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Fichamento "implicação do analista"

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Fichamento do “A implicação do lugar de analista no destino do processo analítico” de Sissi Castiel e Carolina Falcão
“Se não nos cabe dúvida de que a psicanálise foi, e continua sendo, a prática clínica capaz de transformar o sofrimento humano, de que forma ela impedindo sua própria vigência quando resiste a si mesma? Estariam os próprios psicanalistas de hoje resistindo à análise? A afirmativa de Derrida introduz a questão do lugar do analista na clínica, no sentido do que caberia ao psicanalista para que cada sessão tivesse efetivamente um caráter revolucionário.”
“Na clínica, por meio da interpretação, seria possível realizar o deciframento do inconsciente, de maneira a revelar ao sujeito a verdade e o sentido do seu desejo. Neste procedimento técnico, a interpretação apresentava um modelo tópico.”
“A concepção da ética que perpassa essa concepção da técnica é a de que seria necessária uma renúncia ao desejo por parte do sujeito, na medida em que a satisfação deste colocaria em risco a sua conservação. Portanto, o objetivo da técnica analítica relacionava-se ao deciframento das verdades inconscientes para que pelo uso da razão o sujeito pudesse renunciar a elas. Nesse processo, então, estavam em evidência o ego, a razão e a renúncia.”
“Que lugar ocupa o analista dentro dessa concepção técnica? O de intérprete de uma verdade que está inconsciente, e, nesse sentido, o analista contaria com o ego do paciente como aliado para decifrar tais verdades. O lugar de analista teria relação com uma posição intelectual diante do paciente: aquele que saberia decifrar as verdades do sujeito.”
“(...) Desta forma, as patologias psíquicas se expressariam na clínica, sobretudo, pela repetição e no marco da relação analítica acharão sua possibilidade de resolução. Repetem-se fragmentos do édipo organizados sob o signo da neurose de transferência. Esta repetição permite a expressão da neurose histórica como potência atual.”
“(...) Em outras palavras, poderia o analista contar com o ego no intento de recuperar a representação recalcada, uma vez que este é parte interessada na repetição? Assim, fica questionado o ego como lugar de retificação das fantasias sexuais. Desde o ponto de vista terapêutico, de nada serviria o conhecimento pelo ego da representação recalcada, na medida em que este se encontra implicado neste processo.”
“A irrupção pulsional seria justamente o que obrigaria o sujeito a ter de realizar um trabalho sobre as excitações para que fosse possível dominar a força da pulsão como irrupção. Assim, seria preciso um campo de objetos por meio dos quais existisse a satisfação e, a partir disto, a inscrição destas experiências em um campo de representações.”
“Se não é possível contar com o ego como aliado na tentativa de recuperar a representação recalcada, e se o analista pode se constituir em um objeto para a pulsão, isto quer dizer que o que se repete na análise é o circuito pulsional. Dessa forma, os representantes pulsionais podem se tornar conhecidos, pela experiência intersubjetiva com o analista. Isto implica dizer que o analista interpreta as vicissitudes desta neurose histórica feita neurose de transferência em sua relação com o complexo de castração.”
“Descreve as repetições que se estabelecem como uma compulsão, ou seja, se repetem experiências do passado que não tem nenhuma ligação com o desejo de prazer e que não foram representadas. A experiência analítica passa, então, a suceder-se cada vez mais a partir do automatismo da repetição, o que consistiria a neurose de transferência. Seu propósito passa a ser o de colocar a compulsão à repetição no eixo da transferência, buscando, deste modo, a sua simbolização.”
“O campo da análise, então, refere-se à dialética entre a força pulsional e sua simbolização, de modo que a condição de possibilidade da segunda está dada pela transferência. A experiência analítica passa a ser, cada vez mais, uma experiência intersubjetiva. Assim, o ‘outro-analista’ é quem possibilitará a simbolização do repetido.”

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