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Cap. XI • CONTRATO DE LOCAÇÃO 1029 As consecutivas legislações dos últimos 80 anos não apontam em um sentido inear. Pelo contrário, são oscilantes, traduzindo a maior ou menor polarização entre ;etores sociais, pendendo ora para a adoção de regras intervencionistas nas relações Jrivadas, ora para um perfil minimalista, ou absentista nas tensões entre proprietários ' locatários. Não por outra razão, o volátil contrato de locação él o ~egócio jurídico nais apropriado para refletir a dinâmica econômica de uma nação. E representativo !essa sensibilidade, as políticas recentemente formuladas por países como Espanha ' Portugal para inibir as ações de despejo. Relativamente aos contratos de locação de imóveis rurais, em 1964 a Lei n' +.504/64 regulamentou os contratos de arrendamento rural e parceria agrícola, tam- Jém se servindo de normas cogentes de ordem públicas. O Estatuto da Terra, ainda ri gente, nasceu com a importante missão de conciliar a formulação desses negócios urídicos com a execução da reforma agrária e promoção da política agrícola, também ;ofrendo o impacto de sucessivas normas, destacando-se a Lei n' 11.443/07. A seu turno, com a vigência da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-lei n' ;.452/43), excluem-se do âmbito da locação de serviços todas as relações de trabalho ;ubordinado. O contrato de locação de serviços foi substituído como instrumento urídico ordenador dos vínculos entre tomadores e prestadores de mão de obra pelo :ontrato de trabalho. ·A inaptidão do modelo romano-pandectista da locotio-conductio Jperarum para as exigências de uma nova classe obreira foi das mais eloquentes, de nado especial se comparada com a caducidade de outras figuras jurídicas no período. ~o Código Civil de 2002, a locação de serviços é hoje a "prestação de serviços". Em ;eu art. 593, explícita-se o caráter residual da incidência das normas do código: "A Jrestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial. ·eger-se-á pelas disposições deste capítulo". Em uma dessas ironias da vida, no início lo século XXI, 'assiste-se ao renascimento da velha "locação de mão de obra" como Jm contrato útil e usual para vínculos profissionais especializados, ao exemplo de 1tores, jornalistas, analistas de sistemas, além dos clássicos casos de advogados, :ontadores e consultores técnicos.' Finalmente, apartando-se da clássica tripartição emanada do direito romano e 1dotada pelo Estatuto Substantivo de 1916, mediante o uso de terminologia própria ' adequada, o Código Civil de 2002 afasta as duas primeiras espécies de locação, :onvertendo-as aos atuais contratos de prestação de serviço e empreitada. A locação !e coisas é a única modalidade cujo denominação foi preservada pelo Código Civil ~m vigor. pelo ~rt. 425 do Código Civil no âmbito da autonomia privada dos particulares. Dai que não se pode interpretá-lo, a princípio, de acordo com a lei de locações, cuja índole protetiva não se coaduna com uma operação que ordinariamente é utilizada por duas empresas cfue formalmente encontram-se em pé de igualdade na contratação. RODRIGUES JÚNIOR, Otávio Luiz. Análise comparativista dos contratos built to suit.
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