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V EPED/2013 
24 e 25 de Abril de 2013 
 
V Encontro de Pós-graduandos 
em Estudos Discursivos da USP 
 
Linguagem, Estratégia e (Re)Construção 
 
 
CADERNO DE RESUMOS 
E 
PROGRAMAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
Universidade de São Paulo 
2 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
 
V EPED/2013 
24 e 25 de Abril de 2013 
 
V Encontro de Pós-graduandos 
em Estudos Discursivos da USP 
 
Linguagem, Estratégia e (Re)Construção 
 
 
PROMOÇÃO 
Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa 
 
Site: http://www.epedusp.com.br 
E-mail: eped.usp@live.com 
24 e 25 de abril de 2013 
 
 
 
 
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
Universidade de São Paulo 
http://www.epedusp.com.br/
mailto:eped.usp@live.com
3 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOLOGIA E LÍNGUA PORTUGUESA 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
 
REITOR: Prof. Dr. João Grandino Rodas 
VICE-REITOR: Prof. Dr. Hélio Nogueira da Cruz 
 
 
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS 
DIRETOR: Prof. Dr. Sérgio França Adorno de Abreu 
VICE-DIRETOR: Prof. Dr. João Roberto Gomes de Faria 
 
 
 
DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS 
CHEFE: Prof. Dra. Marli Quadros Leite 
SUPLENTE: Prof. Dra. Paula da Cunha Corrêa 
 
 
4 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
Comissão Organizadora 
 
Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino – Presidente da Comissão. 
 
Adriano Dantas de Oliveira - leitura e revisão de resumos, organização da programação, 
atualização do site, divulgação da programação, diagramação do caderno de resumos e apoio 
logístico. 
 
Emilson José Bento - leitura e revisão de resumos, organização da programação, recebimento 
e envio de ofícios, diagramação e revisão do caderno de resumos, encaminhamento de ofícios 
e controle da comunicação via e-mail. 
 
Margibel Adriana de Oliveira - leitura e revisão de resumos, organização da programação, 
controle da comunicação via e-mail, seleção e apoio às editoras e orçamento e compra de 
materiais. 
 
Thiago Jorge Ferreira Santos - leitura e revisão de resumos, organização da programação, 
seleção e supervisão de monitores, encaminhamento de ofícios, reserva de salas e controle da 
comunicação via e-mail. 
 
Vivian Pontes - divulgação do evento, leitura e revisão de resumos, organização da 
programação, controle financeiro, hospedagem dos convidados, leitura de resumos e solicitação 
de apoios e patrocínios. 
 
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação 
em Filologia e Língua Portuguesa 
Prof. Dra. Elis de Almeida Cardoso Caretta 
 
CADERNO DE RESUMOS E PROGRAMAÇÃO 
Organização, Diagramação e Revisão 
Adriano Dantas de Oliveira 
Emilson José Bento 
 
Revisão 
Emilson José Bento 
 
Logotipo V EPED 
Milan Puh 
 
Apoio 
LAPEL (Laboratório de Apoio à Pesquisa e Ensino em Letras) 
Carolina Bernardi (Serviço Financeiro do DLCV) 
Dorli Hiroko Yamaoka (Serviço de Artes Gráficas da FFLCH) 
Tiragem 
100 exemplares 
Todos os direitos para a língua portuguesa reservados para os autores. Nenhuma parte da publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio, seja eletrônico, mecânico, de fotocópia, de gravação, ou outros, sem prévia 
autorização por escrito dos Autores. O código penal brasileiro determina, no artigo 184: “Dos crimes contra a propriedade 
intelectual: violação do direito autoral – art. 184; Violar direito autoral: pena – detenção de três meses a um ano, ou multa. 1º 
Se a violação consistir na reprodução por qualquer meio da obra intelectual, no todo ou em parte para fins de comércio, sem 
autorização expressa do autor ou de quem o represente, ou consistir na reprodução de fonograma ou videograma, sem 
autorização do produtor ou de quem o represente: pena – reclusão de /um a quatro anos e multa. Todos os direitos reservados 
e protegidos por lei. 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
CALENDÁRIO...........................................................................................................................6 
APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................7 
PROGRAMAÇÃO GERAL.......................................................................................................9 
CONFERÊNCIAS E MESAS-REDONDAS............................................................................10 
COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS.........................................................................................15 
ÍNDICE POR AUTOR .............................................................................................................55 
6 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
CALENDÁRIO 
17/12/2012 
Início das inscrições. 
01/02/2013 
Encerramento das inscrições com apresentação de trabalho. 
10/03/2013 
Divulgação das cartas de aceite. 
20/03/2013 
Data limite para pagamento da inscrição. 
10/04/2013 
Divulgação da Programação Oficial 
24 e 25/04/2013 
Realização do evento. 
 
 
 
 
 
 
OBSERVAÇÃO 
Os resumos deste Caderno estão organizados em ordem alfabética por autor e seu conteúdo é 
de inteira responsabilidade de seus autores. As conferências de abertura e encerramento, bem 
como as sessões de comunicação serão realizadas no Prédio do Curso de Letras da FFLCH. A 
sessão de comunicação III será realizada no Prédio do Curso de Filosofia. 
7 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Bem-vindos ao V EPED! 
Neste ano o EPED chega à sua quinta edição. Criado em 2009 pelos alunos pós-
graduandos da USP, foi idealizado com a missão de propiciar um espaço privilegiado para 
discussão e para reflexão teórica interdisciplinar acerca do discurso e dos estudos discursivos 
realizados na USP. 
Naquele ano, o I EPED trouxe como tema “Análises do Discurso: o diálogo entre as 
várias tendências na USP” e inaugurou a jornada do EPED, propondo a comunhão dos 
espíritos no que tange ao Discurso e ao seu estudo. Em 2010, o II EPED refletiu sobre as 
“Abordagens metodológicas em estudos discursivos”, colocando em foco a problemática dos 
modelos teórico-metodológicos inseridos no âmbito do discurso. 
O III EPED, na edição de 2011, abriu como proposta de trabalho e de diálogo o tema 
“O gênero em diferentes abordagens discursivas” direcionando a exposição dos trabalhos 
para uma abordagem dos estudos de gêneros discursivos. Os trabalhos apresentados nestas 
edições já estão disponíveis na versão on-line e podem ser consultados no site: 
www.epedusp.com.br. Em sua quarta edição, no ano de 2012, o IV EPED trouxe uma proposta 
abrangente sobre os estudos discursivos, sugerindo como tema “O discurso em suas 
pluralidades teóricas”. O objetivo do tema era propiciar um vasto diálogo no que se refere ao 
discurso e suas diversas possibilidades de abordagem. 
Para esta edição, no ano de 2013, consolidando o quinto ano da trajetória do EPED, 
teremos como tema “Linguagem, Estratégia e (Re)construção”. Priorizamos, assim, a 
abordagem dos trabalhos focalizados na linguagem e seus diversos usos em uma abordagem 
discursiva, não como uma possibilidade de mera representação, mas como uma possibilidade 
de construção ou de reconstrução do mundo. 
Agradecemos a participação de todos os egressos, pós-graduandos e graduandos que 
contribuíram e que contribuem para a construção dessa história e para a manutenção de um 
evento que, dada a sua missão, se mostra tão relevante para a vida acadêmica dos pós-
http://www.epedusp.com.br/
8 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
graduandos e graduandos da USP. Ao considerarmos o caminho já percorrido, reconhecemostantas conquistas e progressos, o que nos motiva a agradecer as comissões organizadoras 
anteriores que balizaram um trajeto que, através deste V EPED, se fortalece e se amplia, 
projetando para o futuro esta conquista acadêmica. 
Pela parceria na realização do V EPED, agradecemos a todos os professores convidados 
e da comunidade USP, aos alunos participantes do evento, aos monitores, estagiários do 
Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa, aos funcionários, ao serviço de 
copa e de limpeza do Prédio de Letras, pela ajuda tão necessária na logística do Encontro. 
Destacamos a presença eficaz e indispensável da Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino, 
que presidiu os trabalhos da Comissão Organizadora desta quinta edição do EPED. Somos 
imensamente gratos ao seu apoio e orientação durante todo o período de organização desta 
iniciativa dos pós-graduandos. Por fim, sem o incentivo da coordenadora do Programa de 
Filologia e Língua Portuguesa, Prof. Dra. Elis de Almeida Cardoso Caretta, nosso evento não 
teria chegado a bom termo. 
A Comissão Organizadora do V EPED dá as boas-vindas a todos os participantes, 
desejando-lhes um ótimo evento! 
COMISSÃO ORGANIZADORA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
PROGRAMAÇÃO OFICIAL 
Quarta-feira, 24/04/2013 
08h Credenciamento - Secretaria Sala 260 (manhã) Sala 134 (tarde) 
09h Cerimônia de abertura Sala 266 
09h30 Conferência de Abertura Sala 266 
 Problemáticas Contemporâneas dos Estudos do Discurso 
 Prof. Dr. Wander Emediato de Souza 
 
10h30 Mesa Redonda I 
 Linguagem, Discurso e Ensino Sala 266 
12h Intervalo 
14h Sessão de Comunicação Oral I Salas 130, 131, 132, 133 
15h30 Intervalo 
16h Sessão de Comunicação Oral II Salas 130, 131, 132, 133 
Quinta-feira, 25/04/2013 
09h Credenciamento – Secretaria Sala 266 (manhã) Sala 134 (tarde) 
9h30 Sessão de Comunicação Oral III Salas 100, 102, 109, 110 (Filosofia) 
11h Mesa Redonda II 
 Estudos em Análise Crítica do Discurso Sala 266 
 
 Mesa Redonda III 
 Contexto da Produção: Perspectivas Convergentes Sala 260 
12h30 Intervalo 
14h Sessão de Comunicação Oral IV Salas 130, 131, 132, 133 
15h30 Intervalo 
16h Conferência de Encerramento Sala 107 
 Enunciação e Heteronímia 
 Prof. Dr. José Luiz Fiorin 
17h Coquetel Sala 107 
 
 
10 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
CONFERÊNCIAS E MESAS REDONDAS 
 
Conferência de Abertura – Prof. Dr. Wander Emediato de Souza - UFMG 
PROBLEMÁTICAS CONTEMPORÂNEAS DOS ESTUDOS DO DISCURSO 
Maingueneau em seu livro "Novas tendências em Análise do Discurso", cuja primeira edição data de 
1987, já levantava a questão de que a expressão "análise do discurso" podia praticamente designar 
qualquer coisa, na medida em que toda produção de linguagem pode ser considerada "discurso". De lá 
para cá, podemos afirmar que não só a análise do discurso evoluiu e ampliou suas fronteiras como 
também seus métodos, seus objetos e seus problemas de pesquisa. O termo "discurso", com efeito, 
designa hoje, mais ainda que na década de 80, diferentes perspectivas de análise que demonstram bem 
a complexidade do fenômeno linguageiro. Nosso objetivo nesta conferência será o de apresentar, sem 
pretensão de exaustividade, um conjunto de problemáticas contemporâneas que se servem do termo 
"discurso" e o tomam por objeto, buscando compreender melhor os objetos privilegiados dessas 
diferentes perspectivas e sua relevância dentro do que poderíamos chamar, com maior precisão, de 
"Estudos do Discurso". Daremos ênfase, de um lado, às diferentes problemáticas do sujeito, de outro 
lado, aos diferentes problemas teóricos que cada perspectiva do estudo do discurso coloca para as 
Ciências da Linguagem hoje. 
 
Conferência de Encerramento – Prof. Dr. José Luiz Fiorin - USP 
ENUNCIAÇÃO E HETERONÍMIA 
Os estudos sobre enunciação mostram que se devem distinguir duas instâncias enunciativas: o 
enunciador, autor pressuposto do discurso, e o narrador, voz que conduz o enunciado. Aquele não é o 
autor real, mas é o autor implícito, ou seja, uma imagem construída pelo próprio texto. Este está, 
implícita ou explicitamente, inscrito no enunciado. O éthos confere espessura semântica a esses actantes 
da enunciação, transformando-os em atores. No entanto, não se podem confundir os éthe do narrador e 
do enunciador. Este só pode ser depreendido de uma totalidade: a obra de um autor, a produção de uma 
dada geração de poetas, os textos de um determinado movimento estético, etc. Na obra singular, só se 
pode apreender o éthos do narrador. É a depreensão do éthos de uma totalidade que apresenta interesse 
para os estudos do discurso. Cada autor caracteriza-se pela construção, ao mesmo tempo, de um só éthos, 
que dá unidade a sua obra. No entanto, a heteronímia contraria essa afirmação, pois ela é a utilização de 
diferentes nomes, que correspondem a personalidades diversas, com biografia e estilo próprios, e que 
revelam uma visão de mundo específica, produzindo distintas poéticas. O poeta que se valeu, de maneira 
mais rica, da heteronímia foi Fernando Pessoa. Utilizou setenta e dois nomes diversos, começando por 
Chevalier de Pas, de quem, na infância, recebia cartas, passando por Alexander Search, que escrevia 
poemas em inglês, chegando aos três heterônimos mais importantes, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e 
Álvaro de Campos. Várias explicações foram dadas para o surgimento da heteronímia na obra pessoana. 
A mais corrente é que ela deriva da constituição psíquica de Pessoa, cujos sentimentos eram instáveis. 
Evidentemente, o próprio poeta contribuiu para que se firmasse esse ponto de vista, pois dá essa razão 
para o aparecimento dos heterônimos. No entanto, há também explicações sociológicas. Este trabalho 
pretende observar o fenômeno da heteronímia de um ponto de vista discursivo. Não nos interessam a 
constituição do psiquismo pessoano nem circunstâncias de sua biografia ou acontecimentos históricos 
de sua época. A heteronímia será vista como a fragmentação de um autor em diferentes enunciadores, 
isto é, em éthe diversos, para apresentar mais de uma filiação estética, para trabalhar mais de um discurso 
em sua obra, para operar em diferentes espaços de um campo discursivo num dado do momento de 
determinada formação social. Em Pessoa, por exemplo, enquanto Álvaro de Campos começa como poeta 
decadentista, com forte influência do simbolismo, aderindo depois ao futurismo, Ricardo Reis constrói 
sua obra como herdeiro da tradição clássica. A heteronímia pessoana é a construção de uma súmula da 
poética ocidental do momento em que o poeta viveu. 
 
11 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
MESA REDONDA I 
LINGUAGEM, DISCURSO E ENSINO 
 
 
Matriz de Referência e redações do ENEM: diálogos inconclusos 
 
Prof. Dra. Maria Inês Batista Campos – USP 
 
 
Este estudo, desenvolvido dentro do Projeto de Pesquisa “Linguagens e identidades em 
materiais didáticos de língua portuguesa”, tem o objetivo de mostrar que a “Matriz de 
Referência” é um elemento central na orientação das propostas de redação do ENEM. Há 
conceitos de texto, língua e discurso no documento de avaliação publicado pelo Inep e em 
função da orientação para o candidato, como os conceitos se articulam às exigências de 
elaboração de redação para os candidatos. 
 
 
O texto como objeto de trabalho, conhecimento e prazer 
 
Prof. Dra. Elisabeth Brait - PUC-SP/USP/CNPq 
 
 
O profissional de Letras, voltado para as especificidades de uma ou mais línguas, para as 
reflexões proporcionadas pelas teorias da linguagemem suas múltiplas abordagens, ou para a 
riqueza das literaturas, tem como objeto de conhecimento (para aprender e para ensinar) o texto. 
Isso significa que, em suas múltiplas dimensões, em sua capacidade de ser de diferentes 
maneiras, em sua generosidade de multiplicar janelas e portas de entrada, ele elege, de uma 
perspectiva profissional, alguém que, além da fruição pessoal, vai enfrentá-lo com instrumentos 
especializados que ajudarão os leitores a percorrer caminhos que interligam sujeito, linguagem 
e mundo. Tendo essa perspectiva como base, o objetivo desta fala é discutir de que maneira 
conhecimentos de língua e discurso se interligam, constitutivamente, para caracterizar o 
profissional das letras e para produzir ensino. 
 
 
Sobre o Dialogismo: uma recepção de recepções 
 
Prof. Dra. Renata Coelho Marchezan - UNESP 
 
 
Quais são as contribuições de M. Bakhtin? As respostas a essa pergunta compreendem diversas 
recepções da obra bakhtiniana: as que a situam em perspectiva histórica e cultural, dando a 
conhecer o contexto inerente a ela, as interlocuções com as quais se edificou e os caminhos de 
seu desenvolvimento; as que adotam, isoladamente, um ou outro de seus conceitos e as que 
buscam dela depreender um arcabouço, menos ou mais sistematizado, para a reflexão de um 
objeto em particular. Fixando-nos nessas últimas, e no domínio dos estudos sobre a linguagem, 
examinamos as recepções do pensamento bakhtiniano como uma pragmática, uma 
12 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
sociolinguística, uma semiótica, uma teoria social, uma teoria do discurso. Na perspectiva desta 
disciplina, é que nos centramos, por último, para refletirmos sobre suas bases fundamentais. 
 
 
MESA REDONDA II 
ESTUDOS EM ANÁLISE 
CRÍTICA DO DISCURSO 
 
 
Do léxico ao discurso: a mulher no vocabulário da canção 
 
Prof. Dra. Beatriz Daruj Gil – USP 
 
 
Neste trabalho tem-se como objetivo analisar a escolha lexical em canções que tratam da mulher 
e das relações amorosas. O léxico será descrito com base na metodologia dos campos 
semânticos (Lyons, 1979; Ullmann, 1962; Vilela, 1994) e analisado de acordo com as diretrizes 
sociocognitivas da Análise Crítica do Discurso (Van Dijk, 2003, 2004), com a finalidade de se 
conhecer a representação da mulher na canção. 
 
 
Análise crítica do discurso: questões metodológicas 
 
Prof. Dra. Viviane M. Heberle – UFSC/CNPq 
 
 
A análise crítica do discurso constitui uma alternativa teórico-metodológica transdisciplinar 
para estudos de práticas discursivas na sociedade contemporânea, baseada em perspectivas 
linguísticas e sociais interessadas na relação intrínseca entre textos e seus respectivos contextos 
socioculturais. Atualmente percebem-se diferentes vertentes de ACD, com metodologias de 
análise diferenciadas. Neste trabalho, a partir da abordagem de ACD proposta por Fairclough 
(1989; 2003; 2010), discuto possibilidades metodológicas de coleta e análise de dados, bem 
como de categorias analíticas em ACD. Discuto o projeto tridimensional de Fairclough para o 
discurso ‒ com as dimensões texto, prática discursiva e prática sociocultural ‒ e também 
respectivamente para a análise do discurso ‒ com as dimensões de descrição, interpretação e 
explanação. A seguir também discuto outra possibilidade de análise segundo Chouliaraki e 
Fairclough (1999) e Fairclough (2003; 2010), abordagem essa denominada dialética-relacional 
que inclui foco semiótico em alguma injustiça ou desigualdade social, obstáculos para o estudo 
dessa desigualdade ou injustiça, o papel das forças, recursos, de relações de poder e possíveis 
soluções referentes ao problema social estudado. Durante a exposição, apresento relatos de 
pesquisa que utilizam ACD para a investigação de práticas discursivas. Espero poder contribuir 
para uma discussão mais ampla sobre a utilização da ACD como instrumental de investigação 
de fenômenos discursivos nas Ciências Humanas e Sociais. 
 
 
 
13 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
Contribuições da Análise de Discurso Crítica para práticas 
de ensino-aprendizagem de português como língua materna 
 
Prof. Dra. Viviane Ramalho - UnB 
 
 
Neste trabalho levantamos reflexões sobre potencias contribuições da Análise de Discurso 
Crítica (ADC) de vertente britânica e latino-americana para práticas de ensino-aprendizagem 
de português como língua materna (Chouliaraki & Fairclough, 1999; Fairclough, 2001, 2003; 
Resende & Ramalho, 2006; Ramalho & Resende, 2011). As reflexões pautam-se em uma 
experiência de pesquisa-ação realizada com estudantes de Estágio Supervisionado em 
Português na Universidade de Brasília, em 2011, cujo objetivo geral foi estudar a teoria social 
crítica da linguagem e recontextualizá-la nas práticas de ensino-aprendizagem no Ensino 
Médio. A ADC é uma abordagem científica transdisciplinar para estudos críticos da linguagem 
que pode trazer contribuições relevantes para práticas de ensino que considerem o discurso 
como instrumento de poder nas representações sociais, nas maneiras de inter-agir bem como 
nas identidades sociais e individuais. Assumindo tal postura, discutimos, neste trabalho, alguns 
(des)caminhos na formação de educadores/as críticos (Fairclough, 1995; Rogers, 2011), ou seja, 
capazes de: analisar criticamente os discursos que circulam em nossa sociedade; promover 
práticas de conscientização linguística crítica e, sobretudo, de analisar reflexivamente suas 
próprias práticas docentes. 
 
 
MESA REDONDA III 
CONTEXTO DA PRODUÇÃO: 
PERSPECTIVAS CONVERGENTES 
 
 
Discurso, texto e contexto nas perspectivas da AD e da Semiótica Discursiva. 
 
Prof. Dra. Elizabeth Harkot-de-La-Taille – USP 
 
 
O tema da mesa convida à reflexão. Termos dotados de valores distintos em cada vertente, 
proponho analisá-los em busca de incremento de compreensão recíproca, por meio da 
explicitação de suas diferenças. Entre as definições de discurso, Chareaudeau e Maingueneau 
(2006) apresentam, na esteira de (Adam, 1999: 39), “a inclusão de um texto em seu contexto”, 
este último tomado como condições de produção e de recepção. Nessa acepção, assumem a 
definição de Weinrich (1973:13 e 198) para texto: “sequência significante (considerada 
coerente) de signos entre duas interrupções marcadas da comunicação”. Greimas e Courtés 
(1979) definem o contexto como “o conjunto do texto que precede ou acompanha a unidade 
sintagmática considerada, da qual depende a significação” (grifo meu). Na semiótica discursiva, 
a acepção mais corrente de “texto” é a de “uma grandeza considerada anteriormente à sua 
análise”, enquanto “discurso”, a partir de Benveniste, é aquilo que é colocado pela enunciação, 
o que aproxima o termo ao próprio processo semiótico. O cotejo e a discussão das fronteiras 
conceituais entre duas das disciplinas dedicadas aos estudos discursivos, mais do que defender 
14 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
a superioridade de uma ou outra conceituação, objetiva contribuir com o destaque de sutilezas 
do modo de pensar de cada vertente, muitas vezes camufladas, para o estudioso, sob o emprego 
de palavras idênticas com valor terminológico distinto. 
 
 
O papel do contexto no processo de constituição do texto/discurso 
 
Prof. Dra. Elisa Guimarães Pinto - USP/Mackenzie 
 
 
Tem-se em mira explorar os fatores que condicionam a interação texto/discurso no processo de 
comunicação. Propostas da Análise do discurso de linha francesa, bem como diretrizes da 
Linguística Textual alicerçam as considerações conducentes à apreensão da importância do 
consórcio texto/contexto. Considera-se esse consórcio como uma das condições para percepção 
dos efeitos de sentido decorrentes dos recursos linguísticos e discursivos que permeiam a 
estrutura textual/discursiva.Dá-se ênfase à questão do contexto de cultura como fonte de 
sustentação do contexto situacional - o que permite concluir ser o contexto fator indispensável 
para a condução exata do processo interpretativo do texto/discurso. 
 
 
Contexto de produção e gêneros digitais 
Prof. Dra. Mercedes Fátima Canha Crescitelli - PUC – SP 
 
 
A noção de contexto de produção é uma das mais "caras" aos estudos linguísticos 
contemporâneos, de modo que não é possível falarmos em gêneros textuais digitais, tema em 
voga na atualidade, sem considerarmos o contexto de produção online. Nossa participação nesta 
mesa redonda tem por objetivo apresentar o que consideramos aspectos fundamentais para o 
cenário que envolve alguns dos gêneros textuais produzidos na rede. 
15 
 
 
Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 
A relação entre autor e leitor no discurso das bulas de medicamentos 
 
Adriana Dominici Cintra 
Mestrado, PG Língua e Literatura Alemã (DLM) 
Orientador: Prof. Dra. Tinka Reichmann 
 
 
Esta comunicação se propõe a apresentar algumas considerações a respeito da simetria e 
dialogia entre os agentes que integram o discurso da bula de medicamento. Tais apontamentos 
fazem parte de uma abordagem inicial desse gênero textual, visando identificá-lo como um 
instrumento inserido em um contexto real de vida cotidiana e, assim, dar início a pesquisas que 
o tomem por objeto de estudo. A escolha do gênero textual bula de medicamento para 
investigação deve-se à sua importância como material informativo fornecido aos consumidores, 
assumindo um papel fundamental na promoção do uso racional e no processo de cumprimento 
ao tratamento medicamentoso. Apesar disso, esse texto ainda é pouco analisado no âmbito dos 
estudos discursivos ou linguísticos, fato que justifica a motivação e a originalidade desta 
pesquisa. Como base teórica, foram adotados os conceitos da abordagem comunicativa e sócio-
interacional para estudos do texto, propostos por Brinker (2010) e Fandrych & Thurmair (2011), 
segundo os quais os critérios de análise dos gêneros textuais devem levar em consideração seus 
aspectos contextuais, funcionais e cognitivos. Sendo assim, trata-se de uma abordagem que 
considera o gênero como uma ferramenta de comunicação entre os indivíduos, aproximando-
se mais dos conhecimentos intuitivos e cotidianos da sociedade na qual está inserido. A fim de 
cumprir os propósitos desta comunicação, será apresentada a análise de um conjunto composto 
por dez bulas de medicamentos - produzidas por distintos laboratórios farmacêuticos brasileiros 
- que justificam as conclusões parciais da presente pesquisa, apontando para uma comunicação 
assimétrica e monológica entre os autores e leitores da bula. 
 
 
Educação em pauta 
 
Adriana Santos Batista 
Doutorado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dr. Valdir Heitor Barzotto 
 
 
A discussão sobre temas educacionais tem se tornado pauta recorrente em textos jornalísticos, 
seja em publicações específicas ou nas de interesse geral. Nesse contexto, dentre os assuntos 
mais abordados pela mídia, destaca-se a cobertura dada a resultados de avaliações externas. 
Considerando-se que em tais textos se dá voz a diferentes agentes sociais, não necessariamente 
ligados às áreas de educação ou ensino, nesta pesquisa tem-se como objetivo discutir quais são 
as vozes autorizadas a opinar sobre essa temática e os discursos associados a elas; além disso, 
pretende-se investigar quais são as imagens do professor veiculadas quando da divulgação de 
resultados de avaliações externas. Como aparato teórico, são mobilizados conceitos advindos 
da Análise do Discurso de linha francesa e da teoria da enunciação, sobretudo as noções de 
formação imaginária (Pêcheux, 1993) e de heterogeneidade enunciativa (Authier-Revuz, 1990). 
Os dados analisados são textos informativos publicados na versão impressa da Folha de São 
Paulo em 2010, cujo foco foi a discussão dos resultados do Programme for International Student 
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Assessment (Pisa) e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Como 
resultados parciais, observou-se que a heterogeneidade nos textos ocorre predominantemente 
de forma mostrada e marcada, com preponderância de vozes relacionadas a instituições 
reguladoras das avaliações e a fundações e institutos não governamentais, ao passo que as 
ligadas aos agentes educacionais receberam um espaço bastante limitado. Acredita-se que, ao 
se destinar pouco espaço às vozes oriundas dos professores, promove-se uma desvinculação 
entre estes e as habilidades próprias do ato de avaliar, conduzindo, assim, a uma imagem 
profissional negativa. 
 
 
Canções buarquianas: as provas (não) proposicionais 
na articulação da melos à trilogia retórica 
 
Adriano Dantas de Oliveira 
Doutorado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Lineide do Lago Salvador Mosca 
 
 
Teremos, como proposta de trabalho, a exposição de um modelo de análise interdisciplinar a 
ser aplicado em um corpus composto por canções buarquianas com temática sócio-política do 
período da ditadura no Brasil. Utilizaremos como arcabouço teórico a Semiótica, a Retórica e 
a Análise do Discurso. Com o objetivo de analisar a interlocução sincrética entre letra e melodia 
inerente ao gênero canção, utilizaremos os postulados da Semiótica Tensiva. Após essa etapa 
de análise, relacionaremos o corpus ora descrito e os conceitos apropriados, a partir da análise 
Semiótica, à Retórica Clássica e aos movimentos retóricos realizados na canção. Ainda, como 
objetivo de nosso trabalho, iremos desvelar os traços ideológicos e as paixões suscitadas por 
meio das referidas canções, bem como as estratégias e os recursos discursivos utilizados para 
alcançar determinados efeitos de sentido. Consideraremos, dessa forma, a articulação da trilogia 
retórica: ethos, pathos e logos, associada à melos. Perceberemos, assim, como o compositor, 
durante o período da ditadura, espaço e tempo delineado por tensões e por controvérsias e pelo 
embate de ideias e de ideais, oculta, nos textos das canções e em suas melodias, ritmos e 
harmonias, os traços ideológicos, os sentidos, e, por fim, as possibilidades de paixões 
suscitadas, a partir de temas comuns, em uma situação retórica tipificada e instaurada por meio 
de canções como parte da cena enunciativa. Assim, os recursos retóricos utilizados, em uma 
época de sobredeterminação da subjetividade, são utilizados como estratégias para uma 
produção de efeitos de sentido que têm o objetivo de conduzir o auditório a uma perspectiva 
assumida pelo orador. 
 
 
 
 
 
 
A simulação do turno conversacional na literatura 
 
Agnaldo dos Santos Holanda Lopes 
Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dr. Hudinilson Urbano 
 
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Diversas pesquisas têm demonstrado que a literatura escrita, seja ela ficcional ou não, apresenta 
traços de oralidade, que podem ser posicionados ao longo do continuum fala-escrita proposto 
por Koch e Oesterreicher (1985) e adotado por Marcuschi e outros; a tendência a um ou outro 
polo depende de múltiplos fatores, por exemplo o contexto e a intencionalidade. Fica também 
evidenciado, em especial nos textos teóricos de Koch e Oesterreicher (1985), que a oralidade e 
a escrituralidade − uma vez que utilizam o mesmo sistema linguístico − se entrecruzam, seja 
quando observados na perspectiva do meio ou da concepção. Este trabalho volta seu foco para 
um dos elementos típicos da conversação, o turno conversacional, porém especificamente para 
sua simulação na literatura – já que a linguagem pode ser criada e recriada parcialmente dentro 
do texto literário,com valores e funções vinculados à intenção estética do autor, como defende 
Urbano, 2000. Utilizando-se como base a tipologia dos turnos proposta inicialmente por Sacks, 
Schegloff e Jefferson (1974), complementada pela contribuição de outros estudiosos do projeto 
NURC-SP, está-se investigando, em um corpus estipulado, certos trechos de diálogos entre 
personagens de textos ficcionais, para assim verificar como se dá a simulação dos turnos 
conversacionais: refletem de fato os fenômenos da conversação real e os problemas da gestão 
do turno?; apresentam limitação em razão do meio escrito?; trazem alguma inovação, ou seja, 
elementos que influenciam na gestão do turno só passíveis de aplicação no meio escrito e não 
no fônico?. Após a obtenção de respostas a esses e outros questionamentos, espera-se propor 
uma breve tipologia do turno conversacional simulado na literatura. 
 
 
Em busca do ethos perdido: 
atores e processos na (re)construção da identidade leste timorense 
 
Alexandre Marques Silva 
Egresso do Mestrado, Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino 
 
 
Não podem existir sujeito e sociedade sem que se considerem os eventos históricos que 
participaram de sua formação. Nesse sentido, as pesquisas em Análise do Discurso têm 
procurado desenvolver um trabalho atento de investigação da história, do contexto e dos atores 
envolvidos na edificação do discurso e da realidade criada/disseminada por ele, assim, neste 
trabalho, que constitui a fase inicial de nossa pesquisa, temos como escopo analisar os 
elementos linguístico-discursivos que nos permitam reconhecer a (re)construção identitária do 
povo leste timorense, fomentada e difundida nos/pelos discursos de Xanana Gusmão. Para 
tanto, como corpus, selecionamos o discurso proferido por ele em 19 de maio de 2002, por 
ocasião de sua posse como presidente da República Democrática de Timor-Leste, eleito após 
25 anos de dominação indonésia. Em nosso processo de análise, buscaremos destacar as 
relações que se estabelecem entre o discurso de posse, o momento histórico e a, consequente, 
(re)construção discursiva da identidade da nação leste timorense, tendo como eixo norteador a 
língua considerada em sua capacidade intrínseca de construir, desconstruir e/ou reconstruir 
significados. As análises serão realizadas sob a perspectiva retórico-argumentativa e à luz dos 
contributos da teoria da argumentação e das estratégias discursivas, por meio das quais o 
discurso político, ao estabelecer um jogo de representações sociais da realidade, contribui para 
a edificação do ethos leste timorense. Investigaremos, desse modo, aquilo que nos parece basilar 
na produção dos discursos políticos: sua relação complexa e permanente com a constituição 
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identitária de sociedades marcadas por dicotomias e contradições, das quais Timor-Leste é, 
contemporaneamente, um exemplo bastante fecundo. 
 
 
A linguagem do jogo de xadrez como estratégia discursiva da loucura 
em Los locos de Valencia de Lope de Vega 
 
Ana Aparecida Teixeira da Cruz 
Doutorado, PG Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-Americana (DLM) 
Orientador: Prof. Dra. Maria Augusta da Costa Vieira 
 
 
O estudo da obra dramática de Lope de Vega permite observar que o dramaturgo dedica parte 
de sua produção teatral à representação do universo da loucura. Para essa comunicação, 
escolheu-se examinar a obra Los locos de Valencia (1590-1595), a qual abre espaço para a 
atuação do louco fingido. Nessa comédia, Floriano simula estar desprovido de razão, de modo 
a conseguir algo tipo de benefício. No segundo ato da obra, observa-se que essa personagem se 
apropria da linguagem do jogo de xadrez com o propósito de criar uma linguagem enigmática, 
garantindo, dessa forma, a verossimilhança de sua loucura fingida. O objetivo desta 
comunicação é o de demonstrar as estratégias discursivas utilizadas por Lope de Vega e, a partir 
disso, os efeitos de sentido proporcionados ao enredo principal. Para o desenvolvimento dessa 
proposta, este trabalho segue na linha do historicismo, tendo em vista que a análise dessa 
comédia tem como referencial teórico-metodológico alguns dos principais tratados sobre jogos 
– Tratado del juego (1558), de Fray Francisco de Alcoçer; Fiel desengaño contra la ociosidade 
y los juegos (1603), de Francisco de Luque Faxardo –, os quais trazem importantes referências 
dos modelos culturais presentes nos séculos XVI e XVII. No campo específico do discurso, 
este trabalho é beneficiado pelas preceptivas poéticas (Poética, de Aristóteles; Arte Poética, de 
Horácio; Philosophia Antigua Poética, de Alonzo López Pinciano), e pelos tratados de retóricas 
(Retórica, de Aristóteles; El orador, de Cícero; Instituciones Oratorias de Quintiliano). Além 
disso, tem-se em conta a preceptiva dramática intitulada El arte de hacer comedias en este 
tiempo (1609), do próprio Lope, que apresenta uma série de orientações a respeito dos modos 
de composição da linguagem em uma obra teatral. Por fim, pode-se dizer que o método de 
pesquisa adotado nessa comunicação possibilita levantar possíveis significados da 
representação da loucura no teatro lopesco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jogando o jogo: interação e corporeamento no procedimento metodológico 
“Jogo Teatral” nas aulas de Língua Portuguesa 
 
Ana Luisa Feiteiro Cavalari Lotti 
Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino 
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O ensino da fala no contexto de ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa (L1) no Ensino 
Fundamental deve privilegiar o trabalho de adequação às diferentes situações comunicativas. 
Nesta perspectiva, parece-nos fundamental o entendimento de que a comunicação face-a-face 
é interacional e multimodal, assim como, de que a linguagem é ao mesmo tempo corporeada e 
social. Contudo, poucos são, ainda, os estudos dedicados à investigação do papel do corpo na 
produção oral, sobretudo, na área dedicada ao Ensino de Língua Portuguesa. Posto isso, 
apresenta-se um desafio aos pesquisadores e professores dedicados aos estudos relacionados ao 
Ensino de Língua Portuguesa, o de apresentar aos alunos procedimentos metodológicos que 
insiram o “corpo” no exercício da oralidade. Na busca por tais procedimentos metodológicos, 
deparamo-nos com os Jogos Teatrais (SPOLIN, 2012). Do teatro que é a arte interacional por 
excelência, provém este tipo específico de jogo, que é um jogo, mas ao mesmo tempo um fazer 
artístico. Assim, destacamos o Jogo Teatral por proporcionar a alunos e professores a 
possibilidade de exercitar a interação e o corporeamento em diferentes situações comunicativas. 
Analisaremos, pois, uma situação de Jogo Teatral realizado em uma aula de Língua Portuguesa 
com o objetivo específico de ensino/aprendizagem. Nossas análises, com embasamento nos 
dados colhidos por meio de filmagem e transcrição, apresentarão os resultados obtidos no 
tocante à interação e o corpo visto pelo prisma da multimodalidade. A análise se justifica, ainda, 
por entendemos o Jogo Teatral como uma modalidade de interação face-a-face, como tal, torna-
se significativo, por conseguinte, investigar como os processos que selecionamos para a análise, 
desenvolvem-se nestes jogos. A fundamentação teórica aporta-se na concepção interacionista 
da linguagem com Bakhtin (1992 [1929]) e nos recentes estudos acerca da comunicação e do 
corporeamento Goodwin (2003); Quaeghebeur, (2012); Liberman (2011); Schegloff (1992, 
1998 [1991]), entre outros. 
 
 
Representações sobre a identidade dos E.U.A 
no discurso de campanha eleitoral de B Obama em 2008 
 
Ana Paula Faria 
Doutorado, PG Estudos Linguísticos e Literários em Inglês (DLM) 
Orientador:Prof. Dra. Marisa Grigoletto 
 
 
Compartilhando dos pressupostos teóricos da Análise do discurso de inspiração pecheutiana 
que apresenta o conceito discurso como ponto de articulação entre os fenômenos linguísticos e 
os processos ideológicos e que, neste paradigma teórico, o sentido de discurso é visto na 
confluência de dois eixos: o interdiscurso (memória discursiva, o já dito) e o intradiscurso 
(Courtine apud Orlandi, 1999:32), buscamos compreender os efeitos de sentido acerca da 
representação da identidade da nação norte-americana nos excertos de campanha de Barack 
Obama na eleição presidencial dos Estados unidos em 2008. Sabemos que a campanha política 
presidencial nos Estados Unidos naquele ano é marcada por um período de instabilidade 
financeira e política no país. Consequentemente, vários textos sobre tal instabilidade circularam 
na mídia estadunidense, o que acabou, por meio da cobertura dos fatos e da forma como eles se 
apresentaram, construindo novas representações sobre a identidade da nação estadunidense. 
Aplicamos neste trabalho o termo identidade a partir das posições teóricas desenvolvida por 
Silva (2000) para quem a(s) identidades(s) são produzidas em relações sociais em contextos 
históricos. Dito de outra forma, não nascemos com uma identidade, mas ela é atribuída pelas e 
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nas práticas sociais e discursivas. Considerando as condições de produção do discurso (contexto 
econômico desfavorável e a cobertura da mídia estadunidense acerca da crise norte-americana), 
e partindo do pressuposto de que o discurso de campanha eleitoral constitui um instrumento 
discursivo de construção identitária, propomos tecer algumas reflexões sobre os efeitos de 
sentidos produzidos no discurso eleitoral de Obama em 2008 acerca da identidade 
estadunidense. 
 
 
As Bahias eleitas: (des/re)construção de imagens no novo discurso 
 
André Luiz Ming Garcia 
Mestrado, PG Língua e Literatura Alemã (DLM) 
Orientador: Prof. Dr. José da Silva Simões 
 
 
Estudiosos como Katan (1996) frisam o papel do tradutor como mediador inter e transcultural, 
como aquele que põe em diálogo os integrantes de diferentes culturas à medida que procede, 
através da elaboração de seu texto, à (re)apresentação da cultura do outro. Nossas pesquisas 
acerca da mediação cultural levaram-nos a dedicar um foco especial à questão que 
denominamos responsabilidade social do tradutor, e que leva em conta não apenas como se 
traduz, mas também que efeitos as imagens projetadas pela recriação discursiva própria do 
texto-meta podem surtir entre os outros, ou a comunidade linguístico-cultural receptora da 
produção discursivo-imagética e, portanto, de natureza intrinsecamente polissemiótica. 
Pertencendo ao plano do xenológico e da alteridade, este trabalho circunscreve especificamente 
o âmbito da tradução dos culturemas, lexemas altamente polissêmicos e cujos sememas 
apontam para elementos próprios da cultura de origem comumente desconhecidos do público 
decodificador da cultura meta. Assim, pretendem-se analisar traduções ao espanhol (variante 
peninsular) e ao catalão de Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, numa investigação da 
recriação discursiva dos culturemas do texto do escritor baiano que apontará em direção às 
imagens e (pré)conceitos acerca da cultura baiana e brasileira difundidos na Espanha. O recorte 
da pesquisa privilegiou, como critério para a elaboração do corpus, os culturemas pertencentes 
ao universo da gastronomia e da religião, identificados, durante o desenvolvimento do trabalho, 
como aqueles mais frutíferos sob a perspectiva da recriação discursiva e da (re)projeção de 
marcas culturais e visões (incluindo-se, aqui, os juízos de valor) a respeito da cultura alheia. Os 
resultados da análise demonstrarão que as escolhas dos tradutores diante de dificuldades 
geradas pela intensa presença de culturemas no texto-origem correspondem a diferentes normas 
e, em uma variedade de casos, contribuíram com a manutenção e expansão de preconceitos 
acerca de aspectos da cultura baiana e brasileira já pouco conhecidos na Espanha. 
 
 
 
 
O nābîʼ é profeta? As dificuldades de tradução do verbo nābaʼ 
e do substantivo nābîʼ na Bíblia Hebraica 
 
André Oswaldo Valença Ribeiro 
Mestrado, PG Estudos Judaicos e Árabes (DLO) 
Orientador: Prof. Dra. Suzana Chwarts 
 
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Embora a Bíblia Hebraica seja um artefato cultural gestado dentro de um continuum cultural de 
vários povos do Antigo Oriente Próximo (um intercâmbio perene de influências e tradições), o 
profetismo israelita detém singularidades em relação às outras culturas da região. Foi ele que 
nos legou, por exemplo, o termo “profeta”, o qual adquiriu diversos sentidos nos mais variados 
contextos históricos. Mas será que este termo foi uma boa opção de tradução para o substantivo 
nābî’? Nosso mestrado tem investigado os sentidos de nābî': a principal (mas não a única) 
acepção é a de um homem chamado para ser porta-voz divino (Ex 7,1-2). Isto contrasta com o 
vocábulo grego prophetes, que advém da religião grega antiga e remete, sobretudo, ao ato de 
prever acontecimentos futuros. Previsão ou manticismo não é a essência do nābî'. Estas 
argumentações têm esteio nos trabalhos de Neher (1955), Heschel (1962) e Kaufmann (1989), 
dentre outros. Nossa perquirição tem confirmado a ideia hescheliana segundo a qual a palavra 
“profeta” nunca correspondeu ao seu protótipo histórico. Destarte, a tradução do verbo nābaʼ 
(derivado de nābî') como “profetizar” será forçosamente problematizada. Este termo detêm um 
especial interesse devido ao fato dele ser usado para descrever atores sociais distintos, uma vez 
que o fenômeno profético em Israel não era monolítico. No entanto, o termo “profetizar” 
escamoteia as nuances da diversificada profecia israelita. Trata-se de um exemplo no qual a 
linguagem obsta a observação, uma vez que este vocábulo uniformiza um fenômeno 
heterogêneo, atrapalhando a compreensão do profetismo em Israel. Deste modo, esta 
comunicação discutirá os sentidos de nābî' e nābaʼ a partir do corpus bíblico, nossa fonte 
primária, problematizando traduções clássicas como “profeta” e “profetizar”. 
 
 
Estratégia de Discurso sobre a constitucionalidade das cotas raciais 
 
Artur Antônio dos Santos Araújo 
Mestrado, Egresso – PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino 
 
 
Neste trabalho, estuda-se a estratégia do discurso de intelectuais, advogados e Ministros do 
Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade dos programas de ação afirmativa 
que determinam reserva de vagas, com base em critério étnico-racial, para acesso ao ensino 
superior. Objetiva-se descrever e refletir sobre as construções lexicais e organização discursiva 
dos intelectuais que se manifestaram na Audiência Pública do STF sobre o sistema de cotas, 
bem como refletir sobre a composição lexical dos votos dos Ministros do Supremo. A 
fundamentação teórica para desenvolvimento deste estudo é baseada na teoria da Análise 
Crítica do Discurso, especificamente, nas contribuições teórico-metodológicas de van Dijk 
(2008) e Norman Fairclough (1989). Recorre-se aos estudos de Bhabha (2005), Bauman (2001), 
entre outros, para explorar esta temática e estabelecer relações entre discurso, escolhas lexicais 
e estereótipos que aparecem no julgamento do Supremo. Na análise dos dados, utiliza-se o 
instrumento da Linguística de Corpus por meio do programa de computador “WordSmith 
Tools”, o qual descreve dados para analisar a linguagem utilizada e descrever as construções 
lexicais presentes nesse julgamento. Este programa permitiu uma análise confiável das escolhas 
lexicais dos Magistrados no julgamento. A partir da lista de palavrasgerada pelo WordSmith 
Tolls, destacam-se as palavras mais recorrentes e estabelecem-se as relações de contexto para 
a descrição e discussão na análise de dados. Os resultados possibilitam identificar as estratégias 
de Discurso e construções lexicais dos magistrados que são favoráveis e daqueles que são 
desfavoráveis na perspectiva discursiva à política de cotas. Procura-se analisar, por meio dos 
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elementos linguístico-discursivos, como os juristas percebem as relações étnico-raciais no 
Brasil e a justificativa para a implementação da política de cotas. Este trabalho inicia, assim, o 
mapeamento dos discursos sobre a política de cotas, o que permitirá desenvolver um Banco de 
Dados abrangente desses discursos. 
 
 
Divulgação científica no facebook: 
relações dialógicas entre enunciados científicos 
e os das demais esferas ideológicas 
 
Artur Daniel Ramos Modolo 
Doutorado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Sheila Vieira de Camargo Grillo 
 
 
O objetivo desta pesquisa é abordar a expansão da divulgação científica na Internet por um viés 
dialógico. O perímetro do corpus da pesquisa, previamente arquivado, engloba os enunciados 
postados no Facebook pela Scientific American Brasil, Pesquisa Fapesp e Superinteressante 
durante o primeiro semestre de 2012 (01 de janeiro de 2012 / 30 de julho de 2012). Pretende-
se observar como os enunciados científicos tem sido divulgados no âmbito das mídias sociais 
como os blogs, sites oficiais e principalmente nas páginas do Facebook. Empregaremos como 
base teórico-metodológica os conceitos elaborados pelo Círculo de Bakhtin, em especial: 
gêneros discursivos, esferas de atividade humana, autor e ideologia.Dessa forma, almeja-se 
averiguar em que medida a hipertextualidade, os recursos verbo-visuais e a interação com os 
demais usuários da rede podem influenciar o conteúdo do enunciado publicado nessas páginas. 
Em um segundo momento de análise, teremos como objetivo verificar a especificidade de 
determinadas características da divulgação científica nas redes sociais em comparação a outros 
meios tradicionais de difusão da ciência: televisão, revista, jornal etc. Espera-se como resultado 
que haja uma alternância de conteúdo, estilo e forma similar a ocorrida nas revistas dessas três 
instituições. Pretende-se, por fim, observar questões relativas ao âmbito dos gêneros como a 
autoria, a forma composicional e o estilo dos enunciados divulgados. Além de tais fatores, o 
emprego ou ausência do discurso citado e referências bibliográficas será um dos índices para 
verificar de quais maneiras os enunciados científicos são utilizados na divulgação científica no 
Facebook. 
 
 
A Argumentação na Construção e (Re) construção da Prática Pedagógica 
 
Camila Alderete Capitani 
Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Lineide do Lago Salvador Mosca 
 
 
O presente trabalho visa demonstrar o emprego das teorias da Argumentação e Retórica na 
elaboração da proposta pedagógica de um curso de redação, que se constitui a partir da Retórica 
Antiga, Aristóteles (2012), e Nova Retórica, Perelman (2005, [1958]). Tal curso se diferencia 
por basear-se na argumentação tanto como conteúdo programático (técnicas para produção de 
um texto dissertativo/argumentativo), quanto como diretriz para o docente na elaboração e 
execução das atividades em sala de aula. As justificativas para esta prática pedagógica vão além 
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das teorias da argumentação. A elas somam-se também os fundamentos de Paulo Freire, 
estabelecendo entre estas duas áreas, argumentação e educação, uma interdisciplinaridade. 
Assim como Perelman menciona a necessidade de adaptação do orador ao auditório, Paulo 
Freire assinala a necessidade de haver no processo educacional dialogicidade, respeito aos 
saberes dos educandos e a organização de um conteúdo programático a partir da situação 
presente, existencial e concreta de cada aluno individualmente e da classe como um todo. A 
partir da aproximação de tais fundamentos a elaboração e reelaboração do curso é um trabalho 
constante em que é preciso considerar além da condição sócio-econômica do aluno, indivíduos 
de baixa renda, uma série de variáveis como: faixa etária, escolaridade, variante linguística, 
objetivos dos alunos, frequência nas aulas, dedicação de cada aluno e seu desenvolvimento ao 
longo das aulas. O caráter inconcluso do material, sua elaboração e reelaboração, é a abordagem 
que faremos nesta ocasião. Esta, na verdade, mereceu especial relevância neste momento por 
ser a materialização do que Perelman garante ser imprescindível a uma boa argumentação “a 
adaptação do orador ao auditório”. Apresentaremos então algumas atividades desenvolvidas ao 
longo do curso e os resultados parciais que obtivemos no processo de sua aplicação. Esperamos, 
assim, justificar o sucesso da pesquisa e contribuir com futuros trabalhos na área. 
 
 
Enunciação solidária no discurso da poética neobarroca 
 
Carolina Tomasi 
Doutorado, PG Semiótica e Linguística Geral (DL) 
Orientador: Prof. Dr. Antonio Vicente Pietroforte 
 
 
A simulação discursiva, oriunda dos tratados seiscentistas, é a matriz do jogo enunciativo da 
poética da modernidade, como é o caso do poema “São Francisco de Assis”, de Affonso Ávila 
(2008, p. 296), poeta mineiro chamado de neobarroco. Este trabalho objetiva explicitar como 
se dá a escolha enunciativa capaz de produzir uma sintaxe solidária e reflexiva verificada nos 
enunciados poéticos da modernidade neobarroca por meio do quadro teórico da semiótica 
francesa. Trata-se de um movimento em que tanto enunciador quanto enunciatário têm papel 
ativo na construção do sentido do objeto poético. Assim, quando o enunciador compõe 
(amalgama fonemas, morfemas, criando, por exemplo, um novo significante), cabe ao 
enunciatário decompô-lo para almejar o inteligível. E quanto o mesmo enunciador decompõe 
(desmantela um morfema, por exemplo), cabe ao enunciatário recompor o enunciado. É um 
jogo entre um enunciador competente para criar surpresas, no sentido zilberberguiano (2011) e 
um enunciatário também competente para, após o impacto sensível do êxtase, desvelar os 
emaranhados e labirintos do texto poético a fim de fruí-los. No poema de Ávila, há simulação 
de uma enunciação enunciva (enunciador distancia-se, criando efeito de objetividade) marcada 
pelo tempo verbal do presente (terceira pessoa) do indicativo para que a verdade do enunciador 
soe como máxima, dando origem à voz de um destinador transcendente que tudo sabe. Ao 
conter as emoções e os sentimentos e estabelecer a já dita luta para a construção da arquitetura 
linguística, o poema mostra uma linguagem que deixa de ser apenas substância do conteúdo 
como grande mensagem sentimental para se transformar ela própria em fim. Ao ocupar-se do 
fazer arquitetural, o enunciador volta-se para o trabalho da própria linguagem. O enunciador 
competente possui competência semiótica para simular enunciados, e essa competência se 
estende ao enunciatário, formando um jogo solidário. 
 
 
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Editoriais em revistas culturais para o ensino de francês como língua estrangeira 
 
Cinthia de Souza Bezerra 
Iniciação Científica (DLM) 
Orientador: Prof. Dra. Eliane Gouvêa Lousada 
 
 
Esta comunicação tem por objetivo apresentar uma pesquisa sobre o ensino de francês como 
língua estrangeira (FLE) por meio do gênero textual editorial. O objetivo específico será o de 
expor as análises dos editoriais, base para a construção do modelo didático do gênero 
(Schneuwly & Dolz. 2004). A pesquisa insere-se na vertente teórica do Interacionismo 
Sociodiscursivo (Bronckart.1999), segundo o qual as ações humanas são construídas em um 
processo histórico de socialização, marcado pelo uso de artefatos simbólicos, como a linguagem 
(Cristovão, 2008). Baseamo-nos também na noção de gênero discursivo proposta por Bakhtin 
(1983) e retomada, posteriormente, por Bronckart, que propõe o termo gênero textual. Para a 
realização da pesquisa, primeiramente, foram coletados dez textos de editorias de revistas 
culturais (Le Magazine Littéraire e Transfuge), cinco números de cada revista no período de 
fevereiro a junho de 2012. Os textos foram analisados segundo o modelo proposto por 
Bronckart, isto é, a análise da arquitetura textual. O primeiro, composto pelo nível de análise 
textual, a infraestrututa geral do texto, é dividido, por sua vez, entre plano global do texto, tipos 
de discurso e sequências; o segundo nível é composto pelos mecanismos de textualização 
(conexão, coesão nominal e coesão verbal) e o terceiro, no qual estão presentes os mecanismos 
enunciativos. Entretanto, antes de analisar a arquitetura interna dos textos, faz-se necessário 
compreender a situação de ação de linguagem; dessa forma, as análises iniciam-se pelo contexto 
de produção dos textos. As conclusões parciais nos mostraram que, embora os temas culturais 
não sejam necessariamente polêmicos como ocorre em editoriais políticos, observamos 
mecanismos para torná-los objeto de discussão, como, por exemplo, uma grande utilização de 
questões a fim de problematizar o tema. Continuaremos as análises da arquitetura interna dos 
textos para, em seguida, elaborarmos a sequência didática que poderá ser aplicada aos alunos. 
 
 
 
Um estudo das falácias nos debates políticos televisivos 
 
Cleide Lucia da Cunha Rizério e Silva 
Doutorado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino 
 
 
Este trabalho trata de um dos conceitos propostos pela Teoria Pragmadialética da 
Argumentação (van Eemeren e Grootendorst: 1984, 1992, 2004) que diz respeito à Falácia, uma 
espécie de inobservância às Regras de Discussão Crítica. Estas fazem referência a um 
comportamento, ou ação, pelo qual os interlocutores são responsáveis. Cada tipo de Falácia 
pode ocorrer em um determinado estágio de Discussão Crítica, a qual corresponde a um modelo 
que apresenta estágios distintos analiticamente no processo de solucionar uma discussão: 
confrontação, abertura, argumentação e conclusão. Para a Pragmadialética, cada violação às 
regras da Discussão Crítica, que pode tornar a resolução da diferença de opinião mais difícil ou 
mesmo impossível, configura uma Falácia. Esse conceito amplia a concepção aristotélica que 
vê a Falácia como um argumento incorreto (falho) ou inválido. As violações são realizadas por 
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meio de atos de fala ou de atos de fala complexos, dos tipos assertivo, comissivo, diretivo, 
declarativo ou declarativo de uso. Além do embasamento na Teoria dos Atos de Fala, 
destacamos que a metodologia a ser utilizada constitui-se da observação das unidades de 
análise, representadas pelos turnos de fala dos participantes, de modo a quantificar e classificar 
a ocorrência de Falácias. O corpus a ser analisado refere-se a debates eleitorais exibidos pela 
mídia televisiva no ano de 2008, referentes às eleições à prefeitura da cidade São Paulo-SP, 
com a participação dos seguintes candidatos: Ivan Valente, Gilberto Kassab, Soninha Francine, 
Renato Reichmann, Marta Suplicy, Ciro Moura, Geraldo Alckmin, Paulo Maluf e José Paulo 
de Andrade. 
 
Fusão ou guerra entre o lírico e o épico em Invenção de Orfeu (e suas reescrituras) 
 
Daniel Glaydson Ribeiro 
Doutorado, PG Teoria Literária (DTLLC) 
Orientador: Prof. Dra. Maria Augusta Bernardes Fonseca 
 
 
Dando continuidade e aprofundamento à pesquisa sobre a poesia épica moderna, 
especificamente a americana dos sécs. XIX e XX, em sua necessária distinção com a lírica do 
período, o presente trabalho se concentra na obra Invenção de Orfeu, publicada em 1952 por 
Jorge de Lima. O empenho teórico em descobrir as balizas espaço temporais que, consciente 
ou inconscientemente, orientam o leitor no trato com os dois gêneros poéticos (entre o 
instantâneo afeto para ouvir o canto do espaço no tempo da linguagem lírica; ou aquele outro, 
distendido, que requer disposição para conhecer a narrativa do tempo no espaço da linguagem 
épica), levou-nos a um livro que propriamente encena este combate, na tormentosa dúvida entre 
a fusão ou a guerra (natura naturans e/ou natura naturata). Para dar conta de tão desdobrada 
Invenção, esta leitura se orienta: 1. Pela hermenêutica de Paul Ricœur (1983-85), na busca de 
articular a tríplice significação da obra: biografia, relato sobre a nação, tratado poético; e 2. Pela 
análise dialógica (Bakhtin, 2003), que nos permite vasculhar os enlaces anteriores e posteriores, 
isto é, desde aquilo que a obra interpreta, rasura e reescreve (sobretudo grandes epopeias do 
Ocidente, seja a partir de determinadas traduções ― a Eneida de Odorico Mendes, a Divina 
Comédia de J. P. Xavier Pinheiro, o Paraíso Perdido de Lima Leitão ―, seja a partir do 
original, como no caso de Os Lusíadas, que por sua vez é traduzido, no sentido da construção 
do comparável, do português a outro português), mas também daquilo que a interpreta, rasura 
e reescreve, dando fôlego à vida do texto (tanto a Lavoura arcaica de Raduan Nassar quanto o 
desfile de carnaval da Unidos de Vila Isabel em 1976, entre outros). 
 
 
O gênero resenha crítica no Ensino Médio: lendo, analisando e produzindo 
 
Danielle Capriolli Costa Silva 
Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Norma Seltzer Goldstein 
 
 
Tendo por base a noção de gênero do discurso postulada por Bakhtin (1953), retomada por 
Bronckart (1997) e observando que a relação ensino-aprendizagem de leitura e produção textual 
necessita de uma concepção sociointeracionista da linguagem, o presente trabalho aborda o 
relato de uma experiência que busca aplicar as reflexões acerca do gênero discursivo resenha 
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crítica e o uso da linguagem a partir de uma sequência didática teorizada por Dolz e Schneuwly 
(2004). A abordagem do gênero resenha foi feita por dois motivos: com tal gênero, o aluno 
contempla as capacidades de leitura, análise e produção textual; também porque a proposta 
envolveu um trabalho interdisciplinar entre História, Artes e Língua, dado que a 1ª série do 
Ensino Médio deveria criar um “Diário Cultural”, no qual publicaria resenhas acerca de 
exposições, obras literárias, peças teatrais e filmes. Um dos principais objetivos desse trabalho 
seria a ampliação do vocabulário e do repertório dos alunos, assim como a abordagem dos 
diferentes tipos de textos, com variados contextos. A exposição ao gênero resenha, utilizada 
não apenas no espaço escolar, mas também no espaço acadêmico, pode ser considerado mais 
um motivo para a escolha do gênero. A estratégia para o ensino de resenha foi uma sequência 
didática que incluiu análises das obras A Metamorfose, de Franz Kafka e o conto Pai conta 
Mãe, de Machado de Assis, além de filmes. Também tiveram acesso a textos não-literários, 
como artigos de opinião, notícias e reportagens. Em cada módulo trabalhado, um plano mínimo 
era destacado. Um deles foi a aproximação entre leitor e autor, ou seja, como estabelecer um 
contato com quem lê a resenha. Os alunos devem se ver como agentes do seu texto, como 
postula Bazerman (2006). Escritas e reescritas também foram essenciais. 
 
 
Quem é a cinderela dos quadrinhos? 
 
Elaine Hernandez De Souza 
Doutorado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Maria Inês Batista Campos 
 
 
Os quadrinhos lidam com reproduções facilmente reconhecíveisda vida humana, com 
experiências presumidamente armazenadas na memória do leitor, de que autor e leitor 
compartilhem dos mesmos conhecimentos prévios (Eisner, 2008). O compartilhamento dessas 
experiências, por sua vez, não se restringe ao âmbito temático, abarca a linguagem na e pela 
qual esses textos gráficos se realizam, entram em uso, de modo que sua materialidade verbo-
visual (os quadros, balões, legendas, imagens de personagens, objetos e espaços, elementos 
lexicais, traços e fontes, cores, entre outros), os espaços que esses textos compõem (caderno de 
entretenimento ou seção de opinião do jornal, revistas em quadrinhos, livro de compilação, livro 
didático etc.), bem como sua esfera de circulação, são elementos que constroem sentido na 
interação entre os interlocutores. Buscando compreender alguns dos sentidos que se instauram 
na e pela linguagem dos quadrinhos, selecionamos, para esta análise, três tiras jornalísticas 
criadas pelo cartunista brasileiro Fernando Gonsales, que, publicadas na Folha de S. Paulo entre 
os anos de 2004 e 2006, recuperam o conto maravilhoso Cinderela. Amplamente conhecido na 
contemporaneidade, esse conto é um recorte do material folclórico recolhido da tradição oral 
pelos filólogos e folcloristas Jacob (1785-1863) e Wilheilm (1786-1859) Grimm entre os anos 
de 1812 e 1822. Esta análise está fundamentada no conceito de enunciado concreto, como a 
“unidade real na comunicação discursiva” ([1951-53] 2003, p. 274), encontrado no conjunto do 
pensamento de Bakhtin e o Círculo, principalmente nas obras O método formal nos estudos 
literários de Bakhtin/Medvedev, (1928), Marxismo e filosofia da linguagem de 
Bakhtin/Volochinov (1929) e no ensaio Os gêneros do discurso de Bakhtin (1951-1953). Com 
esta reflexão, esperamos avançar na compreensão dos novos sentidos que se estabelecem 
quando uma narrativa de tempos remotos – como é o caso de Cinderela – é submetida às 
especificidades da linguagem dos quadrinhos. 
 
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A construção da imagem política e os traços culturais 
presentes em reportagens de periódicos brasileiros e alemães 
 
Ellen Barros De Souza 
Mestrado, PG Língua e Literatura Alemã (DLM) 
Orientador: Prof. Dra. Selma Martins Meireles 
 
 
Esta comunicação tem por objetivo apresentar um resumo do estágio atual da pesquisa de 
mestrado iniciada em 2011, a qual investiga a construção das imagens políticas de duas então 
candidatas aos principais cargos executivos de Brasil e Alemanha, a saber, Dilma Rousseff e 
Angela Merkel, projetadas pelas reportagens das revistas semanais Época e Focus. A finalidade 
da investigação é observar se as estratégias discursivo-argumentativas utilizadas atuam de 
modo diverso ou semelhante no sentido de construir as referidas imagens das políticas, além de 
estabelecer comparações interculturais de ambos os discursos proferidos. Um dos pilares da 
prática jornalística é fundamentar sua atividade em prol da transparência e da verdade em 
relação ao “real” por ela mostrado. Logo, ela se utiliza de recursos que dão o tom da realidade 
ou supõem que o real é aquilo que é mostrado por ela. Contudo, o padrão jornalístico preza pela 
imparcialidade e objetividade, porém não é o que mostram as análises das reportagens 
selecionadas para este trabalho. Por estabelecer a circulação de dizeres e saberes, acreditamos 
que a mídia (neste caso, a imprensa escrita) funciona como importante criadora e divulgadora 
de imagens, sendo elas positivas e negativas. Ao mesmo tempo que os veículos de comunicação 
podem agir na criação e divulgação das imagens, eles podem reforçar aquelas já existentes ou 
reformulá-las, na tentativa de trazer ao público uma nova imagem, diversa da anterior. A fim 
de cumprir esses objetivos, baseamos nosso aporte teórico nos trabalhos de Charaudeau (2007, 
2008), Perelman & Olbrechts-Tyteca (2005 [1958]) e Amossy (2008), além de estudos das áreas 
de interculturalidade e linguística textual. Como metodologia, aplicamos o modelo proposto 
por Charaudeau (2008), que consiste em elencar os tipos de imagem projetada pelo discurso 
por meio de seu contexto de produção e recepção. 
 
 
A construção do ethos em um gênero de discurso: o sermão 
 
Emilson José Bento 
Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Lineide do Lago Salvador Mosca 
 
Esta pesquisa tem por objetivo analisar o processo de construção dos ethé de credibilidade no 
gênero discursivo sermão. Nosso corpus é formado por trinta e oito sermões de Agostinho de 
Hipona, expressões de sua controvérsia com o donatismo. Esta controvérsia participa do 
processo de constituição de dogmas no discurso religioso católico. Conforme Maingueneau 
(2000), esta peculiar legitimação do discurso configura e afeta o ethos do enunciador 
(pregador), que se investe de uma identidade e autoridade manifestadas no discurso e capazes 
de dar sentido às práticas de uma coletividade. Surge então, como afirma Amossy (2011), um 
ethos institucional: a eficácia do enunciado não depende do que ele enuncia, mas daquele que 
a enuncia e do poder do qual ele está investido aos olhos do auditório. Além disso, o enunciador 
(pregador) exerce o papel de mediador autorizado da palavra revelada, assumindo um ethos 
“inspirado”, como fiador do sentido autorizado pela Tradição. Por fim, estando o ethos 
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crucialmente ligado ao ato de enunciação, não se pode ignorar que o público constrói também 
representações do ethos do enunciador antes mesmo que ele fale, o que poderia estabelecer uma 
distinção entre ethos discursivo e ethos pré-discursivo. Sem deixar de considerar que o ethos é 
praticamente a mais importante das três provas engendradas pelo discurso, conforme a Retórica 
de Aristóteles, sendo ele propriamente “ethos discursivo” na Análise do Discurso, interrogamos 
a pertinência dos conceitos ethos projetivo, utilizado por Meyer (2007), ethos institucional e 
ethos inspirado na análise do discurso religioso. Os fundamentos teóricos e metodológicos 
utilizados nesta pesquisa tem como base a obra de Maingueneau (1987, 2002, 2005) no que se 
refere à análise de discursos constituintes e à sua preocupação em integrar o ethos retórico à 
Análise do Discurso (AD) e de Patrick Charaudeau (2006, 2010). Ao considerarmos o ethos na 
perspectiva da retórica clássica, partimos dos postulados de Aristóteles e das neo-retóricas, 
abrangendo os estudos de Perelman, Olbrechts-Tyteca, Meyer, Plantin e Mosca. 
 
 
Da escrita para a fala e da fala para a escrita: caminhos da retextualização 
 
Fabiane de Oliveira Alves 
Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dr. Hudinilson Urbano 
 
 
A pesquisa que se desenvolve tem como propósito primeiro contribuir para o estudo da 
oralidade e escrita no que tange à transposição do meio oral para o escrito e vice-versa. Embora 
apresentem tipicidades que as caracterizam no sentido estrito, oralidade e escrita não devem ser 
alocadas em extremos incomunicáveis. Ao invés de dicotomias, tais modalidades constituem 
um continuum cujas características misturam-se, fundem-se (e até mesmo confundem-se), à 
medida que a língua passa a ser observada em uso, conforme constatou Wulf Oesterreicher 
(1996). Partindo desse pressuposto, pretende-se, por meio de fundamentos teóricos, elencar 
tópicos que caracterizam oralidade e escrita para então verificar-se o trânsito entre um e outro 
modo de expressão em exercícios de aplicação de retextualização da escrita para a fala e o 
inverso. No momento, a pesquisa, após levantamento inicial da literatura que trata do assunto, 
encontra-se em fase de aplicação e verificação das teorias. Para isso, estão sendo utilizados 
documentos selecionados para o corpus do estudo: ata, relatoria escritae áudio de sessão do 
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do ABC - com a devida 
autorização do Gabinete da Reitoria da UFABC. De modo preliminar, foi possível inferir que 
existe uma tendência à proximidade entre realizações cujo meio têm mesma origem. Contudo, 
nota-se que o produto final, a ata, é uma construção que traz para o texto, não apenas a 
reprodução daquilo que foi oral, mas também elementos extralinguísticos, ainda que se busque 
certo grau de neutralidade. Diversos autores integram as referências, mas três são os que 
formam o suporte teórico principal: Luiz Antônio Marcuschi, Dino Preti e Hudinilson Urbano, 
expoentes no estudo do par “fala/escrita” (“oralidade/escrituralidade”) e diretamente ligados à 
linha de investigação que se tem seguido, portanto, intimamente afetos ao tema da pesquisa. 
 
 
 
 
Das orientações oficiais à sala de aula: 
análise de relatos da experiência de elaboração 
de livro didático no estado do Paraná 
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Flavia Fazion 
Mestrado, PG Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês (DLM) 
Orientador: Prof. Dra. Eliane Gouvêa Lousada 
 
 
Nesta comunicação, apresentaremos parte de uma dissertação de mestrado que visa a estudar o 
posicionamento de professores de francês da rede estadual do Paraná diante das orientações 
para seu trabalho, bem como a percepção que eles têm de seu agir profissional e o papel que o 
ensino com gêneros textuais pode desempenhar em sua atividade de trabalho, no contexto do 
processo de elaboração de livros didáticos públicos a serem utilizados nos centros de línguas 
estrangeiras modernas no estado por um grupo de professores. Para tanto, além de analisarmos 
as orientações oficiais para a elaboração do referido material, solicitamos aos professores-
elaboradores relatos pessoais sobre a experiência de participar do processo de elaboração e, 
após a filmagem de suas aulas, realizamos entrevistas baseadas na visualização dessas, a fim de 
proporcionar ao professor a ocasião de reviver a experiência vivida sob um novo ponto de vista 
(Clot, 2001). Para analisar os textos assim produzidos, seguimos o modelo de análise textual 
do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart 2008): levantamento do contexto de produção 
em seus aspectos sociossubjetivos e físicos, estudo da infraestrutura geral do texto (plano global 
dos conteúdos temáticos, tipos de discurso e sequências textuais), mecanismos de textualização 
(conexão, coesão nominal e verbal) e de enunciação (vozes e modalizações). Nesta 
comunicação, especificamente, apresentaremos as análises de relatos produzidos pelos 
professores, procurando evidenciar a percepção que eles têm do processo de elaboração de 
material didático do qual participaram. Apresentaremos, inicialmente, o contexto em que esta 
pesquisa é desenvolvida; em seguida, explicitaremos os referenciais teóricos que a embasam e, 
finalmente, mostraremos as análises realizadas até o momento. 
 
 
Estratégias argumentativas no gênero tweet 
 
Gabriela Dioguardi 
Mestrado, Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino 
 
 
Este trabalho consiste na descrição e análise de estratégias argumentativas em tweets, gênero 
textual elaborado em até 140 caracteres e típico do Twitter, ambiente virtual de participação 
social intensa de trocas de informações e opiniões. Busca-se compreender como se efetiva e 
pode ser tipificado esse texto, bem como observar quais estratégias são utilizadas em sua 
produção. A partir de um repertório linguístico específico do ambiente no qual o gênero está 
circunscrito, mecanismos de textualização e enunciação de gêneros digitais e não-digitais, além 
de organizadores textuais, assumem-se também como estratégias durante a atividade discursiva 
para que processamento cognitivo se realize com agilidade e facilidade. Deste modo, os tempos 
verbais; os operadores e modalizadores; a mesclagem de vozes; os emoticons; as hashtags; os 
RTs; as onomatopeias e a utilização de letras maiúsculas, mostram-se marcas linguísticas de 
valor argumentativo dos enunciados e ferramentas importantes na identificação de uma 
tipologia textual. Para tal, o embasamento teórico faz-se segundo as teorias da Argumentação 
de Perelman e Olbrechts-Tyteca [1958 (2002)] e da Linguística Textual em sua perspectiva 
sóciocognitiva-interacionista, destacando-se os trabalhos de Marcuschi (2002, 2010) acerca da 
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Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
tipificação textual e, com base nos postulados bakhtinianos, da constituição e transmutação de 
gêneros digitais; e de Koch (2000, 2002), no que concerne às estratégias argumentativas na 
macrossintaxe discursiva. Assim, por meio das escolhas e organização textual dos mecanismos 
de textualização e enunciação, o trabalho procurou analisar o valor argumentativo dos 
enunciados e seus encadeamentos que se organizam no sentido de conduzir o interlocutor a uma 
conclusão, fundamentando-se em indicativos de relações e atitudes do locutor que, em função 
da necessidade de uma economia de escrita, circunscrevem o “querer-dizer” do sujeito à 
determinada dimensão estética. 
 
 
Formação continuada de professores de inglês: global x local 
 
Inês Confuorto 
Doutorado, PG Estudos Linguísticos e Literários em Inglês (DLM) 
Orientador: Prof. Dra. Marisa Grigoletto 
 
 
Este trabalho objetiva discutir e refletir sobre a formação continuada de professores de inglês. 
Em uma sociedade, e consequentemente escola, que vivencia mudanças constantes (Castells, 
2006), em uma nova sociedade digital (Cope & Kalantzis, 2000), em que o conhecimento não 
é mais hierarquizado, a formação continuada é uma realidade que não pode mais ser desprezada. 
Em se tratando do ensino e aprendizagem de inglês, essa formação exige uma atuação crítica 
(Monte Mór, 2011): a escola pública é local de aprendizagem de inglês? O debate é antigo, mas 
não esgotado. Novas teorias e tecnologias surgem, mas um antigo problema ainda persiste: 
como lidar com uma política de ensino cujo círculo completo, ou seja, a formulação de uma 
agenda, sua implementação e implantação e, ainda, sua avaliação, considerando a formação e a 
contínua capacitação docente, ações centrais desse ciclo, não se efetiva? Por política de ensino, 
refiro-me a documentos oficiais para o ensino de inglês, publicados pelos governos de 
diferentes esferas (federal, estadual e municipal). Detenho-me em documentos federais, cujo 
escopo é atingir todo o território nacional, sem considerar as diversidades locais, que são 
inúmeras. É neste contexto que trago a reflexão sobre a formação continuada de professores de 
inglês, defendendo uma formação mais local, sem, obviamente, descartar a global. Assim, relato 
sobre uma pesquisa de doutorado em andamento, em que se propõe uma parceria entre uma 
universidade e uma diretoria de ensino, ambas situadas na zona leste de São Paulo, para a 
formação de um grupo de estudos com professores de inglês do ensino básico. Essa formação 
concentra-se numa esfera local, considerando-se seus saberes, suas necessidades, em um 
contexto de formação crítica, com a discussão, capacitação, reflexão sobre os documentos 
oficiais, novas teorias e práticas, bem como com a possibilidade de estudos avaliativos, 
necessários ao fechamento de qualquer política educacional. 
 
 
 
 
 
 
 
As relações sociodialógicas na esfera político cultural brasileira: 
os gêneros do discurso e as esferas de influência recíproca 
 
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Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 
 
Inti Anny Queiroz 
Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) 
Orientador: Prof. Dra. Sheila Vieira de Camargo Grillo 
 
 
O objetivo deste estudo é apresentar o estágio atual

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