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TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
P á g i n a 1 | 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
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Bioética 
 
A bioética vai além apenas do campo relacionado à saúde, a bioética entra no campo da 
filosofia, sociologia, antropologia, da pedagogia. Então, a gente começa a perceber que 
os ensinamentos da bioética não vão se estender apenas à nossa área de atuação, mas é 
necessário também que a gente se abra para discutir assuntos relacionados à bioética com 
outros campos do conhecimento. 
Esse debate começa a acontecer a partir da década de 40, mas começa a ter seu “boom” 
na década de 70, onde o termo é fundado (no final dos anos 60 e início dos anos 70) por 
Van Rensselaer Potter que começa a trazer vários questionamentos em relação à bioética. 
Até então, tudo o que estava sendo tratado no campo da saúde, era com o termo ética e 
não com a bioética. 
Pergunta: “O que aconteceu historicamente nessa época para que o assunto “bioética” 
começasse a ser falado?” 
Respostas: “Guerra Fria”; “Pós Guerra”, “avanços científicos durante a Guerra Fria”; 
“experiências científicas feitas durante a guerra contra o ser humano pelos nazistas e 
russos”; “nos campos de concentração houveram muitos estudos e pesquisas em vida” → 
momento histórico que trouxe preocupação sobre até que ponto seria ético conduzir 
pesquisas, estudos, avanços científicos relacionados à vida humana. 
Vão ter questões relacionadas aos avanços científicos, tecnológicos, à falência dos valores 
universais, conflitos e inseguranças, ... 
Chat: “Só tem problema ético se alguém morre e não deveria” → a bioética vai cuidar 
de todos os dilemas que surgem diante da nossa atuação como profissional, relacionada à 
vida do ser humano. 
O debate entre as ciências
Os avanços científicos e tecnológicos
A falência dos valores universais
Van Rensselaer Potter (1970)
Os conflitos e inseguranças
O fenômeno cultural
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
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Então, todos os assuntos relacionados à vida dos seres humanos, à vida das pessoas, 
acabam se tornando um dilema, e esse dilema é sugado imediatamente para o campo da 
bioética para que a gente possa criticar, refletir, chegar num consenso sobre esse dilema. 
Sabemos que na 2ª Guerra tivemos muitos avanços científicos, porém, muitos desse 
avanços foram realizados de forma a não contar com consentimento do objeto de estudo 
(que eram os outros seres humanos) → infelizmente, de acordo com algumas ideologias, 
tinham pessoas que consideravam determinadas nacionalidades, determinados traços 
étnicos como inferiores e considerando esses traços inferiores, as pessoas que se 
consideravam superiores, tinham algumas práticas desumanas. 
A gente sabe que não existe essa coisa de humanizar a Medicina, porque ou a Medicina 
é humana, ou não é Medicina. Até um tempo atrás devido a esses processos de 
preconceito, de xenofobia, vivíamos uma época em que se acreditava que poderia existir 
uma raça superior, uma raça pura, e, portanto, todos aqueles que não fossem dessa raça, 
seriam descartados, seriam desumanizados, seriam tratados como animais, porque eles 
sujariam a raça humana e por causa disso, essas pessoas eram utilizadas como cobaias de 
alguns estudos. 
Então, por volta de 1946, quando a guerra se encerra, vamos ter o tratado sobre essas 
questões que começaram a ser discutidas e repensadas, que é o Tratado de Nuremberg → 
esse tratado é importantíssimo porque vai colocar como princípio da atuação médica o 
consentimento do paciente, ou seja, para qualquer ação médica, era necessário que o 
paciente tivesse esclarecimento do caso, do tratamento, o que iria acontecer durante o 
procedimento e no pós tratamento, para que então, de posse dessas informações, ele 
pudesse decidir, de uma forma livre e esclarecida se ele aceitaria ou não aquele 
tratamento. 
Quando se fala de consentimento, não significa que o paciente vai decidir qual o 
tratamento o médico vai fazer com ele, porque quem estudou pra isso, quem sabe isso, é 
o próprio médico, mas o paciente vai ter a decisão de aceitar ou não aquilo que o médico 
está propondo pra ele. 
Com os avanços tecnológicos, começamos a sair de uma era mecanicista pra uma era 
tecnológica. Então, o século XX é muito importante pra nós, porque além de vários 
avanços científicos, tivemos avanços tecnológicos → podendo fazer outros experimentos 
que envolvesse não só o ser humano e as práticas médicas, mas também que associasse o 
ser humano, as práticas médicas e tecnologia. 
Porém, tudo aquilo que propõe um progresso, uma inovação, tem seu lado positivo, mas 
também seu lado negativo. Os gregos já iriam dizer isso lá atrás → Aristóteles e Platão já 
diziam que um dos pontos que poderiam prejudicar a ética humana, seria a questão da 
mercantilização (o comércio), porque o comércio poderia causar a fragilidade do caráter 
da pessoa. 
Importante pensar: esse avanço científico e tecnológico vai ser bom pra todo mundo ou 
só pra quem tem dinheiro? 
Nossos valores são colocados em xeque a todo momento → imagine trabalhar com uma 
coisa da qual a gente não tem vontade nenhuma, uma coisa da qual a gente não se vê 
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
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interessado naquilo, que tédio seria → os valores começam de fato a caírem por terra → 
isso também começa a gerar muito conflito interno e muita insegurança em relação à sua 
própria escolha profissional. 
A bioética vem para estudar exatamente esse fenômeno cultural → a partir do momento 
em que temos avanços científicos e tecnológicos, a população começa a ter acesso a 
muitas informações. Michel Foucault foi um filósofo francês que dentre tantas coisa, 
estudou o biopoder (nós, como estudantes já possuímos um poder só pelo fato de falarmos 
que estamos em uma faculdade de Medicina) → Foucault aponta que não é atoa que as 
pessoas tratam os profissionais da saúde dessa maneira → na visão das pessoas, os 
profissionais da saúde possuem um poder sobre a vida e sobre a morte, e a Medicina 
devido aos avanços, conseguiu prolongar um pouco mais a vida humana, ela conseguiu 
ter controle sobre algumas doenças que até um tempo atrás eram tidas como um atestado 
de óbito → e o profissional é visto como aquela pessoa que vai dizer “espere aí, você não 
precisa morrer disso, nós temos esse tratamento”, e com isso, mesmo que o tratamento 
seja um pouco difícil, doloroso, a pessoa sobrevive → com isso, nossa palavra começa a 
ter uma importância muito grande para aqueles que nos procuram. 
 
A bioética está fundamentada nas relações. A relação do profissional com o restante da 
sociedade → tanto que aquele juramento que fazemos na formatura, ele é feito de frente 
para o público, porque aquele juramento é um compromisso com a sociedade que está 
diante de nós e que está testemunhando aquilo que estamos prometendo. 
Poder x biopoder (conteúdo extra) 
➢ Poder: tem como alvo o corpo de cada indivíduo. 
➢ Biopoder: dirige-se ao corpo das massas, ao conjunto da população e ao seu local 
de convívio. 
➢ O objetivo do biopoder são os fenômenos coletivos, como os processos de 
natalidade, longevidade, mortalidade, fecundidade. 
A Bioética das relações
O ser humano se constrói
A dimensão social
O valor (preferência)
A moral (sistema de valores)
A ética (análise e reflexão crítica dos valores)
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
P á g i n a 5 | 30 
 
➢ São acionadas afim de garantir a resolução e o controle dos problemas da 
coletividade. 
➢ Muitas instituições, além do Estado, são mobilizadas: instituições de ensino, 
meios de comunicação de massa, hospitais, etc. 
➢ Introjetamos esse discurso como verdades absolutas e não como convenções 
históricas socialmente estabelecidas. 
➢ O poder sefocará na preservação da vida enquanto um fenômeno natural, 
biológico. E aqui a visibilidade do poder se dará por meio da manutenção da vida, 
controlando casos de crise que ponham a vida em risco. 
➢ A população passa a fazer parte de um “conjunto de processos” que será preciso 
administrar no que ela tem de “natural”: clima, intensidade do comércio, leis, 
hábitos, valores morais e religiosos, etc. Aparece ainda como o desejo dos 
indivíduos, isto é, é preciso deixar o desejo fluir dentro de certos limites do jogo 
espontâneo – e agora o problema de quem governa não é mais limitar o desejo, 
mas de saber dizer sim a ele. 
 
Biopoder é a visão que Michel Foucault tem dos profissionais da saúde em relação à 
sociedade. 
A profissão de um médico, em termo de profissão mesmo, é a mesma coisa da profissão 
de um engenheiro, de um professor, de um cozinheiro, mas por que que a palavra de um 
médico passa a ter peso maior que a palavra de um engenheiro, de um professor de um 
cozinheiro? É justamente devido à essa crença social de que o fato do médico estudar 
sobre questões de vida e de morte, dá a ele uma sabedoria superior às demais profissões. 
Então o biopoder seria exatamente essa crença social de que os médicos possuem uma 
sabedoria superior. 
Todo conhecimento se limita àquilo que foi estudado. 
A bioética é construída → ninguém nasce ético. Nós nascemos e vamos nos humanizando 
com as relações nas quais fomos inseridos. Começamos a perceber que nossas noções 
éticas possuem uma dimensão social. As nossas relações com a sociedade são 
fundamentais para que a gente compreenda vários significados. Nossos valores são 
relacionados às nossas preferências. 
Caso clínico: “Um menino de 9 anos de idade chamado Youssef Camp que morava no 
interior de Washington comeu legumes em conserva que havia comprado de um vendedor 
de rua, logo depois de comê-los ele teve convulsões e desmaiou na calçada, uma 
ambulância o levou para o hospital mais próximo, onde ele passou por uma lavagem 
gástrica. Os testes revelaram que os legumes continham vestígios de maconha e pó de 
anjo (fenciclidina), o menino sofreu de depressão respiratória severa e ficou inconsciente 
BIOPODER
• Biopoder é uma forma de governar a vida. 
• Foi posta em prática no Ocidente a partir do 
século 17 (FOUCAULT, 2012). 
• Divide-se em dois eixos principais: 
disciplina, o governo dos corpos dos 
indivíduos; e biopolítica, o governo da 
população como um todo.
O biopoder é um mecanismo que surge para 
um controle diferente do disciplinar. Porque 
nesse momento o sujeito já está disciplinado 
e o controle se exerce sobre grandes grupos 
já adestrados que formam uma sociedade. Na 
verdade, a todos esses mecanismos, 
Foucault denomina de sociedade de controle.
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
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sem poder respirar por um intervalo de tempo desconhecido, a equipe de emergência o 
fez voltar a respirar colocando-o em um respirador artificial, mas não conseguiu que ele 
recobrasse a consciência e respirasse adequadamente por conta própria. Os médicos 
concluíram que sua função cerebral havia sido danificada de modo irreversível e que não 
havia possibilidade de recuperação → eles poderiam simplesmente tê-lo declarado morto 
e então desligado o respirador, mas a situação, logo se tornou ainda mais complicada: 
dois dos neurologistas presentes estavam convencidos de que o cérebro do paciente estava 
totalmente morto, mas um deles acreditava que ele apresentava função cerebral 
secundária, assim, eles não puderam declarar o paciente como morto com base na perda 
da função cerebral. Naquele momento, a questão era a seguinte: o que eles deveriam 
fazer? O paciente ainda estava vivo, mas permanentemente inconsciente, respirando 
apenas porque estava ligado a um aparelho de ventilação. Os médicos disseram que não 
havia mais nada que pudessem fazer, exceto deixar o aparelho funcionando talvez 
indefinidamente e manter o menino em estado vegetativo persistente ou permanente. A 
manutenção do estado vegetativo mais longa que se tem notícia durou mais de 37 anos. 
Os pais eram mulçumanos, membros da Nação do Islã e acreditavam firmemente no poder 
de Ala, eles tinham esperança de que Ala iria intervir se fosse sua vontade, e que era 
função dos médicos dar essa oportunidade ao Deus. Como os médicos deveriam agir?” 
A bioética, em um caso desses, vai levar em consideração todos os dados concretos; tudo 
aquilo que a área médica conseguiu evoluir, apontar, relacionar, para que pudesse ser feito 
um relatório, um laudo da situação atual. E por outro lado, tenho a crença religiosa, uma 
vez que no meu exercício profissional tenho que respeitar o consentimento do paciente, e 
uma vez que o garoto tem 9 anos, o consentimento parte de seus responsáveis legais, os 
responsáveis legais afirmam que tem que ser dada oportunidade para que Deus se 
manifeste e que cumpra a vontade que é dele → se o menino tiver que viver, Ala permitirá 
que ele viva. 
A ética é justamente o momento em que vamos analisar e refletir criticamente os valores 
até então colocados por esse sistema social no qual estamos inseridos. 
 
O desenho do caráter
A coerência ou não entre os atos
A responsabilidade
A consciência sobre o conflito
O desenvolvimento emocional e racional
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
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Não tem como a gente avaliar as situações bioéticas sem nos comprometermos com 
nossos valores. 
É essa ética que vai ser responsável pelo desenho do nosso caráter. 
Como se declara a morte de alguém? A partir do momento em que declaro a morte, 
declaro também o momento em que a vida começa. 
A bioética tem uma ligação muito forte com duas áreas do conhecimento: Medicina e 
Direito. A bioética, por ser essa atitude reflexiva, ela vai ajudar a refletir sobre, mas o que 
vai determinar se aquilo é legal (no sentido de lei) ou não, é o Direito. 
 
A bioética está extremamente ligada ao estudo sistemático da conduta humana. 
 
Declaração Universal dos Direitos Humanos garante às pessoas direitos que independente 
da cultura regional que aquele país, aquela região tenha, é necessário que se respeite essa 
declaração. 
E aí a humanidade começa a ser colocada no centro. 
"(...) o estudo sistemático da conduta humana, na área das 
ciências da vida e dos cuidados de saúde, quando se examina esse 
comportamento à luz dos valores e dos pincípios morais."
Warren T. Reich
Segunda Guerra Mundial 
Tribunal de Nuremberg (1940)
Código de Nuremberg (1946)
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
A humanidade como inspiração
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
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Os avanços tecnológicos e científicos começam a ser valorizados respeitando a 
humanidade, o status do ser humano enquanto pessoa → ao ser declarado uma pessoa, 
esse ser humano passa a ter direitos que não podem ser negociados nem substituídos por 
outros que possam prejudicá-los. 
 
História: Tuskegee, no início do século XX, era uma pequena cidade do Alabama com 
uma população essencialmente rural, analfabeta e negra. Em 1932, sob os auspícios do 
US Public Health Service (PHS), começou em Tuskegee um estudo sobre Untreated 
Syphilis in the Negro Male. Durante 40 anos, até 1972, 400 homens negros com sífilis 
seriam mantidos sem tratamento. Pelo menos 100 morreriam comprovadamente por 
complicações da doença. Em julho de 1972 a história de Tuskegee apareceu no New York 
Times. O secretário da Saúde da Administração Nixon e um senador democrata da 
Comissão de Saúde confessaram-se “chocados”. Em novembro, o projecto foi declarado 
“não ético” e foi encerrado. 
Princípios fundamentais da bioética: respeito às pessoas, beneficência e justiça. 
 
State School Willowbrook - Nova York (1960)
Tuskegee - Alabama
Relatório de Belmont (1978)
Respeito às pessoas, beneficência e justiça
Consentimento informado, análise de riscose benefícios e 
seleção de sujeitos em pesquisa
CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL - BRASIL (1988)
• Valor e dignidade da pessoa 
humana
"Resolução incorpora sob a ótica do 
indivíduo e das coletividades, os quatro 
referenciais básicos da bioética: autonomia, 
não maleficência, beneficência e justiça, 
entre outros, e visa assegurar direitos e 
deveres que dizem respeito à comunidade 
científica aos sujeitos da pesquisa e do 
Estado" (BRASIL, Conselho Nacional de 
Saúde. 1996, p.21.802)
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
P á g i n a 9 | 30 
 
 
Falar de saúde individual, não é falar de saúde coletiva. A saúde um não quer dizer a 
saúde do todo → as condições sociais e econômicas são diferentes. 
É importante que a Medicina consiga dialogar com outras áreas do conhecimento. 
 
Ao oferecer autonomia ao nosso paciente, a gente precisa se atentar, focar um pouco 
melhor na relação médico-paciente, evitando o paternalismo hipocrático → que é o fato 
de o médico se envolver tanto com o paciente, que ele abandona o seu lado profissional 
e passa a agir como se fosse um pai, se relacionando com esse paciente ao ponto de se 
sentir magoado, até persuadido desnecessariamente à decisão do paciente. O médico ao 
expor dados de um tratamento, deve expor da forma mais “neutra”, que não vai levar o 
paciente a uma decisão que vai ferir os valores dele. 
O juramento de Hipócrates 
Episódio de Grey’s Anatomy onde o juramento de Hipócrates é proferido pelo Dr. Weber 
- https://www.youtube.com/watch?v=qelnRqTsv6U 
 
A dimensão social
Várias categorias profissional
Os interesses individual e coletivo
Os interesses privado e público
Abandono de dogmas e persuasão
Interdisciplinaridade e pluralidade
A bioética aplicada
Não maleficência, beneficência. respeito à autonomia e justiça
A relação médico-paciente
O paternalismo hipocrático
https://www.youtube.com/watch?v=qelnRqTsv6U
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
P á g i n a 10 | 30 
 
 
Hipócrates viveu mais ou menos no século IV antes de Cristo; no ano de 486 a. C. na Ilha 
de Kós, na Grécia. Na época ele já tinha uma espécie de uma escola médica → ele já 
cuidava da saúde das pessoas da região dessa ilha de Kós. Por isso, pelos registros mais 
antigos que temos, que ele é considerado o pai da Medicina → isso não quer dizer que 
ele foi o único que começou a cuidar das pessoas na sua época, não foi o único que 
exerceu no mundo inteiro o papel de médico, mas até o momento, o que foi encontrado 
em termos de registro, de escritas sobre a conduta e sobre algumas práticas médicas, o 
que data mais antigo disso, são os escritos de Hipócrates → o Corpus Hippocraticum, que 
é uma coletânea de livros com 7 assuntos específicos relacionados à vida e também à 
prática médica, à prática do cuidado com a saúde das outras pessoas. 
Hipócrates tinha uma tendência a se desvincular um pouco da religião da época, a crença 
nas questões místicas, nas divindades e no que as divindades interferiam na saúde ou na 
doença das pessoas. Hipócrates era crítico a respeito disso e por isso ele começava a fazer 
seus experimentos e observar o que estava dando certo no tratamento das pessoas e o que 
não estava dando certo. 
Hipócrates mostra que o médico deve se preocupar com a maneira como ele atua → sem 
saber da questão do biopoder, ele já sabia que as pessoas iam olhar e admirar quem fosse 
da escola de medicina de uma forma bem diferenciada do que as outras pessoas, os outros 
cidadãos e os outros profissionais gregos. Cada um com seu respeito, cada um na sua 
área, fazendo aquilo que sabe fazer de melhor e contribuindo para o crescimento e 
progresso da sua comunidade, porém o médico naquela época já tinha um destaque. A 
palavra do médico era muito valorizada e o comportamento do médico tanto no exercício 
da profissão quanto fora dela também era muito observado. 
Aí, Hipócrates cria o Corpus Hippocraticum. 
Era um conjunto de livros que se dividiam em 7 fascículos e cada um tratava de um tipo 
de assunto. 
486 a.C., Ilha de Kós (Grécia)
Escola Médica
Hipócrates, o Pai da Medicina
Medicina x Religião (magias e crenças)
Normas éticas de conduta (dentro e fora da profissão)
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
P á g i n a 11 | 30 
 
 
“Do médico” → mulheres não podiam fazer Medicina naquela época. A Medicina era 
uma prática exclusiva dos homens. 
Juramento de Hipócrates 
"Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo por testemunhas 
todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a 
promessa que se segue: 
Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, 
se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; 
ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e 
nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do 
ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos 
da profissão, porém, só a estes. 
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca 
para causar dano ou mal a alguém. 
A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a 
perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. 
Conservarei imaculada minha vida e minha arte. 
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação 
aos práticos que disso cuidam. 
Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano 
voluntário e de toda a sedução, sobretudo dos prazeres do amor, com as mulheres ou 
com os homens livres ou escravizados. 
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu 
tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. 
Corpus Hippocraticum:
Juramento
Da Lei
Da Arte
Da Antiga Medicina
Da Conduta Honrada
Dos Preceitos
Do Médico
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
P á g i n a 12 | 30 
 
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida 
e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou 
infringir, o contrário aconteça." 
 
Apesar de Hipócrates fazer algumas críticas ao uso da religiosidade na prática médica, 
ele invoca os deuses antigos como se estivesse pedindo uma benção à tradição cultural da 
época, então ele reconhece o lugar desses deuses, reconhece o lugar da religião na cultura 
na qual ele está inserido e evoca esses deuses para iniciar o juramento. 
Ele dá importância aos professores dele → quem ensinou a ele a arte da Medicina. Nessa 
época, os professores eram considerados da família → tinham que ter a mesma 
consideração que os pais; tanto que os lucros que se obtinham após a formação na escola 
médica, deveriam ser partilhados com seus professores; e se, por um acaso, alguns desses 
professores padecer de necessidade, o professor tem parte dos bens do aluno → o aluno 
se compromete a partilhar com os professores. 
Os filhos dos professores, quando chegassem na idade de aprender a Medicina, caso fosse 
interesse deles, não poderia ser cobrado salário para o ensino. 
Uma vez que você entrou na escola médica, você vai ensinar essas práticas aos seus filhos, 
aos filhos dos seus mestres, aos discípulos ligados por uma obrigação, ou seja, aqueles 
alunos que por algum motivo conseguiram entrar na escola médica, e ele jura que vai 
ensinar somente a essas pessoas. Com isso, conseguimos perceber que naquela época a 
Medicina era um conhecimento considerado apenas dos médicos → não é igual hoje que 
as pessoas possuem muitas informações mesmo não sendo da área. Havia uma 
segmentação do conhecimento. Com isso, o médico detinha o saber e o poder sobre o que 
deveria ou não ser feito com o paciente → não havia a possibilidade de opaciente dar o 
consentimento em relação ao que seria feito. 
Atividade hipocrática subjetiva → cada um vai indicar no início o que acha melhor, mas 
quando se percebe que é algo novo, os médicos começam a se reunir para discutir qual a 
melhor conduta, para levantar hipóteses, etc → isso é consenso colegial. 
Antes, a decisão do médico só era tomada pelo que ELE considerasse melhor para o 
paciente, ele não considera nesse caso a discussão com outras pessoas da mesma área, 
coisas que hoje em dia já acontece. 
 TXXXIX | Carollayne Mendonça Rocha 
P á g i n a 13 | 30 
 
No juramento ele fala que não vai participar de suicídio assistido. A vida não vai chegar 
ao final pelas mãos dele, ele não vai indicar nenhum veneno para que a pessoa coloque 
fim ao próprio sofrimento. E também não entregará a nenhuma mulher um pessário 
abortivo. As questões relacionadas aos rins, Hipócrates também não se considerava apto 
para resolver, assim como nenhum de seus alunos. 
Caso fosse necessário ir à casa dos doentes, ele deixa claro que só faria isso para utilidade 
e tratamento do doente, ele não vai estabelecer naquela casa qualquer outra relação que 
não seja a de médico e paciente, isso para que haja respeito na casa em que eles visitariam 
→ considerando também que as mulheres poderiam se sentirem atraídas. 
Não falar sobre as coisas que ele sabe sobre o paciente, ou seja, o sigilo médico, porém 
ele coloca que se precisar contar, ele conta, mas no primeiro parágrafo ele leva em 
consideração o juízo dele como embasamento, portanto o médico pode revelar a outras 
pessoas o que foi confessado a ele no sigilo da confissão → então tem uma brecha. No 
último parágrafo ele deixa claro que deve cumprir as normas e caso contrário pode ser 
retirado de seu cargo. 
Caso clínico: “Um médico de família mantinha uma clínica geral na época em que a lei 
ainda exigia exames físicos como uma inspeção médica pré nupcial, ele tinha um paciente 
de 21 anos de idade a quem já conhecia há muito tempo. Como esse paciente já havia 
sido tratado anteriormente por DSTs, o médico estava ciente de seu histórico sexual e 
sabia que ele era homossexual. Com o passar dos anos, o paciente havia discutido seu 
estilo de vida com o médico. Quando o paciente foi ao médico para solicitar um exame 
físico pré nupcial, o médico ficou surpreso, mas acreditou que isso não era realmente da 
sua conta, ele sabia, pelo menos às vezes, as pessoas são bissexuais, de modo que talvez 
o casamento desse certo. Em uma conversa ele perguntou ao paciente quem era sua noiva, 
e ficou chocado ao descobrir que ela era uma de suas pacientes também, alguém que ele 
conhecia há muitos anos. Ele começou a notar que estava enfrentando um dilema: se ele 
seguisse o princípio hipocrático, era seu dever fazer o que acreditava ser benéfico para o 
paciente, nesse caso, a mulher com quem o paciente estava para casar também era sua 
paciente, por outro lado, se tivesse prometido confidencialidade, era seu dever ao paciente 
masculino, não divulgar nenhuma informação sem a sua permissão, nesse momento o 
médico estava em uma saia justa. Ele acreditava que a jovem estaria exposta a alguns 
riscos, primeiro: ele sabia que seu futuro marido tinha um histórico de DSTs, se ele 
permanece ativamente bissexual, levaria essas doenças para o casamento, segundo: pelo 
que sabia do homem, o médico estava certo de que essa mulher estaria presa a um 
relacionamento muito desagradável, seu casamento com alguém que o médico sabia ser 
homossexual parecia condená-los a um divórcio iminente. Esse médico concluiu que era 
seu dever à paciente mulher, descobrir, perguntando ao homem se sua noiva sabia a 
respeito de seu estilo de vida e caso não soubesse, informa-la. Ele poderia estar com sorte 
e descobrir que ela sabia da situação ou que o homem estava disposto a pedir ao médico 
que discutisse isso com o casal, se, como parece mais provável, ele não estivesse disposto 
a descobrir isso com sua noiva, então o problema do médico não seria resolvido, pois ele 
também concluiu que seu dever ao paciente masculino seria manter a confidencialidade.” 
Opiniões... 
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Como membro da profissão médica: 
RESPEITAREI a autonomia e a dignidade do meu doente; GUARDAREI o máximo 
respeito pela vida humana; NÃO PERMITIREI que considerações sobre idade, doença 
ou deficiência, crença religiosa, origem étnica, sexo, nacionalidade, filiação política, raça, 
orientação sexual, estatuto social ou qualquer outro fator se interponham entre o meu 
dever e o meu doente; RESPEITAREI os segredos que me forem confiados, mesmo após 
a morte do doente; EXERCEREI a minha profissão com consciência e dignidade e de 
acordo com as boas práticas médicas; FOMENTAREI a honra e as nobres tradições da 
profissão médica; GUARDAREI respeito e gratidão aos meus mestres, colegas e alunos 
pelo que lhes é devido; PARTILHAREI os meus conhecimentos médicos em benefício 
dos doentes e da melhoria dos cuidados de saúde; CUIDAREI da minha saúde, bem-estar 
e capacidade para prestar cuidados da maior qualidade; NÃO USAREI meus 
conhecimentos médicos para violar direitos humanos e liberdades civis, mesmo sob 
ameaça; FAÇO ESSAS PROMESSAS solenemente, livremente e sob palavra de honra. 
O juramento é feito para a sociedade. 
 
A autonomia do paciente deve ser respeitada. A beneficência, as questões de justiça social 
e as questões que tenham a ver com a mercantilização da Medicina. 
DECLARAÇÃO DE GENEBRA
1948, Associação Médica Mundial
1968, 1983, 1994; 2005, 2006 e 2017.
Eixo ético 
dos 
juramentos 
seguintes
Beneficência do 
paciente
Justiça social
Mercantilização 
da Medicina
Autonomia do 
pacietne
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Quando falamos de mercantilização da Medicina, estamos falando do excesso comercial 
que alguns profissionais fazem da área de atuação, colocando a Medicina em um campo 
de muito prejuízo, de valores exorbitantes que não ajudam a sociedade, levando em conta 
somente o dinheiro. 
Outros documentos: 
 
Não podemos abandonar os fundamentos religiosos e caso você não queira lidar com isso, 
pode indicar outro médico para que o faça. 
 
Declaração de Genebra (1948)
Código de deontologia médica da França: trata do 
respeito às pessoas (1995)
Carta do profissionalismo médico (2002)
Declaração Universal sobre Bioética e Direitos 
Humanos da Unesco (2005)
Fundamentos religiosos
Código de Ética Médica
Edição de 2019
Princípios fundamentais
Direitos dos médicos 
Responsabilidade profissional
Direitos humanos
Relação com pacientes e familiares
Relação entre médicos 
Remuneração profissional
Sigilo profissional
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Beneficiar e evitar danos ao paciente 
Animação Flutuar – https://www.youtube.com/watch?v=MnU1hHFsGQc → foi feita 
baseada em uma criança com autismo 
➢ O diferente causa medo, isso faz com que aconteça um isolamento social. 
➢ O preconceito está enraizado na sociedade, principalmente quando falamos de 
negros, homossexuais, autistas, portadores de síndrome de Down, etc. 
➢ O pai da criança na animação não conseguia aceitar a condição do filho, inclusive, 
tinha até vergonha, escondendo a criança da sociedade. 
A bioética surge exatamente por isso → começam a existir algumas demandas sociais, 
algumas situações que antes eram tidas como normais (por exemplo: o homem bater na 
mulher, clínicas psiquiátricas, ...) que de repente começam a se tornar um dilema → 
começamos a olhar pra elas e a questionar → será que é assim mesmo que as coisas têm 
que ser? A bioética entra para tentar entender isso, e nesse caso, não basta que a gente 
apresente informações, dados concretos, eu preciso também levar em consideração toda 
uma tradição cultural, levar em consideração a religiosidade do povo → tudo isso vaiajudar a chegar em um consenso sobre o certo e o errado. 
✓ Juramento Hipocrático (flashback): 
o Evocação dos Deuses 
o Aluno de Medicina tinha que prestar homenagem aos seus mestres 
o Sigilo da ciência médica – não deveria se tornar um conhecimento 
popular – paciente não poderia decidir sobre o seu tratamento 
o Sigilo médico-paciente – deveria ser guardado em situações nas quais o 
médico achasse necessário 
o Não se aproveitar da situação de médico para tirar proveito das famílias 
o É um juramento muito subjetivo → ele é determinado pela interpretação 
individual do médico 
Código de Ética Médica de 2019 → deixa claro que algumas coisas deveriam ser 
acrescentadas e outras retiradas → mostra que questões éticas não são estáticas, as coisas 
se alteram de acordo com a demanda de determinado tempo e determinado local. 
Exemplo: pandemia. A pandemia fez com que alguns consultórios se fechassem durante 
algum tempo, fez com que alguns médicos se preservassem para garantir a sua saúde e 
que garantissem também a saúde de seus pacientes. Alguns médicos até passaram a fazer 
consultas de forma remota (decisão do Conselho Federal de Medicina) → demanda da 
sociedade. 
➢ Utilidade hipocrática subjetiva 
 
É eu me valer de alguns preceitos hipocráticos para tomar algumas decisões. É um tipo 
de recurso de decisão que você tem, onde a decisão cabe apenas ao clínico. Exemplo: 
“Podemos nos referir à abordagem em que o médico baseia uma decisão do benefício ao 
paciente por seu próprio julgamento como utilidade hipocrática subjetiva. Utilidade refere-se 
a avaliações de benefício e dano. O princípio de utilidade afirma que uma ação é 
moralmente correta desde que aumente o ‘benefício líquido’.” (VEATCH, 2014, p. 55).
https://www.youtube.com/watch?v=MnU1hHFsGQc
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atendimentos feitos em urgência, PA → paciente chega e a decisão a ser tomada tem que 
ser imediata, alguns minutos podem ser determinantes para vida ou morte, não existe 
tempo para o paciente consentir, não existe tempo de consultar a família e nem os outros 
colegas de profissão. 
 
O médico só toma essa utilidade subjetiva quando ele tiver um benefício líquido para o 
paciente. 
Benefícios – danos = benefícios líquidos 
 
A outra forma que o médico tem sem ser o julgamento individual, é o consenso. Dentro 
do consenso não entra a utilidade hipocrática subjetiva, mas sim o consenso colegial. 
 
Caso Clínico: O Dr. M. é um ginecologista que vem atuando na área há 35 anos. Ele vê 
num exame Papanicolau, um desenvolvimento de célula anormal, algo que tem visto há 
35 anos. Nesses casos, sua regra é: quando estiver em dúvida, faça uma histerectomia. 
Recentemente, seus colegas de profissão fizeram estudos que revelam que não há 
documentação que prove que uma histerectomia cause algum bem nessas circunstâncias. 
Mas o Dr. M. está nessa profissão há muito tempo e seu instinto é o de que o melhor para 
essa mulher é fazer uma histerectomia – é melhor prevenir do que remediar. O juramento 
de Hipócrates nos diz que o médico deve fazer o bem para o paciente de acordo com sua 
capacidade e seu julgamento. Assim, o juramento está dizendo ao Dr. M que, mesmo que 
seus colegas discordem de seu julgamento crítico e tenham diversos estudos empíricos e 
dados para dar suporte a sua posição, é seu dever moral fazer o que ele acha ser benéfico. 
Ele deverá seguir seu próprio julgamento ou de seus colegas? 
Vocês acham que o Dr. M recomendaria para o paciente um tratamento que fosse menos 
invasivo? Com o mesmo empenho, mesma entonação de voz que ele recomendaria a 
histerectomia? Provavelmente não. 
Um consenso de um grupo médico é suficiente para dizer o que é 
benéfico para um paciente ou grupo social? 
 
“Às vezes, os benefícios e os danos são considerados separadamente, e então nesse caso 
nos referimos aos princípios de beneficência e não maleficência (em que as ações são, 
respectivamente, moralmente corretas desde que promovam o bem e evitem o mal). 
Beneficência é o termo filosófico que simplesmente significa fazer o bem. Não 
maleficência significa evitar o mal. Os dois conceitos, quando considerados em conjunto, 
podem falar de utilidade.” (VEATCH, 2014, p. 55).
“A UTILIDADE HIPOCRÁTICA SUBJETIVA, ENTÃO, É 
BASEADA NO JULGAMENTO INDIVIDUAL DO CLÍNICO.” 
(VEATCH, 2014, p. 55).
“Cada vez mais, a ênfase no julgamento pessoal do médico está sendo substituída por uma 
forma mais objetiva de utilidade hipocrática, em que o julgamento dos resultados é baseado 
em análise dos colegas, análise de utilização, garantia de qualidade, pesquisa de resultados e 
protocolos de tratamento (consenso colegial). (...) Ele [o médico] precisa ser guiado e 
influenciado pelos dados mais objetivos sobre os resultados.” (VEATCH, 2014, p. 55-56).
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Você precisa se valer de todas as experiências que já foram realizadas e comprovadas 
para se dar opinião em relação a alguma coisa desse tipo e para chegar, de fato, na decisão 
de que aquilo vai realmente ter uma mudança benéfica para aquela pessoa. 
 
A avaliação do próprio paciente também deve ser levada em consideração → o paciente 
precisa estar esclarecido em relação à doença e aos tratamentos, ele decide se o que o 
médico está propondo deve ou não ser realizado, mas ele não decide os tipos de 
tratamento, visto que sua base é só o senso comum → o médico foi quem estudou anos 
para obter o conhecimento. 
 
Exemplo: o diagnóstico de diabetes, o paciente sabe o que é que precisa para ter a 
qualidade de vida, mas a questão é se ele está disposto a levar a vida com regras tão 
restritivas como é necessário. Se você é um médico que não se preocupa com o bem-estar 
do paciente, só vai passar os remédios e se preocupar com o bem-estar médico. Mas se 
você é um profissional que está preocupado com o que o paciente vai precisar, 
possivelmente vai levar em consideração o bem-estar total dele, com isso, vai levar em 
consideração as relações sociais que o paciente tem, a questão da educação toda que ele 
teve durante tanto tempo, e vai tentar encaixar de maneira contínua, progressiva, o 
tratamento para ele. Não tem nada mais frustrante do que ter uma meta e essa meta chegar 
muito perto do impossível de se alcançar. Uma coisa é se ter uma meta muito mais real, 
que é possível de se alcançar aos poucos, de forma gradativa, confiar no processo da coisa, 
e outra coisa é você acreditar que só vai ser feliz com O resultado, e esse resultado está 
lá em cima, lá no alto, muito longe de ser alcançado. A chance de uma pessoa desistir do 
tratamento quando você foca mais no resultado e deixa de focar mais no processo é muito 
grande. 
 
Declaração empírica sobre a ciência médica.
Produção de uma mudança benéfica.
(Cf. VEATCH, 2014, p. 57).
“A AVALIAÇÃO DO PRÓPRIO PACIENTE, CADA VEZ MAIS, 
TEM PRIORIDADE.” (VEATCH, 2014, p. 57).
“Existe um segundo problema. O objetivo é realmente promover o bem-estar total do 
paciente? Ou o objetivo é promover somente o bem-estar médico? (...) O bem-estar total 
envolve todos os aspectos da vida de uma pessoa: educação, religião, relações sociais, estética 
e entretenimento. Mas, se o objetivo do especialista for o bem-estar médico, deve-se 
reconhecer que poucos pacientes racionais desejam maximizar o bem-estar médico.” 
(VEATCH, 2014, p. 57-58).
“Considere uma pessoa que é diagnosticada com diabetes. Imagine o que um médico 
recomendaria se estivesse comprometido a fazer literalmente o que fosse clinicamente melhor 
para o paciente. O melhor procedimento, sem dúvida, poderia incluir uma dieta irrealmente 
estrita, um programa de exercícios terrivelmente incômodo, monitoramento frequente do 
açúcar no sangue e várias injeções diárias de insulina, para manter um controle acirrado.” 
(VEATCH, 2014, p. 58-59).
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Os objetivos da esfera médica devem considerar o bem-estar do paciente. 
 
Dentro desses 4 objetivos da esfera médica, o Dr. M conseguiria alcançar todos? Mas ele 
priorizou o bem-estar do paciente? 
Princípio de utilidade: beneficência x maleficência 
Caso Clínico: A Dra. R. cuidou do Sr. J. por alguns anos. Ele foi diagnosticado com 
câncer de próstata há dois anos. A Dra. R. entrou em contato com o centro oncológico de 
um hospital universitário local, que tinha oferecido uma oportunidade para colocar o Sr. 
J. em um estudo clínico randomizado. Se ele participasse da pesquisa, seria colocado no 
grupo de tratamento-padrão (controle) ou no grupo que receberia uma combinação 
experimental de novos agentes potentes. O tratamento-padrão impunha alguns riscos 
menores, mas, infelizmente, oferecia benefícios apenas moderados. A taxa de 
sobrevivência por dois anos não passava dos 3%. Com base nessa informação, a Dra. R. 
imaginava que, apesar disso, os benefícios seriam maiores que os riscos – talvez duas 
vezes maiores. Se houvesse somente o tratamento-padrão à sua disposição, ela o 
recomendaria ao Sr. J.. O agente experimental era mais promissor. Os dados preliminares 
mostraram taxas de sobrevivência maiores que dois anos, talvez até dez vezes mais que 
isso. Infelizmente, os efeitos colaterais também eram maiores, cerca de dez vezes piores 
que o tratamento-padrão. O Sr. J. pediu à Dra. R. que o aconselhasse quanto a participar 
ou não da pesquisa. 
Se vocês tivessem que decidir, adotariam o tratamento padrão, cuja taxa de sobrevivência 
em dois anos é de 3%, ou adotariam o tratamento com agente experimental, cuja taxa de 
sobrevivência é 10x maior, porém os efeitos colaterais são também 10x piores que o 
tratamento padrão? 
Levando em consideração a questão da beneficência menos os danos, qual você 
consideraria melhor? 
Temos que ter em mente a questão do benefício que vamos causar com o nosso tratamento 
ao paciente. Mas se trata de uma decisão do paciente → por ser um ensaio clínico 
randomizado, pode ser que ele receba o tratamento ou o teste, portanto, cabe a ele decidir 
ser quer enfrentar os efeitos colaterais mais severos ou não. Deve se pensar no bem-estar 
do paciente. 
 
Objetivos na esfera médica:
Preservar a vida
Promover a saúde
Aliviar o sofrimento
Curar doenças
(Cf. VEATCH, 2014, p. 60).
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A ética do respeito pelas pessoas 
Resumo: a bioética entra na década de 70 com Poter, preocupados com as pessoas e 
com os profissionais de saúde. Desenvolveu-se por conta das pessoas que eram pegas na 
guerra para serem usadas como meio de pesquisa, porém sem o consentimento delas. A 
partir disso, a gente volta lá no século IV, V antes de Cristo para que possamos falar de 
Hipócrates que se torna referência dos cuidados médicos com pacientes e da relação da 
Medicina com outras áreas do conhecimento (arte, sociedade, postura de vida, postura 
médica – em relação à vida do médico e a como ele deve tratar seus pacientes). O 
juramento de Hipócrates entra em questão novamente em 1948 quando surge a 
declaração de Genebra, porque Hipócrates fala de sigilo a não ser que visse necessidade 
de tornar aquela informação pública, a declaração de Genebra vem para dizer que o 
médico deve guardar sigilo absoluto e só pode divulgar com consentimento do paciente, 
ou seja, tira a parte de que o médico pode decidir se é necessário ou não manter o sigilo 
em relação àquela informação. 
O juramento hipocrático leva a gente à discussão de beneficência e da maleficência e isso 
nos leva à ética consequencialista. 
Ética consequencialista: vai avaliar as consequências de ação do profissional. Traz a 
questão de maleficência e beneficência. Vai avaliar a ideia de que deve fazer mais 
benefício que mal ao paciente, uma vez que isso fecha, eu estou sendo bioético. Porém, 
isso traz uma série de riscos. 
Hoje o assunto será a ética deontológica → a ética deontológica parte do princípio do 
dever que existe da minha parte como profissional com as pessoas. Do respeito que deve 
existir, e esse respeito deve se valer da questão da fidelidade, da autonomia e da 
veracidade. 
 
Caso Clínico: Em 1970, o dr. Robert Browne, um clinico geral britânico de 63 anos de 
idade, era o médico de família de uma mulher de 16 anos de idade, desde o seu 
nascimento. Ela achou que precisava ter algum aconselhamento sobre contraceptivos. Por 
considerar que o dr. Browne poderia não ser favorável a esse plano, ela foi a um local 
chamado Birmingham Brook Advisory Centre. Tratava-se de uma clínica local de 
aconselhamento sobre controle de natalidade. Ela obteve aconselhamento contraceptivo, 
A ética do respeito pelas pessoas se estrutura em três princípios:
Princípio da fidelidade.
Princípio da autonomia
Princípio da veracidade
(Cf. VEATCH, 2014, p. 70-71)
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um exame médico e uma receita para contraceptivos orais. E uma prática médica padrão 
informar ao médico da família que seu paciente recebeu uma prescrição de receita de 
outro médico, O médico da clínica perguntou se poderia notificar o médico dela, o dr. 
Browne. Talvez sem pensar, ela deu sua autorização, O dr. Browne recebeu, por correio, 
sem haver solicitado, uma carta informando que sua paciente estava fazendo uso de pílula, 
e expressou duas preocupações. Primeiro, ele estava preocupado com a bem-estar 
farmacológico dela. Em 1970, a pílula ainda era recente no mercado, ninguém sabia ao 
certo quais poderiam ser os efeitos dela, especialmente em uma jovem de 16 anos de 
idade. Mas ele também estava preocupado com o bem-estar total dela: em particular, 
sobre o que ele chamou de sua "saúde moral". O dr. Browne consultou alguns colegas, 
obteve conselho deles e, por fim, chegou a um plano de ação. Um dia, quando o pai da 
jovem estava no consultório do médico, o dr. Browne lhe contou a história toda. A jovem 
não ficou satisfeita como ocorrido. O médico da clínica também não. O dr. Browne foi 
acusado perante o Conselho Geral de Medicina na Grã-Bretanha de violação da 
confidencialidade do paciente (General Medical Council, 1971), em sua defesa, o médico 
apresentou dois documentos: o Juramento de Hipócrates e o código da British Medical 
Association (BMA). O juramento diz que o médico não poderia revelar "aquilo que não 
deveria ser espalhado". Isso, por sua vez, tradicionalmente tem sido interpretado como 
uma confirmação do princípio hipocrático básico, de que seu dever moral é fazer o que 
ele acha que beneficiara o paciente. Da mesma forma, o código da BMA permitia 
explicitamente revelar informações quando se acreditasse que isso beneficiaria o 
paciente. O dr. Browne, tendo lutado com sua consciência e consultado seus colegas, 
afirmou ter feito o que acreditou ser o melhor para sua paciente, ele pode ter tido uma 
visão meio arcaica a respeito do que a beneficiaria, mas realmente acreditava que esse 
seria o curso mais benéfico. Será que o Conselho Geral de Medicina deveria exonerá-lo? 
➢ Não tinham ainda estudos que dissessem o que poderia acontecer em relação ao 
uso da pílula anticoncepcional. Era uma garota de 16 anos. Um médico de família 
de 63 anos. Existia muito preconceito. O médico trouxe a questão da ética 
consequencialista, e, em relação a isso, ele está certo ou errado? 
➢ Em 2021 é muito fácil chegar a um consenso, mas em 1970 isso era muito 
diferente. 
Essa questão entra na ética deontológica, que é diferente da ética consequencialista. 
Nem sempre precisa do consenso colegial, existem momentos que tomamos decisões em 
conjunto outros não. 
 
Kant fala que o ser humano deve ser considerado como fim próprio de qualquer ação, ou 
seja, na ética dele, não se devem usar as pessoas para atingir o fim, pois a pessoa já é a 
finalidade de qualquer ação, sendo assim, ela merece respeito.Portanto, não consta na 
“Quando a ética se volta para os deveres em relação aos indivíduos, ela normalmente é 
chamada de ética de respeito pelas pessoas. A ética de respeito pelas pessoas é aquela que 
deriva, até certo ponto, da filosofia de Immanuel Kant. O filósofo enfatizava que era 
importante tratar os seres humanos como fins por si sós e não como simples meios. Ele 
afirmou o valor intrínseco da vida humana e, portanto, que os seres humanos merecem 
respeito, independentemente das consequências das ações. Mostramos respeito por eles 
observando certos deveres em relação a eles.” (VEATCH, 2014, p. 70).
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ética Kantiana, não consta na ética deontológica, subverter o respeito que tem a pessoa 
para gerar mais benefícios a ela. É necessário que eu respeite esse ser humano, e a partir 
disso, eu vou alegar esse respeito a esse ser humano através de um tripé, que é obedecendo 
as questões de fidelidade, autonomia e veracidade. Seguindo esses três pontos, eu consigo 
levar a sério a ética deontológica, e, portanto, eu tenho o ser humano como um fim 
qualquer das minhas ações, independentemente de quais sejam. 
Dentro das questões da fidelidade, tenho também a lealdade. Quando falo de lealdade, 
estou falando de uma ética que parte das relações com que eu me relaciono com as pessoas 
sejam elas quais forem (tanto no pessoal quanto no profissional). 
Relação de fidelidade com médico e paciente e também do paciente com o médico, ou 
seja, o paciente deve contar toda a verdade àquele médico e não pode negar ou mentir 
informações (que estejam ligadas a essa enfermidade) assim como o médico ao paciente 
→ essa é a questão da lealdade. 
 
Caso Clínico: Uma estudante de medicina sênior, usando o National Matching Program, 
ouve a promessa de que conseguirá o que ela considera ser o cargo de residência perfeito. 
Ela recebe e assina um contrato para o cargo. Porém, antes de 1 de julho, o dia em que o 
programa de residência começara, o médico/ administrador do hospital liga para ela e diz: 
"Sinto muito por dizer isso, mas encontramos alguém que pensamos ser melhor para o 
nosso hospital e para os nossos pacientes. Embora você tenha habilidades excelentes, esse 
candidato é exatamente do que precisamos. Ele já atuou na área para a qual temos 
necessidades especiais. Lamentamos, mas não podemos mais aceitá-la. A estudante de 
medicina pode sentir que tem uma reivindicação legal contra o hospital. Isso dependerá 
dos termos exatos do contrato legal. Mas ela também pode sentir que foi ofendida 
moralmente. Dada a noção de ética hipocrática tradicional, de que os médicos têm o dever 
de fazer o que é melhor para os seus pacientes, o médico que administra o programa 
declara que, independentemente das implicações legais, ele fez apenas o que sua ética 
profissional requer. Supondo que o médico/administrador realmente acredite que a outra 
pessoa seja melhor para os pacientes de seu hospital, essa estudante de medicina tem 
alguma base moral para protestar? 
➢ Pela ética consequencialista: o médico estaria certo por se preocupar com os 
benefícios que a outra pessoa traria ao hospital, ou seja, vê que aquela pessoa que 
ele escolheu traria mais benefícios para os seus pacientes. Viu-se um meio para 
chegar a um resultado. 
➢ Pela ética deontológica: nessa visão, o consequencialismo não tem peso, o que 
tem peso é o respeito pelas pessoas, ou seja, não se usa as pessoas como um meio 
para atingir um fim, pois as pessoas já são um fim para si, então não tem que 
pensar nas consequências, malefícios e benefícios, tem que pensar na pessoa. Com 
PRINCÍPIO DA FIDELIDADE: “A ideia geral do princípio da fidelidade na relação 
paciente-médico é a de lealdade. (...) A maior parte da atenção está voltada para a lealdade 
do médico ao paciente, mas, em alguns casos, falamos também sobre as obrigações ou 
deveres de lealdade do paciente ao médico. Os casos problemáticos são aqueles em que 
manter um compromisso com o paciente não é a maneira de produzir as melhores 
consequências para ele. As consequências levam alguém para uma ação, o dever, para 
outra.” (VEATCH, 2014, p. 72).
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isso, nesse caso, já quebra o conceito de lealdade, só levou em consideração o que 
queria, e não o que a outra pessoa pensava. 
➢ Ou seja, em uma visão hipocrática, está certo; em uma visão Kantiana e 
deontológica, está errado por desrespeitar a lealdade. 
➢ O resultado vai depender de qual visão o juiz que julga a causa tem, ou seja, se 
ele tem uma visão Kantiana, vai fazer com que o hospital chame a garota. Assim, 
conseguimos ver que os valores acabam interferindo nos casos. 
 
Caso Clínico: Em 1960, no estado norte-americano do Kansas, uma mulher chamada Ima 
Natanson, sofrendo de câncer de mama, precisou de radioterapia após uma mastectomia 
radical. Ela sofreu queimaduras terríveis em decorrência da radiação, e processou seu 
médico, o dr. Kline, pelos danos. Uma das acusações feitas foi a de que ela não havia 
consentido com o risco de queimadura por radiação. O dr. Kline se defendeu afirmando 
o privilégio terapêutico. Ele não negou que tinha deixado de dizer à sra. Natanson que 
havia o risco de ocorrerem queimaduras. Com frequência, os médicos nessa posição 
afirmam que tal informação poderia perturbar o paciente, talvez até mesmo levá-lo 
irracionalmente a não dar o consentimento para o tratamento necessário. O dr. Kline tinha 
o direito de reter essa informação se acreditasse que ela poderia ser perturbadora ou fazer 
a paciente tomar uma decisão irracional? Ou, alternativamente, ele tinha, afinal, o dever 
de explicar os riscos? 
➢ Confidencialidade em Hipócrates diz que fica no meu juízo decidir o que posso 
ou não passar adiante, ou seja, está dentro da “beneficência” → o caso acima fala 
exatamente do lado do paciente, trata a questão da autonomia do paciente. Dentro 
disso começamos a perceber que a confidencialidade deve partir de um acordo de 
que ele só pode divulgar o que eu autorizo a divulgar. 
➢ O outro precisa consentir em relação àquilo que eu, como profissional, quero fazer 
em relação a ele. 
➢ Na beneficência o médico agiu de forma correta, em hipocrático subjetivo ele está 
certo. Porém, na ética deontológica ele estava errado, pois deveria ter contato ao 
PRINCÍPIO DA FIDELIDADE: A ética da confidencialidade > “O Juramento de 
Hipócrates obriga o médico a não divulgar ‘aquilo que não deve ser espalhado’. Isso implica 
que algumas coisas podem ser espalhadas. Assim, a tradição hipocrática não pode ser vista 
como algo que exige inequivocamente que a informação médica seja mantida confidencial. Se 
alguém perguntar o que pode ser divulgado, a resposta está no princípio hipocrático: faça o 
bem para o paciente e proteja-o contra o mal. A confidencialidade hipocrática é dirigida para a 
beneficência.” (VEATCH, 2014, p. 73).
“Diversos códigos possuem requisitos de confidencialidade mais rigorosos. Eles proíbem a 
divulgação até mesmo se a quebra da confiança for benéfica ao paciente. (...) A 
confidencialidade envolve mais do que o benefício do paciente. O dever de manter 
informações médicas confidenciais é parte da fidelidade ao paciente. Uma promessa de 
confidencialidade é feita quando a relação é criada. A visão de que uma obrigação de 
confidencialidade vai além do benefício ao paciente afirma que existe um dever de manter o 
sigilo quando a confidencialidade é prometida.” (VEATCH, 2014, p. 73-74).
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paciente sobre todo o procedimento (fidelidade e veracidade) para que ele pudesse 
escolher (autonomia). 
➢ Entra no ponto do paternalismo médico (tomando a decisão que ELE julga ser a 
melhor para o paciente) → entrando na questão da veracidade. O médico preferiu 
não falar das queimaduras para beneficiar a pacienteem relação à doença. No 
entanto, o paciente não teve autonomia. 
➢ O paternalismo médico é falar sobre a radioterapia e só falar o bom do 
procedimento e suavizar a parte ruim. O não paternalismo é expor os dois lados 
→ os benefícios e também os malefícios, expor os riscos para que a pessoa saiba 
o que pode acontecer → pessoa tem que assinar termo de consentimento livre e 
esclarecido de que sabe o que vai acontecer. 
➢ Tomar cuidado com a proximidade com o paciente para que não haja uma 
interferência na questão da autonomia. 
➢ A filosofia liberal parte do princípio de que o paciente tem liberdade sobre ele 
mesmo, portanto não cabe aos outros decidir o que ele deve ou não fazer em 
relação a própria vida. É preciso dar ao outro a possibilidade do consentimento. 
 
Caso Clínico: Jim Sullivan, de trinta e poucos anos de idade, chega ao consultório do Dr. 
Tom Wordsworth para um Exame rotineiro de admissão em um novo trabalho. O médico 
começa a montar seu histórico. É óbvio que o sr. Sullivan está bem acima do peso. Ele 
diz ao médico que não faz exercício, fuma dois maços de cigarro por dia e tem feito isso 
desde os quatorze anos. Ele bebe multo e geralmente não cuida da si mesmo. Dr. 
Wordsworth sente que deve encorajar seu paciente a mudar seu estilo de vida. Ele observa 
que provavelmente não mudará nada apenas dizendo ao paciente que ele não deve beber 
tanto e precisa parar de fumar. O sr. Sullivan é um homem que provavelmente não fará 
PRINCÍPIO DE AUTONOMIA: “O princípio de autonomia vem não da tradição 
hipocrática, mas das tradições de Kant e da filosofia liberal (ética médica dos Estados Unidos). 
A liberdade do indivíduo é frequentemente uma parte fundamental do princípio de autonomia. 
Frequentemente, vemos esse tipo de pensamento representado pelo uso da linguagem dos 
‘direitos’. (...) Normalmente, quando é feito um apelo a um ‘direito’, essa reivindicação é vista 
como prioridade ou condição especial, de modo que os meros apelos às consequências não 
podem ser usados para anular o direito.” (VEATCH, 2014, p. 77-78).
O consentimento informado: “O consentimento informado é um elemento 
crítico de qualquer teoria que dá peso à autonomia. A beneficência hipocrática 
poderia incorporar um consentimento informado mínimo, mas somente 
quando o clínico acredita que esse consentimento beneficiará o paciente. (...) 
Na filosofia política liberal, a ideia-chave é que informações significativas 
precisam ser divulgadas mesmo que o clínico não acredite que isso seja 
benefício. Cada homem é considerado o mestre do seu próprio corpo e ele 
pode, de sã consciência, proibir expressamente a realização de cirurgia ou de 
outro tratamento que lhe salve a vida.” (VEATCH, 2014, p. 80-81).
O consentimento informado: “É vedado ao médico deixar de obter 
consentimento do paciente ou de seu representante legal após 
esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de 
risco iminente de morte.” (CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA, 2010, 
Cap. 4, Art. 22).
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exercícios por rotina só porque o médico lhe diz para fazer isso. O médico vislumbra 
outra tática. Ele decide fazer um raio X do tórax do paciente, suspeitando que aparecerá 
alguma opacidade, e que isso será suficiente para convencer o sr. Sullivan. Ele não vê 
nada de terrivelmente alarmante no raio X, mas observa alguns pontos que serviriam à 
sua finalidade: fazer o paciente mudar seu estilo de vida. Com um ar de grande alarme, 
ele leva o raio X ao paciente, dizendo que OS pontos indicam desenvolvimentos pré-
cancerígenos, Ele afirma que, se o sr. Sullivan parar de fumar agora, há uma boa chance 
de que esse desenvolvimento seja interrompido. Mas, se continuar fumando, ele terá um 
câncer no pulmão. Exagerando intencionalmente, o Dr. Wordsworth raciocina que é 
verdade que as chances de Sullivan desenvolver câncer no pulmão são mais altas se ele 
continuar a fumar, e que é um prolongamento inocente e benevolente da verdade apontar 
para os pontos insignificantes e aumentar a probabilidade de que o fumo cause a doença. 
Ele acredita que exagerar o risco beneficiara seu paciente. Essa é a única coisa que ele 
consegue pensar que assustará o paciente a ponto de fazê-lo mudar seu estilo de vida. 
➢ Médico usou do paternalismo médico, tendendo a fazer o exame. 
➢ Médico forçou a barra e violou o direito do paciente de cuidar da própria vida, ou 
seja, retirou a autonomia do paciente além de não ter a fidelidade e veracidade na 
relação (contou mentira pois não tinha células pré-cancerígenas no exame → mas 
poderia falar sobre as estatísticas em relação às possíveis complicações futuras 
que podem vir a surgir). Porém, isso entraria na questão do aborto também, pois 
deixamos claro que a pessoa deve ter a liberdade de cuidar do próprio corpo. 
A ética deontológica baseia-se nos princípios de fidelidade, autonomia e veracidade; 
enquanto que a ética hipocrática segue os princípios do juramento hipocrático, da 
beneficência e da não-maleficência. 
Consequencionalista, beneficência, hipocrática: fazer mais bem que mal, ver as 
consequências. 
Deontológica e Kantiana: fidelidade (leal ao paciente), autonomia (paciente tem 
autonomia para decidir, saber de tudo) e veracidade (medico ser verdadeiro). 
 
O princípio de não matar 
Animação: https://www.youtube.com/watch?v=EalTGGfKGJQ – a morte está andando 
pela floresta e levando quem precisava morrer, até que ela chega perto do cervo e passa 
a “gostar” dele, após isso ela sempre o acompanhava, porém o cervo escolhe a hora de 
PRINCÍPIO DA VERACIDADE: “Além dos princípios de fidelidade e autonomia, o 
princípio da veracidade é uma característica essencial da ação humana – e o terceiro elemento 
da ética do respeito pelas pessoas. (...) Por muitos anos, a AMA (America Medical 
Association) observou que os médicos às vezes têm justificado a mentira dita aos pacientes a 
fim de protegê-los. A postura mais antiga, mais hipocrática, aceitava mentir aos pacientes ou 
esconder a verdade deles com base nisso. Em 1981, a AMA publicou uma nova versão de seus 
princípios, que diz que ‘um médico deve lidar honestamente com seus pacientes e colegas’. 
Não havia ressalvas. Essa continua sendo a posição atual da AMA em seus princípios.” 
(VEATCH, 2014, p. 88).
https://www.youtube.com/watch?v=EalTGGfKGJQ
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morrer, porque quando ele não conseguia mais correr e viver ele escolheu se aproximar 
da “morte”, ele optou pelo que iria doer menos. 
O que é matar e o que é deixar morrer? 
Velório tem uma importância social para a pessoa entender que a pessoa se foi. 
A ética deontológica fala do dever que eu tenho ao me relacionar com as outras pessoas, 
diferente da ética consequencialista, que leva em consideração a questão da beneficência 
e não maleficência, ou seja, a finalidade dela, é perceber o máximo de beneficência que 
suas decisões vão ter na vida do outro. Já a ética deontológica não, ela parte de 3 
princípios: fidelidade, autonomia e veracidade. O não matar também é deontológico. 
Caso clínico: Paciente gestante, no início da gestação, com câncer no útero que precisa 
de uma cirurgia com urgência. Se não for feita a cirurgia, a paciente pode vir à óbito. No 
entanto, se for realizada a cirurgia, o feto morre. O que fazer nesse caso? 
➢ Parece ser muito óbvio: vamos fazer tudo o possível para preservar a vida, porém, 
há alguns casos que para preservar uma, precisaremos abrir mão de outra. 
Dilemas da sociedade: eutanásia e suicídio assistido → possíveis práticas para a questão 
de eliminar o sofrimento. 
 
Qual a definição legal de morte que nós temos? Sinal de morte? Morte encefálica – perda 
das funções cerebrais. Desse modo, surge uma reflexão: Definindo o final da vida, 
necessariamente, eu estaria definindo o início dela? Ou seja, que ela tem início quando os 
sinais cerebraiscomeçam a aparecer? E que antes, quando ainda não se tem função 
cerebral não há vida? 
Para eu conceituar a vida/morte levo em consideração minhas ideologias, levo em 
consideração aspectos morais e religiosos? Quais são as minhas ideologias que vão 
conceituar a vida e a morte? A nossa percepção muda de acordo com as circunstâncias. 
Capas da revista veja: 
Capa 01: início dos anos 2000 e a manchete era uma mulher negra com o título de eleitor 
na mão e estava escrito “ela pode decidir a eleição”. 
Ao falar ela faz referência a um “terceiro público” que não faz parte de quem assina aquela 
revista. 
Capa 02: homem branco, gravata, lavando louça com cara de infeliz. Manchete “você 
amanhã”, “descubra o que pode acontecer com a provação da PEC das domésticas”. 
“O princípio de não matar é outro baseado em dever. Ele pode entrar em conflito com os princípios 
baseados em consequência da beneficência e da não maleficência, assim como acontece com a 
fidelidade, a autonomia e a veracidade. (...) A ética da morte e do morrer, nos anos recentes, incluiu 
uma controvérsia significativa em relação ao que exatamente implica estar morto. Aqui, retomaremos 
a questão de como tratamos pacientes que estejam criticamente ou terminalmente doentes, mas que 
ainda estão vivos de acordo com a definição legal de morte. Suponha que um paciente ainda vivo, 
porém criticamente doente, levante a questão de se é necessário que sua vida continue. Esse tipo de 
caso nos desafia a deixar claro o significado de termos como matar, deixar morrer, renunciar ao 
tratamento e meios extraordinários.” (VEATCH, 2014, p. 93-94).
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Ao falar “você”, deixa claro que o público alvo é o homem branco que tem doméstica em 
casa. 
 
 
É difícil se preparar para morte, porque há situações diversas. Mesmo que eu me prepare 
para situações de morte, não seria possível entender, por exemplo, a morte de um paciente 
que perdeu o pai, mãe e irmãos na mesma semana, não é possível eu compreender a morte 
da mesma maneira que ele. 
 
Elisabeth Kübler-Ross tem um livro que se chama Sobre a morte e o morrer: O que os 
doentes terminais têm para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios 
parentes → segundo ela, o luto tem cinco fases: negação, ira, barganha, até que ela 
consiga chegar na aceitação. Porém, todo esse processo é uma montanha russa, mas não 
“O homem e a mulher são, dentre todos os seres vivos, os únicos a possuírem consciência da 
sua própria finitude, o que estabelece um contexto bastante problemático e paradoxal: apesar 
de a morte fazer parte do ciclo ‘natural’ de todo vivente, o medo do desconhecido e a 
perspectiva de extinção tornam a temática um domínio de abordagem extremamente árida. 
Norbert Elias considerou que é parte da tarefa da sociedade tornar o passamento dos seres 
humanos – quando ‘chegada a hora’ – o mais fácil e agradável possível para aquele que parte, 
para aqueles próximos que ficam e para aqueles que cuidam.” (LIMA, 2013, p. 20).
“As escolhas bioéticas – públicas e privadas – envolvem usualmente os sujeitos, as 
famílias e os profissionais de saúde, o que requer a clara delimitação dos problemas 
éticos, em termos dos conceitos e das teorias aplicáveis ao processo de morrer. 
Díspares questões têm sido propostas no campo dos cuidados ao final da vida 
incluindo a atenção aos enfermos com câncer e com outras graves e incuráveis 
moléstias crônicas não transmissíveis, tais como: a) Cabe ao paciente escolher como 
irá findar sua existência? b) Qual o lugar da família e dos profissionais de saúde 
nesse processo? c) Quais os limites para a intervenção terapêutica?.” (LIMA, 2013, 
p. 21).
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quer dizer que vai existir todos os processos, ou que eles vão acontecer nessa ordem ou 
um por vez, pode ser que aconteçam concomitantemente → eles não são uma constante. 
“Viver é um direito, não uma obrigação.” 
A questão do parto cesárea: uma mulher quer um parto normal, porém ela não está em 
condições favoráveis para que isso ocorra. Neste caso alguns médicos não apoiam essa 
causa, porém ele apoia a mãe que quer ter parto normal e está em condições de ter um 
parto normal, então ele indica outro médico de sua confiança para que a mulher faça da 
forma que ela quer. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
I - A medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser 
humano e da coletividade e será exercida sem 
discriminação de nenhuma natureza.
II - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser 
humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo 
de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.
VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano 
e atuará sempre em seu benefício, mesmo depois da morte. 
Jamais utilizará seus conhecimentos para causar 
sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser 
humano ou para permitir e acobertar tentativas contra sua 
dignidade e integridade.
XXI - No processo de tomada de decisões profissionais, de 
acordo com seus ditames de consciência e as previsões 
legais, o médico aceitará as escolhas de seus pacientes 
relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos 
por eles expressos, desde que adequadas ao caso e 
cientificamente reconhecidas. 
XXII - Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o 
médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos 
e terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob 
sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados.
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Caso clínico: Um menino de 2 anos, desenvolveu leucemia, de acordo com os médicos, 
ele precisava de quimioterapia para que tivesse uma chance de sobrevivência. Porém, a 
família não concordou, pois acreditava que uma dieta alternativa seria o tratamento ideal 
enquanto que a quimioterapia seria tóxica, então, eles preferiram tratar com uma dieta 
especial macrobiótica, que incluía arroz integral, extrato do caroço do damasco → 
acreditava-se que era uma terapia que combatia muito câncer dos adeptos às terapias 
É VEDADO AO MÉDICO
Art. 1º Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, 
caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência. 
Parágrafo único. A responsabilidade médica é sempre pessoal e 
não pode ser presumida.
Art. 36. Abandonar paciente sob seus cuidados. 
§ 1° Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom 
relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho 
profissional, o médico tem o direito de renunciar ao 
atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou 
a seu representante legal, assegurando-se da continuidade dos 
cuidados e fornecendo todas as informações necessárias ao 
médico que o suceder. 
§ 2° Salvo por motivo justo, comunicado ao paciente ou à sua 
família, o médico não o abandonará por este ter doença crônica 
ou incurável e continuará a assisti-lo e a propiciar-lhe os 
cuidados necessários, inclusive os paliativos.
Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou 
de seu representante legal. 
Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, 
deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis 
sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou 
obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa 
do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante 
legal.
Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou 
de seu representante legal. 
Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, 
deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis 
sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou 
obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa 
do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante 
legal.
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alternativas. Quando a família recusou a quimioterapia, o médicose sentiu obrigado a 
pedir ajuda na justiça, por fim, ele ganhou uma petição para conseguir o tratamento 
quimioterápico e acabou ganhando a custódia da criança para realizar o tratamento 
recomendado, a alegação foi a de que os pais tinham excedido os limites da razão na 
busca do que seria o maior interesse do filho. Os pais do menino protestaram 
vigorosamente a ponto de leva-lo para o México para obter o tratamento que eles queriam. 
O médico continuou insistindo no caso, observou que seria capaz de elaborar um meio-
termo, que respeitasse a opinião dos pais (até certo ponto) e ainda conseguiu alcançar 
seus objetivos. Se ofereceu para tratar o menino com uma dieta especial obtendo estoques 
seguros e limpos, se os pais concordassem que ao mesmo tempo ele fizesse a 
quimioterapia. Embora isso não fosse totalmente satisfatório para qualquer uma das 
partes, e de que ninguém estaria convencido de que essa seria a melhor solução, ambos 
consideraram que alcançariam boa parte do que estavam buscando, o Tribunal, por fim, 
aceitou esse meio termo, considerando o acordo razoável. 
➢ Aqui vemos a autonomia, os pais não consentiam o tratamento, mas aqui a 
autonomia vem contra e a gente alega a ética consequencialista – devido à 
beneficência. 
Caso clínico: Em 25 de fevereiro de 1990, uma mulher de 27 anos, sofreu uma parada 
cardíaca, o hospital determinou que ela apresentava baixas taxas de K no sangue, isso 
poderia ter ocorrido em consequência de um distúrbio alimentar, haviam também 
acusações não fundamentadas de abusos que foram desconsideradas em outras 
audiências. Ela sofreu uma lesão cerebral extensa. Em 18 de junho do mesmo ano, o 
marido (indicado como guardião dela) a levou para a Califórnia para realizar um 
tratamento experimental de estimulação cerebral sem sucesso. Por fim, surgiram dúvidas 
em relação às decisões sobre o tratamento. Em 92, 2 anos depois, ela começou a morar 
com os pais e no mesmo ano, ela recebeu uma indenização milionária por má prática, que 
foi concedida devido ao cuidado inadequado que ela havia recebido pelo marido → o que 
aconteceu: os pais, vendo o tratamento que o marido, até então, estava dando a ela, os 
pais pediram a tutela dela e após isso, entraram na justiça contra o marido devidos aos 
maus tratos. Em 98, o marido fez um pedido na justiça para que o tubo de alimentação 
dela fosse removido alegando que a sua decisão se baseava nos desejos expressos pela 
própria esposa em relação a como ela gostaria de ser tratada antes de ter sofrido esse 
acidente. Ele afirmou que sua mulher estava em estado vegetativo persistente. O pedido 
da remoção do tubo de alimentação foi questionado pelos pais (até então, os guardiões. 
Por fim, o marido conseguiu um vídeo da esposa dizendo coisas que não toleraria caso 
entrasse em estado vegetativo e com base nesse vídeo, a justiça devolveu a guarda para o 
marido e o tubo foi retirado → no começo de março de 2005 e a mulher morreu 12 dias 
depois. 
A representação legal ainda assim tem alguns limites que podem ser questionados pelo 
profissional médico e por outros membros da família sobre a pessoa estar tendo mais 
malefícios que benefícios.

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