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fundamentos em ecologia Oriel e Eliseu

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Fiel a sua missão de interiorizar o ensino superior no estado Ceará, a UECE, como uma instituição que participa do Sistema Universidade Aberta do Brasil, vem ampliando a oferta de cursos de graduação e pós-graduação 
na modalidade de educação a distância, e gerando experiências e possibili-
dades inovadoras com uso das novas plataformas tecnológicas decorren-
tes da popularização da internet, funcionamento do cinturão digital e 
massificação dos computadores pessoais. 
Comprometida com a formação de professores em todos os níveis e 
a qualificação dos servidores públicos para bem servir ao Estado, 
os cursos da UAB/UECE atendem aos padrões de qualidade 
estabelecidos pelos normativos legais do Governo Fede-
ral e se articulam com as demandas de desenvolvi-
mento das regiões do Ceará. 
Fu
nd
am
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to
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Ciências Biológicas
Ciências Biológicas
Oriel Herrera Bonilla
Eliseu Marlônio Pereira de Lucena
Fundamentos em Ecologia
U
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ComputaçãoQuímica Física Matemática PedagogiaArtes Plásticas
Ciências 
Biológicas
Geografia
Educação 
Física
História
9
12
3
Oriel Herrera Bonilla
Eliseu Marlônio Pereira de Lucena
Fundamentos em Ecologia
Ciências Biológicas
2ª edição
Fortaleza - Ceará
2015
ComputaçãoQuímica Física Matemática PedagogiaArtes Plásticas
Ciências 
Biológicas
Geografia
Educação 
Física
História
9
12
3
Editora da Universidade Estadual do Ceará – EdUECE
Av. Dr. Silas Munguba, 1700 – Campus do Itaperi – Reitoria – Fortaleza – Ceará
CEP: 60714-903 – Fone: (85) 3101-9893
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ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autori-
zação, por escrito, dos autores.
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Vice-Reitor
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Pró-Reitora de Graduação
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Coordenador da SATE e UAB/UECE
Francisco Fábio Castelo Branco
Coordenadora Adjunta UAB/UECE
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Direção do CCS/UECE
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Coordenadora da Licenciatura 
em Ciências Biológicas
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Coordenadora de Tutoria e Docência 
em Ciências Biológicas
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Editor da EdUECE
Erasmo Miessa Ruiz
Coordenadora Editorial
Rocylânia Isidio de Oliveira
Projeto Gráfico e Capa
Roberto Santos
Diagramador
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Conselho Editorial
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Eduardo Diatahy Bezerra de Menezes
Emanuel Ângelo da Rocha Fragoso 
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Liduina Farias Almeida da Costa
Lucili Grangeiro Cortez
Luiz Cruz Lima
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Marcony Silva Cunha
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Maria Salete Bessa Jorge
Silvia Maria Nóbrega-Therrien
Conselho Consultivo
Antônio Torres Montenegro (UFPE)
Eliane P. Zamith Brito (FGV)
Homero Santiago (USP)
Ieda Maria Alves (USP)
Manuel Domingos Neto (UFF)
Maria do Socorro Silva Aragão (UFC)
Maria Lírida Callou de Araújo e Mendonça (UNIFOR)
Pierre Salama (Universidade de Paris VIII)
Romeu Gomes (FIOCRUZ)
Túlio Batista Franco (UFF)
Editora Filiada à
B715f Bonilla, Oriel Herrera.
Fundamentos em ecologia / Oriel Herrera Bonilla, Eliseu 
Marlônio Pereira de Lucena . – 2. ed. – Fortaleza : EdUECE, 
2015.
204 p. : il. ; 20,0cm x 25,5cm. (Ciências Biológicas)
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-7826-356-0
1. Ecologia – fundamentos. 2. Ecologia – fatores ecológicos. 
3. Ecologia – dinâmica das populações. 4. Ecossistemas. 
5. Biosfera. I. Lucena, Eliseu Marlônio Pereira de. II. Título.
CDD 574.5
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Sistema de Bibliotecas
Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho
Francisco Welton Silva Rios – CRB-3 / 919
Bibliotecário
Sumário
Apresentação ....................................................................................................7
Capítulo 1 – Noções Gerais ............................................................................9
1. Introdução .......................................................................................... 11
2. Definições de Ecologia ......................................................................12
3. Histórico da ecologia ..........................................................................13
3.1. Primeiros trabalhos relacionados à Ecologia ..............................14
3.2. O conceito básico unificador.......................................................15
3.3. Os movimentos ecológicos .........................................................17
3.4. Áreas de estudo ..........................................................................19
4. Interações da Ecologia com outras áreas de estudo .........................22
5. Ecologia: ciência de síntese e de análise ..........................................23
5.1. A ecologia vegetal no Brasil ........................................................24
Capítulo 2 – Fatores ecológicos ...................................................................29
1. Introdução ..........................................................................................31
2. Fatores abióticos: climáticos e hídricos .............................................31
2.1. Fatores climáticos .......................................................................32
2.2. Fatores hídricos ..........................................................................57
Capítulo 3 – Fatores ecológicos ...................................................................67
1. Fatores abióticos: fatores edáficos .....................................................69
1.1. Conceitos básicos .......................................................................69
1.2. O solo e sua formação ................................................................69
1.3. Processos mecânicos do intemperismo .....................................80
1.4. Processos químicos do intemperismo ........................................83
1.5. Nutrientes inorgânicos ...............................................................87
Capítulo 4 – Fatores ecológicos ...................................................................91
1. Fatores bióticos ..................................................................................93
1.1. Definição .....................................................................................95
1.2. Tipos de simbiose .......................................................................95
2. Competição ........................................................................................96
2.1. Subdivisões da competição ........................................................97
2.2. A Competição entre vegetais ......................................................97
2.3. Julgando a ocorrência de competição......................................100
3. Predação ..........................................................................................101
3.1. Tipos de predação.....................................................................102
3.2. Estratégia de fuga das presas ..................................................103
4. Defesa das plantas contra herbívoros .............................................105
4.1. Amensalismo .............................................................................107
4.2. Parasitismo ...............................................................................1074.3. Protocooperação ........................................................................111
4.4. Mutualismo ................................................................................ 112
4.5. Síndromes Florais ..................................................................... 113
4.6. Comensalismo .......................................................................... 113
Capítulo 5 – Dinâmica das populações e dos ecossistemas ...............117
1. Dinâmica das populações ................................................................ 119
1.1. Distribuição espacial dos indivíduos ......................................... 119
1.2. Atributos biológicos das populações .........................................120
1.3. Fatores que regulam o tamanho das populações .....................123
1.4. Oscilações que limitam o crescimento populacional ................124
2. Dinâmica dos ecossistemas ............................................................126
2.1. Cadeia alimentar .......................................................................127
2.2. Produtividade nos ecossistemas ...............................................131
3.1. Quanto à quantidade de tipos de alimentos ..............................133
3.2. Quanto à origem do alimento ....................................................134
Capítulo 6 – Ecossistemas versus Sucessão ecológica .......................139
1. Introdução ........................................................................................141
2. Componentes do ecossistema .........................................................142
2.1. Sucessão ecológica ..................................................................143
2.2. Sucessão primária e secundária ...............................................144
Capítulo 7 – Biosfera ....................................................................................153
1. Origem e definição ...........................................................................155
1.1. Por que se interessar pela biodiversidade? ..............................155
1.2. Os genes x os ecossistemas ....................................................156
1.3. A diversidade biológica é o produto da evolução? ....................158
1.4. A teoria sintética da evolução ...................................................159
1.5. A conservação da natureza e o papel ecológico da 
diversidade biológica........................................................................159
2. Os recursos biológicos .....................................................................160
2.1. As relações homem-natureza ...................................................161
2.2. Concepção integrada da diversidade biológica ........................163
2.3. Mutações e diversidade genética .............................................165
3. A seleção natural ..............................................................................166
3.1. A noção de espécie ...................................................................167
3.2. A especiação .............................................................................168
3.3. A seleção natural leva à criação de novas espécies? ..............170
4. O inventário das espécies ..............................................................171
4.1. Diversidade x funcionamento dos ecossistemas ......................175
4.2. Características dos ecossistemas e riqueza das populações ..175
4.3. A diversidade das espécies x espécies-chave ..........................177
4.4. Diversidade e estabilidade dos ecossistemas ..........................179
4.5. A diversidade e a produtividade dos ecossistemas ...................180
4.6. Causas da perda da biodiversidade em florestas tropicais ......181
5. Importância ecológica da cobertura vegetal na conservação 
da biodiversidade .................................................................................193
5.1. Biodiversidade da caatinga .......................................................195
5.2. Contrastes .................................................................................196
Sobre os autores...........................................................................................204
Apresentação
A Ecologia é uma ciência relativamente nova, mas seus princípios e conhe-
cimentos são antigos, sendo objeto de muitas práticas conservacionistas por 
nossos antepassados. Para preservar a biodiversidade existente nos Ecos-
sistemas, é necessário conhecer primeiro como são realizadas as delicadas 
interações que ocorrem entre os organismos e seu ambiente. 
O ser humano faz parte dessa intrincada rede de relações e tem a res-
ponsabilidade principal de manter o equilíbrio, zelando pela manutenção dele, 
a fim de que todos possam continuar vivendo harmoniosamente. 
Neste livro, elaborado em sete capítulos, apresentamos noções básicas 
sobre Ecologia, no que diz respeito ao seu conceito, seu histórico, suas subdi-
visões e suas interações com outras ciências. São também abordados os fa-
tores ecológicos e a maneira como eles estão relacionados com a distribuição 
e a ocorrência natural dos seres vivos em seus ambientes. Além disso, anali-
samos como a alteração dos fatores ecológicos abióticos, principalmente os 
de índole climáticos, está causando mudanças na dinâmica das populações 
e na estrutura das comunidades com a consequente perda de biodiversidade. 
Nos capítulos 5 e 6, abordamos o ecossistema e a sucessão ecológica das 
espécies em seus ambientes, para que esse conhecimento possa auxiliar o profis-
sional de biologia nos programas de recomposição de ecossistemas degradados. 
Finalmente, no capítulo 7, tratamos da biosfera e da biodiversidade, discutindo 
pontos relevantes que nos orientam a interessar-nos e a cuidar dos bancos de 
gemoplasma presentes nos países de faixa tropical. Neste capítulo, mostramos 
quais são as causas que estão levando esses países a perder em espécies de 
plantas e de animais desconhecidos ou não catalogados pela ciência, incluindo 
aqui o bioma caatinga, entre os biomas brasileiros ameaçados.
Intencionamos com este livro, oferecer ao aluno os fundamentos em 
ecologia, de modo, que abra o caminho para um aprofundamento maior, com 
base nos novos avanços e nas descobertas que são feitas diariamente, e, 
assim, aprendam a respeitar e a amar a vida.
Os autores
Capítulo 1
Noções Gerais
Fundamentos em Ecologia 11
Objetivos
 • Oferecer ao aluno fundamentos sobre Ecologia, sua origem e seu históri-
co como a ciência do meio ambiente.
 • Mostrar como a Ecologia tem se subdividido e como ela interage com 
outras áreas de conhecimento.
1. Introdução
A palavra Ecologia, derivada do idioma grego (oikos=casa; logos=estudo), foi 
criada no século XIX, pelo zoólogo alemão Ernst Haeckel1 (Figura 1), para de-
signar “a relação dos animais com seu meio ambiente orgânico e inorgânico”. 
A ecologia também já foi definida como “o estudo das inter-relações dos orga-
nismos e seu ambiente”, como “a economia da natureza” e como “a biologia 
dos ecossistemas”. A expressão meio ambiente inclui tanto outros organismos 
quanto o meio físico circundante, sendo que as relações entre indivíduos de 
uma mesma população e entre indivíduos de diferentes populações, em um 
determinado ambiente, compõem os sistemas ecológicos ou ecossistemas. 
Desde um ponto mais simples, a 
ecologia seria o ramo da Biologia que 
estuda a relação dos seres vivos entre 
si e com o meio ambiente, sendo assim 
fundamentada no conceito de ecossis-
tema, que demonstra a impossibilidade 
de sobrevivência isolada dos elementos 
da natureza e a necessidade de eles se 
relacionarem em sistemas complexos.
Realizador de uma obra notá-
vel pela amplitude de temas tratados 
e pela profundidade das pesquisas, 
Ernst Haeckel formulou hipóteses po-
lêmicas sobre a teoria evolucionista2 
de Charles Darwin. O interesse pela zoologia resultou em trabalhos sobre a 
natureza dos organismos inferiores,como protozoários e esponjas; além de 
estabelecer relações entre esses organismos e espécies superiores, na clas-
sificação animal. Esses trabalhos garantiram-lhe o cargo de professor de zoo-
logia na Universidade de Jena, em 1862. 
1Ernst Heinrich Philipp
August Haeckel
nasceu em Potsdam, 
Prússia (1834). Formou-
se em medicina pela 
Universidade de Berlim, 
em 1857. Entre suas 
diversas obras científicas, 
destacam-se “Morfologia 
Geral dos Organismos” 
(1866) e “História Natural 
da Criação” (1868). 
Faleceu em Jena, 
Alemanha (1919).
2Teoria Evolucionista
“A Origem das Espécies 
por meio da Seleção 
Natural” foi a obra que 
abalou o mundo moderno. 
Foi publicada em 1859 
pelo biólogo e naturalista 
Charles Robert Darwin 
(1809-1882).
Figura 1 – Haeckel, E. H. P. A. 
Fonte: http://www.greenspirit.org.uk/
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
12
Haeckel tentou reconstituir o ciclo completo de evolução dos seres 
vivos desde os animais unicelulares até o homem. A partir desses estudos, 
enunciou sua lei biogenética fundamental, segundo a qual os seres vivos, ao 
longo do processo individual de desenvolvimento (ontogênese), recapitulam 
estágios do desenvolvimento da espécie (filogênese). Possuidor de sólida 
formação filosófica, buscou aplicar o evolucionismo de Darwin à religião e 
à filosofia. Na obra Die Welträtsel, ou Os enigmas do universo (1899), divul-
gou a teoria monista, que defende a união essencial da natureza orgânica 
e inorgânica e a tese de que espírito e matéria são aspectos diferentes da 
mesma substância.
2. Definições de Ecologia
As bases conceituais em ecologia são bastante amplas e, por causa disso, 
têm sido definidas de várias maneiras:
I. Ecologia é o estudo das relações totais dos animais, tanto no seu am-
biente orgânico como inorgânico, e, em particular o estudo das relações 
do tipo positivo (amistoso) ou do tipo negativo (inimigos) entre plantas e 
animais no ambiente em que vivem (HAECKEL, 1866).
II. Ecologia é o estudo do “ambiente da casa”, com todos os organismos 
contidos nela (incluindo o homem) e todos os processos funcionais que 
a tornam habitável (ODUM, 1983).
III. Ecologia é a ciência que estuda as condições de existência dos seres 
vivos e as interações, de qualquer natureza, existentes entre esses se-
res e seu meio (DAJOZ, 1983).
IV. Ecologia é a ciência das relações dos seres vivos com o seu meio. 
Termo usado com frequência e erradamente para designar o meio ou o 
meio ambiente (DANSEREAU, 1978).
V. Ecologia é a ciência que estuda a dinâmica dos Ecossistemas. É a dis-
ciplina que estuda os processos, as interações e a dinâmica de todos 
os seres vivos com os aspectos químicos e físicos do meio ambiente, 
incluindo também aspectos econômicos, sociais, culturais e psicológicos 
peculiares ao homem, que, de maneira interativa, deve sintetizar e gerar 
informações para a maioria dos demais campos do conhecimento (WI-
CKERSHAM, 1975).
VI. Ecologia é o modelo ou a totalidade das relações entre os organismos 
e seu ambiente (WEBSTER’S, 1976).
VII. Ecologia é o ramo da ciência que estuda a estrutura e o desenvolvimen-
to das comunidades humanas em suas relações com o meio ambiente e 
sua consequente adaptação a ele, assim como os novos aspectos que 
Fundamentos em Ecologia 13
os processos tecnológicos ou os sistemas de organização social possam 
acarretar para as condições de vida do homem (FERREIRA, 1985).
VIII. Ecologia é a disciplina da Biologia que lida com o estudo das inter-rela-
ções dinâmicas dos fatores bióticos e abióticos do meio ambiente (USDT, 
1983).
3. Histórico da ecologia
A ecologia não apresenta um início bem delineado. Os primeiros anteceden-
tes, na história natural dos gregos, foi um dos discípulos de Aristóteles, Teo-
frasto3, que foi o primeiro a descrever as relações dos organismos entre si e 
com o meio. As bases posteriores para a ecologia moderna foram lançadas 
nos primeiros trabalhos dos fisiologistas sobre plantas e animais.
Durante muito tempo desconhecida do grande público e relegada a se-
gundo plano por muitos cientistas, a ecologia surgiu no século passado como 
um dos mais populares aspectos da biologia. Em meados do século XX, a 
ecologia, até então restrita aos meios acadêmicos, ganhou dimensões sociais 
devido às crescentes preocupações mundiais com a degradação do meio 
ambiente. Isso ocorreu porque se tornou evidente que a maioria dos proble-
mas que o homem vem enfrentando, como crescimento populacional, polui-
ção ambiental, fome e todos os problemas sociológicos e políticos atuais, são, 
em grande parte, ecológicos.
O aumento do interesse pela dinâmica das populações recebeu impul-
so especial no início do século XIX e depois que Thomas Malthus4 chamou 
atenção para o conflito entre as populações em expansão e a capacidade 
da Terra de fornecer alimento. Raymond Pearl (1920), A. J. Lotka (1925) e 
Vito Volterra (1926) desenvolveram as bases matemáticas para o estudo das 
populações, o que levou a experiências sobre a interação de predadores e 
presas, as relações competitivas entre espécies e o controle populacional. O 
estudo da influência do comportamento sobre as populações foi incentivado 
pelo reconhecimento, em 1920, da territorialidade dos pássaros. Os conceitos 
de comportamento instintivo e agressivo foram lançados por Konrad Lorenz 
e Nikolaas Tinbergen, enquanto V. C. Wynne-Edwards estudava o papel do 
comportamento social no controle das populações.
No início e em meados do século XX, dois grupos de botânicos, um 
na Europa e outro nos Estados Unidos, estudaram comunidades vegetais de 
dois diferentes pontos de vista. Os botânicos europeus preocuparam-se em 
estudar a composição, a estrutura e a distribuição das comunidades vegetais; 
enquanto os americanos estudaram o desenvolvimento dessas comunidades 
ou sua sucessão. As ecologias, animal e vegetal desenvolveram-se separa-
3Teofrasto
Nasceu no ano de 372 a.C. 
Era oriundo de Eressos, 
em Lesbos. Foi filósofo e 
sucessor de Aristóteles 
na escola peripatética. 
Faleceu em 287 a.C..
Teofrasto. Fonte:http:// wa2.
www.artehistoria. jcyl.es/
Teofrasto
4Thomas Robert Malthus
Nasceu em Rookery, 
Surrey, Inglaterra (1766). 
Estudou no Jesus College, 
Cambridge, e, em 1797, foi 
ordenado sacerdote da Igreja 
anglicana. A partir de 1805, 
ensinou economia política 
em Haileybury. Publicou, 
anonimamente, a obra Essay 
on Population (1798) - ensaio 
sobre a população, no qual 
afirma que ela cresce em 
progressão geométrica, 
enquanto a produção de 
alimentos aumenta em 
progressão aritmética. 
Morreu em Saint Catherine, 
Somerset (1834).
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
14
damente, até que os biólogos americanos deram ênfase à inter-relação de 
comunidades vegetais e animais como um todo.
Alguns ecologistas detiveram-se na dinâmica das comunidades e das 
populações, enquanto outros se preocuparam com as reservas de energia. 
Em 1920, o biólogo alemão August Thienemann introduziu o conceito de ní-
veis tróficos, ou de alimentação, pelos quais a energia dos alimentos é transfe-
rida, por uma série de organismos, das plantas (produtoras) aos vários níveis 
de animais (consumidores). Em 1927, C. S. Elton, ecologista inglês especiali-
zado em animais, avançou nessa abordagem com o conceito de nichos eco-
lógicos5 e de pirâmides de números. Dois biólogos americanos, E. Birge e C. 
Juday, na década de 1930, ao medir em reserva energética de lagos, desen-
volveram a ideia da produção primária, que diz respeito à proporção na qual a 
energia é gerada, ou fixada, através da fotossíntese.
A ecologia moderna atingiu a maioridade em 1942, com o desenvolvimen-
to, pelo americano R. L. Lindeman, do conceito trófico-dinâmico de ecologia, que 
detalha o fluxo da energia através do ecossistema. Esses estudos quantitativos 
foram aprofundados pelos americanos Eugene e Howard Odum. Um trabalho se-
melhante sobre o ciclo dos nutrientes foi realizado pelo australiano J. D. Ovington.
O estudo do fluxo de energia e do ciclo denutrientes foi estimulado 
pelo desenvolvimento de novas técnicas (radioisótopos, microcalorimetria, 
computação e matemática aplicada) que permitiram, aos ecologistas, rotular, 
rastrear e medir o movimento de nutrientes e de energias específicas através 
dos ecossistemas. Esses métodos modernos deram início a um novo estágio 
no desenvolvimento dessa ciência (a ecologia dos sistemas), que estuda a 
estrutura e o funcionamento dos ecossistemas.
Sua popularização ocorre especialmente após 1967, ano de um gran-
de acidente com o petroleiro Torrey Canyon na França. Nesse período, além 
do estudo do mundo natural, a ecologia incorporou sua reflexão na relação: 
homem e natureza. Emerge, assim, ao lado de outras ciências, o conceito de 
Ecologia como disciplina indispensável para a compreensão e a solução das 
principais questões ambientais.
3.1. Primeiros trabalhos relacionados à Ecologia
Entre os primeiros trabalhos relacionados à Ecologia, destacam-se:
l Forbes (1843): Estudou a distribuição dos animais no mar Egeu;
l Möbius (1877): Introduziu, por ocasião do seu estudo sobre os bancos de 
ostras, o termo Biocenose6;
l Final do século XIX e início do XX: Foram publicados diversos trabalhos tra-
tando das relações entre os seres vivos e o ambiente.
5Nicho ecológico
Representa o conjunto de 
atividades que a espécie 
desempenha, incluindo 
relações alimentares, 
obtenção de abrigos e 
locais de reprodução; ou 
seja, é o modo de vida 
de cada espécie, no seu 
habitat.
6Biocenose, Biota ou 
Comunidade biológica
Representa os organismos 
vivos que habitam uma 
determinada região.
Fundamentos em Ecologia 15
Entre 1900 e 1944, começou-se a estudar Ecologia separadamente da 
Biologia. Acumularam-se os primeiros trabalhos relacionados à Ecologia, en-
tre os quais devem ser destacados os seguintes:
l Shelford (1913): Estudo das comunidades animais na América temperada;
l Adams (1913): Guia para o estudo da ecologia animal;
l Davenport (1915): Estudo ecológico das pradarias e dos invertebrados das flo-
restas;
l Volterra (1926): Variações e flutuações do número de indivíduos em convi-
vência animal;
l Elton (1927): Ecologia animal (primeira tentativa de definição das bases teó-
ricas da Ecologia);
l Chapman (1931): Ecologia animal com especial referência aos insetos;
l Uvarov (1931): Os insetos e o clima;
l Gause (1935): Verificações experimentais da teoria matemática da luta pela vida;
l Ferri (1944): No Brasil, primeira tese de Ecologia (Ecologia do Cerrado).
No transcurso da segunda década de 1900, são fundadas as primeiras 
sociedades ecológicas, entre as quais devem ser destacadas:
l British Ecological Society (1913);
l Ecological Society of America (1916).
Entre os primeiros periódicos especializados em temas ecológicos que 
foram editados, destacam-se:
l Journal of Ecology (1913);
l Ecology (1920);
l Ecological Monographs (1931);
l Journal of Animal Ecology (1932).
3.2. O conceito básico unificador
Até o fim do século XX, faltava à ecologia uma base conceitual. A ecologia 
moderna, porém, passou a se concentrar no conceito de ecossistema (Figu-
ra 2) como uma unidade funcional composta de organismos integrados, em 
todos os aspectos do ambiente, em qualquer área específica, e que envolve 
tanto os componentes abióticos7 quanto os componentes bióticos8, através 
dos quais ocorrem o ciclo dos nutrientes e os fluxos de energia. Os ecossiste-
mas precisam conter algumas inter-relações estruturadas entre solo, água e 
nutrientes, de um lado, e entre produtores, consumidores e decompositores, 
do outro.
7Representa o componente 
não vivo do meio ambiente. 
Inclui as condições físicas 
e químicas do meio.
8Representa o componente 
vivo do meio ambiente. 
Inclui as interações entre 
os organismos.
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
16
Organismos
Os organismo que fazem parte 
do ecossistema e as interações 
que estabelecem entre si 
são os factores bióticos.
Ecossistemas
Os factores abióticos e bióticos 
actuam em conjunto, influenciando
a distribuição e a quantidade
dos organismo num ecossistema.
Meios físico-químico
Os factores abióticos – temperatura,
luz, água, solo – constituem
o meio fisíco-químico.
Figura 2 – Esquema da composição de um ecossistema. Fonte: GOOGLE (2011).
Os ecossistemas funcionam graças à manutenção do fluxo de energia 
e do ciclo de materiais, desdobrados numa série de processos e de relações 
energéticas, chamadas de cadeia alimentar9, a qual agrupa os membros de 
uma comunidade natural. Existem cadeias alimentares em todos os habitats, 
por menores que sejam esses conjuntos específicos de condições físicas que 
cercam um grupo de espécies. As cadeias alimentares são complexas e vá-
rias cadeias se entrecruzam de diversas maneiras, formando uma teia alimen-
tar que sustenta o equilíbrio natural de plantas, de herbívoros e de carnívoros.
Os ecossistemas tendem à maturidade (estabilidade) e, ao atingi-la, 
passa de um estado menos complexo para um mais complexo. Essa mu-
9Sequência hierárquica 
de organismos que se 
alimentam uns dos outros.
Fundamentos em Ecologia 17
dança direcional é chamada de sucessão10. Sempre que um ecossistema é 
utilizado e que a exploração se mantém, sua maturidade é adiada.
A principal unidade funcional de um ecossistema é sua população11, a 
qual ocupa um nicho funcional específico, relacionado à sua função no fluxo de 
energia e no ciclo de nutrientes. Tanto o ambiente quanto a quantidade de ener-
gia fixada em qualquer ecossistema são limitados. Quando uma população, 
numericamente, atinge os limites impostos pelo ecossistema, seu tamanho pre-
cisa ser estabilizado e, caso isso não ocorra, deve declinar em consequência de 
doença, fome, competição, baixa reprodução e outras reações comportamen-
tais ou psicológicas. Mudanças e flutuações no meio ambiente representam 
uma pressão seletiva12 sobre a população, que deve se ajustar. O ecossistema 
tem aspectos históricos: o presente está relacionado com o passado e o futuro, 
com o presente. Assim, o ecossistema é o conceito que unifica a ecologia vege-
tal e animal, a dinâmica, o comportamento e a evolução das populações.
3.3. Os movimentos ecológicos
O crescimento acelerado e desorganizado da sociedade urbanoindustrial tem 
provocado graves impactos ao ambiente, especialmente, no que tange à po-
luição do ar, das águas e do solo; gerando os desmatamentos descontrola-
dos, a desertificação, a extinção de espécies, o efeito estufa, a destruição da 
camada de ozônio e a ocorrência de chuvas ácidas. Em última instância, os 
estudiosos acreditam num colapso total dos sistemas naturais, uma vez que 
o modelo capitalista de crescimento ilimitado é incompatível com a finitude de 
recursos do planeta. Os ecossistemas também são incapazes de assimilar 
e de processar a enorme quantidade de detritos produzidos pelas indústrias. 
Segundo os mais brilhantes e frutuosos ecologistas, a superação do 
problema do esgotamento e do colapso da natureza envolve uma redefinição 
da ideia de progresso, que carece de se tornar ecologicamente sustentável. 
A intervenção do homem no ambiente, ao longo da história, principalmente 
após a revolução industrial, foi sempre no sentido de agredir e de destruir o 
equilíbrio ecológico, não raro com consequências desastrosas. 
Nesse sentido, a luta pela preservação do ambiente intensifica-se a partir 
da década de 40, com a criação de uma série de organizações governamen-
tais e não governamentais, as ONG de atuação mundial. Em 1948, é fundada 
a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), com sede na 
Suíça. A partir de então, as entidades conservacionistas difundem-se pelo mun-
do, com destaque para o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), surgido em 
1961 e sediado na Suíça; para o Greenpeace; e para os Amigos da Terra Inter-
nacional, fundada nos EUA, em 1971. O movimento também se institucionaliza 
10A circunstância em 
que uma espécie se 
desenvolve sobre um 
determinado ambiente, 
proporcionando o 
surgimentode outras 
espécies.
11O conjunto de 
organismos de uma 
mesma espécie que 
habitam uma determinada 
área, num espaço de 
tempo definido.
12É o termo designado para 
relacionar o papel do meio 
ambiente na seleção dos 
genes de uma população. 
Assim, dependendo de 
qual for o ambiente onde 
os organismos estão 
interagindo, através da 
seleção natural, alguns 
genes terão maior chances 
de sobreviver do que 
outros.
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
18
nos partidos políticos, os chamados Partidos Verdes, que disputam eleições em 
vários lugares do mundo, como Alemanha, França e Brasil.
Existem basicamente três tipos de recursos naturais: os renováveis, 
como os animais e os vegetais; os não renováveis, como os minerais e os 
fósseis; e os recursos livres, como o ar, a água, a luz solar e outros elemen-
tos que existem em grande abundância. O movimento ecológico reconhece 
os recursos naturais como a base da sobrevivência das espécies e defende 
garantias de reprodução dos recursos renováveis e de preservação das reser-
vas de recursos não renováveis.
No Brasil13, o movimento conservacionista está em ascensão. Em 1934, 
foi realizada no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, a I Conferência Brasileira 
de Proteção à Natureza. Três anos mais tarde, criou-se o primeiro parque na-
cional brasileiro, na região de Itatiaia, no Rio de Janeiro.
Além dos grupos conservacionistas, surgiu, no movimento ecológico , 
um novo tipo de grupo: os ecologistas. A linha divisória entre eles nem sempre 
está bem demarcada, pois, muitas vezes, os dois tipos de grupos se con-
fundem em alguma luta específica comum. Os ecologistas, porém, apesar 
de mais recentes, têm peso político cada vez maior. Vertente do movimento 
ecológico que propõe mudanças globais nas estruturas sociais, econômicas 
e culturais, esse grupo nasceu da percepção de que a atual crise ecológica é 
consequência direta de um modelo de civilização insustentável. Embora seja 
também conservacionista, o ecologismo caracteriza-se por defender não só 
a sobrevivência da espécie humana, mas também a construção de formas 
sociais e culturais que garantam essa sobrevivência.
Um marco nessa tendência foi a Conferência das Nações Unidas so-
bre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em 1972, que oficializou o 
surgimento da preocupação ecológica internacional. Seguiram-se a isso rela-
tórios sobre esgotamento das reservas minerais, aumento da população etc., 
que tiveram grande impacto na opinião pública, nos meios acadêmicos e nas 
agências governamentais.
Em 1992, 178 países participaram da Conferência das Nações Unidas 
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro14. 
Embora com resultados muito aquém das expectativas dos ecologistas, foi 
mais um passo para a ampliação da consciência ecológica mundial, uma vez 
que aprovou documentos importantes para a conservação da natureza, como 
a Convenção da Biodiversidade e a do Clima, a Declaração de Princípios das 
Florestas e a Agenda 21.
A Agenda 21 é talvez o mais polêmico desses documentos. Ela tenta 
unir ecologia e progresso num ambicioso modelo de desenvolvimento susten-
13Um dos maiores problemas 
ambientais do Brasil é a 
destinação inadequada de 
resíduos sólidos gerados, 
sendo que, muitas vezes, 
eles são depositados em 
lixões, onde não há nenhum 
tratamento preliminar. 
Atualmente, no país, ocorrem 
cerca de 180 mil toneladas 
de resíduos por dia.
14A ECO-92, Rio-92, 
Cúpula, Cimeira da 
Terra, ou mais conhecida 
como a Conferência 
das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente 
e o Desenvolvimento 
(CNUMAD), foi realizada 
entre 3 e 14 de junho de 
1992, no Rio de Janeiro. 
O seu objetivo principal foi 
buscar meios de conciliar 
o desenvolvimento 
socioeconômico com a 
conservação e a proteção 
dos ecossistemas da Terra.
Fundamentos em Ecologia 19
tável, ou seja, compatível com a capacidade de sustentação do crescimento 
econômico, sem exaustão dos recursos naturais. Além disso, prega a união 
de todos os países com vistas à melhoria global da qualidade de vida.
Uma das conclusões da conferência é que se os avanços tecnológicos 
em curso não foram suficientes para assegurar a integridade da biosfera, será 
necessário diminuir os padrões de produção e de consumo, especialmente 
nos países industrializados que são os maiores consumidores dos recursos 
naturais. A constatação está expressa no 4º capítulo da Agenda 21, o docu-
mento mais importante da reunião, ao lado da Carta da Terra.
O tema tem sido abordado nos encontros anuais da Comissão das Na-
ções Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CDS), criada para acom-
panhar a implementação das políticas ambientais firmadas na ECO-92. O ba-
lanço, até 1995, mostrava que os países enfrentariam enormes dificuldades 
políticas, econômicas e sociais para atingir essa meta.
3.4. Áreas de estudo
A ecologia se desenvolveu perlongando duas vertentes: a do estudo das plan-
tas e a do estudo dos animais. A ecologia vegetal aborda as relações das 
plantas entre si e com seu ambiente. A abordagem é altamente descritiva da 
composição vegetal e florística de uma área e normalmente ignora a influên-
cia dos animais sobre as plantas. Diversamente, a ecologia animal envolve o 
estudo da dinâmica, da distribuição e do comportamento das populações, e 
das inter-relações de animais com seu ambiente. Como os animais depen-
dem das plantas para sua alimentação e abrigo, a ecologia animal não pode 
ser totalmente compreendida sem um conhecimento considerável sobre a 
ecologia vegetal. Isso é verdade, especialmente, nas áreas aplicadas da eco-
logia, como a de manejo da vida selvagem.
A ecologia vegetal e a animal podem ser vistas como o estudo das inter-
-relações de um organismo individual com seu ambiente (autoecologia) ou 
como o estudo de comunidades de organismos (sinecologia).
A autoecologia, ou estudo clássico da ecologia, é experimental e induti-
va. Por estar, normalmente, interessada no relacionamento de um organismo 
com uma ou mais variáveis, é facilmente quantificável e útil nas pesquisas de 
campo e de laboratório. Algumas de suas técnicas são tomadas de emprésti-
mo da química, da física e da fisiologia15. A autoecologia contribuiu com, pelo 
menos, dois importantes conceitos: o da constância da interação entre um 
organismo e seu ambiente; e o da adaptabilidade genética de populações às 
condições ambientais do local onde vivem.
15Do grego physis 
(natureza) e logos (palavra 
ou estudo). É o conjunto 
de todos os processos 
físicos e bioquímicos 
que ocorrem no interior 
de cada organismo vivo. 
Por exemplo: a atividade 
cerebral, o funcionamento 
dos músculos, o transporte 
de gases, a digestão dos 
alimentos etc..
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
20
A sinecologia é filosófica e dedutiva. Sendo largamente descritiva, não 
é facilmente quantificável e contém uma terminologia muito vasta. Apenas re-
centemente, com o advento da era eletrônica e atômica, a sinecologia desen-
volveu os instrumentos para estudar sistemas complexos e dar início à sua 
fase experimental. Os conceitos importantes desenvolvidos pela sinecologia 
são aqueles ligados ao ciclo de nutrientes, às reservas energéticas e ao de-
senvolvimento dos ecossistemas, tendo ligações estreitas com a pedologia16, 
a geologia, a meteorologia e a antropologia cultural.
A sinecologia pode ser subdividida de acordo com os tipos de ambiente, 
como terrestre ou aquático. A ecologia terrestre, por conter subdivisões para o 
estudo de florestas e de desertos, por exemplo, abrange aspectos dos ecos-
sistemas terrestres, como microclima, química dos solos, fauna dos solos, 
ciclos hidrológicos, ecogenética e produtividade.
Segundo Schröter (1896), quem estuda as relações de uma espécie 
individual, como o seu ambiente, estuda autoecologia. Ela é que estabelece 
os limites de tolerância e a preferência de cada espécie em relação a cada 
fator ambiental.
Assim, autoecologia é, praticamente, sinônimo de ecologia fisiológica. 
Alguns autoresacentuam que ela despreza as interações da espécie conside-
rada em relação às demais, isto é, a interferência dessa espécie com as ou-
tras com as quais convive e vice-versa. Não vemos como isso possa ser feito, 
a não ser retirando a espécie de seu ambiente para estudá-la com maior rigor, 
não no ambiente que lhe é peculiar, mas num outro, completamente artificial. 
Ora, quem fizer isso não estará, a nosso ver, estudando autoecologia, mas 
fisiologia. Se, depois disso, forem feitas ilações de natureza ecológica, logo, 
estará sendo estudada a fisiologia ecológica, ou ecofisiologia.
A sinecologia pode ser definida, então, como, a sociologia de todos os 
seres vivos integrados em seus diversos ambientes, não apenas do homem. 
Assim como temos grupos humanos com diferentes características vivendo 
em ambientes específicos, temos grupos de animais e grupos de plantas. 
Em uma concepção menos antropocêntrica, temos grupos de animais (in-
cluindo o homem) e de plantas vivendo em ambientes determinados. Quando 
se observa mudança ambiental, por causas espontâneas (naturais) ou por 
interferência do homem, geralmente, ocorrem alterações nos conjuntos de 
seres da região considerada. Assim, quando um pântano é drenado, certas 
espécies de plantas e de animais desaparecem; outras surgem onde antes 
não existiam; e algumas podem resistir às novas condições estabelecidas, 
são as que persistem.
16Do grego pedon (solo; 
terra) e logos (estudo). É 
o nome dado ao estudo 
dos solos no seu ambiente 
natural. Faz parte da 
Geografia Física, e é 
um dos dois ramos das 
Ciências do solo, sendo o 
outro, a edafologia.
Fundamentos em Ecologia 21
Os ecossistemas terrestres são mais influenciados por organismos e su-
jeitos a flutuações ambientais muito mais amplas do que os ecossistemas aquá-
ticos. Eles são mais afetados pelas condições da água e possuem resistência a 
variáveis ambientais, como temperatura. Por ser o ambiente físico mais impor-
tante no controle dos ecossistemas aquáticos, dá-se muita atenção às caracte-
rísticas físicas do ecossistema, como as correntes e a composição química da 
água. Por convenção, a ecologia aquática, denominada Limnologia17, limita-se 
à ecologia de cursos da água, que estuda a vida em águas correntes, e à eco-
logia dos lagos, que se detém sobre a vida em águas relativamente estáveis. A 
vida em mar aberto e em estuários é objeto da Ecologia marinha.
De outro modo, podem-se estudar, especificamente, as correlações recí-
procas entre as espécies e as suas relações com o ambiente físico que ocupam. 
Quem isso fizer estará estudando Sinecologia (do grego, Syn = conjunto; oikos 
= casa; e logos = estudo). Assim, Sinecologia é a Ecologia dos conjuntos de 
seres vivos, podendo ser praticada de modo estático ou dinâmico. No primeiro 
caso, limita-se a descrever os grupos de seres vivos que ocorrem em certo am-
biente; no segundo, procura examinar as razões pelas quais, por exemplo, em 
determinado ambiente, grupos de seres vivos se substituem em tempos mais ou 
menos longos. Também se pode abordar a Sinecologia sob dois aspectos: por 
exemplo, estudando as relações do ambiente com os agrupamentos vegetais – 
Sinecologia mesológica; ou estudando as reações (o comportamento) desses 
agrupamentos às condições do ambiente – Sinecologia etológica.
Outras abordagens ecológicas se concentram em áreas especializa-
das. O estudo da distribuição geográfica das plantas e dos animais denomina-
-se Geografia ecológica animal e vegetal. Crescimento populacional, morta-
lidade, natalidade, competição e relação predador-presa são abordadas na 
Ecologia populacional. O estudo da genética e a ecologia das raças locais e 
espécies distintas é a Ecologia genética. As reações comportamentais dos 
animais ao seu ambiente e as interações sociais que afetam a dinâmica das 
populações são estudadas pela Ecologia comportamental. As investigações 
de interações entre o ambiente físico e o organismo se incluem na Ecoclima-
tologia e na Ecologia fisiológica.
A parte da Ecologia que analisa e estuda a estrutura e a função dos 
ecossistemas pelo uso da matemática aplicada, de modelos matemáticos e 
de análise de sistemas é a Ecologia dos sistemas. A análise de dados e de re-
sultados, feita pela Ecologia dos sistemas, incentivou o rápido desenvolvimen-
to da ecologia aplicada, que se ocupa da aplicação de princípios ecológicos 
ao manejo dos recursos naturais, da produção agrícola e dos problemas de 
poluição ambiental.
17Do grego, limne = 
lago; logos = estudo. É 
a ciência que estuda 
as águas interiores, 
independentemente 
de suas origens, mas 
verificando as dimensões 
e a concentração de sais, 
em relação aos fluxos 
de matéria e de energia 
e às suas comunidades 
bióticas.
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
22
4. Interações da Ecologia com outras áreas de estudo
A ecologia é uma ciência multidisciplinar que envolve biologia vegetal e ani-
mal, taxonomia, fisiologia, genética, comportamento, meteorologia, pedologia, 
geologia, sociologia, antropologia, física, química, matemática, eletrônica etc. 
(Figura 3). Quase sempre se torna difícil delinear a fronteira entre a ecologia e 
qualquer uma dessas ciências, pois todas têm influência sobre ela. A mesma 
situação existe dentro da própria ecologia. 
Na compreensão das interações entre o organismo e o meio ambiente ou 
entre organismos, é quase sempre difícil separar comportamento de dinâmica 
populacional, comportamento de fisiologia, adaptação de evolução e genética, 
e ecologia animal de ecologia vegetal. Portanto, pode-se dizer que o ecólogo é 
um cientista eclético que tenta integrar conceitos que interpretam o mundo.
Zoologia
Química
Agronomia
Estatística
Botânica
Anatomia
Sociologia
Outras
Física
Climatologia
Economia
Geologia
Climatologia
Morfologia
Matemática
Paleoecologia
ECOLOGIA
Figura 3 – Interações da Ecologia. 
A utilização de uma base multidisciplinar torna a ecologia uma ciência pau-
tada em múltiplas raízes lógicas e metodológicas. Huggett (1995) usa o termo 
geoecologia para definir uma ciência que se concentra no estudo da interação 
entre animais, plantas, fungos e microrganismos com a Pedologia, a Geografia e 
a Geologia. Outro termo utilizado seria a Ecologia da paisagem, que integraria os 
conceitos da formação, da modificação e da organização dos ambientes.
Pode-se observar que o campo da ecologia é muito vasto. Margalef 
(1989) extrapola seu campo de atuação para áreas onde se trabalham ques-
tões do tipo: (1) descrição e ordenação geográfica da paisagem; (2) questões 
prática de agricultura e pecuária; (3) interação do ambiente com a fisiologia e 
a etologia das espécies; e (4) demografia, com introdução de pontos de vista 
Fundamentos em Ecologia 23
matemáticos. Cada uma dessas questões indica que a ecologia é, intrinseca-
mente, multidisciplinar.
A ciência da Ecologia trabalha com algumas questões básicas, entre as 
quais podem ser citadas as seguintes:
a) Como e por que os organismos estão distribuídos em um determinado ambiente?
b) Qual o efeito de determinado parâmetro ambiental sobre os organismos?
c) Qual a razão de se ter no ambiente um conjunto de espécies e como se 
processam as interações entre elas?
d) Qual o efeito das alterações no ambiente sobre o homem?
Em termos formais, o produto deste espectro faz com que a Ecologia 
possua diferentes divisões, com limites, às vezes, não muito nítidos. Assim 
sendo, diferentes pesquisadores se dedicam a várias subáreas, entre as quais 
é importante destacar (Figura 4):
Figura 4 – Subdivisões da Ecologia. 
5. Ecologia: ciência de síntese e de análise
A Ecologia é uma ciência de síntese de conhecimento, pois, para descrever 
e explicar a distribuição dos diferentes seres vivos, nos vários ambientes, tem 
que buscar conhecimento nas ciências mais diversas. 
Liga-se, naturalmente, aos ramos da Zoologia e da Botânica, bem como 
da Microbiologia; da Fisiologia; da Genética; da Física; da Química; e, entre 
outras, da Estatística,a qual esta pode fornecer métodos que dirão da validade 
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
24
dos resultados obtidos; e da Fitogeografia, que parece mais estática quando 
descreve a atual distribuição dos conjuntos vegetais na Terra. Entretanto, se 
considerarmos, como é imprescindível, a história geológica do planeta e a dis-
tribuição dos grupos vegetais, que se sucederam através do tempo geológico, 
observa-se que esta ciência também encara, dinamicamente, a evolução das 
comunidades vegetais.
A procura da razão de certos fenômenos faz da Ecologia uma ciência 
de análise. Por exemplo, no Nordeste brasileiro, há predominância do bioma 
caatinga18. No Sul, encontramos os campos que se prolongam nos pampas19 
uruguaios e argentinos, bem como matas de Araucária20. Por que esses cam-
pos e essas matas não ocorrem no Nordeste e por que faltam, no Sul, as caa-
tingas nordestinas? Para tentar explicar problemas como esses é necessária 
uma soma enorme de dados fornecidos pela Climatologia, pela Pedologia e 
pela Geomorfologia, entre muitas outras ciências. É preciso analisar o com-
portamento das diferentes espécies que compõem os diversos grupos que 
ocorrem em vários ambientes.
5.1. A ecologia vegetal no Brasil
Deve-se considerar o Brasil como um dos países pioneiros no campo da Eco-
logia Vegetal. O fato de um livro básico, pioneiro em Ecologia, como Lagoa 
Santa, de Warming, conter estudos levados a cabo no que era, na época, um 
“lugarejo miserável”, próximo de Belo Horizonte, não foi casual. Mais tarde o 
fato de Felix Rawitscher21, vindo da Alemanha, introduziu, no País, estudos 
experimentais de Ecologia.
Em 1942, iniciou-se a divulgação de Problemas de Fitoecologia com Con-
siderações Especiais sobre o Brasil Meridional. Esse trabalho foi completado 
dois anos mais tarde quando considerou, particularmente, os demais fatores cli-
matológicos: luz, oxigênio, vento, fatores pedológicos e gás carbônico. Ao mes-
mo tempo em que se divulgavam, em nossa língua, conhecimentos dessa nova 
ciência, também se estimulava o desenvolvimento de trabalhos experimentais.
Em 1942, foi publicada a obra Algumas Noções sobre a Transpiração 
e o Balanço d’Água de Plantas Brasileiras, e, no mesmo ano, Ferri publicou 
um trabalho sobre a metodologia para estudo da transpiração cuticular em 
Cedrela fissilis22, o qual continha algumas considerações ecológicas. Já em 
1943, Rawitscher, Ferri e Rachid publicaram o primeiro trabalho experimental 
sobre a vegetação dos nossos cerrados, correlacionando-a com as reservas 
de água contidas em seus solos profundos.
22Cedrela fissilis (Cedro) é
uma espécie rara que ocorre 
em diversas formações 
florestais brasileiras. Essa 
árvore frondosa produz 
uma das madeiras mais 
apreciadas no comércio, 
tanto no brasileiro quanto no 
internacional.
18Vegetação típica da região 
semiárida do Nordeste 
brasileiro, constituída por 
plantas cujas principais 
características são: folhas 
pequenas, às vezes 
transformadas em espinhos; 
casca grossa; formação 
de uma camada de cera; e 
raízes com capacidade de 
armazenar água.
19Denominação dada às 
vastas planícies do Rio 
Grande do Sul, cobertas 
de excelentes pastagens, 
que servem para criação 
de gado, principalmente 
bovino, cavalar e lanígero.
20É um gênero de 
árvores coníferas, da 
família Araucariaceae. 
Existem 19 espécies no 
gênero, com distribuições 
altamente separadas na 
Nova Caledônia (onde 13 
espécies são endêmicas), 
na Ilha Norfolk, sudeste da 
Austrália, em Nova Guiné, 
na Argentina, no Chile e no 
sul do Brasil.
21Organizador do 
Departamento de Botânica, 
da Faculdade de Filosofia, 
Ciências e Letras da 
Universidade de São 
Paulo, fundada em 1934, 
no governo de Armando de 
Salles Oliveira.
Fundamentos em Ecologia 25
Em 1944, no Brasil, Ferri elaborou e defendeu a primeira tese de do-
cumento no campo da Botânica, versando sobre a Transpiração de Plantas 
Permanentes dos Cerrados, cujo cunho era eminentemente ecológico expe-
rimental. Daí em diante, expandiram-se muito as pesquisas ecológicas, espe-
cialmente no referido Departamento, em que inúmeras teses de mestrado e 
de doutoramento foram elaboradas sobre a ecologia de cerrados (Ferri, Ra-
chid, colaboradores e discípulos), caatingas nordestinas (Ferri), caatingas do 
Alto Rio Negro, no Amazonas (Ferri), mata pluvial tropical (Coutinho), dunas 
(Andrade), manguezais (Lambert), mata de Araucária, no Rio Grande do Sul 
(Backes), a vegetação do Vale do Itajai, Santa Catarina (Klein).
Texto complementar
A ecologia acústica
Apreciar os sons da natureza é algo comum no ser humano desde tempos mais remo-
tos, porém, apenas no final dos anos 60, surgiu o primeiro projeto que se tem notícia 
com a finalidade específica de estudar o meio ambiente sonoro, o World Soundscape 
Project (WSP), como foi chamado, esse projeto contou com a participação de pesqui-
sadores da Simom Fraser University e, por meio deles, surgiu o conceito da Ecologia 
Acústica e das Paisagens Sonoras. 
A ecologia acústica seria o estudo da relação entre os organismos vivos e o seu 
ambiente sônico (paisagem sonora ou soundscape), tendo, como principais atributos, 
chamar a atenção para os desequilíbrios dessa relação, otimizar a qualidade acústica 
sempre que possível e manter e proteger as paisagens sonoras acusticamente balan-
ceadas onde quer que elas existam.
O profissional que milita nesta área se preocupa em auxiliar na áudiopreservação 
dos ambientes naturais ameaçados, registrando a identidade ecoacústica dos mais 
variados ecossistemas, o ambiente sônico de cada habitat, através do registro digital 
da musicalidade da natureza. Preocupa-se também em utilizá-la nos mais diversos es-
paços, com a finalidade de se criar uma atmosfera sônica mais saudável, harmoniosa 
e equilibrada, auxiliando na purificação auditiva contra as estressantes arritmias so-
noro-urbanas. Dessa forma, os sons ambientais propiciam uma maior sensibilização 
e interiorização de conceitos e de valores naturalísticos essenciais, promovendo aos 
ouvintes, maior interesse e conscientização ecológica quanto às questões ambientais.
Fonte: http://ecoterrabrasil.com.br/paisagesnsonoras; http://www.playnature.com.
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
26
Síntese do Capítulo 
Esse capítulo apresentou as noções gerais sobre o surgimento da Ecologia, 
desde sua origem até as subdivisões mais recentes, como ciência que se pre-
ocupa com o estudo do meio ambiente. Em comparação com outras ciências 
correlatas, podemos afirmar que ela é uma ciência jovem que passou a se 
desenvolver rapidamente com o aumento da população humana e com o au-
mento dos problemas ambientais que preocupam hoje a humanidade, como as 
mudanças climáticas e o aquecimento global, com todas suas repercussões. 
A Ecologia interage com a maioria das áreas de conhecimento, visto que 
o meio ambiente é de interesse difuso pelo fato de todos os seres vivos precisa-
rem de um determinado habitat com pretensão de uso diferente, reside aí a ne-
cessidade de analisar a Ecologia e sua interfase com os problemas modernos. 
Neste capítulo, também é abordado o surgimento de movimentos e de 
organizações ambientalistas que militam em prol da conservação da natu-
reza, da preservação da biodiversidade e dos impactos que são causados 
nos ecossistemas em consequência das ações de degradação. Por fim, aqui 
também é discutido ainda que superficialmente a respeito do desenvolvimento 
da Ecologia no Brasil.
Atividades de avaliação
1. Explique como surgiu o vocábulo Ecologia.
2. Procure, em cinco dicionários de autores diferentes, a definição da palavra 
Ecologia.
3. Descreva, de forma sucinta, o histórico da Ecologia.
4. Como surgiram os movimentos ecologistas no mundo?
5. Explique cinco maneiras de como a Ecologia interage com outras ciências 
correlatas.
6. Por que podemos dizer que a Ecologia é uma ciência multidiscplinar?
Fundamentos em Ecologia 27
@
Leitura
CAVALCANTI, R. B. Ecologia teórica e conservação biológica. In:Atas do En-
contro de Ecologia Evolutiva, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, maio 
1989. Anais... Rio Claro: Academia de Ciências de São Paulo. 1990. p. 18-25.
Sites
http://www.cartadaterra.com.br/
Referências 
BEGON, M.; HARPER, J. L.; TOWSEND, C. R. Ecology. 4 ed. Oxford: Bla-
ckwell Science, 2004.
DAJOZ, R. Princípios de ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
FELDMANN, F. Guia da ecologia para entender e viver melhor a relação 
homem-natureza. São Paulo: Guias Abril, Editora Abril. 1982.
PRIMACK, R. B.; RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Londrina: Grá-
fica e Editora Midiograf, 2001.
Capítulo 2
Fatores ecológicos
Fundamentos em Ecologia 31
Objetivos
 • Aprimorar conceitos relacionados à a distribuição dos seres vivos em fun-
ção dos parâmetros climáticos, hídricos e edáficos.
 • Mostrar como o clima influencia a ocupação dos espaços físicos nos 
ecossistemas.
 • Determinar como atuam e como são expressos os fatores ecológicos.
 • Discorrer sobre as ações relacionadas com o solo e sua formação na 
ocorrência das diversas formas de vida presentes num ecossistema.
1. Introdução
Fator ecológico é todo elemento do ambiente suscetível a agir diretamente 
sobre os seres vivos, pelo menos em uma das fases de seu ciclo de desen-
volvimento. Eles atuam eliminando certas espécies dos territórios e, conse-
quentemente, intervindo na sua distribuição geográfica; modificam as taxas 
de fecundidade e de mortalidade; atuam sobre os ciclos de desenvolvimento; 
provocam migrações, agindo na densidade das populações; e favorecem o 
aparecimento de modificações adaptativas (hibernação, reações fotoperiódi-
cas etc.).
Os fatores ecológicos podem ser divididos em dois grupos: o dos que 
compõem o ambiente físico (fatores abióticos) e o dos que integram o ambien-
te biológico (fatores bióticos).
a) Fatores abióticos: integrados pelos fatores físicos, como luminosidade, 
temperatura, pressão atmosférica, ventos, umidade e pluviosidade23, e pe-
los fatores químicos, como quantidade relativa dos diversos elementos quí-
micos presentes na água e no solo;
b) Fatores bióticos: representados pelos seres vivos e pelas suas interações 
intraespecíficas de predação, competição, parasitismo, entre outros; assim 
como pelos fatores alimentares.
2. Fatores abióticos: climáticos e hídricos
Devem ser considerados três grandes conjuntos de fatores: a) os fatores cli-
máticos (pluviosidade, temperatura, umidade atmosférica, ventos, luz); b) os 
fatores hídricos, representados pela composição química da água; e c) os 
fatores edáficos (Capítulo 3), isto é, ligados aos solos24 (textura, estrutura, 
23O pluviômetro é um 
aparelho utilizado na 
meteorologia para medir, 
geralmente, em milímetros 
(mm), a quantidade 
de chuva durante um 
determinado tempo em 
certo local.
24O relevo exerce uma 
função ponderável 
na distribuição da 
precipitação, provocando 
as chuvas orográficas 
ou ilhas de umidade. No 
Ceará, pode-se observar 
os enclaves de altitude 
que se erguem no meio 
da Caatinga: Serra da 
Meruoca; Serra de 
Baturité; Serra da Ibiapaba, 
Chapada do Araripe; 
Chapada do Apodi; entre 
outros.
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
32
composição química, pH, umidade, capacidade de retenção da água, perme-
abilidade).
2.1. Fatores climáticos
a) Clima
Clima é o conjunto de estados da atmosfera próprios de um lugar que, em con-
tato com as massas continentais ou oceânicas, provoca fenômenos, como ari-
dez, umidade e precipitação. Portanto, é o ramo da Geografia física que trata 
dos climas da Terra, analisando-os quer do ponto de vista estático, quer por 
meio de suas principais manifestações, como as condições de tempo.
Climatologia é a ciência que descreve os climas e traça sua formação, 
proporcionando dados para as ciências aplicadas, como a Meteorologia. O 
clima de uma região é determinado por variáveis, como temperatura, direção 
e velocidade dos ventos, pressão atmosférica, umidade, latitude, altitude, plu-
viosidade e insolação.
A climatologia divide-se em diversos ramos, segundo suas aplicações 
práticas. A Climatologia aeronáutica se aplica à determinação de rotas de na-
vegação aérea e à escolha dos lugares adequados à construção de aeropor-
tos. A Climatologia marítima serve a finalidades análogas. Os estudos clima-
tológicos agrícolas visam a estabelecer as melhores relações entre o clima 
e as atividades de plantio e da colheita. A Bioclimatologia analisa a relação 
entre elementos climáticos e fenômenos biológicos, e inclui a Bioclimatologia 
humana, a qual se subdivide em ramos, como a Climopatologia, que estuda a 
relação entre o clima e as doenças; e a Climototerapia, que se ocupa com a 
influência das variações climáticas na cura ou na erradicação de enfermida-
des. A Climatologia urbana investiga o microclima das cidades e a influência 
exercida sobre o clima pela contaminação atmosférica produzida por grandes 
núcleos populacionais.
Entre os fatores que mais influenciam na classificação do clima, estão 
a pluviosidade e a temperatura. Esses dois fatores afetam, principalmente, os 
sentidos e permitem ao homem ter uma ideia rápida e condutiva na formação 
de opinião a respeito de um clima.
Fundamentos em Ecologia 33
O Brasil apresenta várias regiões climáticas como se pode ver na Figura 5:
Figura 5 – Clima brasileiro. 
Fonte: www.brasil.gov.br.
b) Pluviosidade
A pluviosidade é a quantidade de chuva que cai numa determinada área (ou 
região) em um determinado lapso de tempo, e é medida em milímetro (mm). A 
pluviosidade é um parâmetro extremamente importante, pois possibilita quan-
tificar o volume de água disponível em um determinado local.
No Nordeste brasileiro, é grande a correlação entre o bioma Caatinga 
e o clima, ao qual se deve atribuir a maior parte das características desse 
ambiente. Em quase toda a área da Caatinga, está presente o clima quente 
e semiárido (Bsh na classificação de Köppen). Na Caatinga, chove pouco, 
geralmente, não mais do que 3 ou 4 meses por ano e, mesmo assim, com 
bastante irregularidade. A pluviometria média oscila entre 350 e 800 mm/ano, 
sendo menor em algumas áreas específicas. Uma particularidade quanto às 
chuvas é que, às vezes, é possível cair, num só dia, chuvas violentas, de até 
150 mm.
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
34
Saiba Mais
Experimento: Pluviômetro caseiro
Material:
 • Garrafa PET de 2 litros
 • Tesoura
 • Régua
 • Haste de madeira
 • Fita adesiva
 • Mamadeira (ou recipiente similar que marque a quantidade de líquido em mililitros-ml)
Preparo
Corte a garrafa PET no sentido transversal a uma altura de 20cm, formando um recipiente. De-
pois prenda a garrafa a uma haste de madeira com fita adesiva, fixando a haste no solo.
Pronto! Já está criado o seu pluviômetro caseiro simples e eficiente. Após a chuva, despeje a 
água do pluviômetro caseiro em copo de medida (ex: mamadeira) para medir a quantidade 
de água de chuva precipitada em mililitros (ml). Feito isso, divida a quantidade de água (ml) 
pela área da boca do pluviômetro caseiro, multiplique por 1.000 (mil). Assim você terá a 
quantidade de chuva precipitada em mm (milímetros).
Cálculos: Área da abertura do pluviômetro: PI x R² ou (PI x D²) / 4; onde PI = 3,14, R = raio 
D = diâmetro.
Exemplo:
Diâmetro do PET = 0,10 m -- (3,14 x 0,01) / 4 = 0,00785 X 1000 = 7,85;
ou
Raio do PET = 0.05 m -- 3,14 x 0,0025 = 0,00785 x 1000 = 7,85.
Quantidade de chuva = 120 ml -- 120 / 7,85 = 15,28 mm.
Observação: Procure colocar o seu pluviômetro caseiro em um local aberto, distante de go-
teiras. Faça a medição em um período chuvoso.
As estações secas, que se fazem sentir pela intensidade e pela duração irre-
gular, não raro se prolongam por vários meses, tornando a região uma verdadeira 
estufa climática. A temperatura média do ar é de 27o C e é de grande regularidade, 
com exceção das áreas litorâneas e das áreas com altitudes superiores a 300 m, 
nas quais ocorrem os ventos alísios (os quais amenizam o clima). Os ventos são 
bastante regulares(o ano todo) e a umidade relativa do ar fica em torno de 70%. A in-
solação normal é de 2.800 horas/ano, o que favorece as altas taxas de evaporação 
que se situam entre 1.500 e perto de 3.000 mm/ano. As taxas de evapotranspiração 
potencial variam entre 1.300 e 1.900 mm/ano. Isso significa que as taxas de evapo-
ração ou de evapotranspiração potencial anual são superiores às quantidades de 
chuvas anuais, o que provoca um déficit hídrico25 regional em torno de 1.000 mm, 
sendo esse o principal fator limitante ao crescimento da vegetação.
Nesse sentido, quanto à precipitação, o Nordeste pode ter o ano dividi-
do em quatro trimestres: o primeiro, de novembro a janeiro, apresenta chuvas 
no oeste da Bahia; o segundo, de fevereiro a abril, apresenta chuvas no norte 
25Déficit hídrico designa 
uma situação na qual 
as precipitações exibem 
valores inferiores aos 
da evaporação e da 
transpiração das plantas.
Fundamentos em Ecologia 35
da região Nordeste, onde caem 70% das chuvas do Ceará; o terceiro, de maio 
a julho, apresenta precipitação no litoral do Rio Grande do Norte, Alagoas, 
Sergipe e Bahia; e, finalmente, o quarto trimestre, que é o mais seco, apresen-
ta apenas 1% de chuva, com pouca precipitação no oeste da Bahia.
Evapotranspiração: o termo é empregado para designar a transferência de 
vapor de água para a atmosfera a partir de um solo com vegetação. A evapo-
transpiração representa, portanto, duas contribuições distintas: a evaporação 
da água contida no solo e a transpiração, resultante da atividade biológica da 
comunidade vegetal presente.
Evapotranspiração potencial: o termo traduz a máxima quantidade de água 
capaz de ser transferida para a atmosfera, em uma extensa área inteiramen-
te vegetada por plantas em pleno vigor vegetativo, recobrindo inteiramente o 
solo que, por sua vez, deve possuir água suficiente para não causar limitação 
hídrica sobre algumas espécies de vegetal.
A Figura 6 mostra a distribuição espacial da precipitação no Nordes-
te brasileiro no primeiro quadrimestre do ano, por intermédio do sistema de 
isoietas. Esse método é o mais preciso de todos, pois independe das carac-
terísticas de topografia do terreno e das precipitações. Os pontos de mesma 
precipitação estabelecem as curvas que serão utilizadas para a estimativa do 
valor médio da altura pluviométrica em qualquer ponto. O produto desse valor 
médio pela área correspondida entre as isoietas possibilita a estimativa do 
volume precipitado naquela superfície. A soma dos volumes parciais dividido 
pela área total resulta no valor ponderado médio da altura de água precipitada. 
O método das isoietas é mais utilizado para grandes superfícies. 
As chuvas mal distribuídas e muito intensas provocam enchentes, cau-
sando grandes escoamentos superficiais e, consequentemente, acentuando 
a erosão dos solos. Em diferentes anos, pode-se ter o mesmo valor de preci-
pitação, porém com distribuições irregulares, provocando anos melhores ou 
piores nas condições de aridez.
Existem as chamadas chuvas orográficas, sendo aquelas que se for-
mam por efeito topográfico. O processo resume-se no seguinte: quando uma 
massa de ar quente e úmida, em seu deslocamento, encontra-se com uma 
montanha, aquela mesma massa de ar é forçada a se elevar. Essa ascen-
são resulta em nuvens do tipo cúmulos que ocasionam as chuvas nas zonas 
serranas. Esse processo de precipitação é muito comum na região litorânea 
e nas zonas serranas do Nordeste, como na Chapada do Araripe, na Serra 
da Ibiapaba, no Maranguape, em Baturité, entre outras. Esse tipo de chuva 
promove, geralmente, nas zonas serranas, a ocorrência de determinadas for-
mações florísticas, que promovem, por sua vez, o aparecimento de espécies 
endêmicas, que não caracterizam a região (Figura 7).
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
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Figura 6 – Precipitação pluviométrica no 
NE brasileiro. A escala da direita (cores 
no mapa) representa o percentual de con-
tribuição do quadrimestre em relação ao 
total anual. 
Fonte: GOOGLE (2011).
Figura 7 – Aspecto da Serra da Ibiapaba (Ceará), apresentando vegetação caracte-
rística da Mata Atlântica.
Em Ecologia, o objeto de uma classificação climática é definir em ter-
mos de temperatura, umidade relativa do ar e suas distribuições estacionais, e 
os limites dos diferentes tipos climáticos que ocorrem na superfície do globo.
Existem vários sistemas de classificação do clima, cuja nomenclatura 
varia conforme o autor e conforme o tipo de elemento climático considerado. A 
classificação mais utilizada, atualmente, é a Classificação Climática de Köppen.
Wladimir Peter Köppen26, ao estabelecer sua classificação climática, fez 
significante avanço quando identificou as regiões de clima da Terra através do 
estudo da vegetação, associando, depois, valores numéricos de temperatura 
e de precipitação a essas regiões. Com base nas zonas térmicas, são estabe-
lecidos os seguintes tipos de clima: tropicais, subtropicais, temperados, frio e 
polar. Essa classificação destaca-se por ser de uso frequente no Brasil e por 
ter aplicação à Biologia. Descreve-se:
26Wladimir Peter Köppen
Geógrafo, meteorólogo, 
climatólogo e botânico 
alemão. Foi considerado 
precursor da ciência 
meteorológica moderna. 
Suas descobertas 
influenciaram 
profundamente os rumos 
das ciências da atmosfera.
Köppen, W. P. 
Fonte: GOOGLE, 2011.
Fundamentos em Ecologia 37
a) Zona tropical: com temperatura média mensal sempre superior a 20º C e 
com dupla oscilação anual, isto é, não existem estações;
b) Zona subtropical: com temperatura média mensal, em pelo menos um 
mês e, no máximo, em oito, inferior a 20º C. Não há inverno. A flutuação 
térmica apresenta um só máximo e a latitude, bem como as distâncias do 
mar, têm grande influência sobre os valores térmicos;
c) Zona temperada: onde existem as quatro estações do ano. Podem ser 
subdivididas em duas subzonas, nas quais existem pelo menos 8 meses 
com temperaturas inferiores a 20º C; 
c1) Subzona cálida: com verão tropical de três meses e com temperatura 
superior a 20º C;
c2) Subzona fria: com inverno marcado;
d) Zona fria: sem verão. Existem somente quatro meses com temperaturas 
médias superiores a 10º C;
e) Zona polar: onde, durante todo o ano, as temperaturas são inferiores a 10º C. 
Não existem estações.
Em sua classificação, Köeppen designa, com letras maiúsculas, as zo-
nas climáticas principais, compreendendo desde a letra “A” até a “F”; e, com 
minúsculas, as subdivisões. Ademais, emprega também as letras maiúsculas 
S, W, H, e T, para representar: S = climas de estepes; W = climas desérticos; 
H = climas de altura; e T = temperatura do mês mais cálido, entre 0º C e 10º C 
(Figura 8 e Quadro 1).
 
Figura 8 – Zonas climáticas do Brasil. 
Fonte: MIZUGUCHI et al. (1982).
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
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Quadro 1
CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KÖPPEN APLICADA AO BRASIL
Denominação Área de ocorrência Características
Am (Equatorial) Maior parte da Amazônia Temperaturas elevadas: médias entre 25ºC e 
27ºC. Pluviosidade elevada: medidas de 1500 a 
2500 mm (pequena estação seca no inverno)
Aw (Trocpical) Brasil Central; partes de 
Minas Gerais e da Bahia
Temperaturas médias entre 19ºC e 28ºC. Plu-
viosidade média inferior a 2000 mm/ano. Duas 
estações bem definidas: o verão (chuvoso) e o 
inverno (seco)
Bsh (Semiárido) Sertão do Nordeste Medias térmicas anuais superiores a 25ºC. Pluvi-
osidade média anual inferior a 1000 mm e chuvas 
irregulares.
Cwa (Tropical de altitude) Partes do Sudeste e Sul 
do Mato Grosso do Sul
Médias térmicas entre 19ºC e 27ºC. Pluviosidade 
média de 1500 mm/ano; Chuvas de verão.
Cf (Subtropical) Sul do país Médias térmicas entre 17ºC e 19ºC. Pluviosi-
dade média de 1500 mm/ano com chuvas bem 
distribuídas.
Fonte: Koeppen-geiger.vu-wien.ac.at
A climatologia baseia-se principalmente em médias, quando considera 
os diversos fatores do clima27. Mas, apenas isso não satisfaz, pois um período 
extremamente frio ou seco basta para restringir(ou mesmo eliminar) certas 
espécies e os mínimos dos componentes climáticos.
Na região amazônica, por exemplo, prevalecem temperaturas elevadas 
como no Nordeste; mas, na Amazônia, predominam altas temperaturas aliadas 
à grande pluviosidade e à umidade atmosférica constantemente. Tudo isso con-
diciona a existência das florestas amazônicas, que são exuberantes e ricas em 
espécies de folhas perenes28. O Nordeste, com exceção de uma estreita faixa 
úmida próxima do litoral, caracteriza-se por temperaturas elevadas, por baixa 
pluviosidade (vários meses seguidos de estiagem) e por baixa umidade atmos-
férica. Esse conjunto de fatores exclui a floresta do tipo que se constata na 
Amazônia e propicia a existência de diversos tipos de vegetação, inclusive da 
floresta baixa, rala e espinhenta, de folhas caducas, isto é, da Caatinga arbórea.
Saiba Mais
Amazônia absorve excesso de CO2 da atmosfera 
Estudo aponta que o saldo pode chegar a 5 toneladas anuais por hectare
A Floresta Amazônica retira, todos os dias, uma quantidade significativa de dióxido de car-
bono (CO2) da atmosfera. Medições recentes indicam que a diferença entre o CO2 absor-
vido e liberado por cada hectare de floresta pode chegar a 5 toneladas anuais. Essa é uma 
27O clima pode agir 
diretamente ou 
indiretamente sobre outros 
aspectos naturais. Por 
exemplo: diretamente, 
sobre os vegetais; e 
indiretamente, sobre a 
modificação do solo.
28Folha perene ou 
perenifólia é um atributo à 
folhagem das plantas que 
mantêm as suas folhas 
durante todo o ano.
Fundamentos em Ecologia 39
das principais conclusões de uma pesquisa desenvolvida pelo Experimento de Grande Es-
cala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), uma frente internacional de estudos sobre 
o ecossistema amazônico liderada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 
Durante seu processo de fotossíntese, as plantas absorvem gás carbônico da at-
mosfera. Na ausência de luz, os vegetais emitem CO2 pela respiração. O carbono da 
floresta também pode ser liberado sob a forma de queimadas ou de desmatamento. 
Até agora, havia um consenso entre os cientistas, segundo os quais a floresta não 
perturbada seria neutra. “Acreditava-se que a Amazônia não perdesse nem ganhas-
se carbono durante os processos de fotossíntese e respiração, apresentando apenas 
uma pequena perda para os rios, compensada pelos ganhos atmosféricos”, relata 
Carlos Nobre, chefe do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do INPE. 
No entanto, a expectativa não foi confirmada pela pesquisa do LBA. Dados coletados 
por torres colocadas sobre a copa das árvores para monitorar as trocas de carbono na 
Amazônia mostram que, no cômputo geral, a floresta absorve um percentual expressivo 
de gás carbônico. Esse resultado caracteriza o ecossistema como um sorvedouro de car-
bono. Os pesquisadores ainda não sabem a causa desse comportamento. Uma hipótese 
foi levantada durante a I Conferência do LBA, realizada em Belém entre 25 e 28 de junho: 
com o excesso de gás carbônico lançado na atmosfera por desmatamentos e queima-
das, as plantas estariam executando o processo de fotossíntese com maior eficiência. 
Segundo Carlos Nobre, a descoberta pode mudar a imagem da Amazônia. “A floresta 
talvez passe a ser reconhecida não apenas por sua biodiversidade, mas pela possibilida-
de de contribuir para contrabalancear o efeito estufa.” Esse efeito, caracterizado pelo 
aquecimento da atmosfera, é provocado por gases como o CO2, que retêm o calor solar. 
Fonte: Revista Ciência Hoje/RJ - 04/07/2000.
Os diversos componentes do clima não têm o mesmo papel em todas 
as partes. Nas regiões temperadas e frias, geralmente, é a temperatura o fator 
condicionante da vegetação. Nas regiões tropicais, no entanto, é a umidade 
(com estreita dependência da pluviosidade) que limita e condiciona a vege-
tação. Isso é valido no primeiro (temperatura) e no segundo caso (umidade), 
tanto no que concerne à área de distribuição das espécies individuais quanto 
no que diz respeito à distribuição dos grandes tipos de vegetação. As condi-
ções climáticas e edáficas associadas às bacias hidrográficas e ao relevo do 
terreno constituem barreiras ecológicas e geográficas à distribuição de ani-
mais e de plantas sobre o território brasileiro.
c) Temperatura
As variações de temperatura na superfície terrestre são, principalmente, resulta-
do do efeito da latitude e da altitude ou da influência das grandes massas conti-
nentais. A temperatura, na dependência da latitude, varia segundo as estações 
do ano e durante o dia e a noite (a sazonalidade e o fotoperíodo29). Além disso, 
são levados em consideração, os efeitos microclimáticos das condições locais 
– relacionadas com a geologia, a topografia e o relevo. Em ambiente marinho 
e no solo, ocorrem os efeitos da profundidade; no solo, ocorre o aumento da 
29Fotoperíodo é o intervalo 
de tempo decorrido entre 
o nascimento e o ocaso 
do Sol. Também chamado 
de duração efetiva do dia, 
o fotoperíodo depende 
da latitude local e da 
inclinação do Sol na data 
considerada. Sazonalidade 
refere-se aos períodos 
climáticos durante o ano 
(estação climática).
BONILLA, O. H., DE LUCENA, E. M. PEREIRA.
40
temperatura com a profundidade; e, de modo oposto, nos oceanos, tem-se uma 
diminuição de temperatura com o aumento da profundidade.
A maior parte dos seres vivos de que se tem conhecimento ocorre no 
intervalo em que a água é líquida (acima de 0º C). Nos casos extremos, as 
cianobactérias podem suportar temperaturas de até 75º C, podendo ocorrer 
também em fontes termais bem próximas do ponto de ebulição. Algumas bac-
térias conseguem viver em temperaturas antárticas menores de –60º C.
A temperatura tem efeito oposto nos processos vitais. Se, por um lado, 
aumenta a energia cinética das moléculas acelerando os processos vitais; por 
outro, temperaturas elevadas tornam as proteínas e as enzimas instáveis. A 
partir de um determinado limiar, elas passam a não funcionar e a perder sua 
estrutura (desnaturação proteica). Todos os organismos possuem pontos óti-
mos de funcionamento no que diz respeito à temperatura30 (Figuras 9 e 10). 
O nível de energia necessária para os processos internos das células de-
pende de um limiar de temperatura ideal para que os organismos funcionem. A 
sobrevivência de um organismo necessita de condições ideais de temperatura.
Diferentes organismos desenvolveram adaptações para sobreviver tan-
to em regiões com frio extremo (regiões polares), como em regiões de muito 
calor (áreas próximas a vulcões) e em áreas de grandes variações diárias de 
temperaturas (como os desertos, onde faz bastante frio à noite e muito calor 
durante o dia).
Figura 9 – Relação entre vetores da doença de Chagas e temperatura. 
Fonte: MIZUGUCHI et al. (1982).
30Devido ao aquecimento 
global e a outros motivos, 
alguns cientistas preveem 
que, até o ano de 2100, 
a temperatura média da 
Terra pode subir em até 
3 ºC. Isso proporcionará 
um desequilíbrio global 
entre as ações físicas, 
químicas e biológicas da 
biosfera.
Fundamentos em Ecologia 41
Figura 10 – Distribuição dos insetos em função da temperatura. Triatoma infestans 
(▬▬), (clima mesotérmico31). Anopheles darlini (–– - ––) e Anopheles aquasalis 
(––●––●––) em função da tempertura. 
Fonte: MIZUGUCHI et al. (1982).
Os animais possuem duas estratégias principais para evitar os proble-
mas fisiológicos relacionados à temperatura32 (Figuras 11 e 12). Um grupo 
de animais regula sua temperatura adquirindo calor diretamente da radiação 
solar e perdendo-o pela evaporação da água ou por condução da água do 
corpo do animal para o ambiente, ficando longe de fontes de radiação sola-
res. Esses animais são denominados ectotérmicos e sua temperatura interna 
depende de processos de captação ou de perda de calor para o ambiente. Já 
os organismos endotérmicos produzem calor metabólico interno, mantendo 
suas temperaturas corporais relativamente constantes (geralmente entre 35 
a 40º C).
31O clima mesotérmico

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