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Ficha Literária - Livro O cortiço

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Prévia do material em texto

AZEVEDO. Luis. O Cortiço. São Paulo, Ediouro, 2004
Tema
Denúncia social do Rio de Janeiro do fim do século XIX.
Personagens
Principal: O Cortiço.
Características:
O Cortiço como protagonista é um exemplo de personificação de algo que é inanimado e abstrato. Caracteriza-se assim por haver referências no texto como:
“Durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia...”; “Eram cinco da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.”. E dessa maneira fica evidente o quanto o meio era o delimitador e orientador das ações humanas. O cortiço era o principal e único responsável por todas as circunstâncias nele existentes referente aos hábitos e atitudes de seus moradores.
 
Personagens e suas Características
João Romão – esperto, miserável, inescrupuloso (chegando, muitas vezes a margear a desumanidade), ganancioso, empreendedor, enganador e invejoso. É o dono do cortiço no qual se ambienta o livro. É “marido” de Bertoleza. “... deixando de pagar todas as vezes que podia e nunca deixando de receber, enganando os fregueses, roubando nos pesos e nas medidas...”. (Inocêncio Solimões)
 Bertoleza – trabalhadora, submissa, sonhava com a liberdade por meio de uma carta de alforria. É enganada por João Romão quando este falsifica sua carta de alforria. Representa o arquétipo da mulher ideal nos moldes da época, acrescido do fato de ser negra e escrava. “E, no entanto, adorava o amigo, tinha por ele o fanatismo irracional das caboclas do Amazonas pelo branco a que se escravizam, (...) são capazes de matar-se para poupar do seu ídolo a vergonha do seu amor.”
“... às quatro da madrugada estava já na faina de todos os dias...” (Inocêncio Solimões)
 Jerônimo – nostálgico, forte, trabalhador, dedicado e honesto. É casado com Piedade, mas sucumbe à malemolência de Rita Baiana. “... a força de touro que o tornava respeitado e temido por todo pessoal...”, “... grande seriedade do seu caráter e a pureza austera dos seus costumes...”. “... um pulso de Hércules...”. (Inocêncio Solimões)
 Piedade – submissa, honesta e trabalhadora. Era esposa de Jerônimo, e, assim como Bertoleza, se assemelha nos aspectos psicológicos. “Piedade merecia bem o seu homem, muito diligente, sadia, honesta, forte, bem acomodada com tudo e com todos, trabalhando de sol a sol e dando sempre tão boas contas da obrigação, que os seus fregueses de roupa, apesar daquela mudança para Botafogo, não a deixaram quase todos.” (Inocêncio Solimões)
 Firmo – gastador, vadio, galanteador, charlatão e presunçoso. Amigo de Rita Baiana, é descrito como “um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito; capadócio de marca, pernóstico, só de maçadas, e todo ele se quebrando nos seus movimentos de capoeira”. “...Era oficial de torneiro, oficial perito e vadio: ganhava uma semana para gastar num dia...”. (Inocêncio Solimões)
 Rita Baiana – malemolente, sensual, alegre e assanhada. É objeto de desejo da maioria dos homens do cortiço. “E toda ela respirava o asseio das brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáticas. Irrequieta, saracoteando o atrevido e rijo quadril baiano, respondia para a direita e para a esquerda, pondo à mostra um fio de dentes claros e brilhantes que enriqueciam a sua fisionomia com um realce fascinador.” (Inocêncio Solimões)
 Pombinha – amiga, inteligente e pura. Representa o extremo oposto de Rita Baiana, com sua beleza imaculada. “A filha era a flor do cortiço (...) Bonita, posto que enfermiça e nervosa ao último ponto: loura muito pálida, com uns modos de menina de boa família”. “...era muito querida por toda aquela gente.”
“Era quem escrevia cartas (...) quem tirava as contas; quem lia os jornais...” (Inocêncio Solimões)
 Léonie – prostituindo-se, independe dos homens. “... com as suas roupas exageradas e barulhentas de cocote à francesa, levantava rumor quando lá ia e punha expressões de assombro em todas as caras.” (Davi Pinheiro)
 Miranda – invejoso, ganancioso, rico, esperto, oportunista, não era feliz no casamento, entretanto, continuou casado pois dependia do dote de sua esposa, D. Estela. “... o Miranda pilhou-a em flagrante delito de adultério; ficou furioso e o seu primeiro impulso foi de mandá-la para o diabo junto com o cúmplice; mas a sua casa comercial garantia-se com o dote que ela trouxera...” (Davi Pinheiro)
 D. Estela – adultera e presunçosa. “...senhora pretensiosa e com fumaças de nobreza...” 
(Davi Pinheiro)
 Zulmira – vivia para satisfazer a vontade do pai. “...pálida, magrinha, com pequeninas manchas roxas nas mucosas do nariz, das pálpebras e dos lábios (...) olhos grandes, negros, vivos e maliciosos.” (Davi Pinheiro)
 Henrique – estimado de Dona Estela. “Dona Estela, no cabo de pouco tempo, mostrou por ele estima quase maternal...” (Davi Pinheiro)
 Botelho – antipático e parasita.“... muito macilento, com uns óculos redondos que lhe aumentavam o tamanho da pupila e davam-lhe à cara uma expressão de abutre...”.
“...via-se totalmente sem recursos e vegetava à sombra do Miranda...” (Davi Pinheiro)
Tempo
Em "O Cortiço", o tempo é trabalhado de maneira linear, com princípio, meio e desfecho da narrativa. A história se desenrola no Brasil do século XIX, sem precisão de datas. Há, no entanto, que ressaltar a relação do tempo com o desenvolvimento do cortiço e com o enriquecimento de João Romão. 
Espaço
São dois os espaços explorados na obra. O primeiro é o cortiço, amontoado de casebres mal-arranjados, onde os pobres vivem. Esse espaço representa a mistura de raças e a promiscuidade das classes baixas. Funciona como um organismo vivo. Junto ao cortiço estão a pedreira e a taverna do português João Romão.
O segundo espaço, que fica ao lado do cortiço, é o sobrado aristocratizante do comerciante Miranda e de sua família. O sobrado representa a burguesia ascendente do século XIX. Esses espaços fictícios são enquadrados no cenário do bairro de Botafogo, explorando a exuberante natureza local como meio determinante. Dessa maneira, o sol abrasador do litoral americano funciona como elemento corruptor do homem local.
Clímax
O clímax da história é marcado pela briga entre Piedade e Rita Baiana. Quando as duas brigam violentamente por causa de Jerônimo, marido de Piedade que está apaixonado por Rita, esta briga envolve todo o cortiço e a disputa entre brasileiros e portugueses fica evidente. No mesmo momento em que brasileiros e portugueses iniciam uma briga para defender as suas respectivas conterrâneas, o cortiço é invadido pelos moradores do cortiço vizinho, que chegam armados de paus e navalhas com a intenção de vingar a morte de Firmo. Uma outra briga, ainda mais violenta que a primeira se inicia e só termina quando todos os moradores se dão conta de que há um incêndio no cortiço. E é após este evento que toda a estrutura do cortiço é melhorada por João Romão, pois com o dinheiro do seguro que ele fez na ocasião do primeiro incêndio, ele reforma as casas destruídas pelo fogo e também melhora as outras casas do cortiço colocando passeio e iluminação, a partir daí o cortiço aristocratiza-se pois João começa a receber moradores de classe social emergente como alfaiates e artistas.
Esta passagem tem a participação de uma amplitude de personagens e pode ser observada na transcrição de trechos abaixo:
“ (...)E pegaram-se logo a unhas e dentes(...)”
 
“(...) Por algum tempo lutaram de pé, engalfinhadas, no meio de grande algazarra dos circunstantes. João Romão acudiu e quis separá-las; todos protestaram. A família do Miranda assomou à janela, tomando ainda o café de depois do jantar, indiferente, já habituada àquelas cenas. Dois partidos todavia se formavam em torno das lutadoras; quase todos os brasileiros eram pela Rita e quase todos os portugueses pela outra.(...).
“(...)E as palavras "galego" e "cabra" cruzaram-se de todos os pontos, como bofetadas. (...)E o rolo a ferver lá fora, cada vez mais inflamado com um terrível soprode rivalidade nacional. Ouviam-se, num clamor de pragas e gemidos, vivas a Portugal e vivas ao Brasil. De vez em quando, o povaréu, que continuava a crescer, afastava-se em massa, rugindo de medo, mas tornava logo, como a onda no refluxo dos mares. A polícia apareceu e não se achou com ânimo de entrar, antes de vir um reforço de praças, que um permanente fora buscar a galope.
E o rolo fervia.
Mas, no melhor da lata, ouvia-se na rua um coro de vozes que se aproximavam das bandas do "Cabeça-de-Gato". Era o canto de guerra dos capoeiras do outro cortiço, que vinham dar batalha aos carapicus, pra vingar com sangue a morte de Firmo, seu chefe de malta.(...)
(...)Um só impulso os impelia a todos; já não havia ali brasileiros e portugueses, havia um só partido que ia ser atacado pelo partido contrário; os que se batiam ainda há pouco emprestavam armas uns aos outros, limpando com as costas das mãos o sangue das feridas. Os cabeças-de-gato assomaram afinal ao portão. Uns cem homens, em que se não via a arma que traziam. (...)
(...)As navalhas traziam-nas abertas e escondidas na palma da mão. (...)
(...)Os carapicus enchiam a metade do cortiço. (...)
(...)E a batalha principiou(...) Desferiram-se navalhas contra navalhas, jogaram-se as cabeçadas e os voa-pés.(...). De parte a parte esperavam que o cansaço desequilibrasse as forças, abrindo furo à vitória; mas um fato veio neutralizar inda uma vez a campanha: imenso rebentão de fogo esgargalhava-se de uma das casas do fundo, o número 88. E agora o incêndio era a valer. (...)
(...)A Bruxa conseguira afinal realizar o seu sonho de louca: o cortiço ia arder; não haveria meio de reprimir aquele cruento devorar de labaredas. Os cabeças-de-gato, leais nas suas justas de partido, abandonaram o campo, sem voltar o rosto, desdenhosos de aceitar o auxílio de um sinistro, e dispostos até a socorrer o inimigo, se assim fosse preciso. E nenhum dos carapicus os feriu pelas costas. A luta ficava para outra ocasião. E a cena transformou-se num relance; os mesmos que barateavam tão facilmente a vida apressavam-se agora a salvar os miseráveis bens que possuíam sobre a terra. (...)
(...) Os sinos da vizinhança começaram a badalar. (...)
Conflitos Principais
I) Ambição x inveja: a inveja e a ambição são sentimentos muito fortes fincados na alma de alguns personagens como João Romão, Miranda e Botelho e para eles tudo era possível em nome da satisfação desses dois sentimentos.
Ex.: “Tinha inveja do outro, daquele outro português que fizera fortuna, sem precisar roer nenhum chifre; daquele outro que, para ser mais rico três vezes do que ele, não teve de casar com a filha do patrão ou com a bastarda de algum fazendeiro freguês da casa!” – Miranda inconformado com o progresso do cortiço;
“...aquele sovina que nunca saíra dos seus tamancos e da sua camisa de riscadinho de Angola; aquele animal que se alimentava pior que os cães, para pôr de parte de tudo, que ganhava ou extorquia; aquele ente atrofiado pela cobiça e que parecia ter abdicado dos seus privilégios e sentimentos de homem; aquele desgraçado, que nunca jamais amara senão o dinheiro, invejava agora o Miranda, invejava-o deveras, com dobrada amargura do que sofrera o marido de Dona Estela, quando, por sua vez, o invejara a ele.” – João Romão ao saber do título de Barão concedido ao Miranda;
“A virtude, a beleza, o talento, a mocidade, a força, a saúde, e principalmente a fortuna, eis o que ele não perdoava a ninguém, amaldiçoando todo aquele que conseguia o que ele não obtivera; que gozava o que ele não desfrutara; que sabia o que ele não aprendera.” – Descrição do personagem Botelho.
II) 
Dinheiro x boas maneiras: Miranda não podia se conformar com o progresso visível do cortiço e com ele a sucessiva ascensão de seu vizinho: “...custava-lhe a sofrer a escandalosa fortuna do vendeiro “aquele tipo! Um miserável, um sujo que não pusera nunca um paletó, e que vivia de cama e mesa com uma negra!”;
“Sem nunca ter vestido um paletó, com vestiria uma casaca?... Com aqueles pés, deformados pelo diabo dos tamancos, criados à solta, sem meias, como calçaria sapatos de baile?... E suas mãos, calosas e maltratadas, duras como as de um cavouqueiro, como se ajeitariam com a luva?...Como deveria tratar as damas e cavalheiros, em meio de um grande salão cheio de espelhos e cadeiras douradas?... Como se arranjaria para conversar, sem dizer barbaridades?...” – João Romão pensando em fazer parte da classe mais alta da sociedade.
III) Riqueza x Pobreza: esse é um drama que aflige apenas aqueles que um dia foram pobres e são capazes de esforços inimagináveis para manter a posição social adquirida. Ex.: “Prezava, acima de tudo, a sua posição social e tremia só com a idéia de ver-se novamente pobre, sem recursos e sem coragem para recomeçar a vida...” – pensamento de Miranda ao lembrar-se das traições da esposa e imaginar-se separado sem o dinheiro do dote que ela trouxera.
IV) Novo x Velho: o feitiço vivido por Jerônimo ao se apaixonar por Rita Baiana sem se importar nunca mais com os atrativos de sua esposa e assim deixando de lado todos os hábitos e preferências antigos.
Ex.: “...envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher” – o dia em que Jerônimo se apaixonou por Rita Baiana;
“e quando a infeliz se aproximou do marido, este, fora de costume, notou-lhe o cheiro azedo do corpo.” – e a partir do feitiço por Rita Baiana, Jerônimo nota na mulher coisas que até então passaram desapercebidas; “O português abrasileirou-se para sempre; fez-se preguiçoso, amigo das extravagâncias e dos abusos, luxurioso e ciumento; fora-se-lhe de vez o espírito da economia e da ordem...” – Os novos hábitos e agora permanentes que Jerônimo passou a ter após a sua união com Rita Baiana.
V) Homens x Animais: a questão sexual é sempre levada ao nível do mundo animal fortalecendo a ênfase do desejo sobre a razão.
Ex.: “E viu o Firmo e o Jerônimo atassalharem-se, como dois cães que disputam uma cadela da rua; e viu o Miranda, lá defronte, subalterno ao lado da esposa infiel, que se divertia a fazê-lo dançar a seus pés seguro pelos chifres; e viu o Domingos, que fora da venda, furtando horas ao sono, depois de um trabalho de burro, e perdendo o seu emprego e as economias juntadas com sacrifício, só para ter um instante de luxúria entre as pernas de uma desgraçadinha...”; “habituou-lhe a carne ao cheiro sensual daquele seu corpo de cobra...”. Também aqui existe sempre uma relação entre homens e animais que exacerbam a influência do naturalismo na obra do autor. Ex.: “...o grosseiro rumor que vinha da estalagem numa exalação forte de animais cansados.”
Conflitos Secundários
I) Portugueses x Brasileiros: havia naquela época muitos portugueses vindo para o Brasil e estava sempre entre linhas um problema travado por conta das nacionalidades. Esse problema se evidencia e se expõe claramente durante a briga entre Piedade e Rita Baiana.
 Ex.: “Dois partidos todavia se formavam em torno das lutadoras; quase todos os brasileiros eram pela Rita e quase todos os portugueses pela outra.”
II) Destino x Desgraça: o desenrolar da trama coloca o destino contra todos os valores morais e desgraça a vida das mulheres inocentes e puras com um fim triste e repugnante: “homens malvados abusavam dela, muitos de uma vez, aproveitando-se da quase completa inconstância da infeliz” – descrição no fim do livro da situação em que ficou Piedade;
“...o cortiço estava preparando uma nova prostituta naquela pobre menina
desamparada...” – intenção de Pombinha e Léonie em seduzirem a Senhorinha para seguir a vida como elas.
III) Menina x Mulher: Pombinha após a sua tão sonhada transformação em mulher se dá conta do poder sem limites de uma mulher sobre um homem. 
Ex.: “Como que naquele instante o mundo inteiro se despia à sua vista.....ela compreendeu e avaliou a fraqueza doshomens, a fragilidade desses animais fortes, de músculos valentes, de patas esmagadoras, mas que deixavam encabrestar e conduzir humildes pela soberana e delicada mão da fêmea.”
Desfecho
Delatada por João Romão, os antigos donos de Bertoleza diligenciam para capturar a escrava fugida. Procurada pelos policiais, a negra se suicida.
Observe o exagero da cena, e a ironia do desfecho.
"A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto, e entes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lodo.
E depois emborcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.
João Romão fugira até o canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com os mãos.
Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito."
Narrador
A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento de tudo), como propunha o movimento naturalista. O narrador tem poder total na estrutura do romance: entra no pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico.
O foco da narração, a princípio, mantém uma aparência de imparcialidade, como se o narrador se apartasse, à semelhança de um deus, do mundo por ele criado. No entanto, isso é ilusório, porque o procedimento de representar a realidade de forma objetiva já configura uma posição ideologicamente tendenciosa.
Enredo
João Romão, ganancioso comerciante de origem portuguesa, é dono de uma pedreira, uma taverna e um terreno razoável, onde constrói casas de baixo preço para alugar.
Amiga-se com Bertoleza, ex-escrava, forte, supostamente alforriada que se submete a todas as privações impostas por ele.
A poucos metros da venda, havia um sobrado ocupado por Miranda, Estela e Zulmira, uma família economicamente segura.
Morar ali, no cortiço, incomodava Miranda que, com seu ar de fidalguia e seu título de comendador, incomodava J.R..
Um operário é contratado para trabalhar na pedreira e muda-se para o cortiço com sua mulher, Piedade. Interessando-se por Rita Baiana, beleza máxima do cortiço.
Rita, por sua vez, tinha compromisso com Firmo, mulato garboso e capoeirista hábil, morador de um cortiço vizinho. Este briga com o operário, Jerônimo e leva a melhor, fere-o com uma navalha.
Enquanto isso, um agregado na casa de Miranda, Botelho, procura estimular o interesse de J.R. por Zulmira.
Rita e Jerônimo vivem juntos, a esta altura e o último pensa apenas em se vingar de Firmo, assassinando-o a pauladas, após tê-lo atraído para uma cilada. Isso faz com que os colegas de Firmo ataquem os “carapicus” do cortiço de J.R.. A luta só é interrompida graças a um incêndio provocado.
Desse incêndio nasce um cortiço novo e mais próspero e por isso J.R. passa a manter boas relações com a família Miranda. Só restava o empecilho de Bertoleza. Por isso, Botelho descobre o dono da escrava, cujo dinheiro da alforria fora embolsado por J.R..
Diante da ameaça de voltar ao cativeiro, Bertoleza suicida-se e J.R. casa-se com Zulmira e ascende socialmente.
Gênero literário: Romance naturalista
Tipo Textual: Narrativo
Linear

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