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1 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre Deontologia e Ética médica Medicina – 8º semestre 2 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre INTRODUÇÃO Importante saber sobre a intensa vulnerabilidade do casal infértil. Lembrar que do ponto de vista conceitual técnico dos reprodutólogos o conceito do CASAL ser infértil, antigamente se falava de esterilidade e procurava-se quem era o culpado, se a esterilidade era feminina ou masculina. Hoje temos o conceito de infertilidade que é sempre o CASAL que é infértil. Inclusive temos situações em que os dois são férteis, quer dizer, ele procriaria facilmente com outra mulher e ela procriaria facilmente com outro homem, mas o problema é quando eles estão juntos e aí não combina alguma coisa imunológica, alguma coisa de antígeno de superfície. O casal infértil é um casal extremamente vulnerável, constrangido, principalmente pelas pessoas mais íntimas e isso vai minando o casal e começa uma cobrança recíproca, a mulher acha que o problema é do lado do homem e o homem acha que é do lado da mulher. Bom, o fato é que de forma antropológica e sociologicamente falando é um problema agudo da nossa época porque tem havido uma redução da fecundidade, uma redução do número de filhos por mulheres em idade fértil, as famílias estão menores e as mulheres estão no mercado de trabalho buscando escolarização mais completa, formações mais cumpridas. Para a mulher esse fator fertilizante é sempre pior porque o homem faz espermatogênese até os 60 anos e de forma eficiente até mesmo pelos medicamentos que hoje são dados para disfunção erétil, já a mulher faz o ciclo, ou seja, ela não fica fértil todos os dias do mês, ela só fica fértil ao longo de 5 a 7 dias a cada mês e mesmo que ela esteja tomando o anovulatório vão entrando em atresia os folículos ovarianos, o lote deles perece, chega no prazo de validade aos 35 anos. Os folículos são mais velhos do que a idade da mulher, eles são contados desde a época em que a mulher está na barriga da mãe e todo mês se joga uma quantidade fora. Então, a partir dos 35 anos os obstetras chamam as mulheres de gestante idosa. Do ponto de vista de reprodução a mulher é idosa aos 35 anos. Então, na hora em que a mulher, biologicamente falando, deveria estar casando, procriando, amamentando, o corpo na flor da idade, a mulher não quis, quis ficar estudando. Agora a mulher já tem diploma, já tem renda própria, casa própria, veículo próprio e aí sente vontade de ser mãe, porém o corpo já “diz” “estou fora”, “meu tempo já passou”. Então, há essa dissintonia entre o social e o biológico. A biologia diz que o ponto ótimo para se engravidar é dos 20 aos 30, estourando até o 35. O tempo de formação profissional, de garimpar renda, de se colocar na sociedade, no mercado de trabalho, consome exatamente essa etapa e se você tiver filho antes de qualquer maneira é claro que você o ama, mas ele “atrapalha” a vida porque ele puxa uma atenção, um tempo, investimento, energia que você não consegue colocar no trabalho. É bom que vocês tenham em mente que um casal infértil é um casal pressionado de todos os lados, é um casal constrangido, humilhado, e aquele momento de intimidade sexual que era pra ser aquele momento de carinho, de prazer, de relaxamento, vira uma corrida de desempenho. Existem muitos casos que relatam que o filho só vai pro útero quando sai da cabeça, ou seja, quando relaxou, quando aquilo deixou de ser uma demanda. Então, o leito conjugal é pra ser um local de paz, de carinho, de intimidade e o filho é um fruto disso. Não se deve ficar pensando que “tem que comparecer”, “tem que ter ejaculação”, porque a catecolamina não combina com isso, catecolamina combina com a ejaculação, mas antes disso, para ter ereção precisa ter acetilcolina. O ato sexual é colinérgico, é parassimpático, só é simpático no final – falando especificamente do homem – que é na hora da ejaculação, mas o que precisa pra ereção é acetilcolina que é tranquilidade, é paz. Sabendo como isso é importante e existe a demanda social, a infertilidade é uma coisa comum, é uma coisa incidente, logo, existe uma demanda que muitas pessoas têm. Sendo assim, imagina-se que existam muitas normas falando sobre isso; essa é a expectativa: uma coisa que acontece com muita gente, que tem um custo financeiro elevado, muita Fertilização In Vitro (FIV) 3 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre tecnologia investida, fora um custo social relevante (em termos de sofrimento, demanda, pessoas machucadas). Entretanto, não existe nenhuma lei, nenhum decreto presidencial, nada que diga a respeito de infertilidade, reprodução assistida, técnicas para ajudar os casais a procriar ... O Congresso Nacional não se deu o trabalho de criar uma lei sobre reprodução assistida; é um vazio legislativo. A Presidência da República também não fez nenhum decreto sobre. A primeira bebê de proveta foi Louise Brown em 1978 na Inglaterra, e esse tempo todo já passou e nenhuma lei foi criada no Brasil. Também não tem nenhuma portaria do Ministério da Saúde. Existe Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA, mas é só sobre a parte sanitária, sobre a parte laboratorial; critérios de biossegurança, temperatura do nitrogênio líquido, esse tipo de informação. Essa parte laboratorial às vezes nem é o médico que faz, é mais o biólogo. Não tem lei, não tem decreto, não tem portaria ministerial, e a resolução da diretoria colegiada da ANVISA é mais para os biólogos do que para os médicos e pacientes. Dessa forma, só existe UMA resolução do CFM. O CFM – que tem a função de regular os médicos. A lei 3268 de 1957, que cria os conselhos de medicina, diz que os conselhos devem fiscalizar, julgar e disciplinar – na parte de disciplinar, tem o poder de emanar normas, ele pode criar resoluções. Essas resoluções dizem o que pode ou não fazer. Foi usando esse poder de fazer normas que o CFM tem feito uma norma atrás da outra sobre reprodução assistida, exercendo o seu poder disciplinador. [portal.cfm.org.br → Serviços para o Cidadão → Normas do CFM/CRMs → Resoluções (resolução é aquele tipo de norma imperativa; não é um parecer, não é uma recomendação, não é uma opinião técnica, é como se fosse uma lei: todo médico tem que cumprir o que está na resolução) → CFM → Assunto: reprodução assistida → buscar]. Pensando de trás para frente, a norma mais recente é de 2021. É a resolução 2294/2021: Observa-se que essa resolução teve o cuidado de revogar a resolução de 2017, a 2168. Essa resolução durou cerca de 4 anos, mas o CFM sentiu a necessidade de mudar. Se for seguir olhando as outras resoluções, teve a 2283/2020, que manteve a 2168/2017, mas fez uma pequena alteração, ou seja, essa resolução de 2017 durou até 2021 de certa forma, pois ela durou, mas precisou ser alterada no meio do caminho (em 2020). Essa resolução 2168/2017 quando foi feita, revogou uma outra resolução, de 2015: Percebe-se que o CFM mexe bastante nesse tema. Por um lado, o Congresso Nacional, a Presidência da República, o Ministério da Saúde não mexe nesse tema; a ANVISA só participa na parte biológica, mas o CFM é uma “barata tonta”, toda hora mexendo nessas resoluções, sempre revisando. A norma dura de 2 a 4 anos e acaba sendo alterada. E não são alterações pequenas, pois se fosse algo simples, só fazia alterar. Mas, o CFM revoga e reescreve, quer dizer que houve mudanças grandes. É importante salientar que a resolução atual (2294/2021) quando nós estivermos formados em 2023, já pode ter sido substituída, por isso que é importante saber procurar essas resoluções no site do CFM. Essa norma é bastante recente, feitaem junho de 2021. A diferença entre a resolução de 2021 para a de 2017 é que mudou o número máximo de embriões transferidos. Antes podia ser até 2, ou até 3, ou até 4 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre 4, conforme a idade da mulher. Então, quanto mais velha a mulher, menor a chance de sucesso; por isso, o CFM era mais generoso, deixava implantar mais embriões para ver se vingava pensando da seguinte forma “como essa mulher já está mais velha, vamos deixar colocar logo 4 para ver se fica ao menos 1”. Entretanto, as técnicas biológicas estão ficando cada vez mais refinadas; a taxa de sucesso está melhorando, sendo que era muito arriscado colocar os 4 e vingar os 4. Existem vários “Considerandos” nessa nova resolução, sendo que uma merece destaque: CONSIDERANDO que o pleno do Supremo Tribunal Federal, na sessão de julgamento de 5 de maio de 2011, ao julgar a ADI 4.277 e a ADPF 132, reconheceu e qualificou como entidade familiar a união estável homoafetiva. Então, a partir do momento que o STF reconhece que a união de dois homens ou duas mulheres que podem querer ter filhos é uma entidade familiar, não se pode ter uma resolução do CFM impedindo essas pessoas em união estável homoafetiva de procriar. Elas podem não querer adotar uma criança; elas podem ter o desejo de ter uma criança com algum laço biológico, genético. Não vai ser possível ter de ambos, mas geralmente se pega uma doação de um oócito em um banco anônimo, fertiliza com o sêmen dos dois homens que são um casal homoafetivo; biologicamente vai ter um embrião filho de um homem e outro embrião filho do outro parceiro. Eles vão ser gestados em uma barriga de aluguel – o nome correto é doação uterina ou útero de substituição – e essas duas crianças, biologicamente falando, uma vai ser filho de um, enquanto a outra vai ser filha do outro. Porém, do ponto de vista social, a criança vai ser registrada como sendo dos dois. Sendo duas mulheres, vai usar o banco de sêmen de um doador também anônimo, fertilizando – talvez – um óvulo de uma e o óvulo de outra, vendo a barriga de quem, sendo que isso vai ser com elas, quem elas acharem mais adequado. PRINCÍPIOS GERAIS Primeiramente, essas técnicas de reprodução assistida (RA) têm o papel de auxiliar no processo de procriação. Ou seja, se o indivíduo consegue procriar por meios naturais, não tem porquê usar dessas técnicas. Não é uma frivolidade, é quando o processo de procriação necessita desse auxílio. Essas técnicas podem ser usadas na doação de oócitos e na preservação de gametas, embriões e tecidos germinativos por razões médicas e não médicas. Uma boa razão médica é câncer, quando a pessoa vai usar uma quimioterapia que pode alterar o genoma da célula germinativa, ou pode inutilizar essas células germinativas. Sendo assim, preserva-se o oócito ou o sêmen já que a pessoa vai passar por um tratamento que vai ser nocivo para a fertilidade. Uma razão não médica é um dos dois vai trabalhar em outro país, vai ficar muito tempo longe, sendo previsto uma demora tal que pode não conseguir procriar na volta, congelando aquele oócito antes que ele envelheça. As técnicas de RA podem ser utilizadas desde que exista possibilidade de sucesso e baixa probabilidade de risco grave à saúde do(a) paciente ou do possível descendente. Não é para enganar a pessoa, não é para dar falsas esperanças quando a taxa de sucesso é ínfima e improvável. Além disso, só é feito quando a possibilidade de risco à saúde é pequena, não colocando a integridade da pessoa em risco. A idade máxima é 50 anos. Já foi 40 anos. Isso mudou porque muitas mulheres acima de 40 anos estavam entrando na justiça contra o CFM e conseguindo uma decisão judicial para permitir fazer a técnica de reprodução com 42, 43, 44 anos. Por isso, o CFM cansou de perder na justiça e expandiu para 50 anos. Outra coisa que vale a pena destacar, quando se passava no limite da resolução, às vezes era um caso de se pedir autorização para o CFM, ou seja, imaginando que o limite é 40 anos e a mulher tinha mais de 40 anos, era necessário entrar com um processo no CFM lá em Brasília pedindo para abrir uma exceção no caso dela, explicando porque ela precisava ser excepcionada. Com a nova resolução, isso caiu; existe uma idade máxima que é 50 anos e só é necessário que o médico esclareça qual é o problema e que coloque no prontuário, não precisando mais pedir a “benção” no CFM. Em casos que a mulher tenha 51 anos e queira fazer, não precisa pedir para o CFM mais, só precisa constar no 5 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre prontuário que houve um processo de consentimento, que o médico deixou bem claro que “com 51 anos tem X problemas” .... Logo, duas coisas mudaram: a idade foi para 50 anos e a exceção a idade não precisa mais ser analisada pelo CFM. O consentimento livre e esclarecido é obrigatório, precisando ter um formulário específico e ele precisa endereçar questões biológicas, jurídicas e éticas. Dessa forma, esse processo de consentimento livre e esclarecido é multidisciplinar, não é só do médico, tem que ter participação de advogado, enfermeiro, biólogo ... Às vezes parece até que está tentando convencer o casal a não fazer, chegando até a ser trágico. Lembrando que uma clínica de reprodução assistida não é um negócio barato. Então, para esse investimento ter retorno, é necessário ter cliente. Em Salvador, sendo a 4ª maior capital do Brasil, só existem 3 serviços de reprodução assistida: Clínica Gênese, no Caminho das Árvores (a mais velha de todas), Cenafert, em Ondina, e a IVI, na Paulo VI. São clínicas grandes, com pessoas muito estudiosas e atualizadas. Vale lembrar que a Dra. Karina Adami está à frente da reprodução assistida do Hospital das Clínicas da UFBA, ajudando pessoas que não tem condições de pagar (visto que o HC é SUS). Então, são clínicas caras e que precisam ter clientes, porém precisam durante o processo de consentimento livre e esclarecimento é praticamente como se quisesse que a pessoa desistisse do processo. Não pode fazer técnica de reprodução assistida para fazer sexagem. Só é quando se tem uma doença associada ao X, porque nessas doenças, a mulher não tem, já que ela tem dois X, então ela pega o X bom e usa para fazer transcrição e tradução e síntese proteica e pega o X ruim e deixa enovelado, deixa hipercondesado na cromatina sexual de BAAR, mas o homem não pode fazer isso. Então, quando é uma doença associada ao X, se nascer menino vai se dar mal e muitas vezes vai ser até incompatível com a vida, então, aí pode ser feita sexagem, pode forçar a barra para nascer menina para não ser uma pessoa doente. É a única situação em que se pode fazer sexagem. Também não pode querer qualquer outra finalidade, como por exemplo, querer que tenha olho azul, cabelo liso, ser alto. E o número de embriões, pode ser até 2 se a mulher tiver 37, de 37 em diante, pode ser até 3, mas não pode colocar 4. Se colocou 2 ou 3 e vingou tudo, não pode fazer redução embrionária, seria injetar salina em 1 ou 2 embriões, matar, provocar o aborto daquele embrião para aumentar a chance de sobrevivência dos outros, antigamente era assim, as técnicas eram mais grosseiras, as taxas de sucesso eram bem menores, então as pessoas davam um tiro de canhão para dar certo e de vez em quando dava certo demais, aumentando o risco de abortamento, parto prematuro, botar tudo a perder, podendo matar alguns para aumentar a chance de sucesso dos outros. No Brasil não pode fazer nada disso. O sucesso biológico tem aumentado bastante, as técnicas tem ficado muito mais eficazes, todos podem usar, não importa se é hétero, homo, transgênero. No caso da união homoafetiva feminina é possível fazera gestação compartilhada, ou seja, uma dá o óocito e a outra o útero, é uma maneira das duas se sentirem mãe, uma é mãe porque o patrimônio genético da criança é dela, então vai ter a aparência dela, o nariz dela, porque é o sêmen de um estranho com o material genético dela, é filho da outra mãe porque ela gestou, foi de dentro dela que saiu, ela que amamentou, isso que se chama de gestação compartilhada (só é possível entre mulheres). Esse capítulo sobre as clinicas informa que deve ter um diretor técnico, a responsabilidade pelo descarte, pelo prontuário, de não transmitir doença, de usar várias técnicas, então, nem todo mundo precisa de fertilização em vitro, para algumas pessoas basta uma inseminação artificial. Imaginemos um homem oligoespérmico, então, o problema está na espermatogênese, ele produz pouco espermatozoide, e vai ser feito um processo de 6 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre concentração, para o sêmen ter mais espermatozoide e já vai coloca-los dentro do útero, numa cópula natural, um homem ejacula na vagina e o sêmen fica no fórnice vaginal, na deflexão da mucosa vaginal, dentro do colo do útero, e aí os flagelados, devem fazer a corrida, eles que achem o caminho do orifício externo, do orifício interno, passe pela endocérvice, chegue no endométrio, chegar na tuba e talvez ter a chance de encontrar um óocito esperando por ele, e ai usa o acrossomo para conseguir dissolver o ácido hialurônico com a hialuronidase, a fim de conseguir o grande prêmio, é uma seleção. Precisamos às vezes de apenas uma inseminação artificial, fez a concentração, o enriquecimento do sêmen, jogou já lá no fundo do útero, perto do óstio da tuba e jogou bem na época em que se sabia que a mulher tinha um oócito, ou porque estava no período fértil ou porque usou citrato de clomifeno (estimulador de ovulação) e aí aumenta a chance de ter a procriação. Então nem sempre a receita é FIV que hoje em dia é feita com ICSI (injeção intra citoplasmática de esperma), então são microagulhas, microcânulas de vidro e através do microscópio é vista o oócito (gameta grande), vê a microagulha de vidro furando a membrana do o oócito e injetando um espermatozóide no citoplasma, isso que é ICSI, uma coisa muito mais pura, tecnológica, sintonia fina do que a de Luise Brawn em 1978. A doação de gametas (sêmen e o oócito) não pode ser remunerada, nos EUA remunera. Um doador não pode conhecer a identidade do receptor e vice-versa, a não ser que seja uma doação dentro da família, no caso da reprodução o útero de aluguel. O homem pode doar sêmen até 45 anos e para a mulher, o oócito pode ser doado até 37 anos. Deve ser mantido o sigilo, em situações muito escolhidas pode ver se há compatibilidade para doar medula óssea, ver o HLA, sistema principal de histocompatibilidade e deve ter registro, guardar tudo arquivado sobre a identidade dessas pessoas. Não pode usar o material de uma pessoa para fazer mais de dois nascimentos de crianças de sexos diferentes por cada área de 1 milhão de habitantes, isso é para evitar que um irmão e uma irmã biológicos, criados em famílias diferentes, acabem virando parceiros sexuais, o tabu do incesto. Uma clínica de reprodução assistida, então, só pode usar o material para fazer várias meninas ou vários meninos. Quem trabalha na clínica não pode ser doador. Existem as maneiras de escolher pelas características gerais do doador ou da doadora (idade, estatura, peso, cor da pele, textura do cabelo, formato do nariz), porque, se quer fazer reprodução assistida, se quer um descendente parecido com a pessoa. A criopreservação é cara, tem que ter limite para criopreservar. A chance de sucesso é maior quando criopreserva o embrião, ou seja, preservar o oócito não fertilizado tem menos sucesso, por isso é importante fazer logo a fecundação. Tem os problemas morais e religiosos, porque para muitas 7 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre doutrinas, depois que fecunda já é gente, já tem uma alma, já tem um espírito, e se jogar fora já está abortando. Para muitas religiões, então, fazer reprodução assistida já é pecaminoso, porque está criando um ser humano, usando a função procriativa, como é pecaminoso ter a relação sem se abrir para procriação. Deve-se prever o futuro, o divórcio, por exemplo, quando o casal faz a encomenda, cria o embrião e congela, e se antes de implantar eles se divorciarem? Então, imagine, um casal sofrido, com problemas, um casal procurando ajuda para procriar e devemos colocar na mesa a pauta do divórcio, questionar o que pode acontecer se houver divórcio, morte. Quando o embrião é abandonado e o casal para de pagar, a clínica não tem a obrigação de manter com o nitrogênio líquido, com a pipeta. Quanto ao diagnóstico pré-implantacional e cuidado aqui com o risco de eugenia, procurar a raça perfeita. Quanto a doação uterina ou cessão temporária do útero ou gestação de substituição ou surrogacy (termo leigo é barriga de aluguel), devemos evitar o termo leigo porque é proibido no Brasil, uma vez que, não pode ter pagamento. Exatamente por não poder pagar, que o CFM diz que precisa ter parentesco consanguíneo até o quarto grau, ou seja, a mulher que vai gestar pelo casal tem que ser alguém próximo, isso é um jeito que o CFM achou de dizer que “deve ser por solidariedade”, deve ser por amor, não deve ter dinheiro envolvido, porque há uma proximidade suficiente para que essa mulher tenha ficado tocada, para que essa mulher queira ajudar aquela pessoa, se for alguém mais distante, vai ter cheiro de negociação. Contagem de um parente do quarto grau: deve subir até o parente comum mais próximo. Ex: de mim para meu tio, tenho que subir de mim para meu pai 1 grau, de meu pai para meu avô, o 2º grau, aí eu desco do meu avô para meu tio, 3º grau, todo tio é um parente do 3º grau, porque devemos subir até o avô para chegar nele. Não tem primo de segundo grau, porque todo primo já é de 4º grau. De você para seu primo, deve subir 1 grau até sua mãe, depois 1 grau até sua avó, desce para o tio/tia que é 3º grau e desce para o primo, 4º grau, logo, todo primo, já é do 4º grau. O filho do primo é um estranho, não é sua família mais. Quem pode doar o útero para gravidez: mãe, filha, irmã, tia, avó, prima. Quanto a consanguinidade: o prof só tem uma irmã, aí a irmã não pode ter filhos, a esposa do prof não pode gestar por ela, porque o parentesco do prof para irmã é do segundo grau (sobe dela para nossos pais 1 grau, desce dos nossos pais para o prof, segundo grau, então, todo irmão, é um parente do 2º grau. Só que o prof é homem, é consanguíneo da irmã, mas não tem útero, a esposa do prof, é parente da irmã do segundo grau, mas não por consanguinidade, é parente dela por afinidade, por casamento, a esposa do prof, não pode, ela tem um parentesco que é do grau certo, mas não é consanguínea, sendo muito restritivo, sobretudo hoje em dia, que as famílias são pequenas. O prof analisou um caso de um casal homossexual que queria ter como barriga de aluguel uma amiga, ele fez todo o heredograma e realmente nenhuma mulher possível queria ou não podia por questões religiosas, entre outras. Entrevistou os 3 juntos, para ver a renda, analisar se não estava havendo compra do útero da amiga, para ver se essa amizade era amizade mesmo. 8 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre INTRODUÇÃO • Segundo a Constituição Federal: Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciarrecursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Esse parágrafo reflete que o casal, sem intervenção do Estado como era na China, é de livre decisão do casal, exclusivamente. O Estado brasileiro não pode se impor frente as decisões do casal, a única coisa que ele pode fazer é proporcionar os recursos educacionais e científicos. O recurso educacional, no caso, seria a orientação adequada diante da anticoncepção, o uso correto de camisinhas, anticoncepcionais orais, ou seja, fornecer adequada orientação para que haja o uso correto dos recursos contraceptivos. A família brasileira, então, tem o direito constitucional de decidir o seu tamanho (número de filhos). Lembrando que a maternidade e paternidade tem que ser responsável, que se possa prover. Segundo a LEI nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996 que regula o 7º artigo 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. CAPÍTULO I DO PLANEJAMENTO FAMILIAR. Art. 1º O planejamento familiar é direito de todo cidadão, observado o disposto nesta Lei. Art. 2º Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Parágrafo único - É proibida a utilização das ações a que se refere o caput para qualquer tipo de controle demográfico. Art. 3º O planejamento familiar é parte integrante do conjunto de ações de atenção à mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma visão de atendimento global e integral à saúde. Parágrafo único - As instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde, em todos os seus níveis, na prestação das ações previstas no caput, obrigam- se a garantir, em toda a sua rede de serviços, no que respeita a atenção à mulher, ao homem ou ao casal, programa de atenção integral à saúde, em todos os seus ciclos vitais, que inclua, como atividades básicas, entre outras: 1. A assistência à concepção e contracepção; 2. O atendimento pré-natal; 3. A assistência ao parto, ao puerpério e ao neonato; 4. O controle das doenças sexualmente transmissíveis; 5. O controle e a prevenção dos cânceres cérvico- uterino, de mama, de próstata e de pênis. LAQUEADURA E VASECTOMIA Existem pré-requisitos para um homem fazer a vasectomia e para mulher realizar a laqueadura: • Homem ter mais de 25 anos; ou no mínimo, 2 filhos vivos; • Mulher ter mais de 25 anos; ou ter 2 filhos vivos. • Quando há cônjuge deve-se ter a autorização do outro; *Adiante terão mais especificações desses requisitos. Essa lei deixa claro que o planejamento familiar é um direito de todo cidadão, tanto para limitar o tamanho da prole quanto para aumentar. Não se deve julgar nenhuma paciente que optou pelo aborto, ela está ali para ser acolhida e exercer o seu direito a assistência obstétrica, como qualquer outro usuário do SUS, devendo ser feito o necessário Contracepção Definitiva 9 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre naquela situação de maneira adequada, pois ali não é penitência. Quando essa paciente tiver alta, ela deve ter uma prescrição de algum método contraceptivo, pois é nítido que ela não planeja ter filhos agora. A assistência deve se basear em um método curativo, de assistência, e não de forma punitiva, pois essa conduta é antiética, ferindo o artigo 5 da constituição. Embora no Brasil o aborto seja crime, ao atender uma paciente que cometeu tal ato, o médico não vai levar esta paciente a lugar algum (polícia, conselho tutelar, etc), pois quando a paciente conta que fez aborto em clínica clandestina, é sigilo médico, então não pode ser divulgado este prontuário, não podendo levar essas informações para outras autoridades. Existem algumas situações no qual o médico não é punido caso ele faça um aborto, são elas: 1. Aborto piedoso – aborto de gravidez resultante de estupro (piedoso porque reconhece-se que a paciente foi vítima de violência, então é como se o resultado do estupro tivesse crescendo ali todo dia, e ao nascimento, nascer o fruto do estupro – embora algumas aprendam a amar, o estado entende que é um peso muito grande querer forçar que a paciente amar o fruto de uma violência). “Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal” – Art. 128 (não se pune o aborto praticado por médico) 2. Aborto necessário ou terapêutico – quando não existe outro meio de salvar a vida da gestante, ou seja, ela tem uma doença que é incompatível com a gestação, como um transtorno de coagulação, uma arterite, por exemplo É interessante observar que a pena de quem ajudou é muito maior do que a pena da mandante (no caso, a gestante). A primeira diferença é que não vai ser detenção para essa mulher, mas sim reclusão (progressão de regime fechado para semi aberto e aberto), progredindo mais rápido, quando comparada à detenção. Portanto, a punição para o aborto é pior para quem faz, do que para quem encomenda. O código penal defende muito mais a vontade da mulher de gestar, do que propriamente a vida do feto (é o que entra menos em questão, o que menos importa) porque em qualquer um dos artigos, o feto vai morrer de qualquer jeito, e o que muda é se a gestante queria ou não interromper a gravidez, e se houve ou não ajuda para tal ato. Portanto, o que o código penal protege é o direito que aquela mulher tem de progredir ou interromper a gestação. Se a gravidez é resultante de estupro, a mulher tem que querer interromper a gestação, porque se ela for estuprada e quer transformar essa experiência em um ato de ressignificação e leva-la a diante, uma terceira pessoa não pode fazê-la interromper essa gestação contra a vontade dela porque foi resultante de estupro. Portanto, a mulher tem que consentir a interrupção da gravidez resultante de estupro. Não é obrigação da vítima de estupro procurar a polícia, pois, a partir do momento que ela denuncia, essa denúncia pode vazar e ela pode estar se vulnerabilizando à chamada violência secundária ou vitimização secundária, onde o fato de você ter sido vítima de um ato, aumenta a chance de você ser vítima novamente. Então por uma estratégia dessa mulher, ela prefere deixar isso quieto. O BO não prova nada, pois qualquer um pode chegar na delegacia de polícia e fazer um boletim de ocorrência, pois ele é uma história que se conta, não possui nenhuma prova, é algo narrado. Caso a vítima chegue na delegacia e informe que foi vítima de estupro, o delegado pede o exame de corpo de delito, mas este não prova estupro; o que este exame responde é se a examinada é virgem ou não, e caso não seja virgem, o perito avalia se ela foi desvirginada a tempos ou recentemente, e além disso, observa-se se houve conjunção carnal recente (exemplo: presença de sêmen), ou seja, nenhum desses comprova de fato que houve ou não estupro. Caso a paciente tenha tido uma relação consentida 10 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre nos últimos 3 dias, deve-se colher o DNA do parceiro consentido, e deve-se separar o DNA deste e do suposto estuprador, além de ter o DNA da própria paciente, devendo também ser separado, portanto, é uma perícia complexa, cheia de detalhes. Portanto, em casos de vítimas de estupro que desejam interromper a gravidez, não é necessário BO para que haja interrupção da gestação, ela só precisa contar a história dela, ou seja, se ela chega na emergência e relata que foi vítima de estupro, ela tem direito de fazer o aborto naquela unidade sem problemas e sem polícia. Alémdisso, deve-se registrar tudo no prontuário e solicitar que a gestante também assine o prontuário, para que ela também se responsabilize pelo abortamento. Caso seja mentira, o médico não é culpado, pois ele foi induzido ao erro, entretanto, a mulher pagará pelo crime futuramente. Dessa forma, não pode pedir que a gestante prove que foi estuprada para realizar o aborto. Quando a vítima tem menos de 14 anos, a violência é presumida, ou seja, não precisa mostrar hematomas, escoriações, entre outros; por mais que a criança tenha gostado, tenha tido prazer, orgasmo, participado porque quis, o adulto da relação é considerado um estuprador, a violência é presumida. Tudo isso é para chegar ao conselho tutelar, IML, delegacia de polícia, e é para dar um jeito dos adultos protegerem essas crianças do seu molestador (a). Se dessa relação resultar uma gravidez, é o responsável pela menor que vai ter que tomar a decisão de interromper ou não essa gravidez (a menor não tem condições de tomar essa decisão). Esse é um exemplo de notificação compulsória, ou seja, em caso de suspeita, deve-se chamar imediatamente o conselho tutelar, pois se essa notificação não é feita, infere-se que o médico está se omitindo, e isso é uma infração ética perante o CREMEB, e um crime perante o código penal. A partir dos 14 anos aos 18 anos, não se considera mais estupro de vulnerável, pois de acordo com o Art 123, o estupro é constranger alguém mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libinoso; quando ocorre isso em uma vítima maior de 14 anos e menor que 18 anos se chama isso de estupro qualificado, passando a pena ser de 8 a 12 anos, ou seja, mais severa. Vale ressaltar que o sexo nesse caso foi consentido mediante a violência ou ameaça e ameaça de violência. No caso do aborto necessário, o que se espera é um relatório do obstetra e do especialista da doença (por exemplo, uma doença relacionada com coagulação – relatório do hematologista) separadamente, anexa-os no prontuário e essa paciente pode fazer o aborto e ninguém vai ser preso, porque nesse caso o aborto é prescrito, é terapêutica, preventivo. A primeira coisa é que só pode-se fazer a esterilização voluntária em pessoas que tem capacidade civil plena, ou seja, mais de 18 anos, sem ter qualquer deficiência mental. Além disso (alternativo – não precisa ter o dois), deve-se ser maior de 25 anos, ou ter mais de dois filhos (se tiver um desses dois, pode fazer). Além disso, é necessário aguardar o prazo de pelo menos 60 dias entre dizer que quer fazer a cirurgia e realizar a cirurgia, e esse prazo é para investir em aconselhamento com equipe multidisciplinar para tentar desencorajar, mostrando para o paciente que esse procedimento é definitivo, então se a pessoa se arrepender não tem como voltar (mesmo tendo como fazer, o SUS não oferece, e a taxa de insucesso é muito grande). Esse aconselhamento não é para essa pessoa ter mais filhos, mas é para que ela opte 11 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre por outros meios contraceptivos que possuem reversão (DIU, pílula, injeção). Além disso, pode-se optar pela esterilização quando a paciente possui risco a vida ou a sua saúde ou do futuro concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos (de preferência um obstetra e um especialista da doença que a paciente possui). Neste caso, é necessário também um termo de consentimento livre e esclarecido por escrito, precisa da concordância do conjugue (tem que ser de papel passado). A técnica cirúrgica nesse caso tem que ser laqueadura tubária ou vasectomia, não podendo ser métodos de retirada dos órgãos, cirurgia mutiladora (retirar útero, ovários). Além disso, não pode fazer a esterilização cirúrgica da mulher durante os períodos de parto ou aborto, exceto em caso de necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores. Ou seja, foi proibida a laqueadura intracesárea, a não ser que se comprove que é arriscado operar essa mulher novamente, mas isso deve ser registrado no prontuário, essa dificuldade. Tudo isso que foi visto no artigo 10, se for descumprido, é crime, e o médico pode pegar de 2 a 10 anos de reclusão. Quando é feita a laqueadura ou a vasectomia, é preciso notificar a autoridade sanitária, ou seja, esse é um procedimento de notificação compulsória. 12 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre PROPAGANDA X PUBLICIDADE • Propaganda: faz referência a propagação de informações, de ideias, doutrinas, ideologia, visão de mundo. Informação de utilidade pública pra resolver problemas e encaminhar demandas. Sem intuito de lucro, venda, comércio, ganho financeiro. A atividade não é transformada em serviço e não se está tentando conquistar clientes. Altruísta. • Publicidade: relação com a parte financeira, finalidade lucrativa. Posicionar uma mercadoria no mercado consumidor, necessitando de clientes. Mix de marketing: Produto, preço, praça (área territorial para buscar a clientela) e promoção. Precificacão. Exemplo: a classificação de produtos, como A, B, C, D, E, é também uma forma de marketing, pois é direcionado aos tipos de classes. Anúncio pra classe E coloca no fundo do ônibus, para a classe A coloca no intervalo da Band News, ou numa página da revista veja. Ou seja, é necessário conhecer seu mercado consumidor, a praça, que é ditado pelo preço cobrado. Ex.2: Informações sobre o uso de máscaras, tipos, tempo de uso, como usar, como tirar, os cuidados, está se realizando uma propaganda. Contudo, se passo a dar marca, fazer com material especial, durabilidade e proteção maior, e também com preço elevado, já passa a ser publicidade. Obs: Desnatação é a relação de diminuição de preço dependendo dos grupos que consomem determinado produto. E QUANTO AOS MÉDICOS? Importante observar o site com Conselho Federal de Medicina: passo a passo. • Site CFM → serviços para o cidadão → Normas para o CFM/CRMs → Buscar RESOLUÇÃO → Selecionar estado: FEDERAL → Assunto: PROPAGANDA – buscar → Resolução nº 1.974 → 1974/2011 já alterada. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA Estabelece os critérios norteadores da propaganda em Medicina, conceituando os anúncios, a divulgação de assuntos médicos, o sensacionalismo, a autopromoção e as proibições referentes à matéria. É conhecido pela comunidade médica, de forma errônea, como manual de publicidade médica. Deveria ser conhecido como manual de propaganda médica, como o Conselho, de forma correta, escreveu na ementa. O CFM não tem o purismo em usar o conceito correto, pois em alguns momentos fala em propaganda e outros em publicidade. Não deveria usar o termo publicidade. O MANUAL APONTA: Toda divulgação de assuntos médicos precisa ter cunho informativo, instrutivo. O médico é detentor privilegiado do conhecimento, e, portanto, ele deve propagá-lo, de forma a beneficiar a saúde das pessoas. Assim, deve falar, por exemplo, de higiene das mãos, dos alimentos. A medicina não pode ser exercida como comércio. O exercício mercantilista da medicina é antiético. Essa regra não é somente da medicina, pois OAB diz a mesma coisa sobre os advogados. O advogado, óbvio, pode cobrar sobre seu serviço, mas não pode dar caráter de produto. Não pode fazer promoção, precificação, cupom de desconto, por exemplo. Exercer medicina é uma honra, não apenas prestar serviço. Por isso que o valor da consulta é chamado de honorários médicos. O médico tem salário quando é contratado com carteira assinada, mas nunca se fala que está cobrando preço pela consulta, pois o honorário“é uma honra”. Divulgação de assuntos médicos 13 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre O médico não deve se render as leis de mercado e ser visto como mero prestador de serviço. E seu serviço não deve ser visto como algo que tem preço. O chamariz do médico deve ser a propaganda boca a boca. Não deve fazer anúncio em revista, jornal, Instagram e outras redes. Apesar de ser isso que, infelizmente, vem acontecendo. O que deve chamar atenção é a sua qualidade de consulta, e o paciente irá recomendá-lo. Mesmo se achamos que o Conselho está desatualizado, a sua norma deve ser seguida até que haja outra. E sendo descumprido, o Conselho Federal deveria punir sim. Lembrando que a denúncia não pode ser anônima. O médico não pode se dizer pneumologista, se ele não fez residência ou fez prova de título. Não pode fazer carimbo, folhas, panfletos... Cabe punição pelo Conselho. O código de Ética Médica diz que a propagação de conhecimento médico tem que ser sóbria, técnica, informativa. Não pode ter sensacionalismo, mercantilização, autopromoção. Então, são os 3 pecados: sensacionalismo, autopromoção e mercantilização. MERCANTILIZAÇÃO: é dizer qual é o preço. Não pode colocar na divulgação o valor de um serviço, consulta. Não pode colocar uma tabela na parede com valores de honorários. O paciente que tem que perguntar. Lembrando que sabemos que isso ocorre em muitos lugares, mas não é o certo. E não tem muita denúncia, pois as pessoas não querem se indispor com o colega e, além disso, muita gente não concorda com essa postura. O judiciário diz que a relação médica paciente é relação de consulta. Eles pegam o código de defesa do consumidor e jogam no paciente, o que facilita a vida do paciente e dificulta a vida do médico. O conselho federal de medicina ainda é a última resistência tentando convencer que a medicina é nobre demais, que medicina não é prestação de serviço, não é relação de consumo. O paciente é uma pessoa precisando de cuidados, assistência, ele não é um cliente. Quando o indivíduo faz publicidade ao invés de propaganda, promoções, divulgação maciça em redes sociais, ele atribui à medicina valores de típicos de mercado. É isso que o conselho quer evitar. O conselho Federal não está querendo dificultar a vida do médico, não está querendo proibir o médico de ganhar dinheiro, de se divulgar para aumentar a sua base de pacientes, ele não é contra o capitalismo, porém ele sabe que tem dois lados, e não consegue levar um lado sem levar o outro. Então, se os médicos forem deixados livres para fazer tudo o que estão querendo (e o que muitos estão fazendo), a outra face da moeda é “medicina = prestação de serviço”, então pode jogar o código de consumidor aqui. Não sabemos dizer se vale a pena essa tentativa do CRM, porque a jurisprudência majoritária do poder judiciário já é nesse sentido, e provavelmente não vai voltar atrás. Então, talvez o Conselho Federal de Medicina esteja “teimando” em uma coisa que já perdeu. Com isso a gente entende o porquê dessa conduta do Conselho Federal de Medicina e os regionais, onde estão mantendo esse jeito de pensar, que para muitos parece ultrapassado, porém é uma tentativa de nos preservar, de dizer para não misturar a medicina com qualquer coisa. Seria a subjetividade da medicina artesanal que tem tudo a ver com propaganda boca a boca, tem tudo a ver com paciente satisfeito, elogiar o médico, e trazer mais pacientes, mas não tem a ver com redes sociais. O que não pode fazer? Mercantilismo. Divulgar preço, fazer promoção ou fazer parceria com outro estabelecimento comercial. Um exemplo do que também não pode fazer é vender uma consulta por um valor, e por fazer outro serviço, diminuir no valor total, como ex.: consulta por 100, e endoscopia por 150, o valor não pode ser menor do que 250,00 só porque fará os dois juntos. Não pode trazer as condutas do comércio para dentro da medicina. Em relação ao SENSACIONALISMO, tem tudo a ver com exagero. Exemplo: Ellen comprou a primeira máquina de USG com Doppler colorido da cidade. Esse fato é verdadeiro. No entanto, ela não pode divulgar que comprou a primeira máquina da cidade. Isso é sensacionalismo. É como se, na visão do paciente, diminuísse os outros profissionais que trabalham 14 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre com outras máquinas de USG que não são com Doppler colorido. A regra é a mesma para pessoa física e jurídica, ou seja, um médico não pode fazer esse tipo de divulgação e o estabelecimento também não pode. É proibido usar as expressões: exclusivo, único, primeiro... qualquer coisa que diga que só você tem, ainda que verdade seja, não pode, é sensacionalismo. Cada conselho regional de medicina tem o CODAME (comissão de divulgação de assuntos médicos). A CODAME oferece o serviço. A pessoa contratou um marqueteiro para fazer a peça de propaganda publicitária, ele fez podcast, fez áudio, fez outdoor, cartaz, panfleto, fez vídeo para passar no comercial da televisão. Não divulgar, submeta antes à CODAME. É errado submeter antes, o CREMEB oferece o serviço: apresenta a peça publicitária com antecedência, a CODAME analisa e diz se está Ok. Ou então a CODAME fala para mudar algo. Outra coisa é já ter pagado o marqueteiro e o CREMEB diz que não serve assim. Tentar negociar com ele. O CREMEB tem feito várias edições do seminário de propaganda médica. É um seminário que vai muito jornalista, muito comunicólogo, pessoal de relações públicas, com discussões com os conselheiros, presença de palestrantes para poder ter o treinamento, para quando um médico for contratar um serviço de um pessoal de mídia, que os profissionais saibam que fazer divulgação para médicos não é igual a divulgação para o shopping, para político numa campanha. Então, o CREMEB faz a parte dele. São eventos de inscrição gratuita, no site do conselho, em centro de convenções confortável, com certificado no final, coffee break, traz palestrante de fora, no fim tem um custo para o CREMEB para que as pessoas aprendam e façam certo. Nem todo mundo é convertido, nem todo mundo participa e quer aprender. E de fato não tem multa. O conselho regional de medicina não trabalha com multa sancionatória. Pode ter uma multa porque não pagou no dia, mas multa enquanto penalidade, enquanto sanção, o CREMEB não tem. A 4 punições são: advertência confidencial, censura confidencial, censura pública, suspensão do exercício e cassação do registro. O professor concorda que deveria ter punição financeira. E se as penas pela divulgação de assuntos médicos, forem penas privativas, é ótimo, na hora de delinquir, teve divulgação, a propaganda já propagou. E na hora da punição ninguém sabe que teve punição. Se pelo menos a censura fosse pública (a censura pública não é tão pública assim), é no diário oficial que ninguém lê, na revisa vida e ética que não é mais feita no papel, fica no site, aí é complicado, não é pública na prática. Sensacionalismo não pode! O que mais não pode? AUTOPROMOÇÃO! Você não se promove enquanto pessoa, promove a medicina enquanto atividade: “lave as mãos, beba água, pratique exercício físico, a H.pylori faz isso e aquilo...” se você vai ensinar as pessoas a fazerem uma salada que não venha com H. pylori é claro que acaba falando propaganda como exemplo do gastro, faz endoscopia, faz biópsia, mas não vai dizer isso. Se for gastroenterologista de verdade, então aparece com a tarja: médico gastroenterologista CREMEB ***, RQE (título de especialista). *O professor conta um caso particular*. Quantos RQE pode ter? 2! Tem uma lei antiga Decreto lei 4.113 de 42, do tempo de Getúlio Vargas que diz que só pode divulgar duas especialidades. Pode ter quantos quiser,mas só pode divulgar duas especialidades. Não pode divulgar especialidade que você não divulgou no conselho, não pode divulgar que recebeu premiações (“prêmio de médico do ano”) não pode! Qualquer coisa que fala que você é mais médico que os outros. Se for melhor, os pacientes vão perceber pelo atendimento. Em casos de colocar no consultório, o paciente já está no consultório, isso não interferiu na decisão do paciente, não está proibido. Questionamento: Subespecialidade não é o nome que dá, é área de atuação. Você é pediatra com área de atuação em neonatologia. As áreas de atuação também têm uma lista exaustiva, não é invenção. Não existe subespecialidade em doença neurodegenerativa, é neurologista com área de atuação X. Por exemplo: imagem em ginecologia e obstetrícia isso é uma área de atuação comum a radiologia e ginecologia. O professor pode fazer a 15 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre prova de título e obter o título de imagem em ginecologia e obstetrícia. A área de atuação que é reconhecida pelo conselho e que registrou no conselho, aparece no site, pode divulgar. E se não tiver, não pode divulgar. Sobre Fellow: o professor é associado da associação nacional da medicina do trabalho (ANAMT), da FEBRASGO e da ABMLPM (associação brasileira de medicina legal e perícia médica). Nos EUA tem esse conceito de fellow que na verdade vai na clínica e faz um estágio. Fellow = estágio. O que pode ser divulgado é especialidade e área de atuação. Tudo que puder ser divulgado, o CREMEB carimba e coloca no site. Se não está no site e CREMEB devolveu dizendo que não registrou, não pode. Os 3 pecados são: autopromoção, sensacionalismo e mercantilização. Muitas pessoas vão fazer diferente do que a norma manda fazer. Mas serve para tentar proteger de uma classificação da medicina como relação de consumidor e fornecedor. 16 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre INTRODUÇÃO O tema da aula é a relação dos médicos com a indústria, a relação dos médicos com os fabricantes dos insumos que são prescritos. É importante a figura do médico enquanto prescritor, o poder de prescrever, o poder de emanar comandos levando em conta que o paciente não é obrigado a seguir tal orientação. Este poder que o médico tem de prescrever condutas, faz com que tenhamos um valor mercadológico grande, pois quando você prescreve o paciente gasta dinheiro comprando, e mesmo que ele não compre privadamente, ele gera uma demanda para o sistema público e o mesmo fará grandes compras no atacado, irá fazer licitações. Ex: O anti- hipertensivo solicitado pelo médico, será comprado em quantidade pelo ministério da saúde, secretária estadual de saúde. Os médicos não assumem esse papel de ordenador de despesas, pra provocar gastos, estimular compras de forma proposital, mas a estruturação do sistema de saúde leva o médico a assumir tal papel. O médico solicita exames e esses exames tem um custo, então para fazer o exame, gera-se um mercado consumidor daquele e passa a ser interessante para um “testador” comprar uma máquina, investir no aparelho utilizado para tal. Esse investimento só é feito se houver retorno, se tiver muitas pessoas precisando desse exame e pagando ou particular ou por intermédio do plano de saúde. Abaixo nós temos a página do conselho federal de medicina na parte que aborda o código de ética médica. O capítulo VIII – Remuneração profissional, que será o enfoque da aula de hoje trazendo alguns trechos deste capítulo. É vedado ao médico: • Art. 58. O exercício mercantilista da Medicina. → É vedado ao médico o exercício mercantilista, que foi visto na aula passada sobre a divulgação de assuntos médicos, propaganda médica. • Art. 59. Oferecer ou aceitar remuneração ou vantagens por paciente encaminhado ou recebido, bem como por atendimentos não prestados. • Art. 60. Permitir a inclusão de nomes de profissionais que não participaram do ato médico para efeito de cobrança de honorários. • Art. 61. Deixar de ajustar previamente com o paciente o custo estimado dos procedimentos. • Art. 62. Subordinar os honorários ao resultado do tratamento ou à cura do paciente. → O artigo 62 sintetiza um dos motivos para o conselho federal de medicina querer preservar essa “pureza” do exercício profissional sem publicidade e propaganda, sem usar as ferramentas típicas do mercado e comércio, visto que se isso fosse incorporado na prática médica, o médico teria que aceitar a obrigação de resultado, uma obrigação de fins, quando de fato, a obrigação do médico é de meios, entregar todos os meios a disposição para melhorar a situação do paciente, mas sem garantir de que isso será cumprido ao final do processo. Não dá pra garantir por exemplo, a cura, uma boa absorção entérica ao medicamento, etc. A questão de “satisfação garantida se não terá seu dinheiro de volta” é boa para o comércio, mas impossível praticar na medicina. • Art. 63. Explorar o trabalho de outro médico, isoladamente ou em equipe, na condição de proprietário, sócio, dirigente ou gestor de empresas ou instituições prestadoras de serviços médicos. • Art. 64. Agenciar, aliciar ou desviar, por qualquer meio, para clínica particular ou instituições de qualquer natureza, paciente atendido pelo sistema público de saúde ou dele utilizar-se para a execução de procedimentos médicos em sua clínica privada, como forma de obter vantagens pessoais. • Art. 65. Cobrar honorários de paciente assistido em instituição que se destina à prestação de serviços públicos, ou receber remuneração de paciente como complemento de salário ou de honorários. Relação Médico Indústria 17 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre • Art. 66. Praticar dupla cobrança por ato médico realizado. • Parágrafo único. A complementação de honorários em serviço privado pode ser cobrada quando prevista em contrato. • Art. 67. Deixar de manter a integralidade do pagamento e permitir descontos ou retenção de honorários, salvo os previstos em lei, quando em função de direção ou de chefia. • Art. 68. Exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, indústria farmacêutica, óptica ou qualquer organização destinada à fabricação, manipulação, promoção ou comercialização de produtos de prescrição médica, qualquer que seja sua natureza. → Se você tem o direito de prescrever, você não pode ter o direito ou a prerrogativa de lucrar com isso. Seria um conflito de interesse, pois haveria o questionamento se o médico está prescrevendo tal coisa por que o paciente precisa ou porque quer ganhar, vender ou promover o produto. Essa desconfiança para com o médico, essa perda de fidúcia que não se pode aceitar, pois coloca em risco toda a integridade da medicina. Essa dependência financeira da farmácia com o médico, tanto da farmácia que vende o produto industrializado, como da farmácia que manipula o produto na qual faz a prescrição magistral (colocar item por item do que vai ser tomado e colocado na caixa do medicamento e o farmacêutico vai aviar a receita). Na maioria das farmácias mais modernas, o farmacêutica faz a dispensação, ele dispensa, entrega o produto já pronto, mas no caso dele precisar produzir a fórmula, isso chama-se “aviamento” da receita, que é uma formulação magistral. Um exemplo disso é o filme amor e outras drogas, na qual mostra muitas festas, uso de drogas e muito sexo, bancados pela indústria farmacêutica para que o médico se coloque como uma engrenagem no mecanismo maior que ele não consegue vencer e o único jeito é ele aceitar, se vender,ganhar dinheiro de outras maneiras, permitir ser corrompido pelos representantes farmacêuticos das drogas. Um outro exemplo disso são os congressos promovidos por associações médicas que também tem gasto de dinheiro com muito lazer e outras partes que não são voltadas para a questão científica, inclusive sexual. Além disso, também existem casos em que as contas do médico são pagas pelo laboratório, a exemplo de médicos que solicitam ao laboratório que custeie a inscrição do mesmo no congresso. Ainda dentro do congresso, temos os simpósios satélites que não fazem parte da grade oficial do congresso, como se fossem eventos paralelos, por exemplo: no horário de almoço, ao invés de você procurar um local de almoço na rua, mais distante, o laboratório banca o simpósio satélite que fornece marmita na entrada para estimular os médicos a participarem do simpósio que quase sempre é uma palestra promovendo um novo remédio, um novo exame, um novo equipamento. A isso, nós chamamos de uma espécie de “sugar daddy”, precisa-se de um “homem mais velho com dinheiro para te bancar, sustentar”, isso é praticamente uma prostituição. Art. 69. Exercer simultaneamente a Medicina e a Farmácia ou obter vantagem pelo encaminhamento de procedimentos, pela comercialização de medicamentos, órteses, próteses ou implantes de qualquer natureza, cuja compra decorra de influência direta em virtude de sua atividade profissional. → Essa é uma das proibições milenares. Focos de perturbação, um mercantilismo desenfreado → OPME – órteses, próteses e materiais especiais, também chamados de MATMED – materiais médicos. A natureza dos atos médicos realizados é muito vulnerável a esse aliciamento pela indústria de OPME ou MATMED. Outro exemplo: o médico que só opta e só prescreve determinada marca para realizar tal procedimento, sendo que muitas vezes, as outras marcas apresentam o mesmo resultado da marca escolhida, não justificando a escolha apenas de uma marca, portanto, isso será questionado pelo plano de saúde, visto que, fica a questão do médico está sendo bancado por aquele laboratório que fabrica a marca que ele sempre prescreve. Além disso, também não está certo, influenciar o paciente a comprar de determinada marca, pois mesmo que não seja o caso, fica a dúvida se o médico está sendo “financiado” pelo laboratório. Um outro exemplo é a técnica de histeroscopia 18 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre quando começou a ser utilizada, na época havia encaminhamentos para os médicos que realizavam essa técnica, servindo como uma espécie de “funil” drenando a demanda dos colegas, além de serem médicos representativos desse procedimento também motivavam a compra de alças monopolares, bipolares, cautérios e outros materiais para a realização do procedimento que eram ordenadores de despesa e tudo em regime de hospital dia, diminuindo gasto com hotelaria, paciente não pernoita nos hospitais, pois fazia o procedimento e 2h depois já tinha alta, um excelente modo de ganhar dinheiro para o hospital dia, para a instituição e para o profissional que realiza a histeroscopia. Esses médicos, que já eram poucos, também atuavam como palestrantes promovendo o procedimento e os materiais utilizados no congresso, com passagens, hospedagem pagas pelo representante dos produtos, obviamente. Ou seja, os médicos iam para os congressos fazer uma propaganda de quem os financiava. Mas também é importante que o médico durante a palestra publicize o seu conflito de interesse no sentido de dizer que ele é “speaker” do laboratório X, pra mostrar que o mesmo não é desinteressado que você está ganhando por isso, para que o público que lhe assiste, possa escolher quanto de crédito ele vai lhe dar, se vai acreditar ou não na sua palestra. O remédio para o conflito de interesse é “disclousure” = revelação, o remédio é a transparência, você confessar os seus reais interesses por detrás daquela palestra. Isso não é feio, um exemplo disso é o prof. Ronaldo, que foi speaker (porta voz de grupo farmacêutico), e nem por isso ele é uma pessoa ruim. Por isso é preciso revelar, o ruim é esconder, dizer que tem várias formações e convencer as pessoas pelo currículo que tem, mas na verdade, você está convencendo o público porque está sendo pago para aquilo. Quando a realidade é exposta não há nada de errado, desde que seja na condição de formador de opinião com o conflito de interesse revelado. Mas, na prática médica com o paciente é proibido. Deve-se prescrever o medicamento com o nome genérico, e o paciente escolhe de qual marca ele deve comprar. • Art. 70. Deixar de apresentar separadamente seus honorários quando outros profissionais participarem do atendimento ao paciente. • Art. 71. Oferecer seus serviços profissionais como prêmio, qualquer que seja sua natureza. • Art. 72. Estabelecer vínculo de qualquer natureza com empresas que anunciam ou comercializam planos de financiamento, cartões de descontos ou consórcios para procedimentos médicos. → Antigamente era escrito cartão de desconto, mas houve uma alteração do dispositivo, os cartões de desconto foram retirados. Significado de cartão de desconto: o professor deu um exemplo do SINAM Bahia que são serviços médicos e odontológicos oferecidos em uma parceria entre a associação brasileira de medicina e a associação brasileira de odontologia. As pessoas que são prestadoras de serviços de saúde (médico ou dentistas), sendo elas pessoa física (profissional) ou jurídica (clínica) podem se credenciar ao SINAM que é o cartão de desconto. Com isso, a pessoa vai lá, se cadastra, o nome é colocado numa lista e o médico aceita fazer consulta particular pelo valor da CBHPM (classificação brasileira hierarquizada de procedimentos médicos) que é a antiga tabela da AMB (associação médica brasileira). Os procedimentos médicos particulares (endoscopia, fundoscopia) saem pelo valor dos honorários com uma parte de variação de 20% pra menos ou pra mais, para tentar descaracterizar isso como cartel. Para dizer que isso não é cartel (que é um atentado contra o domínio econômico), coloca-se que o custo de vida em Porto Velho, Rondônia não é o mesmo que em São Paulo, por isso, não poderia ter o mesmo preço. Espera-se que em São Paulo tenha um aumento de 20% e em Porto Velho tenha uma redução de 20%, isso levaria a uma diferença de 40% entre um lugar e outro. Isso é uma tentativa do CAD (Conselho Administrativo de Direito do ministério da justiça) falar contra qualquer atentado ao direito econômico (Trust, cartel, e etc.). Tudo que é oligopólio ou monopólio, o CAD é quem vigia. Eles alegaram que a antiga tabela da AMB era cartel, por isso ela teve que ser retirada. O motivo foi para evitar preço vil (valores muito baixos) nas consultas, ganhando no atacado (atender muita gente, e no final, o volume que vai dar resultado), que é como prostituir a medicina. Essa é a luta que toda corporação profissional tem contra o preço vil, que é 19 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre uma prática de achatar tanto o valor dos honorários, que acaba desmerecendo/constrangendo a profissão. Portanto, a CBHPM é a sucessora da tabela da ABM, que tenta dizer que não é um cartel, só que é um cartão de desconto. Durante muito tempo, ficou uma queda de braço entre o CFM e a AMB, pois o conselho dizia: cartão de desconto não pode! E a própria associação tinha um. Ou seja, como é que o conselho iria perseguir os cartões de desconto com fins lucrativos e deixar o da associação médica existir? É por isso que houve essa alteração no artigo 72 que fala sobre cartão de desconto no código de ética médica. Antes eles incluíam cartões de desconto na proibição, e desde 2019 não se incluimais. Só não pode planos de financiamento e consórcios. Significado de consórcio: É quando todo mundo precisa de um produto, mas todo mês tem um sorteio que decide quem usufrui. Exemplo: Uma consulta médica que custa 100,00 faz um consórcio com 10 pessoas, todo mês todo mundo paga os 10,00 que vai dar o valor de 100,00 que paga a consulta do sorteado naquele mês, sendo que os outros também precisam da consulta, mas só um vai ter. Isso vai acontecer durante 10 meses até o último que sobrar do sorteio ser consultado. Isso acaba transformando a medicina num produto, e ninguém quer que isso aconteça, por isso é proibido. Então, o CFM desistiu de lutar contra as associações de medicina que tem em todos os estados e todas elas oferecem o SINAM. Com isso, o CFM deixou passar o cartão de desconto, não sendo mais uma coisa antiética. No entanto, ainda existem práticas que continuam sendo equivocadas, por exemplo: Roberto Luiz d´Ávila é um médico cardiologista catarinense, que foi presidente do CFM. Num congresso de ética médica aqui em salvador, ele contou que um propagandista, numa das visitas em seu consultório, doou cartelas de adesivos de descontos com a proposta do médico prescrever os medicamentos, e ao colar o adesivo na receita, o paciente comprar o medicamento numa rede de farmácia específica que ia ter esse desconto. Com isso, os pacientes iriam começar a procurar esse médico por conta do desconto no medicamento, e não por ser um profissional competente, isso tornaria uma mercantilização da medicina. O Dr. Roberto apenas pegava os adesivos e jogava fora, sem precisar discutir com o propagandista. Algum tempo depois, o propagandista perguntou ao médico o porquê dele não usar os adesivos. Então, o médico se perguntou como ele saberia dessa informação. Embora, isso seja um circuito fechado, o adesivo que se cola, a farmácia anota e tudo é repassado para a indústria, por isso o propagandista sabia que ele não estava usando os adesivos. Foi aí que o Dr, Roberto percebeu como tudo aquilo era manipulado. Ou seja, a indústria colocava alguns médicos na folha de pagamento, eles se acostumam a receber benefícios, criando uma dependência financeira daquilo, enchem o consultório de paciente, não por serem bons, mas por terem os adesivos de desconto. Isso acaba distorcendo o mercado de trabalho médico. O profissional acaba “comendo na mão” da indústria. É diferente de quando o laboratório alicia o paciente, por exemplo: o Liraglutida é um medicamento que, ao fazer o cadastro no site do fabricante, ganha-se desconto ao comprar na farmácia, basta dar o cpf. Com isso, o laboratório monitora a dose que o cliente utiliza pelo intervalo de tempo que ele compra. Marina comenta que ACO é a mesma coisa. Todo remédio que é de longa duração, anti-hipertensivo, inotrópico positivo para o coração, ATB não, porque você toma de 7-10 dias e acabou, não tem fidelização. Mas quando é um remédio que você tem a perspectiva de uso a longo prazo, a indústria quer saber quem usa, qual o perfil, usando de quanto em quanto tempo? Por exemplo, ACO, a maioria das usuárias estão emendando uma caixa na outra ou estão fazendo pausa para sangrar? Esse comportamento muda entre jovens e mulheres mais maduras? Será que as mulheres de 40 são de um tempo em que menstruar fazia parte do feminino, dá uma segurança de que ela não está gravida e ela prefere dar uma pausa entre as caixas para ter o sangramento e as jovens acham que a menstruação atrapalha, que são femininas mesmo com isso e preferem emendar uma caixa na outra? A indústria sabe disso tudo, o perfil da pessoa, poque você se cadastrou no site, preencheu o formulário dizendo sua data de nascimento, escolaridade, lucro 20 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre de renda, bairro que mora. A pobre usa desse jeito, a rica usa desse jeito, a pouco escolarizada usa desse jeito e a doutora desse jeito. Sabe seu perfil e toda vez que você vai na farmácia e usa o cpf para pegar o desconto, o desconto é o custo que você paga pela informação que você está devendo. Você é informação, o desconto que está cedendo não é caridade, estamos sendo remunerados para aceitarmos a informação. Assim, eu me aproveito do desconto, mas eu sei que o laboratório que está se aproveitando de mim. Se eu não estou pagando é que o produto sou eu, quando consumo algo de graça, sou eu que estou sendo consumido. Eu sei que o laboratório bota o valor na etiqueta maior do que precisava, o custo de produzir o remédio mais uma margem de lucro não daria aquilo tudo, ele vende por aquele preço porque sabe que tem gente disposto a comprar. Então, ele está dando desconto sobre um valor que já está me cobrando. Economicamente, para mim vale a pena. Como tudo que compro coloco CPF para fim de nota fiscal, eu nem sei se por acaso o laboratório conseguiria meus dados de outro jeito, mesmo se eu não me cadastrasse. Bem capaz de conseguir monitorizar isso nas farmácias. Pergunta: e quando o desconto é pelo plano de saúde é o plano pegando informação também? Resposta: Sim, o plano quer que você gaste menos, que adie o tratamento, que você use o remédio de forma correta para evitar LOA, porque se tiver LOA você vai gastar mais do plano com internamento, com exame sofisticado, com cirurgia. Então é do interesse deles que você tome os remédios direito, por isso o desconto, para que use menos o plano. Para você é vantajoso, você quer evitar LOA, mas tudo isso é monitorado. O povo sabe se você está indo fazer a consulta, que você não foi, como vai ter a receita para comprar o remédio e se sua dose estiver errada? E o plano de saúde lança uma campanha linda, não deixe de marcar seus exames médicos, vá lá reavaliar. Ele não quer seu bem, ele quer economizar. Se você fica usando o mesmo remédio por anos sem olhar a dose ou marcar exames, você pode estar usando subdose ou superdose, tá tendo LOA e precisando de um exame mais sofisticado, internação e cirurgia, vai gastar dinheiro. Existem aplicativos que estão processando isso, para onde o dinheiro foi, o comportamento do paciente e do médico, nada escapa. Quando você pensa que está sendo autônomo, que está tomando decisões da sua cabeça, você está fazendo o jogo que o sistema quer. LINK: https://cem.cfm.org.br/#Cap8 RELAÇÃO MÉDICO E INDÚSTRIA FARMACÊUTICA RESOLUÇÃO CFM Nº 1.595/2.000: • Proíbe a vinculação da prescrição médica ao recebimento de vantagens materiais oferecidas por agentes econômicos interessados na produção ou comercialização de produtos farmacêuticos ou equipamentos de uso na área médica. • Determina que quando os médicos forem proferir palestras, escrever artigos, divulgando ou promovendo um produto farmacêutico ele declare quais são os agentes financeiros que patrocinam suas pesquisas, que bancam seu laboratório, que pagam seus insumos, que bancam suas viagens de apresentação, tem slides muito chiques com movimento, e eles ainda tem que indicar a https://cem.cfm.org.br/#Cap8 21 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre metodologia que entregaram e referir a literatura que usaram. A mesma coisa para editores médicos de periódicos. Então, uma resolução que pega não somente o médico assistente, no consultório, no centro cirúrgico, mas ainda o médico no papel de palestrante, promotor, cientista, autor de artigos científico, editor de periódico. Professor relata um exemplo vivido: “Numa cidade do interior da Bahia, um médico oftalmo tinha união estável com uma dona de óptica. O cara sendo prescritor de lente, convivia com uma dona de uma óptica que vendia lentes. Isso não é problema, não é antiético. Romperam, ele não ficou solteiro por muito tempo, mas por coincidência casou coma dona de outra óptica. A filha advogada da primeira, denunciou ele no cremeb por associação com óptica, como ela provou? Que documentos colocou no processo? O instagram da nova companheira, a atual fazia eventos para divulgar a óptica, no status de marido o médico participava dos eventos, ele saia nas fotos e na descrição estava seu nome. Aí ele está na condição de marido, parceiro ou de prescritor? Se você não consegue provar que ele indica que os pacientes comprem ali, não tem nada errado e isso devemos averiguar. Primeiro problema, a advogada fotografou e postou que a clínica do médico era em uma rua e em frente era a óptica. Eu não controlo o saneamento da cidade, eu escolhi botar meu estabelecimento em um lugar, eu posso impedir que comerciantes comprem estabelecimentos pertos? Não, eu não tenho nada com isso. Existem também denúncias do CREMEB por questões políticas, para sabotar. Não pensem vocês que todas denúncias feitas no conselho é republicana, é pela ética, pela moral, não é, tem gente querendo instrumentalizar o CREMEB para atingir um indivíduo. Foi esse caso, não foi encontrada nenhuma prova que comprovasse a denúncia. Segundo caso: Uma clínica de oftamo grande de SSA demitiu uma oftalmologista. Ao ser demitida, ela pegou vários email-s trocados e denunciou no CREMEB. Uma coisa que a clínica fez foi levar todo mundo para uma churrascaria custeado pelo fabricante de lente intraocular. O representante fez uma apresentação e foi lançada a campanha “a cada 10 pares de lentes que você indicasse, você ganhava um par de lentes de graça”, ou seja, meu paciente número 11 vai pagar pela lente e eu que vou estar ganhando, porque eu ganhei a lente. Olha a parceria, a interação, dependência econômica, o esquema. E tinha tudo documentado em email-s trocados. Os médicos eram estimulados a aderirem a campanha. Estava bem claro o exercício da medicina em interação e dependência econômica de fabricante de insumo. Cuidado com farmácia de manipulação, com fabricante de insumos, tudo que você tem o poder de prescrever, você não deve ter vantagem. Vai comprar de que marca? Não sei, quem regula o mercado são as instituições responsáveis, eu sou apenas médico. Quando muito, em casos de insucesso, podemos aconselhar o paciente acerca do que é descrito sobre determinada marca. 22 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre INTRODUÇÃO Uma das coisas que que foi conversada em aulas anteriores é sobre o corpo de servidores e é sabido que tem o conselheiro que é eleito e o que é indicado pela associação médica, são 40 eleitos e 2 indicados pela associação médica e eles ficam lá em um mandato de 5 anos e tomam as decisões no dia a dia. Entretanto existe um corpo de servidores, inclusive que vivem ali no meio termo, tem características de trabalho celetistas, de carteira assinada, típico da iniciativa privada, eles têm FGTS na caixa econômica federal, mas eles também têm características de serviço público, de servidor estatutário, porque eles fazem concurso, eles são estáveis. Então eles têm características do privado e do público ao mesmo tempo. Então existe um corpo de técnicos, de analistas. pessoas concursadas que fazem as atividades de recepção, portaria, secretariado, cartório, essas pessoas inclusive para as finalidades que fazem ali tem fé pública, quer dizer, se chega uma pessoa com documento original e com uma xeróx, ele olha, vê que está igual, devolve o original e bate o carimbo e assina, ele deu fé pública aquele documento. Então, claro, somente para as questões da própria repartição, não é que o Cremeb possa substituir o cartório, é só se você quiser autenticar uma cópia para uma sindicância, algo do próprio cremeb. O cremeb pode autenticar uma cópia e ter fé pública para isso. Todos os atos burocráticos são resolvidos pelo setor da licitação, como ele é uma autarquia, o CREMEB não pode comprar nada de qualquer jeito, tem que fazer uma licitação, fazer um chamamento público, tem modalidade que a administração pública usa da lei, tem toda uma lei dizendo como que o serviço público pode contratar serviço e comprar mercadorias. Também tem a parte jurídica, que são 2 ou 3 advogadas que recebem por PJ, é uma situação complicada de entender, elas não são concursadas, mas não são prestadoras de serviço externo, o CREMEB não contrata um escritório de advocacia e renova de vez em quando, esses advogados estão lá dentro o tempo todo, até trabalha em regime de dedicação exclusiva, ou seja, só trabalha pro CREMEB, se dedica muito, mas fica aí nessa gambiarra de ser pago por PJ como prestador de serviço avulso, quando, na verdade, é uma pessoa que está lá enraizada, consolidada, participante. Existe também o médico fiscal que é concursado servidor, não é mal remunerado e não vão ser demitido nunca, a não ser que faça uma besteira muito grande. O CREMEB tem 3 médicos fiscais e eles trabalham no departamento de fiscalização e fazem esse serviço de maneira bastante tecnológica, automatizada. Lei 3.268/1957: Essa lei cria os conselhos de medicina e diz que eles são supervisores da ética médica. • Art. 2º O conselho Federal e os Conselhos Regionais de Medicina são os órgãos supervisores da ética profissional em toda a República e ao mesmo tempo, julgadores e disciplinadores da classe médica, cabendo-lhes zelar e trabalhar por todos os meios ao seu alcance, pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exerçam legalmente. Supervisor, julgador e disciplinador = os 3 verbos que dizem o que é que um conselho deve fazer. Julga → parte sindicante. No caso concreto, o médico pode ter feito alguma coisa errada e ele vai ser punido ou então inocentado. Disciplinador → legisla. Quando os conselhos de medicina fazem pareceres, resoluções, que nos obrigam a nos comportar de uma certa maneira. Supervisor → é o lado que vai fazer a fiscalização. Fiscalização 23 Beatriz Machado de Almeida Deontologia e Ética médica – 8º semestre Uma notícia do site do CFM de novembro de 2017. “Manual de vistoria e fiscalização de Medicina atualiza regras e inclui novas instituições de saúde”. Uma coisa importante da fiscalização é que FISCAL TEM PODER! Podem aplicar multa, podem interditar um equipamento, podem passar uma licença, então é muito poder disciplinador nas mãos de uma pessoa. O fiscal vai com um tablet e vai preenchendo um formulário em que o próprio diz o que é conforme e o que não é conforme, é uma maneira de padronizar e garantir que o fiscal tenha pouca margem de uma nova arbitraria. Avedis Dobanedian é o papa da avaliação em saúde, ele foi o primeiro a criar uma série de textos e uma bibliografia a respeito da avaliação do serviço de saúde. Ele plasmou uma forma de avaliação que é um tripé: estrutura, processo e resultado. Então, na tipologia antiga você precisa primeiro ter uma estrutura adequada, ou seja, mobiliário, espaço físico, algo que seja possível fazer uma boa consulta médica. A estrutura também tem a ver com recursos humanos, para você tocar um plantão de clínica geral, que tem um certo perfil de atendimento, então em 12 horas de plantão você tem 50 pacientes para ser atendido, são todos adultos, o que mais tem é pico hipertensivo, hiperglicemia etc. Dessa forma, qual o perfil de atendimento? Você vai ter enfermeiro para fazer classificação de risco na admissão? Você pode fazer um plantão desse funcionar com um plantonista médico apenas ou precisa de dois, ou até de três? Precisa de uma ambulância à disposição com motorista durante o plantão todo (pois existe a possibilidade de transferir para uma unidade de maior complexidade)? Tudo isso é estrutura; estrutura não é só o físico, não é só equipamento,
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