Buscar

S9995

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 30 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Sentença penal
APRESENTAÇÃO
Os Estados nacionais atuais possuem um sistema penal e processual penal complexo que define 
as práticas delituosas e o direito do Estado de punir essas infrações penais. Disso decorre a 
pretensão punitiva do Estado, que é o seu poder de exigir a submissão daquele que cometeu um 
crime a uma sanção penal.
A sanção penal é imposta por uma sentença penal. A sentença penal é o objetivo e o fim para o 
qual se dirige toda a instrução processual. É um ato de extrema relevância ao processo penal e se 
mostra como a principal prestação jurisdicional processual em todo o processo judicial, o que se 
evidencia por ser o ato processual que irá definir a condenação ou absolvição do acusado.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá mais sobre a sentença penal, suas principais 
características, seus requisitos, elementos específicos e efeitos.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Listar os requisitos formais essenciais da sentença penal.•
Relacionar fundamentos e efeitos da sentença absolutória.•
Explicar o princípio da correlação e os institutos da emendatio libelli e da mutatio libelli.•
DESAFIO
O processo penal se inicia com a apresentação da denúncia ou da queixa na qual a acusação 
descreve o fato imputado ao réu, bem como apresenta a capitulação do fato. O acusado é, então, 
citado para apresentar a sua defesa sobre o que lhe foi imputado. Ao final da instrução, o juiz 
decidirá sobre a acusação imposta, levando em conta o que foi apresentado pela acusação e pela 
defesa.
Sobre esse tema, imagine que você é juiz de um processo e deve proferir a sentença sobre o 
seguinte caso:
Como juiz desse caso, qual deve ser a sua decisão? Justifique sua resposta.
INFOGRÁFICO
Na sentença penal o magistrado decidirá sobre a absolvição ou condenação do acusado, quando 
todos os requisitos extrínsecos e intrínsecos da decisão deverão ser observados. Ambas as 
hipóteses trarão consequências jurídicas totalmente distintas. Os efeitos de ambas as decisões 
são variados e se dividem em primários ou principais e secundários ou reflexos.
Veja, neste Infográfico, os principais efeitos das sentenças absolutórias e condenatórias.
CONTEÚDO DO LIVRO
O tema da sentença penal é de extrema relevância ao estudo do processo penal. Uma sentença 
que não cumpra os seus requisitos legais poderá ser declarada nula de pleno direito, não 
podendo materializar os seus efeitos. Além disso, o fato de a sentença penal ser de natureza 
absolutória ou condenatória irá modificar completamente os seus efeitos seja em relação ao 
acusado, à suposta vítima e a terceiros. Assim, é necessário reconhecer os principais requisitos 
da sentença penal e o que a diferencia dos demais atos judiciais.
No capítulo Sentença penal, da obra Direito processual penal: procedimentos e recursos, base 
teórica desta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá o conceito de sentença penal e seus 
requisitos essenciais. Além disso, vai aprender sobre os detalhes da sentença penal absolutória e 
condenatória, seus efeitos e requisitos.
Boa leitura.
DIREITO 
PROCESSUAL 
PENAL: 
PROCEDIMENTOS 
E RECURSOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Listar os requisitos formais essenciais da sentença penal.
 > Relacionar fundamentos e efeitos da sentença absolutória.
 > Explicar o princípio da correlação e os institutos da emendatio libelli e 
da mutatio libelli.
Introdução
O devido processo legal, o respeito ao contraditório e à ampla defesa têm por 
finalidade garantir a legitimidade final da tutela jurisdicional penal, que deverá 
decidir sobre a condenação ou absolvição do acusado, ou, ainda, sobre a extin-
ção do processo em razão do reconhecimento de alguma circunstância legal. 
Para a compreensão do processo penal, é necessário reconhecer o conceito e 
a natureza dessas decisões.
Entre os atos judiciais, a sentença penal é um dos mais relevantes, visto 
que analisa efetivamente o mérito de uma imputação penal. Neste capítulo, 
você irá estudar a sentença penal, sua diferença em relação a outros atos judi-
ciais, além de seus requisitos e principais efeitos, em caso de ser de natureza 
absolutória ou condenatória.
Conceito e requisitos da sentença penal
A legislação processual penal não faz uma classificação específica dos atos 
judiciais, como ocorre em relação ao processo civil, conforme explica Lima 
(2020). Por esse motivo, a doutrina pode classificar os atos processuais de 
diversos modos. Porém, apesar dessa falta de consenso definitivo, existe uma 
Sentença penal
Gabriel Bonesi Ferreira
classificação mais ou menos consensual. A diferenciação dos atos proces-
suais é necessária para se alcançar o conceito definitivo de sentença penal. 
Os atos processuais que não são sentença são costumeiramente divididos 
entre despacho de mero expediente, decisões interlocutórias (simples e 
mistas) e decisões definitivas (LIMA, 2020; NUCCI, 2020).
Os despachos de mero expediente são atos ordenatórios, atos de mero 
impulso processual para o andamento do processo. Eles não têm conteúdo 
decisório, não causam qualquer prejuízo para a defesa ou para a acusação 
(LOPES JÚNIOR, 2020). Como explica Lima (2020), o art. 93, XIV da Constituição 
Federal (CF) permite que seja delegada a servidores do Poder Judiciário a 
prática de atos de administração e de expediente do processo; desse modo, 
alguns atos que seriam decisões de mero expediente podem até mesmo 
ser delegados a servidores. Trata-se de atos de designação de audiência, 
intimação de vista sobre documento juntado pela outra parte durante a ins-
trução, determinação de juntada de documento, etc. Revestem-se da forma 
“intime-se”, “dê-se vista”, “vista às partes” e formas similares.
As decisões interlocutórias simples têm um mínimo de caráter decisório 
e resolvem questões processuais controvertidas no processo, não gerando a 
sua extinção. Em regra, não são decisões recorríveis, salvo expressa previsão 
legal. Seu conteúdo pode ser impugnado por ações impugnativas, como 
habeas corpus e mandado de segurança. Caso as decisões sejam irrecorríveis, 
o conteúdo dessas decisões poderá ser impugnado em eventual apelação 
como matéria preliminar, ressaltando que, quando se tratar de nulidade 
relativa, deve ser oportunamente arguida, conforme o art. 571 do Código de 
Processo Penal (CPP) (LIMA, 2020). 
São exemplos de decisão interlocutória simples a decisão que recebe 
a denúncia ou queixa, a decisão que decreta prisão temporária, 
aquela que reconhece litispendência ou ilegitimidade de partes, entre outras.
As decisões interlocutórias mistas têm força definitiva e de cunho decisó-
rio. São as decisões que encerram o processo sem julgamento do mérito ou 
encerram uma fase do procedimento, por isso, como regra, não produzem coisa 
julgada material. É possível uma subdivisão entre as decisões interlocutórias 
mistas que são terminativas e não terminativas. 
Sentença penal2
As decisões terminativas extinguem o processo sem julgamento do mérito 
ou resolvem um procedimento incidental de maneira definitiva (LIMA, 2020). 
Por exemplo, a decisão que rejeita a peça acusatória, a impronúncia, a que 
determina o cancelamento de sequestro, a de procedência de exceção de 
coisa julgada e a litispendência, entre outras (LIMA, 2020). As decisões não 
terminativas são as que encerram uma etapa do procedimento em que há 
análise do mérito, mas que não causa a extinção do processo, a exemplo da 
pronúncia. Em regra, essas decisões são atacáveis pelo recurso em sentido 
estrito se constantes no rol do art. 581 do CPP (BRASIL, 1941); caso contrário, 
a apelação será o recurso adequado (art. 593, II, CPP, BRASIL, 1941).
As decisões definitivas julgam o mérito em sentido lato. São decisões que 
reconhecem alguma causa extintiva da punibilidade, a exemplo do perdão 
judicial ou da prescrição. As decisões definitivas colocam fim ao processo 
sem avaliar a procedência ou improcedência da imputação criminal,avaliando 
somente a pretensão punitiva do Estado, ao contrário das decisões interlo-
cutórias mistas terminativas, que não avaliam a pretensão punitiva. Lopes 
Júnior (2020) enquadra tais decisões como sentenças.
A sentença pode ser definida como “[...] ato jurisdicional que põe fim ao 
processo, pronunciando-se sobre os fatos que integram seu objeto sobre a 
participação do imputado neles, impondo-se uma pena ou absolvendo-o, como 
manifestação do poder jurisdicional atribuído ao Estado” (LOPES JÚNIOR, 2020, 
p. 1398). A sentença é o provimento jurisdicional que se busca com o processo 
penal, é a decisão que julga o mérito principal absolvendo ou condenando o 
acusado. Em sentido estrito, a sentença designa a decisão final de primeiro 
gral, do juízo singular. Em sentido amplo, designa também os acórdãos, que 
são decisões proferidas pelos Tribunais, desde que analisem o mérito. 
Com exceção dos despachos de mero expediente, todas as demais decisões 
devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade. Lopes Júnior (2020) chama 
a atenção para o fato de que não é raro que as decisões interlocutórias que 
restringem direitos e garantias fundamentais falhem nesse quesito, por meio 
da imposição de medidas táticas gravíssimas com uma “pífia” fundamentação. 
A fundamentação é um dos requisitos essenciais das decisões que, de algum 
modo, envolvam algum gravame às partes. No caso da sentença, o art. 381 
do CPP (BRASIL, 1941, documento on-line) estabelece seus requisitos formais, 
que são os seguintes: 
Sentença penal 3
Art. 381. A sentença conterá:
I – os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para 
identificá-las; 
II – a exposição sucinta da acusação e da defesa; 
III – a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; 
IV – a indicação dos artigos de lei aplicados; 
V – o dispositivo; 
VI – a data e a assinatura do juiz.
A doutrina divide esses pressupostos em três elementos intrínsecos — 
o relatório, a fundamentação e o dispositivo — e um elemento extrínseco, 
relacionado à autenticação da decisão (LIMA, 2020). Nesses elementos da 
decisão estão incluídos os requisitos formais descritos no art. 381 do CPP, 
que serão analisados a seguir.
Relatório
O relatório é o resumo processual até a sentença. Apesar de o CPP não ex-
pressar esta imposição, no cabeçalho da sentença, costuma constar o nome 
do órgão que profere a decisão, a identificação de autor e réu, e o número do 
processo, com a finalidade da identificação específica da decisão juntada aos 
autos com o processo. No relatório deve constar a identificação das partes ou, 
quando não for possível, as indicações necessárias para a sua identificação. 
No relatório deve constar um breve resumo do processo com a exposição 
sucinta da acusação e da defesa e dos principais atos praticados durante a 
instrução processual. Trata-se de um resumo geral e objetivo do que ocorreu 
no processo. Como expõe Lima (2020, p. 1610):
[...] costuma-se dizer que o objetivo do relatório é demonstrar que o juiz teve pleno 
contato com a demanda que está prestes a julgar, já que sua elaboração obriga 
o juiz a tomar conhecimento integral do processo, das provas produzidas, das 
alegações das partes, dos incidentes verificados, etc.
A identificação das partes é requisito essencial. Como se vê, caso não seja 
possível qualificar o acusado, a sentença deve fazer as indicações de seus 
traços e características, que permitam diferenciá-lo das demais pessoas. 
É importante constar o nome da vítima para fixação de possíveis efeitos 
dela, por exemplo, relacionados a indenizações decorrentes do delito. Não se 
exige a qualificação completa da vítima desde que a decisão faça remissão 
ou alusão à denúncia onde consta sua qualificação completa. 
Sentença penal4
Fundamentação
A fundamentação é o elemento central da sentença. Nessa parte o juiz deve 
analisar todas as teses acusatórias e defensivas, devendo demonstrar os 
motivos que o levaram a tomar uma ou outra decisão. É necessário observar 
que a jurisprudência e a doutrina se posicionam pela necessidade de que 
todas as teses defensivas sejam analisadas pela sentença, inclusive aquelas 
ventiladas em sede de alegações finais, sob pena de nulidade. Quando a 
sentença não analisa todo o pedido e fundamentação da petição inicial ou os 
fundamentos da defesa do réu é considerada citra petita, passível de anulação.
A partir da jurisprudência nacional, é possível observar que existe, 
de fato, a necessidade de a sentença condenatória analisar todas as 
teses defensivas. Entretanto a jurisprudência também se posiciona no sentido de 
que os Magistrados singulares ou as Cortes Superiores não precisam enfrentar 
especificamente todas as teses, bastando que demonstrem os fundamentos e 
motivos que levaram às razões de decidir, ou seja, as teses podem ser tratadas 
de maneira sucinta, direta ou indiretamente, não sendo necessária a menção 
a cada uma delas (LIMA, 2020). Com isso, a verificação de se, de fato, houve o 
enfrentamento das teses defensivas acaba caindo em um juízo muito subjetivo 
de análise, cabendo interpretações diversas. 
Os argumentos apresentados na fundamentação devem seguir uma ca-
dência lógico-argumentativa que permite verificar o rigor argumentativo. 
É necessário que a fundamentação apresente os motivos de fato e de direito 
que fundamentam a decisão. Lopes Júnior (2020) escreve então sobre duas 
dimensões da sentença: uma fática e outra jurídica. A fática se refere à valo-
ração da prova e fatos o sistema nacional admite a o convencimento racional 
do juiz, tendo ampla liberdade para a valoração das provas constantes nos 
autos (LIMA, 2020). A livre apreciação da prova não significa discricionariedade 
ilimitada — as provas devem estar encartadas no processo, ser admitidas em 
lei e passar por um juízo de credibilidade, não sendo admitidas as provas 
ilícitas ou ilegítimas (LIMA, 2020).
As decisões devem conter também as teses jurídicas adotadas, que devem 
enfrentar e ser debatidas a partir das teses jurídicas das partes. Não se pode 
admitir menção ou indicação de artigos de lei sem se valer dos fundamentos 
que enquadram os atos aos dispositivos invocados. No final, se a sentença 
Sentença penal 5
for condenatória, o juiz deve se manifestar também sobre a responsabilidade 
civil do réu e fixar os valores mínimos para a reparação do dano causado.
A falta de fundamentação ou a carência de fundamentação sobre fatos, 
provas e argumentos jurídicos relevantes importa em nulidade grave da 
sentença. O principal remédio processual para atacá-la é a apelação, que não 
impede também a impetração de habeas corpus, caso haja risco à liberdade 
de locomoção (LIMA, 2020).
Dispositivo
A parte dispositiva da sentença é a sua conclusão, com base na fundamentação 
apresentada. Em caso de sentença absolutória, é necessária a indicação de 
um dos fundamentos do art. 386 do CPP. Em caso de condenação, o juiz deve 
indicar o dispositivo legal em que se enquadra a tipicidade da conduta e ainda 
realizar a dosimetria da pena, com base no que estabelecem os arts. 59 e 
68 do Código de Processo Civil (CPC) e o art. 387 o CPP (LOPES JÚNIOR, 2020).
Autenticação
Por fim, o último requisito legal é o extrínseco: a indicação da data e assinatura 
(art. 381, VI do CPP). Se a sentença for digitada, é necessária a rubrica em todas 
as páginas pelo juiz (art. 388, CPP) (LIMA, 2020). Na prática, com a expansão do 
processo eletrônico, as decisões acabam sendo assinadas eletronicamente, 
já com a inclusão da data respectiva. 
Sentença absolutória: fundamentos e 
efeitos
A sentença penal absolutória exige a vinculação de improcedência a uma das 
hipóteses do art. 386 do CPP. O enquadramento em uma dessas hipóteses 
irá gerar efeitos distintos, inclusive, em relação a uma possível ação de re-
paração cível. As hipóteses do dispositivo citado são as seguintes (BRASIL, 
1941, documento on-line):
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva,desde 
que reconheça:
I – estar provada a inexistência do fato;
II – não haver prova da existência do fato;
III – não constituir o fato infração penal;
IV –  estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
Sentença penal6
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena 
(arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver 
fundada dúvida sobre sua existência;
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
Vejamos em mais detalhes cada uma dessas hipóteses.
I – estar provada a inexistência do fato. Conforme explica Nucci (2020), essa é 
uma das hipóteses mais seguras de absolvição, uma vez que se fundamenta 
na prova que demonstra que o fato imputado na denúncia ou queixa não 
ocorreu. Não se trata da falta de provas, mas da prova de que o fato imputado 
ao acusado sequer ocorreu. Uma das consequências dessa modalidade de 
absolvição é que faz coisa julgada cível, impossibilitando a apresentação de 
eventual ação cível de reparação, consoante do que estabelece o art. 935 do 
Código Civil (CC) (BRASIL, 2002; AVENA, 2018).
II – não haver prova da existência do fato. Ao contrário da primeira hipótese, 
nesse caso, não existe prova suficiente da existência do fato delituoso, isto é, 
não foi comprovada a materialidade ou a existência do fato imputado. Quando 
configurada essa hipótese, força tanto do art. 935 do CC (BRASIL, 2002) quanto 
do art. 66 do CPP (BRASIL, 1941), não há óbice ao ajuizamento e prosseguimento 
de eventual ação de reparação cível. Essa hipótese se fundamenta no princípio 
do in dubio pro reo — não se decide sobre a inexistência do fato, mas apenas 
sobre a inexistência de provas. Por esse motivo, fica assegurada ao ofendido 
a reparação cível, com a ampla possibilidade de prova naquele juízo.
III – não constituir o fato uma infração penal. Significa que houve o reconheci-
mento da materialidade e existência do fato, mas se reconhece a atipicidade 
da conduta imputada ao agente. Sobre a possibilidade de reparação cível, 
Avena (2018) entende que, em regra, o fato poderá ser normalmente discutido 
no juízo cível, porém, em caso de a absolvição ocorrer em imputação de crime 
culposo, a absolvição criminal irá refletir na esfera cível, pois as causas de 
atipicidade criminal são as mesmas de atipicidade cível. A possibilidade de 
discussão nesses casos importaria em possível contradição entre os julgados 
da esfera cível e criminal. Lima (2020) apresenta como uma dessas hipóteses 
a absolvição baseada no princípio da insignificância (ofensividade mínima da 
conduta, ausência de periculosidade do agente, reduzido grau de reprovabi-
lidade, lesão jurídica inexpressível).
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal. É uma 
absolvição tão segura quanto a da hipótese do inciso I, pois trata-se da com-
Sentença penal 7
provação e certeza de que o acusado não concorreu com a prática delituosa, 
seja na condição de autor, seja de coautor ou partícipe (LIMA, 2020). Desse 
modo, fica afastada, tal qual na hipótese do inciso I, de reparação cível, pois 
há um juízo de certeza da inexistência de participação do acusado. Pode 
ocorrer, por exemplo, quando se constata a efetiva ocorrência de um delito, 
mas se verifica que a sua autoria foi de outro autor.
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal. Trata-se de 
hipótese em que há dúvida razoável sobre a autoria, coautoria ou participação 
do acusado na prática delituosa. Nessa hipótese pode estar comprovada 
a materialidade do crime, mas não há provas de que foi o acusado que o 
cometeu. Essa absolvição não reflete na esfera cível.
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena 
(arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se 
houver fundada dúvida sobre sua existência. Essa hipótese faz remissão às 
causas excludentes de ilicitude ou culpabilidade. Conforme explica Avena 
(2018), trata-se de três hipóteses distintas; veja a seguir.
1. Absolvição por causas excludentes de ilicitude do art. 23 do Código 
Penal (CP), sendo elas a legítima defensa, o estado de necessidade, 
o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de um direito.
2. Causas que isentem o réu de pena; tratam-se das descriminantes puta-
tivas (art. 21, § 1º), das excludentes de culpabilidade (erro de proibição 
inevitável, art. 21, CP; coação moral irresistível ou obediência à ordem 
hierárquica que não seja manifestamente ilegal; art. 22, CP; inimputa-
bilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto 
ou retardado; embriaguez fortuita completa, art. 28, § 1º, CP). 
3. Fundada dúvida das circunstâncias que excluem o crime ou de causas 
que isentam o réu de pena. A primeira hipótese produz coisa julgada 
cível apenas contra quem ocorreu o ato, mas não contra terceiros. 
Na segunda, não há quaisquer reflexos na esfera cível, a não ser 
“[...] quando a falsa percepção da realidade em que incorreu o agente 
não tiver decorrido de sua negligência na apreciação dos fatos” (AVENA, 
2018, p. 1301). A última hipótese não produz efeitos cíveis.
VII – não existir prova suficiente para a condenação. Trata-se de mais uma 
hipótese que consagra o princípio do in dubio pro reo, e é mais comum de 
absolvição (LIMA, 2020). Para a condenação, exige-se a certeza do juízo sobre 
o crime, sobre sua materialidade e autoria. Caso persista dúvida razoável, 
Sentença penal8
a medida que se impõe é a absolvição do acusado. Essa absolvição não impede 
a reparação civil, a ser discutida na seara competente.
Como já se adiantou em relação a alguns aspectos relativos à propositura 
de ação cível, é possível verificar que a sentença absolutória tem efeitos 
relevantes, que irão depender do conteúdo e da forma da absolvição. Esses 
efeitos são divididos pela doutrina em efeitos principais e efeitos secundários. 
Vejamos:
 � Efeitos principais
 ■ Sentença absolutória própria: aquela que decorre na absolvição do 
acusado e da qual não decorre a imposição de medida de segurança. 
Nesse caso, o principal efeito é colocar o acusado em liberdade se 
ele estiver preso cautelarmente, independentemente do trânsito 
em julgado da decisão, da natureza do crime ou de antecedentes 
do agente (LIMA, 2020). Também importa na imediata cessação de 
outras medidas cautelares, como restrição e bens (NUCCI, 2020); 
nesses casos, mesmo que apresentado recurso de apelação, ele 
não será dotado de efeitos suspensivos.
 ■ Sentença absolutória imprópria: casos que resultam da aplicação 
de medida de segurança. Nesse caso há duas hipóteses: 
 – Se o acusado foi submetido a medida cautelar de internação 
provisória (art. 319, VII do CPP) e se encontra internado no mo-
mento da sentença: o internamento será mantido até que ocorra o 
trânsito em julgado da decisão absolutória e se inicie a execução 
da medida de segurança, mas, se for constatada a cessação da 
periculosidade, é possível a revogação da medida, para que o 
acusado aguarde em liberdade o trânsito em julgado da decisão, 
para então se executar a medida de segurança (LIMA, 2020).
 – Se o acusado tiver permanecido em liberdade durante o curso do 
processo: não se vislumbrou a necessidade da internação provi-
sória, por isso deve permanecer em liberdade até o trânsito em 
julgado da decisão que impôs a medida de segurança, ressalvada 
a possibilidade de internação provisória prevista no art. 319, 
VII do CPP, se as circunstâncias exigirem e forem preenchidos os 
requisitos para tanto (AVENA, 2018).
 � Efeitos secundários
 ■ Restituição integral da fiança: na dicção do art. 337, ao passar em 
julgado a sentença que absolver o acusado, o valor que a constituir 
será atualizado e restituído integralmente.
Sentença penal 9
 ■ Impossibilidade de novo processo com a mesma imputação: con-
sagração do princípio do ne bis in idem, que proíbe que qualquer 
pessoa seja novamenteprocessada pela mesma imputação após a 
sua absolvição, mesmo que esta seja proferida por juízo absoluta-
mente incompetente ou mesmo que surjam novas provas cabais do 
fato delituosos (LIMA, 2020).
 ■ Levantamento do sequestro (art. 133, III do CPP): com a absolvição 
do acusado em sentença transitada em julgada, deve ocorrer o 
levantamento do sequestro dos bens que, supostamente, haviam 
sido adquiridos com o produto da infração penal (LIMA, 2020).
 ■ Levantamento do arresto ou cancelamento da hipoteca (art. 141, CPP): 
após o trânsito em julgado da sentença que absolve acusado ou julga 
extinta a sua punibilidade, deve ser determinado o levantamento 
do arresto ou o cancelamento da hipoteca.
 ■ Retirada da identificação fotográfica dos autos do processo: outro 
efeito apresentado por Lima (2020) decorre do que estabelece o 
art. 7º da Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009 (BRASIL, 2009), que 
estabelece a faculdade do réu ou indiciado de querer a retirada de 
sua identificação fotográfica do inquérito ou do processo, desde 
que apresente as provas de sua identificação civil. Esse pedido é 
cabível quando não houver o oferecimento da denúncia, quando 
ela for rejeitada ou em caso de absolvição do acusado. A retirada 
não é automática, depende de pedido do interessado, conforme a 
dicção legal.
 ■ Impedimento de propositura de ação cível de indenização (AVENA, 
2018): Trata-se de um dos efeitos mais importantes da absolvição, 
e irá depender das causas de absolvição, como apontado ante-
riormente. A primeira hipótese é prevista no art. 65 do CPP, que 
estabelece que “[...] faz coisa julgada no cível a sentença penal que 
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, 
em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no 
exercício regular de direito” (BRASIL, 1941, documento on-line). Desse 
modo, quando a absolvição decorrer de excludente de ilicitude, 
impedirá a proposição de ação de indenização cível. 
A outra hipótese decorre do art. 935 do CC, que estabelece que “[...] a 
responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar 
mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas 
questões se acharem decididas no juízo criminal” (BRASIL, 2002, documento 
Sentença penal10
on-line). Como adiantado anteriormente, trata-se das hipóteses em que se 
comprovar no processo penal a inexistência do fato ou que o acusado não 
concorreu para a prática da infração penal que fundamenta o pedido inde-
nizatório. Em ambos os casos, não significa que a ação de reparação civil 
não possa ser proposta, pois não se limita o direito de ação, mas, se ela for 
apresentada, será extinta. 
Muitas vezes, a reparação cível depende de fatos que devem ser 
apurados na esfera criminal. Nesses casos, a partir do que dispõe o 
art. 200 do CC, a prescrição da ação cível fica suspensa até a sentença criminal 
definitiva, isto é, até o trânsito em julgado da decisão criminal.
Sentença condenatória
Para o estudo da sentença penal condenatória, é importante partirmos do 
preciso conceito de Lima (2020, p. 1620):
[a sentença penal condenatória] é a decisão judicial que atesta a responsabilidade 
criminal do acusado em virtude do reconhecimento categórico da prática da con-
duta típica, ilícita e culpável a ele imputada na peça acusatória (ou aditamento), 
impondo-lhe, em consequência, uma pena privativa de liberdade, restritiva de 
direitos ou multa. 
A sentença condenatória é o oposto da absolutória; trata-se da responsa-
bilização do acusado em razão do reconhecimento acima da dúvida razoável 
pela prática de uma conduta típica, ilícita e imputável. 
Com a prolação da sentença condenatória, o juiz deve realizar a fixação da 
pena de acordo com diversas circunstâncias judiciais previstas no CP. Nesse 
momento também fixa o regime penitenciário, considerando a detração se 
o condenado já houver cumprido ou estiver cumprindo pena privativa de 
liberdade. Verificadas, ainda, as possibilidades legais, a pena privativa de 
liberdade será substituída pela restritiva de direitos.
Isto posto, é necessário analisar alguns efeitos da sentença penal con-
denatória. Conforme apresentado por Lima (2020), são efeitos primários os 
seguintes: 
Sentença penal 11
 � Cumprimento da pena: não se admite o cumprimento antecipado da 
pena, o seu cumprimento somente ocorre com o trânsito em julgado 
da sentença penal condenatória, conforme estabelece o art. 5º, LVII 
da CF, ratificado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento 
em Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs 43, 44 e 54), 
ao assentar a constitucionalidade do art. 283 do CPP.
 � Inclusão do acusado no rol dos culpados: é o registro do nome do 
condenado e sua qualificação com referência ao processo em que 
foi proferida a decisão condenatório no livro do cartório destinado a 
esse fim. Essa inclusão somente deve ocorrer também com trânsito 
em julgado da sentença condenatória.
São apontados, ainda, por Avena (2018) e Lima (2020) alguns outros efeitos 
secundários ou reflexos, a saber: 
 � Indução à reincidência: se o condenado voltar a praticar o mesmo crime, 
será considerado reincidente, circunstância agravante na fixação da 
pena de novo delito.
 � Possível regressão de regime: poderá ocorrer a regressão do regime 
se o condenado já cumpre pena por outro crime.
 � Revogação do sursis: o benefício será obrigatoriamente revogado se 
o beneficiário foi condenado em sentença irrecorrível (art. 81, I do CP).
 � Revogação do livramento condicional: o livramento condicional é 
revogado se o indivíduo vier a ser condenado por pena privativa de 
liberdade. 
A doutrina se refere, ainda, a outros efeitos extrapenais previstos no 
art. 91 do CP, a exemplo da obrigação de reparar o dano, e também a outros 
efeitos específicos, a depender do crime praticado, como o confisco alargado 
dos bens, introduzido no CP pela Lei nº. 13.964, de 24 de dezembro de 2019 
(Pacote Anticrime), perda de cargo público, entre outros.
Dentro da sentença penal condenatória, um tema essencial é o do princípio 
da correlação ou congruência da sentença penal. Como afirma Lopes Júnior 
(2020), o objeto do processo penal é a pretensão acusatória, em que o seu 
titular é acusador (público ou privado), a quem competente a invocação da 
acusação, e o Estado é o titular soberano do direito de punir. Nessa estru-
tura, devem ser respeitados os princípios constitucionais do contraditório, 
da ampla defesa e o princípio da correlação que vinculará o processo penal. 
Sentença penal12
Sobre o princípio da correlação, Lima (2020) explica que a sentença deve 
estar em consonância com o fato delituoso descrito na denúncia ou queixa, 
sendo vedado o julgamento extra petita e/ou ultra petita, sob pena de afronta 
ao princípio do contraditório, da ampla defesa e do próprio sistema acusatório. 
O princípio da correlação no processo penal é distinto daquele do âmbito 
processual civil. No processo civil a decisão deve estar de acordo com o 
pedido formulado pela parte, enquanto no processo penal o que interessa 
é a causa petendi da acusação e a sua correlação com a sentença, isto é, 
da imputação de determinada conduta delituosa, de um fato, comissivo ou 
omissivo, que pode ser penalmente tipificado (LIMA, 2020). Por isso, o pedido 
da acusação é genérico.
O que está no fundo do princípio da correlação é a obrigatoriedade da 
inércia judicial, do respeito ao contraditório. Tradicionalmente, diz-se que a 
correlação opera no binômio questão de fato e questão de direito, de tal modo 
que o juízo estaria atrelado à questão de fato da acusação e não à questão 
de direito. Porém, como aponta Lopes Júnior (2020, p. 1407), “[...] essa lógica 
binária de questão de fato–questão de direito, na complexidade contempo-
rânea, não é nada clara, ou seja, as questões se misturam e coexistem, não 
se excluem, sendo reducionismo operar-se na lógica binária. A distinção é 
tênue, senão inexistente”. 
No tema sobre o princípio da correlação,existem dois institutos essenciais: 
da emendatio libelli (art. 383 do CPP) e da mutatio libelli (384 do CPP).
Emendatio libelli
O art. 383 do CPP dispõe o seguinte: “[...] o juiz, sem modificar a descrição 
do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica 
diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave” 
(BRASIL, 1941, documento on-line). Assim, trata-se da possibilidade de o juiz 
atribuir definição jurídica diversa a um mesmo fato descrito na denúncia ou 
queixa, ainda que tenha que aplicar uma pena mais grave. Nesse caso a base 
fática da imputação criminal permanece a mesma, o que se altera é a definição 
jurídica ou a correção da tipificação. 
Lima (2020) destaca três formas de emendatio libelli, listadas a seguir.
 � Por efeito de capitulação: quando a sentença condenatória ou decisão 
de pronúncia se dá em perfeita conformidade com os fatos relatados 
na peça acusatória, mas com o reconhecimento de capitulação ou 
classificação do fato distinta da definida na inicial.
Sentença penal 13
 � Por interpretação diferente: trata-se do reconhecimento do fato apre-
sentado na acusação, mas o juiz o interpreta de modo diverso quanto 
à tipificação do fato delituoso.
 � Por supressão de elementar e/ou circunstância: nesses casos o juiz 
atribui nova capitulação ao fato imputado em razão da instrução proba-
tória, que demonstra a ausência de elementar ou circunstância descrita 
na peça acusatória. Existe a alteração fática, mas ela não acrescenta 
elementos, e sim subtrai elementares ou circunstâncias de fato que 
exigem a modificação da capitulação do crime.
Existe o entendimento majoritário de que a emendatio libelli somente 
é cabível na sentença, bem como de que não há necessidade de vistas às 
partes para se manifestarem sobre a nova classificação do fato delituoso. 
Porém, apesar da legislação efetivamente não exigir a prévia manifestação 
das partes, grande parte da doutrina vem defendendo a necessidade de 
manifestação das partes quando se altera a capitulação atribuída ao fato 
delituoso, como é o caso de Lima (2020), Lopes Júnior (2020) e Badaró (2001 
apud LOPES JÚNIOR, 2020). 
Para além da simples diferenciação entre questões de fato e questões 
de direito, é necessário reconhecer que elas estão interligas umas às 
outras. Existem alterações processuais relevantes em que o aditamento da peça 
acusatória pode ser imprescindível, como defende Lopes Júnior (2020). Apesar 
de haver muitas discussões sobre a aplicação do instituto da emendatio libelli, 
é central reconhecer que ela se destina à mudança da tipificação, e não do fato 
imputável, mas por respeito aos princípios constitucionais do contraditório e 
da ampla defesa é sempre necessário observar o “alcance” ou a “profundidade” 
que essas alterações podem provocar.
Mutatio libelli
A mutatio libelli é uma situação completamente distinta e está prevista no 
art. 384 do CP. Trata-se da hipótese em que, durante a instrução processual, 
surge uma prova elementar ou de circunstância que não está descrita na 
imputação da acusação, modificando a base fática acusatória a ponto de 
exigir o seu aditamento (LIMA, 2020). Assim não se trata de mera modificação 
da tipificação legal, mas dos fatos imputados. Nesses casos, a lei impõe a 
Sentença penal14
necessidade de aditamento da peça de acusação e a renovação da instrução 
processual, com novo interrogatório do acusado e possibilidade de inquirição 
de testemunhas, produção de outras provas e realização de debates. 
Assim, se encerrada a instrução processual e constatada nova definição 
jurídica do fato em decorrência de prova existente nos autos ou circunstância 
da infração penal não condita da acusa, o Ministério Público deve aditar a 
denúncia ou queixa no prazo de cinco dias. Se, em virtude dessa nova circuns-
tância, tiver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduz-se 
a termo o aditamento, quando feito oralmente.
As provas que ensejam o procedimento da mutatio libelli é a prova de 
elementar ou circunstância da infração penal que não consta na acusação. 
Elementares são os dados básicos ou os componentes objetivos e subjetivos 
do tipo penal que podem levar à atipicidade absoluta — reconhece a atipici-
dade da conduta — ou à atipicidade relativa (desclassificação) (LIMA, 2020). 
No exemplo, também dado por Lima (2020), é quando ocorre a acusação por 
um crime de furto simples, mas, durante a instrução processual, verifica-se 
o emprego de violência, caso em que o elementar do crime de roubo (grave 
ameaça ou violência) não constou na peça acusatória. 
Circunstâncias são componentes do tipo básico, são dados derivados do 
tipo básico capazes de aumentar ou diminuir a pena, mas que não modificam 
a tipologia básica da conduta (LIMA, 2020), nas quais se incluem as qualifica-
doras, as causas de aumento ou diminuição de pena, etc. Na ótica do crime de 
roubo (art. 157, CP), durante a instrução processual, pode acabar ocorrendo 
prova do uso de arma branca (art. 157, § 2º, VII, CP), ou de arma de fogo 
(art. 157, § 2º-A, I, CP), que são circunstâncias fáticas relevantes que levam a 
nova definição jurídica do fato e à modificação do próprio fato reconhecido 
a partir da instrução probatória.
Referências
AVENA, N. Manual de processo penal. 10. ed. São Paulo: Método, 2018.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência 
da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 31 out. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília: Pre-
sidência da República, 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 31 out. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília: 
Presidência da República, 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/del3689.htm. Acesso em: 31 out. 2020.
Sentença penal 15
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília: Presidência 
da República, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406.htm. Acesso em: 31 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009. Dispõe sobre a identificação criminal do 
civilmente identificado, regulamentando o art. 5º, inciso LVIII, da Constituição Federal. 
Brasília: Presidência da República, 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12037.htm. Acesso em: 31 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília: Presidên-
cia da República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 31 out. 2020.
LIMA, R. B. de. Manual de processo penal. 8. ed. Salvador: Juspodvim, 2020.
LOPES JÚNIOR, A. Direito processual penal. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
NUCCI, G. de S. Curso de direito processual penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos 
testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da 
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas 
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito-
res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou 
integralidade das informações referidas em tais links.
Sentença penal16
DICA DO PROFESSOR
A sentença penal é o provimento jurisdicional dado após encerrada a instrução processual, 
demarcando o fim de um processo. O Código de Processo Penal (CPP) impõe diversos 
requisitos legais que devem estar presentes em toda sentença para a sua validade.
Nesta Dica do Professor, você vai aprender mais sobre os requisitos legais da sentença penal, 
previstos no art. 381 do CPP.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) A sentença é um dos atos processuais praticadospelos juízes em um processo penal. É 
necessário reconhecer a diferença e o objeto de cada um desses atos, uma vez que 
implicam a recorribilidade ou não e a produção de efeitos fáticos.
Sobre esse tema, analise as assertivas a seguir e assinale a alternativa correta.
A) Os atos de impulso processual ocorrem por meio dos despachos de mero expediente, não 
sendo possível a delegação desse impulso a outros servidores. 
B) As decisões interlocutórias simples são recorríveis por recurso em sentido estrito.
C) As decisões interlocutorias simples não possuem conteúdo decisório, por isso não são 
recorríveis ou impugnáveis de imediato.
D) As decisões definitivas colocam fim ao processo avaliando a pretensão punitiva do Estado.
E) As decisões interlocutórias mistas possuem cunho decisório, mas diferentemente da 
senteça, não são terminativas.
2) Com exceção dos despachos de mero expediente, todas as decisões judiciais devem ser 
fundamentadas. No caso da sentença penal, existem também vários requisitos legais 
que devem ser observados, sob pena de nulidade. A classificação doutrinária dos 
elementos inclui os requisitos formais legais.
Sobre os requisitos da sentença definidos em lei e na doutrina, associe as duas 
colunas:
1. Relatório.
2. Fundamentação.
3. Dispositivo.
4. Autenticação. 
( ) Na sentença absolutória é necessária a indicação de um dos fundamentos do art. 
386 do CPP, em caso de condenação o juiz deve indicar em que se enquadra a 
tipicidade da conduta.
( ) O juiz analisa todas as teses acusatórias e defensivas, devendo demonstrar os 
motivos que o levaram a tomar uma ou outra decisão.
( ) Apresentação de um breve resumo do processo com a exposição sucinta da 
acusação e da defesa e dos principais atos praticados durante a instrução processual.
( ) Local em que constam a data e a assinatura do juiz que proferiu a decisão.
Marque a alternativa que contenha a sequência correta.
A) 1, 2, 3, 4.
B) 2, 3, 1, 4.
C) 3, 1, 2, 4.
D) 3, 2, 4, 1.
E) 3, 2, 1, 4.
3) Um dos requisitos da sentença absolutória é sua vinculação a uma das hipóteses do 
art. 386 do CPP. Isso é importante, pois o enquadramento em cada uma das hipóteses 
irá gerar consequências jurídicas distintas. 
Sobre esse tema, analise as assertivas a seguir e assinale a correta.
A) A falta de prova da existência do fato e a inexistência de prova suficiente para a 
condenação são hipótses que consagram o princípio do in dubio pro reo.
B) A inexistência de prova suficiente para a condenação exige a comprovação de que o fato 
imputado na denúncia ou queixa não ocorreu.
C) A inexistência de prova de ter o réu concorrido para a infração penal depende da 
comprovação inequívoca desses fatos pela defesa.
D) A absolvição por não constituir o fato uma infração penal decorre, entre outros motivos, do 
reconhecimento de uma excludente de ilicitude.
 
E) A absolvição por circunstâncias que isentem o réu de pena decorre do reconhecimento de 
estar provado que ele não concorreu para a infração penal.
A sentença penal absolutória gera diversos e distintos efeitos penais e civis de acordo 
com o enquadramento em uma das hipóteses do art. 386 do CPP. Assim, não só a 
absolvição é relevante, mas também a causa que a motivou.
Sobre os efeitos da decisão absolutória, analise as assertivas a seguir e assinale a 
alternativa que contenha as afirmações corretas.
I – Com a sentença absolutória, o juiz determinará a retirada da identificação 
fotográfica do acusado absolvido dos autos do processo.
4) 
II – A absolvição por prova de que o réu não concorreu para a infração penal afasta 
a possibilidade de sua responsabilização civil.
III – A absolvição por falta de provas suficientes não impede a proposição ou a 
responsabilização civil do réu absolvido na esfera penal.
IV – O réu absolvido não poderá ser processado pela mesma imputação mesmo que 
surjam novas provas cabais de sua autoria e do fato delituoso.
A) I, II e III.
B) I, II e IV.
C) I, III e IV.
D) II, III e IV.
E) II e III.
5) A sentença penal condenatória é conceituada por Lima (2020, p. 1620) como: “a 
decisão judicial que atesta a responsabilidade criminal do acusado em virtude do 
reconhecimento categórico da prática da conduta típica, ilícita e culpável a ele 
imputada na peça acusatória (ou aditamento), impondo-lhe, em consequência, uma 
pena privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa”. 
Sobre sentença penal condenatória, analise as assertivas e assinale a alternativa 
correta.
A) Por aplicação do princípio da correlação, a sentença condenatória deve sempre estar de 
acordo com o pedido formulado na peça acusatória.
B) A legislação não exige a prévia manifestação das partes para a aplicação do instituto 
do emendatio libelli. 
C) A prolação da sentença penal condenatória impõe o cumprimento da pena 
independentemente do trânsito em julgado da decisão. 
D) Segundo o instituto do mutatio libelli, o juiz pode atribuir definição jurídica diversa a um 
mesmo fato descrito na denúncia ou queixa.
E) Quando existe prova que altera a base fática acusatória, o juiz poderá tipificar essa nova 
conduta, corrigindo a peça contestatória.
NA PRÁTICA
A sentença penal tem seus requisitos legais previstos no art. 381 do CPP. A doutrina divide 
esses requisitos em quatro elementos necessários: o relatório, a fundamentação, o dispositivo e a 
autenticação. A falta de um desses requisitos pode ocasionar a nulidade da sentença, exigindo 
novo julgamento para corrigi-la.
Confira, neste Na Prática, uma decisão proferida por um tribunal de justiça nacional que 
abordou o tema da nulidade da sentença por falta de um de seus requisitos legais.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Sentença Penal Processo Penal
Este vídeo trata da sentença penal, com destaque aos requisitos e às partes essenciais da 
sentença: relatório, fundamentação (ou motivação) e dispositivo.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Sentença absolutória
Este vídeo trata da sentença penal absolutória abordando sucintamente o conceito desse tipo de 
sentença, sua previsão e seus principais efeitos.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Emendatio libelli e a desclassificação da forma dolosa para a culposa
Este artigo trata do debate sobre viabilidade da "emendatio libelli" (art. 383 do CPP) para 
desclassificar conduta dolosa para culposa. O autor expõe as duas posições: a necessidade do 
instituto da "mutatio libelli" para essa desclassificação e a viabilidade da "emendatio libelli".
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Outros materiais