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Curso de Direito Civil - Contratos, Teoria Geral e Contratos em Espécie - Vol 4 (2017) - Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald

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Cap. XI • CONTRATO DE LOCAÇÃO 1029 
As consecutivas legislações dos últimos 80 anos não apontam em um sentido 
inear. Pelo contrário, são oscilantes, traduzindo a maior ou menor polarização entre 
;etores sociais, pendendo ora para a adoção de regras intervencionistas nas relações 
Jrivadas, ora para um perfil minimalista, ou absentista nas tensões entre proprietários 
' locatários. Não por outra razão, o volátil contrato de locação él o ~egócio jurídico 
nais apropriado para refletir a dinâmica econômica de uma nação. E representativo 
!essa sensibilidade, as políticas recentemente formuladas por países como Espanha 
' Portugal para inibir as ações de despejo. 
Relativamente aos contratos de locação de imóveis rurais, em 1964 a Lei n' 
+.504/64 regulamentou os contratos de arrendamento rural e parceria agrícola, tam-
Jém se servindo de normas cogentes de ordem públicas. O Estatuto da Terra, ainda 
ri gente, nasceu com a importante missão de conciliar a formulação desses negócios 
urídicos com a execução da reforma agrária e promoção da política agrícola, também 
;ofrendo o impacto de sucessivas normas, destacando-se a Lei n' 11.443/07. 
A seu turno, com a vigência da Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-lei n' 
;.452/43), excluem-se do âmbito da locação de serviços todas as relações de trabalho 
;ubordinado. O contrato de locação de serviços foi substituído como instrumento 
urídico ordenador dos vínculos entre tomadores e prestadores de mão de obra pelo 
:ontrato de trabalho. ·A inaptidão do modelo romano-pandectista da locotio-conductio 
Jperarum para as exigências de uma nova classe obreira foi das mais eloquentes, de 
nado especial se comparada com a caducidade de outras figuras jurídicas no período. 
~o Código Civil de 2002, a locação de serviços é hoje a "prestação de serviços". Em 
;eu art. 593, explícita-se o caráter residual da incidência das normas do código: "A 
Jrestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial. 
·eger-se-á pelas disposições deste capítulo". Em uma dessas ironias da vida, no início 
lo século XXI, 'assiste-se ao renascimento da velha "locação de mão de obra" como 
Jm contrato útil e usual para vínculos profissionais especializados, ao exemplo de 
1tores, jornalistas, analistas de sistemas, além dos clássicos casos de advogados, 
:ontadores e consultores técnicos.' 
Finalmente, apartando-se da clássica tripartição emanada do direito romano e 
1dotada pelo Estatuto Substantivo de 1916, mediante o uso de terminologia própria 
' adequada, o Código Civil de 2002 afasta as duas primeiras espécies de locação, 
:onvertendo-as aos atuais contratos de prestação de serviço e empreitada. A locação 
!e coisas é a única modalidade cujo denominação foi preservada pelo Código Civil 
~m vigor. 
pelo ~rt. 425 do Código Civil no âmbito da autonomia privada dos particulares. Dai que não se pode 
interpretá-lo, a princípio, de acordo com a lei de locações, cuja índole protetiva não se coaduna com 
uma operação que ordinariamente é utilizada por duas empresas cfue formalmente encontram-se em pé 
de igualdade na contratação. 
RODRIGUES JÚNIOR, Otávio Luiz. Análise comparativista dos contratos built to suit.

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