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RAFAELA APARECIDA DE ALMEIDA INTERNACIONAL LOGÍSTICA E TRANSPORTE LOGÍSTICA E TRANSPORTE RAFAELA APARECIDA DE ALM EIDA LOGÍSTICA E TRANSPORTE INTERNACIONAL RAFAELA APARECIDA DE ALMEIDA INTERNACIONAL LOGÍSTICA E TRANSPORTE LOGÍSTICA E TRANSPORTE RAFAELA APARECIDA DE ALM EIDA LOGÍSTICA E TRANSPORTE INTERNACIONAL Código Logístico 59720 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6719-0 9 7 8 8 5 3 8 7 6 7 1 9 0 RAFAELA APARECIDA DE ALM EIDA LOGÍSTICA E TRANSPORTE INTERNACIONAL Logística e transporte internacional Rafaela Aparecida de Almeida IESDE BRASIL 2021 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2021 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Travel mania/Shuttertock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ A45L Almeida, Rafaela Aparecida de Logística e transporte internacional / Rafaela Aparecida de Almeida. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021. 120 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6719-0 1. Logística empresarial. 2. Empresas comerciais exportadoras - Admi- nistração. 3. Comércio internacional. 4. Transporte de mercadorias. I. Título. 20-66837 CDD: 658.78 CDU: 658.78 Rafaela Aparecida de Almeida Doutoranda e mestra em Gestão Urbana pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Especialista em Negócios Internacionais pelo Centro Universitário Internacional (Uninter). Secretária executiva bilíngue pelo Centro Universitário Diocesano do Sudoeste do Paraná (Unics). É membro do corpo editorial da Revista Brasileira de Gestão Urbana (Urbe). Atuou por 12 anos no ambiente organizacional nas áreas de comércio exterior e logística internacional. Atua como docente nos cursos de Secretariado, Administração, Logística e Comércio Exterior. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Introdução à logística internacional 9 1.1 Conhecendo a logística internacional 9 1.2 O comércio internacional no Pós-Guerra 13 1.3 Aspectos da logística globalizada 16 1.4 Globalização das estratégias de operações e mercados globais 19 1.5 Blocos comerciais 22 2 Cadeias logísticas globais 28 2.1 Internacionalização organizacional 28 2.2 Empresas multinacionais e transnacionais 33 2.3 Cadeias logísticas internacionais 35 2.4 OEA – Operador Econômico Autorizado 38 2.5 Operadores e integradores logísticos internacionais 40 3 Logística internacional: modais de transporte 45 3.1 Modal rodoviário 46 3.2 Modal aquaviário 49 3.3 Modal aeroviário 52 3.4 Transporte intermodal e multimodal 56 3.5 Unitização e embalagens 58 4 Operações de importação e exportação 63 4.1 Tratamento administrativo 63 4.2 Documentos para importação e exportação 65 4.3 Classificação fiscal 70 4.4 Fluxograma de exportação 72 4.5 Fluxograma de importação 74 5 Incoterms® e modalidades de pagamento 77 5.1 Introdução aos Incoterms® 77 5.2 Incoterms® 2020 – Grupo E e F 79 5.3 Incoterms® 2020 – Grupo C e D 82 Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 6 Logística e transporte internacional 5.4 Modalidades de pagamento do comércio exterior 87 5.5 Fechamento de câmbio 93 6 Regimes aduaneiros 97 6.1 Introdução aos regimesaduaneiros especiais 97 6.2 Drawback 101 6.3 Trânsito aduaneiro 104 6.4 Admissão e exportação temporária 106 6.5 Entreposto aduaneiro 111 Gabarito 116 Esta obra objetiva abordar as principais temáticas que envolvem a logística e transportes internacionais. O campo de estudos da logística internacional vai além do conhecimento técnico a respeito de documentações e modais de transporte, uma vez que também envolve o conhecimento da história do comércio internacional e sua evolução para mercados globais, a compreensão da motivação que leva empresas a atuarem neles e os procedimentos aduaneiros e suas particularidades quando se trata de cadeias de suprimentos integradas no mundo globalizado, no qual a concorrência é cada vez maior. Nesse sentido, o conteúdo deste livro foi dividido estruturalmente em seis capítulos, de modo a lhe proporcionar um amplo conhecimento sobre as práticas de logística e comércio internacional. O Capítulo 1 traz uma introdução à logística internacional, diferenciando-a da nacional, e contextualiza o comércio internacional no pós-Guerra, de modo a construir a base do conhecimento para a compreensão das estratégias operacionais adotadas pelas organizações que atuam em mercados globais. A globalização faz com que a troca de mercadorias em nível mundial pareça algo comum no dia a dia de grandes organizações, principalmente de empresas que já nasceram multinacionais, mas na prática ainda existem muitas organizações brasileiras que limitam seus negócios ao território nacional. Nesse sentido, o Capítulo 2 apresenta as motivações e as formas de atuação de organizações que desejam entrar em cadeias logísticas internacionais ou que já estão inseridas nelas. O Capítulo 3 foca os modais de transporte internacionais, abordando as suas principais características e destacando suas vantagens e desvantagens, bem como especificidades de documentação, agências reguladoras e tipos de veículos. São apresentadas ainda as principais formas de unitização e os tipos de embalagens, permitindo a você realizar a análise dos que são mais adequados a cada modal ou que se adequam à intermodalidade. APRESENTAÇÃOVídeo 8 Logística e transporte internacional Diante da importância de se conhecer as diretrizes que regem o comércio internacional, o Capítulo 4 trata dos principais documentos que compõem um processo de exportação e importação, das bases do tratamento administrativo e dos métodos de classificação fiscal de mercadorias. O estudo desses temas permitirá a compreensão do passo a passo dos fluxos de importação e exportação. O Capítulo 5 tem como ponto central a apresentação dos Termos de Comércio Internacional, ou Incoterms® 2020, que definem as obrigações, os riscos e os custos que cabem a vendedores e compradores em transações internacionais. Além disso, esse capítulo abordará as modalidades de pagamento e orientações quanto ao fechamento de câmbio, uma vez que no Brasil não é permitida a execução de contratos, títulos ou qualquer obrigação exequível em outra moeda que não seja a nacional. A redução ou isenção de carga tributária pode representar um diferencial competitivo para organizações que realizam compras e vendas provenientes ou com destino a outros países. Portanto, no Capítulo 6, abordaremos os tipos de regimes aduaneiros especiais disponíveis no Brasil, com ênfase e maior aprofundamento nos regimes de drawback, trânsito aduaneiro, admissão e exportação temporária e entreposto aduaneiro, possibilitando uma maior compreensão de sua aplicação na realidade de cada empresa. Bons estudos! Introdução à logística internacional 9 1 Introdução à logística internacional Vivemos em uma aldeia global altamente conectada, onde ocorrem trocas demercadorias e informações a todo momento, como se o mundo fosse plano, sem fronteiras ou barreiras. É nesse contexto que iniciamos nosso primeiro capítulo, que terá como ponto principal a compreensão da logística internacional dentro das economias globalizadas. Apresentaremos, assim, a logística internacional como protago- nista no cenário internacional e conheceremos as principais variá- veis que envolvem a troca de mercadorias entre diferentes países. Na sequência, faremos uma viagem no tempo compreendendo como o cenário após a Segunda Guerra Mundial exerceu influência no comércio internacional. Depois, abordaremos os aspectos da logística globalizada e as estratégias de operações em mercados globais, entendendo o que muda em relação a uma logística doméstica e apresentando a terceirização de processos logísticos como um diferencial com- petitivo. Por fim, entenderemos que as alianças entre diferentes nações são necessárias para facilitar a troca de mercadorias – elas recebem o nome de blocos comerciais ou blocos econômicos. Desejo a você uma ótima leitura, repleta de muito conhecimento! 1.1 Conhecendo a logística internacional Vídeo Antes de iniciarmos nosso primeiro capítulo, propomos que você ve- rifique a procedência de cinco itens em sua casa; pode ser desde roupas e utensílios até objetos eletrônicos. É muito provável que a maioria dos itens que você observou tenha uma etiqueta semelhante a esta (Figura 1): 10 Logística e transporte internacional Muitos dos produtos que utiliza- mos em nosso dia a dia têm procedên- cia da China, de Taiwan ou até mesmo de países não muito conhecidos. E sabe o porquê disso? Porque vivemos em um mundo de economia globaliza- da, onde muitas empresas se voltam para o comércio internacional, confi- gurando as chamadas cadeias globais de suprimentos. Para entendermos melhor o concei- to de cadeias globais, vamos imaginar uma montadora de veículos. As partes, as peças e os componentes podem ser importados de diferentes países. Depois seguirão para a produção de submontagem e para a montagem do veículo propriamente dita, o que pode ocorrer em plantas da montadora situadas em diferentes países. Ao final, os veículos poderão ser distribuídos tanto no mercado interno quanto no externo. Figura 1 Etiqueta de roupa importada Go ra n Bo gi ce vic /S hu tte rs to ck Figura 2 Cadeia global de suprimentos de um veículo F – Fábrica; M – Manufatura; C – Concessionária. USA F1 C1 C2 C3 C4 C5 C6 F1 M1 Mercado nacional Exportação Co ns um id or fi na l M2 M3 F2 F3 F4 F2 F3 F4 F5 F6 USA China China Taiwan ConcessionáriasDistribuição Montagem de veículo Produção de submontagens Produção de componentes Produção de matéria-prima Fonte: Elaborada pela autora. Introdução à logística internacional 11 Trabalhando dessa forma, as empresas buscam os fornecedores com os melhores preços e a qualidade para a compra dos supri- mentos, bem como os melhores mercados para a comercialização de seus produtos acabados. Nesse contexto, entra em cena a logística internacional, tratando de movimentar produtos desde sua origem até o seu destino no menor tempo possível, com menor custo, na quantidade correta e de acordo com as exigências do mercado consumidor. Nesse sentido, Dias (2012) reforça que as organizações precisam atender seus clientes de manei- ra rápida, eficaz e no menor custo possível, abrangendo o trinômio: preço x qualidade x atendimento. Com base em Robles e Nobre (2016), destacam-se como as princi- pais atividades da logística internacional compreendida em uma cadeia de suprimentos global: zm ic ie r k av ab at a/ Sh ut te rs to ck No ch/ Shu tterstock No ch/ Shut terstock Tri ang le c /Shutt erstock No ch/ Shu tterstoc k No ch/ Shu tterstoc k o transporte, envolvendo os diferentes modais; o recebimento, a movimentação, a armazenagem e a expedição de materiais; a produção e manutenção de instalações e equipamentos; as formas de distribuição dos produtos bem como os serviços de coleta e entrega; o despacho aduaneiro de mercadorias e conhecimento das disposições legais de cada país. despacho ou desembaraço aduaneiro: refere-se à liberação de uma mercadoria pela alfândega para a entrada ou saída no país, ou seja, o processo de liberação para exportação e nacionalização para importação. Glossário A logística nacional acontece em um ambiente relativamente controlado; no entanto, quando se trata da logística internacional, estamos em um ambiente muito variado e altamente competitivo e, portanto, diversos itens precisam ser pensados, como a escolha do modal ideal ou da intermodalidade, a necessidade de armazenagem de suprimentos e produto acabado, o processo de manufatura e as formas de distribuição. Vamos conhecer agora as principais variáveis que devem ser consi- deradas na logística internacional, listadas a seguir. Os modais de transporte são: ferroviário, feito por ferrovias; rodoviário, por rodovias; hidro- viário, pela água; dutoviário, pelos dutos; e aeroviário, por via aérea. Saiba mais 12 Logística e transporte internacional Geografia aberta: exportações e importações para diferentes continentes, com longas distâncias. Barreiras ou embargos comerciais, barreiras políticas, culturais e linguísticas. Regulamentações específicas para cada país ou tipo de mercadoria. Alternância dos modais de transporte e uso da intermodalidade. Necessidade do uso de outros idiomas. Necessidade de fechamento de câmbio. Aumento do volume de estoques em decorrência do tempo de trânsito e tempo de produção maiores. Adaptação de embalagens de acordo com cada modal. Restrições para produtos perigosos. Documentações específicas para cada país. Ch am p0 08 /S hu tte rs to ck A fim de compreendermos melhor as diferenças entre lo- gística nacional e a internacional em suas principais variáveis, acompanhe o quadro a seguir. Quadro 1 Operações nacionais e operações globalizadas Operações nacionais Operações globalizadas Operação mensurada em horas ou dias. Operações mensuradas em semanas ou meses. Sem desembaraço aduaneiro. Longo tempo de desembaraço. Embalagens comuns. Embalagens especiais. Transporte rodoviário. Transporte marítimo, aéreo e multimo- dalidade. Idioma nacional. Predominância do inglês e outros idiomas. Pouca documentação. Necessidade de mais documentações. Preocupação com a localização física do estoque. Preocupação com o nível do estoque. Transportes de fácil acesso e grande oferta. Transportes complexos, com menor oferta disponível. Fonte: Elaborado pela autora. Que tal expandir seus co- nhecimentos e conhecer oito curiosidades sobre o sistema de logística e transporte no Brasil? Acesse o link a seguir e descubra. Disponível em: https://cargox.com. br/blog/8-curiosidades-sobre-o- sistema-de-logistica-e-transporte- no-brasil-que-voce-precisa- conhecer. Acesso em: 30 set. 2020. Saiba mais https://cargox.com.br/blog/8-curiosidades-sobre-o-sistema-de-logistica-e-transporte-no-brasil-que-vo https://cargox.com.br/blog/8-curiosidades-sobre-o-sistema-de-logistica-e-transporte-no-brasil-que-vo https://cargox.com.br/blog/8-curiosidades-sobre-o-sistema-de-logistica-e-transporte-no-brasil-que-vo https://cargox.com.br/blog/8-curiosidades-sobre-o-sistema-de-logistica-e-transporte-no-brasil-que-vo https://cargox.com.br/blog/8-curiosidades-sobre-o-sistema-de-logistica-e-transporte-no-brasil-que-vo Introdução à logística internacional 13 Robles e Nobre (2016) enfatizam que a gestão das cadeias logísticas internacionais compreende o planejamento, a realização e o controle dos fluxos de informações e materiais entre empresas de diferentes países. Cabe à logística internacional o controle de fornecedores e de distribuidores desde o ponto de origem até o ponto de destino, bus- cando o menor custo logístico e a melhoria no nível de serviçoacorda- do entre compradores e vendedores. 1.2 O comércio internacional no Pós-Guerra Vídeo Agora que já conhecemos os conceitos iniciais a respeito da logística internacional, vamos voltar no tempo para compreender como o comércio internacional se expandiu no Pós-Guerra. Imagine o mundo ao final da Segunda Guerra Mundial; mui- tos países já se encontravam devastados pela participação direta na guerra ou mesmo pelos efeitos colaterais provocados em seus territórios. Suas economias, da mesma forma, encontravam-se fra- gilizadas. Diante desse cenário caótico em que muitas nações se encontravam, surge a necessidade de estruturação de um plano co- mercial a nível mundial, com características multilaterais e que pu- desse auxiliar na reconstrução e recuperação econômica dos países. Pouco antes do final da Grande Guerra, em julho de 1944, repre- sentantes de 44 nações aliadas se reuniram na cidade de Bretton Woods, New Hampshire (Estados Unidos), na chamada Conferência Internacional de Bretton Woods, estabelecendo um acordo histórico de mesmo nome. Esse acordo teve como objetivo o reordenamen- to da política monetária e financeira internacional, com vistas à retomada do comércio inter- nacional e à hegemonia do capitalismo mundial (SILVA; SILVA, 2018). A partir desse acordo fo- ram criadas medidas deno- minadas de Sistema Bretton Woods, dentre as quais se des- tacam as descritas a seguir. Ri ch ar d Ca va lle ri/ Sh ut te rs to ck 14 Logística e transporte internacional Definição do dólar americano como moeda padrão em transações internacionais. Indexação da taxa de câmbio entre o dólar e as demais moedas. Criação do lastro em padrão-ouro. Criação de duas instituições com papéis fundamentais para a reconstrução do capitalismo: FMI e BIRD (atualmente denominado Banco Mundial), ambos sob o controle dos Estados Unidos. Ri ch ard Ca val leri /Shu tterstock Ao Fundo Monetário Internacional (FMI) cabia as funções de con- trolar a oferta monetária, promover a estabilidade monetária e in- centivar a retomada do comércio mundial. O Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), por sua vez, tinha como objetivo financiar, por meio de empréstimos, a reconstrução dos países devastados pela guerra (SILVA; SILVA, 2018). Mais tarde, em 1947, e como consequência do mesmo acordo, ocorre a criação do General Agreement on Tariffs and Trade (GATT – em português, acordo geral de tarifas e comércio), com o intuito de redu- zir as barreiras comerciais, evitar a discriminação comercial entre os países e arbitrar conflitos entre países com práticas contrárias ao livre mercado por meio do favorecimento de seus produtores internos. A partir de 1995, por meio de uma assembleia realizada em Marrakech (Marrocos), contando com a participação de 96 países, a no- menclatura do GATT é alterada para Organização Mundial do Comércio (OMC), tendo como objetivo estabelecer um marco institucional co- mum para regular as relações comerciais entre os diversos membros que a compõem. Agora que você já conhece um dos principais marcos da expan- são do comércio internacional, vamos dar um salto na história para a década de 1990. No Brasil, essa década é marcada pela abertura dos mercados, principalmente para a importação de veículos, por meio da redução de barreiras comerciais. De acordo com Tripoli e Prates (2016), a nível mundial presenciamos o advento da internet e, com ela, os avanços descritos a seguir. Atualmente, a OMC conta com 164 membros, sen- do o Brasil um dos mem- bros fundadores. A sede da OMC está localizada em Genebra (Suíça) e as três línguas oficiais da organização são o inglês, francês e espanhol. Quer saber mais? Acesse o link a seguir do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Disponível em: https://www.gov. br/agricultura/pt-br/assuntos/ sanidade-animal-e-vegetal/ sanidade-vegetal/acordos-e-con- vencoes-internacionais/organiza- cao-mundial-do-comercio-omc-1. Acesso em: 30 set. 2020. Saiba mais https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/sanidade-vegetal/acordos-e-convencoes-internacionais/organizacao-mundial-do-comercio-omc-1 https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/sanidade-vegetal/acordos-e-convencoes-internacionais/organizacao-mundial-do-comercio-omc-1 https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/sanidade-vegetal/acordos-e-convencoes-internacionais/organizacao-mundial-do-comercio-omc-1 https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/sanidade-vegetal/acordos-e-convencoes-internacionais/organizacao-mundial-do-comercio-omc-1 https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/sanidade-vegetal/acordos-e-convencoes-internacionais/organizacao-mundial-do-comercio-omc-1 https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/sanidade-vegetal/acordos-e-convencoes-internacionais/organizacao-mundial-do-comercio-omc-1 Introdução à logística internacional 15 Tecnologia da informação e de comunicação (TIC): possibilita a troca e o tratamento de grandes volumes de dados, criando novas oportunidades para as empresas se destacarem no que diz respeito à logística. Formação de parcerias comerciais entre empresas: mudanças na legislação comercial possibilitaram que empresas estabelecessem alianças e parcerias comerciais com o propósito de melhorar a troca de informações e agilizar o fluxo de materiais, agregando valor ao produto entregue ao cliente. e-commerce e e-business: permitiram que empresas e consumidores buscassem fornecedores em qualquer lugar do mundo. zm ic ie r k av ab at a/ Sh ut te rs to ck Ins pir ing/ Shutte rstock Ins pir ing/ Shutte rstock Podemos acrescentar ainda o fenômeno da globalização, de quan- do o mundo se torna “plano”, uma vez que não existem mais barreiras físicas para a troca de mercadorias e a comunicação se torna muito mais rápida e fluida. Nesse momento, os mercados deixam de ser lo- cais e passam a ser globais. Sistemas como o Electronic Data Interchange (EDI – em português, inter- câmbio eletrônico de dados), que possibilita a troca eletrônica de dados, e Material Requirement Planning (MRP – planejamento das necessidades de materiais), que permite à empresa gerar projeções de quantidade e alocação dos materiais necessários para suprir suas demandas, propi- ciam maior aproximação entre compradores e vendedores, auxiliando a troca de informações, e maior agilidade na reposição de suprimentos. Veja que se traçarmos uma linha do tempo imaginária, saímos de um momento de Pós-Guerra, quando surgem novas instituições inter- nacionais com o propósito de auxiliar os países devastados a se recons- truírem, e chegamos ao surgimento da internet e das tecnologias de informações, o qual permitiu a aproximação dos mercados. Se analisarmos os fatos históricos, veremos que as economias mun- diais precisaram se adaptar às novas circunstâncias vivenciadas, como guerras, crises e até uma pandemia a nível mundial. Da mesma forma, os consumidores e suas necessidades se alteram ao longo do tempo. Assim, vivemos um momento em que estes possuem maior acesso à 16 Logística e transporte internacional informação, podem escolher vendedores de qualquer parte do mundo e exigem cada vez mais preços e prazos menores e melhor qualidade. Desse modo, diante desse novo perfil do consumidor e das alte- rações nas economias globais, a logística também precisa se adaptar e se transformar. Já não a cabe mais a ela a simples preocupação de transportar e armazenar, mas sim de fazer a gestão de cadeias globais. 1.3 Aspectos da logística globalizada Vídeo Você consegue imaginar um país que não troque mercadorias com os demais? Um país que seja autossuficiente e consiga produzir tudo aquilo que sua população necessita, desde alimentos até equipamentos eletrônicos, veículos e maquinários para suprir suasindústrias? Ou, ain- da, como é o caso do Brasil, um grande produtor de grãos que não pu- desse exportar seu excedente de produção? Impossível, não é mesmo? Vivemos em uma aldeia global onde países trocam mercadorias o tempo todo, seja para comercializar o excedente de sua produção, seja para comprar produtos, bens ou tecnologias que não estão disponíveis em seu mercado local. Alves (2015) ressalta que a globalização e a troca de mercadorias a nível mundial somente foram possíveis devido às mudanças ocorri- das na economia do mundo, especialmente nas últimas três décadas, em que se destaca a desintegração da produção, ou seja, a divisão da produção entre diferentes países, indústrias e regiões ao redor do mundo, e a integração de vários países por meio do comércio internacional, conectando diferentes unidades produtivas ao realizarem importações e exportações. Nesse sentido, Robles e Nobre (2016, p. 61) corrobo- ram ao dizer que “as cadeias logísticas internacionais de suprimento compreendem a necessidade de esten- der a lógica da integração para fora das fronteiras da empresa e das fronteiras do país, incluindo fornecedo- res e clientes”. Eles também afirmam que a vantagem competitiva obtida pelas empresas, nos tempos de hoje, baseia-se na produtividade (custo adequado) e na diferen- ciação do produto, esta que se dá por inovação, qualidade e aumento do nível de serviço, de modo que beneficie todas as partes envolvidas na cadeia. xtock /Shutt erstock Introdução à logística internacional 17 É cada vez mais comum encontrarmos empresas que trabalham com o modelo de cadeia global de valor, com matriz situada em um país e filiais ou sucursais de produção espalhadas ao redor do mun- do, distribuindo seus produtos para outros tantos. Por exemplo, uma empresa brasileira de lâmpadas fluorescentes realiza todas as suas pesquisas e sua engenharia de produtos no Brasil, faz sua pro- dução em indústrias situadas na China, importa o produto acabado e o comercializa tanto em seu mercado interno quanto em exporta- ções para o Mercosul. Nesse modelo, a logística internacional entra em cena unindo todos os elos dessa cadeia global, o que envolve a coleta de matéria-prima em uma determinada localidade, o processo de transformação em ou- tra e a distribuição para armazéns, agentes internacionais, atacado, va- rejo e até mesmo diretamente para o consumidor final, no e-commerce. Conforme já vimos, trabalhar com a logística internacional difere em muitos pontos da logística nacional, como no tempo de trânsito, na liberação dos processos, no uso de mais de um modal, na maior quan- tidade de documentos, entre outros. O Brasil é um dos principais exportadores de grãos do mundo, en- tão vamos tomá-lo como exemplo para um processo de logística inter- nacional. Esse processo passa pela colheita dos grãos na lavoura, pelo transporte do produto até um armazém próximo à zona portuária, pela armazenagem, pelo processo de desembaraço aduaneiro para a libera- ção da carga, pelo embarque marítimo, pelo processo de desembaraço aduaneiro no destino, pelo transporte e pelo envio para armazenagem. Figura 3 Logística internacional de grãos Fonte: Elaborada pela autora. São muitas etapas, não é mesmo? Para que tudo flua e a engrenagem da logística funcione perfei- tamente, cada elo desse processo precisa ser planejado antecipa- damente e ser muito bem executado, pensando em todas as suas variáveis, ou seja, em quais serão os modais de transporte, qual será o porto de embarque e desembarque, quais serão as datas de saída dos navios, quais serão os documentos necessários para os sucursal: empresa que é subordinada a uma matriz; equivalente à filial. Glossário Saiba mais sobre a glo- balização e o comércio internacional assistindo ao vídeo Globalization, publicado pelo canal abracomex. Disponível em: https://youtu.be/ qj438T5KQQo?list=FL24JhgzuuILw BCZ_78Ij0Yw. Acesso em: 29 set. 2020. Vídeo https://youtu.be/qj438T5KQQo?list=FL24JhgzuuILwBCZ_78Ij0Yw https://youtu.be/qj438T5KQQo?list=FL24JhgzuuILwBCZ_78Ij0Yw https://youtu.be/qj438T5KQQo?list=FL24JhgzuuILwBCZ_78Ij0Yw 18 Logística e transporte internacional processos de desembaraço, para quais armazéns as cargas serão enviadas e por quanto tempo ficarão armazenadas. Vamos, então, conhecer um pouco mais sobre os aspectos da logís- tica internacional. 1.3.1 Multimodalidade ou intermodalidade O transporte intermodal é caracterizado pelo uso de, no mínimo, dois modos diferentes de transporte combinados, da sua origem até seu ponto de destino. Nesse modelo, cada transportador em cada um dos modais emite o seu documento correspondente ao transporte rea- lizado (DIAS, 2012). O transporte multimodal é, por sua vez, a combinação de vários modos de transporte, desde o ponto de origem até o de destino, sendo regido por um único contrato, executado sob responsabilidade única de um operador de transporte multimodal (OTM). Pode incluir serviços de coleta, unitização, desunitização, movimentação, armazenagem e entrega no destino (DIAS, 2012). No que diz respeito à intermodalidade, Robles (2015, p. 118) destaca que: as possibilidades intermodais numa cadeia logística podem resultar numa estrutura complexa de elos, cada um com suas características de capacidade, tempo de trânsito, custos as- sociados e confiabilidade. A escolha modal e a associação de modos dependem das possibilidades geográficas, dos custos e das trocas compensatórias de custo identificadas. Dias (2012) aponta, ainda, que para cada alteração de modal é necessário um transbordo da carga e que no local de transbordo se faz necessário um arma- zém, depósito ou terminal com infraestrutura de equipamentos de movimentação e de carga e descarga. O terminal de cargas, portan- to, é o ponto de integração dos mo- dais e tem como função receber e expedir materiais em um curto espaço de tempo, de modo a viabi- lizar o processo de transporte. Golden Sikorka/Shutterstock Introdução à logística internacional 19 1.3.2 Logística aduaneira Nos processos logísticos internacionais, cada embarque passa por um processo de desembaraço aduaneiro em sua origem e em seu des- tino, processos estes que podem apresentar particularidades de um país para outro. Em todo o mundo, a Organização Mundial das Aduanas (OMA), criada em 1952 como Conselho de Cooperação Aduaneira, tem como objetivos principais: o estabelecimento de normas que garantam a segurança e a facilitação das cadeias logísticas em nível global; a implementação da gestão integrada de cadeias logísticas para todos os meios de transpor- te; e a promoção da circulação ininterrupta de mercadorias por meio de cadeias logísticas internacionais seguras. Vinculada à OMC, é a única organização mundial que trata de assuntos aduaneiros (WCO, 2020). No Brasil, a legislação aduaneira é regulamentada pelo Regulamen- to Aduaneiro, Decreto n. 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, sob a respon- sabilidade e fiscalização da Receita Federal do Brasil. As aduanas de cada país possuem autoridade para recusar a en- trada e saída de carregamentos de mercadorias caso os processos não atendam às exigências ou se apresentem de maneira ilícita, ou, ainda, expressem risco ao país. Agora que você já conhece os principais aspectos da logística inter- nacional, lembre-se: antes de iniciar uma importação ou exportação, sempre pense em todas as etapas que esse processo envolverá, desde a escolha dos modais, os locais de transbordo até as particularidades da aduana local e do país de destino. Aprenda mais sobre os processos de desemba- raço aduaneiro brasileiro acessando os manuais aduaneiros da Receita Federal. Disponível em: http://receita. economia.gov.br/orientacao/ aduaneira/manuais. Acesso em: 30 set. 2020. Leitura aduana: ou alfândega; é uma repartição governamental oficial de controle do movimento de entradas e saídas de mercadorias provenientes ou destinadas ao exterior. Glossário1.4 Globalização das estratégias de operações e mercados globais Vídeo Temos vivenciado, nas últimas décadas, fusões e alianças de mui- tas organizações com o objeto de superar a concorrência e aumentar o nível de competitividade em mercados cada vez mais exigentes e globais. Esse cenário de grande competitividade exige alto nível de coordenação do fluxo logístico, que só é possível quando há um ge- renciamento do fluxo de informações de maneira integrada ao longo da cadeia de suprimentos. http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais 20 Logística e transporte internacional Uma cadeia de suprimentos é composta por três macroprocessos: o primeiro, inbound (entrada), diz respeito ao processamento de pe- didos e recebimento de matéria-prima e materiais; o segundo, plant (manufatura), está relacionado à produção dos bens e processos de movimentação e armazenagem do produto acabado; e o terceiro, outbound (saída), é responsável pela distribuição dos produtos para o varejo, e-commerce e consumidores finais, conforme podemos observar na figura a seguir. Figura 4 Macroprocessos logísticos Fonte: Elaborada pela autora. Robles (2015) destaca que nos negócios internacionais a gestão das cadeias de suprimentos passa pelo efeito das longas distâncias, maior tempo de encaminhamento de produtos, impacto das questões adua- neiras pertinentes a cada país e envolvimento de múltiplos agentes, exigindo maior conhecimento e projeto de canais de distribui- ção especializados. Porém, como ter o conhecimento suficiente para gerenciar todos esses elos de uma cadeia logística internacional, de modo a agregar valor ao cliente, melhorar o nível de serviço entregue, reduzir os custos e ser competitivo no mercado? A resposta encontrada por muitas empresas é a terceirização da logística por meio da con- tratação de especialistas ou parceiros logísticos. Nesse sentido, a empresa foca no seu core business, ou seja, em suas atividades principais, terceirizando alguns processos, como processamento de pedidos, transporte, armazenagem, gestão de estoques, distribui- ção e trâmites aduaneiros. Lem berg Vect or stud io/Shutterstock Introdução à logística internacional 21 Dentro da terceirização da logística integrada, encontram-se os ope- radores logísticos (3PL, Third-party Logistics). Dias (2012, p. 319) define um operador logístico como “a empresa prestadora de serviços espe- cializada em coordenar, gerenciar e operar todas ou alguma parte das atividades logísticas, dentro das várias fases de abastecimento, agre- gando valor aos produtos de seus clientes”. Usualmente, as funções mais terceirizadas da logística internacional são: transporte, armazenagem e desembaraço aduaneiro. No entanto, dependendo do operador contratado, essa gama de serviços pode ser ampliada. Vejamos, no Quadro 2, alguns exemplos de serviços que po- dem ser contratados. Quadro 2 Serviços prestados por operadores logísticos Tipo de serviço Serviços contratados Transporte • Coleta na origem (inland). • Entrega e distribuição no destino. • Contratação de fretes internacionais. • Estudo da combinação de modais mais eficientes. • Melhor utilização da capacidade da matriz de transporte. • Agenciamento de transporte internacional. Armazenagem • Controle de estoque. • Movimentação de mercadoria. • Armazenagem. • Aluguel de software de controle, veículos e equipamentos de movimentação, coletores e etiquetas eletrônicas. • Terceirização de mão de obra especializada. • Armazéns alfandegados. • Cross-docking. • Paletização. • Desenvolvimento de embalagens. Desembaraço aduaneiro • Desembaraço aduaneiro. • Licença de importação. • Anuências. • Remoção (DTA). • Classificação de mercadorias. • Emissão de documentos (commercial invoice, packing list). Fonte: Elaborado pela autora. cross-docking: método de dis- tribuição, em que as mercadorias são recebidas em um centro de distribuição e enviadas aos clientes ou consumidores ime- diatamente, sem necessidade de armazenamento. Glossário DTA: Declaração de Trânsito Aduaneiro; é o regime aduaneiro que permite o transporte de mercadorias de um ponto a outro do território aduaneiro (alfandegado), com suspensão de tributos. Glossário 22 Logística e transporte internacional A principal vantagem obtida na contratação de um operador logís- tico está na utilização de seu conhecimento em processos internacio- nais. Robles (2015, p. 90) diz que: o planejamento da logística internacional leva em conta as dis- tâncias, tempos e custos maiores para a movimentação de mercadorias entre os países. Além disso, ela convive com um conjunto de agentes que intermediam as relações entre embar- cadores, transportadores e os clientes finais, que desempenham uma função especializada, que tem como objetivo facilitar e agili- zar as transações comerciais internacionais, sendo desenvolvida por profissionais dedicados, que atuam nos diferentes modos de transporte, aduanas e nas diversas etapas dessas cadeias logísticas. As estratégias de operações em mercados globais vão muito além de transferir uma mercadoria de um ponto A para um ponto B. Sendo assim, as organizações precisam ver o operador logístico como um di- ferencial competitivo, compreendendo que esse trabalho agrega valor aos seus produtos e atende às necessidades de consumidores cada vez mais exigentes (DIAS, 2012). 1.5 Blocos comerciais Vídeo A partir da década de 1990, com a ampliação do comércio inter- nacional, muitos países passaram a realizar alianças entre si, visando facilitar a troca de mercadorias. Essas alianças receberam a nomencla- tura de blocos comerciais ou blocos econômicos. De acordo com Robles (2015, p. 12): os blocos econômicos correspondem à associação de países que estabelecem relações econômicas entre si privilegiadas e que concordam em abrir mão de parte da soberania nacional em proveito da associação. Uma das consequências da globali- zação das economias é a formação de blocos econômicos, com o objetivo de maior integração entre seus membros e facilitação de suas relações comerciais. Dessa forma, os blocos econômi- cos partem de uma redução e também da isenção de impostos e tarifas alfandegárias e buscam soluções comuns para questões comerciais envolvendo bens e serviços. Os processos de integração econômica são conjuntos de medidas de caráter econômico e comercial que têm por objetivo promover a apro- ximação e, eventualmente, a união entre as economias de dois ou mais Introdução à logística internacional 23 países. A câmara dos deputados (2020) no Brasil ressalta que, de acordo com o nível dos vínculos criados entre os países envolvidos no processo de integração, os blocos econômicos são classificados em cinco tipos. Zona de preferências tarifárias su nd ora 14/S hutterstock Trata-se do processo mais elementar de integração. Consiste na adoção recíproca, entre dois ou mais países, de níveis tarifários prefe- renciais, à qual se dá o nome de margem de preferência, estabelecendo que as tarifas incidentes sobre o comércio entre os países membros do grupo são inferiores às tarifas cobradas de países não membros. Zona de livre comércio (ZLC) su nd ora 14/S hutterstock Consiste na eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias que incidem sobre o comércio entre os países que constituem o grupo da ZLC. Como nela ocorre a isenção de tarifas aos bens comercializados entre os países membros, é necessária a comprovação de que a origem do produto comercializado é de um país membro, e não importado de um mercado terceiro, e que está sendo reexportado para dentro da zona. Um exemplo desse modelo é o NAFTA (North America Free Trade Area), ou Acordo de Livre Comér- cio da América do Norte, firmado entre os Estados Unidos, México e Canadá. União aduaneira su nd ora 14/S hutterstockTrata-se de uma Zona de Livre Comércio na qual é adotada também uma Tarifa Externa Comum (TEC). Nessa fase do processo de integra- ção, um conjunto de países aplica uma tarifa para suas importações provenientes de países não pertencentes ao grupo, qualquer que seja o produto. Por fim, prevê a livre circulação de bens entre si com tarifa zero. Nesse modelo, faz-se necessário o estabelecimento de disciplinas comuns em matéria alfandegária e, em última análise, a adoção de po- líticas comerciais comuns. motioncenter/Shutterstock 24 Logística e transporte internacional Mercado comum su nd ora 14/S hutterstock Representa o quarto nível de estágio de integração econômica, o qual, além da livre circulação de mercadorias, requer a circulação de serviços e fatores de produção, ou seja, de capitais (investimentos, re- messas de lucro) e pessoas (trabalhadores ou empresas). Do ponto de vista dos trabalhadores, a livre circulação implica a abolição de todas as barreiras fundadas na nacionalidade e a instituição de uma verdadeira condição de igualdade de direitos em relação aos nacionais de um país. No que diz respeito ao capital, pressupõe a adoção de critérios regio- nais que evitem restrições nos movimentos de capital em função de critérios de nacionalidade. Vale ressaltar ainda que, nesse modelo, os países membros devem seguir os mesmos parâmetros para fixar a política monetária (fixação de taxas de juros), a política cambial (taxa de câmbio da moeda nacional) e a política fiscal (tributação e controle de gastos pelo Estado), isto é, devem concordar com o avanço integrado da coordenação das suas políticas macroeconômicas. União econômica e monetária su nd ora 14/S hutterstock Constitui a etapa, ou modelo, mais avançada e complexa de um processo de integração, alcançada até o momento apenas pela União Europeia. Nela, existe uma moeda comum e uma política monetária com metas unificadas e reguladas por um Banco Central comunitário; no caso da União Europeia, o Banco Central Europeu. Agora que você já conhece as principais formas de integração econômica e comercial, que tal conhecermos os principais blocos da atualidade? União Europeia (UE) T. Les ia/Shutterstock A antecessora da União Europeia foi criada em 1958 com o nome de Comunidade Econômica Europeia (CEE), sendo constituída por seis paí- ses: Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos. Ela Introdução à logística internacional 25 tinha como objetivo incentivar a cooperação econô- mica, partindo do pressuposto de que se os países tivessem relações comerciais entre si, se tornariam economicamente dependentes uns dos outros, re- duzindo assim os riscos de conflitos. Atualmente, a União Europeia é uma união econômica e política constituída por 27 países eu- ropeus, que, em conjunto, abarcam grande parte do continente europeu. Embora todos os países da UE façam parte da União Econômica e Monetária (UEM), somente 19 países substituí- ram as suas moedas nacionais pela moeda única: o euro. Esses países formam a chamada zona do euro (UE, 2020). Dentre seus acontecimentos mais recentes está a saída do Reino Unido, ocorrida em 31 de janeiro de 2020. Mercosul Al ex ey St ruy skiy/ Shutterstock O processo de integração regional do Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi iniciado em 26 de março de 1991, com a assinatura do Tratado de Assunção pe- los governos de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Venezuela aderiu ao bloco em 2012, mas está suspensa desde dezembro de 2016 por descumprir seu Protocolo de Adesão e, desde agosto de 2017, por violação da Cláusula Democrática do Bloco. Todos os demais países sul-americanos estão vinculados ao Mercosul como Estados Associados. A Bolívia, por sua vez, tem o status de Estado Associado em processo de adesão (MERCOSUL, 2020). O Mercosul tem como objetivos centrais a livre circulação interna de bens, serviços e fatores produtivos, o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC) no comércio com terceiros países e a adoção de uma política comercial comum. Atualmente, o bloco atravessa um pro- cesso acelerado de fortalecimento econômico, comercial e institucio- nal, buscando a prosperidade econômica com democracia, estabilidade política e respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais (MERCOSUL, 2020). T. Lesia/Shutterstock Alexey Struyskiy/Shutterstock 26 Logística e transporte internacional Você provavelmente deve estar se perguntando a respei- to do BRICS, do qual o Brasil faz parte. Será que ele é um bloco econômico ou comercial? A resposta para essa per- gunta é: nenhum dos dois! O BRICS não constitui nenhum dos modelos de blocos econômicos ou comerciais que estudamos. Trata-se de um agrupamento de países de mercado emergente com relação ao seu desenvolvimento econômico que se iniciou de maneira informal em 2006. Inicialmente era denominado BRIC, acrônico com as iniciais, em in- glês, dos países nele agrupados: Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, por ocasião da III Cúpula, a África do Sul passou a fazer parte do agru- pamento, o qual adotou a sigla BRICS e ganhou voz no cenário interna- cional em temas da agenda global. Em 2019, o Brasil exerceu a presidência de turno do BRICS, sob a temática “Crescimento Econômico para um Futuro Inovador”. Foram priorizadas iniciativas nas áreas de ciência, tecnologia e inovação, eco- nomia digital, saúde, cooperação no combate ao crime transnacional e aproximação entre os setores privados dos cinco países e o Novo Banco de Desenvolvimento. Em 2020, a presidência de turno do BRICS passou à Federação da Rússia (BRASIL, 2019). CONSIDERAÇÕES FINAIS A globalização provocou grandes mudanças nos mercados interna- cionais, elevando a importância da logística internacional. Neste capítulo tivemos a oportunidade de conhecer os principais fatores de mudan- ça, entendendo as diferenças de uma logística doméstica, com tempo e complexidade de processos menores, e uma logística internacional, com a exigência do conhecimento de novas culturas, a inclusão de processos aduaneiros e o uso da intermodalidade. Em síntese, podemos afirmar que o grande diferencial competitivo das cadeias logísticas globais está na gestão de todos os elos simulta- neamente, bem como na formação de alianças e na terceirização de pro- cessos que não fazem parte do core business das organizações. Puwadol Jaturawutthichai/Shutterstock Introdução à logística internacional 27 ATIVIDADES 1. Diferencie multimodalidade de intermodalidade. 2. Apresente duas diferenças entre a logística nacional e a internacional. 3. Quais são as principais funções terceirizadas na logística internacional por meio do operador logístico? REFERÊNCIAS ALVES, A. R. Geografia econômica e geografia política. Curitiba: InterSaberes, 2015. [e-book] BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. 2019. Disponível em: http://antigo.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/ mecanismos-inter-regionais/3672-brics. Acesso em: 30 set. 2020. CÂMARA DOS DEPUTADOS. Representação brasileira no parlamento do Mercosul: etapas do processo de integração econômica do Mercosul. 2020. Disponível em: https://www2. camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-mistas/cpcms/oqueeomercosul. html/mercosulpolitico. Acesso em: 4 set. 2020. DIAS, M. A. P. Logística, transporte e infraestrutura: armazenagem, operador logístico, gestão via TI, multimodal. São Paulo: Atlas, 2012. MERCOSUL. Saiba mais sobre o MERCOSUL. 2020. Disponível em: http://www.mercosul.gov. br/saiba-mais-sobre-o-mercosul. Acesso em: 4 set. 2020 ROBLES, L. T. Logística Internacional. Rio de Janeiro: SESES, 2015. ROBLES, L. T.; NOBRE, M. Logística Internacional: uma abordagem de negócios. Curitiba: InterSaberes, 2016. [e-book] SILVA, R. A. G.; SILVA, R. dos S. Geografia política e geopolítica. Curitiba: InterSaberes, 2018. [e-book] TRIPOLI. A. C. K.; PRATES, R. C. Comérciointernacional: teoria e prática. Curitiba: InterSaberes, 2016. [e-book] UE. Países que usam o Euro. 2020. Disponível em: https://europa.eu/european-union/ about-eu/euro/which-countries-use-euro_pt. Acesso em: 4 set. 2020. WCO. Discover the WCO. 2020. Disponível em: http://www.wcoomd.org/en/about-us/what- is-the-wco/discover-the-wco.aspx. Acesso em: 4 set. 2020. http://antigo.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/mecanismos-inter-regionais/3672-brics. http://antigo.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/mecanismos-inter-regionais/3672-brics. https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-mistas/cpcms/oqueeomercosul.html/mercosulpolitico https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-mistas/cpcms/oqueeomercosul.html/mercosulpolitico https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-mistas/cpcms/oqueeomercosul.html/mercosulpolitico http://www.mercosul.gov.br/saiba-mais-sobre-o-mercosul http://www.mercosul.gov.br/saiba-mais-sobre-o-mercosul https://europa.eu/european-union/about-eu/euro/which-countries-use-euro_pt https://europa.eu/european-union/about-eu/euro/which-countries-use-euro_pt 28 Logística e transporte internacional 2 Cadeias logísticas globais Você já parou para pensar no porquê as empresas se inter- nacionalizam? E também no nível de complexidade que envolve uma cadeia logística global, em que os insumos e componentes de produção são adquiridos em mais de um país, as unidades de pro- dução e montagem estão espalhadas pelo mundo e a distribuição de seus produtos ocorre em escala mundial? Neste capítulo conheceremos a resposta para essas e outras perguntas, relacionadas aos seguintes tópicos: internacionaliza- ção organizacional e os principais fatores que impulsionam as organizações a entrarem nos mercados internacionais; empresas multinacionais e transnacionais e as particularidades das em- presas que atuam em âmbito internacional; e cadeias logísticas internacionais e os tipos de integração possíveis quando uma cadeia logística se torna global. Além disso, abordaremos o OEA (Operador Econômico Autorizado) – programa que permite às empresas que operam no comércio exterior desfrutarem de maior agilidade nos procedimentos aduanei- ros – e aprenderemos a diferenciar operadores de integradores lo- gísticos internacionais e como os processos de terceirização logística podem trazer benefícios às empresas que optam por esse modelo. Desejo a você uma ótima leitura! 2.1 Internacionalização organizacional Vídeo Vivemos em um mundo globalizado, onde empresas compram ou negociam seus produtos com diferentes países o tempo todo. A globa- lização faz com que a troca de mercadorias a nível mundial pareça algo comum no dia a dia de grandes organizações. Cadeias logísticas globais 29 Mas agora vamos pensar em um cenário de pequenas ou médias empresas que compram e vendem apenas no mer- cado doméstico. Quais seriam as motivações que as leva- riam a realizar importações ou então a disponibilizar seus produtos em mercados internacionais? Antes de entendermos as razões pelas quais as empre- sas optam por importar, vamos conhecer o conceito de im- portação. Entende-se por importação a compra de insumos (matéria-prima bruta, partes, peças, componentes) prove- nientes do mercado externo; nesse processo há entrada de mercadorias de outros países e saída de divisas (pagamento reali- zado por essas mercadorias). Lembramos que para que as mercadorias possam adentrar em nosso país, elas precisam passar por um processo de desembaraço aduaneiro, ou seja, devem ser nacionalizadas. Vamos iniciar conhecendo as vantagens relacionadas às importações: Allies Interactive/Shutterstock No ch/S hutterstock Cu be2 9/Sh utterstock da voo da/S hutterstock Fornecedores: no caso de algumas matérias-primas ou componentes industriais, pode não haver fornecedores no mercado doméstico. Outro ponto é que, ao buscar fornecedores em mercadores internacionais, há a possibilidade de encontrar uma maior gama de produtos disponíveis. Preço: a maior disponibilidade de fornecedores permite a comparação de preços. Um segundo ponto está atrelado à especialização dos mercados, o que possibilita produzir com custos menores e preços mais competitivos. Ainda, alguns países possuem mão de obra mais barata ou incentivos governamentais, o que lhes permite a redução de custos. Tecnologia: países desenvolvidos conseguem promover mais inovações, desenvolvendo novos produtos. Assim, a tecnologia disponível em mercados internacionais pode ser superior à disponível no país que está importando. Importar produtos sem equivalentes no mercado nacional pode representar um diferencial competitivo, no caso de empresas que trabalham com a revenda. As empresas podem, ainda, usar as tecnologias importadas para renovação de seus equipamentos ou plantas industriais, tornando-se mais produtivas. Qualidade: por atuar em mercados internacionais, com compradores mais exigentes, o nível de qualidade dos produtos pode ser maior, atendendo a critérios internacionais de desenvolvimento e qualidade. O ideal é conseguir encontrar a combinação entre menor preço e maior qualidade. Visual Generation/Shutterstock 30 Logística e transporte internacional Visual Generation/Shutterstock A exportação, por sua vez, pode ser definida como a saída da merca- doria do território aduaneiro nacio- nal, representando não somente essa saída, como também a entra- da de divisas. Assim, as empresas podem escolher exportar por dife- rentes razões, as quais podem ser classificadas em três blocos, descri- tos a seguir. divisa: moeda internacio- nal para pagamento das mercadorias. Glossário Aleksandr Bryliaev/Shutterstock Situação conjuntural • Crise no mercado interno. • Incentivos fiscais e de crédito. • Taxa de câmbio favorável. • Consulta de importadores. • Financiamento às exportações. Estratégia de crescimento • Diversificação de mercados. • Utilização da capacidade ociosa de produção. • Aproveitamento da sua capacidade instalada. • Divulgação da marca. • Redução de custos. • Aprimoramento tecnológico. • Aumento do faturamento. Cultura organizacional • Melhoria da qualidade do produto. • Estratégia de internacionalização. • Aperfeiçoamento administrativo. • Criar competência na identificação, seleção e consolidação de mercados. As empresas podem encontrar-se em diferentes fases, ou etapas, do processo de internacionalização, de acordo com a movimentação externa que realizam (DALLA COSTA; SANTOS, 2011): Cadeias logísticas globais 31 Capacidade produtiva em outros países A empresa produz seus produtos em diferentes países e os distribui ao redor do mundo. Filial comercial em outro país A empresa possui filiais ou representantes nos países para os quais exporta. Exportações ocasionais A empresa tem alguma oportunidade pontual de exportar os seus produtos. Nenhuma atividade exportadora A empresa comercializa seus produtos apenas no mercado doméstico. um bi lic us /S hu tte rst ock 1 2 3 4 Macrovector/Shutterstock Culturalmente, o Brasil não é um país exporta- dor. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI, 2016), apesar de estarmos figurados entre as dez maiores economias glo- bais, nosso percentual de exportações em rela- ção ao PIB é baixo, na casa dos 12%, enquanto a média mundial é de 30%. Desse modo, o Brasil contribui com apenas 1,2% do volume mundial de exportações de bens e, se forem considerados apenas os produtos manufaturados, esse percentual cai para 0,7%. Os produtos exportados pelo Brasil são representados, em sua maioria, por commodities, isto é, produtos em seu estado bruto ou com baixo nível de transformação ou manufatura. Entre as principais commodities exportadas pelo Brasil estão: soja, petróleo, minério de ferro, celulose e carnes. Saiba mais 32 Logística e transporte internacional Você deve, então, estar se perguntando quais sãoos principais fato- res que inibem os exportadores a se aventurar em mercados interna- cionais. Vamos elencar alguns: Ch am p0 08 /S hu tte rs to ck falta de cultura exportadora dos empresários burocracia, excesso de leis e tarifas e demora na liberação de mercadorias medo de arriscar, pois acreditam que o mercado nacional é mais seguro falta de estrutura ou pessoal adequado para gerenciar a exportação falta de interesse e iniciativa desconhecimento dos mercados externos falta de visão estratégica O grande desafio dos exportadores brasileiros é, portanto, mudar essa cultura e entender a exportação como uma possibilidade de me- lhoria da competitividade. Está se preparando para exportar? Lembre-se das perguntas que deverão ser feitas: Quais serão os produtos exportados? Há necessidade de alterações ou melhorias? Quais serão os países ou o mercado-alvo? Quais serão os canais de distribuição? Quais serão os desafios? (Culturais, barreiras comerciais, técnicas ou tarifárias, concorrência). Quanto o mercado externo está disposto a pagar pelo produto e qual é o perfil do público consumidor? Cadeias logísticas globais 33 Nesse contexto, Borges (2017, p. 23) ressalta que: dentro do contexto atual econômico mundial, o crescimento das exportações é a base necessária para o desenvolvimento, tanto econômico quanto social, de uma nação. Esse processo permite o aumento do ingresso de divisas, incremento da estrutura pro- dutiva, maiores oportunidades no mercado de trabalho, forma- ção de capital e a redistribuição. Além dos fatores citados pelo autor, as exportações permitem o superávit na balança comercial das nações. Balança comercial é o in- dicador econômico que representa a relação entre o total de expor- tações e importações de bens e serviços de um país em determinado período, ou seja: saldo da balança comercial = exportações – importações Quando o total de exportações de bens é superior ao total de impor- tações, há um superávit, sendo um fator positivo na economia, uma vez que o país está exportando (vendendo) mais do que está importan- do (comprando). Quando o contrário ocorre (o país importa mais do que vende), dizemos que há um déficit na balança comercial. Para saber mais a respei- to da balança comercial brasileira, acesse o link a seguir. Disponível em: https://www.gov.br/ produtividade-e-comercio-exterior/ pt-br/assuntos/comercio-exterior/ estatisticas/balanca-comercial- brasileira-acumulado-do-ano. Acesso em: 7 out. 2020. Saiba mais AlexCaelus/Shutterstock 2.2 Empresas multinacionais e transnacionais Vídeo Alguns autores ainda diferenciam os dois termos, mas multinacional vem sendo substituído gradualmente por transnacional, por este repre- sentar melhor as características das novas corporações globais. No cenário pós-Segunda Guerra Mundial, com a retomada do crescimento econômico, muitas empresas passaram a expandir seus negócios, montando filiais em outros países, principalmen- te naqueles em desenvolvimento. Com os avanços tecnológicos e informa- cionais a partir da década de 1990, associados ao desenvolvimento dos transportes, o processo de in- ternacionalização é intensificado, demandando das empresas estruturas mais flexíveis e cada vez mais competitivas. https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/estatisticas/balanca-comercial-brasileira-acumulado-do-ano https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/estatisticas/balanca-comercial-brasileira-acumulado-do-ano https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/estatisticas/balanca-comercial-brasileira-acumulado-do-ano https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/estatisticas/balanca-comercial-brasileira-acumulado-do-ano https://www.gov.br/produtividade-e-comercio-exterior/pt-br/assuntos/comercio-exterior/estatisticas/balanca-comercial-brasileira-acumulado-do-ano 34 Logística e transporte internacional Dessa forma, as empresas passam a adotar o modelo de em- presas transnacionais, ou seja, grandes corporações que possuem sede administrativa ou matriz em um determinado país bem como filiais em diferentes países ao redor do mundo, com o objetivo de buscar novos mercados consumidores e baratear custos de mão de obra e matéria-prima. Vejamos a seguir algumas características das empresas transnacionais. Suas etapas de produção podem ocorrer em países diferentes. Cada filial deve seguir à risca o padrão estabelecido pela matriz, padronizando produtos e serviços disponibilizados ao mercado. O fator da padronização ocorre para que sejam aplicados os mesmos padrões de qualidade em qualquer lugar do mundo. É o exemplo da Coca-Cola; se você comprar esse produto aqui no Brasil ou na Europa, ele será o mesmo. Esse aspecto faz com que as em- presas atinjam um público em massa, aumentando seus lucros e sua influência a nível mundial. Outras empresas transnacionais conhecidas mundialmente são: Adidas, Pepsi, Unilever, McDonald’s, Nestlé, Nike, Puma, Volkswagen, General Motors, Toyota, Nokia, Sony, Siemens, Peugeot, Vivo e Apple. No Brasil também temos empresas transnacionais atuando em outros países; alguns exemplos são: Camargo Corrêa, Gerdau, Grupo Votorantim, JBS-Friboi, Odebrecht, Petrobras, Vale e Tigre. As empresas transnacionais podem, ainda, ser conhecidas pela nomenclatura empresas glo- bais; porém, há uma pequena diferença. Estas transcendem os limites nacionais, tendo sua identidade nacional substituída, pois desco- nhecem fronteiras, isto é, não estão presas a uma sede administrativa ou matriz própria em sua origem e assumem caracterís- ticas globais. Assista ao vídeo As Transnacionais, do canal Aline S., para ter uma maior compreensão sobre as diferenças de multinacionais e transna- cionais e o contexto de seu surgimento e desen- volvimento ao longo do tempo. Disponível em: https://youtu.be/ Wm-3f09q6Lw. Acesso em: 7 out. 2020. Vídeo emka74/Shutterstock https://youtu.be/Wm-3f09q6Lw https://youtu.be/Wm-3f09q6Lw Cadeias logísticas globais 35 2.3 Cadeias logísticas internacionais Vídeo Uma cadeia logística é composta por diferentes elos: a entrada de suprimentos, a produção e os elos responsáveis pela distribuição dos produtos. Em uma cadeia de suprimentos integrada, todos esses elos trabalham em conjunto, como uma engrenagem, conforme podemos ver na Figura 1. Agora, vamos entender o funcionamento de uma cadeia logística internacional, conhecida como global sourcing. Trata-se de uma estratégia com- petitiva que surge a partir de 1960, sendo adota- da por organizações como a Nike e Apple, com o objetivo de levar suas cadeias produtivas para países com custos de produção menores. Com a globalização, esse processo se intensificou. Paura (2020) destaca que o conceito de global sourcing envolve muito mais que a compra de bens ou serviços provenientes de diversas nações. São estratégias que levam as organizações à produção de partes de um pro- duto em diferentes países, enquanto a finalização ou montagem ocorre no país sede. Nesse modelo, as em- presas buscam fornecedores ou parceiros em outras nações. Ra wp ixe l.c om /S hu tte rs to ck Figura 1 Logística integrada Fo url ea f o ve r/S hu tte rs to ck F o r n e c e d o r e sF o r n e c e d o r e s P r o d u ç ã oP r o d u ç ã o D i s t r i b u i ç ã oD i s t r i b u i ç ã o Fonte: Elaborada pela autora. 36 Logística e transporte internacional Razzolini Filho (2012) define o global sourcing como uma visão amplia- da do gerenciamento da cadeia logística, em que fornecedores/parceiros e clientes trabalham de maneira integrada, independentemente de sua localização geográfica. A prática desse modelo permite a redução do número de fornecedores mediante a manutenção de parceiros na ca- deia de suprimentos que ofereçam atuação global. Consegue imaginar a complexidadede se trabalhar em uma empre- sa global, onde os insumos e componentes de produção são adquiridos em mais de um país, as unidades de produção e montagem estão es- palhadas pelo mundo e a distribuição (venda) de seus produtos ocorre em escala mundial? Complexo, não é mesmo? Nesse sentido, Razzolini Filho (2012, p. 174) destaca que “o gerencia- mento de operações e dos processos logísticos em ambientes globais implica em um forte sistema que integra a organização em diversos aspectos”. Sendo assim, precisamos trabalhar de maneira integrada os diferentes elos dessa cadeia, a saber: Khvost/Shutterstock Gerenciamento de compras (matéria-prima, componentes) Produção em diferentes plantas Armazenagem e movimentação de materiais Transporte (multimodal) Distribuição global Portanto, o grande desafio da logística global está em saber como in- tegrar e administrar os elos entre fornecedores, fabricantes, operadores logísticos, canais de distribuição e clientes. Diante desse desafio comple- xo, Razzolini Filho (2012) destaca três aspectos essenciais sob a ótica glo- bal: a integração geográfica, a integração funcional e a integração setorial. Integração geográfica su nd ora 14/S hutterstock Está relacionada à perda da importância das fronteiras geográficas tradicionais. Para que essa integração seja possível, três fatores são relevantes: Quer saber como é a cadeia de produção do iPhone da Apple? Acesse o link a seguir e descubra! Disponível em: https:// canaltech.com.br/ smartphone/A-saga-do-iPhone- conheca-a-cadeia-de-producao- do-smartphone-da-Apple/. Acesso em: 7 out. 2020. Curiosidade https://canaltech.com.br/smartphone/A-saga-do-iPhone-conheca-a-cadeia-de-producao-do-smartphone-da-Apple/ https://canaltech.com.br/smartphone/A-saga-do-iPhone-conheca-a-cadeia-de-producao-do-smartphone-da-Apple/ https://canaltech.com.br/smartphone/A-saga-do-iPhone-conheca-a-cadeia-de-producao-do-smartphone-da-Apple/ https://canaltech.com.br/smartphone/A-saga-do-iPhone-conheca-a-cadeia-de-producao-do-smartphone-da-Apple/ https://canaltech.com.br/smartphone/A-saga-do-iPhone-conheca-a-cadeia-de-producao-do-smartphone-da-Apple/ Cadeias logísticas globais 37 Tecnologia da informação Permite a comunicação e troca de dados e de informações em tempo real, com qualquer parte do globo. Novos sistemas de transportes A agilidade nos sistemas de transportes possibilita a troca de mercadorias entre diferentes países com maior rapidez, custos menores e sem necessidade de manutenção de grandes estoques. Recursos humanos Profissionais globalizados com capacidade de atuar em qualquer parte do mundo, com domínio de diferentes idiomas e motivados por novos desafios. Re Ve lS to ck Ar t/ Sh ut te rs to ck Integração funcional Ra ulA lmu /Shutterstock Diz respeito à integração e operacionalização de áreas funcionais, como engenharia, produção, finanças, marketing, logística etc., por meio de processos. Com base nesses processos, nascem os fluxos que percorrem a organização como um todo: Fluxo físico ou de matérias Responsável pela movimentação dos materiais e produtos por toda a cadeia logística. Fluxo de informações Responsável pela troca de informações entre os diferentes elos da cadeia e, ainda, por colocar em movimento o fluxo de materiais. Fluxo financeiro Responsável pela remuneração dos recursos (pessoais, materiais, de transporte etc.) utilizados na cadeia logística. Re Ve lS to ck Ar t/ Sh ut te rs to ck Nesse processo de integração, embora as áreas funcionais possam estar em diferentes países, elas atuam de maneira integrada, dando suporte uma a outra e trazendo fluidez aos três fluxos. 38 Logística e transporte internacional Integração setorial ne lel ena /Shutterstock Está relacionada ao trabalho cooperativo entre os elos da cadeia logística, de modo a otimizar o sistema logístico como um todo. Confor- me o interesse conjunto de todos os membros do canal, o foco passa a ser a satisfação do cliente final. Algumas formas de integração setorial ocorrem pelos seguintes meios: Efficient Consumer Response (ECR) Ferramenta de resposta eficiente ao consumidor, em que o suprimento de estoques do varejista ocorre de maneira automática, com base na integração de sistemas de informação. Vendor Management Inventory (VMI) Estoque gerido pelo fornecedor, no qual o fabricante gerencia os estoques dos distribuidores. Electronic Data Interchange (EDI) Troca eletrônica de dados; sistema que permite a troca de informações entre os membros da cadeia logística de maneira ágil e com maior rapidez. Re Ve lS to ck Ar t/ Sh ut te rs to ck Cada vez mais as empresas estão expandindo seus negócios para além de suas fronteiras, e esse é um processo irreversível. Com isso, o grande desafio está em como integrar os diferentes elos de uma cadeia global. 2.4 OEA – Operador Econômico Autorizado Vídeo O Brasil é um dos países mais burocráticos do mundo em ter- mos de desembaraço de mercadorias provenientes ou destinadas ao exterior. No entanto, esses trâmites podem ser facilitados quando as empresas aderem ao Programa Brasileiro de Operador Econômico Autorizado (OEA), construído com base em parâmetros internacionais e reconhecidos pela Organização Mundial de Aduanas (OMA) e pela Organização Mundial do Comércio (OMC). O programa tem por objetivo facilitar os procedimentos de controle do fluxo de mercadorias, tanto no próprio país quanto no exterior. Os benefícios concedidos pelo programa OEA podem ser de caráter ge- ral ou de acordo com a modalidade de certificação, a função do opera- dor na cadeia logística ou o grau de conformidade aferido. Cadeias logísticas globais 39 Ao aderir ao programa, as empresas que operam no comércio exterior desfrutam de maior agilidade nos procedimentos aduaneiros e de controle físico por órgãos anuentes, reduzindo assim seus prazos e custos (SISCOMEX, 2020). Quem pode aderir ao programa OEA? Segundo a Receita Federal (PROGRAMA OEA, 2015a, grifos do original): de acordo com o artigo 1º, parágrafo 1º da Instrução Normativa RFB 1 nº 1598/2015, considera-se Operador Econômico Autori- zado (OEA) o interveniente em operação de comércio exterior envolvido na movimentação internacional de mercadorias a qualquer título que, mediante o cumprimento voluntário dos critérios de segurança aplicados à cadeia logística ou das obriga- ções tributárias e aduaneiras exigidos pelo Programa OEA, seja certificado pela RFB como OEA. Desse modo, podem requerer voluntariamente a certificação OEA: importador; exportador; transportador; agente de carga; depositário de mercadoria sob controle aduaneiro; operador portuário ou aeroportuá- rio; e Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação (Redex). Dentre os principais benefícios concedidos às empresas que ade- rem ao programa OEA, de acordo com a Instrução Normativa RFB n. 1.598/2015 (PROGRAMA OEA, 2015b), destacam-se os seguintes: Receita Federal do Brasil. 1 Quer saber os requisitos para implementação do Programa Brasileiro de OEA? Visite o link a seguir e tenha acesso ao guia completo de implementa- ção do programa. Disponível em: https://www.gov. br/receitafederal/pt-br/assuntos/ aduana-e-comercio-exterior/ importacao-e-exportacao/oea/ como-se-tornar-um-oea. Acesso em: 7 out. 2020. Leitura No caso de importação por meio aquaviário, será permitido ao importador OEA registrar a Declaração de Importação (DI) antes da chegada da carga ao território aduaneiro, com aplicação de seleção parametrizada imediata. O OEA poderá usufruir dos benefícios concedidos para sua modalidade de certificação em qualquer unidade aduaneira. Divulgação do nome do operador no sítio da RFB. Será facultado ao OEA usufruir de benefícios e vantagens dos Acordos de Reconhecimento Mútuo (ARM) que a RFB venha a assinar com as aduanas de outros países. As unidadesde despacho aduaneiro da RFB dispensarão o OEA de exigências formalizadas na habilitação a regimes aduaneiros especiais, ou aplicados em áreas especiais que já tenham sido cumpridas no procedimento de certificação no programa OEA. A seleção para canais de conferência dos despachos de exportação do exportador OEA terá seu percentual reduzido em relação aos demais. A parametrização das declarações aduaneiras do exportador OEA será executada de maneira imediata após o envio para despacho da Declaração de Exportação (DE). Será dispensada a apresentação de garantia para o importador OEA na concessão do regime de admissão temporária para utilização econômica. A mercadoria importada por OEA que proceda diretamente do exterior terá tratamento de armazenamento prioritário e permanecerá sob custódia do depositário até ser submetida ao despacho aduaneiro. Biw3ds/Shutterstock https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e-comercio-exterior/importacao-e-exportacao/oea/como-se-tornar-um-oea https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e-comercio-exterior/importacao-e-exportacao/oea/como-se-tornar-um-oea https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e-comercio-exterior/importacao-e-exportacao/oea/como-se-tornar-um-oea https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e-comercio-exterior/importacao-e-exportacao/oea/como-se-tornar-um-oea https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/aduana-e-comercio-exterior/importacao-e-exportacao/oea/como-se-tornar-um-oea 40 Logística e transporte internacional Vale ressaltar que um OEA autorizado torna-se um parceiro estra- tégico da Receita Federal, quando comprovado o cumprimento dos requisitos e critérios do programa. Ainda segundo a Receita Federal (PROGRAMA OEA, 2015b), esse operador será certificado como de baixo risco e confiável e, assim, gozará dos benefícios oferecidos pela aduana brasileira, relacionados à maior agilidade e previsibilidade de suas cargas nos fluxos do comércio internacional. 2.5 Operadores e integradores logísticos internacionais Vídeo Quando uma empresa decide se internacionalizar, seja para realizar processos de importação ou de exportação, ela irá precisar de profissionais mais qualificados, que tenham conhecimento de outros idiomas, operações de câmbio, desembaraço aduaneiro, exigências alfandegárias, multimodalidade, certificados e regulamentações necessárias nos países de origem e de destino. A logística internacional é mais complexa do que a logística doméstica e possui diversas particularidades, o que leva muitas organizações a terceirizarem seus processos logísticos. Esse processo é conhecido como outsourcing e consiste na delegação de serviços a pro- fissionais aptos a realizarem serviços mais complexos. Assim, as empresas terceirizadas são responsáveis pe- los processos logísticos desde a origem da mercadoria até o seu destino, sendo denominadas de operadores logísticos ou Third-party Logistics (3PL) 2 . De acordo com Razzolini Filho (2012), o operador lo- gístico é uma empresa que atua independentemente de seus clien- tes, prestando serviços físicos (armazenagem, manuseio de materiais, embalagem e transporte) e serviços logísticos de nível gerencial, como processamento de pedidos e controle e gerenciamento de estoques. Quando se trata de logística internacional, a gama de serviços prestados se torna ainda mais abrangente, incluindo, além dos serviços anteriores, a gestão de transporte multimodais, o desembaraço aduaneiro, as certifica- ções, as embalagens especiais adaptadas a cada modal e a gestão de licen- ças e documentos pertinentes a cada modal ou classificação de produtos. W rig ht S tu di o/ Sh ut te rs to ck Este assunto foi tratado superficialmente no Capítulo 1. Agora, veremos ele mais a fundo e o relacionaremos com outro operador logístico. 2 Cadeias logísticas globais 41 A contratação de um operador logístico traz vantagens de redução de custos, melhor aproveitamento de escala, benefício da expertise em todos os elos da cadeia logística e, por consequência, maior qualidade nos serviços prestados e entregues aos contratantes. Dias (2012) desta- ca como principais vantagens da contratação de um operador logístico: Ch am p0 08 /S hu tte rs to ck contratos de compra e venda mais adequados ganhos de escala e negociações de transporte utilização e combinação de modais mais eficientes redução dos custos indiretos melhor utilização da capacidade disponível da matriz de transporte melhor utilização da infraestrutura para as atividades de apoio, como armazenagem e manuseio melhor aproveitamento das tecnologias de informação O know-how dos operadores logísticos possibilita, ainda, oferecer o desenvolvimento de projetos de inteligência logística aos clientes, por meio de estudos que possibilitem a maior otimização dos processos e a redução de custos. know-how: conhecimento de normas, métodos e operações relacionados a alguma ativi- dade; nesse caso, às atividades logísticas. Glossário 42 Logística e transporte internacional Outro modelo de terceirização, ainda recente, são os integradores logísticos, também conhecidos pelo termo Fourth-party Logistics (4PL). Eles são uma evolução dos prestadores de serviços logísticos e dos operadores logísticos, que até então eram mais focados no armazena- mento e transporte e representavam o nível mais alto de gerenciamen- to da cadeia de suprimentos. Lima (2004) destaca que um 4PL pode gerenciar todas as atividades estratégicas de uma cadeia de suprimentos, desenvolvendo três fun- ções básicas, descritas a seguir. Aleksandr Bryliaev/Shutterstock Gerenciamento da cadeia de abastecimento, o que inclui os provedores de suprimentos e operadores logísticos. Gerenciamento, integração e coordenação dos vários prestadores de serviços logísticos que são contratados pelo 4PL. Remodelagem dos processos da cadeia de suprimentos, assegurando processos mais eficazes e eficientes, otimizando recursos e reduzindo custos. A Figura 2 representa o modelo 4PL. É possível perceber que o 4PL funciona como um elo integrador entre os elos da cadeia logística e o 3PL, atuando na gestão de todo esse agrupamento. Figura 2 Demonstração do modelo 4PL Provedores de suprimentos Provedores de serviços logísticos Manufatura Operadores logísticos Distribuição Provedores de tecnologia da informação INTEGRADOR LOGÍSTICO Ra ul Al m u/ Sh ut te rs to ck+ + Fonte: Elaborada pela autora. Você sabia que, além do 3PL e 4PL, existem outros provedores? Conheça as diferenças entre 1PL, 2PL, 3PL, 4PL e 5PL lendo o texto Entenda o que é 3PL, 4PL e 5PL na logística!, de Fábio Cunha. Disponível em: https://www. datamex.com.br/blog/3pl-4pl- 5pl-o-que-e-suas-vantagens-na- logistica/. Acesso em: 7 out. 2020. Importante Vale ressaltar a diferença entre os modelos 3PL e 4PL. Enquanto um operador logístico participa das operações logísticas em sua maioria e possui ativos (caminhões, armazéns etc.), um integrador logístico coordena essas ações, uma vez que oferece uma visão e um gerenciamento mais estratégicos da cadeia de suprimentos da empresa. Site https://www.datamex.com.br/blog/3pl-4pl-5pl-o-que-e-suas-vantagens-na-logistica/ https://www.datamex.com.br/blog/3pl-4pl-5pl-o-que-e-suas-vantagens-na-logistica/ https://www.datamex.com.br/blog/3pl-4pl-5pl-o-que-e-suas-vantagens-na-logistica/ https://www.datamex.com.br/blog/3pl-4pl-5pl-o-que-e-suas-vantagens-na-logistica/ Cadeias logísticas globais 43 A logística internacional é uma das áreas que vem contratando os serviços dos integradores logísticos, representados pelos agentes in- ternacionais de carga, freight forwarder e até mesmo operadores de transporte multimodal (OTM). Assim, contratar um 4PL traz benefícios, como a maior velocidade operacional e informacional e melhor gestão e redução de custos para o transporte de cargas internacionais.
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