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Manual de Fazenda Pública

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EDITORA
OUSE SABER
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Manual de Fazenda Pública em Juízo, 1ª Edição, Fortaleza: Ouse 
Saber, 2021.
Fazenda Pública em Juízo. Concursos. Direito.
ISBN: 978-65-86950-74-8
2021
Editora Ouse Saber. Rua Costa Barros, 915, 
Edifício Ébano, sala 707. Fortaleza - Ceará.
www.ousesaber.com.br
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EDITORA
OUSE SABER
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Manual de Fazenda Pública em Juízo, 1ª Edição, Fortaleza: Ouse 
Saber, 2021.
Fazenda Pública em Juízo. Concursos. Direito.
ISBN: 978-65-86950-74-8
2021
Editora Ouse Saber. Rua Costa Barros, 915, 
Edifício Ébano, sala 707. Fortaleza - Ceará.
www.ousesaber.com.br
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SUMÁRIO
1. CONCEITO DE FAZENDA PÚBLICA.......................................................................................... 4
2. REPRESENTAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA: ADVOCACIA PÚBLICA.......................................... 7
2.1 Procuradoria Federal ........................................................................................................... 8
2.2 Procuradoria Estadual ......................................................................................................... 9
2.3 Procuradoria Municipal...................................................................................................... 14
3. PRINCÍPIO DA ISONOMIA DO PROCESSO E SUA RELAÇÃO COM A FAZENDA PÚBLICA ...... 15
4. REGIME JURÍDICO APLICADO ÀS CARREIRAS PÚBLICAS .................................................... 16
5. JURISPRUDÊNCIAS IMPORTANTES NÃO TRATADAS AO LONGO DO MATERIAL: ................ 17
4 4
1. CONCEITO DE FAZENDA PÚBLICA
Normalmente, a palavra “Fazenda Pública” remete ao campo financeiro e econô-
mico, estando umbilicalmente ligado com o termo erário. Por outro lado, a denominação 
“Fazenda Pública” sempre foi utilizada no campo processual, a exemplo do CPC de 39 e o de 
73. Não foi diferente com o atual Código de Processo Civil de 2015. 
É correto, portanto, afirmar que a expressão Fazenda Pública pode ser entendida 
como um conceito com vários significados.
Para CUNHA: “a palavra Fazenda Pública representa a personificação do Estado, abran-
gendo as pessoas jurídicas de direito público. No processo em que haja a presença de 
uma pessoa jurídica de direito público, esta pode ser designada, genericamente, de 
Fazenda Pública”1.
 1
Reparem que a Fazenda Pública é constituída por pessoas jurídicas de direito pú-
blico. Vejam a tabela abaixo e reparem nas pessoas jurídicas que podem ser consideradas 
como Fazenda Pública:
Pessoas jurídicas de direito Público
Administração Direta Administração Indireta
Entes Federativos: União, Estados, DF e Mu-
nicípios
Autarquias, Fundações de direito Público 
(chamadas também de fundações autár-
quicas) e Consórcios Públicos2 (quando fo-
rem Associações Públicas) 
2
Isso implica dizer que as Autarquias, Fundações e Consórcios Públicos – quando 
forem associações –, ainda que façam parte da Administração indireta, constituem Fazenda 
Pública, razão pela qual gozam das benesses concedidas à Fazenda. 
1 CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 2018.
2 Lei 11.107/2005 é o diploma que rege os consórcios públicos. 
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1. CONCEITO DE FAZENDA PÚBLICA
Normalmente, a palavra “Fazenda Pública” remete ao campo financeiro e econô-
mico, estando umbilicalmente ligado com o termo erário. Por outro lado, a denominação 
“Fazenda Pública” sempre foi utilizada no campo processual, a exemplo do CPC de 39 e o de 
73. Não foi diferente com o atual Código de Processo Civil de 2015. 
É correto, portanto, afirmar que a expressão Fazenda Pública pode ser entendida 
como um conceito com vários significados.
Para CUNHA: “a palavra Fazenda Pública representa a personificação do Estado, abran-
gendo as pessoas jurídicas de direito público. No processo em que haja a presença de 
uma pessoa jurídica de direito público, esta pode ser designada, genericamente, de 
Fazenda Pública”1.
 1
Reparem que a Fazenda Pública é constituída por pessoas jurídicas de direito pú-
blico. Vejam a tabela abaixo e reparem nas pessoas jurídicas que podem ser consideradas 
como Fazenda Pública:
Pessoas jurídicas de direito Público
Administração Direta Administração Indireta
Entes Federativos: União, Estados, DF e Mu-
nicípios
Autarquias, Fundações de direito Público 
(chamadas também de fundações autár-
quicas) e Consórcios Públicos2 (quando fo-
rem Associações Públicas) 
2
Isso implica dizer que as Autarquias, Fundações e Consórcios Públicos – quando 
forem associações –, ainda que façam parte da Administração indireta, constituem Fazenda 
Pública, razão pela qual gozam das benesses concedidas à Fazenda. 
1 CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo, 2018.
2 Lei 11.107/2005 é o diploma que rege os consórcios públicos. 
5
COMO ESSE ASSUNTO TEM SIDO COBRADO EM PROVAS DA CARREIRA?
(VUNESP - 2018 - Prefeitura de São Bernardo do Campo - SP – Procurador) Adaptada
O Código de Processo Civil traz em seu bojo algumas previsões e prerrogativas específicas 
para a Fazenda Pública e também para integrantes da Advocacia Pública, dentre elas: os 
entes públicos são dispensados do pagamento de custas recursais, previsão esta que não 
se aplica às suas autarquias.
Gabarito Errado
Por outro lado, as Fundações de direito privado, as Empresas Públicas e as So-
ciedades de Economia Mista, por não serem pessoas jurídicas de direito Público, não com-
põem o conceito de Fazenda Pública. 
Cabe ressaltar, todavia, que a regra comporta algumas nuances que devem ser 
ressaltadas. Os Correios, apesar de serem empresa pública de direito privado, por pres-
tarem serviço público essencial em regime de monopólio, gozam de várias prerrogativas 
estendidas à Fazenda Pública. 
Atenção: Não se está a afirmar que os Correios constituem Fazenda Pública, mas, tão 
somente, que gozam de prerrogativas atribuídas à Fazenda Pública. Nas Palavras do 
STF, os Correios são pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública.
Vejam o entendimento do STJ e do STF sobre o tema:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. EMPRESA BRASILEIRA DE COR-
REIOS E TELÉGRAFOS - ECT. EMPRESA ESTATAL PRESTADORA DE SER-
VIÇO PÚBLICO. ATUAÇÃO ESSENCIALMENTE ESTATAL. APLICAÇÃO DO 
DECRETO 20.910/32. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 1. A Empresa Brasi-
leira de Correios e Telégrafos, empresa pública federal, entidade da 
Administração Indireta da União, criada pelo decreto-lei n. 509/69, 
presta em exclusividade o serviço postal, que é um serviço público, 
não consubstanciando atividade econômica (ADPF 46, Relator (a): 
Min. MARÇO AURÉLIO, Relator (a) p/ Acórdão: Min. EROS GRAU, Tri-
bunal Pleno, julgado em 05/08/2009, DJ 26/02/2010). Por essa razão, 
goza de algumas prerrogativas da Fazenda Pública, como prazos pro-
cessuais, custas, impenhorabilidade de bens e imunidade recíproca. 
(STJ - AgRg no REsp: 1308820 DF 2011/0245864-0, Relator: Ministro 
MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento: 04/06/2013, T2 - 
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/06/2013)
6 6
CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 
AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. ART. 102, I, F, DA CONSTITUIÇÃO DO BRA-
SIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT. EM-
PRESA PÚBLICA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POSTAL E CORREIO AÉREO 
NACIONAL. SERVIÇO PÚBLICO. ART. 21, X, DA CONSTITUIÇÃO DO BRA-
SIL. 1. A prestação do serviço postal consubstancia serviço público 
[art. 175 da CB/88]. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é 
uma empresa pública, entidade da Administração Indireta da União, 
como tal tendo sido criada pelo decreto-lei nº 509, de 10 de março de 
1969. 2. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou, quando do 
julgamento do RE 220.906, Relator o Ministro MAURÍCIO CORRÊA, DJ 
14.11.2002, à vista do disposto no artigo 6o do decreto-lei nº 509/69, 
que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é “pessoa jurídi-
ca equiparada à Fazenda Pública, que explora serviço de competên-
cia da União”.(CF, artigo 21, X) (...) (STF - ACO: 765 RJ, Relator: Min. 
MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 01/06/2005, Tribunal Pleno,Data de Publicação: DJe-211 DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07-11-2008 
EMENT VOL-02340-01 PP-00141 RTJ VOL-00207-03 PP-00928)
Ademais, tanto o STF quanto o STJ estendem algumas prerrogativas da Fazenda 
Pública, a exemplo do regime de precatório, às sociedades de economia mista, contanto 
que exerçam serviço público próprio do Estado em regime de monopólio. Vejam:
(...) É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia 
mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de nature-
za não concorrencial. Precedentes. 5. Ofensa aos princípios consti-
tucionais do sistema financeiro e orçamentário, em especial ao da 
legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF), aos princípios da inde-
pendência e da harmonia entre os Poderes (art. 2º da CF) e ao regime 
constitucional dos precatórios (art. 100 da CF). 6. Arguição de des-
cumprimento de preceito fundamental julgada procedente. (ADPF 
387, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 
23/03/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-244 DIVULG 24-10-2017 
PUBLIC 25-10-2017)
PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MIS-
TA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO. EQUIPARAÇÃO À FAZENDA 
PÚBLICA. PROCEDIMENTO PREVISTO NO ART. 730 DO CPC. PRECATÓ-
RIOS. 1. A jurisprudência do STF é no sentido da aplicabilidade do re-
gime de precatório às sociedades de economia mista prestadoras de 
serviço público de atuação própria do Estado e de natureza não con-
correncial. A propósito: RE 852.302 AgR, Relator (a): Min. Dias Toffoli, 
Segunda Turma, PUBLIC 29/2/2016). (...) 3. O Superior Tribunal de 
76
CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 
AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. ART. 102, I, F, DA CONSTITUIÇÃO DO BRA-
SIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - EBCT. EM-
PRESA PÚBLICA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POSTAL E CORREIO AÉREO 
NACIONAL. SERVIÇO PÚBLICO. ART. 21, X, DA CONSTITUIÇÃO DO BRA-
SIL. 1. A prestação do serviço postal consubstancia serviço público 
[art. 175 da CB/88]. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é 
uma empresa pública, entidade da Administração Indireta da União, 
como tal tendo sido criada pelo decreto-lei nº 509, de 10 de março de 
1969. 2. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou, quando do 
julgamento do RE 220.906, Relator o Ministro MAURÍCIO CORRÊA, DJ 
14.11.2002, à vista do disposto no artigo 6o do decreto-lei nº 509/69, 
que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é “pessoa jurídi-
ca equiparada à Fazenda Pública, que explora serviço de competên-
cia da União”.(CF, artigo 21, X) (...) (STF - ACO: 765 RJ, Relator: Min. 
MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 01/06/2005, Tribunal Pleno, 
Data de Publicação: DJe-211 DIVULG 06-11-2008 PUBLIC 07-11-2008 
EMENT VOL-02340-01 PP-00141 RTJ VOL-00207-03 PP-00928)
Ademais, tanto o STF quanto o STJ estendem algumas prerrogativas da Fazenda 
Pública, a exemplo do regime de precatório, às sociedades de economia mista, contanto 
que exerçam serviço público próprio do Estado em regime de monopólio. Vejam:
(...) É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia 
mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de nature-
za não concorrencial. Precedentes. 5. Ofensa aos princípios consti-
tucionais do sistema financeiro e orçamentário, em especial ao da 
legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF), aos princípios da inde-
pendência e da harmonia entre os Poderes (art. 2º da CF) e ao regime 
constitucional dos precatórios (art. 100 da CF). 6. Arguição de des-
cumprimento de preceito fundamental julgada procedente. (ADPF 
387, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 
23/03/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-244 DIVULG 24-10-2017 
PUBLIC 25-10-2017)
PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MIS-
TA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO. EQUIPARAÇÃO À FAZENDA 
PÚBLICA. PROCEDIMENTO PREVISTO NO ART. 730 DO CPC. PRECATÓ-
RIOS. 1. A jurisprudência do STF é no sentido da aplicabilidade do re-
gime de precatório às sociedades de economia mista prestadoras de 
serviço público de atuação própria do Estado e de natureza não con-
correncial. A propósito: RE 852.302 AgR, Relator (a): Min. Dias Toffoli, 
Segunda Turma, PUBLIC 29/2/2016). (...) 3. O Superior Tribunal de 
7
Justiça, no mesmo sentido, já decidiu que “não é o simples fato de a 
empresa pública contemplar, dentre suas atividades, a prestação de 
serviço público que lhe garante, por si só, o tratamento dado à Fa-
zenda. Tal equiparação pode ocorrer quando a estatal presta serviço 
exclusivamente público, que não possa ser exercido em regime de 
concorrência com os empreendedores privados” (REsp 1.422.811/
DF, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 18/11/2014). 
(...) (STJ - REsp: 1653062 CE 2016/0333576-2, Relator: Ministro HER-
MAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 15/08/2017, T2 - SEGUNDA 
TURMA, Data de Publicação: DJe 13/10/2017)
O TST vem entendendo da mesma forma, conforme a decisão proferida nos autos 
RO-64-32.2017.5.13.0000, cuja decisão é recentíssima3. Portanto, a jurisprudência dos tribu-
nais superiores é pacífica na matéria.
Observação: O mesmo entendimento se aplica às Empresas Públicas4.
4
2. REPRESENTAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA: ADVOCACIA PÚBLICA
Tal realidade ganhou reforço com o entendimento do STF, ao analisar o recurso 
extraordinário 1.156.016, em agosto de 2019, reafirmou o entendimento no sentido que 
os Municípios não têm a obrigação de instituir procuradorias, por ausência de previsão 
expressa na Constituição Federal.
A depender de cada ente federativo, a estrutura da procuradoria irá se modificar. 
Vamos tratar sobre cada uma.
Como já ressaltado, a Fazenda Pública é uma expressão que personifica as pes-
soas jurídicas de direito Público5. Os incisos I, II e III do art. 75 do CPC/15 preveem, de modo 
expresso, que os Entes Federativos serão representados em juízo por seus procuradores. 
Leonardo Cunha, com base na doutrina Pontes de Miranda, ressalta que, a despeito de 
estar no CPC/15 a expressão representação, o mais correto seria o termo presentação. 
Em outras palavras, a Fazenda Pública se faz presente em juízo por seus procuradores, 
sendo, como decorrência disso, descabida a exigência de mandato outorgando poderes 
aos advogados públicos6. 
6
3 Publicada em 21 de junho de 2019.
4 (STJ - AgRg no AREsp: 234159 RJ 2012/0201250-1, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 
07/05/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/05/2013)
5 Ressalvados os Correios, que, no dizer do STF, são equiparados à Fazenda Pública. 
6 Ibidem.
8 8
2.1 Procuradoria Federal
Pela sua importância, transcrevo o artigo da Constituição que trata sobre o tema:
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamen-
te ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e ex-
trajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que 
dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de 
consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.
Conforme transcrito, a AGU é o órgão a quem compete fazer a defesa dos inte-
resses da administração direta e indireta da União, sendo seu chefe o Advogado Geral da 
União, escolhido dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico 
e reputação ilibada, conforme §1º do art. 131 da CRF/88. Portanto, não há obrigatoriedade 
de o chefe da AGU ser servidor de carreia.
Em âmbito federal, a Lei Complementar que trata da estrutura da Advocacia Ge-
ral da União, de que trata o art. 131 da CRF/88, é a Lei Complementar 73 de 1993. 
Vejam a tabela abaixo que, de forma sintética, traduz as diferenças das procura-
dorias que fazem parte da AGU, nos termos da LC supramencionada: 
Procuradorias que fazem a defesa dos interesses da administração direta e indireta da 
União, sendo vinculadas à Advocacia Geral da União:
Procuradoria da 
União
Compete a defesa da administração direta da União sobre todas 
as matérias que não sejam de competência da Fazenda Nacional. 
Portanto, matéria de caráter residual
M
at
ér
ia
Procuradoriada Fazenda 
Nacional
Em termos simples, compete a defesa da União em matéria de 
ordem Fiscal, sobretudo a de caráter tributário
Procuradoria das 
Autarquias e da 
Fundações
Compete a defesa dos interesses em todas as matérias das au-
tarquias e fundações que compõem a administração indireta da 
União, ressalvado o Banco Central, autarquia especial, que pos-
sui procuradoria própria
Pe
ss
oa
Reparem que existem, basicamente, três órgãos de procuradoria7 que realizam 
a defesa das entidades públicas federais vinculadas à Advocacia Geral da União, sendo os 
fatores determinantes a matéria e a pessoa, para saber a definição da devida procuradoria 
de defesa. É importante registrar que no §3º do art. 131 da CRF/88 há menção expressa à 
Procuradoria da Fazenda Nacional. 
7 Os Procuradores do Banco Central não compõem a estrutura da AGU.
98
2.1 Procuradoria Federal
Pela sua importância, transcrevo o artigo da Constituição que trata sobre o tema:
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamen-
te ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e ex-
trajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que 
dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de 
consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.
Conforme transcrito, a AGU é o órgão a quem compete fazer a defesa dos inte-
resses da administração direta e indireta da União, sendo seu chefe o Advogado Geral da 
União, escolhido dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico 
e reputação ilibada, conforme §1º do art. 131 da CRF/88. Portanto, não há obrigatoriedade 
de o chefe da AGU ser servidor de carreia.
Em âmbito federal, a Lei Complementar que trata da estrutura da Advocacia Ge-
ral da União, de que trata o art. 131 da CRF/88, é a Lei Complementar 73 de 1993. 
Vejam a tabela abaixo que, de forma sintética, traduz as diferenças das procura-
dorias que fazem parte da AGU, nos termos da LC supramencionada: 
Procuradorias que fazem a defesa dos interesses da administração direta e indireta da 
União, sendo vinculadas à Advocacia Geral da União:
Procuradoria da 
União
Compete a defesa da administração direta da União sobre todas 
as matérias que não sejam de competência da Fazenda Nacional. 
Portanto, matéria de caráter residual
M
at
ér
ia
Procuradoria 
da Fazenda 
Nacional
Em termos simples, compete a defesa da União em matéria de 
ordem Fiscal, sobretudo a de caráter tributário
Procuradoria das 
Autarquias e da 
Fundações
Compete a defesa dos interesses em todas as matérias das au-
tarquias e fundações que compõem a administração indireta da 
União, ressalvado o Banco Central, autarquia especial, que pos-
sui procuradoria própria
Pe
ss
oa
Reparem que existem, basicamente, três órgãos de procuradoria7 que realizam 
a defesa das entidades públicas federais vinculadas à Advocacia Geral da União, sendo os 
fatores determinantes a matéria e a pessoa, para saber a definição da devida procuradoria 
de defesa. É importante registrar que no §3º do art. 131 da CRF/88 há menção expressa à 
Procuradoria da Fazenda Nacional. 
7 Os Procuradores do Banco Central não compõem a estrutura da AGU.
9
2.2 Procuradoria Estadual 
Pela sua importância, transcrevo o dispositivo da CRF/88 que trata sobre o tema:
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organi-
zados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso públi-
co de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados 
do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e 
a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. 
Os Estado e o DF serão representados por procuradores do Estados, organizados 
em carreira, cuja investidura pressupõe obrigatoriamente concurso público de provas e tí-
tulos. Cada ente federativo dispõe de lei própria que regulamenta a carreira.
Outrossim, o inciso II do art. 75 do CPC/15 estabelece que os Estados e o DF serão 
representados em juízo por seus procuradores, pelo que não é correto realizar a citação na 
pessoa do Governador. Normalmente, as leis orgânicas dos Procuradores do Estado confe-
rem o poder de citação ao Procurador Geral do Estado. 
Sobre a existência de uma procuradoria da fazenda para os Estados e DF, assim 
como da União, vale colacionar o ensinamento de Cunha:
Diferentemente do que sucede com a União, os Estados não têm sua 
representação dividida entre advogados e procuradores da Fazenda. 
A representação dos Estados é cometida aos procuradores de Esta-
do, cabendo a divisão, por matérias ou tarefas, ao âmbito interno de 
organização administrativa das Procuradorias, sem que tal divisão 
repercuta na representação judicial do Estado8.
 
Mas e se houver a previsão de Procurador da Fazenda Estadual? A previsão será 
inconstitucional. Vejam as lições do Márcio do Dizer o Direito:
É inconstitucional norma de Constituição Estadual que preveja que compete ao 
Governador nomear e exonerar o “Procurador da Fazenda Estadual”. Isso porque o art. 
132 da CF/88 determina que a representação judicial e a consultoria jurídica do Estado, 
incluídas suas autarquias e fundações, deve ser feita pelos “Procuradores dos Estados e 
do Distrito Federal”. Essa previsão do art. 132 da CF/88 é chamada de princípio da unici-
dade da representação judicial e da consultoria jurídica dos Estados e do Distrito Federal.
8 Ibidem.
10 10
Em outras palavras, só um órgão pode desempenhar esta função e se trata da Procurado-
ria-Geral do Estado, que detém essa competência funcional exclusiva. O modelo consti-
tucional da atividade de representação judicial e consultoria jurídica dos Estados exige a 
unicidade orgânica da advocacia pública estadual, incompatível com a criação de órgãos 
jurídicos paralelos para o desempenho das mesmas atribuições no âmbito da Administra-
ção Pública Direta ou Indireta. (STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 25/10/2018, noticiado no Info 921)
Assim, uma vez investido no cargo de procurador do Estado ou do DF, vocês, por 
exemplo, poderão defender os interesses mais diversos dos entes federativos a que estejam 
subordinados, incluindo o trabalho interno consultivo, a exemplo de elaboração de pareceres.
Reparem, outrossim, que a AGU, de acordo com a Constituição, prestará as ati-
vidades de consultoria e assessoramento jurídico ao poder executivo, ficando o diploma 
constitucional silente em relação ao poder legislativo e judiciário. 
Com base nisso, alguns Estados puseram em suas Constituições Estaduais a pre-
visão de que os Procuradores do Estados prestariam de forma privativa tais atribuições ao 
poder executivo. 
Por essa razão, o STF foi instado a se manifestar e decidiu que:
É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que preve-
ja que a Procuradoria Geral do Estado ficará responsável pelas ati-
vidades de representação judicial e de consultoria jurídica apenas 
“do Poder Executivo”. Essa previsão viola o princípio da unicidade 
da representação judicial dos Estados e do Distrito Federal. De acor-
do com o art. 132 da CF/88 as atribuições da PGE não ficam restritas 
ao Poder Executivo, abrangendo também os demais Poderes. STF. 
Plenário. ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 
28/3/2019 (Info 935)
Conceito do Princípio da unicidade, de acordo com o Márcio do dizer o Direito: Se-
gundo este “princípio”, os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal serão os úni-
cos responsáveis pela representação judicial e pela consultoria jurídica das respectivas 
unidades federadas. Em outras palavras, só um órgão pode desempenhar as funções de 
representação judicial e de consultoria jurídica nos Estados e DF e este órgão é a Procura-
doria-Geral do Estado (ou PGDF). Este “princípio” está previsto no art. 132 da CF/889.
9
9 Site Dizer o Direito.
1110
Em outras palavras, só um órgão pode desempenhar esta função e se trata da Procurado-
ria-Geral do Estado, que detém essa competência funcionalexclusiva. O modelo consti-
tucional da atividade de representação judicial e consultoria jurídica dos Estados exige a 
unicidade orgânica da advocacia pública estadual, incompatível com a criação de órgãos 
jurídicos paralelos para o desempenho das mesmas atribuições no âmbito da Administra-
ção Pública Direta ou Indireta. (STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 25/10/2018, noticiado no Info 921)
Assim, uma vez investido no cargo de procurador do Estado ou do DF, vocês, por 
exemplo, poderão defender os interesses mais diversos dos entes federativos a que estejam 
subordinados, incluindo o trabalho interno consultivo, a exemplo de elaboração de pareceres.
Reparem, outrossim, que a AGU, de acordo com a Constituição, prestará as ati-
vidades de consultoria e assessoramento jurídico ao poder executivo, ficando o diploma 
constitucional silente em relação ao poder legislativo e judiciário. 
Com base nisso, alguns Estados puseram em suas Constituições Estaduais a pre-
visão de que os Procuradores do Estados prestariam de forma privativa tais atribuições ao 
poder executivo. 
Por essa razão, o STF foi instado a se manifestar e decidiu que:
É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que preve-
ja que a Procuradoria Geral do Estado ficará responsável pelas ati-
vidades de representação judicial e de consultoria jurídica apenas 
“do Poder Executivo”. Essa previsão viola o princípio da unicidade 
da representação judicial dos Estados e do Distrito Federal. De acor-
do com o art. 132 da CF/88 as atribuições da PGE não ficam restritas 
ao Poder Executivo, abrangendo também os demais Poderes. STF. 
Plenário. ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 
28/3/2019 (Info 935)
Conceito do Princípio da unicidade, de acordo com o Márcio do dizer o Direito: Se-
gundo este “princípio”, os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal serão os úni-
cos responsáveis pela representação judicial e pela consultoria jurídica das respectivas 
unidades federadas. Em outras palavras, só um órgão pode desempenhar as funções de 
representação judicial e de consultoria jurídica nos Estados e DF e este órgão é a Procura-
doria-Geral do Estado (ou PGDF). Este “princípio” está previsto no art. 132 da CF/889.
9
9 Site Dizer o Direito.
11
Portanto, amigos, as Procuradorias dos Estados devem representar judicialmen-
te, bem como prestar assessoria jurídica não só ao poder executivo, mas também ao legis-
lativo e ao judiciário. 
Veda-se, outrossim, a existência de cargos na administração indireta de procura-
dores autárquicos. Isso porque, de acordo com o STF, por conta do princípio da unicidade, 
a representação das autarquias da administração indireta deve ser realizada, também, pela 
Procuradoria do Estado. Vejam:
É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que preveja 
que os procuradores autárquicos e os advogados de fundação terão 
competência privativa para a representação judicial e o assessora-
mento jurídico dos órgãos da Administração Estadual Indireta aos 
quais vinculados, e que, para os efeitos de incidência de teto remu-
neratório, eles serão considerados “procuradores”, nos termos do 
art. 37, XI, da CF/88. STF. Plenário. ADI 4449/AL, Rel. Min. Marco Auré-
lio, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935).
Todavia, deve-se tecer algumas nuances a respeito da unicidade.
Amigos, agora analisem essa hipótese: Suponha que a assembleia legislativa do 
Estado do Pará está sendo prejudicada pelos atrasos dos duodécimos praticados pelo po-
der Executivo, o que está acarretando danos graves ao poder legislativo. Constatou-se que, 
na via administrativa, não se chegou à uma resolução para o impasse, restando apenas à 
assembleia legislativa a via judicial. 
Tome nota: É entendimento consolidado que as Assembleias Legislativas e as Câmaras 
Municipais podem demandar em juízo, mesmo que não tenham personalidade jurídi-
ca, uma vez que possuem personalidade judiciária (REsp 1.164.017/PI, 1ª Seção, Rel. 
Min. Castro Meira, DJe de 6.4.2010).
Nesse caso em que a Assembleia do Estado do Pará irá recorrer ao judiciário, o 
Procurador do Estado deverá, obrigatoriamente, representar a Assembleia Legislativa em 
função do princípio da unicidade? 
Não, meus amigos. Olhem a explicação do Márcio do dizer o direito:
12 12
A atuação da Procuradoria da Assembleia Legislativa deve ficar limitada à defesa das prer-
rogativas inerentes ao Poder Legislativo. Em outras palavras, é possível a existência de 
Procuradoria da Assembleia Legislativa, mas este órgão ficará responsável apenas pela 
defesa das prerrogativas do Poder Legislativo. A representação estadual como um todo, 
independentemente do Poder, compete à Procuradoria-Geral do Estado (PGE), tendo em 
conta o princípio da unicidade institucional da representação judicial e da consultoria 
jurídica para Estados e Distrito Federal. No entanto, às vezes, há conflito entre os Poderes. 
Ex: o Poder Legislativo cobra do Poder Executivo o repasse de um valor que ele entende 
devido e que não foi feito. Nestes casos, é possível, em tese, a propositura de ação ju-
dicial pela Assembleia Legislativa e quem irá representar judicialmente o órgão será a 
Procuradoria da ALE. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado 
em 25/10/2018 (Info 921)10.
10
Atenção: Aplica-se o mesmo entendimento para o poder judiciário.
Ademais, antes da CRF/88, havia – e ainda há - diversas procuradorias e consulto-
rias jurídicas do Estado que não são vinculadas à Procuradoria do Estado. Para esse caso, a 
Constituição prevê outra exceção ao princípio da unicidade no art. 69 do ADCT:
Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias jurídicas se-
paradas de suas Procuradorias-Gerais ou Advocacias-Gerais, desde 
que, na data da promulgação da Constituição, tenham órgãos distin-
tos para as respectivas funções.
Vejam o entendimento do STF sobre o tema:
(...) A existência de consultorias jurídicas separadas de suas Procu-
radorias-Gerais ou Advocacias-Gerais somente é admitida se sua 
existência for anterior à Constituição Federal (art. 69 do ADCT). (ADI 
1.557, Rel. Min. ELLEN GRACIE)
Atenção: Essa exceção só vale àquelas procuradorias e às consultorias que já existiam 
até a data da promulgação da CRF/88.
Amigos, também é possível que haja procuradorias próprias para os Tribunais de 
Contas. Contudo, tais procuradorias não poderão executar as multas aplicadas pelas Cortes 
de Contas. Vejam:
10 Site dizer o Direito.
1312
A atuação da Procuradoria da Assembleia Legislativa deve ficar limitada à defesa das prer-
rogativas inerentes ao Poder Legislativo. Em outras palavras, é possível a existência de 
Procuradoria da Assembleia Legislativa, mas este órgão ficará responsável apenas pela 
defesa das prerrogativas do Poder Legislativo. A representação estadual como um todo, 
independentemente do Poder, compete à Procuradoria-Geral do Estado (PGE), tendo em 
conta o princípio da unicidade institucional da representação judicial e da consultoria 
jurídica para Estados e Distrito Federal. No entanto, às vezes, há conflito entre os Poderes. 
Ex: o Poder Legislativo cobra do Poder Executivo o repasse de um valor que ele entende 
devido e que não foi feito. Nestes casos, é possível, em tese, a propositura de ação ju-
dicial pela Assembleia Legislativa e quem irá representar judicialmente o órgão será a 
Procuradoria da ALE. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado 
em 25/10/2018 (Info 921)10.
10
Atenção: Aplica-se o mesmo entendimento para o poder judiciário.
Ademais, antes da CRF/88, havia – e ainda há - diversas procuradorias e consulto-
rias jurídicas do Estado que não são vinculadas à Procuradoria do Estado. Para esse caso, a 
Constituição prevê outra exceção ao princípio da unicidade no art. 69 do ADCT:
Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias jurídicas se-
paradas de suas Procuradorias-Gerais ou Advocacias-Gerais, desde 
que, na data da promulgação da Constituição, tenhamórgãos distin-
tos para as respectivas funções.
Vejam o entendimento do STF sobre o tema:
(...) A existência de consultorias jurídicas separadas de suas Procu-
radorias-Gerais ou Advocacias-Gerais somente é admitida se sua 
existência for anterior à Constituição Federal (art. 69 do ADCT). (ADI 
1.557, Rel. Min. ELLEN GRACIE)
Atenção: Essa exceção só vale àquelas procuradorias e às consultorias que já existiam 
até a data da promulgação da CRF/88.
Amigos, também é possível que haja procuradorias próprias para os Tribunais de 
Contas. Contudo, tais procuradorias não poderão executar as multas aplicadas pelas Cortes 
de Contas. Vejam:
10 Site dizer o Direito.
13
É constitucional a criação de órgãos jurídicos na estrutura de Tribunais de Contas 
estaduais, vedada a atribuição de cobrança judicial de multas aplicadas pelo próprio 
tribunal. É inconstitucional norma estadual que preveja que compete à Procuradoria do 
Tribunal de Contas cobrar judicialmente as multas aplicadas pela Corte de Contas. A Cons-
tituição Federal não outorgou aos Tribunais de Contas competência para executar suas 
próprias decisões. As decisões dos Tribunais de Contas que acarretem débito ou multa 
têm eficácia de título executivo, mas não podem ser executadas por iniciativa do próprio 
Tribunal. STF. Plenário. ADI 4070/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016 (Info 
851)11.
11
E não acabam as exceções por aí. Há a possibilidade também de se ter uma pro-
curadoria própria em Universidades Públicas, haja vista o princípio da autonomia universi-
tária. Vejam:
É constitucional lei estadual que preveja o cargo em comissão de Procurador-Geral 
da universidade estadual. Esta previsão está de acordo com o princípio da autonomia 
universitária (art. 207 da CF/88). STF. Plenário. ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, 
julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935)12.
12
Portanto, o princípio da unicidade não tolhe de forma absoluta a criação de pro-
curadorias no âmbito de outros poderes e entidades. No que se refere ao princípio da uni-
cidade, vejam a tabela com as regras e as exceções:
Princípio da Unicidade
Regra Exceção
Em razão do princípio da unicidade, 
somente os Procuradores dos Esta-
dos poderão defender os interesses 
dos Estado, inclusive de suas autar-
quias e fundações, seja no âmbito ju-
dicial ou extrajudicial. 
Procuradorias:
• Poder Legislativo;
• Poder Judiciário;
• Tribunal de Contas;
• Art. 69 do ADCT;
• Universidades Públicas.
Amigos, registra-se que o princípio da unicidade se aplica apenas aos Estados e 
ao DF, tendo em conta que o art. 132 se refere, apenas, a esses entes federativos13.
11 Site: Dizer o Direito.
12 Site: Dizer o Direito.
13 Lembrando que em âmbito federal há várias espécies de procuradorias.
14 14
2.3 Procuradoria Municipal
Já os advirto de que não há previsão constitucional de procuradoria em âmbito 
municipal, pelo que se entende que não há obrigatoriedade de existência de procuradorias 
nos municípios. Decorre disso o fato de que, também, o princípio da unicidade não lhes 
aplica, podendo, portanto, por exemplo, existir procurador autárquico nesses entes. 
Para corroborar, vejam:
Não há na Constituição Federal previsão que os Municípios a instituírem Procuradorias 
Municipais, organizadas em carreira, mediante concurso público. Não existe, na Cons-
tituição Federal, a figura da advocacia pública municipal. Os Municípios não têm essa 
obrigação constitucional. STF. Plenário. RE 225777, Rel. Min. Eros Grau, Rel. p/ Acórdão 
Min. Dias Toffoli, julgado em 24/02/2011. STF. 2ª Turma. RE 893694 AgR, Rel. Min. Celso de 
Mello, julgado em 21/10/201614.
14
Observação: Há uma PEC (PEC 17/12), no congresso nacional, que estende a obrigato-
riedade de órgão de procuradoria para os municípios15.
15
A realidade dos municípios brasileiros em alguns locais é um tanto complicada. A 
diminuta força econômica de alguns inviabiliza por completo a possibilidade de quadro de 
procuradores. 
Isso explica a previsão no inciso III do art. 75 do CPC/15 de que os municípios 
podem ser representados em juízo por procuradores ou prefeito. Ora, se nem todos os mu-
nicípios dispõem de procuradores, não devem, portanto, ser representados apenas por pro-
curadores. 
Isso não quer dizer, todavia, que, sem advogado, o município poderá ser repre-
sentado em juízo apenas por prefeito, ainda que tenha OAB. Isso porque o inciso I do art. 
28 do Estatuto da OAB prevê que a função de chefe do executivo repele a de advocacia. 
Portanto, é de observância obrigatória a comprovação de capacidade postulató-
ria pelo município mediante a representatividade feita em juízo por um advogado ou pro-
curador. 
14 Site Dizer o Direto
15 Caso se interessem para saber mais: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/105021
1514
2.3 Procuradoria Municipal
Já os advirto de que não há previsão constitucional de procuradoria em âmbito 
municipal, pelo que se entende que não há obrigatoriedade de existência de procuradorias 
nos municípios. Decorre disso o fato de que, também, o princípio da unicidade não lhes 
aplica, podendo, portanto, por exemplo, existir procurador autárquico nesses entes. 
Para corroborar, vejam:
Não há na Constituição Federal previsão que os Municípios a instituírem Procuradorias 
Municipais, organizadas em carreira, mediante concurso público. Não existe, na Cons-
tituição Federal, a figura da advocacia pública municipal. Os Municípios não têm essa 
obrigação constitucional. STF. Plenário. RE 225777, Rel. Min. Eros Grau, Rel. p/ Acórdão 
Min. Dias Toffoli, julgado em 24/02/2011. STF. 2ª Turma. RE 893694 AgR, Rel. Min. Celso de 
Mello, julgado em 21/10/201614.
14
Observação: Há uma PEC (PEC 17/12), no congresso nacional, que estende a obrigato-
riedade de órgão de procuradoria para os municípios15.
15
A realidade dos municípios brasileiros em alguns locais é um tanto complicada. A 
diminuta força econômica de alguns inviabiliza por completo a possibilidade de quadro de 
procuradores. 
Isso explica a previsão no inciso III do art. 75 do CPC/15 de que os municípios 
podem ser representados em juízo por procuradores ou prefeito. Ora, se nem todos os mu-
nicípios dispõem de procuradores, não devem, portanto, ser representados apenas por pro-
curadores. 
Isso não quer dizer, todavia, que, sem advogado, o município poderá ser repre-
sentado em juízo apenas por prefeito, ainda que tenha OAB. Isso porque o inciso I do art. 
28 do Estatuto da OAB prevê que a função de chefe do executivo repele a de advocacia. 
Portanto, é de observância obrigatória a comprovação de capacidade postulató-
ria pelo município mediante a representatividade feita em juízo por um advogado ou pro-
curador. 
14 Site Dizer o Direto
15 Caso se interessem para saber mais: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/105021
15
3. PRINCÍPIO DA ISONOMIA DO PROCESSO E SUA RELAÇÃO COM A FAZENDA PÚBLICA
O princípio da igualdade decorre do art. 5º da CRF/88, que prevê que “todos são 
iguais perante a lei”. Decorre desse princípio o entendimento de que, segundo a lei, nin-
guém pode ser alvo de privilégios. 
Por outro lado, não se está a afirmar que não se pode haver tratamento diferen-
ciado. Para tanto, deve haver justificativa plausível, sob pena de flagrante inconstitucio-
nalidade. 
O interesse coletivo deve ter primazia ao interesse individual. Essa expressão é 
uma das causas da existência da supremacia do interesse público. Porém, adverte Cunha, 
citando Marco Antônio Rodrigues, que a supremacia do interesse público:
(...) não significa que os interesses estatais devem sempre prevalecer 
sobre os dos administrados, mas que o interesse público, definido a 
partir da ponderação, deve prevalecer em certa atividade concreta 
sobre interesses isolados, sejam particulares, sejam estatais. Assim, 
sugere-se falar não em supremacia do interesse público sobre o pri-
vado, mas simplesmente em supremacia do interesse público, já que 
este pode representar a proteção a um interessede um ou alguns 
administrados apenas16. (grifamos)
Com efeito, a Fazenda Pública tutela o interesse público e isso, por si só, já a tor-
na diferente das demais pessoas. Ela, em juízo, defende o erário, que, em última análise, 
constitui a receita que faz frente às despesas públicas e, por consequência, às necessida-
des da coletividade. Quando a Fazenda Pública é condenada a ter de pagar indenizações, a 
própria coletividade sai perdendo, uma vez que as verbas usadas para o pagamento a essa 
finalidade específica poderiam ser destinadas para o atendimento a uma gama de serviços 
e benefícios em prol da sociedade. 
Portanto, amigos, tratamento diferenciado à Fazenda Pública é medida que se 
impõe. Esse tratamento diferente não é, todavia, um privilégio, pois não se trata de dife-
rença sem causa justificável, o que violaria o princípio da igualdade. Em verdade, tratam-
-se de prerrogativas, consistindo num tratamento diferenciado em razão de uma justifi-
cativa plausível. 
Em última análise, as prerrogativas conferidas à Fazenda Pública traduzem o 
princípio da igualdade material de Aristóteles, segundo o qual se deve tratar os iguais de 
forma igual e os desiguais na medida de sua desigualdade.
16 RODRIGUES, Marco Antonio. A Fazenda Pública no processo civil. São Paulo: Atlas, 2016. n.
1.3.1, p. 10-11 apud ibidem.
16 16
Tais prerrogativas, por exemplo, se materializam em prazos diferenciados – mais 
extensos – para a manifestação da Fazenda, fato que decorre do excesso de volume de tra-
balho17, bem como da deficiente estrutura que acomete a Advocacia Pública.
Há, também, prerrogativas que se fundam no direito material, a exemplo da pre-
sunção de legitimidade dos atos administrativos, o que atrai, para o âmbito processual, a 
inversão do ônus da prova aos particulares. 
Outrossim, o regime de execução contra a Fazenda Pública segue um rito espe-
cial, qual seja, o regime de precatório. 
Todas essas prerrogativas existem em função da situação diferenciada em que a 
Fazenda está inserida, sem as quais poderia-se levar ao descumprimento de diversos pro-
gramas de Governo, que são de extrema relevância para a coletividade.
Registra-se que há outros países, como a França, que, indo além das prerrogati-
vas conferidas à Fazenda Pública no Brasil, retiram da justiça comum a competência para 
tratar das demandas que envolvam a Administração Pública, sistema denominado de con-
tencioso administrativo. 
4. REGIME JURÍDICO APLICADO ÀS CARREIRAS PÚBLICAS
Todos os entes federativos, incluindo suas autarquias e fundações, gozam de 
prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, nos termos do art. 183 do 
CPC/15. Aplica-se o mesmo tratamento ao Ministério Público – art. 180 do CPC/15 – e à De-
fensoria Pública – art. 186 do CPC/15.
Os membros da advocacia pública, Ministério Público e Defensoria só poderão 
ser responsabilizados por seus atos quando agirem com dolo ou fraude no exercício de 
suas funções, de forma regressiva, nos termos das disposições previstas no CPC/15. Tra-
ta-se da aplicação da teoria da dupla garantia. Vejam as lições do Márcio do Dizer o Direito:
17 O Fisco como maior litigante do Poder Judiciário. Disponível em: https://politica.estadao.com.br/blogs/
fausto-macedo/o-fisco-como-maior-litigante-do-poder-judiciario/. Acesso em 19 de julho de 2019. 
1716
Tais prerrogativas, por exemplo, se materializam em prazos diferenciados – mais 
extensos – para a manifestação da Fazenda, fato que decorre do excesso de volume de tra-
balho17, bem como da deficiente estrutura que acomete a Advocacia Pública.
Há, também, prerrogativas que se fundam no direito material, a exemplo da pre-
sunção de legitimidade dos atos administrativos, o que atrai, para o âmbito processual, a 
inversão do ônus da prova aos particulares. 
Outrossim, o regime de execução contra a Fazenda Pública segue um rito espe-
cial, qual seja, o regime de precatório. 
Todas essas prerrogativas existem em função da situação diferenciada em que a 
Fazenda está inserida, sem as quais poderia-se levar ao descumprimento de diversos pro-
gramas de Governo, que são de extrema relevância para a coletividade.
Registra-se que há outros países, como a França, que, indo além das prerrogati-
vas conferidas à Fazenda Pública no Brasil, retiram da justiça comum a competência para 
tratar das demandas que envolvam a Administração Pública, sistema denominado de con-
tencioso administrativo. 
4. REGIME JURÍDICO APLICADO ÀS CARREIRAS PÚBLICAS
Todos os entes federativos, incluindo suas autarquias e fundações, gozam de 
prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, nos termos do art. 183 do 
CPC/15. Aplica-se o mesmo tratamento ao Ministério Público – art. 180 do CPC/15 – e à De-
fensoria Pública – art. 186 do CPC/15.
Os membros da advocacia pública, Ministério Público e Defensoria só poderão 
ser responsabilizados por seus atos quando agirem com dolo ou fraude no exercício de 
suas funções, de forma regressiva, nos termos das disposições previstas no CPC/15. Tra-
ta-se da aplicação da teoria da dupla garantia. Vejam as lições do Márcio do Dizer o Direito:
17 O Fisco como maior litigante do Poder Judiciário. Disponível em: https://politica.estadao.com.br/blogs/
fausto-macedo/o-fisco-como-maior-litigante-do-poder-judiciario/. Acesso em 19 de julho de 2019. 
17
A vítima poderá propor a ação diretamente contra o servidor causador do dano?
NÃO. A vítima somente poderá ajuizar a ação contra o Estado (Poder Público). Se este for 
condenado, poderá acionar o servidor que causou o dano em caso de dolo ou culpa. O 
ofendido não poderá propor a demanda diretamente contra o agente público. Essa posi-
ção foi denominada de tese da dupla garantia.
STF. 1ª Turma. RE 327904, Rel. Min. Carlos Britto, julgado em 15/08/2006. STF. 1ª Turma. 
RE 593525 AgR-segundo, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 09/08/2016. 
Obs: existe um julgado do STJ em sentido contrário, mas é posição minoritária (STJ. 4ª 
Turma. REsp 1.325.862-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/9/2013. Info 532)
Observação: Sobre a teoria da dupla garantia, tomem cuidado. Vejam se a questão co-
bra o posicionamento do STJ ou do STF.
COMO ESSE ASSUNTO TEM SIDO COBRADO EM PROVAS DA CARREIRA?
(VUNESP - 2018 - Prefeitura de São Bernardo do Campo - SP – Procurador) Adaptada
O Código de Processo Civil traz em seu bojo algumas previsões e prerrogativas específicas 
para a Fazenda Pública e também para integrantes da Advocacia Pública, dentre elas: o 
membro da advocacia pública será civilmente responsabilizado quando agir de forma 
negligente no exercício de suas funções.
Gabarito Errado
Ademais, tais membros – Advocacia Pública, Defensoria e Ministério Público – 
gozam da prerrogativa de serem intimados pessoalmente. 
No âmbito da advocacia pública, a intimação pessoal se estende a todos os entes 
federativos, inclusive os municípios, conforme o art. 183 do CPC/15. 
A intimação pessoal compreende a carga, a remessa ou meio eletrônico. A carga 
ocorre quando o próprio procurador vai à secretaria retirar os autos. A remessa, por sua vez, 
se perfaz quando a própria secretaria remete o feito ao órgão de representação. Por fim, o 
meio eletrônico é a intimação oficial dos processos eletrônicos.
5. JURISPRUDÊNCIAS IMPORTANTES NÃO TRATADAS AO LONGO DO MATERIAL:
• É inconstitucional emenda à Constituição Estadual, de iniciativa parlamentar, que 
trate sobre as competências da Procuradoria Geral do Estado. Isso porque esta matéria é 
de iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1º, da CF/88). É do Governador 
do Estado a iniciativa de lei ou emenda constitucional que discipline a organização e as 
18 18
atribuições dos órgãos e entidades da Administração Pública estadual. STF. Plenário. ADI 
5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935).
• É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que preveja que “a 
representação judicial e extrajudicial dos órgãos da administração indiretaé de 
competência dos profissionais do corpo jurídico que compõem seus respectivos quadros 
e integram advocacia pública cujas atividades são disciplinadas em leis especificas.” Essa 
previsão viola o princípio da unicidade da representação judicial dos Estados e do Distrito 
Federal. O art. 132 da CF/88 atribuiu aos Procuradores dos Estados e do DF exclusividade 
no exercício da atividade jurídica contenciosa e consultiva não apenas dos órgãos, mas 
também das entidades que compõem a administração pública indireta. STF. Plenário. ADI 
5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935)
• É inconstitucional lei estadual que preveja que servidor de autarquia (no caso, era 
Técnico Superior do DETRAN) será responsável por: • representar a entidade “em juízo 
ou fora dele nas ações em que haja interesse da autarquia”. • praticar “todos os demais 
atos de natureza judicial ou contenciosa, devendo, para tanto, exercer as suas funções 
profissionais e de responsabilidade técnica regidas pela Ordem dos Advogados do Brasil 
OAB”. Tais previsões violam o “princípio da unicidade da representação judicial dos Estados 
e do Distrito Federal”, insculpido no art. 132 da CF/88. A legislação impugnada, apesar de 
não ter criado uma procuradoria paralela, atribuiu ao cargo de Técnico Superior do Detran/
ES, com formação em Direito, diversas funções privativas de advogado. Ao assim agir, 
conferiu algumas atribuições de representação jurídica do DETRAN a pessoas estranhas aos 
quadros da Procuradoria-Geral do Estado, com violação do art. 132, caput, da CF/88. O STF 
decidiu modular os efeitos da decisão para: • manter os cargos em questão, excluídas as 
atribuições judiciais inerentes às procuradorias; • declarar a validade dos atos praticados 
(ex: contestações, recursos etc.) até a data do julgamento, com base na teoria do funcionário 
de fato. ATENÇÃO. Por outro lado, é válido que esses servidores façam a atuação jurídica no 
âmbito interno da autarquia, sobretudo em atividades de compliance, tais como conceber 
e formular medidas e soluções de otimização, fiscalização e auditoria (exs: interpretar 
textos e instrumentos legais, elaborar pareceres sobre questões jurídicas que envolvam 
as atividades da entidade, elaborar editais, contratos, convênios etc.). Essas atribuições 
podem sim ser exercidas pelos Técnicos Superiores do DETRAN, sem que isso ofenda o 
princípio da unicidade da representação judicial. O STF entendeu que não se pode deslocar 
qualquer atuação técnico-jurídica da autarquia para a PGE, porque esta não conseguirá 
fazer frente a essa gama de trabalho, sob pena de ter suas atividades inviabilizadas. STF. 
Plenário. ADI 5109/ES, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 13/12/2018 (Info 927). ATENÇÃO 2. 
No dia 04/06/2020, o STF julgou embargos de declaração opostos neste processo e fez os 
seguintes acréscimos: • também são inconstitucionais os dispositivos da lei que preveem 
que o Técnico Superior do DETRAN possa “apresentar recursos em qualquer instância”, 
“comparecer às audiências e outros atos para defender os direitos do órgão” e “promover 
medidas administrativas e judiciais para proteção dos bens e patrimônio do DETRAN-ES”; 
1918
atribuições dos órgãos e entidades da Administração Pública estadual. STF. Plenário. ADI 
5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935).
• É inconstitucional dispositivo de Constituição Estadual que preveja que “a 
representação judicial e extrajudicial dos órgãos da administração indireta é de 
competência dos profissionais do corpo jurídico que compõem seus respectivos quadros 
e integram advocacia pública cujas atividades são disciplinadas em leis especificas.” Essa 
previsão viola o princípio da unicidade da representação judicial dos Estados e do Distrito 
Federal. O art. 132 da CF/88 atribuiu aos Procuradores dos Estados e do DF exclusividade 
no exercício da atividade jurídica contenciosa e consultiva não apenas dos órgãos, mas 
também das entidades que compõem a administração pública indireta. STF. Plenário. ADI 
5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e 28/3/2019 (Info 935)
• É inconstitucional lei estadual que preveja que servidor de autarquia (no caso, era 
Técnico Superior do DETRAN) será responsável por: • representar a entidade “em juízo 
ou fora dele nas ações em que haja interesse da autarquia”. • praticar “todos os demais 
atos de natureza judicial ou contenciosa, devendo, para tanto, exercer as suas funções 
profissionais e de responsabilidade técnica regidas pela Ordem dos Advogados do Brasil 
OAB”. Tais previsões violam o “princípio da unicidade da representação judicial dos Estados 
e do Distrito Federal”, insculpido no art. 132 da CF/88. A legislação impugnada, apesar de 
não ter criado uma procuradoria paralela, atribuiu ao cargo de Técnico Superior do Detran/
ES, com formação em Direito, diversas funções privativas de advogado. Ao assim agir, 
conferiu algumas atribuições de representação jurídica do DETRAN a pessoas estranhas aos 
quadros da Procuradoria-Geral do Estado, com violação do art. 132, caput, da CF/88. O STF 
decidiu modular os efeitos da decisão para: • manter os cargos em questão, excluídas as 
atribuições judiciais inerentes às procuradorias; • declarar a validade dos atos praticados 
(ex: contestações, recursos etc.) até a data do julgamento, com base na teoria do funcionário 
de fato. ATENÇÃO. Por outro lado, é válido que esses servidores façam a atuação jurídica no 
âmbito interno da autarquia, sobretudo em atividades de compliance, tais como conceber 
e formular medidas e soluções de otimização, fiscalização e auditoria (exs: interpretar 
textos e instrumentos legais, elaborar pareceres sobre questões jurídicas que envolvam 
as atividades da entidade, elaborar editais, contratos, convênios etc.). Essas atribuições 
podem sim ser exercidas pelos Técnicos Superiores do DETRAN, sem que isso ofenda o 
princípio da unicidade da representação judicial. O STF entendeu que não se pode deslocar 
qualquer atuação técnico-jurídica da autarquia para a PGE, porque esta não conseguirá 
fazer frente a essa gama de trabalho, sob pena de ter suas atividades inviabilizadas. STF. 
Plenário. ADI 5109/ES, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 13/12/2018 (Info 927). ATENÇÃO 2. 
No dia 04/06/2020, o STF julgou embargos de declaração opostos neste processo e fez os 
seguintes acréscimos: • também são inconstitucionais os dispositivos da lei que preveem 
que o Técnico Superior do DETRAN possa “apresentar recursos em qualquer instância”, 
“comparecer às audiências e outros atos para defender os direitos do órgão” e “promover 
medidas administrativas e judiciais para proteção dos bens e patrimônio do DETRAN-ES”; 
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• a declaração de inconstitucionalidade parcial do ato normativo abrange as atribuições 
jurídicas consultivas do cargo de Técnico Superior que sejam privativas de Procurador do 
Estado. Assim, as atribuições de “elaborar estudos de pareceres sobre questões jurídicas 
que envolvam as atividades do DETRAN-ES; elaborar editais, contratos, convênios, acordos 
e ajustes celebrados pela autarquia, com a emissão de parecer” devem ser exercidas sob 
supervisão de Procurador do Estado do Espírito Santo. Com base no que foi completado no 
julgamento dos embargos, conclui-se que as atribuições jurídicas consultivas dos ocupantes 
do cargo de Técnico Superior devem ser obrigatoriamente exercidas sob a supervisão de 
Procurador do Estado, por ser esta a interpretação que melhor prestigia o art. 132 da CF/88 e 
a jurisprudência do STF. STF. Plenário. ADI 5109 ED-segundos/ES, Rel. Min. Luiz Fux, julgado 
em 4/6/2020 (Info 980).
• O Ministério Público possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente 
de sentença penal condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária 
de cobrança pela Fazenda Pública. Quem executa a pena de multa? • Prioritariamente: o 
Ministério Público, na vara de execução penal, aplicando-se a LEP. • Caso o MP se mantenha 
inerte por mais de 90dias após ser devidamente intimado: a Fazenda Pública irá executar, 
na vara de execuções fiscais, aplicando-se a Lei nº 6.830/80. STF. Plenário. ADI 3150/DF, Rel. 
para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). STF. Plenário. AP 
470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). Obs: a Súmula 521-
STJ fica superada e deverá ser cancelada. Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução 
fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da 
Procuradoria da Fazenda Pública.
• É válida norma da Constituição do Estado que atribui ao Procurador da Assembleia 
Legislativa ou, alternativamente, ao Procurador-Geral do Estado, a incumbência de 
defender a constitucionalidade de ato normativo estadual questionado em controle 
abstrato de constitucionalidade na esfera de competência do Tribunal de Justiça. Essa 
previsão não afronta o art. 103, § 3º da CF/88 já que não existe, quanto a isso, um dever 
de simetria para com o modelo federal. Ademais, essa norma estadual não viola o art. 132 
da CF/88 uma vez que a atuação do Procurador-Geral da ALE nos processos de controle de 
constitucionalidade não se confunde com o papel de representação judicial do Estado, esse 
sim de exclusividade da Procuradoria-Geral do Estado. STF. Plenário. ADI 119/RO, Rel. Min. 
Dias Toffoli, julgado em 19/2/2014 (Info 736).
• Todos os Julgados extraídos do Site do Dizer o Direito

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