Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Questão 1 Valor: 3,0 (três) pontos Número máximo de linhas: 20 (vinte) – para cada subitem PERGUNTA-SE: (i) a Alegação 1 deve ser acolhida? Explique e fundamente. (1,5) O artigo III da CNY afirma que cada Estado contratante reconhecerá as sentenças arbitrais como vinculativas e as executará de acordo com as regras de procedimento do território onde a decisão for invocada, nas condições estabelecidas nos artigos seguintes. Assim, não serão impostas condições substancialmente mais onerosas ou taxas e encargos mais elevados no reconhecimento ou execução de sentenças arbitrais às quais se aplica esta Convenção do que as impostas no reconhecimento ou execução de sentenças arbitrais nacionais, dessarte, não serão aplicadas quaisquer condições sensivelmente mais rigorosas, nem sensivelmente mais elevadas, do que aquelas que são aplicadas para o reconhecimento ou a execução das sentenças arbitrais nacionais (WALD, 2008)1. Dessa forma, a alegação não deve ser acolhida e predomina o que for mais funcional para o julgamento. (ii) a Alegação 2 deve ser acolhida? Explique e fundamente. (1,5) A CNY, em seu artigo II, declara que cada Estado deve reconhecer o acordo escrito previamente pelas partes, onde se comprometeram a se submeter à arbitragem. A Convenção identifica esse acordo escrito como a cláusula arbitral introduzida no acordo de arbitragem, dessa forma, por ter sido proferida fora dos limites da cláusula compromissória, a alegação deve ser acolhida à luz da CNY. 1 WALD, Arnaldo. A convenção de Nova York e a revolução da arbitragem no mundo. 2008 Questão 2 Valor: 3,0 (três) pontos Número máximo de linhas: 15 (quinze) – para cada subitem Pergunta-se: (i) é cabível a invalidação da sentença arbitral à luz da cláusula compromissória e da Lei n. 9.307/1996? Explique e fundamente, inclusive indicando os dispositivos aplicáveis. (1,0) Tendo em vista que no caso em questão a cláusula compromissória previu a composição do tribunal arbitral por três árbitros inscritos na OAB, é então caracterizado um excesso dos árbitros aos limites da convenção arbitral, sendo assim hipótese de cabimento, pois os árbitros possuem poder apenas dentro dos limites que as partes fixaram para eles (CÂMARA, 1997)2. Desse modo, os co-árbitros, ao nomearem um engenheiro como presidente do tribunal arbitral, permitiram que essa sentença fosse invalidada à luz da cláusula compromissória. Ademais, a Lei n. 9.307 de 1996, em seu 32, inciso II, afirma que é nula a sentença emanada de quem não pode ser arbitro, dessa forma, a sentença julgada pelo engenheiro escolhido pelos co-árbitros é nula. Outrossim, o artigo 14 da Lei da Arbitragem também afirma que estão impedidos de funcionar como árbitros as pessoas que tenham com as partes algumas das relações que caracterizam os casos de impedimento ou suspeição de juízes, anulando assim a sentença arbitral à luz da Lei n. 9.307/1996. (ii) É cabível a invalidação da sentença arbitral à luz das Diretrizes da IBA e da Lei n. 9.307/1996? Explique e fundamente, inclusive indicando os dispositivos aplicáveis. (1,0) As Diretrizes da IBA sobre Conflitos de Interesses em Arbitragem Internacional declaram, em seu primeiro e geral princípio, que todo o árbitro deve ser imparcial e independente em relação às partes no momento da aceitação da sua nomeação, e assim deve permanecer durante todo o processo arbitral até que seja proferida a sentença arbitral 2 CÂMARA, Alexandre Freitas. Arbitragem. Rio de Janeiro. 1997. final ou o processo termine definitivamente de outra forma. Dessa forma, o engenheiro Teodoro Rebouças por presta consultoria à uma sociedade que integra o mesmo grupo econômico da Construtora não seria capaz de ser arbitro, invalidando a sentença à luz das Diretrizes da IBA. Seguindo a mesma lógica, como dito anteriormente, a Lei n. 9.307 de 1996, em seus artigos 14 e 32 afirma que é nula a sentença, tendo em vista que quando emanada de quem não pode ser arbitro, deve ser anulada. Além disso, em seu artigo 20, a Lei de Arbitragem declara que a parte que pretender arguir questões relativas à invalidade convenção de arbitragem, deverá fazê-lo na primeira oportunidade que tiver de se manifestar, após a instituição da arbitragem, fundamentando a invalidação da sentença arbitra à luz da Lei n. 9.307/1996. (iii) Se a invalidação sentença arbitral for cabível, quais são as vias processuais que a Fábrica poderá utilizar para pleiteá-la? Explique e fundamente, inclusive indicando os dispositivos aplicáveis. (1,0) Nos termos do artigo 33 da Lei da Arbitragem, a Fábrica poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a decretação da nulidade da sentença arbitral e a demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá o procedimento comum (CARMONA, 2009)3. Dessarte, é necessário que a sentença arbitral seja questionada por meio da ação anulatória prevista na Lei nº 9.307/96. Questão 3 PERGUNTA-SE: (i) é procedente a alegação de nulidade da cláusula compromissória? Independentemente da validade ou invalidade da cláusula compromissória, o tribunal arbitral poderia decretar a revelia do Banco? Explique e fundamente. (2,0) 3 CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e processo: um comentário à Lei nº 9.307/96. São Paulo, 2009. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103445/lei-de-arbitragem-lei-9307-96 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103445/lei-de-arbitragem-lei-9307-96 Em relação à alegação de nulidade, tendo em vista que essa foi justificada pela suposição dos entes da Administração Pública indireta estarem legalmente impedidos de celebrar convenções arbitrais, a alegação é improcedente. A Administração Indireta é composta por pessoas jurídicas que poderão ser tanto de direito público como de direito privado, caracterizadas essencialmente pelo fato de que recebem suas competências de um modo indireto, por uma decisão infraconstitucional, das pessoas políticas a quem tais competências seriam originalmente atribuídas (JUSTEN, 2014).4 Desde a formação da lei 13.129 de 2015, os entes da Administração Pública indireta podem ser submetidas à arbitragem para resolver as disputas de direito patrimoniais disponíveis. Outrossim, perante da cláusula compromissória cheia, o não comparecimento para firmar termo de arbitragem não afetará a instituição da arbitragem, que se processará mesmo sob a ausência. No caso de cláusula compromissória vazia e diante da inércia de uma das partes, se faz necessário o ajuizamento da ação prevista no artigo 7° da Lei de Arbitragem e, igualmente, à revelia de uma das partes não impedirá que o juiz supra a vontade da parte (FIGUEIRA, 2019)5. Ademais, segundo o artigo 22, § 3º da Lei de Arbitragem, o tribunal arbitral poderá proferir a sentença arbitral sem que a revelia da parte ausente impossibilite, desse modo, a aplicação dos efeitos da revelia não significa a imediata procedência da questão, isso porque os fatos podem ser verdadeiros e tanto o árbitro como o juiz são julgadores além de fatos, mas também de direitos, assim, o tribunal arbitral em questão poderia decretar a revelia do Banco. (ii) Independentemente da validade ou invalidade da cláusula compromissória, existe fundamento para a improcedência liminar do pedido formulado pelo Banco na Ação de Invalidade? Explique e fundamente. (2,0) Não existem fundamentos para a improcedência liminar do pedido formulado pelo Banco, tendo em vista que a situação se trata de uma intempestividade da ação. Segundo o § 1º, artigo 33 da Lei da Arbitragem, o prazo para nulidade absoluta deverá ser decadencial de 90 dias, enquanto isso, na situação do Banco em questão, se passaram quatro meses entre a diferença da notificação e do ajuizamento. 4 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo. 2014. 5 FIGUEIRAJR, Joel. Arbitragem. Rio de Janeiro. 2019.
Compartilhar