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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LAVRA DE MINAS A CÉU ABERTO MÉTODOS DE LAVRA A CÉU ABERTO (ENG°. DE MINAS ROBERTO ADONES) SUMÁRIO Pg. LISTA DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................................ iii UNIDADE I: INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS DE EXPLOTAÇÃO ....................... 1 1.1 Introdução. Importância. Conceitos Básicos ................................................................. 1 1.1.1 Conceito de mina, mineral, minério e rocha .......................................................... 1 1.1.2 Conceito de encaixante, estéril e rejeito ................................................................. 2 1.2 Fases do empreendimento de mineração ..................................................................... 3 1.2.1 Projeto. Implantação. Operação. Desativação ...................................................... 3 1.2.2 Instalações de beneficiamento e instalações de apoio ........................................... 3 1.3 Fases da mineração ....................................................................................................... 4 1.3.1 Prospecção e Exploração ......................................................................................... 5 1.3.2 Desenvolvimento, Lavra e Recuperação ................................................................ 6 1.4 Estudo para a escolha do método de explotação ......................................................... 8 1.4.1 Conceito de método de explotação e método de desmonte. Objetivo .................. 9 1.4.2 Fatores e critérios de seleção ................................................................................... 12 1.4.3 Principais exigências para a explotação de uma jazida ........................................ 12 1.4.4 Princípios e regras fundamentais da explotação mineira ..................................... 13 1.4.5 Classificação dos métodos de explotação ............................................................... 14 UNIDADE II: OPERAÇÕES MINEIRAS ..................................................................... 17 2.1 Operações fundamentais e ciclos ................................................................................. 17 2.1.1 Ciclo de produção ..................................................................................................... 17 2.2 Operações de produção ................................................................................................. 18 2.2.1 Preparação das rochas para sua extração através de métodos explosivos (massas minerais coerentes) ............................................................................................. 18 2.2.2 Preparação das rochas para sua extração com escarificadores mecânicos (massas minerais incoerentes) .......................................................................................... 21 2.2.3 Arranque carregamento/escavação carregamento. Princípios e escolha de equipamentos ..................................................................................................................... 23 2.2.4 Transporte de cargas: estéril/minério - Arrasto e içamento. Principio e escolha de equipamentos .................................................................................................. 29 2.3 Operações Auxiliares: Classificação. Importância .................................................. 35 2.3.1 Drenagem da mina ................................................................................................... 36 2.3.2 Operações auxiliares em minas subterrâneas ....................................................... 38 UNIDADE III: LAVRA A CÉU ABERTO ..................................................................... 42 3.1 Generalidades sobre a lavra a céu aberto ...................................................................... 42 3.1.1 Conceitos mineiro-técnicos e terminologia ............................................................ 42 3.1.2 Aplicabilidade. Classificação das jazidas minerais explotáveis ........................... 43 3.1.2 Vantagens e desvantagens comparativas ............................................................... 44 3.2 Lavra a céu aberto: Etapas operacionais .................................................................. 46 3. 2.1 Etapas básicas de trabalho ..................................................................................... 46 3.2.2 Processos mineiros de produção. Ciclo de operações unitárias ........................... 47 3.3 Disposição do Estéril .................................................................................................... 48 3.3.1 Aterros de cobertura ................................................................................................ 50 i 3.3.2 Aterros de estéreis (bota foras) ............................................................................................ 50 3.3.3 Critérios e fatores para o dimensionamento e construção dos depósitos de estéril .................................................................................................................................. 51 3.3.4 Configuração do depósito de estéril - Processo construtivo - Estabilidade ........ 55 3.3.5 Formação das pilhas de estéril - Métodos construtivos ........................................ 61 3.3.6 Seleção preliminar do tipo e geometria de pilha ................................................... 64 Pg. 3.4 Métodos de lavra a céu aberto: Classificação ............................................................... 66 3.4.1 Lavra por bancadas ................................................................................................. 66 3.4.2 Lavra por tiras ......................................................................................................... 71 3.4.3 Lavra de pláceres ..................................................................................................... 73 3.4.4 Profundidade dos trabalhos a céu aberto (borda inativa, borda de trabalho, coeficiente de decapeamento) ........................................................................................... 81 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 119 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURAS Pg. Figura 1.1 - Minas de Ferro: N4E, N4WN, N5E, N5W .................................................. 2 Figura 1.2 - Esquema de um empreendimento de mineração .......................................... 4 Figura 1.3 - Fases da mineração ....................................................................................... 5 Figura 2.1 - Fluxo de operações mineiras ........................................................................ 17 Figura 2.2 - Ciclo de produção ......................................................................................... 18 Figura 2.3 - Perfuração das rochas. Componentes operacionais ...................................... 21 Figura 2.4 - Representação de um “ripper” ...................................................................... 22 Figura 2.5 - Equipamentos para decapeamento e escavação convencional em bancadas a céu aberto ..................................................................................................... 25 Figura 2.6 - Tipos de dragas ............................................................................................. 25 Figura 2.7 - LHDs (Load - haul - dump) .......................................................................... 26 Figura 2.8 - Operações fundamentais de uma explotação de rocha industrial ................. 27 Figura 2.11-Equipamentos de transporte a céu aberto ..................................................... 31 Figura 2.13- Equipamentos de transporte contínuos ......................................................... 32 Figura 2.15- Diagrama esquemático da ventilação nas frentes de trabalho. ..................... 39 Figura 3.1 - Elementos da mina a céu aberto ................................................................... 43 Figura 3.2 - Tipos fundamentais de jazidas minerais úteis que se lavram a céu aberto .. 45 Figura 3.3 - Tipos de bota-foras segundo a seqüência de construção .............................. 55 Figura 3.4 - Aterro confinante de estabilização (fase de espalhamento e compactação) 57 Figura 3.5 - Tipos de drenagem ....................................................................................... 60 Figura 3.6 - Pilha executada por via seca pelo método descendente ............................... 62 Figura 3.7 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de lançamento) 62 Figura 3.8 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de empilhamento e compactação) 63 ii .............................................................................................. Figura 3.9 - Pilha executada por via seca pelo método ascendente de bancada (fase de lançamento) .................................................................................................. 63 Figura 3.10- Pilha executada por via seca pelo método ascendente (fase de retadulamento) ....................................................................................................................... 64 Figura 3.11- Seção típica de uma pilha de estéril ............................................................. 64 Figura 3.12- Seção típica de retadulamento ...................................................................... 64 Figura 3.13- Bancada ........................................................................................................ 67 Figura 3.14- Elementos da bancada .................................................................................. 68 Figura 3.15- Avanço de uma bancada ............................................................................... 68 Figura 3.16- Típico desmonte em flanco de encosta ........................................................ 70 Figura 3.17- Típico desmonte em cava ............................................................................. 70 Figura 3.18- Esquema da lavra por tiras ........................................................................... 72 Figura 3.19- Explotação manual de um plácer aurífero .................................................... 74 Figura 3.20- Tipos de dragas mecânicas ........................................................................... 75 Figura 3.21- Tipos de dragas ............................................................................................. 76 Figura 3.22- Monitor hidráulico ........................................................................................ 77 Figura 3.23- Corte de uma explotação com arranque hidráulico ...................................... 78 Figura 3.24- Esquemas de extração, segundo as direções relativas do jato projetado e da polpa escoada ............................................................................................... 80 Figura 3.25- Coeficiente de decapeamento industrial ....................................................... 82 TABELAS Pg. Tabela 1.1 - Classificação dos métodos de explotação .................................................... 15 Tabela 2.1 - Escala de Protodiakonov ............................................................................... 19 Tabela 2.2 - Classificação dos métodos de fragmentação baseados sobre a forma de energia aplicada ........................................................................................................ 20 Tabela2.3 - Classificação dos métodos de escavação carregamento e equipamentos ....... 24 Tabela 2.4 - Classificação dos métodos de arrasto, içamento e equipamentos ................. 30 Tabela 2.5 - Comparação entre as unidades principais de arrasto ..................................... 33 Tabela 2.6 - Classificação das operações auxiliares em mineração .................................. 37 5 UNIDADE I: INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS DE EXPLOTAÇÃO 1.1 Introdução. Importância. Conceitos Básicos INTRODUÇÃO O termo mineração se refere à atividade de extração de qualquer concentração de minerais de interesse econômico. Alguns metais, como o ouro, a prata, o cobre e a platina, encontram-se em estado nativo. A maioria, porém, ocorrem combinados com outros elementos ou compostos: óxidos, carbonatos, sulfetos etc. Assim, a mineração é entendida como uma atividade de lavra e de concentração de minérios. Num sentido mais amplo, é uma atividade econômica designada como indústria extrativa mineral. A indústria extrativa mineral é uma atividade cara e de intensa demanda tecnológica. Tem início com a identificação e avaliação de jazidas minerais, seguido da extração do elemento de interesse, cujo teor e volume compensem os custos de produção. Esses procedimentos exigem conhecimentos técnicos e mão de obra especializada. A atividade de mineração tem grande importância tanto para obtenção de matéria- prima para a indústria metalúrgica e outros bens minerais, quanto para extração de matéria prima na construção de moradias (areia, brita, argila para indústria de telhas, tijolos e cerâmicas, etc). Ou seja, sem a atividade de mineração nossa vida seria muito diferente e com bem menos conforto. CONCEITOS BÁSICOS Termos mais utilizados na atividade de mineração: * Mina: escavação desenvolvida para a extração de bens minerais. A partir do momento que a jazida começa a ser lavrada, ela passa a ser denominada de mina (Figura 1.1). * Mineral: é um elemento ou composto químico homogêneo, que possui composição química definida, apresenta estrutura cristalina, e é formado naturalmente por meio de processos geológicos inorgânicos. Ex: quartzo, pirita, galena, dolomita, calcita. * Rocha: qualquer agregado natural constituído de um ou mais tipos de partículas minerais. As rochas são constituídas por um ou mais minerais. Ex. granito. * Minério: Roca ou mineral que pode ser aproveitado economicamente. Ex: bauxita. * Mineral-minério é qualquer mineral do qual se pode extrair economicamente uma ou mais substâncias químicas, simples ou complexas. Ex: hematita (Figura 1.1). * * Encaixante: diz-se das rochas que alojam o corpo de minério * * Estéril: rocha que ocorre dentro do corpo de minério ou externamente ao 6 mesmo, sem valor econômico, que é extraído na operação de lavra. O conceito de estéril pode variar no tempo devido fatores econômicos, ou seja, o que é estéril numa época pode ser minério em outra (Figura 1.1). * Rejeito: material “sem valor econômico” obtido no processo beneficiamento do minério. Normalmente, é descartada das usinas de concentração na forma de polpa, mistura de sólidos + água, e contidos por uma barragem ou dique. Uma subdivisão adicional dos tipos de minérios usados na indústria, também é comum. Os termos mais comuns usados para diferenciar os combustíveis, metais e minerais não metálicos são os seguintes: * Minérios metálicos: minérios de metais ferrosos (Ferro, manganês, molibdênio e tungstênio), de metais base - não ferrosos - (cobre, chumbo, zinco e estanho), metais preciosos (ouro, prata e o grupo da platina) e minerais radioativos (urânio, tório e rádio). * Minérios não metálicos (minerais industriais): minerais não combustíveis que não estão associados com a produção de metais. Estes compreendem materiais de construção (areia, cascalho, argila), matéria primapara a industria química (fosfato, potassa, enxofre), calcário, sal gema e muitos outros. * Combustíveis fósseis (minerais combustíveis): substâncias minerais orgânicas que podem ser usadas como combustíveis, tal como carvão, petróleo e gás natural. * 1.2 Fases do Empreendimento de Mineração A mineração pode ser classificada em três grupos principais: as minerações ditas empresariais ou industriais, de grande porte; as minerações ditas de uso social, de menor porte, como as pedreiras, as cavas de areia e as lavras de argila e, por fim, os garimpos atividades extrativistas, informais, manuais e, freqüentemente, clandestinas. Os empreendimentos de mineração são de maturação lenta, podendo ocorrer vários anos desde a descoberta da jazida até o início da operação. As principais etapas dos empreendimentos mineiros são as seguintes: * Projeto: compreende os estudos e projetos de engenharia com especificações construtivas, destinados à execução das obras; Figura 1.1 - Minas de Ferro: N4E, N4WN, N5E, N5W 7 * Implantação: é a etapa de instalação do empreendimento, englobando também o desenvolvimento da mina ou sua preparação para a lavra propriamente dita. * Operação: envolve às atividades de lavra e concentração do minério * Desativação: esta etapa representa o encerramento da atividade mineira e posterior recuperação da área para uso futuro. Para facilitar o entendimento da terminologia adotada são apresentados, a seguir, os conceitos principais referidos aos estudos e trabalhos em mineração, parcialmente ilustrado na Figura 1.1. Figura 1.2 - Esquema de um empreendimento de mineração. 1.3 Fases da Mineração DIVISÃO TÉCNICA E DIVISÃO LEGAL Tecnicamente a mineração moderna é frequentemente comparada com as cinco etapas na vida de uma mina: prospecção, exploração, desenvolvimento, explotação, e recuperação (Figura 1.3) A fase fechamento e restauração do local da mina tornaram-se necessárias no ciclo de vida de uma mina devido às demandas da sociedade por um meio ambiente limpo e rígidas leis que regulamentam as minas abandonadas. O processo global do desenvolver uma mina considerando os possíveis usos do solo no futuro é chamado de desenvolvimento sustentável. Legalmente, a mineração consta de duas fases: pesquisa e lavra, que poderão ser desdobradas da seguinte forma: Pesquisa = prospecção e exploração 8 Lavra = desenvolvimento e lavra Figura 1.3 - Fases da mineração. PROSPECCÇÃO São os trabalhos de pesquisa geológica necessários para encontrar o minério, conforme especificado abaixo: Inicialmente é feita a análise de mapas para selecionar rochas e estruturas geológicas favoráveis à concentração de minerais de interesse econômico. Após essa fase, são realizados trabalhos de pesquisa, tais como: mapeamento geológico, levantamentos geoquímicos e geofísicos, etc. Após o sucesso obtido na primeira fase, chega-se a definição do alvo de interêsse e inicia-se a fase de exploração mineral. EXPLORAÇÃO Esta fase compreeende todos os trabalhos geológicos necessários para a caracterização do depósito em termos de tipos de minério, teores, geometria dos corpos mineralizados e, por fim, o volume ou reserva de minério. Caso os estudos revelarem teores e volumes de minério interessantes economicamente, o depósito passa a ser classificado como uma jazida, caso contrário, trata-se de uma ocorrência mineral sem valor econômico para aquele momento. De forma geral, os trabalhos nesta fase envolvem: mapeamento geológico de detalhe, abertura de trincheiras, poços, realização de sondagens, amostragens de rochas e minérios e determinação de teores dos elementos de interesse, seguidos de estudos geoquímicos e geoestatísticos. DESENVOLVIMENTO O desenvolvimento é a fase que antecede à lavra propriamente dita. Nesta fase são realizados trabalhos de desmatamento, decapeamento (remoção da cobertura do minério), abertura de vias de acesso (de superfície ou subterrâneas), drenagem da mina, etc, enfim todo e qualquer trabalho que vise 9 facilitar a operação de lavra. Os acessos correspondem as vias que comunicam a jazida com a superfície para sua explotação e escoamento do minério lavrado. Podem ser agrupados nos seguintes tipos: - A céu aberto (trincheiras, rampas, planos inclinados), representam entradas principais, convenientemente construídas para facilitar a lavra dos diversos bancos (níveis). - Subterrânea (túneis, poços verticais, poços inclinados) LAVRA (EXPLOTAÇÃO) A Explotação envolve a extração do minério bruto (minério, estéril), o seu tratamento em anexos mineiros (usina). O método ideal de explotação ou lavra do minério deve considerar a maior lucratividade da operação, a completa extração do minério, a máxima segurança e, um mínimo de impacto ambiental. RECUPERAÇÃO A fase de recuperação constitui a etapa final de operação de muitas minas, compreende os processos de fechamento ou exaustão da mina, revegetação, tratamento e recuperação da qualidade da água e restauração do relevo. O plano de recuperação de qualquer mina deve estabelecer em primeiro lugar medidas de segurança do local da mina, principalmente, se a área for aberta à população. É necessária a remoção de toda a infraestrutura de mina (oficinas, transporte de equipamentos, etc). Também, é preciso determinar o uso subsequente do solo após a exaustão da mina. 1.4 Estudo para a Escolha do Método de Explotação MÉTODO DE EXPLOTAÇÃO Os métodos de explotação empregados para a lavra do depósito mineral são basicamente determinados pelas características do próprio depósito mineral e pelos limites impostos pela segurança, tecnologia, preocupações ambientais, e economia. Fatores geológicos, como o mergulho, forma e volume do minério e da rocha encaixante, também, desempenham papel importante na escolha do método de explotação. Do ponto de vista econômico, a explotação de uma jazida visa a retirada sistemática do elemento de interesse pelo método de lavra com maior retorno financeiro dos investimentos empregados. Deste modo, a explotação de uma jazida envolve conceitos técnicos e econômicos. De forma geral, o método de Explotação envolve um conjunto procedimentos e processos utilizados para a remoção da substância mineral útil contida numa fração da jazida. Este conceito é mais abrangente que o método de desmonte, pois envolve uma série de informações sobre a jazida, como: domínio dos terrenos; tipo de preparação; posição das vias de transporte; forma, extensão, orientação e sentido de progressão da frente de lavra; formas de escoamento e transporte do material lavrado; colocação de escoramentos e sustentação das escavações; desenvolvimento na horizontal e na vertical da explotação. 10 Já o método de desmonte, é definido como o conjunto de processos utilizados para proceder ao arranque do minério do maciço. Trata-se de um conceito mais restrito, pois engloba apenas o conjunto de operações necessárias à extração da substância útil da frente de trabalho. A escolha do método de lavra mais adequado para uma jazida mineral envolve a avaliação de fatores geológicos, tecnológicos, econômicos, segurança e ambientais. São fatores que variam de acordo com o tipo de depósito, os seus contrôles (litológicos, estruturais), a sua localização e o mercado consumidor. De forma mais específica, a escolha ou seleção do método de explotação deve levar em conta os seguintes fatores e critérios: Fatores de Seleção: - Profundidade, forma e dimensões do corpo mineralizado. - Localização geográfica da jazida (acessos, escoamento da produção) - Características mineralógicas e geotécnicas da rocha hospedeira do minério e da rocha encaixante - Distribuição dos teores do minério na jazida - Potencial do mercado consumidor (cenário econômico) - Regulamentação ambiental vigente. Critériosde Seleção: - Confiabilidade das reservas de minério avaliadas - Rendimento e produtividade do método de lavra escolhido - Segurança do pessoal e produtividade na lavra - Recuperação no beneficiamento - Porcentagem de diluição dos teores na lavra. PRINCIPAIS EXIGÊNCIAS PARA A EXPLOTAÇÃO DE UMA JAZIDA Na explotação de uma jazida devem tomar-se em conta as seguintes exigências: 1. Segurança dos trabalhos na lavra e na usina de beneficiamento 2. Custo mínimo na explotação do mineral e obtenção do produto final 3. Elevado rendimento do trabalho 4. Perdas e diluição mínimas do minério na lavra e no beneficiamento 5. Cumprimento do plano de lavra 6. Criação de condições favoráveis para o trabalho 7. Mecanização efetiva dos trabalhos mineiros e criação de possibilidades para uma ampla automação dos processos de produção A segurança dos trabalhos mineiros é atualmente uma das principais exigências da legislação trabalhista específica para o setor. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE EXPLOTAÇÃO Há uma variedade de classificações para os métodos de explotação baseadas nas características geológicas e geotécnica dos depósitos (Peele, 1941; Young. 1946; Lewis & Clark, 1964). Hartman, L.H. & Mutmansky J.M. (2002), apresentam uma classificação dos métodos de explotação que se aplica a maioria dos depósitos minerais conhecidos e envolve tanto os métodos à céu aberto como os em subsuperfície. Além de genérica, esta classificação considera os custos comparativos entre os 11 diferentes métodos (Tabela 1.1). Tabela 1.1 Classificação dos Métodos de Explotação segundo Hartman, L.H. & Mutmansky J.M. (2002). Local Classe Subclasse Método Minérios Custos Relativos (%) Superfície (céu aberto) Mecânico - * Open pit (Bancadas em flanco e em cava) Metais, não metais 5 Pedreiras Não metais 100 *Open cast (Lavra por tiras) Carvão, não metais 10 Auger mining Carvão 5 Aquoso Plácer Hidráulico Metais, não metais 5 Dragagem Metais, não metais < 5 Solução Borehole mining Não metais 5 *Lixiviação Metais 10 * Métodos de explotação mais importantes e comumente usados. Métodos convencionais de explotação agrupam-se em duas categorias: a céu aberto e subterrâneos. A lavra a céu aberto compreende métodos de escavação mecânicos: lavra de bancadas: em flanco e em cava (open pit) e lavra de tiras (open cast ou strip mining) e, métodos aquosos (lavra de pláceres) e mineração por (borehole mining). Corpos mineraisde grande grande espessura, geralmente são lavrados em bancadas ou degraus, enquanto que depósitos minerais estreitos podem requerer para sua lavra uma única face ou bancada. Lavra de bancadas e lavra por tiras são usualmente empregados em explotação de depósitos minerais superficiais ou aqueles que apresentam baixo volume de capeamento. Estes frequentemente precisam de um grande capital de investimento, porém geralmente apresentam elevada produtividade, baixos custos de operação e boas condições de segurança. Os métodos de extração aquosos dependem basicamente da disponibilidade de água ou meio líquido (Ex. ácido sulfúrico diluído, solução fraca de cianeto ou carbonato de amônia) para a extração mineral. Lavra de plácer é usado na explotação de minerais pouco consolidados como areia, cascalho, cascalho contendo Au, Sn, diamantes, Pt, Ti. Já a lavra hidráulica utiliza a injeção direta no corpo de minério de jatos de água sob pressão para sua remoção através da ação erosiva da água. A dragagem é executada com dragas flutuantes completando a extração mecânica ou hidráulica. Métodos de extração por solução incluem furos longos (borehole mining) na extração de cloreto de Na ou enxofre e lixiviação através de em pilhas disposta na superfície. Lavra de pláceres e mineração por solução estão entre os mais econômicos de todos os métodos de explotação, porém somente podem ser aplicados em poucas categorias de depósitos minerais. 12 UNIDADE II: OPERAÇÕES MINEIRAS 2.1 Operações Fundamentais e Ciclos Durante as fases de desenvolvimento e explotação de uma jazida, notadamente operações unitárias semelhantes são normalmente desenvolvidas de forma cíclica, visando à extração e transporte dos minérios lavradoas. As operações mineiras compreendem operações de produção e operações auxiliares. As atividades relacionadas diretamente a extração mineral são conhecidas como operações de produção, enquanto que aquelas sustentam e apoiam as operações de produção são denominadas operações auxiliares (Figura 2.1). Figura 2.1 - Fluxo de operações mineiras. a) MRN, b) VALE O ciclo de produção para extração de minerais emprega operações unitárias que são normalmente agrupadas em: escavação - carregamento (arranque - carregamento) e transporte - descarregamento. Para a escavação de minérios de dureza elevada (minerais coerentes) são empregados métodos de perfuração e detonação, denominados de etapa de desmonte das rochas. Já, depósitos brandos (minerais incoerentes), são escavados diretamente por métodos mecânicos, compreendem atividades de arrasto e carregamento (transporte horizontal) e algumas vezes atividades de içamento (transporte vertical ou inclinado). CICLO DE PRODUÇÃO O ciclo básico de operações usado na produção e extração de minérios compreende quatro operações básicas (Figura 2.2): CICLO DE PRODUÇÃO = ESCAVAÇÃO + CARRE GAMENTO +TRANSPORTE + DESCARREGAMENTO Perfuração – Detonação Arrasto – Içamento (ARRANQUE) 13 O ciclo de operações em minas superficiais e subterrâneas difere primariamente pela escala dos equipamentos, sendo freqüentemente alterado de acordo com os tipos de equipamentos utilizados e a melhor tecnologia adotada para o processo de produção. Além do ciclo de operações de produção, certamente operações auxiliares devem ser executadas em vários casos. Mineração subterrânea, usualmente inclui escoramento de escavações, ventilação, iluminação, bombeamento, etc. 2.2 Operações de Produção PREPARAÇÃO DAS ROCHAS PARA SUA EXTRAÇÃO A preparação das rochas para sua extração depende fundamentalmente das características físico-mecânicas do maciço de rochas e pode estar ausente em rochas incoerentes (brandas ou moles) que não requerem preparação prévia. A preparação das rochas para o arranque engloba de 5 a 40% do custo total de extração. De acordo com o grau de dificuldade da rocha para sua extração, ou seja, o seu fator de resistência (f), a escala de Protodiakonove (Tabela 2.1) classifica os maciços em 10 grupos: nos grupos I, II, e III estão as rochas de alto coeficiente de resistência, f entre 8 e 20 (rochas duras a muito duras); nos grupos IV e V estão as rochas de dureza mediana (f entre 7 e 4) e nos grupos VI até X as rochas mais moles (f < 4). Tabela 2.1 - Escala de Protodiakonov Categoria Grau de dureza Rocha Fator de resistência (f) I Rochas extremamente duras Rochas de dureza excepcional (Quartzitos, basaltos duros e compactos) 20 II Rochas muito duras Rochas graníticas muito duras pórfiroquartzosas, granitos muito duros, xistos, quartzitos de minério, arenitos e calcários cristalizados 15 III Rochas duras Granitos compactos, arenitos e calcários muito duros, veios de quartzo metalíferos, conglomerados duros, minerais de ferro muito duros 8 IIIA Rochas duras Calcários duros, granitos de menor dureza, arenitos duros, mármores duros, dolomita 8 IV Rochas medianamente duras Arenito comum, minerais de ferro 7 14 IVA Rochas medianamente duras Xistos arenosos, arenitos xistosos 6 V Rochas semidur as Xistos argilosos duros, arenitos e calcários de menor dureza, conglomerado brando 5 VA Rochas semidur as Vários xistos de menor dureza 4 VI Rochas medianamente Moles Xistos moles, calcário muito mole,gesso, antracito, arenito fragmentado 3 VIA Rochas medianamente moles Aluviais duros, terrenos argilosos, argila arenosa 2 VII Rochas moles Argila. hulha 1 VIIA Rochas terrosas Terra vegetal, turfa. 0.8 VIII Rochas terrosas Terra argilosa mole, areia úmida 0.6 IX Rochas soltas Areias, detritos rochosos, hulha 0.5 X Rochas movediças Terrenos movediços, soltos, pântanos, 0.3 PREPARAÇÃO DAS ROCHAS PARA EXTRAÇÃO – Desmonte e Fragmentação Denomina-se Desmonte e/ou Fragmentação a liberação de grandes massas de rochas resistentes do maciço. Tradicionalmente são conhecidos dois tipos diferentes de métodos de Desmonte e Fragmentação das rochas: perfuração e detonação (arranque por explosivos no caso de massas minerais coerentes) e fragmentação com meios mecânicos: escarificadores e jatos de água sob pressão (no caso de massas incoerentes). A fragmentação visa quebrar as rochas segundo o tamanho e a forma desejáveis. A tabela 2.2 apresenta a classificação dos métodos de fragmentação de acordo com forma de energia aplicada sobre a rocha. Tabela 2.2 - Classificação dos métodos de fragmentação baseados sobre a forma de energia aplicada: Forma de energia aplicada Método Agente ou equipamento Química Detonação/explosão Explosivo de elevada energia, agente de dinamitação, oxigênio liquido, pólvoras negras. Reação “Abrandamento” ou mitigação da rocha, dissolução Mecânica Pneumático Ar comprimido ou cilindros de dióxido de carbono 15 Escarificadores mecânicos (rippers) Lâmina de rippers, lâmina de bulldozers Impacto/choque Martelos hidráulicos, dispositivo de pingar (gota) Fluido Mineração de solos Monitores hidráulicos Mineração de rochas Jatos de água a pressão Elétrica Arco elétrico ou corrente Perfuração elétrica Os métodos empregados para a perfuração e detonação de rochas de elevada resistência serão especificados e detalhados em um Módulo Optativo do curso a ser ofertado em Março de 2020. Trata-se de um curso de desmonte e fragmentação de rochas com o uso de explosivos, com carga horária de 30 horas, o qual habilita os concluintes a desenvolverem essas operações em trabalhos mineiros ou em abertura de túneis de rodovias e ferrovias. Deste modo, trataremos a seguir apenas os métodos mecânicos de fragmentação de maciços, ou seja, com o emprego de escarificadores e jatos de água sob pressão. ESCARIFICADORES MECÂNICOS (RUSTER, RIPPERS) Os escarificadores (rippers) são equipamentos de acionamento hidráulico ou por cabos (guincho, polias e cabos de aço), compostos de um ou mais dentes montados na traseira de tratores e patrols (Figura 2.4). O peso do equipamento, o seu deslocamento e a forma dos dentes (curvados, retos, combinados) proporcionam a penetração no solo/rocha executando seu arranque. Para se obter o rendimento máximo do arranque é necessário que os dentes do ripper penetrem quase totalmente no solo. Figura 2.4 - Representação de um “ripper”. O ripper é muito eficaz para trabalhos de preparação, de desmonte e de limpeza de terrenos virgens, facilitando o trabalho posterior de outros equipamentos de escavação (scrapers). O uso do ripper em mineração é bastante difundido, principalmente em decapeamento de jazidas cuja consistència do maciço nãopermite o desmonte com a própria lâmina do trator. Nesse caso, faz-se a escarificação em toda a área a ser removida e, posteriormente, executa-se a remoção com a lâmina do trator. Os rippers são utilizados para desagregar e arrancar solos muito compactos, argilas duras, granito descomposto, xistos argilosos, rochas estratificadas, etc, ou seja são característicos de rochas relativamente brandas. As vantagens do uso dos escarificadores são: menor custo de produção da preparação das rochas, maior segurança, menor contaminação do minério, ausência de abalos sísmicos que permite o seu emprego em áreas próximas a instalações mineiras e povoados. 16 Como condições desfavoráveis ao emprego do escarificador, temos as seguintes: maciços homogêneos sem planos de falhas ou fraturas, rocha de granulação fina e compacta e rocha muito argilosa. ESCAVAÇÃO E CARREGAMENTO: PRINCÍPIOS E ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS A extração e elevação de materiais: fragmentado ou in-situ é chamada de escavação ou carregamento. Escavação ou carregamento são operações unitárias primárias em qualquer operação mineira, desenvolvidas através do emprego de vários equipamentos mineiros, classificados em função do local da mineração, a céu aberto ou subterrânea e da continuidade da operação (principio de operação): cíclicos ou contínuos (Tabela 2.3). No caso das operações cíclicas, os equipamentos normalmente realizam em simultâneo as operações de carga e transporteo. Os equipamentos mais utilizados são os dumpers, as pás mecânicas, e as dragas, sendo esta última determinante quando os trabalhos se desenvolvem em profundidade (Figura 2.5 e 2.6). Tabela 2.3 - Classificação dos métodos de escavação carregamento e equipamentos : Operação Categoria ou método Equipamento (aplicação) Céu aberto (superficial): Cíclica Shovel Escavadeira tipo shovel (pá), carregadeira frontal (pá carregadeira), escavadeira hidráulica, retroescavadeira - back shovel (mineração de Au/dragagem, decapeamento) Dragline Escavadeira de arrasto - drag-line (pláceres, dragagem) Bulldozer Trator de esteira com lâmina e escarificador - unidade escavo-empujadora (escavação em frentes de rochas: brandas, desagregada com escarificadores, explosionadas) Scraper Scraper rebocado, scraper automotriz – motoscraper (escavam, carregam e transportam materiais de consistência média a distâncias médias) Blasting (dinamitação) Decapeamento com explosivos (dinamita) Continua Wheel escavator(BWE) Escavadeira mecânica loader Escavadeira continua por roda de caçambas - bucket Wheel (escavação de solos, carvão) Highwall mining Trenchers e ditchers: (escavação por meio de cabeças rotativas que desagregam o material e posteriormente removido por correias transportadoras) Hidráulica Monitores ou hidromonitores (aluviões/pláceres) 17 Dragagem Dragas: bucket wheel, bucket chain (pláceres) Figura 2.5- Equipamentos para decapeamento e escavação convencional em bancadas a céu aberto: (a) pá carregadeira; (b) motoscraper; (c) retroescavadeira; (d)escavadeira shovel; (e) trator de esteira (com lâmina e escarificador); (f) escavadeira hidráulica. Nas operações contínuas em que certos equipamentos combinam ou realizam simultaneamente o arranque e a remoção, as operações de corte, perfuração e uso de explosivos são eliminadas, sendo o arranque e a carga (extração) realizados simultâneamente (Figura 2.6). A adoção de um sistema contínuo, em lavra a céu aberto, está essencialmente dependente da inclinação dos taludes, ou seja, da profundidade da exploração e da coesão e granulometria do material. Nas operações mineiras de superfície ou a céu aberto, os equipamentos mais comuns em sistema contínuo são as correias (ou telas) transportadoras e os minerodutos. 18 Figura 2.7 - LHDs (Load - haul - dump) Figura 2.6 - Tipos de dragas: (a) draglines; (b) bucket chain; (c) bucket wheel; (d) clamshells. Nas operações mineiras subterrâneas, os equipamentos usados para carregamento são de grande diversidade de tipos e tamanhos,os principais são: * carregadeiras tipo overshot: são equipamentos que coletam o material desmontado e o descarregam atrás de si, geralmente em vagonetas; podem locomover- se sobre trilhos, sobre lagartas ou eventualmente sobre pneus, com acionamento a ar comprimido e caçambas com capacidade de 0,14 a 0,60 m3; * rastelos (slushers): são equipamentos que arrastam o minério a distâncias de 15 a 120 m, sendo acionados por ar comprimidoou eletricidade; * pás carregadeiras rebaixadas (LHDs): são equipamentos similares às carregadeiras convencionais, porém com perfil mais baixo para trabalhar em túneis e galerias de pequena altura; geralmente de acionamento a diesel, articuladas no centro, com caçambas de 0,4 a 10 m3 (Figura 2.7); 19 Figura 2.8 - Operações fundamentais de uma explotação de rocha industrial. Os equipamentos de escavação executam em seu trabalho quatro operações básicas, que podem ocorrer em sequência ou, as vezes, com simultaneidade parcial, a saber: escavação ou corte, carga da caçamba, transporte e descarga (Figura 2.8). Com o aumento da produtividade e visando tornar o processo global mais eficiente, tem se eliminado ou combinado uma ou mais operações mineiras. Por exemplo o trator de esteiras executa as três primeiras simultaneamente para, em seguida, descarregar e espalhar o material escavado. As unidades escavo-carregadoras, apenas executam as duas primeiras. Equipamentos de arranque e carga de ação contínua realizam o arranque e carregamento das rochas incoerentes (moles), rochas friáveis e a granel (pulverulentas), eliminando-se operações de perfuração e explosão de rochas. Extração e carregamento são executados em uma única função (escavação). Materiais moles são extraídos em uma única operação, quando empregados equipamentos que combinem operações de carregamento e arrasto, semelhante às pás carregadeiras rebaixadas LHD (load - haul - dump). Visando executar uma atividade de mineração mais eficiente, novas e mais avançadas técnicas de fabricação de equipamentos tem sido desenvolvidas, possibilitando aumentar o tamanho do equipamento de forma que sua produtividade, também, é aumentada e o custo de operação diminuiu por unidade de material extraído. Por exemplo, a escala de equipamentos mineiros usados na lavra a céu aberto tem aumentado significativamente, limites superiores subiram até 360t de capacidade para caminhões fora de estrada, drag-lines com caçambas de 220jd3 (170m3) de capacidade, escavadeira shovel de superfície de 180jd3 (140m3) de capacidade, escavadeiras shovels elétricas 80jd3 (61m3). As razões principais para fabricação de equipamentos mineiros gigantescos na lavra a céu aberto são encontradas na sua alta produtividade e baixos custos de operação. Em parte, isto é devido a computadores e tecnologia de melhor automatização, implementados atualmente neste tipo de equipamento. 20 A escolha dos principais equipamentos usados em operações mineiras de escavação, carregamento compreende um vasto número de fatores agrupados basicamente em quatro categorias: a) fatores de desempenho (produtividade, tempo do ciclo mínimo, esforço de tração, raio de escavação, capacidade da caçamba e confiabilidade; b) fatores construtivos: tecnologia empregada, tipos de controle e energia disponíveis; c) fatores de manutenção: serviços de manutenção e reparo de equipamentos e; d) fatores econômicos: provavelmente a categoria mais importante na escolha do equipamento, o custo de aquisição e operação de equipamentos mineiros pode ser estabelecido por procedimentos de estimação standard. Atualmente estes equipamentos estão competindo até mesmo com métodos de desmonte por explosivos em rochas compactas sendo por vezes mais rápidos, eficientes e de menor custo. São, entretanto, máquinas caras e muito específicas; cada equipamento possuí capacidade de escavar somente uma determinada seção e um tipo de rocha (seja macia ou resistente), não aceitando normalmente variações litológicas nem intercalações de diferentes tipos de materiais a escavar ao longo do túnel ou mesmo materiais muito abrasivos, pois a face cortante não pode ser facilmente trocada; os raios de curvatura são limitados e a presença de água não prevista pode representar problemas. Normalmente só são empregados em túneis de mais de um quilômetro de extensão, devido a dificuldades de transporte, montagem e mobilização. Têm a vantagem de manter a frente e o perímetro do túnel em situação muito estável e segura, não os abalando por detonações, reduzindo-se com isso os gastos com suporte e revestimento. Os menores TBMs escavam túneis de seção de 1,5 x 2,4 m, alcançando seções de até 10 m de diâmetro, com rotações de até 8 rpm e pressões de 0,4 MN/m2. Os instrumentos de cabeça cortante variam com o tipo de rocha podendo desagregar rochas com resistência de até 300 Mpa, sendo maior ou menor a facilidade para o corte, função da resistência à compressão simples. Por vezes a velocidade de avanço é limitada pela dificuldade de remoção do material cortado e não pela capacidade de corte propriamente dita. Adicionalmente, quando o material da frente de escavação é muito inconsolidado e com presença de água sobre pressão, ele tende a fluir para dentro do túnel. Com isso, além de drenos sub-horizontais para reduzir a pressão hidrostática e drenar a frente, muitas vezes é feito um tratamento do maciço a escavar, com execução de uma sequência de furos em leque aproximadamente paralelos ao eixo do túnel, junto à abóbada e eventualmente nas paredes sendo então injetada calda de cimento ou substâncias químicas que criam uma carapaça mais ou menos resistente, permitindo o avanço da escavação. O desabamento de escavações subterrâneas pode ser evidenciado até na superfície do terreno provocando fenômenos de subsidência. TRANSPORTE DE CARGAS (ESTÉRIL/MINÉRIO) - ARRASTO E IÇAMENTO: PRINCIPIOS E ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS O mineral arrancado nas frentes de trabalho é transportado por métodos de arrasto (principalmente horizontal) e içamento (principalmente vertical). Os equipamentos que executam estas operações são classificados na mesma base dos equipamentos de escavação (Tabela 2.4). 21 O transporte de minérios emprega uma grande variedade de equipamentos. Transporte de caminhões e transportadores (conveyors) prevalecem em minas de superfície. Em minas subterrâneas, transporte ferroviário (vagões), caminhões subterrâneos (possuem perfil rebaixado para túneis de pequena altura), trens de carga, LHDs e transportadores são amplamente usados (Figura 2.11, 2,12 e 2.13). Os equipamentos de transporte executam em seu trabalho, também, quatro operações básicas: carga da unidade, transporte, descarregamento e retorno vazio (posicionamento para o carregamento). Tabela 2.4 - Classificação dos métodos de transporte e equipamentos: Operação Método Distancia de arrasto Céu aberto (superficial): Cíclica Férreo (trem) Ilimitada Caminhão (fora de estrada) 1 -10 mi (1,6 - 16 Km) Caminhão (dumper) 0,2 -5 mi (0,3 - 8 Km) Scraper 500 -5000 ft (150 - 1500 m) Carregadeira frontal < 1000 ft (300 m) Bulldozer < 500 ft (150 m) Skip < 8000 ft vertical (2400 m) Bonde aéreo 0,5 -5 mi (0,8 - 8 Km) Continua Correia transportadora 0,2 -10 mi (0,3 - 16 Km) High-angle conveyor (HAC) < 1 mi (1,6 Km) Transportador hidrúlico (pipeline-oleoducto) Ilimitada Subterrânea: Cíclica Férreo (trem) Ilimitada Caminhão, vãgoes 500 -5000 ft (150 - 1500 m) Rastelo (scraper) 100 -300 ft (30 - 90 m) LHD 300 -2000 ft (90 - 600 m) Skip, gaiola < 8000 ft vertical 22 Continua Transportadores (correias, cadeia, aéreo, trilhos) 0,2 -5 mi (0,3 - 8 Km) Transportador hidráulico Ilimitado Transportador pneumático ilimitado Os fatores considerados na escolha dos sistemas de transporte são similares aqueles considerados nos equipamentos de escavação. Adicionalmente, a escolha leva em conta o tipo de material, o volume a transportar e a distancia de transporte. Figura 2.11 - Equipamentos de transporte a céu aberto. 23 Figura 2.13- Equipamentos de transporte contínuos. O sistema e o circuito de transporte podem ser de dois tipos: a) contínuo - ex. correias transportadoras, b)cíclico - ex. caminhão fora de estrada (Figuras 2.11, 2.12 e 2.13). A Tabela 2.5 sintetiza algumas das principais características dos equipamentos de transporte. A maioria destes equipamentos são usados tanto em minas a céu aberto como subterrâneas. Contudo, os equipamentos usados na lavra subterrânea são frequentemente mais comprimidos (rebaixados) e de menor capacidade que os equipamentos usados em minas superficiais. Tabela 2.5 - Comparação entre as unidades principais de transporte: Equipamento Vantagens Desvantagens Bulldozer 1. Flexível 2. Bom esforço trator (gradeability) 3. Trabalha em terrenos acidentados 1. Limitada distancia de arrasto 2. Descontínuos 3. Baixa produção, baixa velocidade (lentos) Caminhões 1. Flexível e manobrável 2. Fragmentos grandes, rochas maciças 3. Moderado esforço trator 1. Requer boas estradas de transporte 2. Lento em época chuvosa 3. Elevados custos de operação Scraper 1. Flexível e manobrável 2. Bom esforço trator 1. Pode precisar de “pusher” para auxiliar o carregamento 2. Limitado a solos e pequenos fragmentos 3. Elevados custos de operação 24 Trem 1. Elevada produção, baixo custo 2. Ilimitada distancia de arrasto 3. Fragmentos grandes, rochas maciças 1. Elevado custo de manutenção das vias 2. Pobre esforço trator 3. Elevados investimentos de capital Correia Transportadora 1. Elevada produção, contínuo 2. esforça trator muito bom 3. Baixos custos de operação 1. Inflexível 2. Exigências ao material transportado (fragmentos pequenos) 3 . Elevados investimentos de capital As unidades transportadoras são utilizadas em operação conjugada com as unidades escavo-carregadoras realizando as operações básicas de transporte e de descarga. Normalmente, as condições de balanceamento entre as unidades são estabelecidas pelo sincronismo das operações de carregamento e transporte. CONDIÇÃO DE SINCRONISMO A condição de sincronismo considera que a produção da unidade escavo- carregadeira é igual à capacidade de produção da frota de transporte, desde que o fluxo de material carregado seja absorvido pela frota de transporte, sem que haja espera de qualquer dos equipamentos. Isto é: Q unidade escavo-carregadeira = Q frota de transporte Sendo a frota de transporte constituída por N veículos de capacidade C, cujo tempo de ciclo de transporte seja Tc, temos: Q carregadeira = c . ϕ . 1/ tc . R = NC . ϕ . 1/ Tc . R (R = 100%) Admitindo-se que a capacidade solta da caçamba da unidade de transporte seja igual a “n” vezes a capacidade solta da caçamba da carregadeira, temos: C = n . c c / tc = N . n . c / Tc N = Tc / n . tc Sendo: n . tc o tempo de carga do caminhão n . tc = tcarga Assim, N = Tc / tcarga sendo: Tc = tempo de ciclo de transporte (R = 100%) tc = tempo de carga do veículo Conclui-se, que se R = 100%, a condição de balanceamento entre a unidade escavo - carregadeira e a frota de transporte será obtida por N veículos. Por outro lado, a experiência mostra que deve haver adequação entre a capacidade da caçamba da carregadeira e a da unidade transportadora, e o “n” deve está compreendido entre 3e 6. Com 2 caçambas, provavelmente devido à rapidez da carga, poderá haver espera no posicionamento da unidade transportadora seguinte e, com mais de 6 caçambas, o tempo de carga cresce inutilmente, fazendo com que a unidade transportadora aumente desnecessariamente o seu tempo de ciclo. O número N poderá não ser inteiro. Nessa hipótese, podemos optar pelo uso do 25 número inteiro imediatamente inferior ou superior. Se adotarmos o número imediatamente inferior, haverá pequena falta de unidades transportadoras e a carregadora terá espera e a produção global será governada pela frota de transporte. Na outra hipótese, haverá, obviamente, espera da unidade transportadora e a produção será governada pela produção máxima da carregadeira. TEMPO DO CICLO DO TRANSPORTE O tempo do ciclo de transporte Tc é frequentemente afetado por fatores imprevistos que tendem, em geral, a aumentá-lo, como por exemplo, o uso de equipamentos de transporte com diferentes características de desempenho (por fabricação, por estado mecânico deficiente). A própria atitude do operador ou motorista poderá levar a maiores ou menores tempos de percurso. Eventualmente até os problemas do tráfego local poderão afetar a produção de maneira sensível, especialmente nos trabalhos em zona urbana. O tempo do ciclo da unidade de transportadora será composto pelos seguintes tempos elementares: - tempo de carga da unidade (tf) - tempo de transporte carregado (tv) - tempo de manobra e descarga (tf) - tempo de retorno vazio (tv) - tempo de posicionamento para a carga (tf) São considerados fixos os tempos de carga, manobras, descarga e posicionamento, enquanto os de transporte são variáveis, pois dependem das distancias percorridas. Os tempos variáveis serão calculados para as unidades transportadoras de acordo com: 1. Decomposição do trajeto em segmentos, dos quais sejam conhecidos os comprimentos e a inclinação das rampas. 2. Determinação da soma das resistências em cada segmento. 3. Determinação da velocidade em cada segmento, pela utilização do diagrama tração por velocidade. 4. Determinação do tempo gasto no percurso de cada segmento, através do seu comprimento e da velocidade do equipamento. FATOR DE REDUÇÃO DE VELOCIDADE A velocidade média, a ser atingida num determinado trecho, dependerá da velocidade máxima calculada, afetada de um fator de redução, que por sua vez é função das seguintes variáveis: - Relação peso / potência - Velocidade inicial ou final - Comprimento do trecho - Fatores desfavoráveis a) Quanto menor a relação peso / potência, mais facilmente o veículo conseguirá a sua aceleração e o fator de redução será numericamente maior, e inversamente. b) A quantidade de movimento com que a unidade entra num trecho, dependendo da velocidade inicial ou final, afeta sensivelmente o fator de redução. Um veículo que entra ou sai de um segmento, na (ou próximo da) velocidade 26 máxima, terá o fator de redução muito perto de 1,0, enquanto aquele que inicia o movimento ou deve diminuir a velocidade ao final do trecho, terá obviamente valores mais reduzidos. c) A quantidade de movimento e aceleração (ou desaceleração) afeta apenas o inicio (ou o fim) do movimento do veículo no trecho. O comprimento será outro fator a ser tomado em conta, pois, quando for muito curto e o veículo parte do repouso ou possui velocidade inicial baixa, não haverá tempo para atingir, a velocidade de regime, e fator de redução será grande. d) Há certos fatores negativos ou obstruções no trajeto que podem diminuir substancialmente a velocidade, de maneira que o fator de redução diminui paralelamente, a saber: curvas fechadas, má visibilidade, estreitamento da pista, congestionamento de muitas unidades, resistência ao rolamento muito variável, pistas muito úmidas, grandes trechos em declive muito pronunciado, etc. Operações Auxiliares: Classificação. Importância Operações auxiliares compreendem todas as atividades de apoio e complementação à escavação em si (ciclo de produção). Muitas das unidades de operações auxiliares podem ser programadas previamente ou executadas após o ciclo de produção, porém não interferem com as operações de produção e contribuem indiretamente à produção. Os serviços complementares como estabilização das escavações e ventilação são executadas como uma parte integrante do ciclo de produção, se estas são essenciais à saúde e segurança ou para produção eficiente. Algumas minas tendem a designar as operações auxiliares como uma função particular e de baixa prioridade, devido a que operações unitárias não geram lucro nenhum. Contudo, o planejamento de mina (gerentes de minas) tem que assegurarque estas operações recebem atenção formal, sem esquecer que avanços tecnológicos e operações globais eficientes fazem parte das operações auxiliares. Dada sua importância, as operações auxiliares devem ser estudadas e aperfeiçoadas em toda operação mineira. Muitas das operações auxiliares comuns em operações mineiras são apresentadas na Tabela 2.6. A maioria, classificadas como operações de apoio ao ciclo de produção, entretanto operações unitárias associadas com desenvolvimento e recuperação, também, são incluídas. DRENAGEM DA MINA - CONTROLE DE ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS As escavações, tanto em rocha como em solo comumente atingem os lençóis freáticos, acarretando com isso a necessidade de remoção das águas subterrâneas, além das pluviais, para permitir o trabalho dos equipamentos e prosseguimento das atividades. Para tanto, são utilizados diferentes métodos, em função das características geométricas da escavação e hidrogeologia da área. * abertura de valetas ou cavas a céu aberto. * drenos perfurados: são furos normalmente sub-horizontais (em taludes a céu aberto ou galeria), em minerações subterrâneas, podem também ser sub-verticais. * poços escavados em diâmetros variáveis, sendo usados em materiais permeáveis que permitem um rápido fluxo de água para seu interior. * sumps ou escavações no fundo da cava, que normalmente recolhem não só a água 27 subterrânea, mas também águas pluviais para posterior bombeamento em cavas fechadas e também em escavações subterrâneas * wellpoint ou poços-ponteira * poços perfurados de grande diâmetro - método muito usado em minerações a céu aberto. sendo normalmente perfurado em baterias convenientemente posicionadas e continuamente bombeadas de forma a permitir um pré-rebaixamento que vai evoluindo com o aprofundamento da cava * galerias de drenagem: em algumas situações, podem ser construídas galerias que atingem cotas inferiores à cota mínima da escavação em execução. A partir dessa galeria, perfuram-se drenos sub-verticais que conduzem a água subterrânea até essa galeria podendo ser esgotada por gravidade ou bombeamento. * construção de ensecadeiras, geralmente construídas com solo utilizando técnicas de construção de barragens, isolando parte de uma área para escavação e aprofundamento, muito utilizada na construção de usinas hidrelétricas. Para o desaguamento, existem bombas de capacidade de sucção e de recalque das mais diversas capacidades: algumas trabalham somente com água limpa, outras com lamas espessas. Podem ser submersas ou flutuantes. Tabela 2.6 - Classificação das operações auxiliares em mineração: Função Operação a céu aberto Operação subterrânea Explotação Saúde segurança e - Controle do desprendimento de poeira* - Diminuição de ruído - Prevenção de combustão espontânea* - Prevenção de enfermidades profissionais - Controle do desprendimento de gases e poeira* - Ventilação e quantidade suficiente de ar* - Diminuição de ruído - Prevenção de enfermidades profissionais Controle ambiental - Proteção do ar e da água - Disposição de rejeitos* - Controle da água subterrânea (lençol freático) - Controle de subsidências Controle da superfície (solo) - Estabilidade de taludes - Controle da erosão do solo - Controle de tetos (colocação de escoramentos)* - Escavações controladas Distribuição e suprimento de energia - Distribuição de energia (elétrica) - Distribuição de energia (elétrica, ar comprimido) Água e controle de alagamentos - Bombeamento, drenagem - Bombeamento, drenagem Disposição de estéreis - Armazenamento, formação de pilhas - Disposição in-situ, içamento para superfície* Abastecimento de materiais - Divisão e armazenamento de materiais - Divisão e armazenamento de materiais Manutenção e reparação - Instalações (peças e repostos) - Instalações (peças e repostos) Iluminação - Lâmpadas portáteis - Lâmpadas estacionárias e portáteis Comunicações - Rádio, telefone - Rádio, telephone 28 Construção - Estradas de arrasto (transporte), etc - Vias de arrasto (transporte), etc Pessoal de transporte Desenvolvime - Operadores de caminhões, escavadeiras nto (como apoio à produção) - Operadores de skip, gaiolas e caminhões - Preparação local - Limpeza do terreno, vias de acesso, etc Remoção - Decapeamento, armazenamento* superficial do solo - Recuperação da - Reposição, classificar, revegatação superfície Recuperação (simultânea com a produção) - Trabalhos topográficos - Reclassificação - Restabelecimento do solo - Revegetação - Plantação de grama - Plantação de árvores - Controle erosão da - Estabelecimento de sedimentação de bacias - Monitoramento - Qualidade da água - Qualidade do ar - Qualidade da água - Qualidade do ar * Pode ser incorporada no ciclo de produção UNIDADE III: LAVRA ACÉU ABERTO 3.1 Generalidades sobre a Lavra a Céu Aberto A extração de minerais úteis supera os dez mil milhões de toneladas ao ano e, aumenta ao ritmo de 4.4 - 5.5% anualmente, aproximadamente um 75% desse volume se extraem pelo método a céu aberto. A proporção de extração superficial é elevada devida essencialmente a dois fatores: a dificuldade crescente em descobrir depósitos minerais que possam ser economicamente lavrados pelo método subterrâneo e a eficiência, também crescente, na mineração de depósitos pelo método a céu aberto, embora o custo de recuperação para uma mina de superfície esteja aumentando continuamente. A lavra a céu aberto compreende todos os serviços executados na superfície em aberturas (amplas ou limitadas) ou próximo dela em profundidades limitadas, visando a extração do minério ou substancia mineral útil da jazida. Envolve casos específicos de aproveitamento de material subterrâneo como petróleo, gases combustíveis e sais solúveis. O planejamento de mina e desenvolvimento são fases importantes na operação de uma mina. Para isso, a equipe de planejamento considera as condições locais de geologia, geoestatística, topografia, hidrogeologia, geotecnia, clima e condições ambientais. Os projetos de mina devem considerar, além da economicidade do empreendimento, os aspectos relativos ao desenvolvimento das operações unitárias, à segurança operacional, controle ambiental e a reabilitação da área. Hoje em dia, climas severos em altitudes elevadas, raras vezes, impossibilitam o desenvolvimento de lavra a céu aberto, porém podem ser prejudiciais para a eficiência da produção e custos de operação. Entre os fatores naturais e geológicos: terreno, profundidade, características espaciais do depósito e presença de água são variáveis muito importantes. Preocupações ambientais e os custos na solução de problemas ambientais 29 aparecem entre as mais importantes considerações no planejamento e desenvolvimento de uma mina a céu aberto. CONCEITOS MINEIRO-TÉCNICOS E TERMINOLOGIA A galeria mineira aberta, que tem seção trapezoidal e grande extensão denomina-se trincheira. A trincheira inclinada que serve para o decapeamento e comunica a superfície com as bancadas de trabalho da mina é conhecida como trincheira principal. A trincheira horizontal, empregada para a criação do frente inicial de trabalho nas bancadas se denomina trincheira de corte. A escavação de trincheiras principais que possibilitam o tráfego desde a superfície da jazida ou desde uma parte lavrada da jazida a outra em explotação, denomina-se decapeamento da jazida. Os limites do perímetro da mina a céu aberto são as superfícies que passam através do contorno inferior e superior da mina na sua etapa final (Figura 3.1). Contorno superior denomina-se à linha de corte das bordas da mina com a superfície. Contorno inferior denomina-se à linha de corte das bordas da mina com o plano do fundo da mina. Fundo da mina denomina-se àsuperfície inferior, geralmente horizontal da mina. O conjunto de praças e taludes dos bancos desde a superfície até o fundo da mina se denomina talude da mina. Quando as bancadas chegam a sua face final (posição final na exaustão da mina) forma-se o talude inativo (βi ≅ 50º). O talude ativo compreende as diferentes bancadas donde se estão desenvolvendo trabalhos (localizam-se os diferentes equipamentos, rede elétrica, tubulação de ar comprimido, mangueira de água, etc), é também conhecido como talude de trabalho (βt ≅ 10 - 15º). O ângulo que se forma entre a linha do talude da mina e sua projeção sobre o plano horizontal denomina-se ângulo do talude da mina. A distancia vertical entre a cota da superfície e o fundo da mina se denomina profundidade da mina. A profundidade máxima calculada para a mina se denomina profundidade de desenho. Figura 3.1 - Elementos da mina a céu aberto. 1 - bancadas, 2 - bermas (praça da Talude em recesso Limite superior da mina Talude em trabalho Profundidade da mina 4 Ângulo de talude Limite inferior da mina 30 bancada), 3 - face ou talude do banco, 4 - fundo da mina, 5 - talude final da mina. Os trabalhos mineiros que encerram operações de escavação de trincheiras principais e de corte, assim como a definição dos taludes da mina na posição necessária para o começo da explotação se denominam trabalhos mineiros fundamentais. Os trabalhos mineiros executados para pôr ao descoberto o mineral útil da jazida, mediante o arranque e transporte do material estéril de recobrimento e rochas encaixantes, se denominam trabalhos de decapeamento. Os trabalhos de extração se denominam trabalhos de arranque do mineral útil. APLICABILIDADE A explotação a céu aberto executa a lavra de jazidas de minerais metálicos e não metálicos de depósitos próximos à superfície, jazidas aflorantes de reduzido capeamento, jazidas em encostas, em cava, em camada e por furo de sonda, caracterizadas por uma grande variedade de formas, características espaciais, condições mineralógicas e hidrogeológicas diferentes. Os tipos fundamentais de jazidas minerais lavráveis pelo método a céu aberto constituem: a) veios aflorantes - estreitos ou possantes, b) camadas horizontais – ou pouco inclinadas de pequeno capeamento, estreitas ou potentes, c) maciços – economicamente lavráveis pela relação estéril/minério, d) jazidas profundas lavráveis por furos de sonda – decapeamento oneroso, e) placers – depósitos superficiais de sedimentos não-consolidados. Os copos minerais podem-se classificar por sua estrutura, em homogêneos, heterogêneos e dispersos; por sua forma em estratos, bolsões e tubulares; por condições de profundidade em superficiais e profundos e, por características geométricas (ângulo de mergulho) em: 1. Jazidas horizontais - com potência de recobrimento aproximadamente constante e com superfície plana permitindo o decapeamento das rochas sobrejacentes ao corpo mineral. (Figura 3.2a). 2. Jazidas de mergulho suave - com mergulho < 8-10º, caracterizam-se pela variação no volume de rochas do decapeamento, que aumenta em sentido do mergulho da jazida (Figura 3.2b,c). 3. Jazidas inclinadas - com mergulho entre 10-25-30º, caracterizam-se porque as rochas que jazem na base do corpo mineral não são extraídas (Figura 3.2d). 4. Jazidas verticais ou abruptas - com mergulho > 30º, afloram em superfície e estão cobertos com sobrecarga detritica. Este tipo de jazidas permitem a extração das rochas do recobrimento, da capa e da lapa / costados pendente e jacente (Figura 3.2e). 5. Corpos minerais tipo stoks ou volumosos - geralmente localizam-se em bacias ou em lugares debilmente montanhosos com sobrecarga de potência variável (Figura 3.2f). 6. Jazidas em forma de anticlinais e sinclinais - jazidas típicas de carvão (Figuras 3.2g e 3.2h, respectivamente). 31 7. Jazidas dispostas acima da cota de superfície nas pendentes (Figura 4.1i) e jazidas onde a sua parte superior encontra-se na parte alta da montanha e sua parte inferior sob o nível da bacia em forma de “paper” (Figura 3.2j). VANTAGENS E DESVANTAGENS COMPARATIVAS Vantagens - Aproveitamento de jazidas de baixo teor. - Elevada escala de produção e de produtividade (flexibilidade de produção). - Desnecessidade de suporte do céu da mina (emadeiramento, cavilhamento, enchimento, abatimento controlado, etc). - Fácil observação e supervisão das atividades. - Emprego de equipamentos de grande porte (mecanização e automação das diferentes operações). - Menores custos de extração. - Maior segurança do trabalho, melhor higiene e iluminação. - Menor prazo de construção (tempo de construção). - Ausência de problemas de ventilação. - Melhor controle do esgotamento. 32 DESVANTAGENS - Custos operacionais diretos mais elevados (exige maior remoção e movimentação de rochas estéreis) - Imobilização de grandes áreas superficiais (com lavra e bota-foras, etc) - Restrições de localização (presença de rios, lagos, pântanos, mar, cidades, construções e edificações, terrenos demasiado valorizados, reservas ecológicas, etc) - Certa dependência das condições climáticas (chuva, vento, neve, insolação intensa, etc) - Lavra se limita até profundidades moderadas - Restrições de preservação do meio ambiente (preservação e restauração do solo, disposição de estéreis e rejeitos, preservação de bosques, restauração de urbanizações, etc). Figura 3.2 - Tipos fundamentais de jazidas minerais úteis que se lavram a céu aberto. 33 3.2 LAVRA A CÉU ABERTO: Etapas Operacionais ETAPAS BÁSICAS DE TRABALHO E PROCESSOS MINEIROS DE PRODUÇÃO A lavra de jazidas minerais pelo método a céu aberto encerra as seguintes etapas fundamentais de trabalho e processos mineiros de produção: 1. Desmatamento; 2. Remoção do capeamento; 3. Drenagem da mina; 4. Desmonte; 5. Carregamento; 6. Transporte; 7. Disposição do estéril ETAPAS BÁSICAS DE TRABALHO * A preparação da superfície da mina, compreende trabalhos de desmatamento, decepamento de troncos, desvio de rios ou riachos para fora dos limites do campo da mina, drenagem das águas de lagos e secado de pântanos, remoção de edificações e construções existentes no campo da mina, bem como as vias férreas e estradas. O desmatamento efetua-se com tratores de lâmina. * A drenagem da mina, é executada para permitir ou facilitar a operação de lavra ou então para estabilização dos taludes, através do controle das águas pluviais, de infiltração e águas do lençol freático. A drenagem da mina efetua-se previamente ao desenvolvimento das operações mineiras, antecede ou sucede ao decapeamento, porém durante o processo de construção e explotação da mina a drenagem efetua-se paralelamente. A proteção da mina contra as correntes de águas chuva e exteriores define a construção de canais de drenagem em superfície a uma distancia determinada dos contornos da mina. Águas pluviais ou de infiltração requerem, comumente, diversas captações e depósitos de bombeamento. O rebaixamento do lençol freático pode ser executado por meio de poços profundos, galerias, trincheiras, drenos horizontais profundos, etc. O projeto de rebaixamento deverá estar condicionado por estudos hidrogeológicos detalhados do terreno, englobando levantamento estrutural do perfil de intemperismo e litológico, pois estas feições condicionam a distribuição dos parâmetros hidrodinâmicos do maciço. Estes levantamentos devem ser executados em conjunto com a instalação de piezômetros e/ou com testes de bombeamento. * Os trabalhos mineiros básicos e fundamentais, compreendem a construção de trincheiras principais que permitem o acesso dos meios de transporte desde a superfície até a jazida mineral, assim como a preparação do frente inicial para ostrabalhos de decapeamento e extração. Durante o período de construção da mina, ao grupo de trabalhos mineiros básicos pertencem, também os trabalhos de escavação de trincheiras de corte, as quais criam o frente inicial para os trabalhos de explotação da jazida. * Os trabalhos de decapeamento, consistem na remoção do solo e rocha alterada que recobrem e/ou encaixam a o corpo mineral em superfície (estéril), para se chegar à rocha sã 34 (jazida). Muitas vezes, a camada superficial do solo com resíduos vegetais, é estocada a parte, para posterior recobrimento de escavações e áreas de disposição visando sua reabilitação ou restauração. Ressalta-se que os trabalhos de decapeamento desenvolvidos durante o período de construção da mina estão vinculados aos trabalhos mineiros básicos, enquanto que os trabalhos correntes de decapeamento realizados para a criação do indispensável frente inicial dos trabalhos de extração, durante o período de extração, denominam-se trabalhos de preparação. A finalidade dos trabalhos de extração é efetuar em forma sistemática o arranque do mineral útil com a qualidade exigida e em correspondência com o plano estabelecido. Todas as etapas básicas de trabalho são executadas em série, na ordem mencionada e posteriormente são efetuados de forma simultânea (em paralelo), porém defasadas umas com outras em tempo e espaço. Os trabalhos mineiro básicos estão na frente dos trabalhos de decapeamento, que por sua vez estão na frente dos trabalhos de extração. PROCESSOS MINEIROS DE PRODUÇÃO: CICLO DE OPERAÇÕES UNITÁRIAS O conjunto de processos básicos na extração (ciclo de produção) constitui a tecnologia de explotação mineira a céu aberto. A dificuldade no cumprimento dos processos básicos de produção em minas a céu aberto, é variável, e depende da resistência e estrutura das rochas, das condições de orientação da jazida, da potência, do tipo de instalações mineiras de transporte e da organização do trabalho. Compreendem operações mineiras de produção: preparação, escavação/arranque, transporte e disposição do estéril. * Preparação da massa mineira para sua extração, geralmente consiste na mudança prévia do estado natural do maciço de rochas através dos meios selecionados (sejam mecânicos ou emprego de substâncias explosivas), visando uma extração mais efetiva. Implica a preparação de todo o volume de rochas que se encontra nos contornos da mina. A preparação depende fundamentalmente das características físico-mecânicas do maciço de rochas e pode estar ausente em rochas incoerentes (brandas ou moles) que não requerem preparação prévia. A preparação das rochas para o arranque alcança do 5 ao 40% do custo total de extração. O grau de preparação da frente de trabalho se caracteriza pelas dimensões dos pedaços das rochas fragmentadas. No carregado de massa rochosa fragmentada em pedaços pequenos, a escavadeira apresenta alto rendimento, pois, nestas condições diminui o ciclo de escavação e se eleva o coeficiente de utilização da caçamba. Quando a fragmentação das rochas coerentes (resistentes) é uniforme e em pedaços pequenos, pode- se utilizar com êxito maquinaria de ação continua. * Escavação - Carregamento (Arranque - Carregamento), consiste na separação de grandes (extensas) massas de rochas resistentes do maciço de rochas (preparação da massa de rochas com escarificadores mecânicos e sustâncias explosivas). Inclui, também, o arranque direto de rochas incoerentes (brandas ou moles), ou seja, escavação mecânica de material incoerente e o carregamento aos médios de transporte ou depósitos de estéreis através do emprego de vários equipamentos mineiros, bem como o carregamento de rochas resistentes previamente fragmentadas na frente de trabalho. 35 O arranque das massas minerais coerentes efetua-se mediante fragmentação através do emprego de substâncias explosivas e o carregamento aos meios de transporte. Os trabalhos de perfuração e explosão têm por finalidade a fragmentação das rochas resistentes, cuja extração é impossível diretamente com meios mecânicos (escavadeiras). * Transporte da massa de rochas (minério/estéril), os trabalhos a céu aberto se encerram com o transporte das rochas estéreis (decapeamento) e o mineral útil aos locais de amontoamento e recepção. A massa mineral arrancada nas frentes de trabalho é transportada para a usina de concentração (britagem primária no beneficiamento) ou para o pátio de estocagem de minério, enquanto as rochas estéreis são transportadas para os bota- foras. O transporte de minérios arrancados em operações mineiras emprega extensamente uma grande variedade de equipamentos, prevalecendo escavadeiras de grande porte, transportadores e caminhões, enquanto as rochas estéreis se transportam com motoscrapers, draglines ou tratores de esteiras. Em minas a céu aberto, o transporte das cargas (minério/estéril) a grandes distancias, desenvolve-se com transporte férreo com locomotivas de tração elétrica ou de vapor e vagões dumcars (de volteio lateral) com capacidade de carga desde 50 até 180 toneladas; com transporte automotriz, caminhões fora de estrada com capacidade de carga desde 5 até 360 toneladas. O transporte de rochas incoerentes desde as frentes de arranque com equipamentos de ação continua, geralmente, se realiza por correias transportadoras. Atualmente correias transportadoras empregam-se, também, para o transporte de rochas consolidadas (coerentes), desde as frentes de arranque com equipamentos de ação intermitente (escavadeiras) até os pátios de estocagem de minério ou britadores primários. O armazenamento das rochas efetua-se em locais temporários ou permanentes de trabalho. O minério é descarregado em sítios permanentes devidamente montados (pátio de estocagem de minério) e as rochas estéreis se descarregam nos bota-foras, em sítios temporários que mudam de posição e não possuem instalações estacionarias. O despejo e compactação (empilhamento ou amontoamento) das rochas estéreis se efetua com escavadeiras frontais, escavadeiras especiais de caçambas múltiplas , bulldozers ou com lavado hidráulico (hidrolavado). 3.3 Disposição do Estéril Os depósitos de estéril, correspondentes a pilhas de solo ou de blocos de rocha, com alturas de mais de uma centena de metros e volumes de centenas de milhões de m3, são formados em terrenos planos ou em vales. Para o projeto de tais depósitos, deve considerar as características dos materiais empilhados e do terreno de fundação, bem como a posição e a oscilação do nível de água subterrânea (lençol freático) nas áreas dos depósitos. A tecnologia de explotação a céu aberto pode ser completa, quando se executam todos os processos acima indicados. Em condições favoráveis, quando se lavra jazidas minerais úteis incoerentes (brandas ou moles) com rochas de recobrimento, também incoerentes, a explotação pode-se efetuar com menor número de processos de produção. Quanto às diversas modalidades da lavra convencional, estão muito condicionadas à forma adotada para o transporte dos estéreis, o que determina não somente a estrutura e as condições de aplicação de um método de lavra, como também sua economia, posto em uma lavra a céu aberto, a quantidade de estéreis removidos supera várias vezes à de minério 36 extraído. Sob este aspecto, podemos então agrupar tais métodos em métodos com transporte e métodos sem transporte (Lavra por tiras). Os métodos com transporte, que no Brasil são mais comuns, se caracterizam pela remoção dos estéreis por veículos sobre rodas ou por correias transportadoras. Na maioria dos casos, esses métodos se aplicam à lavra de camadas inclinadas, corpos de fortes mergulhos ou corpos potentes. Exemplos típicos seriam as minerações de ferro do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, as minerações de fosfato e pirocloro de Araxá, etc. Os métodos sem transporte se caracterizam pela disposição
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