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V EPED/2013 24 e 25 de Abril de 2013 V Encontro de Pós-graduandos em Estudos Discursivos da USP Linguagem, Estratégia e (Re)Construção CADERNO DE RESUMOS E PROGRAMAÇÃO Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Universidade de São Paulo 2 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas V EPED/2013 24 e 25 de Abril de 2013 V Encontro de Pós-graduandos em Estudos Discursivos da USP Linguagem, Estratégia e (Re)Construção PROMOÇÃO Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa Site: http://www.epedusp.com.br E-mail: eped.usp@live.com 24 e 25 de abril de 2013 Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Universidade de São Paulo http://www.epedusp.com.br/ mailto:eped.usp@live.com 3 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOLOGIA E LÍNGUA PORTUGUESA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO REITOR: Prof. Dr. João Grandino Rodas VICE-REITOR: Prof. Dr. Hélio Nogueira da Cruz FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DIRETOR: Prof. Dr. Sérgio França Adorno de Abreu VICE-DIRETOR: Prof. Dr. João Roberto Gomes de Faria DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS CHEFE: Prof. Dra. Marli Quadros Leite SUPLENTE: Prof. Dra. Paula da Cunha Corrêa 4 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Comissão Organizadora Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino – Presidente da Comissão. Adriano Dantas de Oliveira - leitura e revisão de resumos, organização da programação, atualização do site, divulgação da programação, diagramação do caderno de resumos e apoio logístico. Emilson José Bento - leitura e revisão de resumos, organização da programação, recebimento e envio de ofícios, diagramação e revisão do caderno de resumos, encaminhamento de ofícios e controle da comunicação via e-mail. Margibel Adriana de Oliveira - leitura e revisão de resumos, organização da programação, controle da comunicação via e-mail, seleção e apoio às editoras e orçamento e compra de materiais. Thiago Jorge Ferreira Santos - leitura e revisão de resumos, organização da programação, seleção e supervisão de monitores, encaminhamento de ofícios, reserva de salas e controle da comunicação via e-mail. Vivian Pontes - divulgação do evento, leitura e revisão de resumos, organização da programação, controle financeiro, hospedagem dos convidados, leitura de resumos e solicitação de apoios e patrocínios. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa Prof. Dra. Elis de Almeida Cardoso Caretta CADERNO DE RESUMOS E PROGRAMAÇÃO Organização, Diagramação e Revisão Adriano Dantas de Oliveira Emilson José Bento Revisão Emilson José Bento Logotipo V EPED Milan Puh Apoio LAPEL (Laboratório de Apoio à Pesquisa e Ensino em Letras) Carolina Bernardi (Serviço Financeiro do DLCV) Dorli Hiroko Yamaoka (Serviço de Artes Gráficas da FFLCH) Tiragem 100 exemplares Todos os direitos para a língua portuguesa reservados para os autores. Nenhuma parte da publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio, seja eletrônico, mecânico, de fotocópia, de gravação, ou outros, sem prévia autorização por escrito dos Autores. O código penal brasileiro determina, no artigo 184: “Dos crimes contra a propriedade intelectual: violação do direito autoral – art. 184; Violar direito autoral: pena – detenção de três meses a um ano, ou multa. 1º Se a violação consistir na reprodução por qualquer meio da obra intelectual, no todo ou em parte para fins de comércio, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, ou consistir na reprodução de fonograma ou videograma, sem autorização do produtor ou de quem o represente: pena – reclusão de /um a quatro anos e multa. Todos os direitos reservados e protegidos por lei. SUMÁRIO CALENDÁRIO...........................................................................................................................6 APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................7 PROGRAMAÇÃO GERAL.......................................................................................................9 CONFERÊNCIAS E MESAS-REDONDAS............................................................................10 COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS.........................................................................................15 ÍNDICE POR AUTOR .............................................................................................................55 6 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas CALENDÁRIO 17/12/2012 Início das inscrições. 01/02/2013 Encerramento das inscrições com apresentação de trabalho. 10/03/2013 Divulgação das cartas de aceite. 20/03/2013 Data limite para pagamento da inscrição. 10/04/2013 Divulgação da Programação Oficial 24 e 25/04/2013 Realização do evento. OBSERVAÇÃO Os resumos deste Caderno estão organizados em ordem alfabética por autor e seu conteúdo é de inteira responsabilidade de seus autores. As conferências de abertura e encerramento, bem como as sessões de comunicação serão realizadas no Prédio do Curso de Letras da FFLCH. A sessão de comunicação III será realizada no Prédio do Curso de Filosofia. 7 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas APRESENTAÇÃO Bem-vindos ao V EPED! Neste ano o EPED chega à sua quinta edição. Criado em 2009 pelos alunos pós- graduandos da USP, foi idealizado com a missão de propiciar um espaço privilegiado para discussão e para reflexão teórica interdisciplinar acerca do discurso e dos estudos discursivos realizados na USP. Naquele ano, o I EPED trouxe como tema “Análises do Discurso: o diálogo entre as várias tendências na USP” e inaugurou a jornada do EPED, propondo a comunhão dos espíritos no que tange ao Discurso e ao seu estudo. Em 2010, o II EPED refletiu sobre as “Abordagens metodológicas em estudos discursivos”, colocando em foco a problemática dos modelos teórico-metodológicos inseridos no âmbito do discurso. O III EPED, na edição de 2011, abriu como proposta de trabalho e de diálogo o tema “O gênero em diferentes abordagens discursivas” direcionando a exposição dos trabalhos para uma abordagem dos estudos de gêneros discursivos. Os trabalhos apresentados nestas edições já estão disponíveis na versão on-line e podem ser consultados no site: www.epedusp.com.br. Em sua quarta edição, no ano de 2012, o IV EPED trouxe uma proposta abrangente sobre os estudos discursivos, sugerindo como tema “O discurso em suas pluralidades teóricas”. O objetivo do tema era propiciar um vasto diálogo no que se refere ao discurso e suas diversas possibilidades de abordagem. Para esta edição, no ano de 2013, consolidando o quinto ano da trajetória do EPED, teremos como tema “Linguagem, Estratégia e (Re)construção”. Priorizamos, assim, a abordagem dos trabalhos focalizados na linguagem e seus diversos usos em uma abordagem discursiva, não como uma possibilidade de mera representação, mas como uma possibilidade de construção ou de reconstrução do mundo. Agradecemos a participação de todos os egressos, pós-graduandos e graduandos que contribuíram e que contribuem para a construção dessa história e para a manutenção de um evento que, dada a sua missão, se mostra tão relevante para a vida acadêmica dos pós- http://www.epedusp.com.br/ 8 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas graduandos e graduandos da USP. Ao considerarmos o caminho já percorrido, reconhecemostantas conquistas e progressos, o que nos motiva a agradecer as comissões organizadoras anteriores que balizaram um trajeto que, através deste V EPED, se fortalece e se amplia, projetando para o futuro esta conquista acadêmica. Pela parceria na realização do V EPED, agradecemos a todos os professores convidados e da comunidade USP, aos alunos participantes do evento, aos monitores, estagiários do Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa, aos funcionários, ao serviço de copa e de limpeza do Prédio de Letras, pela ajuda tão necessária na logística do Encontro. Destacamos a presença eficaz e indispensável da Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino, que presidiu os trabalhos da Comissão Organizadora desta quinta edição do EPED. Somos imensamente gratos ao seu apoio e orientação durante todo o período de organização desta iniciativa dos pós-graduandos. Por fim, sem o incentivo da coordenadora do Programa de Filologia e Língua Portuguesa, Prof. Dra. Elis de Almeida Cardoso Caretta, nosso evento não teria chegado a bom termo. A Comissão Organizadora do V EPED dá as boas-vindas a todos os participantes, desejando-lhes um ótimo evento! COMISSÃO ORGANIZADORA 9 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas PROGRAMAÇÃO OFICIAL Quarta-feira, 24/04/2013 08h Credenciamento - Secretaria Sala 260 (manhã) Sala 134 (tarde) 09h Cerimônia de abertura Sala 266 09h30 Conferência de Abertura Sala 266 Problemáticas Contemporâneas dos Estudos do Discurso Prof. Dr. Wander Emediato de Souza 10h30 Mesa Redonda I Linguagem, Discurso e Ensino Sala 266 12h Intervalo 14h Sessão de Comunicação Oral I Salas 130, 131, 132, 133 15h30 Intervalo 16h Sessão de Comunicação Oral II Salas 130, 131, 132, 133 Quinta-feira, 25/04/2013 09h Credenciamento – Secretaria Sala 266 (manhã) Sala 134 (tarde) 9h30 Sessão de Comunicação Oral III Salas 100, 102, 109, 110 (Filosofia) 11h Mesa Redonda II Estudos em Análise Crítica do Discurso Sala 266 Mesa Redonda III Contexto da Produção: Perspectivas Convergentes Sala 260 12h30 Intervalo 14h Sessão de Comunicação Oral IV Salas 130, 131, 132, 133 15h30 Intervalo 16h Conferência de Encerramento Sala 107 Enunciação e Heteronímia Prof. Dr. José Luiz Fiorin 17h Coquetel Sala 107 10 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas CONFERÊNCIAS E MESAS REDONDAS Conferência de Abertura – Prof. Dr. Wander Emediato de Souza - UFMG PROBLEMÁTICAS CONTEMPORÂNEAS DOS ESTUDOS DO DISCURSO Maingueneau em seu livro "Novas tendências em Análise do Discurso", cuja primeira edição data de 1987, já levantava a questão de que a expressão "análise do discurso" podia praticamente designar qualquer coisa, na medida em que toda produção de linguagem pode ser considerada "discurso". De lá para cá, podemos afirmar que não só a análise do discurso evoluiu e ampliou suas fronteiras como também seus métodos, seus objetos e seus problemas de pesquisa. O termo "discurso", com efeito, designa hoje, mais ainda que na década de 80, diferentes perspectivas de análise que demonstram bem a complexidade do fenômeno linguageiro. Nosso objetivo nesta conferência será o de apresentar, sem pretensão de exaustividade, um conjunto de problemáticas contemporâneas que se servem do termo "discurso" e o tomam por objeto, buscando compreender melhor os objetos privilegiados dessas diferentes perspectivas e sua relevância dentro do que poderíamos chamar, com maior precisão, de "Estudos do Discurso". Daremos ênfase, de um lado, às diferentes problemáticas do sujeito, de outro lado, aos diferentes problemas teóricos que cada perspectiva do estudo do discurso coloca para as Ciências da Linguagem hoje. Conferência de Encerramento – Prof. Dr. José Luiz Fiorin - USP ENUNCIAÇÃO E HETERONÍMIA Os estudos sobre enunciação mostram que se devem distinguir duas instâncias enunciativas: o enunciador, autor pressuposto do discurso, e o narrador, voz que conduz o enunciado. Aquele não é o autor real, mas é o autor implícito, ou seja, uma imagem construída pelo próprio texto. Este está, implícita ou explicitamente, inscrito no enunciado. O éthos confere espessura semântica a esses actantes da enunciação, transformando-os em atores. No entanto, não se podem confundir os éthe do narrador e do enunciador. Este só pode ser depreendido de uma totalidade: a obra de um autor, a produção de uma dada geração de poetas, os textos de um determinado movimento estético, etc. Na obra singular, só se pode apreender o éthos do narrador. É a depreensão do éthos de uma totalidade que apresenta interesse para os estudos do discurso. Cada autor caracteriza-se pela construção, ao mesmo tempo, de um só éthos, que dá unidade a sua obra. No entanto, a heteronímia contraria essa afirmação, pois ela é a utilização de diferentes nomes, que correspondem a personalidades diversas, com biografia e estilo próprios, e que revelam uma visão de mundo específica, produzindo distintas poéticas. O poeta que se valeu, de maneira mais rica, da heteronímia foi Fernando Pessoa. Utilizou setenta e dois nomes diversos, começando por Chevalier de Pas, de quem, na infância, recebia cartas, passando por Alexander Search, que escrevia poemas em inglês, chegando aos três heterônimos mais importantes, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Várias explicações foram dadas para o surgimento da heteronímia na obra pessoana. A mais corrente é que ela deriva da constituição psíquica de Pessoa, cujos sentimentos eram instáveis. Evidentemente, o próprio poeta contribuiu para que se firmasse esse ponto de vista, pois dá essa razão para o aparecimento dos heterônimos. No entanto, há também explicações sociológicas. Este trabalho pretende observar o fenômeno da heteronímia de um ponto de vista discursivo. Não nos interessam a constituição do psiquismo pessoano nem circunstâncias de sua biografia ou acontecimentos históricos de sua época. A heteronímia será vista como a fragmentação de um autor em diferentes enunciadores, isto é, em éthe diversos, para apresentar mais de uma filiação estética, para trabalhar mais de um discurso em sua obra, para operar em diferentes espaços de um campo discursivo num dado do momento de determinada formação social. Em Pessoa, por exemplo, enquanto Álvaro de Campos começa como poeta decadentista, com forte influência do simbolismo, aderindo depois ao futurismo, Ricardo Reis constrói sua obra como herdeiro da tradição clássica. A heteronímia pessoana é a construção de uma súmula da poética ocidental do momento em que o poeta viveu. 11 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas MESA REDONDA I LINGUAGEM, DISCURSO E ENSINO Matriz de Referência e redações do ENEM: diálogos inconclusos Prof. Dra. Maria Inês Batista Campos – USP Este estudo, desenvolvido dentro do Projeto de Pesquisa “Linguagens e identidades em materiais didáticos de língua portuguesa”, tem o objetivo de mostrar que a “Matriz de Referência” é um elemento central na orientação das propostas de redação do ENEM. Há conceitos de texto, língua e discurso no documento de avaliação publicado pelo Inep e em função da orientação para o candidato, como os conceitos se articulam às exigências de elaboração de redação para os candidatos. O texto como objeto de trabalho, conhecimento e prazer Prof. Dra. Elisabeth Brait - PUC-SP/USP/CNPq O profissional de Letras, voltado para as especificidades de uma ou mais línguas, para as reflexões proporcionadas pelas teorias da linguagemem suas múltiplas abordagens, ou para a riqueza das literaturas, tem como objeto de conhecimento (para aprender e para ensinar) o texto. Isso significa que, em suas múltiplas dimensões, em sua capacidade de ser de diferentes maneiras, em sua generosidade de multiplicar janelas e portas de entrada, ele elege, de uma perspectiva profissional, alguém que, além da fruição pessoal, vai enfrentá-lo com instrumentos especializados que ajudarão os leitores a percorrer caminhos que interligam sujeito, linguagem e mundo. Tendo essa perspectiva como base, o objetivo desta fala é discutir de que maneira conhecimentos de língua e discurso se interligam, constitutivamente, para caracterizar o profissional das letras e para produzir ensino. Sobre o Dialogismo: uma recepção de recepções Prof. Dra. Renata Coelho Marchezan - UNESP Quais são as contribuições de M. Bakhtin? As respostas a essa pergunta compreendem diversas recepções da obra bakhtiniana: as que a situam em perspectiva histórica e cultural, dando a conhecer o contexto inerente a ela, as interlocuções com as quais se edificou e os caminhos de seu desenvolvimento; as que adotam, isoladamente, um ou outro de seus conceitos e as que buscam dela depreender um arcabouço, menos ou mais sistematizado, para a reflexão de um objeto em particular. Fixando-nos nessas últimas, e no domínio dos estudos sobre a linguagem, examinamos as recepções do pensamento bakhtiniano como uma pragmática, uma 12 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas sociolinguística, uma semiótica, uma teoria social, uma teoria do discurso. Na perspectiva desta disciplina, é que nos centramos, por último, para refletirmos sobre suas bases fundamentais. MESA REDONDA II ESTUDOS EM ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO Do léxico ao discurso: a mulher no vocabulário da canção Prof. Dra. Beatriz Daruj Gil – USP Neste trabalho tem-se como objetivo analisar a escolha lexical em canções que tratam da mulher e das relações amorosas. O léxico será descrito com base na metodologia dos campos semânticos (Lyons, 1979; Ullmann, 1962; Vilela, 1994) e analisado de acordo com as diretrizes sociocognitivas da Análise Crítica do Discurso (Van Dijk, 2003, 2004), com a finalidade de se conhecer a representação da mulher na canção. Análise crítica do discurso: questões metodológicas Prof. Dra. Viviane M. Heberle – UFSC/CNPq A análise crítica do discurso constitui uma alternativa teórico-metodológica transdisciplinar para estudos de práticas discursivas na sociedade contemporânea, baseada em perspectivas linguísticas e sociais interessadas na relação intrínseca entre textos e seus respectivos contextos socioculturais. Atualmente percebem-se diferentes vertentes de ACD, com metodologias de análise diferenciadas. Neste trabalho, a partir da abordagem de ACD proposta por Fairclough (1989; 2003; 2010), discuto possibilidades metodológicas de coleta e análise de dados, bem como de categorias analíticas em ACD. Discuto o projeto tridimensional de Fairclough para o discurso ‒ com as dimensões texto, prática discursiva e prática sociocultural ‒ e também respectivamente para a análise do discurso ‒ com as dimensões de descrição, interpretação e explanação. A seguir também discuto outra possibilidade de análise segundo Chouliaraki e Fairclough (1999) e Fairclough (2003; 2010), abordagem essa denominada dialética-relacional que inclui foco semiótico em alguma injustiça ou desigualdade social, obstáculos para o estudo dessa desigualdade ou injustiça, o papel das forças, recursos, de relações de poder e possíveis soluções referentes ao problema social estudado. Durante a exposição, apresento relatos de pesquisa que utilizam ACD para a investigação de práticas discursivas. Espero poder contribuir para uma discussão mais ampla sobre a utilização da ACD como instrumental de investigação de fenômenos discursivos nas Ciências Humanas e Sociais. 13 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Contribuições da Análise de Discurso Crítica para práticas de ensino-aprendizagem de português como língua materna Prof. Dra. Viviane Ramalho - UnB Neste trabalho levantamos reflexões sobre potencias contribuições da Análise de Discurso Crítica (ADC) de vertente britânica e latino-americana para práticas de ensino-aprendizagem de português como língua materna (Chouliaraki & Fairclough, 1999; Fairclough, 2001, 2003; Resende & Ramalho, 2006; Ramalho & Resende, 2011). As reflexões pautam-se em uma experiência de pesquisa-ação realizada com estudantes de Estágio Supervisionado em Português na Universidade de Brasília, em 2011, cujo objetivo geral foi estudar a teoria social crítica da linguagem e recontextualizá-la nas práticas de ensino-aprendizagem no Ensino Médio. A ADC é uma abordagem científica transdisciplinar para estudos críticos da linguagem que pode trazer contribuições relevantes para práticas de ensino que considerem o discurso como instrumento de poder nas representações sociais, nas maneiras de inter-agir bem como nas identidades sociais e individuais. Assumindo tal postura, discutimos, neste trabalho, alguns (des)caminhos na formação de educadores/as críticos (Fairclough, 1995; Rogers, 2011), ou seja, capazes de: analisar criticamente os discursos que circulam em nossa sociedade; promover práticas de conscientização linguística crítica e, sobretudo, de analisar reflexivamente suas próprias práticas docentes. MESA REDONDA III CONTEXTO DA PRODUÇÃO: PERSPECTIVAS CONVERGENTES Discurso, texto e contexto nas perspectivas da AD e da Semiótica Discursiva. Prof. Dra. Elizabeth Harkot-de-La-Taille – USP O tema da mesa convida à reflexão. Termos dotados de valores distintos em cada vertente, proponho analisá-los em busca de incremento de compreensão recíproca, por meio da explicitação de suas diferenças. Entre as definições de discurso, Chareaudeau e Maingueneau (2006) apresentam, na esteira de (Adam, 1999: 39), “a inclusão de um texto em seu contexto”, este último tomado como condições de produção e de recepção. Nessa acepção, assumem a definição de Weinrich (1973:13 e 198) para texto: “sequência significante (considerada coerente) de signos entre duas interrupções marcadas da comunicação”. Greimas e Courtés (1979) definem o contexto como “o conjunto do texto que precede ou acompanha a unidade sintagmática considerada, da qual depende a significação” (grifo meu). Na semiótica discursiva, a acepção mais corrente de “texto” é a de “uma grandeza considerada anteriormente à sua análise”, enquanto “discurso”, a partir de Benveniste, é aquilo que é colocado pela enunciação, o que aproxima o termo ao próprio processo semiótico. O cotejo e a discussão das fronteiras conceituais entre duas das disciplinas dedicadas aos estudos discursivos, mais do que defender 14 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas a superioridade de uma ou outra conceituação, objetiva contribuir com o destaque de sutilezas do modo de pensar de cada vertente, muitas vezes camufladas, para o estudioso, sob o emprego de palavras idênticas com valor terminológico distinto. O papel do contexto no processo de constituição do texto/discurso Prof. Dra. Elisa Guimarães Pinto - USP/Mackenzie Tem-se em mira explorar os fatores que condicionam a interação texto/discurso no processo de comunicação. Propostas da Análise do discurso de linha francesa, bem como diretrizes da Linguística Textual alicerçam as considerações conducentes à apreensão da importância do consórcio texto/contexto. Considera-se esse consórcio como uma das condições para percepção dos efeitos de sentido decorrentes dos recursos linguísticos e discursivos que permeiam a estrutura textual/discursiva.Dá-se ênfase à questão do contexto de cultura como fonte de sustentação do contexto situacional - o que permite concluir ser o contexto fator indispensável para a condução exata do processo interpretativo do texto/discurso. Contexto de produção e gêneros digitais Prof. Dra. Mercedes Fátima Canha Crescitelli - PUC – SP A noção de contexto de produção é uma das mais "caras" aos estudos linguísticos contemporâneos, de modo que não é possível falarmos em gêneros textuais digitais, tema em voga na atualidade, sem considerarmos o contexto de produção online. Nossa participação nesta mesa redonda tem por objetivo apresentar o que consideramos aspectos fundamentais para o cenário que envolve alguns dos gêneros textuais produzidos na rede. 15 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS A relação entre autor e leitor no discurso das bulas de medicamentos Adriana Dominici Cintra Mestrado, PG Língua e Literatura Alemã (DLM) Orientador: Prof. Dra. Tinka Reichmann Esta comunicação se propõe a apresentar algumas considerações a respeito da simetria e dialogia entre os agentes que integram o discurso da bula de medicamento. Tais apontamentos fazem parte de uma abordagem inicial desse gênero textual, visando identificá-lo como um instrumento inserido em um contexto real de vida cotidiana e, assim, dar início a pesquisas que o tomem por objeto de estudo. A escolha do gênero textual bula de medicamento para investigação deve-se à sua importância como material informativo fornecido aos consumidores, assumindo um papel fundamental na promoção do uso racional e no processo de cumprimento ao tratamento medicamentoso. Apesar disso, esse texto ainda é pouco analisado no âmbito dos estudos discursivos ou linguísticos, fato que justifica a motivação e a originalidade desta pesquisa. Como base teórica, foram adotados os conceitos da abordagem comunicativa e sócio- interacional para estudos do texto, propostos por Brinker (2010) e Fandrych & Thurmair (2011), segundo os quais os critérios de análise dos gêneros textuais devem levar em consideração seus aspectos contextuais, funcionais e cognitivos. Sendo assim, trata-se de uma abordagem que considera o gênero como uma ferramenta de comunicação entre os indivíduos, aproximando- se mais dos conhecimentos intuitivos e cotidianos da sociedade na qual está inserido. A fim de cumprir os propósitos desta comunicação, será apresentada a análise de um conjunto composto por dez bulas de medicamentos - produzidas por distintos laboratórios farmacêuticos brasileiros - que justificam as conclusões parciais da presente pesquisa, apontando para uma comunicação assimétrica e monológica entre os autores e leitores da bula. Educação em pauta Adriana Santos Batista Doutorado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dr. Valdir Heitor Barzotto A discussão sobre temas educacionais tem se tornado pauta recorrente em textos jornalísticos, seja em publicações específicas ou nas de interesse geral. Nesse contexto, dentre os assuntos mais abordados pela mídia, destaca-se a cobertura dada a resultados de avaliações externas. Considerando-se que em tais textos se dá voz a diferentes agentes sociais, não necessariamente ligados às áreas de educação ou ensino, nesta pesquisa tem-se como objetivo discutir quais são as vozes autorizadas a opinar sobre essa temática e os discursos associados a elas; além disso, pretende-se investigar quais são as imagens do professor veiculadas quando da divulgação de resultados de avaliações externas. Como aparato teórico, são mobilizados conceitos advindos da Análise do Discurso de linha francesa e da teoria da enunciação, sobretudo as noções de formação imaginária (Pêcheux, 1993) e de heterogeneidade enunciativa (Authier-Revuz, 1990). Os dados analisados são textos informativos publicados na versão impressa da Folha de São Paulo em 2010, cujo foco foi a discussão dos resultados do Programme for International Student 16 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Assessment (Pisa) e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Como resultados parciais, observou-se que a heterogeneidade nos textos ocorre predominantemente de forma mostrada e marcada, com preponderância de vozes relacionadas a instituições reguladoras das avaliações e a fundações e institutos não governamentais, ao passo que as ligadas aos agentes educacionais receberam um espaço bastante limitado. Acredita-se que, ao se destinar pouco espaço às vozes oriundas dos professores, promove-se uma desvinculação entre estes e as habilidades próprias do ato de avaliar, conduzindo, assim, a uma imagem profissional negativa. Canções buarquianas: as provas (não) proposicionais na articulação da melos à trilogia retórica Adriano Dantas de Oliveira Doutorado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Lineide do Lago Salvador Mosca Teremos, como proposta de trabalho, a exposição de um modelo de análise interdisciplinar a ser aplicado em um corpus composto por canções buarquianas com temática sócio-política do período da ditadura no Brasil. Utilizaremos como arcabouço teórico a Semiótica, a Retórica e a Análise do Discurso. Com o objetivo de analisar a interlocução sincrética entre letra e melodia inerente ao gênero canção, utilizaremos os postulados da Semiótica Tensiva. Após essa etapa de análise, relacionaremos o corpus ora descrito e os conceitos apropriados, a partir da análise Semiótica, à Retórica Clássica e aos movimentos retóricos realizados na canção. Ainda, como objetivo de nosso trabalho, iremos desvelar os traços ideológicos e as paixões suscitadas por meio das referidas canções, bem como as estratégias e os recursos discursivos utilizados para alcançar determinados efeitos de sentido. Consideraremos, dessa forma, a articulação da trilogia retórica: ethos, pathos e logos, associada à melos. Perceberemos, assim, como o compositor, durante o período da ditadura, espaço e tempo delineado por tensões e por controvérsias e pelo embate de ideias e de ideais, oculta, nos textos das canções e em suas melodias, ritmos e harmonias, os traços ideológicos, os sentidos, e, por fim, as possibilidades de paixões suscitadas, a partir de temas comuns, em uma situação retórica tipificada e instaurada por meio de canções como parte da cena enunciativa. Assim, os recursos retóricos utilizados, em uma época de sobredeterminação da subjetividade, são utilizados como estratégias para uma produção de efeitos de sentido que têm o objetivo de conduzir o auditório a uma perspectiva assumida pelo orador. A simulação do turno conversacional na literatura Agnaldo dos Santos Holanda Lopes Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dr. Hudinilson Urbano 17 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Diversas pesquisas têm demonstrado que a literatura escrita, seja ela ficcional ou não, apresenta traços de oralidade, que podem ser posicionados ao longo do continuum fala-escrita proposto por Koch e Oesterreicher (1985) e adotado por Marcuschi e outros; a tendência a um ou outro polo depende de múltiplos fatores, por exemplo o contexto e a intencionalidade. Fica também evidenciado, em especial nos textos teóricos de Koch e Oesterreicher (1985), que a oralidade e a escrituralidade − uma vez que utilizam o mesmo sistema linguístico − se entrecruzam, seja quando observados na perspectiva do meio ou da concepção. Este trabalho volta seu foco para um dos elementos típicos da conversação, o turno conversacional, porém especificamente para sua simulação na literatura – já que a linguagem pode ser criada e recriada parcialmente dentro do texto literário,com valores e funções vinculados à intenção estética do autor, como defende Urbano, 2000. Utilizando-se como base a tipologia dos turnos proposta inicialmente por Sacks, Schegloff e Jefferson (1974), complementada pela contribuição de outros estudiosos do projeto NURC-SP, está-se investigando, em um corpus estipulado, certos trechos de diálogos entre personagens de textos ficcionais, para assim verificar como se dá a simulação dos turnos conversacionais: refletem de fato os fenômenos da conversação real e os problemas da gestão do turno?; apresentam limitação em razão do meio escrito?; trazem alguma inovação, ou seja, elementos que influenciam na gestão do turno só passíveis de aplicação no meio escrito e não no fônico?. Após a obtenção de respostas a esses e outros questionamentos, espera-se propor uma breve tipologia do turno conversacional simulado na literatura. Em busca do ethos perdido: atores e processos na (re)construção da identidade leste timorense Alexandre Marques Silva Egresso do Mestrado, Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino Não podem existir sujeito e sociedade sem que se considerem os eventos históricos que participaram de sua formação. Nesse sentido, as pesquisas em Análise do Discurso têm procurado desenvolver um trabalho atento de investigação da história, do contexto e dos atores envolvidos na edificação do discurso e da realidade criada/disseminada por ele, assim, neste trabalho, que constitui a fase inicial de nossa pesquisa, temos como escopo analisar os elementos linguístico-discursivos que nos permitam reconhecer a (re)construção identitária do povo leste timorense, fomentada e difundida nos/pelos discursos de Xanana Gusmão. Para tanto, como corpus, selecionamos o discurso proferido por ele em 19 de maio de 2002, por ocasião de sua posse como presidente da República Democrática de Timor-Leste, eleito após 25 anos de dominação indonésia. Em nosso processo de análise, buscaremos destacar as relações que se estabelecem entre o discurso de posse, o momento histórico e a, consequente, (re)construção discursiva da identidade da nação leste timorense, tendo como eixo norteador a língua considerada em sua capacidade intrínseca de construir, desconstruir e/ou reconstruir significados. As análises serão realizadas sob a perspectiva retórico-argumentativa e à luz dos contributos da teoria da argumentação e das estratégias discursivas, por meio das quais o discurso político, ao estabelecer um jogo de representações sociais da realidade, contribui para a edificação do ethos leste timorense. Investigaremos, desse modo, aquilo que nos parece basilar na produção dos discursos políticos: sua relação complexa e permanente com a constituição 18 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas identitária de sociedades marcadas por dicotomias e contradições, das quais Timor-Leste é, contemporaneamente, um exemplo bastante fecundo. A linguagem do jogo de xadrez como estratégia discursiva da loucura em Los locos de Valencia de Lope de Vega Ana Aparecida Teixeira da Cruz Doutorado, PG Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-Americana (DLM) Orientador: Prof. Dra. Maria Augusta da Costa Vieira O estudo da obra dramática de Lope de Vega permite observar que o dramaturgo dedica parte de sua produção teatral à representação do universo da loucura. Para essa comunicação, escolheu-se examinar a obra Los locos de Valencia (1590-1595), a qual abre espaço para a atuação do louco fingido. Nessa comédia, Floriano simula estar desprovido de razão, de modo a conseguir algo tipo de benefício. No segundo ato da obra, observa-se que essa personagem se apropria da linguagem do jogo de xadrez com o propósito de criar uma linguagem enigmática, garantindo, dessa forma, a verossimilhança de sua loucura fingida. O objetivo desta comunicação é o de demonstrar as estratégias discursivas utilizadas por Lope de Vega e, a partir disso, os efeitos de sentido proporcionados ao enredo principal. Para o desenvolvimento dessa proposta, este trabalho segue na linha do historicismo, tendo em vista que a análise dessa comédia tem como referencial teórico-metodológico alguns dos principais tratados sobre jogos – Tratado del juego (1558), de Fray Francisco de Alcoçer; Fiel desengaño contra la ociosidade y los juegos (1603), de Francisco de Luque Faxardo –, os quais trazem importantes referências dos modelos culturais presentes nos séculos XVI e XVII. No campo específico do discurso, este trabalho é beneficiado pelas preceptivas poéticas (Poética, de Aristóteles; Arte Poética, de Horácio; Philosophia Antigua Poética, de Alonzo López Pinciano), e pelos tratados de retóricas (Retórica, de Aristóteles; El orador, de Cícero; Instituciones Oratorias de Quintiliano). Além disso, tem-se em conta a preceptiva dramática intitulada El arte de hacer comedias en este tiempo (1609), do próprio Lope, que apresenta uma série de orientações a respeito dos modos de composição da linguagem em uma obra teatral. Por fim, pode-se dizer que o método de pesquisa adotado nessa comunicação possibilita levantar possíveis significados da representação da loucura no teatro lopesco. Jogando o jogo: interação e corporeamento no procedimento metodológico “Jogo Teatral” nas aulas de Língua Portuguesa Ana Luisa Feiteiro Cavalari Lotti Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino 19 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas O ensino da fala no contexto de ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa (L1) no Ensino Fundamental deve privilegiar o trabalho de adequação às diferentes situações comunicativas. Nesta perspectiva, parece-nos fundamental o entendimento de que a comunicação face-a-face é interacional e multimodal, assim como, de que a linguagem é ao mesmo tempo corporeada e social. Contudo, poucos são, ainda, os estudos dedicados à investigação do papel do corpo na produção oral, sobretudo, na área dedicada ao Ensino de Língua Portuguesa. Posto isso, apresenta-se um desafio aos pesquisadores e professores dedicados aos estudos relacionados ao Ensino de Língua Portuguesa, o de apresentar aos alunos procedimentos metodológicos que insiram o “corpo” no exercício da oralidade. Na busca por tais procedimentos metodológicos, deparamo-nos com os Jogos Teatrais (SPOLIN, 2012). Do teatro que é a arte interacional por excelência, provém este tipo específico de jogo, que é um jogo, mas ao mesmo tempo um fazer artístico. Assim, destacamos o Jogo Teatral por proporcionar a alunos e professores a possibilidade de exercitar a interação e o corporeamento em diferentes situações comunicativas. Analisaremos, pois, uma situação de Jogo Teatral realizado em uma aula de Língua Portuguesa com o objetivo específico de ensino/aprendizagem. Nossas análises, com embasamento nos dados colhidos por meio de filmagem e transcrição, apresentarão os resultados obtidos no tocante à interação e o corpo visto pelo prisma da multimodalidade. A análise se justifica, ainda, por entendemos o Jogo Teatral como uma modalidade de interação face-a-face, como tal, torna- se significativo, por conseguinte, investigar como os processos que selecionamos para a análise, desenvolvem-se nestes jogos. A fundamentação teórica aporta-se na concepção interacionista da linguagem com Bakhtin (1992 [1929]) e nos recentes estudos acerca da comunicação e do corporeamento Goodwin (2003); Quaeghebeur, (2012); Liberman (2011); Schegloff (1992, 1998 [1991]), entre outros. Representações sobre a identidade dos E.U.A no discurso de campanha eleitoral de B Obama em 2008 Ana Paula Faria Doutorado, PG Estudos Linguísticos e Literários em Inglês (DLM) Orientador:Prof. Dra. Marisa Grigoletto Compartilhando dos pressupostos teóricos da Análise do discurso de inspiração pecheutiana que apresenta o conceito discurso como ponto de articulação entre os fenômenos linguísticos e os processos ideológicos e que, neste paradigma teórico, o sentido de discurso é visto na confluência de dois eixos: o interdiscurso (memória discursiva, o já dito) e o intradiscurso (Courtine apud Orlandi, 1999:32), buscamos compreender os efeitos de sentido acerca da representação da identidade da nação norte-americana nos excertos de campanha de Barack Obama na eleição presidencial dos Estados unidos em 2008. Sabemos que a campanha política presidencial nos Estados Unidos naquele ano é marcada por um período de instabilidade financeira e política no país. Consequentemente, vários textos sobre tal instabilidade circularam na mídia estadunidense, o que acabou, por meio da cobertura dos fatos e da forma como eles se apresentaram, construindo novas representações sobre a identidade da nação estadunidense. Aplicamos neste trabalho o termo identidade a partir das posições teóricas desenvolvida por Silva (2000) para quem a(s) identidades(s) são produzidas em relações sociais em contextos históricos. Dito de outra forma, não nascemos com uma identidade, mas ela é atribuída pelas e 20 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas nas práticas sociais e discursivas. Considerando as condições de produção do discurso (contexto econômico desfavorável e a cobertura da mídia estadunidense acerca da crise norte-americana), e partindo do pressuposto de que o discurso de campanha eleitoral constitui um instrumento discursivo de construção identitária, propomos tecer algumas reflexões sobre os efeitos de sentidos produzidos no discurso eleitoral de Obama em 2008 acerca da identidade estadunidense. As Bahias eleitas: (des/re)construção de imagens no novo discurso André Luiz Ming Garcia Mestrado, PG Língua e Literatura Alemã (DLM) Orientador: Prof. Dr. José da Silva Simões Estudiosos como Katan (1996) frisam o papel do tradutor como mediador inter e transcultural, como aquele que põe em diálogo os integrantes de diferentes culturas à medida que procede, através da elaboração de seu texto, à (re)apresentação da cultura do outro. Nossas pesquisas acerca da mediação cultural levaram-nos a dedicar um foco especial à questão que denominamos responsabilidade social do tradutor, e que leva em conta não apenas como se traduz, mas também que efeitos as imagens projetadas pela recriação discursiva própria do texto-meta podem surtir entre os outros, ou a comunidade linguístico-cultural receptora da produção discursivo-imagética e, portanto, de natureza intrinsecamente polissemiótica. Pertencendo ao plano do xenológico e da alteridade, este trabalho circunscreve especificamente o âmbito da tradução dos culturemas, lexemas altamente polissêmicos e cujos sememas apontam para elementos próprios da cultura de origem comumente desconhecidos do público decodificador da cultura meta. Assim, pretendem-se analisar traduções ao espanhol (variante peninsular) e ao catalão de Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, numa investigação da recriação discursiva dos culturemas do texto do escritor baiano que apontará em direção às imagens e (pré)conceitos acerca da cultura baiana e brasileira difundidos na Espanha. O recorte da pesquisa privilegiou, como critério para a elaboração do corpus, os culturemas pertencentes ao universo da gastronomia e da religião, identificados, durante o desenvolvimento do trabalho, como aqueles mais frutíferos sob a perspectiva da recriação discursiva e da (re)projeção de marcas culturais e visões (incluindo-se, aqui, os juízos de valor) a respeito da cultura alheia. Os resultados da análise demonstrarão que as escolhas dos tradutores diante de dificuldades geradas pela intensa presença de culturemas no texto-origem correspondem a diferentes normas e, em uma variedade de casos, contribuíram com a manutenção e expansão de preconceitos acerca de aspectos da cultura baiana e brasileira já pouco conhecidos na Espanha. O nābîʼ é profeta? As dificuldades de tradução do verbo nābaʼ e do substantivo nābîʼ na Bíblia Hebraica André Oswaldo Valença Ribeiro Mestrado, PG Estudos Judaicos e Árabes (DLO) Orientador: Prof. Dra. Suzana Chwarts 21 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Embora a Bíblia Hebraica seja um artefato cultural gestado dentro de um continuum cultural de vários povos do Antigo Oriente Próximo (um intercâmbio perene de influências e tradições), o profetismo israelita detém singularidades em relação às outras culturas da região. Foi ele que nos legou, por exemplo, o termo “profeta”, o qual adquiriu diversos sentidos nos mais variados contextos históricos. Mas será que este termo foi uma boa opção de tradução para o substantivo nābî’? Nosso mestrado tem investigado os sentidos de nābî': a principal (mas não a única) acepção é a de um homem chamado para ser porta-voz divino (Ex 7,1-2). Isto contrasta com o vocábulo grego prophetes, que advém da religião grega antiga e remete, sobretudo, ao ato de prever acontecimentos futuros. Previsão ou manticismo não é a essência do nābî'. Estas argumentações têm esteio nos trabalhos de Neher (1955), Heschel (1962) e Kaufmann (1989), dentre outros. Nossa perquirição tem confirmado a ideia hescheliana segundo a qual a palavra “profeta” nunca correspondeu ao seu protótipo histórico. Destarte, a tradução do verbo nābaʼ (derivado de nābî') como “profetizar” será forçosamente problematizada. Este termo detêm um especial interesse devido ao fato dele ser usado para descrever atores sociais distintos, uma vez que o fenômeno profético em Israel não era monolítico. No entanto, o termo “profetizar” escamoteia as nuances da diversificada profecia israelita. Trata-se de um exemplo no qual a linguagem obsta a observação, uma vez que este vocábulo uniformiza um fenômeno heterogêneo, atrapalhando a compreensão do profetismo em Israel. Deste modo, esta comunicação discutirá os sentidos de nābî' e nābaʼ a partir do corpus bíblico, nossa fonte primária, problematizando traduções clássicas como “profeta” e “profetizar”. Estratégia de Discurso sobre a constitucionalidade das cotas raciais Artur Antônio dos Santos Araújo Mestrado, Egresso – PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino Neste trabalho, estuda-se a estratégia do discurso de intelectuais, advogados e Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade dos programas de ação afirmativa que determinam reserva de vagas, com base em critério étnico-racial, para acesso ao ensino superior. Objetiva-se descrever e refletir sobre as construções lexicais e organização discursiva dos intelectuais que se manifestaram na Audiência Pública do STF sobre o sistema de cotas, bem como refletir sobre a composição lexical dos votos dos Ministros do Supremo. A fundamentação teórica para desenvolvimento deste estudo é baseada na teoria da Análise Crítica do Discurso, especificamente, nas contribuições teórico-metodológicas de van Dijk (2008) e Norman Fairclough (1989). Recorre-se aos estudos de Bhabha (2005), Bauman (2001), entre outros, para explorar esta temática e estabelecer relações entre discurso, escolhas lexicais e estereótipos que aparecem no julgamento do Supremo. Na análise dos dados, utiliza-se o instrumento da Linguística de Corpus por meio do programa de computador “WordSmith Tools”, o qual descreve dados para analisar a linguagem utilizada e descrever as construções lexicais presentes nesse julgamento. Este programa permitiu uma análise confiável das escolhas lexicais dos Magistrados no julgamento. A partir da lista de palavrasgerada pelo WordSmith Tolls, destacam-se as palavras mais recorrentes e estabelecem-se as relações de contexto para a descrição e discussão na análise de dados. Os resultados possibilitam identificar as estratégias de Discurso e construções lexicais dos magistrados que são favoráveis e daqueles que são desfavoráveis na perspectiva discursiva à política de cotas. Procura-se analisar, por meio dos 22 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas elementos linguístico-discursivos, como os juristas percebem as relações étnico-raciais no Brasil e a justificativa para a implementação da política de cotas. Este trabalho inicia, assim, o mapeamento dos discursos sobre a política de cotas, o que permitirá desenvolver um Banco de Dados abrangente desses discursos. Divulgação científica no facebook: relações dialógicas entre enunciados científicos e os das demais esferas ideológicas Artur Daniel Ramos Modolo Doutorado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Sheila Vieira de Camargo Grillo O objetivo desta pesquisa é abordar a expansão da divulgação científica na Internet por um viés dialógico. O perímetro do corpus da pesquisa, previamente arquivado, engloba os enunciados postados no Facebook pela Scientific American Brasil, Pesquisa Fapesp e Superinteressante durante o primeiro semestre de 2012 (01 de janeiro de 2012 / 30 de julho de 2012). Pretende- se observar como os enunciados científicos tem sido divulgados no âmbito das mídias sociais como os blogs, sites oficiais e principalmente nas páginas do Facebook. Empregaremos como base teórico-metodológica os conceitos elaborados pelo Círculo de Bakhtin, em especial: gêneros discursivos, esferas de atividade humana, autor e ideologia.Dessa forma, almeja-se averiguar em que medida a hipertextualidade, os recursos verbo-visuais e a interação com os demais usuários da rede podem influenciar o conteúdo do enunciado publicado nessas páginas. Em um segundo momento de análise, teremos como objetivo verificar a especificidade de determinadas características da divulgação científica nas redes sociais em comparação a outros meios tradicionais de difusão da ciência: televisão, revista, jornal etc. Espera-se como resultado que haja uma alternância de conteúdo, estilo e forma similar a ocorrida nas revistas dessas três instituições. Pretende-se, por fim, observar questões relativas ao âmbito dos gêneros como a autoria, a forma composicional e o estilo dos enunciados divulgados. Além de tais fatores, o emprego ou ausência do discurso citado e referências bibliográficas será um dos índices para verificar de quais maneiras os enunciados científicos são utilizados na divulgação científica no Facebook. A Argumentação na Construção e (Re) construção da Prática Pedagógica Camila Alderete Capitani Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Lineide do Lago Salvador Mosca O presente trabalho visa demonstrar o emprego das teorias da Argumentação e Retórica na elaboração da proposta pedagógica de um curso de redação, que se constitui a partir da Retórica Antiga, Aristóteles (2012), e Nova Retórica, Perelman (2005, [1958]). Tal curso se diferencia por basear-se na argumentação tanto como conteúdo programático (técnicas para produção de um texto dissertativo/argumentativo), quanto como diretriz para o docente na elaboração e execução das atividades em sala de aula. As justificativas para esta prática pedagógica vão além 23 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas das teorias da argumentação. A elas somam-se também os fundamentos de Paulo Freire, estabelecendo entre estas duas áreas, argumentação e educação, uma interdisciplinaridade. Assim como Perelman menciona a necessidade de adaptação do orador ao auditório, Paulo Freire assinala a necessidade de haver no processo educacional dialogicidade, respeito aos saberes dos educandos e a organização de um conteúdo programático a partir da situação presente, existencial e concreta de cada aluno individualmente e da classe como um todo. A partir da aproximação de tais fundamentos a elaboração e reelaboração do curso é um trabalho constante em que é preciso considerar além da condição sócio-econômica do aluno, indivíduos de baixa renda, uma série de variáveis como: faixa etária, escolaridade, variante linguística, objetivos dos alunos, frequência nas aulas, dedicação de cada aluno e seu desenvolvimento ao longo das aulas. O caráter inconcluso do material, sua elaboração e reelaboração, é a abordagem que faremos nesta ocasião. Esta, na verdade, mereceu especial relevância neste momento por ser a materialização do que Perelman garante ser imprescindível a uma boa argumentação “a adaptação do orador ao auditório”. Apresentaremos então algumas atividades desenvolvidas ao longo do curso e os resultados parciais que obtivemos no processo de sua aplicação. Esperamos, assim, justificar o sucesso da pesquisa e contribuir com futuros trabalhos na área. Enunciação solidária no discurso da poética neobarroca Carolina Tomasi Doutorado, PG Semiótica e Linguística Geral (DL) Orientador: Prof. Dr. Antonio Vicente Pietroforte A simulação discursiva, oriunda dos tratados seiscentistas, é a matriz do jogo enunciativo da poética da modernidade, como é o caso do poema “São Francisco de Assis”, de Affonso Ávila (2008, p. 296), poeta mineiro chamado de neobarroco. Este trabalho objetiva explicitar como se dá a escolha enunciativa capaz de produzir uma sintaxe solidária e reflexiva verificada nos enunciados poéticos da modernidade neobarroca por meio do quadro teórico da semiótica francesa. Trata-se de um movimento em que tanto enunciador quanto enunciatário têm papel ativo na construção do sentido do objeto poético. Assim, quando o enunciador compõe (amalgama fonemas, morfemas, criando, por exemplo, um novo significante), cabe ao enunciatário decompô-lo para almejar o inteligível. E quanto o mesmo enunciador decompõe (desmantela um morfema, por exemplo), cabe ao enunciatário recompor o enunciado. É um jogo entre um enunciador competente para criar surpresas, no sentido zilberberguiano (2011) e um enunciatário também competente para, após o impacto sensível do êxtase, desvelar os emaranhados e labirintos do texto poético a fim de fruí-los. No poema de Ávila, há simulação de uma enunciação enunciva (enunciador distancia-se, criando efeito de objetividade) marcada pelo tempo verbal do presente (terceira pessoa) do indicativo para que a verdade do enunciador soe como máxima, dando origem à voz de um destinador transcendente que tudo sabe. Ao conter as emoções e os sentimentos e estabelecer a já dita luta para a construção da arquitetura linguística, o poema mostra uma linguagem que deixa de ser apenas substância do conteúdo como grande mensagem sentimental para se transformar ela própria em fim. Ao ocupar-se do fazer arquitetural, o enunciador volta-se para o trabalho da própria linguagem. O enunciador competente possui competência semiótica para simular enunciados, e essa competência se estende ao enunciatário, formando um jogo solidário. 24 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Editoriais em revistas culturais para o ensino de francês como língua estrangeira Cinthia de Souza Bezerra Iniciação Científica (DLM) Orientador: Prof. Dra. Eliane Gouvêa Lousada Esta comunicação tem por objetivo apresentar uma pesquisa sobre o ensino de francês como língua estrangeira (FLE) por meio do gênero textual editorial. O objetivo específico será o de expor as análises dos editoriais, base para a construção do modelo didático do gênero (Schneuwly & Dolz. 2004). A pesquisa insere-se na vertente teórica do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart.1999), segundo o qual as ações humanas são construídas em um processo histórico de socialização, marcado pelo uso de artefatos simbólicos, como a linguagem (Cristovão, 2008). Baseamo-nos também na noção de gênero discursivo proposta por Bakhtin (1983) e retomada, posteriormente, por Bronckart, que propõe o termo gênero textual. Para a realização da pesquisa, primeiramente, foram coletados dez textos de editorias de revistas culturais (Le Magazine Littéraire e Transfuge), cinco números de cada revista no período de fevereiro a junho de 2012. Os textos foram analisados segundo o modelo proposto por Bronckart, isto é, a análise da arquitetura textual. O primeiro, composto pelo nível de análise textual, a infraestrututa geral do texto, é dividido, por sua vez, entre plano global do texto, tipos de discurso e sequências; o segundo nível é composto pelos mecanismos de textualização (conexão, coesão nominal e coesão verbal) e o terceiro, no qual estão presentes os mecanismos enunciativos. Entretanto, antes de analisar a arquitetura interna dos textos, faz-se necessário compreender a situação de ação de linguagem; dessa forma, as análises iniciam-se pelo contexto de produção dos textos. As conclusões parciais nos mostraram que, embora os temas culturais não sejam necessariamente polêmicos como ocorre em editoriais políticos, observamos mecanismos para torná-los objeto de discussão, como, por exemplo, uma grande utilização de questões a fim de problematizar o tema. Continuaremos as análises da arquitetura interna dos textos para, em seguida, elaborarmos a sequência didática que poderá ser aplicada aos alunos. Um estudo das falácias nos debates políticos televisivos Cleide Lucia da Cunha Rizério e Silva Doutorado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino Este trabalho trata de um dos conceitos propostos pela Teoria Pragmadialética da Argumentação (van Eemeren e Grootendorst: 1984, 1992, 2004) que diz respeito à Falácia, uma espécie de inobservância às Regras de Discussão Crítica. Estas fazem referência a um comportamento, ou ação, pelo qual os interlocutores são responsáveis. Cada tipo de Falácia pode ocorrer em um determinado estágio de Discussão Crítica, a qual corresponde a um modelo que apresenta estágios distintos analiticamente no processo de solucionar uma discussão: confrontação, abertura, argumentação e conclusão. Para a Pragmadialética, cada violação às regras da Discussão Crítica, que pode tornar a resolução da diferença de opinião mais difícil ou mesmo impossível, configura uma Falácia. Esse conceito amplia a concepção aristotélica que vê a Falácia como um argumento incorreto (falho) ou inválido. As violações são realizadas por 25 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas meio de atos de fala ou de atos de fala complexos, dos tipos assertivo, comissivo, diretivo, declarativo ou declarativo de uso. Além do embasamento na Teoria dos Atos de Fala, destacamos que a metodologia a ser utilizada constitui-se da observação das unidades de análise, representadas pelos turnos de fala dos participantes, de modo a quantificar e classificar a ocorrência de Falácias. O corpus a ser analisado refere-se a debates eleitorais exibidos pela mídia televisiva no ano de 2008, referentes às eleições à prefeitura da cidade São Paulo-SP, com a participação dos seguintes candidatos: Ivan Valente, Gilberto Kassab, Soninha Francine, Renato Reichmann, Marta Suplicy, Ciro Moura, Geraldo Alckmin, Paulo Maluf e José Paulo de Andrade. Fusão ou guerra entre o lírico e o épico em Invenção de Orfeu (e suas reescrituras) Daniel Glaydson Ribeiro Doutorado, PG Teoria Literária (DTLLC) Orientador: Prof. Dra. Maria Augusta Bernardes Fonseca Dando continuidade e aprofundamento à pesquisa sobre a poesia épica moderna, especificamente a americana dos sécs. XIX e XX, em sua necessária distinção com a lírica do período, o presente trabalho se concentra na obra Invenção de Orfeu, publicada em 1952 por Jorge de Lima. O empenho teórico em descobrir as balizas espaço temporais que, consciente ou inconscientemente, orientam o leitor no trato com os dois gêneros poéticos (entre o instantâneo afeto para ouvir o canto do espaço no tempo da linguagem lírica; ou aquele outro, distendido, que requer disposição para conhecer a narrativa do tempo no espaço da linguagem épica), levou-nos a um livro que propriamente encena este combate, na tormentosa dúvida entre a fusão ou a guerra (natura naturans e/ou natura naturata). Para dar conta de tão desdobrada Invenção, esta leitura se orienta: 1. Pela hermenêutica de Paul Ricœur (1983-85), na busca de articular a tríplice significação da obra: biografia, relato sobre a nação, tratado poético; e 2. Pela análise dialógica (Bakhtin, 2003), que nos permite vasculhar os enlaces anteriores e posteriores, isto é, desde aquilo que a obra interpreta, rasura e reescreve (sobretudo grandes epopeias do Ocidente, seja a partir de determinadas traduções ― a Eneida de Odorico Mendes, a Divina Comédia de J. P. Xavier Pinheiro, o Paraíso Perdido de Lima Leitão ―, seja a partir do original, como no caso de Os Lusíadas, que por sua vez é traduzido, no sentido da construção do comparável, do português a outro português), mas também daquilo que a interpreta, rasura e reescreve, dando fôlego à vida do texto (tanto a Lavoura arcaica de Raduan Nassar quanto o desfile de carnaval da Unidos de Vila Isabel em 1976, entre outros). O gênero resenha crítica no Ensino Médio: lendo, analisando e produzindo Danielle Capriolli Costa Silva Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Norma Seltzer Goldstein Tendo por base a noção de gênero do discurso postulada por Bakhtin (1953), retomada por Bronckart (1997) e observando que a relação ensino-aprendizagem de leitura e produção textual necessita de uma concepção sociointeracionista da linguagem, o presente trabalho aborda o relato de uma experiência que busca aplicar as reflexões acerca do gênero discursivo resenha 26 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas crítica e o uso da linguagem a partir de uma sequência didática teorizada por Dolz e Schneuwly (2004). A abordagem do gênero resenha foi feita por dois motivos: com tal gênero, o aluno contempla as capacidades de leitura, análise e produção textual; também porque a proposta envolveu um trabalho interdisciplinar entre História, Artes e Língua, dado que a 1ª série do Ensino Médio deveria criar um “Diário Cultural”, no qual publicaria resenhas acerca de exposições, obras literárias, peças teatrais e filmes. Um dos principais objetivos desse trabalho seria a ampliação do vocabulário e do repertório dos alunos, assim como a abordagem dos diferentes tipos de textos, com variados contextos. A exposição ao gênero resenha, utilizada não apenas no espaço escolar, mas também no espaço acadêmico, pode ser considerado mais um motivo para a escolha do gênero. A estratégia para o ensino de resenha foi uma sequência didática que incluiu análises das obras A Metamorfose, de Franz Kafka e o conto Pai conta Mãe, de Machado de Assis, além de filmes. Também tiveram acesso a textos não-literários, como artigos de opinião, notícias e reportagens. Em cada módulo trabalhado, um plano mínimo era destacado. Um deles foi a aproximação entre leitor e autor, ou seja, como estabelecer um contato com quem lê a resenha. Os alunos devem se ver como agentes do seu texto, como postula Bazerman (2006). Escritas e reescritas também foram essenciais. Quem é a cinderela dos quadrinhos? Elaine Hernandez De Souza Doutorado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Maria Inês Batista Campos Os quadrinhos lidam com reproduções facilmente reconhecíveisda vida humana, com experiências presumidamente armazenadas na memória do leitor, de que autor e leitor compartilhem dos mesmos conhecimentos prévios (Eisner, 2008). O compartilhamento dessas experiências, por sua vez, não se restringe ao âmbito temático, abarca a linguagem na e pela qual esses textos gráficos se realizam, entram em uso, de modo que sua materialidade verbo- visual (os quadros, balões, legendas, imagens de personagens, objetos e espaços, elementos lexicais, traços e fontes, cores, entre outros), os espaços que esses textos compõem (caderno de entretenimento ou seção de opinião do jornal, revistas em quadrinhos, livro de compilação, livro didático etc.), bem como sua esfera de circulação, são elementos que constroem sentido na interação entre os interlocutores. Buscando compreender alguns dos sentidos que se instauram na e pela linguagem dos quadrinhos, selecionamos, para esta análise, três tiras jornalísticas criadas pelo cartunista brasileiro Fernando Gonsales, que, publicadas na Folha de S. Paulo entre os anos de 2004 e 2006, recuperam o conto maravilhoso Cinderela. Amplamente conhecido na contemporaneidade, esse conto é um recorte do material folclórico recolhido da tradição oral pelos filólogos e folcloristas Jacob (1785-1863) e Wilheilm (1786-1859) Grimm entre os anos de 1812 e 1822. Esta análise está fundamentada no conceito de enunciado concreto, como a “unidade real na comunicação discursiva” ([1951-53] 2003, p. 274), encontrado no conjunto do pensamento de Bakhtin e o Círculo, principalmente nas obras O método formal nos estudos literários de Bakhtin/Medvedev, (1928), Marxismo e filosofia da linguagem de Bakhtin/Volochinov (1929) e no ensaio Os gêneros do discurso de Bakhtin (1951-1953). Com esta reflexão, esperamos avançar na compreensão dos novos sentidos que se estabelecem quando uma narrativa de tempos remotos – como é o caso de Cinderela – é submetida às especificidades da linguagem dos quadrinhos. 27 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas A construção da imagem política e os traços culturais presentes em reportagens de periódicos brasileiros e alemães Ellen Barros De Souza Mestrado, PG Língua e Literatura Alemã (DLM) Orientador: Prof. Dra. Selma Martins Meireles Esta comunicação tem por objetivo apresentar um resumo do estágio atual da pesquisa de mestrado iniciada em 2011, a qual investiga a construção das imagens políticas de duas então candidatas aos principais cargos executivos de Brasil e Alemanha, a saber, Dilma Rousseff e Angela Merkel, projetadas pelas reportagens das revistas semanais Época e Focus. A finalidade da investigação é observar se as estratégias discursivo-argumentativas utilizadas atuam de modo diverso ou semelhante no sentido de construir as referidas imagens das políticas, além de estabelecer comparações interculturais de ambos os discursos proferidos. Um dos pilares da prática jornalística é fundamentar sua atividade em prol da transparência e da verdade em relação ao “real” por ela mostrado. Logo, ela se utiliza de recursos que dão o tom da realidade ou supõem que o real é aquilo que é mostrado por ela. Contudo, o padrão jornalístico preza pela imparcialidade e objetividade, porém não é o que mostram as análises das reportagens selecionadas para este trabalho. Por estabelecer a circulação de dizeres e saberes, acreditamos que a mídia (neste caso, a imprensa escrita) funciona como importante criadora e divulgadora de imagens, sendo elas positivas e negativas. Ao mesmo tempo que os veículos de comunicação podem agir na criação e divulgação das imagens, eles podem reforçar aquelas já existentes ou reformulá-las, na tentativa de trazer ao público uma nova imagem, diversa da anterior. A fim de cumprir esses objetivos, baseamos nosso aporte teórico nos trabalhos de Charaudeau (2007, 2008), Perelman & Olbrechts-Tyteca (2005 [1958]) e Amossy (2008), além de estudos das áreas de interculturalidade e linguística textual. Como metodologia, aplicamos o modelo proposto por Charaudeau (2008), que consiste em elencar os tipos de imagem projetada pelo discurso por meio de seu contexto de produção e recepção. A construção do ethos em um gênero de discurso: o sermão Emilson José Bento Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Lineide do Lago Salvador Mosca Esta pesquisa tem por objetivo analisar o processo de construção dos ethé de credibilidade no gênero discursivo sermão. Nosso corpus é formado por trinta e oito sermões de Agostinho de Hipona, expressões de sua controvérsia com o donatismo. Esta controvérsia participa do processo de constituição de dogmas no discurso religioso católico. Conforme Maingueneau (2000), esta peculiar legitimação do discurso configura e afeta o ethos do enunciador (pregador), que se investe de uma identidade e autoridade manifestadas no discurso e capazes de dar sentido às práticas de uma coletividade. Surge então, como afirma Amossy (2011), um ethos institucional: a eficácia do enunciado não depende do que ele enuncia, mas daquele que a enuncia e do poder do qual ele está investido aos olhos do auditório. Além disso, o enunciador (pregador) exerce o papel de mediador autorizado da palavra revelada, assumindo um ethos “inspirado”, como fiador do sentido autorizado pela Tradição. Por fim, estando o ethos 28 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas crucialmente ligado ao ato de enunciação, não se pode ignorar que o público constrói também representações do ethos do enunciador antes mesmo que ele fale, o que poderia estabelecer uma distinção entre ethos discursivo e ethos pré-discursivo. Sem deixar de considerar que o ethos é praticamente a mais importante das três provas engendradas pelo discurso, conforme a Retórica de Aristóteles, sendo ele propriamente “ethos discursivo” na Análise do Discurso, interrogamos a pertinência dos conceitos ethos projetivo, utilizado por Meyer (2007), ethos institucional e ethos inspirado na análise do discurso religioso. Os fundamentos teóricos e metodológicos utilizados nesta pesquisa tem como base a obra de Maingueneau (1987, 2002, 2005) no que se refere à análise de discursos constituintes e à sua preocupação em integrar o ethos retórico à Análise do Discurso (AD) e de Patrick Charaudeau (2006, 2010). Ao considerarmos o ethos na perspectiva da retórica clássica, partimos dos postulados de Aristóteles e das neo-retóricas, abrangendo os estudos de Perelman, Olbrechts-Tyteca, Meyer, Plantin e Mosca. Da escrita para a fala e da fala para a escrita: caminhos da retextualização Fabiane de Oliveira Alves Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dr. Hudinilson Urbano A pesquisa que se desenvolve tem como propósito primeiro contribuir para o estudo da oralidade e escrita no que tange à transposição do meio oral para o escrito e vice-versa. Embora apresentem tipicidades que as caracterizam no sentido estrito, oralidade e escrita não devem ser alocadas em extremos incomunicáveis. Ao invés de dicotomias, tais modalidades constituem um continuum cujas características misturam-se, fundem-se (e até mesmo confundem-se), à medida que a língua passa a ser observada em uso, conforme constatou Wulf Oesterreicher (1996). Partindo desse pressuposto, pretende-se, por meio de fundamentos teóricos, elencar tópicos que caracterizam oralidade e escrita para então verificar-se o trânsito entre um e outro modo de expressão em exercícios de aplicação de retextualização da escrita para a fala e o inverso. No momento, a pesquisa, após levantamento inicial da literatura que trata do assunto, encontra-se em fase de aplicação e verificação das teorias. Para isso, estão sendo utilizados documentos selecionados para o corpus do estudo: ata, relatoria escritae áudio de sessão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal do ABC - com a devida autorização do Gabinete da Reitoria da UFABC. De modo preliminar, foi possível inferir que existe uma tendência à proximidade entre realizações cujo meio têm mesma origem. Contudo, nota-se que o produto final, a ata, é uma construção que traz para o texto, não apenas a reprodução daquilo que foi oral, mas também elementos extralinguísticos, ainda que se busque certo grau de neutralidade. Diversos autores integram as referências, mas três são os que formam o suporte teórico principal: Luiz Antônio Marcuschi, Dino Preti e Hudinilson Urbano, expoentes no estudo do par “fala/escrita” (“oralidade/escrituralidade”) e diretamente ligados à linha de investigação que se tem seguido, portanto, intimamente afetos ao tema da pesquisa. Das orientações oficiais à sala de aula: análise de relatos da experiência de elaboração de livro didático no estado do Paraná 29 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Flavia Fazion Mestrado, PG Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês (DLM) Orientador: Prof. Dra. Eliane Gouvêa Lousada Nesta comunicação, apresentaremos parte de uma dissertação de mestrado que visa a estudar o posicionamento de professores de francês da rede estadual do Paraná diante das orientações para seu trabalho, bem como a percepção que eles têm de seu agir profissional e o papel que o ensino com gêneros textuais pode desempenhar em sua atividade de trabalho, no contexto do processo de elaboração de livros didáticos públicos a serem utilizados nos centros de línguas estrangeiras modernas no estado por um grupo de professores. Para tanto, além de analisarmos as orientações oficiais para a elaboração do referido material, solicitamos aos professores- elaboradores relatos pessoais sobre a experiência de participar do processo de elaboração e, após a filmagem de suas aulas, realizamos entrevistas baseadas na visualização dessas, a fim de proporcionar ao professor a ocasião de reviver a experiência vivida sob um novo ponto de vista (Clot, 2001). Para analisar os textos assim produzidos, seguimos o modelo de análise textual do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart 2008): levantamento do contexto de produção em seus aspectos sociossubjetivos e físicos, estudo da infraestrutura geral do texto (plano global dos conteúdos temáticos, tipos de discurso e sequências textuais), mecanismos de textualização (conexão, coesão nominal e verbal) e de enunciação (vozes e modalizações). Nesta comunicação, especificamente, apresentaremos as análises de relatos produzidos pelos professores, procurando evidenciar a percepção que eles têm do processo de elaboração de material didático do qual participaram. Apresentaremos, inicialmente, o contexto em que esta pesquisa é desenvolvida; em seguida, explicitaremos os referenciais teóricos que a embasam e, finalmente, mostraremos as análises realizadas até o momento. Estratégias argumentativas no gênero tweet Gabriela Dioguardi Mestrado, Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino Este trabalho consiste na descrição e análise de estratégias argumentativas em tweets, gênero textual elaborado em até 140 caracteres e típico do Twitter, ambiente virtual de participação social intensa de trocas de informações e opiniões. Busca-se compreender como se efetiva e pode ser tipificado esse texto, bem como observar quais estratégias são utilizadas em sua produção. A partir de um repertório linguístico específico do ambiente no qual o gênero está circunscrito, mecanismos de textualização e enunciação de gêneros digitais e não-digitais, além de organizadores textuais, assumem-se também como estratégias durante a atividade discursiva para que processamento cognitivo se realize com agilidade e facilidade. Deste modo, os tempos verbais; os operadores e modalizadores; a mesclagem de vozes; os emoticons; as hashtags; os RTs; as onomatopeias e a utilização de letras maiúsculas, mostram-se marcas linguísticas de valor argumentativo dos enunciados e ferramentas importantes na identificação de uma tipologia textual. Para tal, o embasamento teórico faz-se segundo as teorias da Argumentação de Perelman e Olbrechts-Tyteca [1958 (2002)] e da Linguística Textual em sua perspectiva sóciocognitiva-interacionista, destacando-se os trabalhos de Marcuschi (2002, 2010) acerca da 30 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas tipificação textual e, com base nos postulados bakhtinianos, da constituição e transmutação de gêneros digitais; e de Koch (2000, 2002), no que concerne às estratégias argumentativas na macrossintaxe discursiva. Assim, por meio das escolhas e organização textual dos mecanismos de textualização e enunciação, o trabalho procurou analisar o valor argumentativo dos enunciados e seus encadeamentos que se organizam no sentido de conduzir o interlocutor a uma conclusão, fundamentando-se em indicativos de relações e atitudes do locutor que, em função da necessidade de uma economia de escrita, circunscrevem o “querer-dizer” do sujeito à determinada dimensão estética. Formação continuada de professores de inglês: global x local Inês Confuorto Doutorado, PG Estudos Linguísticos e Literários em Inglês (DLM) Orientador: Prof. Dra. Marisa Grigoletto Este trabalho objetiva discutir e refletir sobre a formação continuada de professores de inglês. Em uma sociedade, e consequentemente escola, que vivencia mudanças constantes (Castells, 2006), em uma nova sociedade digital (Cope & Kalantzis, 2000), em que o conhecimento não é mais hierarquizado, a formação continuada é uma realidade que não pode mais ser desprezada. Em se tratando do ensino e aprendizagem de inglês, essa formação exige uma atuação crítica (Monte Mór, 2011): a escola pública é local de aprendizagem de inglês? O debate é antigo, mas não esgotado. Novas teorias e tecnologias surgem, mas um antigo problema ainda persiste: como lidar com uma política de ensino cujo círculo completo, ou seja, a formulação de uma agenda, sua implementação e implantação e, ainda, sua avaliação, considerando a formação e a contínua capacitação docente, ações centrais desse ciclo, não se efetiva? Por política de ensino, refiro-me a documentos oficiais para o ensino de inglês, publicados pelos governos de diferentes esferas (federal, estadual e municipal). Detenho-me em documentos federais, cujo escopo é atingir todo o território nacional, sem considerar as diversidades locais, que são inúmeras. É neste contexto que trago a reflexão sobre a formação continuada de professores de inglês, defendendo uma formação mais local, sem, obviamente, descartar a global. Assim, relato sobre uma pesquisa de doutorado em andamento, em que se propõe uma parceria entre uma universidade e uma diretoria de ensino, ambas situadas na zona leste de São Paulo, para a formação de um grupo de estudos com professores de inglês do ensino básico. Essa formação concentra-se numa esfera local, considerando-se seus saberes, suas necessidades, em um contexto de formação crítica, com a discussão, capacitação, reflexão sobre os documentos oficiais, novas teorias e práticas, bem como com a possibilidade de estudos avaliativos, necessários ao fechamento de qualquer política educacional. As relações sociodialógicas na esfera político cultural brasileira: os gêneros do discurso e as esferas de influência recíproca 31 Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Inti Anny Queiroz Mestrado, PG Filologia e Língua Portuguesa (DLCV) Orientador: Prof. Dra. Sheila Vieira de Camargo Grillo O objetivo deste estudo é apresentar o estágio atual
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