	a	cadeira	da	presidência.
O	primeiro	presidente,	provisório,	que	tivemos	nesse	processo	foi	Ranieri	Mazzi.	Em	
eleições	diretas,	foi	escolhido	como	presidente	da	ditadura	Humberto	Castello	Branco	que	
governou	de	1964	a	1967.	Posteriormente	tivemos,	Artur	Costa	e	Silva	(1967-1969);	Emílio	
Gastarrazu	Médici	 (1969-1974);	Ernesto	Geisel	 (1974-1979);	e	João	Figueiredo	 (1979	–	
1985).	O	mapa	mental	abaixo,	apresenta	de	forma	simples	e	descomplicada,	etapas	desse	
importante	regime.	
FIGURA 01: AS PRINCIPAIS ETAPAS DO REGIME MILITAR
Fonte:	SILVA,	Daniel	Neves.	“Ditadura	Militar	no	Brasil”;	Brasil	Escola.	
Disponível	em:	https://brasilescola.uol.com.br/historiab/ditadura-militar.htm.	Acesso	em	19	de	abril	de	2021.
Isto	posto,	saliento	que	muitos	foram	os	acontecimentos	que	marcaram	a	ditadura	
militar,	acontecimentos	esses	que	entraram	para	a	nossa	história	e	que	ainda	vivem	na	
memória	de	muitos	brasileiros.	Entre	esses	acontecimentos	estão:	(a)	repressão,	repressão	
esta	justificada	em	nome	da	segurança	nacional,		(b)	tortura	contra	opositores,	entre	outros.	
Em	termos	econômicos,	as	fases,	gestão	e	atuação	de	cada	militar	que	governou	o	Brasil,	
33UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
foi	bem	diferente,	ou	seja,	cada	uma	teve	a	sua	particularidade.	E	assim,	ao	final	desses	21	
anos	em	que	o	Brasil	manteve-se	nas	mãos	de	militares,	tivemos:
(a)	Inflação	elevada;
(b)	Endividamento;	e
(c)	Desigualdade	social	considerável.	
O	percurso	para	alcançar	tal	saldo	foi:	
(1)	Contenção	de	gastos,	entre	1964	e	1967,	que	repercutiu	em	desaquecimento	do	
consumo	e	arrocho	no	salário	dos	trabalhadores;	
(2)	O	período	denominado	de	milagre	econômico,	entre	1968	–	1973,	onde	viven-
ciou-se	expansão	do	crédito	e	do	consumo,	crescimento	econômico	considerável	e	realiza-
ção	de	grandes	obras	públicas;	
(3)	Continuidade	da	política	advinda	do	período	do	milagre,	entre	1974-1980,	com	
proposta	de	diversificação	de	matriz	energética	e	desenvolvimento	industrial,	via	endivida-
mento	governamental;	e	
(4)	Tentativas	frustradas,	entre	1980-1985,	de	controlar	a	inflação	e	a	dívida	externa.
34UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
2. DÉCADA PERDIDA (1979 – 1989) 
Década	perdida,	este	foi	o	nome	dado	à	década	de	80.	Mas	na	final	porque	a	dé-
cada	de	80	foi	chamada	assim?	Muitos	acontecimentos	tanto	no	Brasil	quanto	no	exterior	
impactaram	 a	 economia	 brasileira	 e	 foi	 justamente	 esses	 impactos	 que	 denominaram	 a	
supracitada	década.	Registre-se	que	neste	período	tentativas	de	se	implementar	políticas	de	
cunho	monetário	para	estabilizar	a	economia	fracassaram	e	assim	a	tão	sonhada	estabiliza-
ção	não	aconteceu.	Ademais	o	período	foi	marcado	ainda	por	uma	estagnação	econômica,	
estagnação	essa	marcada	por	um	tímido	crescimento	do	PIB,	inflação	elevada,	retração	da	
produção	industrial,	entre	outros.		Não	obstante,	outros	países	latino-americanos	enfrentaram	
a	mesma	dificuldade,	 isto	é,	os	problemas	enfrentados	pelo	Brasil	no	período	em	questão	
foram	exatamente	os	mesmos	problemas	enfrentados	por	outras	nações	latino-americanas.REFLITA
Você	sabia	que	a	Década	Perdida	se	tornou	um	grande	marco	no	Brasil,	principalmente	
por	ter	sucedido	o	período	que	ficou	conhecido	como	“milagre	econômico	brasileiro”	?
Fonte:	a	autora.
35UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
Mas	afinal,	quais	eram	exatamente	esses	problemas?	Pode-se	dizer	que	os	proble-
mas	enfrentados	pelo	Brasil	e	por	outras	economias	se	resumiam	em	alta	volatilidade	dos	
mercados	e	intensificação	da	desigualdade	social,	em	decorrência	do	acentuado	processo	
inflacionário	vivenciado.	Registre-se	ainda	que	a	década	perdida	é	caracterizada	por	taxas	
de	juros	internacionais	elevadas	que	implicaram	em	aumento	da	dívida	entre	Brasil	e	Esta-
dos	Unidos,	isto	é,	vivenciou	se	aumento	do	déficit	público,	da	dívida	interna	pois	o	governo	
adotou	uma	política	fiscal	expansionista	que	contribuiu	para	tal	feito.
Nessa	direção,	pode-se	dizer	que	na	década	perdida	o	Brasil	vivenciou	aconteci-
mentos	muito	ruins,	entre	eles,	diminuição	do	PIB,	desemprego,	aumento	da	dívida	externa,	
inflação	e	queda	da	renda	per	capita.	Desta	forma,	a	situação	pela	qual	o	Brasil	passou,	
pode	ser	considerada	como	uma	situação	muito	desconfortável.	E	assim,	o	final	da	década	
perdida,	entre	outros,	foi	marcado	pela	ampliação	do	processo	de	abertura	da	economia	
brasileira.	Ademais,	no	último	ano	da	supracitada	década,	o	Brasil	voltou	a	votar,	e	escolheu	
como	presidente	da	 república	Fernando	Collor	 de	Mello,	 governo	que	estudaremos	nas	
próximas	unidades.	
36UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
3. PLANOS DE ESTABILIZAÇÃO INSTITUÍDOS NO BRASIL APÓS 1985 ATÉ 1989
	 		3.1. Plano Cruzado
O	plano	Cruzado	foi	um	plano	de	estabilização	instituído	em	fevereiro	de	1986,	sob	
a	gestão	do	presidente	José	Sarney.	O	objetivo	da	instituição	do	plano	era	controlar	a	infla-
ção.	Inicialmente	o	plano	foi	bem	sucedido,	o	que	significa	dizer	que	a	inflação	cedeu	e	caiu,	
no	entanto,	logo	voltou	a	crescer.	Atribui-se	a	essa	retomada	da	aceleração	inflacionária	a	
ausência	de	reformas	monetárias,	fiscais	e	estruturais	necessárias.	Registre-se	ainda	que	
a	demanda	agregada	aumentou	além	da	capacidade	de	produção	da	economia.
Considerado	um	plano	heterodoxo,	adotou	as	medidas	discriminadas	no	Quadro	01.	
QUADRO 01: PRINCIPAIS MEDIDAS DO PLANO CRUZADO
Medidas Descrição
Introdução	de	nova	
moeda
A	unidade	do	sistema	monetário	brasileiro	passou	
a	 ser	 o	 cruzado,	 em	 substituição	 ao	 cruzeiro.	A	
conversão	de	valores	expressos	em	cruzeiros	para	
cruzados	foi	fixada	à	razão	de	mil	cruzeiros	para	
cada	cruzado.
37UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
Regra	de	conversão	de	
obrigações	contratuais
Critérios	distintos	foram	aplicados	para	as	obriga-
ções	 contratadas	 com	 cláusulas	 de	 indexação	 e	
àquelas	que	não	previam	tal	cláusula.	No	caso	de	
obrigações	sem	cláusula	de	indexação,	ficou	esta-
belecido	que,	a	partir	do	dia	3	de	março	de	1986,	
o	cruzado	 teria	uma	valorização	diária	de	0,45%	
em	relação	ao	cruzeiro,	equivalente	a	uma	inflação	
mensal	de	14,42%	da	antiga	moeda.	Para	as	obri-
gações	com	cláusula	de	 indexação,	a	conversão	
foi	efetuada	em	duas	etapas.	Na	primeira,	os	valo-
res	em	cruzeiros	foram	atualizados	para	cruzeiros	
do	dia	28	de	fevereiro	de	1986,	mediante	a	aplica-
ção	pro	rata	da	correção	monetária.	Na	segunda	
etapa,	os	valores	assim	obtidos	foram	convertidos	
para	cruzados	à	razão	de	um	cruzado	para	cada	
mil	cruzeiros.	Esse	procedimento	foi	usado	para	a	
conversão	dos	saldos	das	cadernetas	de	poupan-
ça,	 do	 Fundo	 de	Garantia	 do	Tempo	 de	 Serviço	
(FGTS)	e	do	Fundo	de	Participação	PIS/PASEP.
Congelamento	de	pre-
ços
Todos	os	preços	foram	congelados,	e	nomeou-se	
também	 como	 agente	 fiscalizador	 qualquer	 pes-
soa	do	povo.	O	congelamento	poderia	ser	suspen-
so	por	ato	do	Poder	Executivo.
Desindexação
A	 Obrigação	 Reajustável	 do	 Tesouro	 Nacional	
(ORTN),	que	era	corrigida	mensalmente	pela	taxa	
de	 inflação,	 foi	extinta.	Em	seu	 lugar	 foi	criada	a	
Obrigação	do	Tesouro	Nacional	(OTN),	cujo	valor	
foi	congelado	até	o	dia	3	de	março	de	1987.	O	uso	
de	cláusula	de	correção	monetária	nos	contratos	
com	 prazos	 inferiores	 de	 um	 ano	 foi	 proibido.	A	
correção	monetária	para	a	caderneta	de	poupança	
e	para	os	 fundos	de	poupança	 forçada	 (FGTS	e	
PIS/PASEP)	foi	mantida.
Conversão	dos	salários	
para	cruzados
Os	salários	foram	convertidos	para	cruzados	pelos	
seus	valores	reais	médios,	de	acordo	com	o	Índice	
Nacional	de	Preços	ao	Consumidor	(IPCA),	do	Ins-
tituto	Brasileiro	de	Geografia	e	Estatística	(IBGE).	
Ao	valor	real	médio	foi	acrescido	um	abono	de	8%.	
O	valor	fixado	para	o	salário	mínimo	incorporou	um	
abono	de	16%.
Indexação	dos	salários
Os	salários	foram	indexados	de	acordo	com	uma	
escala	móvel,	que	reajustaria	automaticamente	o	
salário	toda	vez	que	a	inflação	acumulada	alcan-
çasse	20%.	Nas	datas-base	do	 reajuste	de	cada	
categoria	profissional,	os	salários	 teriam	um	 rea-
juste	de,	no	mínimo,	60%	da	variação	acumulada	
de	60%	da	inflação,	medida	pelo	índice	de	preços	
ao	consumidor	do	IBGE.
38UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
Conversão	dos	alu-
guéis,	prestações	do	
Sistema	Financeiro	de	
Habitação	e	mensalida-
des	escolares
Estes	preços	foram	convertidos	para	cruzados	de	
acordo	com	o	princípio	do	valor	real	médio.
Política	cambial
A	taxa	de	câmbio	foi	utilizada	como	âncora	do	sis-
tema	 e	 o	 seu	 valor	 foi	 fixado	 em	 13	 cruzados	 e	
80	centavos	por	dólar.	Porém,	este	 valor	não	 foi	
congelado,	pois	o	Banco	Central	do	Brasil	poderia	
alterá-lo	a	qualquer	momento.
Fonte:	adaptado	de	Modiano	(1986).	
Mas	afinal,	o	que	foi	que	deu	errado?	De	acordo	com	especialistas	e	estudiosos	do	
assunto,	o	que	deu	errado	no	Plano	Cruzado	foi	a	forma	como	a	inflação	foi	diagnosticada	
pela	equipe	econômica.	Em	outras	palavras,	o	remédio	(medidas)	era	bom,	mas	a	doença	
era	outra.	Diagnosticaram	a	inflação	como	sendo	do	tipo	inercial,	mas	não	se	preocuparam	
com	a	política	fiscal,	pois	na	visão	inercialista	da	inflação	o	déficit	público	e	o	financiamento	
não	se	relacionavam	com	a	questão	inflacionária.
SAIBA MAIS
Após	os	primeiros	meses	do	Plano	Cruzado,	o	estrangulamento	no	abastecimento	de	
alguns	produtos	assumiu	tamanha	intensidade,	que	seria	duvidoso	atribuí-lo	apenas	à	
expansão	do	consumo.	Seguramente,	decisões	empresariais	contribuíram	para	tal	de-
sequilíbrio.	Outro	fato	marcante	foi	a	persistência	de	expressivos	superávits	comerciais,	
colaborando	 para	 a	 sustentação	 do	 clima	 otimista	 e	 atendimento	 aos	 compromissos	
com	a	dívida	externa.	
Até	setembro	de	1986,	o	desempenho	da	Balança	Comercial	difundiu	a	crença	na	possi-
bilidade	de	o	país	honrar	o	serviço	da	dívida,	sem	comprometer	o	ritmo	de	crescimento	
econômico.	Esse	otimismo	não	era	 compartilhado	por	 toda	a	equipe	governamental,	
pois	o	pacote	de	julho,	já	incluía,	entre	suas	justificativas,	a	preocupação	com	o	compor-
tamento	projetado	das	contas	externas.
Fonte:	Averbug	(2005,	p.	226).
39UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
Desta	 forma,	 tendo	o	plano	cruzado	 fracassado,	um	novo	pacote	econômico	 foi	
anunciado,	cuja	denominação	foi	Plano	Cruzado	II.	E	assim	novas	medidas	foram	anuncia-
das,	sendo	elas:	
(a)	Medidas	de	estímulo	à	poupança;	
(b)	Medidas	fiscais	com	correção	de	preços;	
(c)	Outras	medidas	fiscais;	
(d)	Medidas	de	estímulo	à	exportação;	
(e)	Medidas	de	desindexação;	e	
(f)	Medidas	de	redução	da	participação	do	estado	na	economia.
Tais	medidas	 também	 fracassaram.	O	motivo?	O	motivo	 foi	 que	 novamente	 as	
origens	do	processo	inflacionário	não	foram	atacadas,	isto	é,	não	estancou-se	o	financia-
mento	do	déficit	público	via	emissão	de	moeda	e	não	alterou-se	os	regimes:	cambial,	fiscal	
e	monetário.	O	Plano	apenas	se	preocupou	em	conter	a	inflação	congelando	os	preços.				
	 		3.2. Plano Bresser
O	Plano	Bresser	 foi	criado	com	o	 intuito	de	 resolver	dois	grandes	problemas,	até	
então	não	solucionados	pelos	planos	antecessores,	quais	sejam:	(a)	déficit	público;	e	(b)	infla-
ção.	Nessadireção,	o	plano	foi	lançado	por	Bresser	Pereira,	então	Ministro	da	Fazenda,	em	
junho	de	1987.	O	plano	compreendia	tanto	componentes	heterodoxos	quanto	componentes	
ortodoxos.	Mas	afinal,	quais	foram	as	principais	medidas	adotadas	pelo	supracitado	plano?			
O	Quadro	XX,	apresenta	as	10	principais	medidas	que	caracterizaram	o	plano	Bresser.	
QUADRO 02: PRINCIPAIS MEDIDAS ADOTADAS POR MEIO DO PLANO BRESSER
Congelamento	de	salários	por	três	
meses;
Congelamento	de	preços	por	três	me-
ses;
Mudança	de	base	do	índice	de	preços	
ao	consumidor	(IPC); Desvalorização	cambial;
Congelamento	de	aluguéis;
Criação	da	URF	(união	Referencial	de	
preços)	que	corrigia	salários	com	base	
na	inflação	dos	três	meses	anteriores;
Aumento	de	tributos; Eliminação	de	subsídio	do	trigo;
40UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
Adiamento	em	obras	de	grande	porte	
planejadas;
Retomada	de	negociações	com	o	
Fundo	Monetário	Internacional	(FMI),	
suspendendo	a	moratória.
Fonte:	Elaborado	pela	autora	a	partir	de	Gremaud	et	al	(2020)
Tais	medidas	não	foram	suficientes	para	que	os	objetivos	do	plano	fossem	atingidos.	
Em	outras	palavras,	as	supracitadas	medidas	não	foram	capazes	de	conter	a	inflação	e	contro-
lar	o	déficit	público,	o	que	levou	Bresser	a	deixar	o	cargo	que	ocupava	em	dezembro	de	1988.
3.3. Plano Verão
Em	14	de	Janeiro	de	1989,	Maílson	da	Nóbrega,	ministro	da	 fazenda,	 lançou	o	
Plano	Verão.	Esse	plano	compreendia	medidas	de	cunho	econômico	cujo	fim	era	controlar	
a	inflação.	Tratava-se	de	um	ano	eleitoral,	fato	este	que	desfavorecia	ainda	mais	o	plano.		
Dentre	as	principais	medidas	adotadas	com	o	Plano	Verão,	têm-se:
(a)	Congelamento	de	preços,	salários	e	câmbio;	
(b)	Elevação	da	taxa	interna	de	juros;	
(c)	Proposta	de	ajuste	fiscal;	
(d)	Desindexação	parcial;	
(e)	Criação	da	moeda	cruzado	novo,	com	corte	de	três	zeros;	e,
(f)	Introdução	de	uma	nova	indexação	diária.
O	plano	foi	bem	sucedido?	A	resposta	é	sim	e	não.	Sim,	mas	por	apenas	um	in-
tervalo	de	tempo	muito	curto.	Taxas	de	juros	elevadas,	não	foram	capazes	de	impedir	um	
aumento	 do	 consumo,	 reflexo	 de	 um	 comportamento	 preventivo	 decorrente	 da	 falta	 de	
credibilidade	da	política	econômica.	O	cenário	de	 incertezas,	associado	às	eleições	e	a	
entrada	da	nova	Constituição	Federal,	que	vigora	até	os	dias	atuais,	fez	com	que	o	governo	
José	Sarney	se	acostumasse	a	conviver	com	a	inflação	(em	torno	de	45%	a.m.),	deixando	
essa	responsabilidade	para	a	próxima	gestão.
Em	suma,	o	Plano	Verão	manteve	preços	e	salários	estáveis	por	dois	meses,	não	
realizou	o	pagamento	da	dívida	externa,	reduziu	o	superávit	comercial	e	gerou	déficit	no	
Balanço	de	Pagamentos.	
41UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a)	acadêmico(a),	estamos	terminando	a	segunda	unidade	do	livro	de	Economia	
Brasileira	Contemporânea.	Vamos	relembrar	aqui,	ainda	que	brevemente,	tudo	o	que	estu-
damos?	Você	se	lembra	que,	num	primeiro	momento,	você	aprendeu	sobre	a	ditadura	militar	
no	Brasil?	Dos	apoiadores	do	golpe	de	64,	quem	mais	lhe	chamou	a	atenção?	Empresários,	
imprensa,	classe	média	ou	os	Estados	Unidos	da	América?	E	com	relação	aos	presidentes	
militares,	qual	deles	foi	o	mais	marcante	para	você?	Grande	parte	dos	alunos	acabam	se	
lembrando	mais	do	governo	Médici,	vez	que	foi	sob	a	gestão	dele	que	o	milagre	econômico	
brasileiro	aconteceu.	A	partir	desse	aprendizado,	você	consegue	avaliar	com	mais	precisão	
os	avanços	e	retrocessos	proporcionados	por	esse	regime?	Tenho	certeza	que	sim!					
Você	 também	 se	 lembra	 que	 sequencialmente	 aprendeu	 sobre	 a	 década	 de	
1980,	 que	 ficou	conhecida	 como	década	perdida?	A	denominação	dada	a	essa	década	
foi	decorrente	da	estagnação	que	a	economia	viveu	no	período	supracitado.	Ou	seja,	na	
década	de	80	observou-se	uma	forte	retração	da	produção	industrial,	bem	como	um	menor	
crescimento	econômico.	Por	conseguinte,	foi	alarmante	o	comportamento	de	indicadores	
que	retrataram	o	subdesenvolvimento,	tais	como	mortalidade	infantil,	falta	de	saneamento	
básico,	desnutrição,	entre	outros.	Por	fim,	mas	não	menos	importante,	você	aprendeu	sobre	
os	planos	de	estabilização	que	se	instituíram	entre	1985	e	1989,	quais	sejam:	(a)	Cruzado	
I	e	Cruzado	II;	(b)	Bresser;	e	(c)	Verão.		Embora	as	medidas	propostas	para	esses	planos	
se	diferenciassem,	o	objetivo	era	exatamente	o	mesmo	para	todos	eles,	controlar	a	inflação	
que	assolava	o	nosso	país.	
Isto	posto,	chegamos	ao	fim	de	mais	uma	unidade.	E	aí?	Preparado	para	unidade	
3?	Na	unidade	3	você	conhecerá	mais	alguns	planos	de	estabilização	e	o	plano	que	final-
mente	deu	certo,	ou	seja,	o	plano	que	colocou	a	inflação	brasileira	em	patamares	estáveis.	
Tenho	certeza	que	você	vai	adorar	conhecer	como	foi	a	idealização	do	Plano	Real.	Até	lá!
Um	forte	abraço!
Professora	Me.	Daniela	Carla	Monteiro.
42UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
LEITURA COMPLEMENTAR
Comportamento da Economia durante o Plano Cruzado
Irreconhecível!	Essa	seria	a	exclamação	de	quem	comparava	a	realidade	brasileira	
de	antes	e	depois	de	28	de	fevereiro	de	1986.	A	mudança	de	expectativa	foi	fulminante,	
graças	à	credibilidade	inspirada	pelo	Plano,	criando-se	um	arcabouço	de	apoio	popular	im-
penetrável	a	qualquer	contestação	mais	incisiva	à	nova	política	de	estabilidade	monetária.	
A	percepção	desfavorável	quanto	às	perspectivas	do	país	foi	substituída	pela	confiança	no	
futuro,	materializando,	na	população,	a	mais	rápida	e	profunda	alteração	de	humor	recen-
temente	verificada.	As	avaliações	críticas	efetuadas	por	alguns	sindicatos,	grupamentos	
políticos	e	núcleos	acadêmicos	não	alcançavam	ressonância	e	mostravam-se	pálidos	ante	
as	manifestações	de	aprovação.	Figuras	do	antigo	regime	desculpavam-se	por	não	terem	
tido	 ideia	 semelhante,	 admitindo	 que	 o	 governo	 anterior	 não	 dispunha	 de	 credibilidade	
necessária	para	implantar	política	tão	audaciosa.
Esse	primeiro	impacto	positivo	foi	consolidado	em	decorrência	da	queda	da	infla-
ção:	a	taxa	mensal	em	fevereiro	de	1986	havia	chegado	a	22,4%,	baixando	nos	três	meses	
seguintes	para	5,5%,	-0,6%	e	0,3%.	Sob	esse	clima,	várias	 transformações	surgiram	no	
organismo	econômico.	A	primeira,	ocorreu	nos	hábitos	de	poupança.	Com	o	fim	da	corre-
ção	monetária	e	dos	rendimentos	insuflados	pela	elevada	inflação,	os	frequentadores	das	
múltiplas	modalidades	de	captação	de	poupança	(salvo	a	bolsa	de	valores)	 transferiram	
seus	ativos	financeiros	a	outras	destinações,	tais	como	aumento	do	consumo,	compra	de	
imóveis	e	mercado	de	ações.
Os	recursos	canalizados	à	bolsa	de	valores	poderiam	ter	sido	fonte	de	financiamen-
to	ao	investimento	se	utilizados	na	compra	de	ações	primárias,	resultantes	de	novos	lan-
çamentos.	Porém,	privilegiaram	aquelas	já	em	poder	do	público,	promovendo	apenas	uma	
transferência	de	posse	e	tendência	à	valorização	das	cotações.	Se	essa	valorização	tivesse	
perdurado	por	 longo	 tempo,	 talvez	conseguisse	 induzir	mais	empresas	a	 recorrerem	ao	
aumento	de	capital,	via	lançamento	de	ações,	como	forma	de	financiar	seus	investimentos.
O	governo	tentou	convencer	a	população	de	que,	por	exemplo,	a	caderneta	de	pou-
pança	não	havia	perdido	rentabilidade	e	de	que	os	antigos	elevados	índices	de	valorização	
eram	ilusórios,	pois	apenas	refletiam	a	inflação.	Entretanto,	os	primeiros	meses	do	cruzado	
presenciaram	a	migração	das	disponibilidades	das	famílias	em	direção,	principalmente,	ao	
consumo,	o	que	redundou	em	incremento	também	na	demanda	por	bens	intermediários.
43UNIDADE II Desenvolvimento Econômico
Reagindo	 de	maneira	 inversa	 à	 imaginada	 pela	maioria	 dos	 observadores,	 que	
anteviam	um	arrefecimento	da	demanda	familiar,	a	população	transformou-se	em	um	con-
sumidor	quase	compulsivo.	A	previsão	de	arrefecimento	provinha	da	suposta	eliminação	de	
compras	efetuadas	precipitadamente	pelos	assalariados,	à	época	de	inflação	elevada,	em	
consequência	da	convicção	de	que	os	produtos	encareceriam.
Mas	ocorreu	exatamente	o	contrário,	em

Outros materiais