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1 Fisiologia II – LM Formado por duas bombas distintas: ▪ Coração direito, que bombeia sangue para o pulmões ▪ Coração esquerdo, que bombeia sangue através da circulação sistêmica que fornece o fluxo sanguíneo aos demais órgãos e tecidos do corpo Cada um desses corações é uma bomba pulsátil de duas câmaras, composta por um átrio e um ventrículo Cada átrio é fraca bomba de escova para o ventrículo Os ventrículos fornecem a força de bombeamento principal que propele o sangue através da circulação pulmonar ou da circulação sistêmica Ritmo cardíaco: sucessão contínua de contrações cardíacas, transmitindo potenciais de ação pelo músculo cardíaco, causando os batimentos rítmicos do coração MÚSCULO CARDÍACO O coração é composto por três tipos principais de músculos: 1. Músculo atrial 2. Músculo ventricular 3. Fibras especializadas excitatórias e condutoras Os tipos atrial e ventricular de músculo contraem-se quase como os músculos esqueléticos, mas com duração muito maior da contração ANATOMIA DO MÚSCULO CARDÍACO: • É estriado • Miofibrilas típicas (filamentos de actina e miosina) • Se dispõe lado a lado e deslizam durante as contrações, como ocorre nos músculos esqueléticos Discos intercalados – são as áreas escuras que cruzam as fibras miocárdicas; são membranas celulares que separam as células miocárdicas umas das outras • Os discos possuem dois componentes: 1. Desmossomos: conexões fortes que mantêm as células vizinhas unidas, permitindo que a força criada em uma célula seja transferida entre as células 2. Junções comunicantes: conectam eletricamente as células musculares cardíacas umas às outras, permitindo que as ondas de despolarização se espalhem rapidamente de célula a célula Junções gap – em cada disco intercalado, as membranas celulares se fundem entre si, para formar junções “comunicantes” permeáveis que permitem rápida difusão quase totalmente livre, dos íons, se movendo com facilidade pelo líquido intracelular Túbulos T – são maiores do que as do músculo esquelético e se ramificam dentro das células miocárdicas Retículo sarcoplasmático – menor que o do músculo esquelético; por isso, o músculo cardíaco depende, em parte, do Ca2+ extracelular para iniciar a contração Mitocôndrias – ocupam de um terço do volume celular de uma fibra contrátil cardíaca, devido à grande demanda energética dessas células Durante períodos de aumento de atividade, o coração utiliza quase todo o oxigênio trazido pelas artérias coronárias A única maneira de conseguir mais oxigênio para o músculo cardíaco no exercício é aumentando o fluxo sanguíneo 2 Fisiologia II – LM Sincícios: Dessa forma, o miocárdio forma sincício de muitas células musculares cardíacas, no qual as células estão tão interconectadas que, quando uma célula é excitada, o potencial de ação se espalha rapidamente para todas ▪ Sincício atrial – forma as paredes dos dois átrios ▪ Sincício ventricular – forma as paredes dos ventrículos Os átrios são separados dos ventrículos por tecido fibroso que circunda as aberturas das valvas atrioventriculares (A-V) Essa divisão dos sincícios permite que os átrios se contraiam pouco antes da contração ventricular, o que é importante para a eficiência do bombeamento cardíaco POTENCIAL DE AÇÃO O potencial de ação registrado na fibra ventricular cardíaca tem em média 105miliV Mínimo de -85milivolts Máximo de +20milivolts Após o potencial em ponta inicial, a membrana permanece despolarizada durante cerca de 0,2 segundos Após o platô, acontece uma repolarização abrupta A presença desse platô no potencial de ação faz a contração muscular ventricular durar até 15 vezes mais que as contrações observadas no músculo esquelético ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO (EC) Um potencial de ação inicia o acoplamento EC Origina-se de forma espontânea nas células marca- passo do coração e se propaga para as células contráteis através das junções comunicantes → Um potencial de ação que entra em uma célula contrátil se move pelo sarcolema → Entra nos túbulos T → Abre os canais de Ca2+ dependentes de voltagem tipo L na membrana das células → O Ca2+ entra nas células através desses canais, movendo-se a favor do seu gradiente eletroquímico → Abre canais de cálcio no retículo sacroplasmático 3 Fisiologia II – LM → O cálcio estocado flui para fora do retículo e entra no citosol, criando uma fagulha → A abertura múltipla de diferentes canais de cálcio se somam para criar o sinal de Ca2+ → O cálcio difunde-se pelo citosol para os elementos contráteis, onde se liga à troponina e inicia o ciclo de formação de pontes cruzadas e movimento → A contração ocorre pelo mesmo tipo de movimento de deslizamento de filamentos que ocorre no músculo esquelético Relaxamento: → Com a diminuição das concentrações citoplasmáticas de Ca2+, o Ca2+ desliga-se da troponina, liberando a actina da miosina → Filamento contráteis deslizam de volta para sua posição relaxada → O Ca2+ é transportado de volta para o retículo com a ajuda da Ca2+-ATPase → O Ca2+ também é removido de dentro da célula pelo trocador Na+-Ca2+ → Um Ca2+ é movido para fora da célula contra o seu gradiente eletroquímico em troca de 3 Na+ para dentro da célula a favor do seu gradiente eletroquímico → O sódio que entra na célula durante essa troca é removido pela Na+-K+-ATPase 4 Fisiologia II – LM VARIAÇÃO DO POTENCIAL NO MIOCÁRDIO Cada um dos dois tipos de células musculares cardíacas tem um potencial de ação distinto, que varia um pouco no formato, dependendo do local do coração onde é medido Tanto no miocárdio autoexcitável quanto no contrátil, Ca2+ desempenha um papel importante no potencial de ação, em contraste com os potenciais de ação do músculo esquelético e dos neurônios CÉLULAS MIOCÁRDICAS CONTRÁTEIS: Potenciais de ação das células cardíacas contráteis são similares A fase de despolarização rápida do potencial de ação é resultado da entrada de Na+, e a fase de repolarização rápida é devida à saída de K+ da célula As células miocárdicas têm um potencial de ação mais longo, devido à entrada de Ca2+ 5 Fisiologia II – LM As fases do potencial se dividem em quatro: Fase 4: potencial de membrana em repouso ▪ As células miocárdicas contráteis têm um potencial de repouso estável de aproximadamente -90mV Fase 0: despolarização ▪ Quando a onda de despolarização entra na célula contrátil através das junções comunicantes, o potencial de membrana torna-se positivo ▪ Os canais de Na+ dependentes de voltagem se abrem, permitindo que a entrada de sódio despolarize rapidamente a célula ▪ O potencial de membrana atinge cerca de +20mV antes de os canais de Na+ se fecharem ▪ Estes são canais de Na+ com duas comportas, similares aos canais de Na+ dependentes de voltagem do axônio. Fase 1: repolarização inicial ▪ Quando os canais de Na+ se fecham, a célula começa a repolarizar à medida que o K+ deixa a célula pelos canais de K+ abertos Fase 2: o platô ▪ A repolarização inicial é muito breve ▪ O potencial se achata e forma dois eventos: (1) uma diminuição na permeabilidade ao K+ (2) um aumento na permeabilidade ao Ca2+ ▪ Quando os canais de Ca2+ dependentes de voltagem se fecham, o Ca2+ entra na célula ▪ Ao mesmo tempo, alguns canais rápidos de K+ se fecham ▪ A combinação do influxo de Ca2+ com a diminuição do efluxo de K+, faz com que o potencial de ação se achate e forme um platô Fase 3: repolarização rápida ▪ O platô termina quando os canais de Ca2+ se fecham e a permeabilidade ao K+ aumenta mais uma vez ▪ Quando os canais lentos de K+ se abrem, o K+ sai rapidamente e a célula retorna para seu potencial de repouso O influxo de Ca2+ durante a fase 2 prolonga a duração total do potencialde ação do miocárdio Um potencial de ação típico em um neurônio ou fibra muscular esquelética dura entre 1 a 5ms Em uma célula miocárdica contrátil, o potencial de ação dura geralmente 200ms ou mais CÉLULAS MIOCÁRDICAS AUTOEXCITÁVEIS: Capacidade única de gerar potenciais de ação espontaneamente na ausência de um sinal do sistema nervoso Essa habilidade resulta do seu potencial de membrana instável, o qual inicia em -60mV e lentamente ascende em direção ao limiar Este potencial de membrana instável é chamado de potencial marca-passo, em vez de potencial de membrana em repouso, uma vez que ele nunca permanece em um valor constante Sempre que o potencial marca-passo despolariza até o limiar, as células autoexcitáveis disparam um potencial de ação Quando o potencial de membrana é -60mV, os canais If, que são permeáveis tanto ao K+ quanto ao Na+, estão abertos Canais If (corrente funny): são assim denominados porque eles permitem o fluxo da corrente (I) e devido às suas propriedades não usuais Quando os canais If se abrem em potenciais de membrana negativos, o influxo de Na2+ excede o efluxo de K+ À medida que o potencial de membrana se torna mais positivo, os canais de If fecham-se gradualmente, e alguns canais de Ca2+ se abrem O resultante influxo de Ca2+ continua a despolarização, e o potencial de membrana move-se continuamente em direção ao limiar Quando o potencial de membrana atinge o limiar, canais adicionados de Ca2+ dependentes de voltagem se abrem O cálcio entra rapidamente na célula, gerando a fase de despolarização rápida do potencial de ação 6 Fisiologia II – LM Quando os canais de Ca2+ se fecham no pico do potencial de ação, os canais lentos de K+ estão abrindo A fase de repolarização do potencial de ação autoexcitável é devida ao resultante efluxo de K+ CICLO CARDÍACO ❖ Conjunto de eventos cardíacos, que ocorre entre o início de um batimento e o início do próximo Cada clico é iniciado pela geração espontânea de potencial de ação no nodo sinusal Esse nodo está situado na parede lateral superior do átrio direito, próximo da abertura da veia cava superior, e o potencial de ação se difunde desse ponto rapidamente por ambos os átrios e, depois, por meio do feixe A-V para os ventrículos Já retardo de mais de 0,1 segundo na passagem do impulso cardíaco dos átrios para os ventrículos Esse retardo permite que os átrios se contraiam antes dos ventrículos, bombeando, assim, sangue para o interior dos ventrículos antes do começo da forte contração ventricular Os átrios agem como bomba em escova para os ventrículos Os ventrículos fornecem a fonte principal de força para propelir o sangue pelo sistema vascular do corpo DIÁSTOLE E SÍSTOLE O ciclo cardíaco consiste no período de relaxamento, a diástole, durante o qual o coração se enche de sangue, seguido pelo período de contração, chamado sístole A duração total do ciclo é recíproca da frequência cardíaca Exemplos: se a FC é de 72 batimentos/min, a duração do ciclo cardíaco é de 1/72 batimentos/min, aproximadamente 0,0139 minuto por batimento, ou 0,833 segundo por batimento ↑frequência ↓duração do ciclo ↓duração da sístole ↓ diástole Quando a frequência cardíaca é três vezes maior que a normal Dessa forma, o coração em frequência muito rápida, não permanece relaxado tempo suficiente para permitir o enchimento completo das câmaras cardíacas antes da próxima contração 7 Fisiologia II – LM ELETROCARDIOGRAMA É possível utilizar eletrodos na superfície para registrar a atividade elétrica interna porque as soluções salinas, como o nosso líquido extracelular à base de NaCl, são bons condutores de eletricidade Esses registros, chamados de eletrocardiogramas (ECGs) mostram a soma da atividade elétrica gerada pelas células do coração Quando a onda elétrica se move através do coração diretamente para o eletrodo positivo, a onda do ECG ascende da linha da base Se o movimento resultante de cargas pelo coração dirigir-se para o eletrodo negativo, o traçado move-se para baixo O ECG é um registro extracelular que representa a soma de múltiplos potenciais de ação ocorrendo em muitas células musculares cardíacas As amplitudes do potencial de ação e do registro do ECG são muito diferentes → enquanto o potencial de ação tem uma variação de voltagem de 110mV, o sinal do ECG tem uma amplitude de somente 1mV no momento que ele atinge a superfície do corpo ONDAS DO ECG Existem dois componentes principais em um ECG: as ondas e os segmentos Ondas – fazem parte do traçado que sobe e desce a partir da linha de base Segmentos – são partes da linha de base entre duas ondas Intervalos – são combinações de ondas e segmentos Diferentes componentes de ECG refletem a despolarização ou a repolarização dos átrio e dos ventrículos ▪ Onda P – corresponde à despolarização atrial ▪ Segmento P-R – condução através do nó AV e do fascículo AV 8 Fisiologia II – LM ▪ Complexo QRS – trio de ondas, representa a onda progressiva da despolarização ventricular ▪ Onda Q – por vezes está ausente em um ECG normal ▪ Onda T – repolarização dos ventrículos A repolarização atrial não é representada por uma onda especial, mas está incorporada no complexo QRS A direção do traçado do ECG reflete somente a direção do fluxo de corrente em relação ao eixo da derivação ECG EM UM CICLO CARDÍACO Devido à despolarização iniciar a contração muscular, os eventos elétricos de um ECG podem ser associadas à contração ou ao relaxamento Os eventos mecânicos do ciclo cardíaco ocorrem após os sinais elétricos, exatamente como a contração de uma única célula do músculo cardíaco ocorre após seu potencial de ação O ciclo cardíaco inicia com os átrios e os ventrículos em repouso O ECG começa com a depolarização atrial A contração atrial inicia durante a parte final da onda P e continua durante o segmento P-R Durante o segmento P-R, o sinal elétrico desacelera quando passa através do nó AV (atraso do nó AV) e do fascículo AV A contração ventricular inicia logo após a onda Q e continua na onda T Os ventrículos são repolarizados durante a onda T, o que resulta no relaxamento ventricular Durante o segmento T-P o coração está eletricamente quiescente É importante lembrar que uma ECG é uma “visão” elétrica de um objeto tridimensional Utilizamos diversas derivações para avaliar a função cardíaca Um ECG com doze derivações é o padrão no uso clínico. Ele é registrado utilizando-se várias combinações com os eletrodos dos três membros, mais outros seis eletrodos colocados no tórax. Essas derivações adicionais fornecem informações detalhadas sobre a condução elétrica no coração 9 Fisiologia II – LM ÁTRIOS COMO PRÉ-BOMBAS Cerca de 80% do sangue flui diretamente dos átrios para os ventrículos, mesmo antes da contração atrial A contração atrial representa cerca de 20% adicionais para acabar de encher os ventrículos Funcionando como bomba de escova, que melhora a eficácia do bombeamento ventricular O coração pode continuar operando, na maioria das circunstâncias, mesmo sem esses 20% a mais de eficiência Quando os átrios deixam de funcionar a diferença dificilmente será notada, a menos que a pessoa se exercite Sinais agudos de insuficiência cardíaca podem, por vez, aparecer, principalmente falta de ar FUNÇÃO DOS VENTRÍCULOS COMO BOMBAS Durante a sístole ventricular, grande quantidade de sangue se acumula nos átrios direito e esquerdo, uma vez que as valvas A-V estão fechadas 10 Fisiologia II – LM Período de enchimento – assim que a sístole termina e as pressões ventriculares retornam aos baixos valores diastólicos, as pressões moderadamente altas que se desenvolveram nos átrios durante a sístole ventricular forçam de imediato as valva A-Va se abrirem, aumentando o volume ventricular esquerdo ▪ 1º terço da diástole: período de enchimento rápido ▪ 2º terço da diástole: uma pequena quantidade de sangue nas condições flui para os ventrículos, sendo esse o sangue que continua a chegar aos átrios, vindo das veias, fluindo diretamente para os ventrículos ▪ 3º terço da diástole: os átrios contraem dando impulso adicional ao fluxo sanguíneo para os ventrículos. Esse mecanismo responde por mais ou menos 20% do enchimento ventricular total em cada ciclo cardíaco PERÍODO DE CONTRAÇÃO ISOVOLUMÉTRICA: Imediatamente após o início da contração ventricular, a pressão ventricular sobe, de modo abrupto, fazendo com que as valvas A-V se fechem O ventrículo gera pressão suficiente para empurrar e abrir as válvulas semilunares (aórtica e pulmonar) contra a pressão nas artérias aorta e pulmonar Durante esse período os ventrículos estão se contraindo, mas não ocorre esvaziamento Significando que a tensão aumenta os músculos cardíaco, mas ocorre pouco ou nenhum encurtamento das fibras musculares PERÍODO DE EJEÇÃO: Quando a pressão no interior do ventrículo esquerdo aumenta até pouco acima de 80mmHg a pressão ventricular força a abertura das valvas semilunares O sangue começa a ser lançado para diante, para as artérias 60% do sangue do ventrículo da diástole é ejetado durante a sístole Cerca de 70% dessa porção são ejetados durante o primeiro terço do período de ejeção (período de ejeção rápida), e os 30% restantes do esvaziamento ocorrem nos outros 2/3 (período de ejeção lenta) PERÍODO DE RELAXAMENTO ISOVOLUMÉTRICO: Ao final da sístole, o relaxamento ventricular começa de modo repentino, fazendo com que as pressões intraventriculares direita e esquerda diminuam rapidamente As altas pressões nas artérias distendidas que acabaram de ser cheias tornam a empurrar o sangue de volta para os ventrículos causando o fechamento das valvas aórtica e pulmonar O músculo ventricular continua a relaxar, mesmo que o volume não se altere, originando o período de relaxamento isovolumétrico As pressões intraventriculares diminuem rapidamente de volta aos valores diastólicos É então que as valvas A-V se abrem para iniciar novo ciclo de bombeamento ventricular 11 Fisiologia II – LM VOLUMES FINAIS: Volume diastólico final – durante a diástole, o enchimento normal dos ventrículos aumenta o volume de cada um deles para 110 ou 120mL; pode chegar a 150 ou 180mL no coração saudável Débito sistólico – à medida que os ventrículos se esvaziam durante a sístole, o volume diminui por aproximadamente 70mL; quando o coração se contrai fortemente, o volume sistólico final pode chegar a volumes tão baixos quanto 10 a 20mL Volume sistólico final – é a quantidade restante em cada ventrículo, de 40 a 50 mL; o débito sistólico pode ser aumentado até valores acima do dobro do normal Fração de ejeção – nome dado à fração final do volume final diastólico que é impulsionada (ejetada) é denominada, normalmente equivale a 0,6 (ou 60%) 12 Fisiologia II – LM VALVAS CARDÍACAS Essas valvas abrem e fecham passivamente; se fecham quando o gradiente de pressão retrógrada força o sangue de volta, e se abrem quando o gradiente de pressão para diante leva o sangue à frente VALVAS ATRIOVENTRICULARES – TRICÚSPIDE E MITRAL: Evitam o refluxo de sangue dos ventrículos para os átrios durante a sístole Finas e membranosas quase não requerem pressão retrógrada, enquanto as semilunares muito mais pesadas requerem fluxo retrógrado rápido por alguns milissegundos VALVAS SEMILUNARES – AÓRTICA E PULMONAR: Impedem o refluxo da aorta e das artérias pulmonares para os ventrículos durante a diástole Funcionam de modo diferente as AV As altas pressões nas artérias, ao final da sístole, fazem com que as valvas sejam impelidas, de modo repentino, de volta à posição fechada Por terem aberturas menores, a velocidade da ejeção do sangue através das valvas aórtica e pulmonar é muito maior que pelas valvas AV Por causa da abertura e do fluxo rápidos, as extremidades das valvas semilunares estão sujeitas a abrasões mecânicas muito maiores do que as valvas AV As valvas AV são contidas pela corda tendínea, o que não ocorre com as semilunares MÚSCULOS PAPILARES: Os músculos papilares estão ligados aos folhetos das valvas AV pelas cordas tendíneas Esses musc. contraem-se ao mesmo tempo que as paredes dos ventrículos, mas ao contrário do que seria esperado não ajudam as valvas a se fechar Ele puxam as extremidades das valvas em direção aos ventrículos para evitar que as valvas sejam muito abauladas para trás Se uma corda tendínea se romper, ou um dos músculos papilares ficar paralisado, a valva se abaúla muito para trás durante a sístole, às vezes tanto que permite grave refluxo, resultando em insuficiência cardíaca ou até mesmo letal CURVA DE PRESSÃO AÓRTICA: Quando o ventrículo esquerdo se contrai, a pressão ventricular aumenta rapidamente até que a valva aórtica se abra A pressão no ventrículo se eleva bem mais lentamente A entrada de sangue nas artérias durante a sístole faz com que suas paredes sejam distendidas, e a pressão sobe para aproximadamente 120mmHg Ao final da sístole, quando ventrículo esquerdo para de ejetar sangue e a valva aórtica se fecha, as paredes elásticas das artérias mantêm a pressão elevada nessas artérias mesmo durante a diástole A incisura ocorre na curva de pressão aórtica no momento em que a valva aórtica se fecha Ela é causada pelo breve período de fluxo sanguíneo retrógrado, imediatamente antes do fechamento valvar, seguido pela cessação abrupta desse refluxo Após o fechamento da valva aórtica, a pressão na aorta cai vagarosamente durante a diástole, pois o sangue armazenado nas artérias distendidas flui de forma contínua para os vasos periféricos 13 Fisiologia II – LM Antes que o ventrículo se contrais de novo, a pressão aórtica, nas condições normais, cai para cerca de 80mmHg (pressão diastólica), o que equivale a dois terços da pressão máxima de 120mmHg (pressão sistólica) As curvas de pressão no ventrículo direito e na artéria pulmonar são semelhantes às obtidas no ventrículo esquerdo e na aorta, a não ser pelos valores das pressões de apenas um sexto dos valores dos equivalentes esquerdos SONS CARDÍACOS Ao auscultar o coração não se ouve a abertura das valvas Quando essas valvas se fecham, os folhetos valvares e os líquidos que as banham vibram sob influência da variação abrupta da pressão do tórax Primeiro som cardíaco: quando os ventrículos se contraem ouve-se primeiro o som causado pelo fechamento das valvas AV; timbre é baixo e com duração relativamente longa Segundo som cardíaco: quando as valvas aórtica e pulmonar se fecham, ao final da sístole, ouve-se rápido estalido por elas se fecharem rapidamente e os tecidos circundantes vibrarem por curto período PRODUÇÃO DE TRABALHO PELO CORAÇÃO O trabalho sistólico do coração é a quantidade de energia que o coração converte em trabalho a cada batimento, ao bombear o sangue para as artérias O trabalho sistólico-minuto é a quantidade total de energia convertida em trabalho em 1 minuto, ou seja, o resultado do trabalho produzido multiplicado pelo número de batimentos por minuto (ou frequência cardíaca) A produção cardíaca de trabalho tem dois componentes Trabalho volume-pressão ou trabalho externo: o primeiro que consome a maior parte da energia é utilizado para propelir o sangue do sistema venoso, de baixas pressões, para a arterial, de pressões elevadas Energia cinética do fluxo sanguíneo: o segundo componente que consome quantidade mínima de energia é utilizado para acelerar o sangue até sua velocidade de ejeção, pelas valvas aórtica e pulmonar (vencer a inércia)A produção externa de trabalho pelo ventrículo direito tem normalmente um sexto do valor medido no ventrículo esquerdo por causa das diferenças de seis vezes entre as pressões diastólicas dos dois ventrículos 14 Fisiologia II – LM ANÁLISE GRÁFICA DO BOMBEAMENTO VENTRICULAR O gráfico acima apresenta a mecânica do bombeamento do ventrículo esquerdo Pressão diastólica (azul) e distólica (verde): • A curva de pressão diastólica é determinada pelo enchimento do coração com volumes progressivamente crescentes de sangue • Pressão diastólica final do ventrículo: imediatamente antes do início da contração ventricular • Curva de pressão sistólica é determinada pela medida da pressão sistólica, durante a contração ventricular, para cada volume de enchimento • Acima de 150 mL, a pressão diastólica ventricular sobe rapidamente • Durante a contração ventricular, a pressão “sistólica” se eleva, mesmo com volumes ventriculares baixos, e atinge o máximo com volumes entre 150 a 170mL • Com grandes volumes como esses, os filamentos de actina e miosina das fibras do músculo cardíaco ficam afastados o suficiente para que a força da contração de cada fibra seja menor que a ótima • A pressão sistólica máxima para o ventrículo esquerdo normal fica entre 250 e 300mmHg • Para o ventrículo direito normal, a pressão sistólica máxima fica entre 60 a 80mmHg Diagrama volume pressão (linhas vermelhas): • Fase I – período de enchimento: volume ventricular de aproximadamente 50mL e pressão diastólica de 2 a 3 mmHg o Volume sistólico final: quantidade de sangue que permanece no coração (50mL) após a sístole anterior o Volume diastólico final: quantidade de sangue ventricular à medida que o sangue venoso flui do átrio esquerdo para o ventrículo, subindo para cerca de 120mL o Com uma variação de 70mL, a pressão diastólica sobe para cerca de 5 a 7 mmHg • Fase II – período de contração isovolumétrica: o volume do ventrículo não se altera, pois todas as válvulas estão fechadas o A pressão no interior do ventrículo aumenta até igualar a pressão na aorta, no valor em 15 Fisiologia II – LM torno de 80mmHg, como indicado pelo ponto C • Fase III – período de ejeção: a pressão sistólica aumenta ainda mais, uma vez que o ventrículo continua a se contrair, pois a valva aórtica agora já está aberta o sangue flui do interior do ventrículo para a aorta • Fase IV – período de relaxamento isovolumétrico: a válvula aórtica se fecha, e a pressão ventricular retorna ao valor da pressão diastólica o O ventrículo retorna ao ponto de partida, com cerca de 50mL de sangue residuais em seu interior e sob pressão atrial de 2 a 3 mmHg Produção efetiva de trabalho externo do ventrículo durante o ciclo de contração (WE, área delimitada em laranja): em estudo experimentais é usado para calcular a produção de trabalho pelo coração • Quando o coração bombeia sangue, a área do diagrama de trabalho se alarga muito, pois: - O ventrículo se enche com mais sangue durante a diástole - O ventrículo se contrai com maior pressão - O ventrículo se contrai até volume menor CONCEITOS DE PRÉ E PÓS CARGA Ao analisar as propriedades contráteis do coração, é importante especificar: ▪ Pré-carga: grau de tensão do músculo quando ele começa a se contrair; considerada como a pressão diastólica final quando o ventrículo está cheio ▪ Pós-carga: carga contra a qual o músculo exerce sua força contrátil; pressão na aorta à saída do ventrículo; corresponde à fase III do diagrama volume-pressão
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