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FUC - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CARREIRAS

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2  
 
3  
Sumário 
 
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................ 4 
1. Conceito de jurisdição: ............................................................................................................................... 4 
1.2. Características/princípios da jurisdição: ................................................................................................... 5 
2. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS ........................................................................................................................... 8 
2.1. Autotutela: .............................................................................................................................................. 9 
2.2. Autocomposição: ..................................................................................................................................... 9 
2.3. Mediação: ............................................................................................................................................. 11 
2.4. Conciliação: ........................................................................................................................................... 12 
2.5. Princípios que regem a conciliação/mediação: ....................................................................................... 12 
2.6. Arbitragem: ........................................................................................................................................... 14 
a) Conceito: .............................................................................................................................................. 15 
b) Limites da arbitragem: .......................................................................................................................... 19 
c) Constitucionalidade da arbitragem: ...................................................................................................... 20 
d) Espécies de arbitragem: ........................................................................................................................ 20 
e) Convenção de arbitragem: .................................................................................................................... 22 
f) Sentença arbitral: .................................................................................................................................. 27 
g) Prescrição: ............................................................................................................................................ 34 
h) Tutelas de urgência: ............................................................................................................................. 34 
3. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA ................................................................................................................................... 36 
3.1. Conceito: ............................................................................................................................................... 36 
3.2. Distinções entre jurisdição voluntária e contenciosa: ............................................................................. 37 
3.3. Características da jurisdição voluntária: ................................................................................................. 37 
3.4. Natureza jurídica: .................................................................................................................................. 38 
3.5. Regras gerais do procedimento: ............................................................................................................. 39 
3.6. Legitimidade: ......................................................................................................................................... 40 
3.7. Intervenção do Ministério Público: ........................................................................................................ 40 
4. PRINCIPAIS JULGADOS ......................................................................................................................................... 40 
5. ENUNCIADOS NCPC: ............................................................................................................................................ 43 
6. JURISPRUDÊNCIA EM TESES‐ STJ .......................................................................................................................... 46 
7. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ....................................................................................................... 48 
8. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA .................................................................................................................................... 48 
 
 
4  
ATUALIZADO EM 24/08/20191 
 
JURISDIÇÃO2 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A  jurisdição é uma das  funções do Estado. O poder do Estado é um  só, mas ele o exercita por meio de 
diversas funções, das quais nos interessa aqui, a jurisdicional. Por meio dela, o Estado solucionará os conflitos.  
 
A  jurisdição  é  inerte,  em  regra.  A  sua  movimentação  depende  de  prévio  acionamento  pela  parte 
interessada.  Com  ele,  instaurar‐se‐á  um  processo,  que  instituirá  uma  relação  entre  juiz‐autor‐réu,  por  certo 
tempo e de acordo com um procedimento previamente estabelecido por lei. 
 
Assim, o poder  jurisdicional  foi atribuído ao Estado‐juiz, que  tem  capacidade de  impor as  suas decisões, 
com força obrigatória.  
 
1. Conceito de jurisdição: 
 
O  conceito  de  jurisdição  se  fragmenta  em  várias  partes.  Segundo  Fredie  Didier,  jurisdição  é  função 
atribuída  a  um  terceiro  imparcial,  para, mediante  um  processo,  reconhecer,  proteger  e  efetivar  situações 
jurídicas concretamente deduzidas, de modo imperativo e criativo, em decisão insuscetível de controle externo 
e com aptidão para coisa julgada. 
 
Há  tempos  se  compreende  que  o  poder  jurisdicional  não  se  limita  a  dizer  o  direito  (juris‐dicção), mas 
também de impor o direito (juris‐satisfação). 
 
#SELIGA: A  imparcialidade do  juiz é pressuposto de validade do processo, devendo o  juiz  colocar‐se entre as 
partes, de forma equidistante, para decidir a causa. 
 
 
1  As  FUCS  são  constantemente  atualizadas  e  aperfeiçoadas  pela  nossa  equipe.  Por  isso, mantemos  um  canal  aberto  de 
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura 
identificados no material, são muito bem‐vindos. Obs1. Solicitamos que o e‐mail enviado contenha o título do material e o 
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca 
do  conteúdo  abordado  nos  materiais,  mas  tão  somente  para  que  o  aluno  reporte  à  equipe  quaisquer  dos  eventos 
anteriormente citados.  
2 Por Tássia Neumann Hammes e Bruna Daronch. 
5  
1.2. Características/princípios da jurisdição: 
 
a) Substitutividade: Desde que o Estado assumiu para si a incumbência de, por meio da jurisdição, aplicar a 
lei para solucionar os conflitos em caráter coercitivo, pode‐se dizer que ele substituiu as partes na resolução dos 
litígios para corresponder à exigência da imparcialidade. É a substituição das partes pelo Estado‐juiz que permite 
uma solução imparcial, muito mais adequada para a pacificação social. 
 
b) Definitividade:  Somente  as decisões  judiciais  adquirem,  após  certo momento,  caráter definitivo, não 
podendo mais ser modificadas. Os atos jurisdicionais tornam‐se imutáveis e não podem mais ser discutidos. 
 
#OLHAOGANCHO¹: Diferença entre coisa julgada material e coisa julgada formal 
 
‐ Coisa  julgada material: É a eficácia que  torna  imutável e  indiscutível a decisão, não mais  sujeita a  recurso, 
gerando efeitos forado processo. A doutrina moderna afirma que é uma das qualidades da sentença que torna 
imutável a norma jurídica concreta que irá disciplinar a relação.  
Art. 502.  Denomina‐se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito 
não mais sujeita a recurso. 
 
‐ Coisa julgada formal: É a impossibilidade de modificação da sentença dentro do processo, como consequência 
da preclusão dos recursos. Gera efeitos apenas dentro do processo. 
Art. 507.   É vedado à parte discutir no curso do processo as questões  já decididas a cujo respeito se operou a 
preclusão. 
 
#OLHAOGANCHO²: Quais os limites da coisa julgada? 
 
Limites objetivos da coisa julgada: 
Art. 503.   A decisão que  julgar total ou parcialmente o mérito tem força de  lei nos  limites da questão principal 
expressamente decidida. 
§ 1o O disposto no caput aplica‐se à  resolução de questão prejudicial, decidida expressa e  incidentemente no 
processo, se: 
I ‐ dessa resolução depender o julgamento do mérito; 
II ‐ a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; 
III ‐ o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê‐la como questão principal. 
6  
§ 2o A hipótese do § 1o não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que 
impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial. 
 
‐ Limites subjetivos da coisa julgada: 
Art. 506.  A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros. 
 
‐ Inexistência de coisa julgada material (#CASCADEBANANA): 
Art. 504.  Não fazem coisa julgada: 
I ‐ os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; 
II ‐ a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença. 
 
c) Imperatividade: As decisões judiciais têm força coativa e obrigam os litigantes.  
 
d) Inafastabilidade: A lei não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça a 
direito (CF, art. 5º, inciso XXXV). Mesmo que não haja lei que se possa aplicar, de forma específica, a determinado 
caso concreto, o juiz não se escusa de julgar invocando lacuna. 
 
#SELIGA: Tanto a Lei de  Introdução às Normas do Direito Brasileiro  (LINDB) quanto o Código de Processo Civil 
brasileiro vedam o que se convencionou chamar de non liquet, ou seja, de não resolver a causa. Com efeito, o 
art. 4º da LINDB estabelece que: Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, 
os costumes e os princípios gerais de direito.  
 
Já o art. 140 do Código de Processo Civil brasileiro, por sua vez, prescreve que: Art. 140.  O juiz não se exime de 
decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade. 
 
Nesse sentido, a doutrina e a jurisprudência costumam apontar como fundamento constitucional para a vedação 
do  non  liquet  o  princípio  da  inafastabilidade  da  jurisdição,  previsto  no  art.  5º,  inciso  XXXV,  da  Constituição 
Federal, que estabelece que: XXXV –  a  lei não excluirá da  apreciação do Poder  Judiciário  lesão ou  ameaça  a 
direito. 
 
#OUSESABER: Jurisdição, no conceito tradicional, é o poder atribuído a autoridade judiciária de dizer o direito de 
modo  imperativo  através  de  decisões  insuscetíveis  de  controle  externo  e  com  aptidão  de  se  tornarem 
indiscutíveis. Já a jurisdição condicionada, também chamada de instância administrativa de curso forçado, é a 
7  
imposição do exaurimento das  instâncias  administrativas previamente ao ajuizamento da  ação. O  acesso  à 
jurisdição é uma garantia fundamental assegurada no artigo 5º, XXXV da Constituição Federal: “a lei não excluirá 
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. O texto constitucional não impõe qualquer ressalva 
ou  restrição  ao  acesso  à  jurisdição,  assim  as  imposições  que  restrinjam  esta  garantia  devem  ter  previsão 
constitucional ou passarem pelo crivo da proporcionalidade e respeitarem os princípios da máxima efetividade e 
mínima  restrição dos direitos  fundamentais. O único exemplo de  jurisdição condicionada na Constituição está 
previsto no  artigo  217, parágrafo primeiro,  o qual determina  o prévio  esgotamento  das  instâncias  da  justiça 
desportiva para que seja possível o ajuizamento de ações que envolvam  lides esportivas. Outros dois exemplos 
de  jurisdição condicionada  são encontrados na  jurisprudência do STF e STJ,  são eles: a constitucionalidade da 
necessidade de recusa administrativa ao acesso ou retificação da  informação para que seja  impetrado Habeas 
Data  (HD  87  AgR,  rel.  a Min.  Carmem  Lúcia,  j.  em  25/11/2009)  e  a  prévia  negativa  do  pedido  de  benefício 
previdenciário ou omissão na análise do  requerimento pelo  INSS por mais de 45 dias, cumpre destacar que o 
Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que nesses casos o requerimento administrativo prévio 
somente  será  dispensado  se  a  pretensão  fundada  em  tese  notoriamente  rejeitada  pelo  INSS,  quando  será 
dispensado o requerimento administrativo prévio. 
 
e) Indelegabilidade: A função jurisdicional só pode ser exercida pelo Poder Judiciário, não podendo haver 
delegação de competência, sob pena de ofensa ao princípio constitucional do juiz natural. 
 
f)  Inércia:  Em  regra,  a  jurisdição  é  inerte,  isto  é,  ela  não  se mobiliza  senão mediante  provocação  do 
interessado. O caráter substitutivo da jurisdição, do qual decorre a imparcialidade do juiz, exige que assim seja: é 
preciso que um dos envolvidos no conflito leve a questão à apreciação do Judiciário, para que possa aplicar a lei, 
apresentando a solução adequada.  
 
#SELIGA #UMPOUCODEDOUTRINA: De acordo com Daniel Amorim Assumpção Neves, existem 03 motivos que 
justificam a inércia da jurisdição: 
(i) O  juiz não deve  transformar um  conflito  jurídico em um  conflito  social, ou  seja, ainda que exista uma  lide 
jurídica,  as partes envolvidas, em especial  a  titular do direito material, podem não pretender,  ao menos por 
hora,  jurisdicionalizar  tal  conflito, mantendo  uma  convivência  social  pacífica  com  o  outro  sujeito.  Tudo  isso, 
naturalmente, poderá deixar de existir na hipótese de demanda instaurada de ofício pelo juiz; 
(ii) Seriam sacrificados os meios alternativos de  solução dos conflitos, porque a ausência de demanda  judicial 
pode significar que o interessado, apesar de pretender resolver o conflito em que está envolvido, prefere fazê‐lo 
longe  da  jurisdição.  Com  a  propositura  da  demanda  de  ofício,  haveria  automaticamente  sua  vinculação  à 
8  
jurisdição;  
(iii) Perda da indispensável imparcialidade do juiz, considerando‐se que um juiz que dá início a um processo de 
ofício tem a percepção, ainda que aparente, de existência do direito, o que o fará pender em favor de uma das 
partes.  É  natural  que,  se  o  juiz,  desde  o  início,  desacreditasse  na  existência  de  direito material  violado  ou 
ameaçado, não ingressaria com a demanda de ofício. 
 
Além dessas, podem  ser acrescentadas mais duas  características, que não é propriamente da  jurisdição, 
mas daqueles que a exercem e a concretizam, os juízes.  
 
g) Investidura: Só exerce  jurisdição quem ocupa o cargo de  juiz, tendo sido regularmente  investido nessa 
função por meio de concurso público ou de nomeação de ordem pública. A ausência de investidura implica óbice 
intransponível para o exercício da jurisdição, pressuposto processual da própria existência do processo. 
 
h)  Territorialidade:  O  princípio  da  aderência  ao  território  diz  respeito  a  uma  forma  de  limitação  do 
exercício legítimo da jurisdição. O juiz devidamente investido de jurisdição só pode exercê‐la dentro do território 
nacional, como consequência da limitação da soberania do Estado brasileiro ao seu próprio território. 
 
#CASCADEBANANA:  O  princípio,  ora  analisado,  temdiversas  exceções  previstas  em  lei,  havendo  diversas 
hipóteses nas quais o  juízo  tem permissão  legal para  a prática de  atos  fora de  sua  comarca ou de  sua  seção 
judiciária.  Ex: A  citação  pelo  correio  (regra  no  sistema  atual)  pode  ser  feita  para  qualquer  comarca  ou  seção 
judiciária do País (art. 247, caput, do Novo CPC); a citação, intimação, notificação, penhora ou qualquer outro ato 
executivo por oficial de justiça pode ser feita em comarca ou seção judiciária contígua, de fácil comunicação, ou 
nas que se situem na mesma região metropolitana (art. 255 do Novo CPC); etc. 
 
*#DOUTRINA:  Os  escopos  da  jurisdição  são  os  principais  objetivos  perseguidos  com  o  exercício  da  função 
jurisdicional. Seu escopo social é a pacificação das pessoas mediante a eliminação dos conflitos com  justiça3. 
Além do escopo social a  jurisdição tem escopos educacional, político e  jurídico. O escopo educacional é ensinar 
aos  jurisdicionados seus direitos e deveres; o político é dar amparo à estabilidade das  instituições políticas e o 
escopo  jurídico é atuação da vontade concreta do direito (Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de Direito 
Processual Civil, 10ª Ed., JusPodivm, 2018, p. 59).   
 
2. EQUIVALENTES JURISDICIONAIS 
 
3 CAIU no concurso da Magistratura Federal do TRF3, em 2018. 
9  
 
2.1. Autotutela: 
 
É a  forma mais antiga de solução dos conflitos, sendo definida como o sacrifício  integral do  interesse de 
uma das partes envolvida no conflito em razão do exercício da força pela parte vencedora. Vale mencionar que o 
fundamento dessa força não se  limita ao aspecto físico, podendo‐se verificar nos aspectos afetivo, econômico, 
religioso, etc.  
 
Ainda, a autotutela em nosso ordenamento  jurídico é excepcional, sendo  raras as previsões  legais que a 
admitem.  Como  exemplos,  é  possível  lembrar  a  legítima  defesa  (art.  188,  I,  do  CC);  apreensão  do  bem  com 
penhor legal (art. 1.467, I, do CC); desforço imediato no esbulho (art. 1.210, § 1.º, do CC). 
 
Insta  salientar  que  a  autotutela  é  a  única  forma  de  solução  alternativa  de  conflitos  que  pode  ser 
amplamente  revista  pelo  Poder  Judiciário,  de modo  que  o  derrotado  sempre  poderá  judicialmente  reverter 
eventuais prejuízos advindos da solução do conflito pelo exercício da força de seu adversário. Trata‐se, portanto, 
de uma forma imediata de solução de conflitos, mas que não recebe os atributos da definitividade, podendo ser 
revista jurisdicionalmente.  
 
#COMOFOICOBRADO: 
(CESPE – 2013 – TRF1)4 (d) A autotutela é forma alternativa de solução de conflitos caracterizada pela submissão 
voluntária de uma parte à pretensão manifestada pela outra.  
(CESPE – 2014 – TJDF)5 (d) o direito de retenção é exemplo de aplicação autorizada do equivalente jurisdicional 
denominado auto composição. 
 
2.2. Autocomposição: 
 
É a solução negocial do conflito entre as partes. A auto composição é um gênero, do qual são espécies a 
transação, a submissão e a renúncia. 
 
#FOCONATABELA: 
AUTOCOMPOSIÇÃO  HETEROCOMPOSIÇÃO 
As partes solucionam o litígio  Um terceiro soluciona o litígio 
 
4 ERRADO. Trata‐se de autocomposição. 
5 ERRADA. Hipótese de autotutela autorizada. 
10 
 
#OLHAOGANCHO: 
O  artigo 3º, parágrafo  2º, do Novo  Código  de  Processo  Civil  traz  o  Princípio  da  Promoção  pelo  Estado  da 
Solução de Conflitos por Autocomposição. O incentivo à conciliação judicial, em detrimento da construção de 
uma solução estatal  impositiva ao conflito, o estímulo à utilização de  técnicas alternativas de composição de 
conflitos  (não  judiciais),  revela‐se  tônica do novel  sistema, que, expressamente,  convoca os personagens do 
foro a, sempre que possível, estimulá‐las. 
Esta  nova  norma  fundamental  processual  consagra  a  Resolução  nº  125/2010/CNJ,  que  instituiu  a  Política 
Judiciária Nacional de tratamento dos conflitos de interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução 
dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade. Estas  inovações trazidas pelo novo código 
têm a finalidade de favorecer o acesso à justiça, possibilitando às partes eleger uma alternativa apta a afastar 
a morosidade processual, além de buscar uma maior efetividade para a atividade jurisdicional. 
 
Art. 3º (...) § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. 
 
a) Transação: Há um sacrifício recíproco de interesses, sendo que cada parte renuncia parcialmente de sua 
pretensão para que se atinja a solução do conflito. 
 
b) Renúncia: O  titular do pretenso direito renuncia a este,  fazendo desaparecer o direito pretendido e o 
conflito. 
 
c) Submissão/reconhecimento: O sujeito se submete à pretensão contrária, ainda que  fosse  legítima sua 
resistência. 
 
Art. 165.  Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização 
de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, 
orientar e estimular a autocomposição. 
 
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com 
atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:  
I ‐ dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;  
II  ‐  avaliar  a  admissibilidade  dos  pedidos  de  resolução  de  conflitos,  por meio  de  conciliação,  no  âmbito  da 
administração pública;  
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III ‐ promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.  
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: (...) III ‐ homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;  
b) a transação; 
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.  
 
#SELIGA¹ #PROCURADORIAS #AGU: O Poder Público também pode realizar a autocomposição. É o que prevê o 
art. 174 do NCPC e o art. 32 e seguintes, da Lei nº. 13.140/2015: 
 
Art. 174.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com 
atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: 
I ‐ dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; 
II  ‐  avaliar  a  admissibilidade  dos  pedidos  de  resolução  de  conflitos,  por meio  de  conciliação,  no  âmbito  da 
administração pública; 
III ‐ promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. 
 
Art. 32.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras de prevenção e resolução 
administrativa  de  conflitos,  no  âmbito  dos  respectivos  órgãos  da  Advocacia  Pública,  onde  houver,  com 
competência para: 
I ‐ dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública; 
II  ‐  avaliar  a  admissibilidade  dos  pedidos  de  resolução  de  conflitos,  por meio  de  composição,  no  caso  de 
controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público; 
III ‐ promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.  
 
#SELIGA²: A instauração de processo administrativo nesse caso suspende a prescrição: Art. 34.  A instauração de 
procedimento  administrativo  para  a  resolução  consensual  de  conflito  no  âmbito  da  administração  pública 
suspende a prescrição.  
 
2.3. Mediação: 
 
A mediação é  forma alternativa de solução de conflitos  fundada no exercício da vontade das partes. Na 
mediação,  o mediador  facilita  o  diálogo  entre  as  pessoas  para  que  elas mesmas  proponham  soluções.  Para 
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conflitos subjetivos, nos quais exista relação entre os envolvidos ou desejo de que tal relacionamento perdure, 
indica‐se a mediação. 
 
Art. 165 § 3o: O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as 
partes,  auxiliaráaos  interessados  a  compreender  as  questões  e  os  interesses  em  conflito,  de modo  que  eles 
possam,  pelo  restabelecimento  da  comunicação,  identificar,  por  si  próprios,  soluções  consensuais  que  gerem 
benefícios mútuos. 
 
2.4. Conciliação: 
 
Na conciliação, o  terceiro  facilitador da conversa  interfere de  forma mais direta no  litígio e pode sugerir 
opções de solução para o conflito. Para conflitos objetivos, mais superficiais, nos quais não existe relacionamento 
duradouro entre os envolvidos, aconselha‐se o uso da conciliação.  
 
§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, 
poderá  sugerir  soluções  para  o  litígio,  sendo  vedada  a  utilização  de  qualquer  tipo  de  constrangimento  ou 
intimidação para que as partes conciliem. 
 
2.5. Princípios que regem a conciliação/mediação: 
 
a) Independência: Rege a atuação do mediador e do conciliador, que têm o dever de atuar com liberdade, 
sem sofrer qualquer pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se 
ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento. 
 
b) Imparcialidade: O mediador/conciliador fica impedido de advogar para uma das partes durante 01 (um) 
ano. A lei traz essa proibição para conferir caráter ético à conciliação/mediação. 
 
c)  Autonomia/Autorregramento  da  vontade:  Quem  vai  resolver  o  conflito,  no  fim  das  contas,  são  as 
partes, sendo que o mediador e o conciliador são apenas instrumentos.  
 
d) Confidencialidade: Dispõe o §1º, do art. 166 que a confidencialidade estende‐se a todas as informações 
produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por 
expressa deliberação das partes. 
 
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e) Oralidade: a regra é utilizar linguajar acessível. Tem por objetivo que tudo se faça oralmente e não por 
escrito. A mediação/conciliação devem se desenvolver em um ambiente pessoal/presencial, para proporcionar a 
comunicação  oral  entre  as  partes. As  regras  de  experiência  revelam  que  o  diálogo  oral  é muito mais  apto  à 
manutenção de um consenso. 
 
f) Informalidade: todos vestidos da mesma maneira, mesa circular, etc. 
 
g) Decisão informada: O mediador/conciliador tem que cuidar para que o processo de negociação permita 
a  colheita  de  informações para  que  as partes decidam de  forma  esclarecida  e  justa.  Segundo Daniel Amorim 
Neves, o  referido princípio "cria o dever ao conciliador e ao mediador de manter o  jurisdicionado plenamente 
informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido". Assim, é uma forma de permitir 
que as partes celebrem acordos tendo plena ciência do ato que estão praticando. 
 
Art. 166.   A conciliação e a mediação  são  informadas pelos princípios da  independência, da  imparcialidade, da 
autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. 
 
#OBS¹:  Solução de  conflitos por  Tribunais Administrativos: Uma das  características do direito  administrativo 
atual é a multiplicação dos Tribunais Administrativos. Ex: Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) – 
resolve  conflitos  relacionados  à  proteção  à  concorrência;  TED  da  OAB;  Tribunal  de  Contas;  Tribunal  de 
Contribuintes;  Comissão  de Valores Mobiliários  (CVM).  Todos  resolvem  o  problema  por  heterocomposição  e 
nesse ponto se assemelham muito à jurisdição. Porém, o que lhes falta é a definitividade, ou seja, a aptidão para 
a coisa julgada e insuscetibilidade de controle externo. 
 
#OBS²:  Tribunal Marítimo:  Localizado  no Rio  de  Janeiro,  sua  lei data de  1964  e  este  tribunal decide  fatos  e 
acidentes da navegação. O NCPC  foi  aprovado  em dezembro/2015  com  a previsão de que  as decisões deste 
tribunal teriam caráter jurisdicional. O dispositivo, todavia, foi vetado pelo Chefe do Executivo, tendo por base 
o  fato  de  o  Tribunal  Marítimo  ser  puramente  Administrativo  (não  jurisdicional).  Suas  decisões  servem, 
entretanto, como meio de prova para o processo jurisdicional. 
 
#DEOLHONOCONCEITO #OUSESABER #CONCEITOSIMPORTANTESDONCPC: 
O QUE É SISTEMA DE JUSTIÇA MULTIPORTAS? 
Mediação, Conciliação  e Arbitragem,  cada dia mais,  vem  ganhando  atenção da doutrina e da  legislação  como 
meios  para  diminuir  a  sobrecarga  de  ações  sobre  o  Judiciário!  Em  regra,  tais  meios  são  tratados  como 
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ALTERNATIVAS à Jurisdição, por isso, costumam ser chamados de meios ALTERNATIVOS de solução de conflitos. 
Uma visão contemporânea, contudo, sustenta que esses meios não são alternativas, mas que, na verdade, devem 
estar  INTEGRADOS à  Jurisdição, por  isso, compõem um sistema de múltiplos meios de solução de conflitos, de 
modo que as diferentes espécies de conflitos sociais encontrem solução no ordenamento  jurídico. A expressão 
SISTEMA MULTIPORTAS DE JUSTIÇA é assim utilizada pelo grande Processualista Leonardo Carneiro da Cunha em 
alusão à metáfora do átrio do fórum em que haveria várias portas e "a depender do problema apresentado, as 
partes seriam encaminhadas para a porta da mediação, ou da conciliação ou da arbitragem, ou da própria justiça 
estatal" (Fazenda Pública em Juízo. P. 637). Desse modo, ante a  integração de mediação e da conciliação como 
etapas  do  procedimento  comum  no Novo  CPC,  pode‐se  afirmar  que  a  nova  ordem  processual  civil  brasileira 
adotou um SISTEMA MULTIPORTAS DE JUSTIÇA!  
 
2.6. Arbitragem: 
 
  *Nesse ponto, vale ressaltar que não há um consenso na doutrina acerca da natureza  jurisdicional da 
arbitragem.  Fredie  Didier  afirma  que  é  jurisdição,  entretanto  não  aquela  exercida  pelo  Estado.  Trata‐se  de 
jurisdição de modo geral. Ademais, utiliza como argumento o fato de o próprio CPC considerar a decisão arbitral 
como título judicial. Já Marinoni entende que a jurisdição somente pode ser exercida por uma pessoa investida na 
autoridade de juiz, após concurso público de provas e títulos. Para o autor, “a mistura da atividade do árbitro com 
a atividade da jurisdição, ou o superdimensionamento do conceito de jurisdição, além de desqualificar a essência 
da jurisdição no quadro do Estado Constitucional, coloca no mesmo patamar objetivos que nada têm em comum, 
pois  não  há  como  relacionar  o  dever  estatal  de  dar  tutela  aos  direitos  com  a  necessidade  de  se  conferir  a 
determinados conflitos julgadores dotados de conhecimentos técnicos particulares”. 
   
  O STJ vem entendendo que a arbitragem é jurisdição, nos seguintes termos: 
 
#DEOLHONAJURIS #STJ: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO ESTATAL E JUÍZO ARBITRAL. AJUIZAMENTO DE AÇÃO 
EXECUTIVA PERANTE O JUÍZO ESTATAL, COM O DEFERIMENTO DE MEDIDAS CONSTRITIVAS E ANTERIOR PEDIDO 
DE  INSTAURAÇÃO DE ARBITRAGEM  PARA,  EM OBSERVÂNCIA À  CLÁUSULA  COMPROMISSÓRIA,  SEJA DIRIMIDA 
CONTROVÉRSIA EXISTENTE EM RELAÇÃO AO CRÉDITO REPRESENTADO PELO TÍTULO QUE LASTREIA A EXECUÇÃO. 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ARBITRAL E SOBRESTAMENTO DOS ATOS 
EXECUTIVOS. NECESSIDADE. 
1. De acordo com o atual posicionamento sufragado pela Segunda Seção desta Corte de  Justiça, compete ao 
Superior Tribunal de  Justiça dirimir conflito de competência entre  Juízo arbitral e órgão  jurisdicional estatal, 
partindo‐se, naturalmente, do pressuposto de que a atividade desenvolvida no âmbito da arbitragem possui 
15 
natureza jurisdicional. 
2. Afigura‐se absolutamente possível a imediata promoção da ação de execução de contrato que possua cláusula 
compromissória  arbitral  perante  o  Juízo  estatal  (única  Jurisdição,  aliás,  dotada  de  coercibilidade,  passível  de 
incursionar no patrimônio alheio), não se exigindo, para esse propósito, a existência de prévia sentença arbitral. 
Afinal,  se  tal  contrato,  por  si,  já  possui  os  atributos  de  executibilidadeexigidos  pela  lei  de  regência,  de  todo 
despiciendo a prolação de anterior sentença arbitral para lhe conferir executividade. Todavia, o Juízo estatal, no 
qual se processa a execução do contrato  (com cláusula compromissória arbitral), não possui competência para 
dirimir  temas  próprios  de  embargos  à  execução  e  de  terceiros,  atinentes  ao  título  ou  às  obrigações  ali 
consignadas (existência, constituição ou extinção do crédito) e das matérias que foram eleitas pelas partes para 
serem solucionadas pela instância arbitral (kompetenz kompetenz). 
3. Cabe ao Juízo arbitral, nos termos do art. 8º da Lei n. 9.307/1996 que  lhe confere a medida de competência 
mínima, veiculada no Princípio da kompetenz kompetenz, deliberar sobre a sua competência, precedentemente a 
qualquer  outro  órgão  julgador,  imiscuindo‐se,  para  tal  propósito,  sobre  as  questões  relativas  à  existência, 
validade  e  eficácia  (objetiva  e  subjetiva)  da  convenção  de  arbitragem  e  do  contrato  que  contenha  a  cláusula 
compromissória. 
4. Conflito de competência conhecido para declarar a competência do Juízo arbitral, a obstar o prosseguimento 
da execução perante o  Juízo estatal, enquanto não definida a discussão  lá posta ou não advir deliberação em 
sentido contrário do Juízo arbitral reputado competente. 
(CC  150.830/PA,  Rel.  Ministro  MARCO  AURÉLIO  BELLIZZE,  SEGUNDA  SEÇÃO,  julgado  em  10/10/2018,  DJe 
16/10/2018) 
 
*No mesmo  sentido,  foi  fixada  a  tese  de  jurisprudência:  “A  atividade  desenvolvida  no  âmbito  da  arbitragem 
possui natureza jurisdicional, o que torna possível a existência de conflito de competência entre os juízos estatal e 
arbitral, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça ‐ STJ o seu julgamento.” 
 
a) Conceito: 
 
A  arbitragem  é  regida  pela  Lei  nº  9.307,  de  23  de  setembro  de  1996,  que  trouxe  grandes  novidades, 
modificando o seu panorama no Brasil. Essa  lei sofreu  importantes modificações com a Lei nº 13.129, de 26 de 
maio de 2015, que autorizou a utilização da arbitragem pela administração pública direta e  indireta, desde que 
versando  sobre  direitos  patrimoniais  disponíveis,  e  que  regulamentou  a  concessão  de  tutela  provisória  nos 
procedimentos de arbitragem. 
 
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#COLANARETINA: Arbitragem é o acordo de vontades entre pessoas maiores e capazes que, preferindo não se 
submeter à decisão  judicial, confiam a árbitros a solução de  litígios, desde que relativos a direitos patrimoniais 
disponíveis. 
 
Atualmente, a arbitragem mantém as principais características de seus primeiros tempos, sendo uma forma 
alternativa de solução de conflitos fundada basicamente em dois elementos:  
 
(i) As partes escolhem um terceiro de sua confiança que será responsável pela solução do conflito de interesses;  
(ii) A decisão desse terceiro é impositiva, o que significa que resolve o conflito independentemente da vontade 
das partes. 
 
#OBS: Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz, não necessariamente formada em Direito, escolhida pelas partes. 
Há a possibilidade de exercer a arbitragem um árbitro ou um Tribunal deles. 
 
#AJUDAMARCINHO #APROFUNDANDO: 
 
Regras para a escolha dos árbitros 
As regras relacionadas com a escolha dos árbitros estão previstas nos arts. 13 a 18 da Lei n.° 9.307/96. 
 
Quem pode ser árbitro? 
Qualquer pessoa civilmente capaz e que tenha a confiança das partes (art. 13). 
As partes que escolhem quem elas querem como árbitro. 
As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em número ímpar, podendo nomear, também, suplentes. 
 
E se as partes nomearem árbitros em número par? 
Quando as partes nomearem árbitros em número par, estes  (os árbitro) estão autorizados a nomear mais um 
árbitro (para ficar ímpar). 
Não  havendo  acordo,  requererão  as  partes  ao  órgão  do  Poder  Judiciário  a  que  tocaria,  originariamente,  o 
julgamento da causa a nomeação do árbitro. 
 
Órgão arbitral institucional ou entidade especializada 
Em vez de as partes escolherem  individualmente os árbitros que  irão  julgar a  causa, elas podem escolher um 
órgão arbitral institucional ou entidade especializada. 
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Órgão  arbitral  institucional  ou  entidade  especializada  é  uma  pessoa  jurídica  constituída  para  a  solução 
extrajudicial de conflitos por meio da mediação, negociação, conciliação e arbitragem. 
Desse modo, as partes poderão, de comum acordo, estabelecer o processo de escolha dos árbitros ou adotar as 
regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada (art. 13, § 3º). 
 
Escolha de árbitros caso as partes optem por um órgão arbitral institucional ou entidade especializada 
Se  as  partes  escolherem  um  órgão  arbitral  institucional  ou  entidade  especializada  para  solucionar  a  causa,  a 
seleção dos árbitros será feita, em princípio, pelas regras previstas no estatuto da entidade. 
 
Normalmente,  tais  entidades possuem uma  lista de  árbitros previamente  cadastrados  e  a  escolha  recai  sobre 
esses nomes. 
 
A Lei n.° 13.129/2015, com o objetivo de conferir maior liberdade aos envolvidos, incluiu um parágrafo ao art. 13 
da Lei n.° 9.307/96 prevendo que as partes podem, de comum acordo, afastar algumas regras do regulamento do 
órgão arbitral ou entidade especializada a fim de terem maior autonomia na escolha dos árbitros: § 4º As partes, 
de comum acordo, poderão afastar a aplicação de dispositivo do regulamento do órgão arbitral  institucional ou 
entidade especializada que limite a escolha do árbitro único, coárbitro ou presidente do tribunal à respectiva lista 
de árbitros, autorizado o controle da escolha pelos órgãos competentes da  instituição, sendo que, nos casos de 
impasse e arbitragem multiparte, deverá ser observado o que dispuser o regulamento aplicável. 
 
Em  outras  palavras,  o  que  o  §  4º  quis  dizer  foi  que  as  partes,  mesmo  tendo  escolhido  um  órgão  arbitral 
institucional ou entidade especializada que trabalhe com  lista fechada de árbitros, poderão escolher outros que 
não estejam previstos naquela relação. 
 
Trata‐se de inovação desarrazoada considerando que, se as partes escolheram aquele órgão arbitral ou entidade 
especializada é porque confiam  (ou deveriam confiar) na sua expertise e em  trabalhos anteriormente por eles 
realizados. Assim, não há sentido em escolher um órgão pelo seu bom desempenho em arbitragens anteriores e 
querer mudar a essência, o âmago dessa entidade, que é  justamente a qualidade e o conhecimento técnico de 
seus árbitros credenciados. Andou mal, portanto, o legislador neste ponto. 
 
Impedimento e suspeição dos árbitros 
Aplicam‐se aos árbitros as mesmas causas de impedimento e suspeição previstas para os juízes no CPC (amizade 
íntima, inimizade, interesse na causa etc.) (art. 14). 
18 
No  desempenho  de  sua  função,  o  árbitro  deverá  proceder  com  imparcialidade,  independência,  competência, 
diligência e discrição. 
 
Equiparação à funcionário público para fins penais 
Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, 
para os efeitos da legislação penal (art. 17). 
 
#COMOFOICOBRADO:  (Titular  dos  Serviços  de  Notas  e  Registros  —  TESES  —  TJPA)  Julgue  as  assertivas 
relacionadas ao instituto da arbitragem: 
I. As partes  interessadas podem  submeter  a  solução de  seus  litígios ao  juízo arbitral mediante  convenção de 
arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. 
II. A  administração pública direta e  indireta poderá utilizar‐se da arbitragem para dirimir  conflitos  relativos  a 
direitos patrimoniais indisponíveis. 
III. A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes. 
IV.  A  arbitragem  que  envolva  a  administração  pública  será  sempre  de  direito  e  respeitará  o  princípio  da 
publicidade. 
A sequência correta é6: 
a) Apenasas assertivas I e II estão corretas. 
b) Apenas a assertiva II está correta. 
c) As assertivas I, II, III e IV estão corretas. 
d) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.  
 
(Titular dos Serviços de Notas e Registros — VUNESP — TJSP — 2016)7 A arbitragem, como meio para dirimir 
conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis, poderá ser utilizada: 
a) pelos entes da Administração Pública direta, desde que não envolva matéria de direito.  
b) pelos particulares, em geral, sem qualquer restrição, inclusive quanto à capacidade.  
c) pelas entidades paraestatais, excluídas as empresas públicas.  
d) pela Administração Pública direta e indireta. 
 
#CASCADEBANANA #SELIGA: Não é necessária a participação de advogado no procedimento de arbitragem. 
Mas nada impede que as partes possam constituir um para que as acompanhe. 
 
6 Letra D. 
7 Letra D. 
19 
 
Art. 3o, NCPC ‐ Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.  
§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.  
 
Art. 1o (…) 
§ 1o A administração pública direta e  indireta poderá utilizar‐se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a 
direitos patrimoniais disponíveis. 
§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de 
arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações. 
 
Art. 2o (…) 
§  3oA  arbitragem  que  envolva  a  administração  pública  será  sempre  de  direito  e  respeitará  o  princípio  da 
publicidade. 
 
b) Limites da arbitragem:  
 
(i) Subjetivo: Somente pessoas capazes podem valer‐se da arbitragem. Pessoas  físicas,  jurídicas, administração 
direta ou indireta. 
 
(ii) Objetivo: Somente pode versar sobre direitos patrimoniais disponíveis. 
 
Art. 25. Sobrevindo no curso da arbitragem controvérsia acerca de direitos indisponíveis e verificando‐se que de 
sua existência, ou não, dependerá o julgamento, o árbitro ou o tribunal arbitral remeterá as partes à autoridade 
competente  do  Poder  Judiciário,  suspendendo  o  procedimento  arbitral.  Parágrafo  único.  Resolvida  a  questão 
prejudicial  e  juntada  aos  autos  a  sentença  ou  acórdão  transitados  em  julgado,  terá  normal  seguimento  a 
arbitragem. 
 
*#ATENÇÃO: esse artigo foi REVOGADO pela lei 13.129/2015.  
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Superior Tribunal de Justiça afastou as dúvidas quanto à aplicabilidade da Lei 
de Arbitragem a contratos celebrados antes da sua vigência, editando a Súmula 485, que assim estabelece: “A Lei 
de  Arbitragem  aplica‐se  aos  contratos  que  contenham  cláusula  arbitral,  ainda  que  celebrados  antes  da  sua 
Edição”. 
 
20 
c) Constitucionalidade da arbitragem: 
 
Desde a edição da Lei nº 9.307/96, surgiu grande controvérsia acerca da constitucionalidade da arbitragem, 
em razão da dispensa de homologação do Judiciário, para que a sentença arbitral adquira eficácia executiva. 
 
O primeiro  fundamento seria a ofensa ao art. 5º, XXXV, da CF: A  lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito. 
 
Mas não há ofensa à Constituição, porque a arbitragem não é obrigatória, de sorte que a lei não exclui a 
questão da apreciação do Poder  Judiciário. São as partes que preferem que a solução seja dada pelos árbitros. 
Além disso, as partes podem recorrer ao Judiciário para obter a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos 
casos previstos no art. 32 da  lei. É o que diz o art. 33, caput: A parte  interessada poderá pleitear ao órgão do 
Poder Judiciário competente a declaração da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta lei. 
 
Um segundo fundamento seria a violação ao princípio do Juiz natural,  já que a questão seria decidida por 
um órgão de escolha dos próprios interessados. Mas isso não ocorre, porque a arbitragem é instituída antes do 
conflito entre eles.  
 
#PACIFICOU #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Supremo Tribunal Federal  já decidiu a questão, em definitivo, no 
RE 5.206‐7. Em sessão plenária, foi declarada a constitucionalidade da lei por maioria de votos, vencidos os Mins. 
Sepúlveda Pertence, Sydney Sanches, Néri da Silveira e Moreira Alves. 
 
d) Espécies de arbitragem: 
 
(i) Arbitragem de direito: Obriga os árbitros a decidirem de acordo com as normas que integram o ordenamento 
jurídico pátrio. O § 1º do art. 2º prevê que poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão 
aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes e à ordem pública, e o § 2º autoriza que 
a arbitragem se realize com base nos princípios gerais do direito, nos usos e costumes e nas regras internacionais 
de comércio. 
 
(ii) Arbitragem de equidade: Autoriza o árbitro a dar à controvérsia a solução que  lhe pareça mais  justa, mais 
razoável, mais equânime ainda que sem amparo no ordenamento  jurídico.  Isso só é possível porque os direitos 
em disputa são patrimoniais e disponíveis. Aqui, os árbitros terão uma liberdade de julgamento mais elástica,  já 
21 
que não estarão obrigados a seguir o que diz a lei, podendo conferir solução contrária às regras do direito se isso, 
no caso concreto, parecer mais justo e adequado. 
 
#UMPOUCODEDOUTRINA: Apesar de parecer “estranha” para quem  tem contato com ela uma primeira vez, a 
arbitragem por equidade pode ser muito útil para determinados tipos de lide envolvendo conhecimentos técnicos 
muito especializados, os quais a  legislação ainda não conseguiu regular de forma satisfatória. Alexandre Freitas 
Câmara  aponta  seus  benefícios:  “a  arbitragem  de  equidade  terá,  sobre  a  de  direito,  a  imensa  vantagem  da 
especialização do árbitro. Basta pensar, por exemplo, numa arbitragem de equidade envolvendo conflito que diga 
respeito a uma questão de engenharia, ou química. A se levar tal lide ao Judiciário, o juiz fatalmente convocaria 
um perito no assunto para assessorá‐lo, e dificilmente sua sentença teria orientação diversa, quanto aos  fatos, 
daquela  apontada  pelo  perito  em  seu  laudo. Neste  caso,  com  a  arbitragem  se  poderá  entregar  a  solução  da 
controvérsia diretamente nas mãos do especialista, retirando‐se da composição do conflito o juiz, que funcionaria 
aqui,  em  verdade,  como  um  mero  intermediário  entre  as  pessoas  e  o  expert”.  (CAMARA,  Alexandre 
Freitas. Arbitragem. Lei n.º 9.307/96. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1997). 
 
#ATENÇÃO #AGU #PROCURADORIAS: A arbitragem que envolva a Administração Pública Direta ou Indireta será 
sempre de direito, não havendo a possibilidade de os interessados optarem pela equidade em razão do princípio 
da legalidade. Ademais, deverá ser observado o princípio da publicidade. 
 
Vejamos o histórico sobre a arbitragem no âmbito da Administração Pública (#AJUDAMARCINHO): 
 
Há alguns anos, o legislador vem inserindo em determinados diplomas legislativos a possibilidade de arbitragem 
em  contratos  administrativos.  Como  um  primeiro  exemplo,  podemos  citar  a  Lei  n.° 11.079/2004,  que  previu 
expressamente que seria possível instituir arbitragem nos contratos de parceria público‐privada (art. 11, III). 
 
Em seguida,  foi editada a Lei n.° 11.196/2005, que acrescentou o art. 23‐A, à Lei n.° 8.987/95,  estabelecendo 
que o  contrato de  concessão poderá prever o  emprego de mecanismos  privados para  resolução de  disputas 
decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, 
nos termos da Lei n.° 9.307/96. 
 
Outros exemplos: Lei nº 9.472/97 (Lei Geral de Telecomunicações), Lei 9.478/97 (Lei de Petróleo e Gás), Lei nº 
10.233/ 2001  (Lei de Transportes Aquaviários e Terrestres),  Lei nº 10.438/2002  (Lei do  Setor Elétrico),  Lei nº 
11.196/2005  (Lei  de  Incentivos  Fiscais  à  Pesquisa  e  Desenvolvimento  da  Inovação  Tecnológica),  Lei  nº 
22 
11.909/2009 (Lei de Transporte de Gás Natural), entre outras. 
 
Mesmo  assim,  eramprevisões  específicas  e  que  encontravam  ainda  grande  resistência  por  parte  dos 
administrativistas mais tradicionais. 
 
Pensando nisso, o legislador foi mais ousado e, por meio da Lei n.°13.129/2015, ora comentada, previu, de forma 
genérica, a possibilidade de a Administração Pública valer‐se da arbitragem quando a  lide versar sobre direitos 
disponíveis. Foram acrescentados dois parágrafos ao art. 1º da Lei n.°9.307/96, com a seguinte redação: 
 
Art. 1º (...) 
§ 1º A administração pública direta e  indireta poderá utilizar‐se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a 
direitos patrimoniais disponíveis.  
§ 2º A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de 
arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações. 
 
Desse modo, atualmente, existe uma autorização genérica para a utilização da arbitragem pela Administração 
Pública para todo e qualquer conflito que envolva direitos patrimoniais disponíveis. Isso vale para os três entes 
federativos: União, Estados/DF e Municípios. 
 
A autoridade que irá celebrar a convenção de arbitragem é a mesma que teria competência para assinar acordos 
ou  transações,  segundo previsto na  legislação do  respectivo ente. Ex:  se o  Secretário de Estado é quem  tem 
competência  para  assinar  acordos  no  âmbito  daquele  órgão,  ele  é  quem  poderá  firmar  a  convenção  de 
arbitragem. 
 
Como a Administração Pública deve obediência ao princípio da  legalidade (art. 37, da CF/88) e, a fim de evitar 
questionamentos quanto à sua constitucionalidade, a Lei n.° 13.129/2015 determinou que a arbitragem, nestes 
casos, não poderá ser por equidade, devendo sempre ser feita com base nas regras de direito. Confira: 
 
Art.  2º  (...)  §  3º A  arbitragem  que  envolva  a  administração  pública  será  sempre  de  direito  e  respeitará  o 
princípio da publicidade. 
 
e) Convenção de arbitragem: 
 
23 
(i) Cláusula compromissória: Trata‐se de uma cláusula inserida em contrato. Por meio dela, fica preestabelecido 
que, se vier a surgir um conflito, virá a ser resolvido pela arbitragem. É sempre preexistente ao litígio. 
 
#SELIGA: O § 5º do art. 337 proíbe ao juiz conhecer de ofício da convenção de arbitragem. Se uma das partes for 
a juízo e a outra não invocar a convenção, reputar‐se‐á que ambas renunciaram tacitamente à arbitragem, e que 
preferiram a  solução  judicial. Caso, no entanto, o  réu  invoque a  convenção e o  juiz verifique que  tem  razão, 
julgará o processo extinto sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, VII, do CPC. 
 
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) 
§ 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias 
enumeradas neste artigo. 
§  6o  A  ausência  de  alegação  da  existência  de  convenção  de  arbitragem,  na  forma  prevista  neste  Capítulo, 
implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. 
 
 
*#SELIGA: 
REGRA: A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA É VÁLIDA. 
Peculiaridade 1: 
Contratos de ADESÃO 
Peculiaridade 2: 
Contratos de CONSUMO 
Peculiaridade 3: 
Dissídios individuais de TRABALHO 
É válida, desde que o aderente: 
•  tenha  tomado  a  iniciativa  de 
instituir a arbitragem; ou 
• concorde, expressamente, com 
a sua  instituição, por escrito, em 
documento anexo ou em negrito, 
com  a  assinatura  ou  visto 
especialmente para essa cláusula 
(art. 4º, § 2º, da Lei nº 9.307/96). 
Não  é  válida.  O  CDC 
estipula  que  é  nula  de 
pleno  direito  a  cláusula 
que  determina  a 
utilização compulsória de 
arbitragem (art. 51, VII). 
 
Vale  ressaltar,  no 
entanto,  que  é  possível 
compromisso arbitral nas 
relações  de  consumo 
(REsp 1.169.841‐RJ). 
Não é válida arbitragem nos dissídios  individuais 
de trabalho, conforme entendimento pacífico do 
TST. Obs:  é  permitida  a  arbitragem  no  caso  de 
dissídios coletivos de  trabalho  (art. 114, § 1º da 
CF/88).  Exceção:  prevista  pela  Reforma 
Trabalhista: Art. 507‐A. Nos contratos  individuais 
de  trabalho  cuja  remuneração  seja  superior  a 
duas vezes o  limite máximo estabelecido para os 
benefícios do Regime Geral de Previdência Social, 
poderá ser pactuada cláusula compromissória de 
arbitragem,  desde  que  por  iniciativa  do 
empregado  ou  mediante  a  sua  concordância 
expressa, nos  termos previstos na  Lei no  9.307, 
de 23 de setembro de 1996. 
24 
 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: 
 
O Poder Judiciário pode decretar a nulidade de cláusula arbitral (compromissória) sem que essa questão tenha 
sido apreciada anteriormente pelo próprio árbitro? Regra: NÃO. Segundo o art. 8º, parágrafo único da Lei de 
Arbitragem (Lei nº 9.307/96), antes de  judicializar a questão, a parte que deseja arguir a nulidade da cláusula 
arbitral deve  formular esse pedido ao próprio árbitro. Exceção:  compromissos arbitrais patológicos. O Poder 
Judiciário  pode,  nos  casos  em  que  prima  facie  é  identificado  um  compromisso  arbitral  "patológico",  isto  é, 
claramente  ilegal,  declarar  a  nulidade  dessa  cláusula,  independentemente  do  estado  em  que  se  encontre  o 
procedimento arbitral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.076‐SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info 
591). 
 
É  válida  a  cláusula  compromissória  que  excepcione  do  juízo  arbitral  certas  situações  especiais  a  serem 
submetidas  ao  Poder  Judiciário.  STJ.  4ª  Turma.  REsp  1.331.100‐BA,  Rel. Min. Maria  Isabel Gallotti,  Rel.  para 
acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 17/12/2015 (Info 577). 
 
Imagine que um contrato preveja uma confissão de dívida (líquida, certa e exigível). Neste mesmo contrato, há 
uma  cláusula  compromissória  dizendo  que  eventuais  divergências  sobre  o  ajuste  deverão  ser  dirimidas  via 
arbitragem.  Se  a  parte  que  se  obrigou  a  pagar  o  valor  confessado mostrar‐se  inadimplente,  a  parte  credora 
poderá  executar  o  contrato  na  via  judicial  ou  terá  que  instaurar  o  procedimento  arbitral?  Poderá  propor 
diretamente  a execução na  via  judicial. Ainda que possua  cláusula  compromissória, o  contrato  assinado pelo 
devedor e por duas testemunhas pode ser  levado a execução  judicial relativamente à cláusula de confissão de 
dívida  líquida, certa e exigível.  Isso porque o  juízo arbitral não possui poderes coercitivos  (executivos). Ele não 
pode penhorar bens do executado, por exemplo, nem levá‐los à hasta pública. Em outras palavras, o árbitro até 
decide a causa, mas se a parte perdedora não cumprir voluntariamente o que lhe foi imposto, a parte vencedora 
terá que executar esse título no Poder Judiciário. Logo, não há sentido instaurar a arbitragem para exigir o valor 
que  já  está  líquido,  certo  e  exigível  por  força  uma  confissão  de  dívida.  Portanto,  SENDO  TÍTULO  EXECUTIVO 
EXTRAJUDICIAL, DEVE‐SE  AJUIZAR DIRETAMENTE UMA  EXECUÇÃO.  JUÍZO ARBITRAL NÃO  TEM  COMPETÊNCIA 
PARA EXECUTAR. STJ. 3ª Turma. REsp 1.373.710‐MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,  julgado em 7/4/2015 
(Info 560). 
 
A  prerrogativa  de  imparcialidade  do  julgador  aplica‐se  à  arbitragem  e  sua  inobservância  resulta  em  ofensa 
25 
direta  à  ordem  pública  nacional  –  o  que  legitima  o  exame  da  matéria  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça, 
independentemente  de  decisão  proferida  pela  Justiça  estrangeira  acerca  do  tema.  STJ.  Corte  Especial.  SEC 
9.412‐EX, Rel. Min. Felix Fischer, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha,  julgado em 19/4/2017 (Info 
605) 
 
A instituição arbitral, por ser simples administradora do procedimento arbitral, não possui interesse processual 
nem legitimidade para integrar o polo passivo da ação que busca a sua anulação. STJ. 3ª Turma. REsp 1.433.940‐
MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 26/09/2017 (Info 613) 
 
(ii) Compromisso arbitral:O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à 
arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. É sempre posterior ao litígio. 
 
Diferença entre a cláusula compromissória e o compromisso arbitral (#AJUDAMARCINHO): 
Cláusula compromissória  Compromisso arbitral 
É  uma  convenção  de  arbitragem  em  que  as  partes 
dizem que qualquer conflito futuro será resolvido por 
arbitragem. 
É uma convenção de arbitragem posterior ao conflito. 
O  conflito  surgiu  e  as  partes  decidem  resolvê‐lo  por 
arbitragem. 
É uma cláusula prévia e abstrata, que não se refere a 
um conflito específico. 
É  feito  após  o  conflito  ter  surgido  e  se  refere  a  um 
problema concreto, já instaurado. 
Em regra, mesmo havendo a cláusula compromissória 
no  contrato,  as  partes  ainda  precisarão  de  um 
compromisso arbitral para regular como a arbitragem 
será feita. 
Exceção:  Fredie  Didier  ressalta  que  não  será 
necessário  o  compromisso  arbitral  se  a  cláusula 
compromissória for completa, ou seja, contiver todos 
os  elementos  para  a  instauração  imediata  da 
arbitragem  (exs:  quem  serão  os  árbitros,  o  direito  a 
ser aplicável, o tempo de duração etc.). 
Mesmo  que  não  exista  cláusula  compromissória  no 
contrato,  as  partes  poderão  decidir  fazer  um 
compromisso arbitral para resolver o conflito. 
 
#OUSESABER: O que é carta arbitral? Atenção, trata‐se de NOVIDADE do NCPC. Além das conhecidas cartas de 
ordem, rogatória e precatória, o NCPC previu também a carta arbitral! Cuida‐se, assim como as demais cartas, de 
uma modalidade de comunicação dos atos processuais. É um instrumento jurídico onde formalmente se darão 
26 
os pedidos de cooperação entre os juízes e árbitros.  
 
Art.  237.  Será  expedida  carta:  (...)  IV  ‐  arbitral, para que órgão do  Poder  Judiciário pratique ou determine  o 
cumprimento,  na  área  de  sua  competência  territorial,  de  ato  objeto  de  pedido  de  cooperação  judiciária 
formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória. 
 
#RECORDARÉVIVER: A Lei n.° 13.129/2015 criou uma quarta espécie: a carta arbitral. 
 
Por meio da carta arbitral, o árbitro ou o  tribunal arbitral solicita que um órgão  jurisdicional nacional  (juiz de 
direito  ou  juiz  federal)  pratique  ou  determine  o  cumprimento  de  algum  ato  que  seja  necessário  para  o 
procedimento arbitral. Ex: o árbitro que está solucionando uma controvérsia envolvendo duas partes que moram 
em Salvador  (BA) expede uma carta arbitral para que o  juízo de direito de Manaus  (AM)  intime um diretor de 
empresa que reside na capital amazonense. Veja a previsão legal que foi inserida na Lei n.° 9.307/96:  
 
Art. 22‐C. O árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral para que o órgão jurisdicional nacional 
pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro. 
Parágrafo  único.   No  cumprimento  da  carta  arbitral  será  observado  o  segredo  de  justiça,  desde  que 
comprovada a confidencialidade estipulada na arbitragem. 
 
Desse  modo,  magistrados  não  se  assustem  quando  começarem  a  receber  cartas  expedidas  por  árbitros  e 
tribunais arbitrais requerendo a prática de atos processuais. 
 
Vale ressaltar que novo CPC, que entrará em vigor em 2016, também já previa expressamente a existência das 
cartas  arbitrais  determinando  que  elas  deverão  atender,  no  que  couber,  aos  requisitos  das  demais  cartas 
(precatória, de ordem,  rogatória) e exigindo que ela  seja  instruída  com a  convenção de arbitragem e  com as 
provas da nomeação do árbitro e de sua aceitação da função (art. 260, § 3º do CPC 2015). 
 
#RECORDARÉVIVER #COLANARETINA #NOMENCLATURASIMPORTANTES: 
Carta de ordem  Carta rogatória  Carta precatória  Carta Arbitral 
Serve  para  que  um 
Tribunal  delegue  a  juízo 
inferior  “subordinado”  a 
ele  a  prática  de 
Ocorre  quando  um  juízo 
solicita  que  outro  juízo 
pratique  determinado  ato 
processual fora do país. 
Ocorre  quando  um  juízo 
solicita que outro juízo, de 
igual  hierarquia,  pratique 
determinado  ato 
Por meio da carta arbitral, 
o  árbitro  ou  o  tribunal 
arbitral  solicita  que  um 
órgão  jurisdicional 
27 
determinado  ato 
processual. 
 
Ex:  o  Ministro  do  STF 
expede  carta  de  ordem 
para  que  o  juízo  federal 
ouça  uma  testemunha 
localizada em Natal (RN). 
 
Ex:  juízo  de  Belém  (PA) 
expede  uma  carta 
rogatória  para  que  seja 
ouvida  uma  testemunha 
residente  na  Alemanha, 
pela  autoridade  judiciária 
alemã. 
processual  nos  limites  de 
sua  competência,  dentro 
do Brasil. 
 
Ex: o  juízo da  comarca de 
Niterói  (RJ)  expede  uma 
carta  precatória  para  que 
o  juízo  da  comarca  de 
Búzios  (RJ)  ouça  uma 
testemunha que lá reside. 
nacional (juiz de direito ou 
juiz  federal)  pratique  ou 
determine o cumprimento 
de  algum  ato  que  seja 
necessário  para  o 
procedimento arbitral.  
 
f) Sentença arbitral: 
 
A solução do  litígio será dada pelo árbitro, por meio de sentença arbitral, que constituirá título executivo 
JUDICIAL. O prazo para que a profira pode ser estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, mas no 
silêncio será de seis meses, contados da instituição da arbitragem ou substituição do árbitro.  
 
Vale ressaltar que a sentença arbitral, para produzir seus efeitos, não precisa de homologação judicial: 
 
Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação 
pelo Poder Judiciário. 
 
Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida 
pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo. 
 
Vale  destacar  que  não  há  recurso  contra  a  sentença  arbitral, mas,  de  acordo  com  o  art.  30  da  lei  de 
arbitragem: 
 
Art. 30. No prazo de cinco dias, a contar do recebimento da notificação ou ciência pessoal da sentença arbitral, 
salvo  se outro prazo  for  acordado  entre  as partes,  a parte  interessada, mediante  comunicação  à outra parte, 
poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que:  
I — corrija qualquer erro material da sentença arbitral;  
II —  esclareça  alguma obscuridade, dúvida ou  contradição da  sentença  arbitral, ou  se pronuncie  sobre ponto 
omitido a respeito do qual devia manifestar‐se a decisão. Parágrafo único. O árbitro ou o tribunal arbitral decidirá, 
28 
no prazo de dez dias ou em prazo acordado pelas partes, aditará a  sentença arbitral e notificará as partes na 
forma do art. 29. 
 
A  sentença  arbitral  terá  os mesmos  efeitos  que  a  produzida  pelo  Poder  Judiciário,  inclusive  o  da  coisa 
julgada material, constituindo ainda, se condenatória, título executivo judicial. 
 
#NÃOESQUECER  #UMPOUCODEDOUTRINA:  A  sentença  arbitral  pode  ser  invalidade  pelo  Poder  Judiciário. 
Fredie Didier explica que há possibilidade de controle  judicial da sentença arbitral, mas somente quanto à sua 
validade (arts. 32 e 33, caput, da Lei n.°9.307/96), ou seja, ela pode ser anulada se tiver vícios formais. O Poder 
Judiciário não pode, por outro lado, revogar ou modificar a sentença arbitral quanto ao seu mérito por entendê‐la 
injusta ou errada. A parte prejudicada que desejar anular a sentença arbitral por vícios formais deverá ajuizar a 
ação de nulidade no prazo máximo de 90 dias após o recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu 
aditamento  (art.  33,  §  1º).  Ultrapassado  esse  prazo,  a  decisão  arbitral  torna‐se  imutável  pela  coisa  julgada 
material. (DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 171). 
 
f.1) Ação de declaração de nulidade da sentença arbitral: A parte interessadapoderá pleitear ao órgão do Poder 
Judiciário  competente  a declaração  de  nulidade  da  sentença  arbitral,  nos  casos  previstos  no  art.  32  da  Lei 
n.° 9.307/96. 
 
Prazo: 90 dias, após o recebimento da notificação da respectiva sentença, parcial ou final, ou da decisão do 
pedido de esclarecimentos. 
 
Procedimento a ser aplicado: Procedimento comum previsto no CPC. Compare a mudança operada pela Lei 
n.° 13.129/2015 no art. 33 da Lei n.°9.307/96: 
 
Redação original da Lei 9.307/96  Alteração promovida pela Lei 13.129/2015 
Art. 33 (...) 
§  1º  A  demanda  para  a  decretação  de 
nulidade  da  sentença  arbitral  seguirá  o 
procedimento comum, previsto no Código de 
Processo Civil, e deverá ser proposta no prazo 
de  até noventa  dias  após o  recebimento  da 
notificação  da  sentença  arbitral  ou  de  seu 
Art. 33 (...) 
§  1º  A  demanda  para  a  declaração  de 
nulidade da sentença arbitral, parcial ou final, 
seguirá  as  regras  do  procedimento  comum, 
previstas na Lei n.°5.869, de 11 de janeiro de 
1973 (Código de Processo Civil), e deverá ser 
proposta  no  prazo  de  até  90  (noventa)  dias 
29 
aditamento.  após  o  recebimento  da  notificação  da 
respectiva  sentença,  parcial  ou  final,  ou  da 
decisão do pedido de esclarecimentos. 
 
Aqui, o  legislador cometeu um equívoco, porque aprovou este § 1º  fazendo menção ainda ao CPC 1973, 
quando, na verdade,  já  tínhamos um novo Código aprovado e que se encontrava apenas aguardando o  fim do 
prazo de vacatio legis para entrar em vigor. 
 
A  pergunta  que  surgiu  diante  deste  impasse  era  a  seguinte: quando  o  CPC  2015  entrasse  em  vigor  em 
março  de  2016,  qual  seria  o  procedimento  a  ser  aplicado  para  a  ação  declaratória  de  nulidade  da  sentença 
arbitral? Aplicar‐se‐ia o CPC 1973 ou o CPC 2015? CPC‐2015. 
 
O CPC 2015, quando entrou em vigor, em março de 2016, acarretou a revogação do CPC 1973, conforme 
previsto em seu art. 1.046: Art. 1.046.  Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo 
aos processos pendentes, ficando revogada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973. 
 
O fato de a Lei n.º 13.129/2015 ter mencionado o procedimento do CPC 1973 não deu uma sobrevida nem 
evitou a revogação deste, considerando que não foi esta a intenção do legislador e o CPC 2015 somente revogou 
o Código de 73 em março de 2016. 
 
Para que  a  Lei n.º 13.129/2015  tivesse  evitado  a  revogação de parte do CPC 1973,  ela  teria que  ter  se 
referido expressamente ao art. 1.046 do CPC 2015, o que não foi o caso. 
 
O projeto que deu origem à Lei n.º 13.129/2015 tramita há anos no Congresso Nacional e a sua  intenção 
era simplesmente manter a regra de que a ação de declaração de nulidade da sentença arbitral deve ser regida 
pelo procedimento ordinário do CPC vigente, seja ele o de 1973, seja o de 2015. 
 
Além disso, como um último argumento, veja o que diz o § 4º do art. 1.046 do CPC 2015: § 4º As remissões 
a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras leis, passam a referir‐se às que lhes são 
correspondentes neste Código. 
 
Dessa forma, após o CPC 2015 entrar em vigor, onde se lê CPC 1973, no § 1º do art. 33 da Lei n.º 9.307/96, 
passa a ser lido CPC 2015. 
30 
 
Comandos  da  sentença  que  julgar  procedente  a  anulação:  Agora,  se  o  juiz  considerar  procedentes  os 
argumentos do autor, ele  irá declarar a nulidade da sentença arbitral, em  todas as hipóteses do art. 32 da Lei 
n.º 9.307/96: 
 
Redação original da Lei 9.307/96  Alteração promovida pela Lei 13.129/2015 
Art. 33 (...) 
§  2º  A  sentença  que  julgar  procedente  o 
pedido: 
I  ‐ decretará a nulidade da sentença arbitral, 
nos casos do art. 32, incisos I, II, VI, VII e VIII; 
II  ‐  determinará  que  o  árbitro  ou  o  tribunal 
arbitral  profira  novo  laudo,  nas  demais 
hipóteses. 
Art. 33 (...) 
§  2º  A  sentença  que  julgar  procedente  o 
pedido  declarará  a  nulidade  da  sentença 
arbitral, nos casos do art. 32, e determinará, 
se  for  o  caso,  que  o  árbitro  ou  o  tribunal 
profira nova sentença arbitral. 
 
f.2)  Impugnação  incidental da sentença arbitral: Em vez de ajuizar uma ação autônoma pedindo a nulidade da 
sentença arbitral, a parte poderá alegar esse vício como uma matéria de defesa no momento em que a outra 
parte estiver executando a  sentença arbitral. Essa alegação é  feita mediante  IMPUGNAÇÃO,  já que a  sentença 
arbitral é  título executivo  judicial, não havendo que  se  falar, portanto, em  embargos do devedor, que é uma 
defesa típica da execução de títulos extrajudiciais. Compare a mudança: 
 
Redação original da Lei 9.307/96  Alteração promovida pela Lei 13.129/2015 
Art. 33 (...) 
§  3º  A  decretação  da  nulidade  da  sentença 
arbitral também poderá ser arguida mediante 
ação  de  embargos  do  devedor,  conforme  o 
art.  741  e  seguintes  do  Código  de  Processo 
Civil, se houver execução judicial. 
Art. 33 (...) 
§  3º  A  declaração  de  nulidade  da  sentença 
arbitral  também  poderá  ser  arguida 
mediante impugnação, conforme o art. 475‐L 
e seguintes da Lei n.° 5.869, de 11 de  janeiro 
de 1973 (Código de Processo Civil), se houver 
execução judicial. 
 
Aqui,  o  legislador  cometeu  o mesmo  equívoco  do  §  1º  e  a  Presidente  da  República,  a  fim  de  evitar 
discussões estéreis, deveria  ter vetado esse § 3º.  Isso porque o CPC 2015  já  traz uma  regra muito semelhante 
alterando este mesmo § 3º do art. 33 da Lei n.° 9.307/96. Vamos comparar: 
31 
 
Redação original da 
Lei 9.307/96 
Alteração feita na Lei 9.307/96 pela 
Lei 13.129/15 
Alteração feita na Lei 
9.307/96 pelo CPC 15 
Art. 33 (...) 
§  3º A  decretação  da  nulidade  da 
sentença  arbitral  também  poderá 
ser  arguida  mediante  ação  de 
embargos do devedor, conforme o 
art.  741  e  seguintes do Código  de 
Processo Civil, se houver execução 
judicial. 
Art. 33 (...) 
§  3º  A  declaração  de  nulidade  da 
sentença  arbitral  também  poderá 
ser  arguida  mediante impugnação, 
conforme o art. 475‐L e seguintes da 
Lei  n.°5.869,  de  11  de  janeiro  de 
1973  (Código  de  Processo  Civil),  se 
houver execução judicial. 
Art. 33 (...) 
§ 3º A decretação da nulidade 
da  sentença  arbitral  também 
poderá  ser  requerida 
na impugnação  ao 
cumprimento  da  sentença, 
nos  termos  dos  arts.  525  e 
seguintes  do  Código  de 
Processo  Civil,  se  houver 
execução judicial. 
 
Como  já explicado nos comentários ao § 1º, quando o CPC 2015 entrar em vigor, em março de 2016, a 
redação dada pela Lei n.° 13.129/2015 será revogada pelo novo CPC. 
 
Assim, a partir de março de 2015, a  redação que  irá vigorar no § 3º do art. 33 da  Lei n.° 9.307/96  será 
aquela que foi dada pelo CPC 2015 (terceiro quadro). 
 
f.3) Sentença arbitral complementar: Como visto mais acima, agora é possível a prolação de sentença arbitral 
parcial. Ocorre que poderia acontecer de os árbitros proferirem uma sentença parcial e, mesmo passado tempo 
razoável,  não  decidissem  o  restante  da  controvérsia.  A  fim  de  evitar  esta  indesejável  situação,  a  Lei 
n.° 13.129/2015 acrescentou um parágrafo ao art. 33  trazendo a possibilidade de a parte ajuizar ação exigindo 
que os peritos complementem a sentença arbitral caso esta tenha sido apenas parcial. Veja: 
 
Art. 33 (...) § 4º A parte interessada poderá ingressar em juízo para requerer a prolação de sentença arbitral 
complementar, se o árbitro não decidir todos os pedidos submetidos à arbitragem. 
 
Repare que a parte interessada não irá requerer que Poder Judiciário complete a sentença arbitral. A ação 
é  proposta  com  o  objetivo  de  que  Poder  Judiciário  determine  aos  árbitros  que  decidam  todos  os  pedidos 
submetidos à arbitragem. 
 
32 
O § 4º foi omisso quanto ao prazo desta ação, razão pela qual deve‐se aplicar o mesmoprazo de 90 dias 
previsto no § 1º deste art. 33. Ora, se a ação objetivando a declaração de nulidade segue o prazo de 90 dias, com 
mesma razão deve ser este o prazo para a ação visando apenas a complementação da sentença arbitral parcial. 
 
#SELIGA: A sentença estrangeira poderá ser reconhecida pela jurisdição brasileira! 
 
Art.  34.  A  sentença  arbitral  estrangeira  será  reconhecida  ou  executada  no  Brasil  de  conformidade  com  os 
tratados internacionais com eficácia no ordenamento interno e, na sua ausência, estritamente de acordo com os 
termos desta Lei. 
Parágrafo  único.  Considera‐se  sentença  arbitral  estrangeira  a  que  tenha  sido  proferida  fora  do  território 
nacional. 
Art. 35.  Para ser reconhecida ou executada no Brasil, a sentença arbitral estrangeira está sujeita, unicamente, à 
homologação do Superior Tribunal de Justiça. 
 
#CASCADEBANANA¹:  É  possível  que  o(s)  árbitro(s)  profira(m)  sentença  arbitral  PARCIAL,  ou  seja,  decidindo 
apenas parte do litígio que foi submetido à sua apreciação? 
 
Redação original da Lei 9.307/96: Havia #POLÊMICA 
 
1ª corrente: NÃO. Segundo entendiam alguns doutrinadores, a Lei n.°9.307/96, em sua redação original, vedava a 
prolação de sentença parcial (art. 29). Caso o árbitro proferisse sentença parcial, esta seria nula, nos termos do 
art. 32, V:  
 
Art. 29. Proferida a sentença arbitral, dá‐se por finda a arbitragem (...). 
(...) 
Art. 32. É nula a sentença arbitral se: 
V ‐ não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; 
 
2ª  corrente:  SIM. Mesmo  antes  da  alteração  promovida  pela  Lei  nº  13.129/2015,  era  possível  a  prolação  de 
sentença arbitral parcial. Posição defendida por Carlos Alberto Carmona (Arbitragem e Processo: Um Comentário 
à Lei nº 9.307/96. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 355‐356). 
 
33 
O STJ possui precedente nesse sentido: (...) No âmbito do procedimento arbitral, nos termos da Lei n. 9.307/96 
(antes  mesmo  das  alterações  promovidas  pela  Lei  n.  13.129/2015),  inexiste  qualquer  óbice  à  prolação  de 
sentença  arbitral  parcial,  especialmente  na  hipótese  de  as  partes  signatárias  assim  convencionarem 
(naturalmente  com  a  eleição do Regulamento de Arbitragem que  vierem  a  acordar),  tampouco  incongruência 
com o sistema processual brasileiro, notadamente a partir da reforma do Código de Processo Civil, veiculada pela 
Lei n. 11.232/2005, em que se passou a definir "sentença", conforme redação conferida ao § 1º do art. 162, como 
ato do juiz que redunde em qualquer das situações constantes dos arts. 267 e 269 do mesmo diploma legal.  (STJ. 
3ª Turma. REsp 1519041/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 01/09/2015). 
 
Alteração promovida pela Lei 13.129/2015: Acabou com qualquer polêmica que ainda pudesse existir (#UFA). 
 
A Lei n.° 13.129/2015 acrescentou o § 1º ao art. 23 da Lei nº 9.307/96 afirmando expressamente que é possível a 
sentença arbitral parcial: 
 
Art. 23 (...) § 1º Os árbitros poderão proferir sentenças parciais. 
 
Além disso, o inciso V do art. 32 acima transcrito foi revogado. 
 
A mudança é  salutar,  sendo aplaudida pela doutrina, considerando que há  situações em que é melhor que os 
árbitros profiram a  sentença parcial,  resolvendo os pontos  controvertidos da  lide,  como  infrações  contratuais, 
culpa pelo término da relação contratual e dever de  indenizar. Em um segundo momento, na sentença arbitral 
final, os árbitros poderão decidir sobre  liquidação de créditos e débitos  recíprocos e a estipulação de eventual 
determinação  de  compensação  da  verba  de  sucumbência.  (BAPTISTA,  Luiz  Olavo.  Sentença  parcial  em 
arbitragem. Revista de Arbitragem e Mediação. Ano 5, n.° 17, abr‐jun/2008, RArb 17, p. 189). 
 
Com  isso,  resolve‐se  também  um  grave problema.  Isso porque muitos  Tribunais  arbitrais  ao  longo do mundo 
permitem  e  proferem  sentenças  arbitrais  parciais,  como  é  o  caso  do  Regulamento  da  Câmara  de  Comércio 
Internacional de Paris (CCI) e do Regulamento Arbitral da Comissão das Nações Unidas para o Direito do Comércio 
Internacional  (CNUDCI).  O  direito  norte‐americano  do  Estado  de  Nova  Iorque,  grande  centro  de  arbitragem, 
igualmente  permite  sentenças  parciais.  Assim,  algumas  empresas  brasileiras  participavam  de  arbitragens 
internacionais em que eram proferidas sentenças parciais e depois, se sucumbentes, poderiam, em tese, buscar a 
anulação desta sentença no Poder Judiciário brasileiro com fundamento no art. 32, V, da Lei n.° 9.307/96, o que 
gerava grande risco à segurança jurídica e à credibilidade do instituto. 
 
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Além disso, a sentença parcial, mesmo quando apresentar este vicio por um equívoco dos árbitros, não pode ser 
tida como nula, sendo apenas “incompleta”. Assim, não há sentido de se anular uma sentença incompleta, sendo 
o mais lógico exigir que ela seja completada, o que é feito pelo art. 33, § 4º da Lei n.° 9.307/96, com redação dada 
pela Lei n.° 13.129/2015. 
 
g) Prescrição: 
 
A Lei de Arbitragem (Lei n.° 9.307/96) não traz prazos de prescrição. No entanto, apesar disso, a doutrina 
majoritária afirma que essa omissão foi proposital, já que os prazos de prescrição são previstos nas leis de direito 
material e a lei de arbitragem é uma norma processual. 
 
Assim, para a corrente majoritária, aplicam‐se os prazos prescricionais previstos na legislação também para 
a arbitragem. Ex:  imagine que determinado engenheiro  foi contratado para uma obra e no contrato preveja a 
cláusula  compromissória;  o  prazo  prescricional  para  pretensões  decorrentes  deste  contrato  é  de  5  anos,  nos 
termos do art. 206, § 5º,  II, do CC.  Logo, este engenheiro  teria o prazo de 5 anos para pedir a  instituição da 
arbitragem. 
 
E quando se considera instituída a arbitragem? Considera‐se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação 
pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários (art. 19). 
 
O  que  a  Lei  n.° 13.129/2015  alterou  sobre  a  prescrição?  Foram  inseridos  prazos  prescricionais  na  Lei  de 
Arbitragem? NÃO. A Lei n.° 9.307/96 continua sem prever prazos de prescrição, até porque, como visto acima, 
isso é matéria atinente às leis de direito material. No entanto, a Lei n.° 13.129/2015 acrescentou um parágrafo ao 
art.  19  fixando  um  marco  interruptivo  da  prescrição.  Veja:  §  2º  A  instituição  da  arbitragem  interrompe  a 
prescrição, retroagindo à data do requerimento de sua instauração, ainda que extinta a arbitragem por ausência 
de jurisdição. 
 
Desse modo, os prazos de prescrição continuarão a observar as regras previstas na legislação extravagante 
(Código Civil, Lei de Propriedade industrial etc.), mas, agora, a Lei de Arbitragem traz a regra de que a instituição 
da arbitragem interrompe o prazo prescricional. 
 
h) Tutelas de urgência: 
 
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O Poder Judiciário. A Lei n.° 13.129/2015 estabeleceu que, se for necessária alguma medida cautelar ou de 
urgência e ainda não houver sido instituída a arbitragem, as partes poderão requerê‐las junto ao Poder Judiciário. 
Veja a novidade: 
 
Art. 22‐A. Antes de  instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão de 
medida cautelar ou de urgência. 
 
Assim,  em  nosso  exemplo,  a  empresa  prejudicada  poderá  pedir  ao  juiz  que  conceda  uma medida  de 
urgência no sentido de que a outra empresa continue fornecendo a matéria‐prima ajustada no contrato até que a 
disputa contratual seja resolvida pelos árbitros, sob pena de multa diária. 
 
Depois de conseguir a medida pleiteada junto ao Poder Judiciário, a parte terá que requerer a instituição da 
arbitragem em até 30 dias, sob pena de a medida ser cessada: 
 
Art. 22‐A  (...) Parágrafo único. Cessa a eficácia da medida  cautelar ou de urgência  se  a parte  interessada não 
requerer a  instituição da arbitragem no prazo de 30  (trinta) dias,

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