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1 É proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos, em qualquer meio de comunicação, inclusive na internet. Lei de Direitos Autorais n° 9610/98 Material protegido por direitos autorais: compartilhamento não autorizado de arquivos 2 Índice Lei 8987/95 - Serviços Públicos....................................................................................................................................................................... 4 Lei 9784/99 - Processo Administrativo....................................................................................................................................................... 14 Lei 8429/92 - Improbidade Administrativa............................................................................................................................................... 23 Lei 11079/04 - PPP............................................................................................................................................................................................. 32 Lei 8666/93 - Licitações e Contratos........................................................................................................................................................... 40 Decreto-Lei 3365/41 - Desapropriação por Utilidade Pública........................................................................................................... 72 Lei 4132/62 - Desapropriação por Interesse Social............................................................................................................................... 78 Decreto-Lei 25/37 - Tombamento................................................................................................................................................................ 82 Lei 10520/02 - Pregão...................................................................................................................................................................................... 86 Lei 9790/99 - Oscip............................................................................................................................................................................................ 88 Lei 9637/98 - Organização Social................................................................................................................................................................. 91 Lei 11107/05 - Consórcios Públicos............................................................................................................................................................. 95 Lei 12846/13 - Anticorrupção........................................................................................................................................................................ 99 Lei 13303/16 - Estatuto EP e SEM.............................................................................................................................................................. 110 Lei 12462/11 - RDC......................................................................................................................................................................................... 133 Lei 8112/90 - Servidores Públicos.............................................................................................................................................................. 143 Lei 14133/21 - Nova Lei de Licitações e Contratos............................................................................................................................. 178 3 Lei 8987/95 Servicos Públicos CONCEPÇÃO TRADICIONAL DE SERVIÇO PÚBLICO NO DIREITO BRASILEIRO – ELEMENTOS SUBJETIVO (OU ORGÂNICO) relaciona-se com a pessoa que presta o serviço público (Estado ou delegatários); MATERIAL define o serviço público como atividade que satisfaz os interesses da coletividade; FORMAL caracteriza o serviço público como ativi- dade submetida ao regime de direito pú- blico. Oliveira, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo / Rafael Carvalho Rezende Oliveira. – 8. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020, pag. 422 Capítulo I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1o As concessões de serviços públicos e de obras públicas e as permissões de serviços públicos reger-se-ão pelos termos do art. 175 da Constituição Federal, por esta Lei, pelas normas legais pertinentes e pelas cláusulas dos indis- pensáveis contratos. Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a revisão e as adaptações necessá- rias de sua legislação às prescrições desta Lei, buscando aten- der as peculiaridades das diversas modalidades dos seus ser- viços. Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Fe- deral ou o Município, em cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra públi- ca, objeto de concessão ou permissão; II - CONCESSÃO de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre ca- pacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; (LEI 14133/21) III - CONCESSÃO de serviço público PRECEDIDA DA EXE- CUÇÃO DE OBRA PÚBLICA: a construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegados pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade concorrên- cia ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da conces- sionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado; (LEI 14133/21) IV - PERMISSÃO de serviço público: a delegação, a TÍ- TULO PRECÁRIO, mediante licitação, da prestação de servi- ços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. CONCESSÃO PERMISSÃO Licitação: modalidade concorrência ou diálogo competitivo Licitação Pessoa jurídica ou consórcio de empresas Pessoa física ou jurídica Precário LEI 8666/93 LEI 8987/95 LEI 11079/04 Risco da execução é da ADMINISTRA- ÇÃO PÚBLICA Risco da execução é do CONCESSIO- NÁRIO ou PERMIS- SIONÁRIO Risco da execução é COMPARTILHA- DO entre a Admi- nistração Pública e o concessionário Art. 3o As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fis- calização pelo poder concedente responsável pela delega- ção, com a cooperação dos usuários. Art. 4o A concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra pública, será formalizada mediante contrato, que deverá observar os termos desta Lei, das nor- mas pertinentes e do edital de licitação. Art. 5o O poder concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato justificando a conveniência da ou- torga de concessão ou permissão, caracterizando seu obje- to, área e prazo. Capítulo II DO SERVIÇO ADEQUADO Art. 6o TODA concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas perti- nentes e no respectivo contrato. § 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atua- lidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modici- dade das tarifas. § 2o A atualidade compreende a modernidade das téc- nicas, do equipamento e das instalações e a sua conserva- ção, bem como a melhoria e expansão do serviço. § 3o NÃO SE CARACTERIZA COMO DESCONTINUIDA- DE do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: 4 I - motivada por razões de ordem técnica ou de segu- rança das instalações;e, II - por inadimplemento do usuário, considerado o in- teresse da coletividade. § 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no in- ciso II do § 3º deste artigo não poderá iniciar-se na sexta- feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia anterior a feriado. (LEI 14015/ 2020) É inconstitucional lei estadual que proíbe que as empresas concessionárias ou permissionárias façam o corte do forne- cimento de água, energia elétrica e dos serviços de telefonia por falta de pagamento, em determinados dias (ex: sex- tas-feiras, vésperas de feriados etc.). STF. Plenário. ADI 3824/ MS, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 02/10/2020. Resumindo a Lei nº 14.015/2020: • Em caso de inadimplemento, é possível a suspensão da prestação do serviço público, mesmo que se trate de serviço público essencial (ex: energia elétrica, água etc.); • Essa suspensão/interrupção não viola o princípio da continuidade dos serviços públicos; • Para que essa suspensão seja válida, contudo, é indispensável que o usuário seja previamente comunicado de que o serviço será desligado, devendo ser informado também do dia exato em que haverá o desligamento; • O desligamento do serviço deverá ocorrer em dia útil, durante o horário comercial; • É vedado que o desligamento ocorra em dia de feriado, véspera de feriado, sexta-feira, sábado ou domingo. • Caso o consumidor queira regularizar a situação e pagar as contas em atraso, a concessionária poderá cobrar uma taxa de religação do serviço. Essa taxa de religação, contudo, não será devida se a concessionária cortou o serviço sem prévia notificação. • Assim, se a concessionária não comunicou previamente o consumidor do corte ela estará sujeita a duas consequências: a) terá que pagar multa; b) não poderá cobrar taxa de religação na hipótese do cliente regularizar o débito. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível o corte da energia elétrica por fraude no medidor, desde que cumpridos alguns requisitos. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/ 58d2d622ed4026cae2e56dffc5818a11>. Acesso em: 25/01/2021 O corte de serviços essenciais, tais como água e energia elétrica, pressupõe o inadimplemento de conta regular, sen- do inviável, portanto, a suspensão do abastecimento em ra- zão de débitos antigos. STJ. AgRg no Ag 1320867/RJ A obrigação de pagar por serviço de natureza essencial, tal como água e energia, não é propter rem, mas pessoal, isto é do usuário que efetivamente se utiliza do serviço. STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 45.073/MG Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no aparelho medidor atribuída ao con- sumidor, desde que apurado em observância aos princí- pios do contraditório e da ampla defesa, é possível o cor- te administrativo do fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao consumidor, pelo ina- dimplemento do consumo recuperado correspondente ao período de 90 dias anterior à constatação da fraude, contanto que executado o corte em até 90 dias após o ven- cimento do débito, sem prejuízo do direito de a concessi- onária utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da dívida, inclusive antecedente aos mencionados 90 dias de retroação. STJ. (Info 634). É legítima a interrupção do fornecimento de energia elétrica por razões de ordem técnica, de segurança das instalações, ou ainda, em virtude do inadimplemento do usuário, quando houver o devido aviso prévio pela concessionária sobre o possível corte no fornecimento do serviço. STJ. REsp 1270339/SC A suspensão do serviço de energia elétrica, por empresa concessionária, em razão de inadimplemento de unida- des públicas essenciais - hospitais; pronto-socorros; es- colas; creches; fontes de abastecimento d'água e ilumi- nação pública; e serviços de segurança pública como for- ma de compelir o usuário ao pagamento de tarifa ou multa, despreza o interesse da coletividade. STJ. AgRg no AREsp A legitimidade do corte no fornecimento do serviço de tele- fonia quando inadimplentes entes públicos, desde que a in- terrupção não atinja serviços públicos essenciais para a coletividade, tais como escolas, creches, delegacias e hospitais. STJ. EDcl no REsp 1244385/BA Por ser a interrupção no fornecimento de energia elétrica medida excepcional, o art. 6º, § 3º, II, da Lei nº 8.987/95 deve ser interpretado restritivamente, de forma a permitir que o corte recaia apenas sobre o imóvel que originou o débito, e não sobre outros imóveis de proprieda- de do inadimplente. STJ. REsp 662.214/RS A divulgação da suspensão no fornecimento de servi- ço de energia elétrica por meio de emissoras de rádio, dias antes da interrupção, satisfaz a exigência de aviso prévio, prevista no art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/95. STJ. (Info 598). POSSIBILIDADE DE CORTE DE ENERGIA ELÉTRICA EM VIRTUDE DE INADIMPLEMENTO DO CONSUMIDOR DÉBITOS DECORRENTES DO CONSUMO REGULAR (ATRASO NORMAL DE PAGAMENTO) Não se admite o corte para débitos antigos (consolidados) A obrigação de pagar a conta de energia elétrica é de natureza pessoal (não é propter rem) DÉBITOS RELACIONADOS COM RECUPERAÇÃO DE CONSUMO POR RESPONSABILIDADE DA CONCESSIONÁRIA RECUPERAÇÃO DE CONSUMO POR RESPONSABILIDADE A responsabilidade do consumidor pela fraude deverá ser devidamente apurada, 5 ATRIBUÍVEL AO CONSUMIDOR (CORTE ADMINISTRATIVO POR FRAUDE NO MEDIDOR) conforme procedimento estipulado pela ANEEL (agência reguladora), assegurando-se ampla defesa e contraditório. Deverá ser concedido um aviso prévio ao consumidor; A suspensão administrativa do fornecimento do serviço deve ser possibilitada quando não forem pagos débitos relativos aos últimos 90 dias da apuração da fraude, sem prejuízo do uso das vias judiciais ordinárias de cobrança. Isso porque o reconhecimento da possibilidade de corte do serviço de energia elétrica pelas concessionárias deve ter limite temporal de apuração retroativa. Deve ser fixado prazo razoável de, no máximo, 90 dias após o vencimento da fatura de recuperação de consumo, para que a concessionária possa suspender o serviço. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível o corte da energia elétrica por fraude no medi- dor, desde que cumpridos alguns requisitos. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/58d2d622ed4026ca- e2e56dffc5818a11> Capítulo III DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS USUÁRIOS Art. 7º. Sem prejuízo do disposto na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, são direitos e obrigações dos usuá- rios: I - receber serviço adequado; II - receber do poder concedente e da concessionária in- formações para a defesa de interesses individuais ou coleti- vos; III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de serviços, quando for o caso, ob- servadas as normas do poder concedente. IV - levar ao conhecimento do poder público e da con- cessionária as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado; V - comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela concessionária na prestação do servi- ço; VI - contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos através dos quais lhes são prestados os ser- viços. Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de direito público e privado, nos Estados e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de 6 datas opcionais para escolherem os dias de vencimento de seus débitos. Capítulo IV DA POLÍTICA TARIFÁRIA Art. 9o A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservadapelas regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no con- trato. § 1o A tarifa NÃO será subordinada à legislação espe- cífica anterior e SOMENTE NOS CASOS EXPRESSAMENTE PREVISTOS EM LEI, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de serviço público alternativo e gratuito para o usuário. § 2o Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econômico-finan- ceiro. § 3o Ressalvados os impostos sobre a renda (IR) , a cri- ação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou en- cargos legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado seu impacto, IMPLICARÁ A REVISÃO da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. § 4o Em havendo alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à alteração. § 5º A concessionária deverá divulgar em seu sítio ele- trônico, de forma clara e de fácil compreensão pelos usuários, tabela com o valor das tarifas praticadas e a evolução das re- visões ou reajustes realizados nos últimos cinco anos. Art. 10. SEMPRE que forem atendidas as condições do contrato, considera-se mantido seu equilíbrio econômico- financeiro. Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada servi- ço público, poderá o poder concedente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras fontes provenientes de receitas alternativas, com- plementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tarifas, observado o disposto no art. 17 desta Lei. Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste ar- tigo serão obrigatoriamente consideradas para a aferição do inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das características técnicas e dos custos específicos proveni- entes do atendimento aos distintos segmentos de usuários. 6 Capítulo V DA LICITAÇÃO Art. 14. TODA CONCESSÃO de serviço público, precedi- da ou não da execução de obra pública, será objeto de pré- via licitação, nos termos da legislação própria e com obser- vância dos princípios da legalidade, moralidade, publici- dade, igualdade, do julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento convocatório. Art. 15. No julgamento da licitação será considerado um dos seguintes critérios: I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser pres- tado; II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da concessão; III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos incisos I, II e VII; IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no edi- tal; V - melhor proposta em razão da combinação dos crité- rios de menor valor da tarifa do serviço público a ser presta- do com o de melhor técnica; VI - melhor proposta em razão da combinação dos cri- térios de maior oferta pela outorga da concessão com o de melhor técnica; ou VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação de propostas técnicas. § 1o A aplicação do critério previsto no inciso III SÓ será admitida quando previamente estabelecida no edital de li- citação, inclusive com regras e fórmulas precisas para ava- liação econômico-financeira. § 2o Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV, V, VI e VII, o edital de licitação conterá parâmetros e exigências para formulação de propostas técnicas. § 3o O poder concedente recusará propostas manifes- tamente inexequíveis ou financeiramente incompatíveis com os objetivos da licitação. § 4o Em igualdade de condições, será dada preferência à proposta apresentada por empresa brasileira. Art. 16. A outorga de concessão ou permissão NÃO TERÁ CARÁTER DE EXCLUSIVIDADE, salvo no caso de invi- abilidade técnica ou econômica justificada no ato a que se refere o art. 5o desta Lei. Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta que, para sua viabilização, necessite de vantagens ou subsídios que não estejam previamente autorizados em lei e à dis- posição de todos os concorrentes. § 1o Considerar-se-á, também, desclassificada a propos- ta de entidade estatal alheia à esfera político-administrati- va do poder concedente que, para sua viabilização, neces- site de vantagens ou subsídios do poder público controla- dor da referida entidade. § 2o Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que trata este artigo, qualquer tipo de tratamento tributário diferen- ciado, ainda que em consequência da natureza jurídica do licitante, que comprometa a isonomia fiscal que deve preva- lecer entre todos os concorrentes. Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder concedente, observados, no que couber, os critérios e as nor- mas gerais da legislação própria sobre licitações e contratos e conterá, especialmente: I - o objeto, metas e prazo da concessão; II - a descrição das condições necessárias à prestação adequada do serviço; III - os prazos para recebimento das propostas, julga- mento da licitação e assinatura do contrato; IV - prazo, local e horário em que serão fornecidos, aos interessados, os dados, estudos e projetos necessários à ela- boração dos orçamentos e apresentação das propostas; V - os critérios e a relação dos documentos exigidos para a aferição da capacidade técnica, da idoneidade financeira e da regularidade jurídica e fiscal; VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, comple- mentares ou acessórias, bem como as provenientes de proje- tos associados; VII - os direitos e obrigações do poder concedente e da concessionária em relação a alterações e expansões a serem realizadas no futuro, para garantir a continuidade da presta- ção do serviço; VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa; IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros a se- rem utilizados no julgamento técnico e econômico-financeiro da proposta; X - a indicação dos bens reversíveis; XI - as características dos bens reversíveis e as condições em que estes serão postos à disposição, nos casos em que houver sido extinta a concessão anterior; XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus das desapropriações necessárias à execução do serviço ou da obra pública, ou para a instituição de servidão administrativa; XIII - as condições de liderança da empresa responsável, na hipótese em que for permitida a participação de empresas em consórcio; XIV - nos casos de concessão, a minuta do respectivo contrato, que conterá as cláusulas essenciais referidas no art. 23 desta Lei, quando aplicáveis; XV - nos casos de concessão de serviços públicos prece- dida da execução de obra pública, os dados relativos à obra, dentre os quais os elementos do projeto básico que permitam sua plena caracterização, bem assim as garantias exigidas para essa parte específica do contrato, adequadas a cada caso e li- mitadas ao valor da obra; XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato de adesão a ser firmado. 7 Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento, hipótese em que: I - encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de lances, será aberto o invólucro com os do- cumentos de habilitação do licitante mais bem classificado, para verificação do atendimento das condições fixadas no edi- tal; II - verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante será declarado vencedor; III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão anali- sados os documentos habilitatórios do licitante com a pro- posta classificada em segundo lugar, e assim sucessivamente, até queum licitante classificado atenda às condições fixadas no edital; IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto será adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e econô- micas por ele ofertadas. Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participação de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes nor- mas: I - comprovação de compromisso, público ou particu- lar, de constituição de consórcio, subscrito pelas consorcia- das; II - indicação da empresa responsável pelo consórcio; III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos V e XIII do artigo anterior, por parte de cada consorciada; IV - impedimento de participação de empresas con- sorciadas na mesma licitação, por intermédio de mais de um consórcio ou isoladamente. § 1o O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da celebração do contrato, a constituição e registro do consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I deste artigo. § 2o A empresa líder do consórcio é a responsável peran- te o poder concedente pelo cumprimento do contrato de concessão, sem prejuízo da responsabilidade solidária das de- mais consorciadas. Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que previsto no edital, no interesse do serviço a ser concedido, determinar que o licitante vencedor, no caso de consórcio, se constitua em empresa antes da celebração do contrato. Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, proje- tos, obras e despesas ou investimentos já efetuados, vincula- dos à concessão, de utilidade para a licitação, realizados pelo poder concedente ou com a sua autorização, estarão à dispo- sição dos interessados, devendo o vencedor da licitação res- sarcir os dispêndios correspondentes, especificados no edital. Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção de certidão sobre atos, contratos, decisões ou pareceres relativos à licitação ou às próprias concessões. Capítulo VI DO CONTRATO DE CONCESSÃO Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de conces- são as relativas: I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão; II - ao modo, forma e condições de prestação do serviço; III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros de- finidores da qualidade do serviço; IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos para o reajuste e a revisão das tarifas; V - aos direitos, garantias e obrigações do poder conce- dente e da concessionária, inclusive os relacionados às previsí- veis necessidades de futura alteração e expansão do serviço e consequente modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das instalações; VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção e utilização do serviço; VII - à forma de fiscalização das instalações, dos equipa- mentos, dos métodos e práticas de execução do serviço, bem como a indicação dos órgãos competentes para exercê-la; VIII - às penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita a concessionária e sua forma de aplicação; IX - aos casos de extinção da concessão; X - aos bens reversíveis; XI - aos critérios para o cálculo e a forma de pagamento das indenizações devidas à concessionária, quando for o caso; XII - às condições para prorrogação do contrato; XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da presta- ção de contas da concessionária ao poder concedente; XIV - à exigência da publicação de demonstrações finan- ceiras periódicas da concessionária; e XV - ao foro e ao modo amigável de solução das diver- gências contratuais. Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de serviço público precedido da execução de obra pública deve- rão, adicionalmente: I - estipular os cronogramas físico-financeiros de execu- ção das obras vinculadas à concessão; e II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessio- nária, das obrigações relativas às obras vinculadas à conces- são. Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o em- prego de mecanismos privados para resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbi- 8 tragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade. § 1o Sem prejuízo da responsabilidade a que se refere este artigo, a concessionária poderá contratar com tercei- ros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido, bem como a imple- mentação de projetos associados. § 2o Os contratos celebrados entre a concessionária e os terceiros a que se refere o parágrafo anterior reger-se-ão pelo direito privado, não se estabelecendo qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder concedente. § 3o A execução das atividades contratadas com terceiros pressupõe o cumprimento das normas regulamentares da modalidade do serviço concedido. Art. 26. É ADMITIDA A SUBCONCESSÃO, nos termos previstos no contrato de concessão, desde que expressamen- te autorizada pelo poder concedente. § 1o A outorga de subconcessão será SEMPRE precedida de concorrência. § 2o O subconcessionário se sub-rogará todos os direitos e obrigações da subconcedente dentro dos limites da subcon- cessão. Art. 27. A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente IMPLICARÁ A CADUCIDADE da concessão. § 1o Para fins de obtenção da anuência de que trata o ca- put deste artigo, o pretendente deverá: I - atender às exigências de capacidade técnica, idoneida- de financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à as- sunção do serviço; e II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do con- trato em vigor. Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato de con- cessão, o poder concedente autorizará a assunção do con- trole ou da administração temporária da concessionária por seus financiadores e garantidores com quem não mantenha vínculo societário direto, para promover sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços. § 1o Na hipótese prevista no caput, o poder concedente exi- girá dos financiadores e dos garantidores que atendam às exi- gências de regularidade jurídica e fiscal, podendo alterar ou dispensar os demais requisitos previstos no inciso I do parág- rafo único do art. 27. § 2o A assunção do controle ou da administração tempo- rária autorizadas na forma do caput deste artigo NÃO ALTE- RARÁ AS OBRIGAÇÕES da concessionária e de seus con- troladores para com terceiros, poder concedente e usuários dos serviços públicos. § 3o Configura-se o controle da concessionária, para os fins dispostos no caput deste artigo, a propriedade resolúvel de ações ou quotas por seus financiadores e garantidores que atendam os requisitos do art. 116 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. § 4o Configura-se a administração temporária da concessi- onária por seus financiadores e garantidores quando, sem a transferência da propriedade de ações ou quotas, forem outorgados os seguintes poderes: I - indicar os membros do Conselho de Administração, a serem eleitos em Assembleia Geral pelos acionistas, nas socie- dades regidas pela Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976; ou administradores, a serem eleitos pelos quotistas, nas demais sociedades; II - indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem eleitos pelos acionistas ou quotistas controladores em Assembleia Geral; III - exercer poder de veto sobre qualquer proposta submeti- da à votação dosacionistas ou quotistas da concessionária, que representem, ou possam representar, prejuízos aos fins previstos no caput deste artigo; IV - outros poderes necessários ao alcance dos fins previstos no caput deste artigo. § 5o A administração temporária autorizada na forma deste artigo NÃO ACARRETARÁ RESPONSABILIDADE aos financi- adores e garantidores em relação à tributação, encargos, ônus, sanções, obrigações ou compromissos com tercei- ros, inclusive com o poder concedente ou empregados. § 6o O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo da admi- nistração temporária. Art. 28. Nos contratos de financiamento, as concessio- nárias poderão oferecer em garantia os direitos emergen- tes da concessão, até o limite que não comprometa a opera- cionalização e a continuidade da prestação do serviço. Art. 28-A. Para garantir contratos de mútuo de longo prazo, destinados a investimentos relacionados a contratos de concessão, em qualquer de suas modalidades, as concessio- nárias poderão ceder ao mutuante, em caráter fiduciário, parcela de seus créditos operacionais futuros, observadas as seguintes condições: 9 I - o contrato de cessão dos créditos deverá ser regis- trado em Cartório de Títulos e Documentos para ter eficá- cia perante terceiros; II - sem prejuízo do disposto no inciso I do caput deste artigo, a cessão do crédito não terá eficácia em relação ao Poder Público concedente senão quando for este formal- mente notificado; III - os créditos futuros cedidos nos termos deste artigo serão constituídos sob a titularidade do mutuante, indepen- dentemente de qualquer formalidade adicional; IV - o mutuante poderá indicar instituição financeira para efetuar a cobrança e receber os pagamentos dos créditos ce- didos ou permitir que a concessionária o faça, na qualidade de representante e depositária; V - na hipótese de ter sido indicada instituição financeira, conforme previsto no inciso IV do caput deste artigo, fica a concessionária obrigada a apresentar a essa os créditos para cobrança; VI - os pagamentos dos créditos cedidos deverão ser de- positados pela concessionária ou pela instituição encarregada da cobrança em conta corrente bancária vinculada ao contra- to de mútuo; VII - a instituição financeira depositária deverá transferir os valores recebidos ao mutuante à medida que as obrigações do contrato de mútuo tornarem-se exigíveis; e VIII - o contrato de cessão disporá sobre a devolução à concessionária dos recursos excedentes, sendo vedada a re- tenção do saldo após o adimplemento integral do contrato. Parágrafo único. Para os fins deste artigo, serão conside- rados contratos de longo prazo aqueles cujas obrigações te- nham prazo médio de vencimento superior a 5 anos. Capítulo VII DOS ENCARGOS DO PODER CONCEDENTE Art. 29. Incumbe ao poder concedente: I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar perma- nentemente a sua prestação; II - aplicar as penalidades regulamentares e contratuais; III - intervir na prestação do serviço, nos casos e condi- ções previstos em lei; IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta Lei e na forma prevista no contrato; V - homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas na forma desta Lei, das normas pertinentes e do contrato; VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regulamenta- res do serviço e as cláusulas contratuais da concessão; VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apurar e solucionar queixas e reclamações dos usuários, que serão ci- entificados, em até trinta dias, das providências tomadas; VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários à execução do serviço ou obra pública, promovendo as desa- propriações, diretamente ou mediante outorga de poderes à concessionária, caso em que será desta a responsabilida- de pelas indenizações cabíveis; IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para fins de instituição de servidão administrativa, os bens necessá- rios à execução de serviço ou obra pública, promovendo-a di- retamente ou mediante outorga de poderes à concessionária, caso em que será desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis; X - estimular o aumento da qualidade, produtividade, preservação do meio-ambiente e conservação; XI - incentivar a competitividade; e XII - estimular a formação de associações de usuários para defesa de interesses relativos ao serviço. Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder concedente terá acesso aos dados relativos à administração, contabilida- de, recursos técnicos, econômicos e financeiros da concessio- nária. Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita por intermédio de órgão técnico do poder concedente ou por en- tidade com ele conveniada, e, periodicamente, conforme pre- visto em norma regulamentar, por comissão composta de re- presentantes do poder concedente, da concessionária e dos usuários. Capítulo VIII DOS ENCARGOS DA CONCESSIONÁRIA Art. 31. Incumbe à concessionária: I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta Lei, nas normas técnicas aplicáveis e no contrato; II - manter em dia o inventário e o registro dos bens vin- culados à concessão; III - prestar contas da gestão do serviço ao poder conce- dente e aos usuários, nos termos definidos no contrato; IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as cláusulas contratuais da concessão; V - permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso, em qualquer época, às obras, aos equipamentos e às instala- ções integrantes do serviço, bem como a seus registros contá- beis; VI - promover as desapropriações e constituir servi- dões autorizadas pelo poder concedente, conforme pre- visto no edital e no contrato; VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à presta- ção do serviço, bem como segurá-los adequadamente; e VIII - captar, aplicar e gerir os recursos financeiros neces- sários à prestação do serviço. Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-de- obra, feitas pela concessionária serão regidas pelas disposi- ções de direito privado e pela legislação trabalhista, não se estabelecendo qualquer relação entre os terceiros contra- tados pela concessionária e o poder concedente. 10 Capítulo IX DA INTERVENÇÃO Art. 32. O poder concedente poderá intervir na con- cessão, com o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas con- tratuais, regulamentares e legais pertinentes. Parágrafo único. A intervenção FAR-SE-Á POR DECRETO do poder concedente, que conterá a designação do interven- tor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida. Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de 30 dias, instaurar procedimento admi- nistrativo para comprovar as causas determinantes da medi- da e apurar responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa. § 1o Se ficar comprovado que a intervenção não ob- servou os pressupostos legais e regulamentares será de- clarada sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente devolvido à concessionária, sem prejuízo de seu direito à indenização. § 2o O procedimento administrativo a que se refere o caput deste artigo deverá ser concluído no prazo de até 180 dias, sob pena de considerar-se inválida a intervenção. Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a con- cessão, a administração do serviço será devolvida à concessio- nária, precedida de prestação de contas pelo interventor, que responderá pelos atos praticados durante a sua gestão. Capítulo X DA EXTINÇÃO DA CONCESSÃO Art. 35. Extingue-se a concessão por: I - advento do termo contratual; II - ENCAMPAÇÃO; III - CADUCIDADE; IV - rescisão;V - anulação; e VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual. § 1o Extinta a concessão, retornam ao poder conce- dente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no contrato. § 2o Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos le- vantamentos, avaliações e liquidações necessários. § 3o A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização, pelo poder concedente, de todos os bens reversíveis. § 4o Nos casos previstos nos incisos I e II deste artigo, o poder concedente, antecipando-se à extinção da concessão, procederá aos levantamentos e avaliações necessários à de- terminação dos montantes da indenização que será devida à concessionária, na forma dos arts. 36 e 37 desta Lei. Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido. Art. 37. Considera-se ENCAMPAÇÃO a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da conces- são, POR MOTIVO DE INTERESSE PÚBLICO, mediante lei autorizativa específica e APÓS PRÉVIO PAGAMENTO DA IN- DENIZAÇÃO, na forma do artigo anterior. Art. 38. A INEXECUÇÃO total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder concedente, a declaração de CADUCIDADE da concessão ou a aplicação das sanções con- tratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas convencionadas entre as partes. § 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente quando: I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequa- da ou deficiente, tendo por base as normas, critérios, indica- dores e parâmetros definidores da qualidade do serviço; II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou regulamentares concernentes à concessão; III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior; IV - a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido; V - a concessionária não cumprir as penalidades im- postas por infrações, nos devidos prazos; VI - a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de regularizar a prestação do servi- ço; e VII - a concessionária não atender a intimação do po- der concedente para, em 180 dias, apresentar a documen- tação relativa a regularidade fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 11 § 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da inadimplência da concessi- onária em processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa. § 3o Não será instaurado processo administrativo de inadimplência antes de comunicados à concessionária, de- talhadamente, os descumprimentos contratuais referidos no § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas e para o enquadramento, nos termos contratuais. § 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a CADUCIDADE será DECLARADA POR DE- CRETO do poder concedente, INDEPENDENTEMENTE DE INDENIZAÇÃO PRÉVIA, calculada no decurso do processo. § 5o A indenização de que trata o parágrafo anterior, será devida na forma do art. 36 desta Lei e do contrato, descontado o valor das multas contratuais e dos danos causados pela concessionária. § 6o Declarada a caducidade, NÃO RESULTARÁ para o poder concedente QUALQUER espécie de RESPONSABILI- DADE em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compro- missos com terceiros ou com empregados da concessionária. ENCAMPAÇÃO CADUCIDADE Retomada durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público Inexecução total ou parcial do contrato Mediante lei autorizativa específica Declarada por decreto Prévio pagamento da indenização Independentemente de Indenização prévia Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de descumpri- mento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim. Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste ar- tigo, os serviços prestados pela concessionária não pode- rão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado. Capítulo XI DAS PERMISSÕES Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante CONTRATO DE ADESÃO, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licita- ção, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade uni- lateral do contrato pelo poder concedente. Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nes- ta Lei. Capítulo XII DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens. Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas an- teriormente à entrada em vigor desta Lei consideram-se váli- das pelo prazo fixado no contrato ou no ato de outorga, ob- servado o disposto no art. 43 desta Lei. § 1o Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato de outorga, o serviço poderá ser prestado por órgão ou entidade do poder concedente, ou delegado a terceiros, mediante novo contrato. § 2o As concessões em caráter precário, as que estive- rem com prazo vencido e as que estiverem em vigor por prazo indeterminado, inclusive por força de legislação an- terior, permanecerão válidas pelo prazo necessário à reali- zação dos levantamentos e avaliações indispensáveis à or- ganização das licitações que precederão a outorga das concessões que as substituirão, prazo esse que não será inferior a 24 meses. § 3º As concessões a que se refere o § 2o deste artigo, inclusive as que não possuam instrumento que as formalize ou que possuam cláusula que preveja prorrogação, terão vali- dade máxima até o dia 31 de dezembro de 2010, desde que, até o dia 30 de junho de 2009, tenham sido cumpridas, cumu- lativamente, as seguintes condições: I - levantamento mais amplo e retroativo possível dos elementos físicos constituintes da infra-estrutura de bens re- versíveis e dos dados financeiros, contábeis e comerciais rela- tivos à prestação dos serviços, em dimensão necessária e sufi- ciente para a realização do cálculo de eventual indenização relativa aos investimentos ainda não amortizados pelas recei- tas emergentes da concessão, observadas as disposições le- gais e contratuais que regulavam a prestação do serviço ou a ela aplicáveis nos 20 anos anteriores ao da publicação desta Lei; II - celebração de acordo entre o poder concedente e o concessionário sobre os critérios e a forma de indenização de eventuais créditos remanescentes de investimentos ainda não amortizados ou depreciados, apurados a partir dos levanta- mentos referidos no inciso I deste parágrafo e auditados por instituição especializada escolhida de comum acordo pelas partes; e III - publicação na imprensa oficial de ato formal de auto- ridade do poder concedente, autorizando a prestação precária dos serviços por prazo de até 6 meses, renovável até 31 de dezembro de 2008, mediante comprovação do cumprimento do disposto nos incisos I e II deste parágrafo. § 4o Não ocorrendo o acordo previsto no inciso II do § 3o deste artigo, o cálculo da indenizaçãode investimentos será feito com base nos critérios previstos no instrumento de concessão antes celebrado ou, na omissão deste, por avalia- ção de seu valor econômico ou reavaliação patrimonial, de- preciação e amortização de ativos imobilizados definidos pe- las legislações fiscal e das sociedades por ações, efetuada por 12 empresa de auditoria independente escolhida de comum acordo pelas partes. § 5o No caso do § 4o deste artigo, o pagamento de eventual indenização será realizado, mediante garantia real, por meio de 4 parcelas anuais, iguais e sucessivas, da parte ainda não amortizada de investimentos e de outras indeniza- ções relacionadas à prestação dos serviços, realizados com ca- pital próprio do concessionário ou de seu controlador, ou ori- ginários de operações de financiamento, ou obtidos mediante emissão de ações, debêntures e outros títulos mobiliários, com a primeira parcela paga até o último dia útil do exercício financeiro em que ocorrer a reversão. § 6o Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que trata o § 5o deste artigo ser paga mediante receitas de novo contrato que venha a disciplinar a prestação do serviço. Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de serviços públicos outorgadas sem licitação na vigência da Consti- tuição de 1988. Parágrafo único. Ficam também extintas todas as con- cessões outorgadas sem licitação anteriormente à Consti- tuição de 1988, cujas obras ou serviços não tenham sido iniciados ou que se encontrem paralisados quando da en- trada em vigor desta Lei. Art. 44. As concessionárias que tiverem obras que se en- contrem atrasadas, na data da publicação desta Lei, apresen- tarão ao poder concedente, dentro de 180 dias, plano efetivo de conclusão das obras. Parágrafo único. Caso a concessionária não apresente o plano a que se refere este artigo ou se este plano não ofere- cer condições efetivas para o término da obra, o poder conce- dente poderá declarar extinta a concessão, relativa a essa obra. Art. 45. Nas hipóteses de que tratam os arts. 43 e 44 des- ta Lei, o poder concedente indenizará as obras e serviços rea- lizados somente no caso e com os recursos da nova licitação. Parágrafo único. A licitação de que trata o caput deste ar- tigo deverá, obrigatoriamente, levar em conta, para fins de avaliação, o estágio das obras paralisadas ou atrasadas, de modo a permitir a utilização do critério de julgamento estabe- lecido no inciso III do art. 15 desta Lei. JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 13: CORTE NO FORNECIMENTO DE SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS 1) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente o usuário, desde que precedido de notificação. Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude no aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde que apurado em observância aos princípios do contraditório e da ampla defesa, é possível o corte administrativo do fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao consumidor, pelo inadimplemento do consumo recuperado correspondente ao período de 90 (noventa) dias anterior à constatação da fraude, contanto que executado o corte em até 90 (noventa) dias após o vencimento do débito, sem prejuízo do direito de a concessionária utilizar os meios judiciais ordinários de cobrança da dívida, inclusive antecedente aos mencionados 90 (noventa) dias de retroação. STJ. 1ª Seção. REsp 1412433- RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 634). 2) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que precedido de notificação. 3) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o direito à saúde e à integridade física do usuário. 4) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente pessoa jurídica de direito público, desde que precedido de notificação e a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços indispensáveis à população. 5) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente unidade de saúde, uma vez que prevalecem os interesses de proteção à vida e à saúde. 6) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a inadimplência do usuário decorrer de débitos pretéritos, uma vez que a interrupção pressupõe o inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do consumo. 7) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos de usuário anterior, em razão da natureza pessoal da dívida. 8) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em razão de débito irrisório, por configurar abuso de direito e ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sendo cabível a indenização ao consumidor por danos morais. 9) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o débito decorrer de irregularidade no hidrômetro ou no medidor de energia elétrica, apurada unilateralmente pela concessionária. 10) O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o imóvel que originou o débito, e não sobre outra unidade de consumo do usuário inadimplente. 13 Lei 9784/99 Processo Administrativo CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos ad- ministrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administra- ção. § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa. § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração in- direta; II - entidade - a unidade de atuação dotada de personali- dade jurídica; III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de po- der de decisão. Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, RAZOABI- LIDADE, PROPORCIONALIDADE, moralidade, ampla defe- sa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão obser- vados, entre outros, os critérios de: I - atuação conforme a lei e o Direito (princípio da juridici- dade); II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renún- cia total ou parcial de poderes ou competências, salvo au- torização em lei; III - objetividade no atendimento do interesse público, ve- dada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do inte- resse público; VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direi- tos dos administrados; X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressal- vadas as previstas em lei; XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; XIII - interpretação da norma administrativada forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se di- rige, VEDADA APLICAÇÃO RETROATIVA de nova interpre- tação. CAPÍTULO II DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegu- rados: I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumpri- mento de suas obrigações; II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, ob- ter cópias de documentos neles contidos e conhecer as deci- sões proferidas; III - formular alegações e apresentar documentos antes da de- cisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão com- petente; IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei. CAPÍTULO III DOS DEVERES DO ADMINISTRADO Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I - expor os fatos conforme a verdade; II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; III - não agir de modo temerário; IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colabo- rar para o esclarecimento dos fatos. CAPÍTULO IV DO INÍCIO DO PROCESSO Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado. 14 Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados: I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; II - identificação do interessado ou de quem o represente; III - domicílio do requerente ou local para recebimento de co- municações; IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos; V - data e assinatura do requerente ou de seu representante. Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imoti- vada de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais fa- lhas. Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elabo- rar modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem pretensões equivalentes. Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessa- dos tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário. CAPÍTULO V DOS INTERESSADOS Art. 9o São legitimados como interessados no processo ad- ministrativo: I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do di- reito de representação; II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direi- tos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; III - as organizações e associações representativas, no tocan- te a direitos e interesses coletivos; IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses difusos. Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de 18 anos, ressalvada previsão especial em ato nor- mativo próprio. CAPÍTULO VI DA COMPETÊNCIA Art. 11. A competência é IRRENUNCIÁVEL e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, SAL- VO os casos de DELEGAÇÃO e AVOCAÇÃO legalmente admi- tidos. Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, DELEGAR parte da sua compe- tência a outros órgãos ou titulares, AINDA QUE ESTES NÃO LHE SEJAM HIERARQUICAMENTE SUBORDINADOS, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respec- tivos presidentes. Art. 13. NÃO PODEM SER OBJETO DE DELEGAÇÃO: I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou auto- ridade. Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser pu- blicados no meio oficial. § 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada. § 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante. § 3o As decisões adotadas por delegação devem mencio- nar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão edi- tadas pelo delegado. Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por moti- vos relevantes devidamente justificados, a AVOCAÇÃO temporária de competência atribuída a órgão hierarquica- mente inferior. DELEGAÇÃO AVOCAÇÃO Independe de hierarquia Órgão hierarquicamente infe- rior Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão pu- blicamente os locais das respectivas sedes e, quando conveni- ente, a unidade fundacional competente em matéria de inte- resse especial. Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir. 15 CAPÍTULO VII DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que: I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o 3° grau; III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimen- to deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo- se de atuar. Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedi- mento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servi- dor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com al- gum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, com- panheiros, parentes e afins até o 3° grau. Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, SEM EFEITO SUSPENSIVO. CAPÍTULO VIII DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assi- natura da autoridade responsável. § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma so- mente será exigido quando houver dúvida de autenticida- de. § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia po- derá ser feita pelo órgão administrativo. § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas sequenci- almente e rubricadas. Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo. Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário nor- mal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o cur- so regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração. Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de 5 dias, salvo motivo de força maior. Parágrafo único. O prazo de 5 dias pode ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação. Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencial- mente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for o local de realização. CAPÍTULO IX DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o proces- so administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências. § 1o A intimação deverá conter: I - identificação do intimado e nome do órgão ouentidade administrativa; II - finalidade da intimação; III - data, hora e local em que deve comparecer; IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar; V - informação da continuidade do processo independente- mente do seu comparecimento; VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. § 2o A intimação observará a antecedência mínima de 3 dias úteis quanto à data de comparecimento. § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interes- sado. § 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial. § 5o As intimações serão NULAS quando feitas sem obser- vância das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade. Art. 27. O desatendimento da intimação NÃO IMPORTA o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado. Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garan- tido direito de ampla defesa ao interessado. Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e ativida- des e os atos de outra natureza, de seu interesse. 16 CAPÍTULO X DA INSTRUÇÃO Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão reali- zam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão respon- sável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias. § 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à decisão do processo. § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessa- dos devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as pro- vas obtidas por meios ilícitos. Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despa- cho motivado, abrir período de consulta pública para manifes- tação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada. § 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimen- to de alegações escritas. § 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito de obter da Administração resposta fundamenta- da, que poderá ser comum a todas as alegações substancial- mente iguais. Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiên- cia pública para debates sobre a matéria do processo. Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria re- levante, poderão estabelecer outros meios de participação de administrados, diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente reconhecidas. Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros meios de participação de administrados deverão ser apresentados com a indicação do procedimento adotado. Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiên- cia de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão compe- tente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados es- tão registrados em documentos existentes na própria Admi- nistração responsável pelo processo ou em outro órgão admi- nistrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, se- rão expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido for- mulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administra- ção para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo. Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou dili- gência ordenada, com antecedência mínima de 3 dias úteis, mencionando-se data, hora e local de realização. Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um ór- gão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de 15 dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo. § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso. § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosse- guimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrati- 17 vos e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá solicitar laudo técni- co de outro órgão dotado de qualificação e capacidade técni- ca equivalentes. Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de 10 dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado. Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado. Durante o processo administrativo instaurado para apurar a legalidade de determinada gratificação, a Administração Pública pode determinar, com fundamento no poder cautelar previsto no art. 45 da Lei nº 9.784/1999, a suspensão do pagamento da verba impugnada até a decisão definitiva do órgão sobre a sua validade no âmbito do procedimento aberto. STF. 2ª Turma. RMS 31973/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 25/2/2014 (Info 737). Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e docu- mentos que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à privacida- de, à honra e à imagem. Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autoridade competente. CAPÍTULO XI DO DEVER DE DECIDIR Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emi- tir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência. Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até 30 dias para decidir,sal- vo prorrogação por igual período expressamente motivada. CAPÍTULO XII DA MOTIVAÇÃO Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou se- leção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou conva- lidação de ato administrativo. § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, deci- sões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato (fundamentação aliunde) § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comis- sões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito. JDA 12 A decisão administrativa robótica deve ser suficiente- mente motivada, sendo a sua opacidade motivo de invalida- ção. CAPÍTULO XIII DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PRO- CESSO Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação es- crita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis. § 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a tenha formulado. § 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público assim o exige. Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o pro- cesso quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveni- ente. 18 CAPÍTULO XIV DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Art. 54. O direito da Administração de anular os atos admi- nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os desti- natários decai em 5 anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do 1° pagamento. § 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer me- dida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. JDA 20 O exercício da autotutela administrativa, para o des- fazimento do ato administrativo que produza efeitos concre- tos favoráveis aos seus destinatários, está condicionado à prévia intimação e oportunidade de contraditório aos bene- ficiários do ato. Qual o prazo de que dispõe a Administração Pública federal para anular um ato administrativo ilegal? Regra 5 anos, contados da data em que o ato foi praticado. Exceção 1 Em caso de má-fé. Se ficar comprovada a má-fé, não haverá prazo, ou seja, a Administração Pública poderá anular o ato administrativo mesmo que já tenha se passado mais de 5 anos. Exceção 2 Em caso de afronta direta à Constituição Federal. O prazo decadencial de 5 anos do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. Trata-se de exceção construída pela jurisprudência do STF. Não há previsão na lei desta exceção 2. STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741). CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível a aplicação, por analogia integrativa, do prazo decadencial de 5 anos previsto na Lei do processo administrativo federal para Estados e Mu- nicípios que não tiverem leis sobre o tema. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/92650b2e92217715- fe312e6fa7b90d82> Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem le- são ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalida- dos pela própria Administração. SÚMULAS SOBRE PRESCRIÇÃO STF Súmula 383-STF: A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por 2 anos e meio, a partir do ato inter- ruptivo, mas não fica reduzida aquém de 5 anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo. Súmula 443-STF: A prescrição das prestações anteriores ao período previsto em lei não ocorre, quando não tiver sido negado, antes daquele prazo, o próprio direito reclamado, ou a situação jurídica de que ele resulta. STJ Súmula 85-STJ: Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação. CAPÍTULO XV DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito. § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a de- cisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de 5 dias, o encaminhará à autoridade superior. § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso adminis- trativo independe de caução. § 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa con- traria enunciado da súmula vinculante, caberá à autorida- de prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade su- perior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. RECURSO HIERÁRQUICO PRÓPRIO é a impugnação dirigida à autoridade hierarquicamente superior àquela que proferiu a decisão recorrida (ex.: recurso interposto contra decisão de servidor público de determinada autarquia perante o Presidente desta entidade administrativa). Trata-se de recurso fundado na hierarquia administrativa, característica encontrada no interior de toda e qualquer entidade administrativa. Em razão disso, o seu cabimento independe de previsão legal expressa, uma vez que o poder hierárquico autoriza a reforma das decisões dos subordinados pela autoridade superior RECURSO é interposto para fora da entidade que 19 HIERÁRQUICO IMPRÓPRIO proferiu a decisão recorrida (ex.: recurso interposto contra decisão proferida por autarquia federal perante determinado Ministério ou Presidente da República). Em razão da inexistência de hierarquia e da possibilidade de intromissão de pessoa jurídica nos atos praticados por pessoa jurídica diversa, relativizando a sua autonomia administrativa, afirma-se que o cabimento do recurso hierárquico impróprio depende de previsão legal expressa. Oliveira, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo / Rafael Carvalho Rezende Oliveira. – 8. ed. – Rio de Janeiro: Método, 2020, pag. 563 Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por 3 instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrati- vo: I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamen- te afetados pela decisão recorrida; III - as organizações e associações representativas, no to- cante a direitos e interesses coletivos; IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interes- ses difusos. Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de 10 dias o prazo para interposição de recurso administrativo, contado
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