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DICIONÁRIO DE PSICANÁLISE

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DICIONÁRIO DE PSICANÁLISE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DICIONÁRIO DE PSICANÁLISE 
 
 
 
 
 
ALUCINAÇÃO - Uma percepção convincente de alguma coisa que, na realidade, 
não se encontra no local. Ouvimos distantemente o soar de uma campainha, 
embora nenhuma campainha haja soado; percebemos clarissimamente que algo se 
movimentou no quarto, quando na realidade o quarto está vazio. Trata-se, nesses 
casos, de um fenômeno psicológico bastante comum, a que todos estão sujeitos. A 
própria pessoa reconhece posteriormente tratar-se de percepções erradas, que não 
representam a realidade objetiva. Há, porém, os casos que são considerados 
patológicos. A diferença entre a alucinação normal e a patológica está 
principalmente em dois fatores: na intensidade das percepções e no grau de 
"realidade" que lhes é atribuída pelo sujeito. 
Os fundamentos neurológicos, fisiológicos e psicológicos desses fenômenos não 
estão ainda satisfatoriamente estabelecidos. Trata-se, em todo caso, de "variações" 
marcantes em nosso mecanismo perceptivo. O que a experimentação científica tem 
fartamente confirmado é a influência alucinatória, em nossas percepções, de certos 
fatores extrínsecos, como o álcool, as drogas, o LSD, etc. A maconha, por exemplo, 
pode fazer com que as cores sejam percebidas com um brilho incrível. O sentido do 
tempo fica igualmente tão deformado, que o ato mais simples, como o levantar de 
um braço parece levar um tempo enorme. O alcoolismo agudo ou crônico pode ser 
acompanhado das experiências perceptivas mais estranhas, tais como a visão de 
monstros a ameaçar a pessoa ou de vermes a lhe perfurar a pele. 
ANIMISMO - É a percepção de objetos inanimados como se tivessem vida, 
sentimentos e intenções. A percepção animista é fenômeno comum tanto às 
crianças como aos adultos e depende em sua origem da sensibilidade de cada 
pessoa para as "propriedades fisionômicas" dos objetos e acontecimentos. A 
diferença básica entre o mundo adulto e o da criança não está na presença ou 
ausência desses "atributos fisionômicos", em suas percepções, mas na proporção 
que geralmente ocupam no conjunto de sua experiência perceptiva. O adulto 
controla e tende a eliminar tais "características expressivas" dos objetos como 
fatores meramente subjetivos e irrelevantes. Para a criança, ao contrário, elas 
constituem geralmente as qualidades fundamentais dos objetos percebidos. 
Por força da própria maturação psicológica e da aprendizagem, o mundo perceptual 
dos adultos tende, por isso, a uma pronunciada uniformidade, com a progressiva 
"depuração" de tais elementos subjetivos em suas percepções. Ao passo que nas 
crianças predominam normalmente os aspectos subjetivos da percepção. Daí que 
o mundo de percepções de uma criança apresenta comumente maior riqueza e 
originalidade, em suas conotações, que o mundo dos adultos. E as diferenças são 
mais notáveis de uma criança para a outra do que entre um adulto e outro. 
ANOREXIA - Neurose que se caracteriza pela recusa de alimentação e que 
freqüentemente acompanha as sensações de depressão. A anorexia não provoca 
a ocorrência de idéias delirantes, sendo que o indivíduo afetado alega apenas que 
não consegue ingerir alimento algum. Um tratamento psicanalítico, às vezes, se faz 
necessário para a cura do indivíduo, sendo que a maioria dos casos exige 
isolamento absoluto. 
ANSIEDADE - A ansiedade pode ser definida como um mal-estar físico e psíquico, 
caracterizado por temor difuso, sentimento de insegurança, desgraça iminente. Não 
se deve confundir ansiedade com angústia, que é o termo reservado para certas 
sensações que acompanham a ansiedade. Freud observou que os indivíduos têm 
uma espécie de "sistema de alarme" que os previne do perigo quando certas idéias 
estão a ponto de alcançar expressão consciente. A isso chamou ansiedade. A 
ansiedade envolve uma tensão que leva a perturbações fisiológicas (aumento das 
batidas cardíacas, aceleração do ritmo respiratório, etc.) e a sentimentos de medo 
e inadequação. Sentimentos inconscientes de culpa, por exemplo, podem provocar 
ansiedade. Além da tensão fisiológica, a ansiedade envolve também modificações 
nos pensamentos do indivíduo. 
Freud classificou a ansiedade em três tipos conforme sua origem: ansiedade moral, 
ansiedade real e ansiedade neurótica, sendo que diferem em qualidade. A 
ansiedade moral decorre da censura do superego em relação ao comportamento 
manifesto ou latente do indivíduo. Se uma pessoa se sente envergonhada por ter 
roubado alguma coisa, a tensão por ela experimentada chama-se ansiedade moral. 
Além disso, a ansiedade moral pode resultar apenas de ter o indivíduo pensado em 
roubar, pois o superego pune certos tipos de respostas, sejam manifestas ou 
latentes. 
A ansiedade real resulta da percepção antecipada de um perigo que de fato existe. 
A tensão e outros sentimentos que decorrem do perigo de cair de um trem, por 
exemplo, chama-se ansiedade real. Freud acreditava que a ansiedade real é inata 
ou decorre de respostas aprendidas a certas situações. Um outro tipo de ansiedade 
é a ansiedade neurótica, que é a sensação de perigo que decorre dos instintos que 
procuram expressar-se. É um medo provocado pela possibilidade de que a 
anticatexe do ego seja impotente para evitar a expressão dos instintos. Por 
exemplo, uma pessoa pode ter fortes impulsos hostis do id que tentam vencer as 
resistências, ou anticatexe, do ego. A tensão que ela sente como resultado disso 
denomina-se ansiedade neurótica. Algumas vezes, a ansiedade neurótica 
expressa-se na forma de fobia, que é um medo altamente persistente e irracional. 
A ansiedade neurótica exige presumivelmente muito trabalho por parte do ego. Por 
essa razão, causa mais perturbações do que a ansiedade real, para a qual 
geralmente e indivíduo está melhor preparado. 
Pode-se dizer também que a ansiedade tem uma função principal, que seria advertir 
a pessoa do perigo iminente. É um sinal dado ao ego para que adote medidas 
acauteladoras, sem o que o próprio ego pode ser sacrificado. A ansiedade é um 
estado de tensão, um impulso como a fome e o desejo sexual, mas que não surge 
das condições internas e sim de causas externas. Por outro lado, a ansiedade 
motiva o indivíduo a fazer alguma coisa, isto é, a fugir à situação ameaçadora e a 
inibir os impulsos perigosos, ou a seguir os impulsos da consciência. 
ASSOCIAÇÃO DE IDÉIAS - Processo intelectivo segundo o qual a mente humana, 
a partir de uma idéia inicial (indutora), é imediatamente levada a suscitar uma outra, 
isso em razão de alguma "conexão natural" existente entre ambas. A idéia indutora 
pode ser representada no caso, tanto por uma palavra, como por um objeto, uma 
imagem, ou mesmo uma emoção (da qual o sujeito toma consciência) cujo simples 
aparecimento na mente é suficiente para despertar uma segunda idéia, e esta uma 
terceira, e assim por diante, num processo praticamente sem limite e no qual, 
conforme a expressão popular, "uma coisa puxa a outra". 
Trata-se de fenômeno conhecido e estudado desde a antigüidade grega. Já 
Aristóteles descobrira que o processo de associação de idéias se rege por algumas 
leis intrínsecas e invariáveis. São elas: 
a) a lei da contigüidade (ou continuidade) temporal, segundo a qual a idéia indutora 
tende a evocar de preferência uma segunda idéia que em experiência anterior tenha 
sido apreendida ao mesmo tempo ou quase ao mesmo tempo que ela; 
b) lei da semelhança (ou similaridade), segundo a qual uma idéia tende a suscitar 
outra que lhe seja afim quanto ao significado; 
c) lei do contraste, segundo a qual uma idéia tende a evocar, entre outras, uma 
outra que lhe seja especificamente contrária. 
A essas três leis básicas deve-se juntar, segundo alguns intérpretes, a lei da 
causalidade, de acordo com a qual o objeto representado pela idéia induzida 
apresenta uma relação de causa ou efeito com o objeto ou coisa representadapela 
idéia indutora. 
Depois de muitos séculos, foi o inglês Locke quem lançou em circulação, tanto em 
Filosofia como em Psicologia, a expressão "associação de idéias". Muitos 
psicólogos passaram a entender todo o funcionamento da mente humana como um 
simples processo de associação, de natureza mais ou menos mecânica. São os 
chamados associacionistas. 
A existência desse processo mental, bem como o conhecimento das leis que o 
regem, possibilitou a Freud e aos psicanalistas desenvolver, em psicoterapia, uma 
importante técnica de análise psicológica, conhecida como "prova (ou método) das 
associações", sejam livres, sejam condicionadas. 
ASSOCIAÇÕES LIVRES (método das) - A prova das associações livres pode ser 
considerada como a técnica clássica da psicanálise freudiana para a identificação 
das perturbações emocionais oriundas dos mais diversos tipos de complexos. 
Consiste essencialmente em um processo de evocação espontânea de idéias, em 
estado consciente (e portanto, não hipnótico) e sem a interferência direta do 
terapeuta. Além de permitir a localização de idéias e desejos reprimidos, que se 
encontram na raiz dos sintomas mórbidos apresentados pelo paciente, produz uma 
descarga geral da tensão psíquica, sendo este o seu efeito terapêutico mais simples 
e imediato. 
O procedimento usual é o seguinte: o paciente é convidado a deitar-se sobre um 
divã, em uma sala semi-obscura e silenciosa, devendo colocar-se em posição de 
completo relaxamento e repouso, numa atitude inteiramente passiva e "disponível". 
Postando-se por trás dele, o médico lhe pede então que deixe a mente vagar 
descontraída numa espécie de devaneio proposital, e que vá dizendo em voz alta 
tudo o que lhe ocorrer no momento. É importante conseguir que o sujeito diga tudo, 
absolutamente tudo, sem a mínima inibição ou crítica, portando-se como mero 
espectador, completamente neutro, do próprio pensamento. O analista se limita a ir 
anotando ou gravando em um aparelho de som, com imparcial fidelidade, as 
palavras e frases proferidas pelo paciente. 
As idéias assim evocadas revelarão invariavelmente certas associações (das quais 
o próprio sujeito não tem consciência) a partir das quais é possível descobrir 
ligações lógicas e emocionais entre os sintomas de seus distúrbios e experiências 
anteriores traumatizantes por ele vividas. Essas associações espontâneas, 
involuntariamente estabelecidas pelo sujeito durante seu solilóquio em presença do 
terapeuta são, portanto, "significativas" em relação aos sintomas apresentados e 
servem como pista indicadora capaz de levar o terapeuta à identificação das causas 
mais profundas dos males de seu paciente. 
Uma série de indicações e convergências de "sentido" darão ao terapeuta um 
quadro elucidativo da situação patológica em seu conjunto e lhe permitirão - com a 
ajuda das leis gerais das associações de idéias - conjeturar e reconstruir o material 
"esquecido" e recalcado que deu origem aos sintomas mórbidos atualmente 
verificáveis no paciente. 
Durante todo o processo, o terapeuta jamais intervém no próprio curso das 
associações, deixando o paciente inteiramente à vontade, como se estivesse 
falando sozinho. Apenas quando, depois de repetidas horas de sessão, o rumo 
desse "solilóquio" se mostra evidentemente improdutivo (no sentido de que nada de 
realmente significativo pareça vir à tona), ele procurará intervir, sugerindo uma 
palavra, um tema ou imagem que lhe pareça particularmente "fecunda" e a partir da 
qual o paciente passará a estabelecer novas associações. Com isso, o método já 
se aproximará de uma técnica correlata, que é a prova das associações 
condicionadas, a qual é, aliás, preferida por muitos terapeutas desde o início das 
sessões. 
Ao final de cada sessão, o terapeuta pedirá ao paciente para "explicar" e ampliar as 
associações por ele expressas durante o "devaneio". Juntos, procurarão assim uma 
interpretação satisfatória da situação. 
Entre as críticas que se fazem sobre a validade e eficácia de tal método 
psicanalítico, costuma-se chamar a atenção para o fato de que o paciente pode 
facilmente imprimir uma orientação subjetiva e intencional às próprias associações. 
Além disso, sua disposição momentânea, bem como a própria tensão gerada pela 
tarefa proposta, podem influir decisivamente no rumo dado a essas associações 
que, desse ponto de vista, já não seriam realmente livres e espontâneas. A atitude 
preconcebida do próprio terapeuta (por exemplo, sua tendência a tudo querer 
explicar em termos de sexo) pode naturalmente influir no curso do trabalho, 
desviando e falsificando o verdadeiro sentido dos dados obtidos. Mas esses 
parecem ser riscos óbvios, inerentes a qualquer tipo de interpretação psicanalítica. 
Para isso supõe-se a competência profissional de qualquer terapeuta. 
ATENÇÃO - Estado de concentração da energia psíquica sobre um objeto 
determinado, entendendo-se por objeto toda a situação estimuladora capaz de 
captar a atenção do indivíduo. O fenômeno da atenção é um dos mais debatidos 
pelos psicólogos. Há, porém, um ponto pacífico: é o de que a atenção seja "mais 
um grau de intensidade do psiquismo do que própriamente um processo psíquico 
definido e individualizado". 
Atentar, dizem os psicólogos, é observar seletivamente. Nossos sentidos vivem em 
um processo contínuo de interação com o ambiente, do qual recebem um número 
ilimitado de estímulos. Cada um solicitaria, por si, uma resposta particular do 
organismo-resposta a ser elaborada pelo cérebro, sob a forma de sensação, 
percepção, emoção, etc. 
Mas, em qualquer momento de nossa atividade psíquica, o cérebro se concentra de 
modo especial em um determinado estímulo e resposta, em vez de se aplicar a 
todos os estímulos presentes e a todas as respostas possíveis. Além disso, o 
cérebro está mais preparado, ou predisposto, para receber um dentre muitos 
estímulos do momento, bem como para a resposta particular a ser dada. Nisso 
consiste precisamente o fenômeno da "atenção". E uma limitação natural a que está 
sujeita nossa atividade orgânica e psíquica. Nossa atenção pode ser focalizada em 
grau máximo apenas em um objeto de cada vez. 
A atenção é a propriedade distintiva dos fenômenos de nível consciente. A memória 
criadora, a imaginação, o raciocínio apresentam em grau mais ou menos intenso 
essa qualidade de concentração. Qualquer outra manifestação psíquica em que não 
se verifique essa qualidade se situa entre os fenômenos inconscientes. A atenção 
é, pois, uma "qualidade distintiva" que distingue dois campos do psiquismo: o do 
consciente (aquele em que o eu conhece ou cria) e o do inconsciente (aquele em 
que o eu não conhece, embora experimente). 
AUTISMO - Atitude mental peculiar aos esquizofrênicos, caracterizada por 
interiorização intensa, que se manifesta por um fechamento sobre si mesmo, e por 
uma forma de pensamento desligada do real. Por autismo entende-se a constituição 
de um mundo próprio que tende a envolver o indivíduo. O processo de 
desenvolvimento da esquizofrenia propicia a criação deste mundo próprio, 
impenetrável e totalmente alienado. O indivíduo perde o contato com o real e com 
suas coordenadas especiais e temporais, a medida que acentua progressivamente 
o desacordo fundamental consigo mesmo e com os demais. Essa perda da 
continuidade psíquica desloca o profundo sentimento de unidade que une a pessoa 
à sua própria história. Assim, não encontrando mais que facetas de si mesmo, o 
indivíduo se apega a pedaços de realidade ou de sonho, de imagens, de 
recordações ou de idéias, sem poder compor ou manter a unidade de sua pessoa. 
O mundo autístico leva o indivíduo a satisfazer-se com ilusões narcisistas, no qual 
a atividade, a inteligência e a afetividade não podem se manifestar senão pelo 
imaginário. O esquizofrênico freqüentemente se encerra num isolamento total, ou 
seja, em um mundo autístico.BIOGÊNESE - Teoria biológica segundo a qual a matéria viva procede sempre de 
matéria viva. Segundo as teorias formuladas pelos partidários da biogênese, entre 
os quais, Fritz Müller, Serres e Haeckel, a evolução do indivíduo deve reproduzir a 
da espécie. Procurou-se do mesmo modo explicar transformações ocorridas 
durante o desenvolvimento mental do indivíduo pelo desenvolvimento intelectual da 
espécie. 
Segundo C. G. Jung, a história do desenvolvimento das espécies se repete no 
desenvolvimento embrionário do indivíduo. Desse modo, até atingir um certo grau 
de desenvolvimento em sua vida embrionária, o homem atravessa as formas 
anatômicas dos tempos primitivos. A mesma lei vale para o desenvolvimento mental 
do indivíduo. Assim, sempre segundo Jung, a criança se desenvolve a partir de uma 
condição originalmente inconsciente e animal para o estado de consciência. 
Voltando ao ponto de vista da hereditariedade física, Huxley foi um dos grandes 
partidários da teoria biogênica, juntamente com F. Redi e Hertwíg, que afirmou não 
ser determinado e espontâneo o desenvolvimento das células, mas que, pelo 
contrário, cada célula se desenvolve segundo o lugar que passa a ocupar no 
organismo e de acordo com as influências exercidas pelas outras células, assim 
como pelos agentes externos. 
CATALEPSIA - Estado de plasticidade motora no qual o indivíduo conserva as 
posições que lhe são dadas, como se se tratasse de um boneco de cera 
(flexibilidade cerosa). Os músculos tornam-se como que mecânicos. A catalepsia 
pode ser observada, sobretudo, na demência precoce e no sono hipnótico. 
Caracteriza-se por uma perturbação psicomotora que consiste na cessação brusca 
dos movimentos voluntários, sem que haja lesão dos músculos, e na manutenção 
da atitude ou posição em que se encontrava o paciente no momento do ataque. 
Durante a perturbação, o doente conserva o uso perfeito das faculdades, da 
inteligência e da percepção, mas fica impossibilitado de responder às questões que 
lhe são propostas. Os membros se tornam moles, mas não há contrações, embora 
os músculos se apresentem mais ou menos rijos. A catalepsia ocorre em 
determinadas doenças nervosas, debilidade mental, histeria, intoxicações e 
alcoolismo. 
CATARSE - Método que visa eliminar perturbações psíquicas, excitações nervosas, 
tensões e angústia, através da provocação de uma explosão emocional ou de outras 
formas, e baseando-se na rememorização da cena e de fatos passados que estejam 
ligados àquelas perturbações. Ajuda o indivíduo a obter controle emocional e a 
enfrentar os problemas da vida. De acordo com Aristóteles, a palavra 
catarsis significa "limpeza da alma". 
Utilizando a hipnose, J. Breuer fazia reviver na mente do indivíduo, ou melhor, em 
sua memória, algumas cenas que estavam esquecidas, provocando o que se 
denominou "ab-reação", ou seja, uma descarga afetiva com lágrimas e cólera. Foi 
Breuer quem primeiro utilizou o método catártico para curar enfermidades psíquicas. 
Aliás, a catarse está ligada intimamente ao início da Psicanálise de Freud. De fato, 
os primeiros trabalhos desse psicólogo austríaco se acham relacionados aos 
trabalhos dos psiquiatras J. M. Charcot e H. Berheim, bem como também do 
austríaco J. Breuer. 
No início dos estudos de Freud, considerava-se que as neuroses tinham por causa 
algumas fraquezas do sistema nervoso - portanto uma origem física. Quando Freud 
tomou conhecimento dos efeitos da hipnose praticada por Charcot na França, teve 
a idéia de que a histeria poderia apresentar origem psíquica. Tempos depois, Freud 
verificou também a possibilidade de haver conteúdos inconscientes que influenciam 
a conduta humana. Esses dois fatores - a natureza psíquica da histeria e a 
possibilidade de influências inconscientes sobre o comportamento humano - 
surgiram do estudo da hipnose e constituíram aspectos básicos na formulação 
(posterior) de toda a doutrina freudiana. 
Enquanto Freud efetuava contatos com os dois primeiros psiquiatras citados, e 
desenvolvia seus estudos, o médico vienense Breuer fazia um tratamento que se 
tornaria da mesma forma importante para o surgimento da Psicanálise: hipnotizou 
uma moça que apresentava graves sintomas, como paralisia, fobias, desordens de 
linguagem, etc. Durante o sono hipnótico, Breuer propôs à moça algumas palavras 
que ele tinha ouvido da própria paciente, sugerindo que ela explicasse o que as 
palavras lhe faziam lembrar e sentir. A moça então fez narrativas com fortes doses 
de emotividade, ficando patente que o ponto nevrálgico era uma cena de quando a 
paciente estava cuidando de seu pai doente. Após as sessões de hipnose, Breuer 
observou, admirado, que a moça sentia muitas melhoras, parecendo até mesmo 
estar curada. Um tratamento baseado na conversa provocada e dirigida para certos 
assuntos específicos. 
Assim, Breuer concebeu que devia haver uma ligação entre a doença e as 
narrativas carregadas de emoção, ou seja, talvez se pudesse conseguir uma cura 
completa através de descarga emocional provocada pela conversa sobre o fato que 
gerou o mal. Depois, Freud e Breuer trabalharam algum tempo em parceria, e essas 
experiências iniciais de Breuer tiveram papel importante para a formulação da 
Psicanálise, se bem que mais tarde Freud resolveu abandonar a hipnose, preferindo 
usar o método verbal da associação livre, pelo qual o paciente fica consciente, ativo, 
cooperando com o tratamento. 
O método de tratamento iniciado por Breuer, e que se chama catarse, se resume 
nos seguintes pontos: 
a ) houve na vida da pessoa um acontecimento envolto em muita emoção. Essa 
emoção não pode manifestar-se em ações nu verbalmente, no tempo certo, fazendo 
surgir um trauma psíquico; 
b) do trauma surge o mal psíquico, alimentado pelos restos daquela emoção 
reprimida, e que permanecem no inconsciente; o indivíduo se torna histérico; 
c) entretanto, o indivíduo não tem conhecimento consciente do trauma, isto é, não 
se lembra dos fatos ou daquele acontecimento específico que provocou o mal; 
d) enfim, para livrar o paciente, será necessário submetê-lo à hipnose. No estado 
hipnótico, o psiquiatra provoca a lembrança dos pontos importantes ligados 
diretamente às causas da histeria e também provoca fortes emoções vindas 
daquela lembrança. Essa memorização e essa descarga emotiva tem efeito 
purificador, livrando a mente do indivíduo do problema, ou seja, trata-se de uma 
purificação que traz cura - daí a denominação de método catártico. Quando porém 
a lembrança de fatos específicos ligados ao mal não provoca as fortes emoções, 
Breuer notou que não advém a cura, por isso, é importante provocar a descarga 
emotiva. 
A confissão de erros que os católicos fazem ao padre é, em última análise, uma 
aplicação prática do método catártico, se considerada no campo da Psicologia. 
Confessando-se, o indivíduo passa a ter um alívio do sentimento de culpa. 
CATATONIA - Síndrome complexo encontrado habitualmente na demência 
precoce, consistindo, sobretudo, em negativismo, bloqueio, sugestibilidade, 
maneirismo, catalepsia, estereotipia, etc. A evolução da catatonia traz uma 
crescente deficiência intelectual ao paciente, cujos movimentos se estereotipam. 
Dois dos principais sintomas da catatonia são a sugestibilidade e o negativismo do 
indivíduo. No primeiro caso, há exagerada tendência do doente a submeter-se às 
sugestões externas, especialmente as fúteis e sem consequências benéficas. No 
segundo caso, verifica-se uma teimosa oposição à execução do que se pede ao 
doente que faça, chegando ao ponto de realizar exatamente o inverso daquilo que 
lhe é indicado. Como catatonia compreende-se também a contração de 
determinados grupos de músculos, o que provoca atitudes estereotipadas, sem que 
se dê, no entanto, a cessação dos movimentos voluntários. 
CINESTESIA - É o sentido do movimento corporal e da tensão muscular provocados 
pelas forças mecânicas queinfluenciam os receptores nos músculos, nos tendões 
e nas articulações. 
A cinestesia - literalmente "sensibilidade ao movimento" - é um dos nossos sentidos 
fundamentais. Dá informações a respeito dos movimentos das estruturas físicas, do 
levantamento dos braços, das rotações do globo ocular, do ato de engolir; informa, 
em suma, a respeito de todas as ações motoras. Além disso, é responsável pela 
sensação de tensão e de esforço muscular. 
Os estímulos físicos para as sensações cinestésicas são forças mecânicas que 
atuam sobre os receptores localizados nos músculos, nos tendões e nas 
articulações do corpo. À medida que os músculos funcionam, modificando as 
posições das partes do corpo, diversos padrões de pressões, nesses receptores, 
fornecem a informação essencial para a orientação da ação motora. Há uma grande 
interação entre essas sensações cinestésicas e outros aspectos de nossa 
experiência perceptual. A percepção visual da distância, por exemplo, inclui entre 
outras coisas, uma síntese completa de informações das retinas e do movimento 
dos músculos dos globos oculares. 
Normalmente, não nos damos conta do papel das sensações cinestésicas em nosso 
comportamento. Sua importância se revela, porém, e de modo dramático, nos casos 
em que vem a falhar. Certas pessoas podem apresentar doenças em que perdem, 
em caráter permanente, as sensações cinestésicas de certas partes do corpo - as 
pernas, por exemplo - em conseqüência da destruição dos nervos sensoriais 
essenciais. Pode-se então observar que essas pessoas ao caminhar arrastam com 
dificuldade os pés e olham continuamente para eles. Sem essa orientação visual, 
não seriam sequer capazes de se locomover, pois não dispõem de uma informação 
cinestésica direta sobre o que está ocorrendo com os músculos da perna. 
Estreitamente ligadas às sensações cinestésicas estão as "sensações 
vestibulares", responsáveis pela percepção do movimento espacial e da orientação 
do corpo como um todo, ou seja, as sensações relacionadas com o sentido do 
equilíbrio. 
COMPENSAÇÃO - Mecanismo de defesa que tem por objetivo alcançar uma 
diminuição da ansiedade surgida de situações de inferioridade (real ou imaginária) 
e de assegurar o indivíduo em relação aos demais. 
A inferioridade é o fundamento dos mecanismos compensadores, podendo ser uma 
inferioridade real ou uma inferioridade criada pela mente do próprio indivíduo, e 
portanto imaginária apenas. Esses mecanismos freqüentemente conduzem à super 
compensação, satisfazendo o indivíduo mas sendo fictícia em relação aos valores 
sociais. A personalidade se esforça sempre para obter uma auto-estimulação e um 
sentido de segurança satisfatórios, frente aos estímulos sociais e à realidade. 
Alguns indivíduos, quando frente a esses estímulos sociais e frente à realidade, 
conseguem promover atividades positivas, porque suas reações se acham bem 
integradas; mas outros procuram isolar-se do grupo, não conseguindo promover 
qualidades satisfatórias da personalidade. 
COMPLEXO - É um conjunto estruturado de atributos pessoais, geralmente 
inconscientes e adquiridos na infância por cristalização das relações humanas num 
círculo familiar e social ao mesmo tempo típico e singular. Esse termo foi introduzido 
na psiquiatria por Jung, que o define como um agrupamento de elementos psíquicos 
que envolvem conteúdos de tonalidade emocional. Aparentemente, os conteúdos 
de um complexo podem ser conscientes ou inconscientes. 
Jones define o complexo como grupos de idéias coloridas emocionalmente, parcial 
ou totalmente reprimidas. Pode-se, em geral, dizer que os conflitos psíquicos 
fundamentais, provocados geralmente durante as etapas de sexualidade infantil, 
podem gerar um complexo. Fala-se, assim, de complexos de Édipo, Eletra e de 
Castração. 
Nem todos os complexos decorrem porém de problemas relacionados com o sexo. 
Muitos são provocados por situações econômicas, sociais, culturais, podendo-se, 
desse modo, distinguir complexos de superioridade, inferioridade e familiar. 
Conseqüentemente, embora a infância seja a fase mais própria à germinação de 
complexos, eles podem ser provocados e manifestarem-se em qualquer fase da 
vida. 
COMPLEXO DE ÉDIPO - É o apego erótico e excessivo, às vezes inconsciente, do 
filho em relação à mãe, paralelamente ao desenvolvimento de sentimentos 
obscuros de ciúmes em relação ao pai que, no caso, se apresenta à criança como 
o principal rival. Quando existem várias crianças numa família, o complexo de Édipo 
expande-se e passa a ser denominado complexo de família. Quando os filhos 
crescem, um dos meninos pode, com efeito, tomar a irmã como substituta da mãe, 
a qual não pode possuir somente para si, porque não conseguiu vencer seu rival, o 
pai. 
Diretamente, porém, podemos considerar que o amor à mãe e a hostilidade ao pai 
constituem os dois elementos básicos do complexo de Édipo na concepção do 
próprio criador do termo, Freud. 
Édipo é o personagem principal de uma antiga lenda grega eleito pelo destino para 
matar seu pai e desposar sua mãe. Ao tomar consciência do crime que havia 
praticado, Édipo, corroído pelo remorso, furou seus próprios olhos para se punir. 
Essa mesma história, segundo Freud, se repete na vida das crianças em relação 
aos seus pais e mães. Segundo o criador da psicanálise, isso acontece quando o 
menino começa a manifestar exagerada preferência pela mãe e querer que ela 
exista só para ele. Ciumento em relação ao pai, o menino faz tudo para afastá-lo de 
sua convivência com a mãe, vindo posteriormente a sentir-se culpado de uma falta 
grave, relacionada quer com seu amor erótico pela mãe, quer com sua aversão pelo 
pai. 
O fato de que as crianças sejam capazes de ter sentimentos amorosos em relação 
a seus pais não constitui motivo de espanto, pois sabemos que elas tem vida sexual, 
embora o sexo, na fase infantil, não se manifeste de forma genital. Segundo Freud, 
o complexo de Édipo não só é normal como pode aparecer e desaparecer durante 
toda a infância, dando lugar a um perfeito equilíbrio emocional nas relações entre 
pais e filhos. 
Quando porém, por um motivo ou outro, determinados fatores impedem esse 
desenvolvimento, as conseqüências podem ser bastante graves, chegando mesmo 
a estragar completamente a vida do adulto. Os homens que não conseguem superar 
o complexo de Édipo tornam-se geralmente, efeminados e medrosos. Com efeito, 
quando o menino, que ama a mãe e odeia o pai, sente-se incapaz de enfrentar de 
igual para igual seu rival, o complexo de Édipo entra por um caminho normal de 
evolução. O menino desfaz-se de sua agressividade para tentar vencer o pai por 
outros métodos. Para isso, ele irá cada vez mais renunciando à sua virilidade e 
tornando-se submisso. Em vez de se comportar como homem, começa a se 
comportar como mulher, procurando se identificar com a mãe para, com ela, dividir 
as simpatias e atenções do pai. 
Esse complexo mal superado na infância pode, segundo Freud, conduzir muito 
facilmente o indivíduo a ser, na fase adulta, homossexual ou, pelo menos, um tipo 
submisso e acovardado. Por outro lado, a experiência de haver amado a mãe, 
sabendo que ela não podia lhe pertencer exclusivamente, pode ainda, segundo o 
criador da psicanálise, marcar profundamente o espírito da criança pela idéia de 
que o objeto do amor deve sempre ser disputado com um rival. Quando chegar à 
fase adulta, o indivíduo poderá sentir-se incapaz de amar uma mulher 
completamente livre. Pelo contrário, sentirá grande prazer em disputar com outro 
homem a noiva ou a esposa. 
Para Adler, o complexo de Édipo parece menos complicado e é motivado, em 
grande parte, pelos excessivos mimos dispensados à criança. Pensa que a atitude 
normal da criança é um interesse quase igual para com o pai ou a mãe, mas 
considera que são fatores externos que motivarão desencadeamento de maior 
interesse para com um ou outro dos pais. Por exemplo,certos traços do pai podem 
fazer com que o menino se apegue mais intensamente a ele que à mãe; uma mãe 
excessivamente carinhosa pode afastar a criança do pai, fazendo com que fique 
mais achegada a si. Apegando-se excessivamente à mãe, a criança torna-se mais 
ou menos parasita, procurando-a para satisfação de todos os seus desejos, também 
os sexuais. Se, por outro lado, existir atração do menino pelo pai, Adler explica esse 
fenômeno como sendo não-sexual mas preparatório para assumir um outro estágio 
do desenvolvimento sexual. 
A criança "mimada" é, segundo Adler, sexualmente precoce porque aprendeu a não 
se privar de coisa alguma. Conseqüentemente, entregar-se-á à fantasia erótica, 
superestimulando seu desenvolvimento sexual. A esse respeito, os carinhos 
excessivos da mãe podem constituir outro fator de excitação sexual e as fantasias 
sexuais, nas quais a criança se refugia, serão dirigidas para a mãe. 
Por isso, segundo Adler, o complexo de Édipo nada mais é que "uma das múltiplas 
formas que aparecem na vida da criança mimada, que é joguete de suas excitadas 
fantasias". 
Para Jung, o começo real da sexualidade se opera por volta do sexto ano. 
Conseqüentemente, toda manifestação de amor por parte do menino para com a 
mãe não pode ser considerado como manifestação sexual propriamente dita. Até 
essa idade, a mãe não tem significado sexual de qualquer importância. É apenas 
uma fonte de proteção e de nutrição que, por isso mesmo, faz com que a criança a 
ela se apegue com maior intensidade que ao pai. 
Somente com o decorrer do tempo esse interesse relacionado com a alimentação 
consubstanciada na pessoa da mãe vai cedendo lugar ao complexo de Édipo em 
sua significação propriamente erótica. 
Para Erich Fromm, o mito de Édipo não deve ser considerado como um símbolo 
incestuoso entre mãe e filho, mas como uma rebelião do filho contra a autoridade 
paterna numa família patriarcal. Segundo ele, o complexo de Édipo não se verifica 
em qualquer tipo de família. Basta que a criança tenha um melhor relacionamento 
com outros indivíduos de sua idade para que não se verifiquem tensões tão 
acentuadas entre pais e filhos. 
Analisando a teoria freudiana relativa ao complexo de Édipo, Fromm afirma que as 
observações do criador da psicanálise são parciais e inconsistentes. Para Fromm, 
o conflito entre pai e filho resulta do fato de, numa sociedade patriarcal, ser a 
criança, especialmente a do sexo masculino, considerada como uma propriedade 
do pai, como um bem imóvel ou mesmo como um "animal de carga". Semelhante 
atitude e tratamento dado pelo pai ao filho opõe-se ao desenvolvimento livre e 
independente da criança. Fromm considera tanto o complexo de Édipo como a 
neurose manifestações de um conflito entre a luta do homem pela liberdade e auto-
afirmação e os princípios éticos e sociais que impedem o alcance de liberdade, 
frustrando os indivíduos que naturalmente a procuram. 
Para Fromm, quando tivermos uma sociedade que respeite a integridade de todos 
os indivíduos, incluindo todas as crianças, o complexo de Édipo, como um mito, já 
pertencerá ao passado. 
Harry Stack Sullivan pouco difere de Fromm na interpretação do complexo de Édipo. 
Segundo ele, trata-se mais de um problema de liberdade que de sexo. Dá 
fundamental importância ao papel dos pais, especialmente da mãe (na infância e 
na puberdade). Segundo ele, o sentimento de familiaridade que o pai ou a mãe 
alimenta em relação ao filho do mesmo sexo conduz a uma atitude que produz 
ressentimento e hostilidade por parte da criança. Por outro lado, em virtude da 
própria diferença de sexo, o pai ou a mãe trata o filho do sexo oposto com maior 
consideração. 
A diferença de sexo faz com que o pai se sinta menos apto para orientar a vida da 
filha e, assim, trata-a com mais cuidado, por assim dizer "com luvas de pelica". Isso 
faz com que se manifeste na família maior afeição da filha pelo pai e do filho pela 
mãe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DELÍRIO - Alteração grave do juízo representada pela crença numa idéia falsa ou 
irreal, ou um conjunto de idéias que não têm base na realidade e não são suscetíveis 
à influência da razão, da lógica, ao senso comum, da persuasão ou de uma 
explicação racional. Podemos também definir delírio como uma crença patológica 
em fatos irreais ou concepções imaginativas destituídas de base. Os temas comuns 
são as idéias de grandeza, perseguição, ciúme e culpabilidade. Trata-se 
freqüentemente de elaborações mais ou menos incoerentes, fantásticas e 
puramente imaginativas. 
Por outro lado, o delírio é uma manifestação muito pessoal da realidade, motivada 
por necessidades também muito pessoais. A expressão delirante do Eu se 
manifesta por idéias típicas. No delírio de grandeza o indivíduo se crê dono do 
mundo, dando magnífica importância a si mesmo. Acredita, por exemplo, que é 
Napoleão, Deus ou Buda. Pode ainda acreditar que é objeto de um amor absoluto, 
dono de um pensamento inspirado ou de um corpo perfeito e prodigioso. 
No delírio de referência, o indivíduo sente que todos o observam e estão falando 
sobre ele. O delírio de persecução caracteriza-se pela crença do indivíduo em que 
todos tratam de ameaçá-lo ou destruí-lo de alguma maneira. Os delírios corporais 
são aqueles em que a pessoa tem idéias confusas sobre seu corpo. Acredita que 
seu organismo está se decompondo, que está mudando de sexo ou que expele 
maus odores. 
Não se pode esquecer que pode ocorrer também um sistema delirante complexo, 
envolvendo os vários tipos acima mencionados. Um mecanismo bastante freqüente 
na maioria dos delírios é o delírio de interpretação. É caracterizado pela organização 
e extensão progressiva de um sistema delirante ao redor de numerosas 
interpretações sem que haja, habitualmente, alucinações. Caracteriza-se também 
pela persistência da lucidez, ausência do enfraquecimento intelectual e 
incurabilidade. 
Uma manifestação mais comprometedora do delírio é o estado chamado agudo. É 
caracterizado por uma confusão mental grave que se acompanha de um 
comprometimento profundo do estado geral, distúrbios da temperatura, agitação, 
alucinações, etc. Esse estado liga-se a uma lesão tóxica ou infecciosa do encéfalo, 
podendo provocar a morte. Uma forma de delírio agudo é o delirium tremens , que 
ocorre no alcoólatra crônico, quase sempre por ocasião de um traumatismo, de 
moléstia, ou suspensão brusca da bebida. Caracteriza-se por agitação, tremores, 
suores e alucinações terrificantes. 
A permanência de um sistema delirante invariável é a característica principal das 
alterações chamadas paranóides. Como a característica principal de um delírio é 
sua invulnerabilidade à influência da persuasão exterior é evidente que nada se 
conseguirá com a tentativa de convencer o indivíduo da falta de lógica de sua idéia 
delirante. Tal intento poderá somente intensificar sua angústia e aumentar a 
necessidade de projetar-se mais longe. Pelo fato de que a idéia delirante pode ser 
um perigo para o indivíduo, faz-se necessária sua internação. Em alguns casos, 
porém consegue-se alguma recuperação do enfermo somente afastando-o de um 
ambiente tenso. 
DEMÊNCIA - Debilitamento psíquico profundo, global e progressivo, que altera as 
funções intelectuais básicas e desintegra as condutas sociais. Considerado durante 
muito tempo como sinônimo de loucura, esse termo designa hoje um 
enfraquecimento mais ou menos acentuado das faculdades mentais, decorrente de 
lesões do cérebro. A demência afeta a personalidade do indivíduo deteriorando seu 
sistema de valores lógicos, de conhecimento, de juízo e de adaptação ao meio 
social. otencial evolutivo (duração, profundidade e progressividade) da demência 
depende essencialmente dos processos cerebrais que a condicionam. Uma 
observação atenta ao comportamento do indivíduo pode indicar o grau de seu 
estado demencial. A apresentação pessoal fora do comum,a atividade 
desordenada, absurda ou nula, a perda da iniciativa e do interesse por adaptar-se 
a uma melhor situação, a incapacidade de auto direção são alguns sintomas 
característicos de uma profunda desintegração psíquica. Na maioria dos casos a 
linguagem do indivíduo perde toda sua coerência e significação, sendo que em 
certos enfermos somente subsistem restos de vocabulário. 
As circunstâncias que indicam o início de um estado demencial são: transtornos de 
conduta, atos absurdos, como compras desproporcionais e modificações em sua 
conduta no trabalho, em família, nas suas relações privadas ou sociais. No entanto, 
o estado demencial não se evidencia rapidamente, já que o debilitamento intelectual 
permanece camuflado, seja por uma evolução lenta ou por uma tolerância do meio, 
quase sempre surpreendente. 
Entre os diversos tipos de estado demencial temos a demência vesânica, que 
envolve uma profunda desarticulação da personalidade, constituindo uma síndrome 
correspondente ao último estágio de evolução de um delírio crônico. Estão nesse 
caso as demências que sobrevêm à continuação da evolução da uma psicose, em 
geral de longa duração. Aqui a demência não forma parte integrante do conjunto 
sistemático, mas constitui uma complicação progressiva. São estados de marasmo 
psíquico de certa maneira secundários a uma evolução psicótica. 
Há também a demência precoce, que constitui uma doença mental muito freqüente 
que se inicia, em geral, na adolescência. Caracteriza-se pela inércia, quebra de 
afetividade, fechamento sobre si mesmo (autismo), perturbações no sistema do 
pensamento, discordância, dissociação intelectual com desvios no comportamento 
e diversos outros sintomas que reunidos recebem o nome de catatonia. A demência 
precoce parece estar ligada, entre outras coisas, a uma degenerescência do 
sistema nervoso, ou a um comprometimento tóxico-infeccioso do cérebro. 
Acompanha-se, às vezes, de enfraquecimento progressivo da inteligência e 
também algumas vezes de delírios. A evolução é longa, podendo ser entrecortada 
por períodos de remissão. A terapêutica moderna possibilita a cura de um apreciável 
número de casos de demência precoce. 
O que verdadeiramente caracteriza o demente são as qualidades de seu psiquismo 
que diante da observação médica o apontam como um ser que perdeu a razão. Sua 
indolência, o desaparecimento de seus valores éticos, sua indiferença aos valores 
lógicos, sua adaptação a uma vida animal fora dos problemas especificamente 
humanos ou sociais são algumas características fundamentais do Eu demencial. 
Neste sentido diz-se que o demente não tem inteligência, se por isso se entende a 
capacidade para o exercício do pensamento e o poder da razão, E é por isso 
também que se pode dizer que a demência dá lugar, na Psiquiatria, à mais grave 
"desumanização do homem". Por outro lado, isso não significa que o demente esteja 
fatalmente ligado a essa condição desumana. Implica somente no fato de que os 
esforços para faze-lo sair dessa condição são extremamente difíceis e que 
fracassam na maioria das vezes. 
Durante muito tempo tem-se tentado localizar no cérebro as funções que em 
conjunto constituem a inteligência e cujos transtornos justapostos constituem a 
demência. No entanto, muita coisa ainda está por se descobrir, sendo essa uma 
das mais sérias preocupações da neurofisiologia moderna. 
DEPRESSÃO - Estado mental mórbido, que se caracteriza por lassidão, desânimo, 
fadiga e freqüentemente é acompanhado por ansiedade mais ou menos acentuada. 
A depressão é considerada a forma mínima de melancolia, sendo caracterizada por 
sentimentos de tristeza, desalento, solidão e isolamento. Muitas vezes os 
sentimentos de depressão se encontram disfarçados por outros males, tais como 
sonolência, anorexia, insônia, perda de peso, mal-estar geral, irritabilidade e 
diversas outras enfermidades físicas. 
A depressão pode ser registrada em escalas que vão desde o estado normal até a 
psicose. Dependendo de seu estágio, uma depressão pode ser eliminada 
facilmente, podendo o indivíduo voltar à vida normal. Na depressão patológica o 
indivíduo se mostra muito pouco comunicativo e com um aspecto bastante 
melancólico. Pensa que a vida é triste e não apresenta motivações. À medida que 
a depressão se torna mais intensa, pode haver um retardamento nos processos do 
pensamento. O indivíduo afetado de depressão patológica pode permanecer horas 
sentado numa mesma posição, com uma expressão de apatia e tristeza. Quando 
fala, suas palavras demonstram aflição, desespero, ausência de prazer pela vida, 
carência de auto-estima e uma constante sensação de vazio. São comuns os 
sentimentos de fracasso e desprezo nos indivíduos afetados de depressão 
patológica. 
É importante distinguir numa depressão, se a faculdade do paciente para 
compreender e avaliar a realidade está intacta (característica própria da depressão 
neurótica), ou se a interpretação da realidade se encontra distorcida (depressão 
psicótica). Às vezes é difícil fazer essa distinção porque os pacientes deprimidos 
são pouco comunicativos e não revelam alterações nos processos de raciocínio. Na 
depressão psicótica são freqüentes os delírios (crenças falsas), e as alucinações 
(falsas impressões sensoriais) relacionados com o corpo ou com as funções 
orgânicas. Freqüentemente, a internação do indivíduo se faz necessária nos casos 
de depressão psicótica. 
Depressão pós-parto - Este tipo de depressão se apresenta geralmente entre três 
semanas e três meses depois do parto. Tem como características principais o 
pânico, o temor de uma sensação de incapacidade para cuidar do recém-nascido. 
Embora tenha sido considerada em princípio como uma alteração orgânica, a 
depressão pós-parto vem sendo reconhecida cada vez mais como uma 
enfermidade funcional que se produz em resposta aos problemas da maternidade. 
Depressão analítica - A reação de uma criança à uma repentina perda da mãe se 
caracteriza por falta de interesse no ambiente que a rodeia, retraimento, perda de 
apetite, insônia, apreensão e outros sintomas que observados num adulto seriam 
considerados como depressão normal. Numa criança, porém, é chamada 
depressão analítica. Essa mesma reação pode ser observada simplesmente 
suprimindo-se a atenção materna para a criança, e sua origem é mais psicogênica 
que orgânica. 
As depressões podem ser classificadas em exógenas e endógenas. Exógenas são 
as depressões provocadas por acontecimentos perceptíveis no meio ambiente. 
Endógenas são aquelas que não têm causa externa evidente e parecem surgir de 
forma espontânea, mostrando tendência à repetição. No entanto, muitos psicólogos 
não aceitam essa distinção. Consideram que a maior parte das depressões, depois 
de um estudo cuidadoso, demonstram ser uma reação a algum transtorno no mundo 
real ou imaginário do indivíduo. Outros estudiosos destacam a importância dos 
fatores genéticos e constitucionais como determinantes de todas as reações 
depressivas. 
DESEJO - Um impulso não satisfeito em tempo leva ao surgimento de uma tensão 
- que caracteriza o desejo. Portanto, quando o indivíduo pensa na coisa desejada, 
está criando ou aumentando tensão psíquica, ficando assim como alvo de 
motivação que o levará a agir no sentido de satisfazer o desejo surgido. Num 
sábado, por exemplo, lembramos que muitos restaurantes servem feijoada como o 
prato do dia, e essa lembrança desperta em nós o desejo de saborear esse prato. 
Se houver algum contratempo ou se uma pessoa qualquer nos desaconselhar a 
comer feijoada, pode acontecer de a tensão aumentar, e teremos excitado o desejo. 
Até que somos levados a procurar um restaurante, isto é, agimos conforme a 
motivação mandava, e almoçamos o prato desejado - nesse ponto estamos 
reduzindo ou desfazendo a tensão anteriormente provocada. Portanto, o desejo é 
ainda uma força que tem por objetivo aliviar tensões. 
Oestudo do desejo compreende duas partes distintas: o estado psicológico do 
indivíduo, ou seja, o sentimento e a emoção que o indivíduo está tendo e a ação ou 
atividade que o indivíduo se prepara para realizar, isto é, o motivo que o leva a agir. 
Desejando algo, o indivíduo já se está se preparando para obter a meta em vista, e 
também se sente num estado emotivo especial, de expectativa, que pode variar em 
intensidade, conforme o motivo seja mais forte ou menos forte. 
Convém notar a diferença entre desejo e vontade: esta é resultado de uma escolha, 
uma resolução pensada refletida; mas o desejo, às vezes, pode ser irrefletido, 
dominado por impulso e até pode fazer com que a pessoa fique fora de si se se 
tratar de um desejo muito violento. Pela ação da vontade, porém, um desejo pode 
ser reprimido, havendo um conflito entre ambos. 
Outra distinção que se deve fazer é a entre desejo e necessidade: esta visa corrigir 
ou suprimir uma falta, uma deficiência um mal-estar, ao passo que o desejo visa 
obter satisfação por si mesma, sem que seja preciso haver anteriormente uma falta, 
uma deficiência, uma perturbação qualquer que justifique o sentimento e a ação 
correspondente. Mas desejo e necessidade estão relacionados. No exemplo já 
citado da feijoada, a satisfação de saborear determinado prato (satisfação de um 
desejo) se alia à satisfação da necessidade de ingerir alimento (eliminar a fome). 
Mas se repetirmos três vezes a feijoada, será por prazer, certamente para satisfazer 
o desejo de saborear o prato, e não mais por necessidade de ingerir alimento 
(fome). 
As modernas técnicas publicitárias em geral se preocupam em "criar" necessidade 
e desejos, através da motivação, a fim de provocar a compra dos produtos. Isso se 
dá em particular quando se trata de produtos novos, ou seja, quando precisam fazer 
o lançamento de novos produtos. As "mensagens" propagandísticas procuram 
então "atiçar" os desejos do público consumidor, e mostrar-lhe, por meio da 
persuasão, que a vida moderna, o progresso tecnológico, as novas condições 
sociais, etc., lhe permitem gozar disto ou daquilo que, anteriormente, talvez fosse 
privilégio de uma minoria. Isso realmente proporciona a possibilidade de se 
desfrutar certas comodidades materiais, criando, porém, no público consumidor 
condições para uma vida muito intensa e nervosa, mercê de prestações, de 
expectativas novas, de desejos maiores, de mudanças de atitudes e até de 
preocupações, frustrações, tensões, que surgem tanto quando se conseguem 
satisfazer as novas necessidades e os novos desejos, como também e 
especialmente quando eles não são satisfeitos por incapacidade ou insuficiência de 
meios, ou ainda por quaisquer outras razões. É um fenômeno típico das populações 
das grandes metrópoles, mas que se verifica igualmente em cidades médias do 
interior, graças aos modernos meios de comunicação de massa, que levam as 
mensagens da propaganda comercial até aos lares do público, que acaba sendo 
público consumidor às vezes até contra a sua vontade natural. 
DINÂMICA DE GRUPO - Fenômeno que se observa em reuniões de um grupo de 
indivíduos, quando se pode observar a ocorrência de transferências psico-afetivas 
na relação entre os integrantes do grupo. É a dinâmica de grupo que permite 
modificarem-se atitudes de pessoas reunidas, e que antecipadamente não se 
conheciam. 
Em geral, organizam-se grupos de 6 a 12 pessoas, que não se conhecem 
antecipadamente, e que são colocadas a conversar informalmente. Nas reuniões as 
pessoas acabam estudando seu próprio comportamento, tomando conhecimento 
de suas atitudes com relação aos demais, bem como tomando conhecimento dos 
motivos que determinam esse comportamento. Dessa forma, cada indivíduo é 
levado a modificar sua conduta, sem ser forçado declaradamente a isso. 
Foi K. Lewin o primeiro psicólogo a verificar que as pessoas consideram 
ameaçadoras as atitudes declaradas que visam a modificar sua personalidade, sua 
maneira de agir e de pensar, chegando mesmo essa situação a provocar angústia 
em vista da idéia de fracasso; a pessoa reage negativamente a uma observação 
que tenha por objetivo alcançar uma modificação em sua personalidade. Daí, se 
uma sugestão direta pode provocar tal reação negativa, Lewin e seus colaboradores 
elaboraram uma técnica indireta para modificar atitudes, através da provocação de 
transformações psico-afetivas na relação que acaba surgindo entre pessoas que 
não se conhecem e que são reunidas informalmente. Em contato com semelhantes, 
os indivíduos acabam fazendo como que uma auto-análise, o que os leva a 
modificar seu comportamento com naturalidade. Essa técnica se baseia nos 
fenômenos da interação no grupo. 
 
 
 
 
DOR - Sensação desagradável de intensidade variável - desde a dor que se pode 
tolerar sem desprazer maior, até a que provoca emoção violenta. É causada por 
perturbação física, no que se diferencia de outras emoções, como a alegria, a culpa, 
o remorso, o amor. 
No sentido psicofisiológico, a dor é uma sensação específica de um tipo de 
desprazer, de sofrimento, de contrariedade. Pode ser sentida pelos pontos de dor 
existentes na pele (além desses, a pele possui também pontos tácteis, pontos de 
frio e pontos de calor). Mas há igualmente as dores internas, ou melhor, as que se 
manifestam em órgãos internos e músculos. Distinguem-se ainda as dores surdas, 
agudas, tensivas, pulsativas, e outras. Alguns autores afirmam que a sensação de 
dor é um efeito de excitação muito forte, e portanto uma dor determinada seria uma 
variação de grau de intensidade, em uma sensação determinada. 
A dor de origem desconhecida tem efeitos psicológicos: sentindo a emoção da dor 
sem saber sua causa, o indivíduo pode ser tomado de medo, imaginando alguma 
doença grave; ao contrário, quando o indivíduo sabe qual é a causa da dor, sua 
intensidade pode até diminuir. 
 
 
 
EGO - Para Freud, o Ego é o resultado de um processo repetido de transformação 
das tendências inconscientes mais superficiais, ao contato da realidade exterior e 
graças à intervenção da percepção consciente. Mas esta instância da personalidade 
é, talvez, a mais difícil de ser definida e caracterizada. 
Quando refletimos sobre nós mesmos, sobre o nosso "eu", formamos uma noção 
que representa nossa individualidade, aquilo que faz com que sejamos uma pessoa 
bem determinada e bem distinta das outras pessoas. 
Segundo Freud, há na estrutura da personalidade conteúdos inconscientes 
facilmente acessíveis, que entram em relação com o mundo exterior. Sabemos, com 
efeito, que as necessidades, idéias e impulsos tentam continuamente se 
exteriorizar. Sabemos ainda que essas idéias podem se entrechocar com forças 
opostas do mundo exterior estabelecendo um conflito ou um acordo entre forças 
antagônicas. Freud invoca, então, um processo consciente que vai desempenhar, 
de certo modo, o papel de informante e de agente de transmissão da maneira como 
se faz o encontro entre as tendências inconscientes e as forças externas. Em suma, 
pode-se considerar o Ego, nessa perspectiva, como o resultado de um encontro. 
Ainda sob esse ângulo, o Ego aparece como essencialmente passivo. Com efeito, 
tomar consciência, registrar os resultados e os episódios de um choque entre duas 
forças não é uma função ativa. Ora, na estrutura da personalidade, o Ego é um 
elemento ativo, que desempenha um papel capital na existência. Essa função ativa 
consiste, segundo Nacht, em transformar esta tomada de consciência em uma 
consciência do ser e em uma participação na atividade geral. 
O Ego é, por conseguinte, o ponto que marca a encruzilhada entre o inconsciente e 
o mundo exterior. É uma espécie de sentinela, de guarda, de barreira que controla 
a comunicação entre esses dois mundos mantidos constantemente sob sua tutela 
e observação. Basicamente, o Ego é um mediador entre o exterior e o inconsciente. 
Ele assiste às lutasferozes entre as tendências inconscientes e a realidade. Essas 
lutas afetam profundamente o indivíduo para o bem ou para o mal, e o Ego procura 
conciliar os dois adversários, tudo fazendo para encontrar uma solução que possa 
satisfazer, senão totalmente, pelo menos em parte aos elementos conflitantes. Uma 
das funções essenciais do Ego é, portanto, procurar o melhor compromisso, o 
melhor acordo possível entre o mundo exterior e as pulsões inconscientes. 
O Ego é o juiz que procura evitar ao indivíduo choques traumatizastes entre grupos 
de forças antagônicas. 
Desenvolvimento do Ego: O Ego é o resultado de uma formação progressiva, 
inexistente ao recém-nascido. É um produto do desenvolvimento, das experiências 
contínuas que o indivíduo faz no decorrer de sua existência. Não se trata, pois, de 
uma realidade acabada, embora atinja certa estabilidade na maturidade. Sua 
evolução é mais rápida durante os períodos de formação do indivíduo do que 
durante a idade adulta. 
A primeira fase do desenvolvimento do Ego situa-se nos primeiros meses da vida 
infantil, quando a criança não é ainda capaz de se distinguir das pessoas e dos 
objetos que a rodeiam. Nessa fase da vida não se pode falar de um Ego, visto serem 
pouco numerosos os conflitos verificados entre as necessidades inconscientes e o 
meio ambiente. Em geral, a criança é satisfeita em suas necessidades, embora 
experimente sensações de desconforto, de dores, fome, etc. Não se pode, portanto, 
negar que já exista algum começo de organização do Ego. 
Na segunda fase, a criança começa a sentir-se diferenciada de seu meio. Começa 
a distinguir os objetos a seu redor, como a mãe e os brinquedos. É uma percepção 
ainda confusa mas que já indica a origem do Eu rudimentar. A partir dessa fase, 
que se verifica geralmente aos três ou quatro anos, a percepção do próprio corpo 
vai desempenhar importante papel no desenvolvimento do Ego. Cada conflito, cada 
experiência, a partir de então, irá colaborar na formação do Ego, cristalizando-se 
em núcleos suplementares. Mas para que haja um Ego bem organizado é 
necessário esperar que todos esses núcleos se reúnam e criem uma função bem 
unificada, realçando os contornos do corpo e enriquecendo-lhe a imagem. Começa, 
então, a identificação de cada parte do corpo, tanto por experiências diretas, 
ferimentos ou sensações, como por relação com as outras partes já conhecidas. 
A última fase consiste na aparição de um Ego bem estruturado e capaz de exercer 
todas as funções que lhe são destinadas. Isto só acontece por volta dos cinco anos. 
O Ego começa a revelar um cuidado feroz pelo indivíduo mas vai, ao mesmo tempo, 
aprendendo a levar em conta as necessidades dos outros, ensaiando os primeiros 
passos nas relações sociais com pessoas que não fazem parte de seu núcleo 
familiar. 
Em síntese, o Ego se desenvolve segundo duas grandes modalidades: a 
diferenciação, isto é, o mecanismo pelo qual a criança se define pouco a pouco 
como uma individualidade bem distinta do meio ambiente e a integração, que 
consiste na formação de núcleos de ego, mediante experiências realizadas em face 
de barreiras à satisfação de necessidades. 
A partir de experiências mais ou menos variadas, a criança descobre respostas 
específicas para determinadas situações. Ela é, ainda, incapaz de respostas 
generalizadas, em razão da falta de unidade ou de continuidade da consciência. 
Haverá uma forma especial, por exemplo, de sorrir para responder à mãe e outra 
para o pai, enquanto que perante o estranho a única manifestação é, geralmente, o 
choro. 
A integração far-se-á em termos de finalidade, atividades, e esse processo de 
desenvolvimento permitirá o estabelecimento de relações inteligentes com os outros 
homens. 
EMOÇÃO - Estado sentimental momentâneo em que o indivíduo tem seu organismo 
excitado. Há diversos tipos de emoção: medo, cólera, alegria, tristeza, piedade, 
felicidade, remorso, admiração, amor, ódio, culpa, vergonha, etc. As emoções 
podem verificar-se como: experiências emocionais (quando o indivíduo sente a 
emoção), comportamento emocional (quando é levado, pelo sentimento, a fazer 
algo), além de se notarem também alterações fisiológicas que correspondem ou são 
provocadas diretamente pela própria emoção: ficar "corado" de vergonha, ficar 
"branco" de susto, ter batidas do coração aceleradas por causa do medo, etc. Logo, 
se vê que toda emoção é um sentimento que pode levar a uma ação (preparação 
motora): um sentimento de cólera leva ao ataque, um sentimento de grande tristeza 
provoca o choro "para desabafar". Evidentemente, a intensidade das emoções varia 
muito e se a tensão resultante da emoção for muito alta, haverá o impulso para uma 
ação correspondente. 
É muito difícil e até impossível descrever as emoções, simplesmente porque se trata 
de sentimentos próprios e que dependem inclusive da experiência pessoal de cada 
um. Entretanto, há relações íntimas do sentimento com a atividade muscular e 
glandular do indivíduo. Assim, temos: aceleração da circulação sangüínea 
(aceleração das batidas do coração), tremor nas pernas, sorriso franco, suor 
("Fulano suou frio quando viu a onça!"), choro, empalidecimento momentâneo ou 
ruborização das faces, contração dos músculos faciais. Em geral, a emoção está 
ligada a uma situação específica (medo daquela onça; amor por aquela moça), mas 
também pode acontecer de sentirmos uma experiência emocional desligada de uma 
situação imediata (emoções provocadas por acúmulo de experiências, como na 
frase popular: "...foi a gota que fez transbordar tudo!"). 
Algumas das emoções mais básicas, criadas por situações simples e que surgem 
no indivíduo antes de outras, são: alegria, medo, cólera, tristeza. Por isso, são 
chamadas emoções primárias (se bem que a maior parte dos medos são 
aprendidos, isto é, não se pode dizer que o medo em geral é inato). Outras - como 
aversão, prazer, dor - dependem de estímulos dos sentidos. Por outro lado, as 
emoções que dizem respeito ao indivíduo considerando seu próprio comportamento 
formam um grupo que inclui vergonha, remorso, noção de êxito e de fracasso, culpa, 
etc. Podemos ainda considerar mais um grupo de emoções: as de sentimentos 
dirigidos a coisas ou a outras pessoas: amor, inveja, ódio, etc. 
As expressões emocionais são variadas. Pode-se dizer que toda emoção é um 
estado provocado por uma situação externa ao indivíduo e adequada a uma reação 
também externa. Um estado de medo, por exemplo, pode ser provocado por um 
automóvel vindo em nossa direção, e disso resulta uma ação imediata: fugir ao 
perigo. Também há estímulos que provocam gargalhadas, como uma situação 
muito cômica; ou cócegas por causa do roçar do dedo na pele, etc. Alguns 
movimentos de expressões emotivas não são aprendidos: sorrir, chorar, gritar, etc. 
Mas outros são adquiridos por imitação, e a vida em sociedade até exige que o 
indivíduo use de expressões - digamos - de educação, como polidez, sorriso cordial, 
e outras, quando na realidade ele gostaria de expressar desagrado, irritação, 
desprazer. A isso se chama controlar as emoções, processo que se aprende desde 
criança. 
A emoção se faz sentir organicamente através de sinais que podem ser medidos. 
Quando o indivíduo sente forte emoção, as batidas do coração se aceleram (se bem 
que esse não é um reflexo exclusivamente provocado pela emoção; quando o 
indivíduo corre muito, por exemplo, seu coração bate muito depressa também, 
independentemente de emoção). A respiração modifica-se igualmente, quando o 
indivíduo está sob forte emoção. Esse aspecto do funcionamento do organismo sob 
influência de uma emoção, junto com outro aspecto - o da pressão sangüínea -, são 
pontos importantes para se testar a honestidade em um depoimento, e é nisso que 
se baseia o detector de mentiras. Explicando melhor: o detector de mentiras procura 
registrar modificações em fenômenos corporais provocadas pela"emoção de 
mentir". Um cinto inflável é colocado ao redor do tórax do indivíduo e registra as 
variações, ou a normalidade, de sua respiração; a pressão arterial é medida pelo 
aparelhe apropriado comum; e eletrodos sensíveis acusam possíveis variações de 
condutibilidade de pele (colocados nas costas e nas palmas das mãos). Dessa 
forma, o indivíduo que, submetido ao detector de mentiras, estiver procurando 
inventar uma desculpa ou encobrir um crime, ocultar um pormenor delicado ou, 
enfim, dizer algo enganoso, logo será acusado, graças aos registros sensíveis das 
variações fisiológicas provocadas pelo estado emotivo em que se encontra. 
Ainda quanto a relações físicas com as emoções, convém lembrar a experiência 
feita com um gato ao qual se deu alimento especialmente preparado, de maneira 
que permitiu fazerem-se observações pelos raios X. A investigação mostrou de 
início que o processo digestivo se passava normalmente, com o estômago do gato 
funcionando com regularidade, bem como os intestinos. De repente, porém, soltou-
se um cachorro bravo na sala, o que provocou os conhecidos movimentos de 
"arrepio" do gato, para se defender do cão. Essa emoção aguda provocada no felino 
fez com que o processo digestivo parasse instantaneamente, conforme mostraram 
os raios X a que continuava exposto o gato, para só recomeçar cerca de quinze 
minutos depois de o cão ser retirado da presença do felino. Vê-se, portanto, como 
é importante a calma durante e após as refeições. Qualquer excitação forte pode 
prejudicar o processo digestivo. 
Uma das teorias que trata da emoção é a que afirma ser ela concretizada por meio 
de uma seqüência assim ordenada: 1) estímulo; 2) sentimento "subjetivo" da 
emoção; e 3) reflexo corporal da emoção (no comportamento). Assim, por exemplo, 
no caso do medo, ocorreria ( 1 ) um acontecimento qualquer, ou haveria um objeto 
externo, ou ainda uma idéia do indivíduo, que serve de estímulo; depois, o indivíduo 
(2) toma conhecimento do estímulo e surge a emoção - que no exemplo é o medo - 
e por fim (3), advêm as expressões corporais provocadas pela emoção (no caso do 
medo: tremor, empalidecimento, arrepio, fuga, etc.). 
Por seu turno, James e Lange propuseram que a ordem não é exatamente essa, e 
sim esta: o objeto estimulante provoca primeiro as expressões corporais, que então 
proporcionam ao indivíduo a consciência da emoção. Assim, conforme essa teoria, 
ao encontrarmos um urso, ficamos primeiro assustados e depois corremos, e o 
enunciado mais racional é de que ficamos com medo porque trememos. Portanto, 
o sentimento de medo, para manter o exemplo da mesma emoção, não seria causa, 
mais sim efeito de um estado orgânico excitado. Essa teoria de James-Lange se 
baseia nos estados orgânicos: sensações de pulsação rápida, tremor, arrepios, 
respiração anormal, etc. Se não fossem essas sensações, a emoção provocaria 
apenas a idéia de perigo - no caso do urso - e a compreensão de que se faz preciso 
fugir do animal. E noutro exemplo: se recebemos um soco durante uma agressão 
qualquer, teríamos da mesma forma apenas a idéia de retribuir o golpe, e 
partiríamos para o revide. Nesses dois exemplos, não haveria então o "medo" (do 
urso) e a "raiva" ou a "cólera" (por causa do soco recebido). Assim, a teoria de 
James-Lange afirma que a emoção é muito mais provocada por sensações 
despertadas na periferia do corpo, do que por atividade mental. Vale mais o que o 
organismo sente e que provoca a ação correspondente - nos exemplos dados: ação 
de fugir e ação de revidar. 
W. B. Cannon propôs outra teoria, relacionando a emoção à atividade específica de 
centros cerebrais especiais - o tálamo. Esses centros, segundo Cannon, podem ser 
excitados por estímulos, sem depender de reações musculares ou glandulares. 
Esse psicólogo efetuou experiências com um gato do qual foram cortados os nervos 
simpáticos, o que impediria o surgimento de reações de cólera, dependentes desses 
nervos. Mas o animal continuou tendo expressões externas de cólera. 
C. S. Sherrington também procurou no campo fisiológico as explicações para o 
estado emotivo, efetuando experiências com um cachorro, do qual retirou alguns 
nervos, assim eliminando as possibilidades de o animal ter emoções provenientes 
em grande parte do corpo. Mas isso não modificou o comportamento emocional do 
cão. Por outro lado, foi ainda possível verificar-se a manutenção de estados 
emotivos numa mulher que teve o pescoço quebrado ao sofrer uma queda de 
cavalo. A medula espinhal fraturou-se na altura do pescoço, interrompendo as 
ligações dos nervos sensoriais e dos nervos motores entre o cérebro, o tronco e os 
membros, menos as ligações da parte superior do sistema autônomo com alguns 
órgãos internos. Com a ruptura, os nervos simpáticos ficaram desligados do 
cérebro, eliminando as sensações originadas no tronco e nos membros. Mas a 
paciente continuou tendo emoções que, parece perfeitamente lícito dizer-se, eram 
despertadas no cérebro. Segundo informa o neurologista que assistiu à mulher, ela 
continuava tendo "emoções de pesar, de alegria, de desprazer e de afeição. Não 
houve modificações de personalidade nem de caráter". Ora, de acordo com a teoria 
de James-Lange, essa mulher praticamente não poderia ter mais experiências 
emocionais, em vista da ruptura citada. 
Portanto as experiências de Sherrington (em cachorro), de Cannon (em gato) e o 
acidente com uma pessoa permitem uma não-confirmação da teoria que afirma 
serem as emoções provocadas por sensações na periferia do corpo. Parece mais 
certo crer-se que o estado emocional é um descontrole do sistema central (podendo 
manifestar-se em medo, cólera etc.), um afrouxamento do controle (alegria, prazer, 
hilaridade, etc.), ou ainda quando o organismo é excitado por algum estímulo forte 
(ansiedade, preocupação, avidez, ódio, etc.). Em última análise, talvez se possa 
dizer que a emoção consiste na falta do controle que normalmente é exercido pelo 
córtice cerebral. Essa falta de controle permite uma atividade do diencéfalo, 
caracterizada por um comportamento marcado pela ausência da "calma normal" - 
que é substituída pela emoção. 
EMOÇÃO PRIMARIA - É a que aparece bastante cedo, não dependendo portanto 
de aprendizagem: alegria, cólera, medo, pesar, etc. As situações que provocam 
essas emoções são na essência muito simples, estando ligadas a atividades que 
implicam num objetivo, o que leva a graus variáveis de tensão. Quando há uma 
causa que provoca sensação positiva, temos por exemplo a alegria (que 
corresponde a um alívio de tensão que ocorre com a realização de determinado 
objetivo); mas no exemplo de uma causa desagradável, indesejável, ameaçadora e 
provocadora de susto e fuga, temos o medo. Entretanto, conforme provou J. B. 
Watson através de experiências com crianças, há tipos de medo que se pode dizer 
serem básicos, ao passo que outros - aliás a maior parte - são aprendidos. 
EMPATIA - Faculdade de experimentar os sentimentos e a conduta de outra 
pessoa. A empatia, ou endopatia, diz respeito a uma vivência pela qual quem a 
experimenta se introduz numa situação alheia, real ou imaginária, objetiva ou 
subjetiva, de tal modo que aparece como se estivesse dentro dela. A empatia pode 
referir-se a toda espécie de situações, mas é considerada sobretudo como um 
problema psicológico. 
Adquire grande importância do ponto de vista de compreensão do próximo. No 
entanto, isso não significa que a pessoa que a vive se identifique afetivamente com 
o estado alheio. Um desenvolvimento especial da empatia é bastante útil para os 
psicólogos e psiquiatras, principalmente no início do relacionamento com o 
paciente. 
EPILEPSIA - Afecção nervosa e cerebral que se manifesta periodicamente por 
acessos, convulsões, perturbações psíquicas, perda do sentido e da consciência. A 
epilepsia é uma doença bastante freqüente, que se caracteriza por uma perturbação 
paroxísticadas funções cerebrais, em especial das sensoriais. Os casos típicos são 
acompanhados de irritação motora, consistindo em convulsões gerais violentas, 
associadas à perda do conhecimento. Há, também, os casos de epilepsia ligeira ou 
atípica, em que esses fenômenos não aparecem com a mesma intensidade. Na 
chamada epilepsia genuína, o indivíduo sente-se bem no intervalo entre os acessos. 
No início da doença, não aparece o substrato anatomopatológico que lhe é inerente 
nos demais casos. Mais tarde, porém, a doença resulta num estado de deficiência 
mental, ao qual correspondem lesões orgânicas. Existem diversas hipóteses sobre 
a origem da epilepsia genuína. Intoxicações endógenas ou distúrbios nas glândulas 
de secreção interna são algumas das causas apresentadas como causadoras 
desse mal. 
Admite-se a predisposição hereditária para esta doença, pois se observou um 
aparecimento freqüente de epilepsia em famílias constituídas por indivíduos que 
possuem problemas neurológicos. Também o alcoolismo paterno parece ter 
influência nessa predisposição. Diversos fatores interferem no desencadeamento 
dos ataques, tais como a ingestão de bebidas alcoólicas, debilidade orgânica, 
infecções agudas, excitações psíquicas e outros. 
Além da epilepsia genuína, existe também a epilepsia sintomática, de 
manifestações quase idênticas, e resultante de afecções diversas, como sífilis, 
tumores cerebrais, paralisia geral, esclerose e outros. A epilepsia genuína aparece, 
geralmente, antes dos trinta anos. São raros os casos de aparição tardia, 
conhecidos como epilepsia senil. Uma outra forma um tanto comum é a epilepsia 
infantil, seja a genuína, ou aquelas ligadas a processos inflamatórios do encéfalo, 
tais como a poliomielite, encefalomeningites, infecções agudas, raquitismo, etc. 
A manifestação clínica principal da epilepsia é o ataque epiléptico. Dependendo da 
intensidade deste, tem-se o "grande mal" ou "mal comicial". Essa crise inicia-se 
após uma aura inconsciente, por um grito brusco, rouco, imediatamente seguido de 
queda e perda dos sentidos. A seguir surgem contrações musculares 
generalizadas. A mordida da língua e a micção involuntária são habituais. A crise 
termina com uma espécie de coma e, ao despertar, o doente não se recorda de 
coisa alguma do que se passou. 
Quando as manifestações aparecem isoladamente, fala-se do "pequeno mal". A 
epilepsia parcial, também chamada bravais-jacksoniana, aparece somente quando 
existem lesões do córtex cerebral. Manifesta-se por convulsões, contrações de um 
determinado grupo de músculos, podendo generalizar-se, depois, pelo menos de 
um lado do corpo, partindo do rosto, de um braço ou de uma perna. Uma aura 
sensitiva, ou motora, localizada na zona de irritação é, quase sempre, constante, 
permitindo ao doente, em certos casos, evitar a crise. Incluem-se também no quadro 
clínico da epilepsia, os equivalentes epilépticos psíquicos, que consistem em 
acessos de loucura, em que o doente executa as ações mais anormais. Outras 
vezes, ocorrem crises de grande agitação, acompanhadas de alucinações. 
Nos animais também existem diversas formas de epilepsia, mais ou menos 
semelhantes às humanas. 
Os distúrbios psíquicos da epilepsia são inconstantes e sua complicação mais 
temível é o "estado mal". No tratamento da epilepsia, visa-se principalmente diminuir 
a intensidade e freqüência dos acessos e evitar muitas de suas conseqüências. Os 
tratamentos sintomáticos atualmente disponíveis são muito eficazes. 
ESQUIZOFRENIA - Distúrbio mental caracterizado por um relaxamento das formas 
habituais de associação de idéias, diminuição da afetividade, fechamento sobre si 
mesmo com perda do contato com a realidade. Para muitos psicólogos, 
particularmente aqueles da escola francesa de H. Claude, a esquizofrenia opõe-se 
à demência precoce e só compreende os casos que se desenvolvem sobre uma 
base de esquizoidia (constituição mental caracterizada por tendências à solidão, ao 
devaneio e, em conseqüência, dificuldade de adaptação às realidades exteriores) 
sob a influência de causas, freqüentemente morais, sem comprometimento inicial 
da inteligência. 
De maneira geral, a esquizofrenia manifesta sintomas que são fáceis de reconhecer 
e identificar. Podem ser agudos, crônicos ou de aparição intermitente. Em alguns 
casos, um indivíduo supostamente normal pode mostrar uma repentina 
manifestação de sintomas esquizofrênicos. Em outros, os sintomas são 
permanentes e crônicos. A esquizofrenia simples se caracteriza por apatia, 
indiferença, retraimento e falta de ambições. Muitos indivíduos considerados 
desorientados ou fracassados poderiam pertencer a esse tipo. Em alguns casos, a 
indiferença e a irresponsabilidade conduzem a conflitos com a sociedade. 
Um outro tipo de esquizofrenia é o tipo chamado catatônico. Envolve sintomas 
encontrados na demência precoce, como atividade exagerada, negativismo, 
suscetibilidade e outros. Freqüentemente, o indivíduo se mantém em imobilidade 
física durante longos períodos, podendo também ser notada grande atividade 
descontrolada ou desorganizada. O tipo paranóide é uma outra manifestação de 
esquizofrenia. Caracteriza-se por delírios de persecução ou de grandeza, 
envolvendo no início da manifestação, um período de acentuada hipocondria. Em 
geral, há menos desorganização e deterioração da personalidade na esquizofrenia 
paranóide que nas outras formas. Em conseqüência disso, muitos tipos paranóicos 
passam despercebidos no meio social. Na maioria dos casos de esquizofrenia 
aguda, o indivíduo não reconhece a si mesmo. Não sabe se é homem ou mulher, 
ser humano ou animal, pessoa viva ou morta. O esquizofrênico se sente afastado 
do meio social e age de tal forma que provoca o afastamento dos demais, reação 
que serve para confirmar sua própria imagem de si mesmo. Não consegue 
compartilhar alguma coisa ou ter intimidade com os outros, e isso o deixa num 
estado de angústia que o leva a maior isolamento e retração. 
Não existe um acordo geral sobre as causas das alterações esquizofrênicas. As 
principais teorias incluem determinantes tanto orgânicos como psicológicos. Muitos 
consideram a esquizofrenia essencialmente uma enfermidade hereditária e 
admitem também que as tensões podem determinar o aparecimento das provas 
clínicas da mesma. Ultimamente, pode-se observar uma tendência cada vez maior 
a considerar possível uma predisposição hereditária para a esquizofrenia. No 
entanto, ainda não foi isolado nenhum determinante genético específico. As 
principais teorias psicológicas sobre a gênese da esquizofrenia se referem à 
importância das primeiras relações interpessoais, sobretudo as relacionadas com a 
pessoa materna. Outros estudos apontam como causa favorecedora das 
manifestações esquizofrênicas as perturbações da comunicação entre os membros 
da família. O ponto de vista mais aceitável é que não existe uma causa única dos 
diversos sintomas que se incluem dentro da classificação de esquizofrenia. Parece 
ser um complexo jogo de forças biológicas e sociais que atuam em diferentes graus 
e em diversos aspectos. 
ESTEREÓTIPO - Forma de pensar sobre determinado indivíduo ou coisa 
influenciada pelo contexto amplo em que esse indivíduo ou essa coisa é percebida. 
A percepção (ou o juízo) que temos de indivíduos é muito comumente calcada em 
maneiras de pensar que fazemos derivar do que seriam os traços tidos como gerais 
daquele grupo psico-sócio-econômico a que esses indivíduos pertencem (ou 
pensamos pertencerem). Mas, por outro lado e ao mesmo tempo, também podemos 
seguir em nosso raciocínio um caminho contrário, ou seja, fazemos com que essas 
características tendam a ser aquelas que pensamos devam ser as do grupo a que 
os indivíduos pertencem. Portanto, criamos em nossa mente uma idéia baseada e 
influenciada pelo que pensamos sobre as circunstâncias gerais que rodeiam o grupo 
no qual o indivíduo pertence:

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