Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2 2 EDITORA OUSE SABER CATALOGAÇÃO NA FONTE Manual de Fazenda Pública em Juízo, 1ª Edição, Fortaleza: Ouse Saber, 2021. Fazenda Pública em Juízo. Concursos. Direito. ISBN: 978-65-86950-74-8 2021 Editora Ouse Saber. Rua Costa Barros, 915, Edifício Ébano, sala 707. Fortaleza - Ceará. www.ousesaber.com.br 32 EDITORA OUSE SABER CATALOGAÇÃO NA FONTE Manual de Fazenda Pública em Juízo, 1ª Edição, Fortaleza: Ouse Saber, 2021. Fazenda Pública em Juízo. Concursos. Direito. ISBN: 978-65-86950-74-8 2021 Editora Ouse Saber. Rua Costa Barros, 915, Edifício Ébano, sala 707. Fortaleza - Ceará. www.ousesaber.com.br 3 SUMÁRIO 1. CONCEITO DE FAZENDA PÚBLICA.......................................................................................... 4 2. REPRESENTAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA: ADVOCACIA PÚBLICA.......................................... 7 2.1 Procuradoria Federal ........................................................................................................... 8 2.2 Procuradoria Estadual ......................................................................................................... 9 2.3 Procuradoria Municipal...................................................................................................... 14 3. PRINCÍPIO DA ISONOMIA DO PROCESSO E SUA RELAÇÃO COM A FAZENDA PÚBLICA ...... 15 4. REGIME JURÍDICO APLICADO ÀS CARREIRAS PÚBLICAS .................................................... 16 5. JURISPRUDÊNCIAS IMPORTANTES NÃO TRATADAS AO LONGO DO MATERIAL: ................ 17 4 4 1. CONCEITO DE FAZENDA PÚBLICA Normalmente, a palavra “Fazenda Pública” remete ao campo financeiro e econô- mico, estando umbilicalmente ligado com o termo erário. Por outro lado, a denominação “Fazenda Pública” sempre foi utilizada no campo processual, a exemplo do CPC de 39 e o de 73. Não foi diferente com o atual Código de Processo Civil de 2015. É correto, portanto, afirmar que a expressão Fazenda Pública pode ser entendida como um conceito com vários significados. Para CUNHA: “a palavra Fazenda Pública representa a personificação do Estado, abran- gendo as pessoas jurídicas de direito público. No processo em que haja a presença de uma pessoa jurídica de direito público, esta pode ser designada, genericamente, de Fazenda Pública”1. 1 Reparem que a Fazenda Pública é constituída por pessoas jurídicas de direito pú- blico. Vejam a tabela abaixo e reparem nas pessoas jurídicas que podem ser consideradas como Fazenda Pública: Pessoas jurídicas de direito Público Administração Direta Administração Indireta Entes Federativos: União, Estados, DF e Mu- nicípios Autarquias, Fundações de direito Público (chamadas também de fundações autár- quicas) e Consórcios Públicos2 (quando fo- rem Associações Públicas) 2 Isso implica dizer que as Autarquias, Fundações e Consórcios Públicos – quando forem associações –, ainda que façam parte da Administração indireta, constituem Fazenda Pública, razão pela qual gozam das benesses concedidas à Fazenda. 1 CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 2018. 2 Lei 11.107/2005 é o diploma que rege os consórcios públicos. 54 1. CONCEITO DE FAZENDA PÚBLICA Normalmente, a palavra “Fazenda Pública” remete ao campo financeiro e econô- mico, estando umbilicalmente ligado com o termo erário. Por outro lado, a denominação “Fazenda Pública” sempre foi utilizada no campo processual, a exemplo do CPC de 39 e o de 73. Não foi diferente com o atual Código de Processo Civil de 2015. É correto, portanto, afirmar que a expressão Fazenda Pública pode ser entendida como um conceito com vários significados. Para CUNHA: “a palavra Fazenda Pública representa a personificação do Estado, abran- gendo as pessoas jurídicas de direito público. No processo em que haja a presença de uma pessoa jurídica de direito público, esta pode ser designada, genericamente, de Fazenda Pública”1. 1 Reparem que a Fazenda Pública é constituída por pessoas jurídicas de direito pú- blico. Vejam a tabela abaixo e reparem nas pessoas jurídicas que podem ser consideradas como Fazenda Pública: Pessoas jurídicas de direito Público Administração Direta Administração Indireta Entes Federativos: União, Estados, DF e Mu- nicípios Autarquias, Fundações de direito Público (chamadas também de fundações autár- quicas) e Consórcios Públicos2 (quando fo- rem Associações Públicas) 2 Isso implica dizer que as Autarquias, Fundações e Consórcios Públicos – quando forem associações –, ainda que façam parte da Administração indireta, constituem Fazenda Pública, razão pela qual gozam das benesses concedidas à Fazenda. 1 CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 2018. 2 Lei 11.107/2005 é o diploma que rege os consórcios públicos. 5 COMO ESSE ASSUNTO TEM SIDO COBRADO EM PROVAS DA CARREIRA? (VUNESP - 2018 - Prefeitura de São Bernardo do Campo - SP – Procurador) Adaptada O Código de Processo Civil traz em seu bojo algumas previsões e prerrogativas específicas para a Fazenda Pública e também para integrantes da Advocacia Pública, dentre elas: os entes públicos são dispensados do pagamento de custas recursais, previsão esta que não se aplica às suas autarquias. Gabarito Errado Por outro lado, as Fundações de direito privado, as Empresas Públicas e as So- ciedades de Economia Mista, por não serem pessoas jurídicas de direito Público, não com- põem o conceito de Fazenda Pública. Cabe ressaltar, todavia, que a regra comporta algumas nuances que devem ser ressaltadas. Os Correios, apesar de serem empresa pública de direito privado, por pres- tarem serviço público essencial em regime de monopólio, gozam de várias prerrogativas estendidas à Fazenda Pública. Atenção: Não se está a afirmar que os Correios constituem Fazenda Pública, mas, tão somente, que gozam de prerrogativas atribuídas à Fazenda Pública. Nas Palavras do STF, os Correios são pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública. Vejam o entendimento do STJ e do STF sobre o tema: ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EMPRESA BRASILEIRA DE COR- REIOS E TELÉGRAFOS - ECT. EMPRESA ESTATAL PRESTADORA DE SER- VIÇO PÚBLICO. ATUAÇÃO ESSENCIALMENTE ESTATAL. APLICAÇÃO DO DECRETO 20.910/32. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 1. A Empresa Brasi- leira de Correios e Telégrafos, empresa pública federal, entidade da Administração Indireta da União, criada pelo decreto-lei n. 509/69, presta em exclusividade o serviço postal, que é um serviço público, não consubstanciando atividade econômica (ADPF 46, Relator (a): Min. MARÇO AURÉLIO, Relator (a) p/ Acórdão: Min. EROS GRAU, Tri- bunal Pleno, julgado em 05/08/2009, DJ 26/02/2010). Por essa razão, goza de algumas prerrogativas da Fazenda Pública, como prazos pro- cessuais, custas, impenhorabilidade de bens e imunidade recíproca. (STJ - AgRg no REsp: 1308820 DF 2011/0245864-0, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 04/06/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/06/2013) 6 6 CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. ART. 102, I, F, DA CONSTITUIÇÃO DO BRA- SIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT. EM- PRESA PÚBLICA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POSTAL E CORREIO AÉREO NACIONAL. SERVIÇO PÚBLICO. ART. 21, X, DA CONSTITUIÇÃO DO BRA- SIL. 1. A prestação do serviço postal consubstancia serviço público [art. 175 da CB/88]. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma empresa pública, entidade da Administração Indireta da União, como tal tendo sido criada pelo decreto-lei nº 509, de 10 de março de 1969. 2. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou, quando do julgamento do RE 220.906, Relator o Ministro MAURÍCIO CORRÊA, DJ 14.11.2002, à vista do disposto no artigo 6o do decreto-lei nº 509/69, que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é “pessoa jurídi- ca equiparada à Fazenda Pública, que explora serviço de competên- cia da União”.(CF, artigo 21, X) (...) (STF - ACO: 765 RJ, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 01/06/2005, Tribunal Pleno,Data de Publicação: DJe-211 DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07-11-2008 EMENT VOL-02340-01 PP-00141 RTJ VOL-00207-03 PP-00928) Ademais, tanto o STF quanto o STJ estendem algumas prerrogativas da Fazenda Pública, a exemplo do regime de precatório, às sociedades de economia mista, contanto que exerçam serviço público próprio do Estado em regime de monopólio. Vejam: (...) É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de nature- za não concorrencial. Precedentes. 5. Ofensa aos princípios consti- tucionais do sistema financeiro e orçamentário, em especial ao da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF), aos princípios da inde- pendência e da harmonia entre os Poderes (art. 2º da CF) e ao regime constitucional dos precatórios (art. 100 da CF). 6. Arguição de des- cumprimento de preceito fundamental julgada procedente. (ADPF 387, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 23/03/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-244 DIVULG 24-10-2017 PUBLIC 25-10-2017) PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MIS- TA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO. EQUIPARAÇÃO À FAZENDA PÚBLICA. PROCEDIMENTO PREVISTO NO ART. 730 DO CPC. PRECATÓ- RIOS. 1. A jurisprudência do STF é no sentido da aplicabilidade do re- gime de precatório às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado e de natureza não con- correncial. A propósito: RE 852.302 AgR, Relator (a): Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, PUBLIC 29/2/2016). (...) 3. O Superior Tribunal de 76 CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. ART. 102, I, F, DA CONSTITUIÇÃO DO BRA- SIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT. EM- PRESA PÚBLICA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POSTAL E CORREIO AÉREO NACIONAL. SERVIÇO PÚBLICO. ART. 21, X, DA CONSTITUIÇÃO DO BRA- SIL. 1. A prestação do serviço postal consubstancia serviço público [art. 175 da CB/88]. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma empresa pública, entidade da Administração Indireta da União, como tal tendo sido criada pelo decreto-lei nº 509, de 10 de março de 1969. 2. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou, quando do julgamento do RE 220.906, Relator o Ministro MAURÍCIO CORRÊA, DJ 14.11.2002, à vista do disposto no artigo 6o do decreto-lei nº 509/69, que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é “pessoa jurídi- ca equiparada à Fazenda Pública, que explora serviço de competên- cia da União”.(CF, artigo 21, X) (...) (STF - ACO: 765 RJ, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 01/06/2005, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-211 DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07-11-2008 EMENT VOL-02340-01 PP-00141 RTJ VOL-00207-03 PP-00928) Ademais, tanto o STF quanto o STJ estendem algumas prerrogativas da Fazenda Pública, a exemplo do regime de precatório, às sociedades de economia mista, contanto que exerçam serviço público próprio do Estado em regime de monopólio. Vejam: (...) É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de nature- za não concorrencial. Precedentes. 5. Ofensa aos princípios consti- tucionais do sistema financeiro e orçamentário, em especial ao da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF), aos princípios da inde- pendência e da harmonia entre os Poderes (art. 2º da CF) e ao regime constitucional dos precatórios (art. 100 da CF). 6. Arguição de des- cumprimento de preceito fundamental julgada procedente. (ADPF 387, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 23/03/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-244 DIVULG 24-10-2017 PUBLIC 25-10-2017) PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MIS- TA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO. EQUIPARAÇÃO À FAZENDA PÚBLICA. PROCEDIMENTO PREVISTO NO ART. 730 DO CPC. PRECATÓ- RIOS. 1. A jurisprudência do STF é no sentido da aplicabilidade do re- gime de precatório às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público de atuação própria do Estado e de natureza não con- correncial. A propósito: RE 852.302 AgR, Relator (a): Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, PUBLIC 29/2/2016). (...) 3. O Superior Tribunal de 7 Justiça, no mesmo sentido, já decidiu que “não é o simples fato de a empresa pública contemplar, dentre suas atividades, a prestação de serviço público que lhe garante, por si só, o tratamento dado à Fa- zenda. Tal equiparação pode ocorrer quando a estatal presta serviço exclusivamente público, que não possa ser exercido em regime de concorrência com os empreendedores privados” (REsp 1.422.811/ DF, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 18/11/2014). (...) (STJ - REsp: 1653062 CE 2016/0333576-2, Relator: Ministro HER- MAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 15/08/2017, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/10/2017) O TST vem entendendo da mesma forma, conforme a decisão proferida nos autos RO-64-32.2017.5.13.0000, cuja decisão é recentíssima3. Portanto, a jurisprudência dos tribu- nais superiores é pacífica na matéria. Observação: O mesmo entendimento se aplica às Empresas Públicas4. 4 2. REPRESENTAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA: ADVOCACIA PÚBLICA Tal realidade ganhou reforço com o entendimento do STF, ao analisar o recurso extraordinário 1.156.016, em agosto de 2019, reafirmou o entendimento no sentido que os Municípios não têm a obrigação de instituir procuradorias, por ausência de previsão expressa na Constituição Federal. A depender de cada ente federativo, a estrutura da procuradoria irá se modificar. Vamos tratar sobre cada uma. Como já ressaltado, a Fazenda Pública é uma expressão que personifica as pes- soas jurídicas de direito Público5. Os incisos I, II e III do art. 75 do CPC/15 preveem, de modo expresso, que os Entes Federativos serão representados em juízo por seus procuradores. Leonardo Cunha, com base na doutrina Pontes de Miranda, ressalta que, a despeito de estar no CPC/15 a expressão representação, o mais correto seria o termo presentação. Em outras palavras, a Fazenda Pública se faz presente em juízo por seus procuradores, sendo, como decorrência disso, descabida a exigência de mandato outorgando poderes aos advogados públicos6. 6 3 Publicada em 21 de junho de 2019. 4 (STJ - AgRg no AREsp: 234159 RJ 2012/0201250-1, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 07/05/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/05/2013) 5 Ressalvados os Correios, que, no dizer do STF, são equiparados à Fazenda Pública. 6 Ibidem. 8 8 2.1 Procuradoria Federal Pela sua importância, transcrevo o artigo da Constituição que trata sobre o tema: Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamen- te ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e ex- trajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Conforme transcrito, a AGU é o órgão a quem compete fazer a defesa dos inte- resses da administração direta e indireta da União, sendo seu chefe o Advogado Geral da União, escolhido dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, conforme §1º do art. 131 da CRF/88. Portanto, não há obrigatoriedade de o chefe da AGU ser servidor de carreia. Em âmbito federal, a Lei Complementar que trata da estrutura da Advocacia Ge- ral da União, de que trata o art. 131 da CRF/88, é a Lei Complementar 73 de 1993. Vejam a tabela abaixo que, de forma sintética, traduz as diferenças das procura- dorias que fazem parte da AGU, nos termos da LC supramencionada: Procuradorias que fazem a defesa dos interesses da administração direta e indireta da União, sendo vinculadas à Advocacia Geral da União: Procuradoria da União Compete a defesa da administração direta da União sobre todas as matérias que não sejam de competência da Fazenda Nacional. Portanto, matéria de caráter residual M at ér ia Procuradoriada Fazenda Nacional Em termos simples, compete a defesa da União em matéria de ordem Fiscal, sobretudo a de caráter tributário Procuradoria das Autarquias e da Fundações Compete a defesa dos interesses em todas as matérias das au- tarquias e fundações que compõem a administração indireta da União, ressalvado o Banco Central, autarquia especial, que pos- sui procuradoria própria Pe ss oa Reparem que existem, basicamente, três órgãos de procuradoria7 que realizam a defesa das entidades públicas federais vinculadas à Advocacia Geral da União, sendo os fatores determinantes a matéria e a pessoa, para saber a definição da devida procuradoria de defesa. É importante registrar que no §3º do art. 131 da CRF/88 há menção expressa à Procuradoria da Fazenda Nacional. 7 Os Procuradores do Banco Central não compõem a estrutura da AGU. 98 2.1 Procuradoria Federal Pela sua importância, transcrevo o artigo da Constituição que trata sobre o tema: Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamen- te ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e ex- trajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Conforme transcrito, a AGU é o órgão a quem compete fazer a defesa dos inte- resses da administração direta e indireta da União, sendo seu chefe o Advogado Geral da União, escolhido dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, conforme §1º do art. 131 da CRF/88. Portanto, não há obrigatoriedade de o chefe da AGU ser servidor de carreia. Em âmbito federal, a Lei Complementar que trata da estrutura da Advocacia Ge- ral da União, de que trata o art. 131 da CRF/88, é a Lei Complementar 73 de 1993. Vejam a tabela abaixo que, de forma sintética, traduz as diferenças das procura- dorias que fazem parte da AGU, nos termos da LC supramencionada: Procuradorias que fazem a defesa dos interesses da administração direta e indireta da União, sendo vinculadas à Advocacia Geral da União: Procuradoria da União Compete a defesa da administração direta da União sobre todas as matérias que não sejam de competência da Fazenda Nacional. Portanto, matéria de caráter residual M at ér ia Procuradoria da Fazenda Nacional Em termos simples, compete a defesa da União em matéria de ordem Fiscal, sobretudo a de caráter tributário Procuradoria das Autarquias e da Fundações Compete a defesa dos interesses em todas as matérias das au- tarquias e fundações que compõem a administração indireta da União, ressalvado o Banco Central, autarquia especial, que pos- sui procuradoria própria Pe ss oa Reparem que existem, basicamente, três órgãos de procuradoria7 que realizam a defesa das entidades públicas federais vinculadas à Advocacia Geral da União, sendo os fatores determinantes a matéria e a pessoa, para saber a definição da devida procuradoria de defesa. É importante registrar que no §3º do art. 131 da CRF/88 há menção expressa à Procuradoria da Fazenda Nacional. 7 Os Procuradores do Banco Central não compõem a estrutura da AGU. 9 2.2 Procuradoria Estadual Pela sua importância, transcrevo o dispositivo da CRF/88 que trata sobre o tema: Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organi- zados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso públi- co de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Os Estado e o DF serão representados por procuradores do Estados, organizados em carreira, cuja investidura pressupõe obrigatoriamente concurso público de provas e tí- tulos. Cada ente federativo dispõe de lei própria que regulamenta a carreira. Outrossim, o inciso II do art. 75 do CPC/15 estabelece que os Estados e o DF serão representados em juízo por seus procuradores, pelo que não é correto realizar a citação na pessoa do Governador. Normalmente, as leis orgânicas dos Procuradores do Estado confe- rem o poder de citação ao Procurador Geral do Estado. Sobre a existência de uma procuradoria da fazenda para os Estados e DF, assim como da União, vale colacionar o ensinamento de Cunha: Diferentemente do que sucede com a União, os Estados não têm sua representação dividida entre advogados e procuradores da Fazenda. A representação dos Estados é cometida aos procuradores de Esta- do, cabendo a divisão, por matérias ou tarefas, ao âmbito interno de organização administrativa das Procuradorias, sem que tal divisão repercuta na representação judicial do Estado8. Mas e se houver a previsão de Procurador da Fazenda Estadual? A previsão será inconstitucional. Vejam as lições do Márcio do Dizer o Direito: É inconstitucional norma de Constituição Estadual que preveja que compete ao Governador nomear e exonerar o “Procurador da Fazenda Estadual”. Isso porque o art. 132 da CF/88 determina que a representação judicial e a consultoria jurídica do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, deve ser feita pelos “Procuradores dos Estados e do Distrito Federal”. Essa previsão do art. 132 da CF/88 é chamada de princípio da unici- dade da representação judicial e da consultoria jurídica dos Estados e do Distrito Federal. 8 Ibidem. 10 10 Em outras palavras, só um órgão pode desempenhar esta função e se trata da Procurado- ria-Geral do Estado, que detém essa competência funcional exclusiva. O modelo consti- tucional da atividade de representação judicial e consultoria jurídica dos Estados exige a unicidade orgânica da advocacia pública estadual, incompatível com a criação de órgãos jurídicos paralelos para o desempenho das mesmas atribuições no âmbito da Administra- ção Pública Direta ou Indireta. (STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018, noticiado no Info 921) Assim, uma vez investido no cargo de procurador do Estado ou do DF, vocês, por exemplo, poderão defender os interesses mais diversos dos entes federativos a que estejam subordinados, incluindo o trabalho interno consultivo, a exemplo de elaboração de pareceres. Reparem, outrossim, que a AGU, de acordo com a Constituição, prestará as ati- vidades de consultoria e assessoramento jurídico ao poder executivo, ficando o diploma constitucional silente em relação ao poder legislativo e judiciário. Com base nisso, alguns Estados puseram em suas Constituições Estaduais a pre- visão de que os Procuradores do Estados prestariam de forma privativa tais atribuições ao poder executivo. Por essa razão, o STF foi instado a se manifestar e decidiu que: É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que preve- ja que a Procuradoria Geral do Estado ficará responsável pelas ati- vidades de representação judicial e de consultoria jurídica apenas “do Poder Executivo”. Essa previsão viola o princípio da unicidade da representação judicial dos Estados e do Distrito Federal. De acor- do com o art. 132 da CF/88 as atribuições da PGE não ficam restritas ao Poder Executivo, abrangendo também os demais Poderes. STF. Plenário. ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935) Conceito do Princípio da unicidade, de acordo com o Márcio do dizer o Direito: Se- gundo este “princípio”, os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal serão os úni- cos responsáveis pela representação judicial e pela consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Em outras palavras, só um órgão pode desempenhar as funções de representação judicial e de consultoria jurídica nos Estados e DF e este órgão é a Procura- doria-Geral do Estado (ou PGDF). Este “princípio” está previsto no art. 132 da CF/889. 9 9 Site Dizer o Direito. 1110 Em outras palavras, só um órgão pode desempenhar esta função e se trata da Procurado- ria-Geral do Estado, que detém essa competência funcionalexclusiva. O modelo consti- tucional da atividade de representação judicial e consultoria jurídica dos Estados exige a unicidade orgânica da advocacia pública estadual, incompatível com a criação de órgãos jurídicos paralelos para o desempenho das mesmas atribuições no âmbito da Administra- ção Pública Direta ou Indireta. (STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018, noticiado no Info 921) Assim, uma vez investido no cargo de procurador do Estado ou do DF, vocês, por exemplo, poderão defender os interesses mais diversos dos entes federativos a que estejam subordinados, incluindo o trabalho interno consultivo, a exemplo de elaboração de pareceres. Reparem, outrossim, que a AGU, de acordo com a Constituição, prestará as ati- vidades de consultoria e assessoramento jurídico ao poder executivo, ficando o diploma constitucional silente em relação ao poder legislativo e judiciário. Com base nisso, alguns Estados puseram em suas Constituições Estaduais a pre- visão de que os Procuradores do Estados prestariam de forma privativa tais atribuições ao poder executivo. Por essa razão, o STF foi instado a se manifestar e decidiu que: É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que preve- ja que a Procuradoria Geral do Estado ficará responsável pelas ati- vidades de representação judicial e de consultoria jurídica apenas “do Poder Executivo”. Essa previsão viola o princípio da unicidade da representação judicial dos Estados e do Distrito Federal. De acor- do com o art. 132 da CF/88 as atribuições da PGE não ficam restritas ao Poder Executivo, abrangendo também os demais Poderes. STF. Plenário. ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935) Conceito do Princípio da unicidade, de acordo com o Márcio do dizer o Direito: Se- gundo este “princípio”, os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal serão os úni- cos responsáveis pela representação judicial e pela consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Em outras palavras, só um órgão pode desempenhar as funções de representação judicial e de consultoria jurídica nos Estados e DF e este órgão é a Procura- doria-Geral do Estado (ou PGDF). Este “princípio” está previsto no art. 132 da CF/889. 9 9 Site Dizer o Direito. 11 Portanto, amigos, as Procuradorias dos Estados devem representar judicialmen- te, bem como prestar assessoria jurídica não só ao poder executivo, mas também ao legis- lativo e ao judiciário. Veda-se, outrossim, a existência de cargos na administração indireta de procura- dores autárquicos. Isso porque, de acordo com o STF, por conta do princípio da unicidade, a representação das autarquias da administração indireta deve ser realizada, também, pela Procuradoria do Estado. Vejam: É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que preveja que os procuradores autárquicos e os advogados de fundação terão competência privativa para a representação judicial e o assessora- mento jurídico dos órgãos da Administração Estadual Indireta aos quais vinculados, e que, para os efeitos de incidência de teto remu- neratório, eles serão considerados “procuradores”, nos termos do art. 37, XI, da CF/88. STF. Plenário. ADI 4449/AL, Rel. Min. Marco Auré- lio, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935). Todavia, deve-se tecer algumas nuances a respeito da unicidade. Amigos, agora analisem essa hipótese: Suponha que a assembleia legislativa do Estado do Pará está sendo prejudicada pelos atrasos dos duodécimos praticados pelo po- der Executivo, o que está acarretando danos graves ao poder legislativo. Constatou-se que, na via administrativa, não se chegou à uma resolução para o impasse, restando apenas à assembleia legislativa a via judicial. Tome nota: É entendimento consolidado que as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais podem demandar em juízo, mesmo que não tenham personalidade jurídi- ca, uma vez que possuem personalidade judiciária (REsp 1.164.017/PI, 1ª Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 6.4.2010). Nesse caso em que a Assembleia do Estado do Pará irá recorrer ao judiciário, o Procurador do Estado deverá, obrigatoriamente, representar a Assembleia Legislativa em função do princípio da unicidade? Não, meus amigos. Olhem a explicação do Márcio do dizer o direito: 12 12 A atuação da Procuradoria da Assembleia Legislativa deve ficar limitada à defesa das prer- rogativas inerentes ao Poder Legislativo. Em outras palavras, é possível a existência de Procuradoria da Assembleia Legislativa, mas este órgão ficará responsável apenas pela defesa das prerrogativas do Poder Legislativo. A representação estadual como um todo, independentemente do Poder, compete à Procuradoria-Geral do Estado (PGE), tendo em conta o princípio da unicidade institucional da representação judicial e da consultoria jurídica para Estados e Distrito Federal. No entanto, às vezes, há conflito entre os Poderes. Ex: o Poder Legislativo cobra do Poder Executivo o repasse de um valor que ele entende devido e que não foi feito. Nestes casos, é possível, em tese, a propositura de ação ju- dicial pela Assembleia Legislativa e quem irá representar judicialmente o órgão será a Procuradoria da ALE. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018 (Info 921)10. 10 Atenção: Aplica-se o mesmo entendimento para o poder judiciário. Ademais, antes da CRF/88, havia – e ainda há - diversas procuradorias e consulto- rias jurídicas do Estado que não são vinculadas à Procuradoria do Estado. Para esse caso, a Constituição prevê outra exceção ao princípio da unicidade no art. 69 do ADCT: Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias jurídicas se- paradas de suas Procuradorias-Gerais ou Advocacias-Gerais, desde que, na data da promulgação da Constituição, tenham órgãos distin- tos para as respectivas funções. Vejam o entendimento do STF sobre o tema: (...) A existência de consultorias jurídicas separadas de suas Procu- radorias-Gerais ou Advocacias-Gerais somente é admitida se sua existência for anterior à Constituição Federal (art. 69 do ADCT). (ADI 1.557, Rel. Min. ELLEN GRACIE) Atenção: Essa exceção só vale àquelas procuradorias e às consultorias que já existiam até a data da promulgação da CRF/88. Amigos, também é possível que haja procuradorias próprias para os Tribunais de Contas. Contudo, tais procuradorias não poderão executar as multas aplicadas pelas Cortes de Contas. Vejam: 10 Site dizer o Direito. 1312 A atuação da Procuradoria da Assembleia Legislativa deve ficar limitada à defesa das prer- rogativas inerentes ao Poder Legislativo. Em outras palavras, é possível a existência de Procuradoria da Assembleia Legislativa, mas este órgão ficará responsável apenas pela defesa das prerrogativas do Poder Legislativo. A representação estadual como um todo, independentemente do Poder, compete à Procuradoria-Geral do Estado (PGE), tendo em conta o princípio da unicidade institucional da representação judicial e da consultoria jurídica para Estados e Distrito Federal. No entanto, às vezes, há conflito entre os Poderes. Ex: o Poder Legislativo cobra do Poder Executivo o repasse de um valor que ele entende devido e que não foi feito. Nestes casos, é possível, em tese, a propositura de ação ju- dicial pela Assembleia Legislativa e quem irá representar judicialmente o órgão será a Procuradoria da ALE. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018 (Info 921)10. 10 Atenção: Aplica-se o mesmo entendimento para o poder judiciário. Ademais, antes da CRF/88, havia – e ainda há - diversas procuradorias e consulto- rias jurídicas do Estado que não são vinculadas à Procuradoria do Estado. Para esse caso, a Constituição prevê outra exceção ao princípio da unicidade no art. 69 do ADCT: Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias jurídicas se- paradas de suas Procuradorias-Gerais ou Advocacias-Gerais, desde que, na data da promulgação da Constituição, tenhamórgãos distin- tos para as respectivas funções. Vejam o entendimento do STF sobre o tema: (...) A existência de consultorias jurídicas separadas de suas Procu- radorias-Gerais ou Advocacias-Gerais somente é admitida se sua existência for anterior à Constituição Federal (art. 69 do ADCT). (ADI 1.557, Rel. Min. ELLEN GRACIE) Atenção: Essa exceção só vale àquelas procuradorias e às consultorias que já existiam até a data da promulgação da CRF/88. Amigos, também é possível que haja procuradorias próprias para os Tribunais de Contas. Contudo, tais procuradorias não poderão executar as multas aplicadas pelas Cortes de Contas. Vejam: 10 Site dizer o Direito. 13 É constitucional a criação de órgãos jurídicos na estrutura de Tribunais de Contas estaduais, vedada a atribuição de cobrança judicial de multas aplicadas pelo próprio tribunal. É inconstitucional norma estadual que preveja que compete à Procuradoria do Tribunal de Contas cobrar judicialmente as multas aplicadas pela Corte de Contas. A Cons- tituição Federal não outorgou aos Tribunais de Contas competência para executar suas próprias decisões. As decisões dos Tribunais de Contas que acarretem débito ou multa têm eficácia de título executivo, mas não podem ser executadas por iniciativa do próprio Tribunal. STF. Plenário. ADI 4070/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016 (Info 851)11. 11 E não acabam as exceções por aí. Há a possibilidade também de se ter uma pro- curadoria própria em Universidades Públicas, haja vista o princípio da autonomia universi- tária. Vejam: É constitucional lei estadual que preveja o cargo em comissão de Procurador-Geral da universidade estadual. Esta previsão está de acordo com o princípio da autonomia universitária (art. 207 da CF/88). STF. Plenário. ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935)12. 12 Portanto, o princípio da unicidade não tolhe de forma absoluta a criação de pro- curadorias no âmbito de outros poderes e entidades. No que se refere ao princípio da uni- cidade, vejam a tabela com as regras e as exceções: Princípio da Unicidade Regra Exceção Em razão do princípio da unicidade, somente os Procuradores dos Esta- dos poderão defender os interesses dos Estado, inclusive de suas autar- quias e fundações, seja no âmbito ju- dicial ou extrajudicial. Procuradorias: • Poder Legislativo; • Poder Judiciário; • Tribunal de Contas; • Art. 69 do ADCT; • Universidades Públicas. Amigos, registra-se que o princípio da unicidade se aplica apenas aos Estados e ao DF, tendo em conta que o art. 132 se refere, apenas, a esses entes federativos13. 11 Site: Dizer o Direito. 12 Site: Dizer o Direito. 13 Lembrando que em âmbito federal há várias espécies de procuradorias. 14 14 2.3 Procuradoria Municipal Já os advirto de que não há previsão constitucional de procuradoria em âmbito municipal, pelo que se entende que não há obrigatoriedade de existência de procuradorias nos municípios. Decorre disso o fato de que, também, o princípio da unicidade não lhes aplica, podendo, portanto, por exemplo, existir procurador autárquico nesses entes. Para corroborar, vejam: Não há na Constituição Federal previsão que os Municípios a instituírem Procuradorias Municipais, organizadas em carreira, mediante concurso público. Não existe, na Cons- tituição Federal, a figura da advocacia pública municipal. Os Municípios não têm essa obrigação constitucional. STF. Plenário. RE 225777, Rel. Min. Eros Grau, Rel. p/ Acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 24/02/2011. STF. 2ª Turma. RE 893694 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 21/10/201614. 14 Observação: Há uma PEC (PEC 17/12), no congresso nacional, que estende a obrigato- riedade de órgão de procuradoria para os municípios15. 15 A realidade dos municípios brasileiros em alguns locais é um tanto complicada. A diminuta força econômica de alguns inviabiliza por completo a possibilidade de quadro de procuradores. Isso explica a previsão no inciso III do art. 75 do CPC/15 de que os municípios podem ser representados em juízo por procuradores ou prefeito. Ora, se nem todos os mu- nicípios dispõem de procuradores, não devem, portanto, ser representados apenas por pro- curadores. Isso não quer dizer, todavia, que, sem advogado, o município poderá ser repre- sentado em juízo apenas por prefeito, ainda que tenha OAB. Isso porque o inciso I do art. 28 do Estatuto da OAB prevê que a função de chefe do executivo repele a de advocacia. Portanto, é de observância obrigatória a comprovação de capacidade postulató- ria pelo município mediante a representatividade feita em juízo por um advogado ou pro- curador. 14 Site Dizer o Direto 15 Caso se interessem para saber mais: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/105021 1514 2.3 Procuradoria Municipal Já os advirto de que não há previsão constitucional de procuradoria em âmbito municipal, pelo que se entende que não há obrigatoriedade de existência de procuradorias nos municípios. Decorre disso o fato de que, também, o princípio da unicidade não lhes aplica, podendo, portanto, por exemplo, existir procurador autárquico nesses entes. Para corroborar, vejam: Não há na Constituição Federal previsão que os Municípios a instituírem Procuradorias Municipais, organizadas em carreira, mediante concurso público. Não existe, na Cons- tituição Federal, a figura da advocacia pública municipal. Os Municípios não têm essa obrigação constitucional. STF. Plenário. RE 225777, Rel. Min. Eros Grau, Rel. p/ Acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 24/02/2011. STF. 2ª Turma. RE 893694 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 21/10/201614. 14 Observação: Há uma PEC (PEC 17/12), no congresso nacional, que estende a obrigato- riedade de órgão de procuradoria para os municípios15. 15 A realidade dos municípios brasileiros em alguns locais é um tanto complicada. A diminuta força econômica de alguns inviabiliza por completo a possibilidade de quadro de procuradores. Isso explica a previsão no inciso III do art. 75 do CPC/15 de que os municípios podem ser representados em juízo por procuradores ou prefeito. Ora, se nem todos os mu- nicípios dispõem de procuradores, não devem, portanto, ser representados apenas por pro- curadores. Isso não quer dizer, todavia, que, sem advogado, o município poderá ser repre- sentado em juízo apenas por prefeito, ainda que tenha OAB. Isso porque o inciso I do art. 28 do Estatuto da OAB prevê que a função de chefe do executivo repele a de advocacia. Portanto, é de observância obrigatória a comprovação de capacidade postulató- ria pelo município mediante a representatividade feita em juízo por um advogado ou pro- curador. 14 Site Dizer o Direto 15 Caso se interessem para saber mais: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/105021 15 3. PRINCÍPIO DA ISONOMIA DO PROCESSO E SUA RELAÇÃO COM A FAZENDA PÚBLICA O princípio da igualdade decorre do art. 5º da CRF/88, que prevê que “todos são iguais perante a lei”. Decorre desse princípio o entendimento de que, segundo a lei, nin- guém pode ser alvo de privilégios. Por outro lado, não se está a afirmar que não se pode haver tratamento diferen- ciado. Para tanto, deve haver justificativa plausível, sob pena de flagrante inconstitucio- nalidade. O interesse coletivo deve ter primazia ao interesse individual. Essa expressão é uma das causas da existência da supremacia do interesse público. Porém, adverte Cunha, citando Marco Antônio Rodrigues, que a supremacia do interesse público: (...) não significa que os interesses estatais devem sempre prevalecer sobre os dos administrados, mas que o interesse público, definido a partir da ponderação, deve prevalecer em certa atividade concreta sobre interesses isolados, sejam particulares, sejam estatais. Assim, sugere-se falar não em supremacia do interesse público sobre o pri- vado, mas simplesmente em supremacia do interesse público, já que este pode representar a proteção a um interessede um ou alguns administrados apenas16. (grifamos) Com efeito, a Fazenda Pública tutela o interesse público e isso, por si só, já a tor- na diferente das demais pessoas. Ela, em juízo, defende o erário, que, em última análise, constitui a receita que faz frente às despesas públicas e, por consequência, às necessida- des da coletividade. Quando a Fazenda Pública é condenada a ter de pagar indenizações, a própria coletividade sai perdendo, uma vez que as verbas usadas para o pagamento a essa finalidade específica poderiam ser destinadas para o atendimento a uma gama de serviços e benefícios em prol da sociedade. Portanto, amigos, tratamento diferenciado à Fazenda Pública é medida que se impõe. Esse tratamento diferente não é, todavia, um privilégio, pois não se trata de dife- rença sem causa justificável, o que violaria o princípio da igualdade. Em verdade, tratam- -se de prerrogativas, consistindo num tratamento diferenciado em razão de uma justifi- cativa plausível. Em última análise, as prerrogativas conferidas à Fazenda Pública traduzem o princípio da igualdade material de Aristóteles, segundo o qual se deve tratar os iguais de forma igual e os desiguais na medida de sua desigualdade. 16 RODRIGUES, Marco Antonio. A Fazenda Pública no processo civil. São Paulo: Atlas, 2016. n. 1.3.1, p. 10-11 apud ibidem. 16 16 Tais prerrogativas, por exemplo, se materializam em prazos diferenciados – mais extensos – para a manifestação da Fazenda, fato que decorre do excesso de volume de tra- balho17, bem como da deficiente estrutura que acomete a Advocacia Pública. Há, também, prerrogativas que se fundam no direito material, a exemplo da pre- sunção de legitimidade dos atos administrativos, o que atrai, para o âmbito processual, a inversão do ônus da prova aos particulares. Outrossim, o regime de execução contra a Fazenda Pública segue um rito espe- cial, qual seja, o regime de precatório. Todas essas prerrogativas existem em função da situação diferenciada em que a Fazenda está inserida, sem as quais poderia-se levar ao descumprimento de diversos pro- gramas de Governo, que são de extrema relevância para a coletividade. Registra-se que há outros países, como a França, que, indo além das prerrogati- vas conferidas à Fazenda Pública no Brasil, retiram da justiça comum a competência para tratar das demandas que envolvam a Administração Pública, sistema denominado de con- tencioso administrativo. 4. REGIME JURÍDICO APLICADO ÀS CARREIRAS PÚBLICAS Todos os entes federativos, incluindo suas autarquias e fundações, gozam de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, nos termos do art. 183 do CPC/15. Aplica-se o mesmo tratamento ao Ministério Público – art. 180 do CPC/15 – e à De- fensoria Pública – art. 186 do CPC/15. Os membros da advocacia pública, Ministério Público e Defensoria só poderão ser responsabilizados por seus atos quando agirem com dolo ou fraude no exercício de suas funções, de forma regressiva, nos termos das disposições previstas no CPC/15. Tra- ta-se da aplicação da teoria da dupla garantia. Vejam as lições do Márcio do Dizer o Direito: 17 O Fisco como maior litigante do Poder Judiciário. Disponível em: https://politica.estadao.com.br/blogs/ fausto-macedo/o-fisco-como-maior-litigante-do-poder-judiciario/. Acesso em 19 de julho de 2019. 1716 Tais prerrogativas, por exemplo, se materializam em prazos diferenciados – mais extensos – para a manifestação da Fazenda, fato que decorre do excesso de volume de tra- balho17, bem como da deficiente estrutura que acomete a Advocacia Pública. Há, também, prerrogativas que se fundam no direito material, a exemplo da pre- sunção de legitimidade dos atos administrativos, o que atrai, para o âmbito processual, a inversão do ônus da prova aos particulares. Outrossim, o regime de execução contra a Fazenda Pública segue um rito espe- cial, qual seja, o regime de precatório. Todas essas prerrogativas existem em função da situação diferenciada em que a Fazenda está inserida, sem as quais poderia-se levar ao descumprimento de diversos pro- gramas de Governo, que são de extrema relevância para a coletividade. Registra-se que há outros países, como a França, que, indo além das prerrogati- vas conferidas à Fazenda Pública no Brasil, retiram da justiça comum a competência para tratar das demandas que envolvam a Administração Pública, sistema denominado de con- tencioso administrativo. 4. REGIME JURÍDICO APLICADO ÀS CARREIRAS PÚBLICAS Todos os entes federativos, incluindo suas autarquias e fundações, gozam de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, nos termos do art. 183 do CPC/15. Aplica-se o mesmo tratamento ao Ministério Público – art. 180 do CPC/15 – e à De- fensoria Pública – art. 186 do CPC/15. Os membros da advocacia pública, Ministério Público e Defensoria só poderão ser responsabilizados por seus atos quando agirem com dolo ou fraude no exercício de suas funções, de forma regressiva, nos termos das disposições previstas no CPC/15. Tra- ta-se da aplicação da teoria da dupla garantia. Vejam as lições do Márcio do Dizer o Direito: 17 O Fisco como maior litigante do Poder Judiciário. Disponível em: https://politica.estadao.com.br/blogs/ fausto-macedo/o-fisco-como-maior-litigante-do-poder-judiciario/. Acesso em 19 de julho de 2019. 17 A vítima poderá propor a ação diretamente contra o servidor causador do dano? NÃO. A vítima somente poderá ajuizar a ação contra o Estado (Poder Público). Se este for condenado, poderá acionar o servidor que causou o dano em caso de dolo ou culpa. O ofendido não poderá propor a demanda diretamente contra o agente público. Essa posi- ção foi denominada de tese da dupla garantia. STF. 1ª Turma. RE 327904, Rel. Min. Carlos Britto, julgado em 15/08/2006. STF. 1ª Turma. RE 593525 AgR-segundo, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 09/08/2016. Obs: existe um julgado do STJ em sentido contrário, mas é posição minoritária (STJ. 4ª Turma. REsp 1.325.862-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/9/2013. Info 532) Observação: Sobre a teoria da dupla garantia, tomem cuidado. Vejam se a questão co- bra o posicionamento do STJ ou do STF. COMO ESSE ASSUNTO TEM SIDO COBRADO EM PROVAS DA CARREIRA? (VUNESP - 2018 - Prefeitura de São Bernardo do Campo - SP – Procurador) Adaptada O Código de Processo Civil traz em seu bojo algumas previsões e prerrogativas específicas para a Fazenda Pública e também para integrantes da Advocacia Pública, dentre elas: o membro da advocacia pública será civilmente responsabilizado quando agir de forma negligente no exercício de suas funções. Gabarito Errado Ademais, tais membros – Advocacia Pública, Defensoria e Ministério Público – gozam da prerrogativa de serem intimados pessoalmente. No âmbito da advocacia pública, a intimação pessoal se estende a todos os entes federativos, inclusive os municípios, conforme o art. 183 do CPC/15. A intimação pessoal compreende a carga, a remessa ou meio eletrônico. A carga ocorre quando o próprio procurador vai à secretaria retirar os autos. A remessa, por sua vez, se perfaz quando a própria secretaria remete o feito ao órgão de representação. Por fim, o meio eletrônico é a intimação oficial dos processos eletrônicos. 5. JURISPRUDÊNCIAS IMPORTANTES NÃO TRATADAS AO LONGO DO MATERIAL: • É inconstitucional emenda à Constituição Estadual, de iniciativa parlamentar, que trate sobre as competências da Procuradoria Geral do Estado. Isso porque esta matéria é de iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1º, da CF/88). É do Governador do Estado a iniciativa de lei ou emenda constitucional que discipline a organização e as 18 18 atribuições dos órgãos e entidades da Administração Pública estadual. STF. Plenário. ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935). • É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que preveja que “a representação judicial e extrajudicial dos órgãos da administração indiretaé de competência dos profissionais do corpo jurídico que compõem seus respectivos quadros e integram advocacia pública cujas atividades são disciplinadas em leis especificas.” Essa previsão viola o princípio da unicidade da representação judicial dos Estados e do Distrito Federal. O art. 132 da CF/88 atribuiu aos Procuradores dos Estados e do DF exclusividade no exercício da atividade jurídica contenciosa e consultiva não apenas dos órgãos, mas também das entidades que compõem a administração pública indireta. STF. Plenário. ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935) • É inconstitucional lei estadual que preveja que servidor de autarquia (no caso, era Técnico Superior do DETRAN) será responsável por: • representar a entidade “em juízo ou fora dele nas ações em que haja interesse da autarquia”. • praticar “todos os demais atos de natureza judicial ou contenciosa, devendo, para tanto, exercer as suas funções profissionais e de responsabilidade técnica regidas pela Ordem dos Advogados do Brasil OAB”. Tais previsões violam o “princípio da unicidade da representação judicial dos Estados e do Distrito Federal”, insculpido no art. 132 da CF/88. A legislação impugnada, apesar de não ter criado uma procuradoria paralela, atribuiu ao cargo de Técnico Superior do Detran/ ES, com formação em Direito, diversas funções privativas de advogado. Ao assim agir, conferiu algumas atribuições de representação jurídica do DETRAN a pessoas estranhas aos quadros da Procuradoria-Geral do Estado, com violação do art. 132, caput, da CF/88. O STF decidiu modular os efeitos da decisão para: • manter os cargos em questão, excluídas as atribuições judiciais inerentes às procuradorias; • declarar a validade dos atos praticados (ex: contestações, recursos etc.) até a data do julgamento, com base na teoria do funcionário de fato. ATENÇÃO. Por outro lado, é válido que esses servidores façam a atuação jurídica no âmbito interno da autarquia, sobretudo em atividades de compliance, tais como conceber e formular medidas e soluções de otimização, fiscalização e auditoria (exs: interpretar textos e instrumentos legais, elaborar pareceres sobre questões jurídicas que envolvam as atividades da entidade, elaborar editais, contratos, convênios etc.). Essas atribuições podem sim ser exercidas pelos Técnicos Superiores do DETRAN, sem que isso ofenda o princípio da unicidade da representação judicial. O STF entendeu que não se pode deslocar qualquer atuação técnico-jurídica da autarquia para a PGE, porque esta não conseguirá fazer frente a essa gama de trabalho, sob pena de ter suas atividades inviabilizadas. STF. Plenário. ADI 5109/ES, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 13/12/2018 (Info 927). ATENÇÃO 2. No dia 04/06/2020, o STF julgou embargos de declaração opostos neste processo e fez os seguintes acréscimos: • também são inconstitucionais os dispositivos da lei que preveem que o Técnico Superior do DETRAN possa “apresentar recursos em qualquer instância”, “comparecer às audiências e outros atos para defender os direitos do órgão” e “promover medidas administrativas e judiciais para proteção dos bens e patrimônio do DETRAN-ES”; 1918 atribuições dos órgãos e entidades da Administração Pública estadual. STF. Plenário. ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935). • É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que preveja que “a representação judicial e extrajudicial dos órgãos da administração indireta é de competência dos profissionais do corpo jurídico que compõem seus respectivos quadros e integram advocacia pública cujas atividades são disciplinadas em leis especificas.” Essa previsão viola o princípio da unicidade da representação judicial dos Estados e do Distrito Federal. O art. 132 da CF/88 atribuiu aos Procuradores dos Estados e do DF exclusividade no exercício da atividade jurídica contenciosa e consultiva não apenas dos órgãos, mas também das entidades que compõem a administração pública indireta. STF. Plenário. ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935) • É inconstitucional lei estadual que preveja que servidor de autarquia (no caso, era Técnico Superior do DETRAN) será responsável por: • representar a entidade “em juízo ou fora dele nas ações em que haja interesse da autarquia”. • praticar “todos os demais atos de natureza judicial ou contenciosa, devendo, para tanto, exercer as suas funções profissionais e de responsabilidade técnica regidas pela Ordem dos Advogados do Brasil OAB”. Tais previsões violam o “princípio da unicidade da representação judicial dos Estados e do Distrito Federal”, insculpido no art. 132 da CF/88. A legislação impugnada, apesar de não ter criado uma procuradoria paralela, atribuiu ao cargo de Técnico Superior do Detran/ ES, com formação em Direito, diversas funções privativas de advogado. Ao assim agir, conferiu algumas atribuições de representação jurídica do DETRAN a pessoas estranhas aos quadros da Procuradoria-Geral do Estado, com violação do art. 132, caput, da CF/88. O STF decidiu modular os efeitos da decisão para: • manter os cargos em questão, excluídas as atribuições judiciais inerentes às procuradorias; • declarar a validade dos atos praticados (ex: contestações, recursos etc.) até a data do julgamento, com base na teoria do funcionário de fato. ATENÇÃO. Por outro lado, é válido que esses servidores façam a atuação jurídica no âmbito interno da autarquia, sobretudo em atividades de compliance, tais como conceber e formular medidas e soluções de otimização, fiscalização e auditoria (exs: interpretar textos e instrumentos legais, elaborar pareceres sobre questões jurídicas que envolvam as atividades da entidade, elaborar editais, contratos, convênios etc.). Essas atribuições podem sim ser exercidas pelos Técnicos Superiores do DETRAN, sem que isso ofenda o princípio da unicidade da representação judicial. O STF entendeu que não se pode deslocar qualquer atuação técnico-jurídica da autarquia para a PGE, porque esta não conseguirá fazer frente a essa gama de trabalho, sob pena de ter suas atividades inviabilizadas. STF. Plenário. ADI 5109/ES, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 13/12/2018 (Info 927). ATENÇÃO 2. No dia 04/06/2020, o STF julgou embargos de declaração opostos neste processo e fez os seguintes acréscimos: • também são inconstitucionais os dispositivos da lei que preveem que o Técnico Superior do DETRAN possa “apresentar recursos em qualquer instância”, “comparecer às audiências e outros atos para defender os direitos do órgão” e “promover medidas administrativas e judiciais para proteção dos bens e patrimônio do DETRAN-ES”; 19 • a declaração de inconstitucionalidade parcial do ato normativo abrange as atribuições jurídicas consultivas do cargo de Técnico Superior que sejam privativas de Procurador do Estado. Assim, as atribuições de “elaborar estudos de pareceres sobre questões jurídicas que envolvam as atividades do DETRAN-ES; elaborar editais, contratos, convênios, acordos e ajustes celebrados pela autarquia, com a emissão de parecer” devem ser exercidas sob supervisão de Procurador do Estado do Espírito Santo. Com base no que foi completado no julgamento dos embargos, conclui-se que as atribuições jurídicas consultivas dos ocupantes do cargo de Técnico Superior devem ser obrigatoriamente exercidas sob a supervisão de Procurador do Estado, por ser esta a interpretação que melhor prestigia o art. 132 da CF/88 e a jurisprudência do STF. STF. Plenário. ADI 5109 ED-segundos/ES, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/6/2020 (Info 980). • O Ministério Público possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de cobrança pela Fazenda Pública. Quem executa a pena de multa? • Prioritariamente: o Ministério Público, na vara de execução penal, aplicando-se a LEP. • Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90dias após ser devidamente intimado: a Fazenda Pública irá executar, na vara de execuções fiscais, aplicando-se a Lei nº 6.830/80. STF. Plenário. ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). STF. Plenário. AP 470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). Obs: a Súmula 521- STJ fica superada e deverá ser cancelada. Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. • É válida norma da Constituição do Estado que atribui ao Procurador da Assembleia Legislativa ou, alternativamente, ao Procurador-Geral do Estado, a incumbência de defender a constitucionalidade de ato normativo estadual questionado em controle abstrato de constitucionalidade na esfera de competência do Tribunal de Justiça. Essa previsão não afronta o art. 103, § 3º da CF/88 já que não existe, quanto a isso, um dever de simetria para com o modelo federal. Ademais, essa norma estadual não viola o art. 132 da CF/88 uma vez que a atuação do Procurador-Geral da ALE nos processos de controle de constitucionalidade não se confunde com o papel de representação judicial do Estado, esse sim de exclusividade da Procuradoria-Geral do Estado. STF. Plenário. ADI 119/RO, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/2/2014 (Info 736). • Todos os Julgados extraídos do Site do Dizer o Direito
Compartilhar