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Biologia Adaptação à Falta de Água em Animais e Plantas CONCEITOS�INICIAIS ➳ A água é extremamente importante para todos os seres vivos, sendo considerada essencial para o desenvolvimento da vida na Terra. Ao longo da evolução, podemos observar que diferentes grupos conquistaram o ambiente terrestre a partir da seleção de determinadas características que permitiram a sobrevivência longe da água. ➘ O ambiente terrestre pode apresentar condições mais úmidas, como as florestas tropicais, ou mais áridas, como os desertos. Conhecendo a variedade de ambiente, podemos classificar os seres como: ➳ Hidrófilos: seres que vivem em ambientes aquáticos. ➳ Higrófilos: seres que vivem fora da água, em ambientes úmidos. ➳ Mesófilos: seres que vivem fora da água, em ambientes com umidade moderada. ➳ Xerófilos: seres que vivem fora da água, em ambientes com pouca disponibilidade de água. ➘Exemplos de seres vivos hidrófilos (A – peixe), higrófilos (B – briófitas), mesófilos (C – ave) e xerófilos (D – cactos) . ADAPTAÇÃO À FALTA DE ÁGUA�NOS�ANIMAIS ➳ No grupo dos invertebrados, alguns vermes conseguem viver em ambientes úmidos, assim como anelídeos (ex.: minhocas) e moluscos (ex.: caracóis). Nos artrópodes podemos ver uma maior dispersão e conquista do ambiente terrestre, principalmente no grupo dos insetos. Dentre os vertebrados, alguns anfíbios (ex.: sapos) vivem de maneira independente da água, porém foram os ancestrais dos répteis que conquistaram definitivamente o ambiente terrestre. ➘ Dentre as formas de adaptações para ambientes com pouca água, podemos observar diferentes tipos de excretas, mudanças no tegumento (revestimento corporal), diferentes metabolismos e estratégias reprodutivas. ➳ Exemplo de réptil, um lagarto, em ambiente árido. Os répteis apresentam em sua maioria corpo revestido por escamas de queratina. EXCREÇÃO ➳ As três tipos de excretas nitrogenadas são: amônia, uréia e ácido úrico. A amônia é tóxica, e para ser eliminada deve estar bastante diluída, logo, é uma excreta presente em animais que vivem em ambientes aquáticos, como peixes e invertebrados aquáticos. Já a uréia apresenta uma toxicidade mediana, então não há necessidade de ser tão diluída. ➘ A eliminação de ácido úrico, que ocorre tanto em insetos como em répteis e aves, é a forma que demanda menor quantidade de água para a excreção, dada sua insolubilidade e baixa toxicidade. Além disso, há a eliminação de menor quantidade de urina, embora muito concentrada, para evitar a perda de água. TEGUMENTO ➳ O tegumento é a pele, o revestimento externo do corpo dos animais. Os animais terrestres apresentam em sua maioria tegumento espesso, para evitar a perda de água. Vertebrados terrestres apresentam a pele queratinizada, proteína que ajuda na impermeabilização. Nos artrópodes, podemos observar a quitina, que é um polissacarídeo (carboidrato) estrutural que também ajuda na proteção e impermeabilização do corpo. ➘ As joaninhas são um exemplo de inseto que apresenta exoesqueleto de quitina, assim como os outros artrópodes. METABOLISMO ➳ Respiração: para sobreviver no ambiente terrestre, sem a necessidade de água (ex.: animais com brânquias) ou umidade (ex.: animais com respiração cutânea, pela pele), as estruturas respiratórias sofrem invaginações, ou seja, passam a se desenvolver internamente no corpo dos organismos. Temos o aparecimento dos pulmões, nos vertebrados terrestres, e das traqueias, nos insetos. ➘ Armazenamento de água: algumas estruturas ou órgãos podem apresentar função de armazenamento de água. Determinados répteis (como tartarugas e lagartos do deserto) a armazenam na bexiga, que neles se apresenta permeável, e é possível reabsorvê-la. Nos mamíferos do deserto, pode haver redução de glândulas sudoríparas, para evitar a perda de água, além de focinhos mais longos, onde é possível ocorrer resfriamento do vapor da água para reaproveitamento da umidade. ➳ Tartarugas são répteis com excreção de ácido úrico, pele queratinizada, respiração pulmonar, e podem apresentar uma bexiga bastante desenvolvida para o armazenamento de água. ➘ Alimentação: nem sempre ambientes áridos apresentam grande disponibilidade de alimento. Algumas adaptações para reserva de nutrientes podem aparecer, como as corcovas dos camelos: essa região do corpo deles armazena lipídios e nutrientes, fazendo com que tais animais possam passar dias no deserto sem se alimentar. Durante processos de quebra de lipídios, moléculas de água são liberadas no organismo, e mamíferos do deserto, a exemplo dos camelos e pequenos roedores como o rato-canguru, também conseguem água pelas reações que ocorrem no próprio corpo. ➳ Os camelos economizam água eliminando urina concentrada e fezes secas, além de terem um sistema respiratório que consegue reabsorver a umidade perdida durante a respiração. ➘ Comportamento: algumas vezes os animais não apresentam tantas modificações corporais para sobreviver em ambientes sem água, logo é importante que seu comportamento se altere para sobreviver. Alguns mamíferos e anfíbios do deserto apresentam hábito noturno e ficam o dia escondidos em tocas ou enterrados sob a areia, saindo para se alimentar durante a noite, quando a temperatura é mais baixa e não há tanta perda de água pelo suor. ➳ O rato-canguru é uma espécie de mamífero do deserto com hábitos noturnos e que se alimenta de sementes ricas em lipídios, conseguindo água através do metabolismo de quebra dessas substâncias. ➘ Algumas serpentes também passam o dia enterradas, evitando exposição direta ao Sol e também o aumento da temperatura corporal, ficando apenas com os olhos de fora para capturar a presa. Certos animais também realizam a estivação, comportamento onde há redução do metabolismo geral quando as condições do ambiente são extremamente secas, e retornam às atividades no momento em que entram em contato com a água novamente. ➳ Sapo da Caatinga brasileira, enterrado para reduzir a temperatura corporal. REPRODUÇÃO ➳ Animais aquáticos apresentam em sua maioria a fecundação externa, em que os gametas são liberados na água, onde ocorre a fecundação. Os anfíbios são vertebrados terrestres que também se reproduzem dessa forma, em ambientes úmidos. A fecundação interna permitiu a independência da água, evitando o ressecamento dos gametas. ➘ A presença de ovo com casca e anexos embrionários, como o âmnio (bolsa amniótica), ajudam a evitar a desidratação e manter o embrião hidratado. ➳ Ovo de um réptil, com casca (evita desidratação) e âmnio (hidrata o embrião), além de outros anexos embrionários. ADAPTAÇÃO À FALTA DE ÁGUA�NAS�PLANTAS ➳ A conquista do ambiente terrestre pelas plantas se deu ao longo da evolução dos grupos. O grupo das briófitas (musgos) apresenta estruturas de fixação e absorção de água do solo, os rizóides, que permitiram a chegada ao ambiente terrestre. ➘ A partir de pteridófitas, surgem os tecidos verdadeiros e os vasos condutores de seiva, que permitem o transporte mais rápido e mais eficiente da seiva (inclusive de água na seiva bruta). Porém, briófitas e pteridófitas ainda dependem da água para reprodução, vivendo principalmente em ambientes com grande umidade. ➳ Em gimnospermas e angiospermas, vemos o grão de pólen, que permite também a independência das plantas em relação à água para a reprodução. As angiospermas apresentam flores e frutos e, por conta da polinização e dispersão de sementes, há uma grande distribuição por diferentes biomas, sendo um grupo extremamente diverso. ➘ Cladograma indicando as principais características das plantas que permitiram a conquista do ambiente terrestre. ➳ As plantas de clima árido são principalmente conhecidas como plantas xerófitas, e possuem adaptações que facilitam a captação e armazenamento de água, assim como evitam a perda dessa substância fundamental à vida. No Brasil, esse tipo de vegetação é encontrado principalmente na Caatinga, mas também pode ser observada no Cerrado. MORFOLOGIA�VEGETAL ➳ Raízes: são longas, para alcançar água nas regiões mais profundas do solo; ➘Caule: são adaptados para acumular água. Podem ser clorofilados, para ajudar na fotossíntese (ex.: cactos), ou extremamente espessos, para evitar desidratação (ex.: árvores do Cerrado). Dentre os tecidos vegetais, o parênquima aquífero é um tecido de armazenamento especializado nessa reserva, em que a água fica armazenada dentro do vacúolo celular; ➳ A babosa, ou aloe-vera, é uma planta xerófita com parênquimas aquíferos bem desenvolvidos. ➘ Folhas: no Cerrado, encontramos folhas grossas (coriáceas) com cutícula espessa, que evita perda de água. Já na vegetação de Caatinga, as folhas são pequenas, para reduzir a superfície de perda de água por transpiração, ou modificadas em espinhos, com o mesmo propósito. Algumas plantas perdem suas folhas no período da estiagem, numa tentativa de poupar água; ➳ Espinhos dos cactos são folhas modificadas, enquanto as folhas do Cerrado são mais espessas. ➘ Estômatos: os estômatos são estruturas formadas por células-guarda e células anexas, que formam uma abertura chamada de ostíolo. Estão localizados na epiderme, principalmente na porção inferior das folhas. Permitem a troca de gases (CO2, utilizado como substrato da fotossíntese, e O2, gerado nesse processo). Entretanto, quando abertos, propiciam a perda de água por transpiração. ➳ Estrutura de um estômato ➘ O potássio é o íon envolvido na abertura e fechamento do estômato. Para abrir o ostíolo, há o bombeamento por transporte ativo de potássio para dentro das células-guarda, elevando a pressão osmótica. A entrada de água por osmose deixa as células-guarda túrgidas, abrindo o estômato. Quando o potássio sai da célula, por difusão, há a saída de água por osmose das células-guarda, ocasionando o fechamento do estômato. ➳ Além da água, a incidência de luz também regula a atividade dos estômatos. Quando há maior taxa luminosa, a tendência é a sua abertura para a entrada do CO2, substrato da fotossíntese. ➘ Quando os estômatos estão abertos, as células-guarda (em rosa) ficam túrgidas com a entrada de íons de potássio (K) e água. Para que os estômatos fechem, os íons de potássio vão às células anexas (em verde), assim como a água, e a flacidez das células-guarda fecha os ostíolos. METABOLISMO ➳ Plantas de ambientes áridos, principalmente entre as cactáceas, apresentam uma fotossíntese do tipo CAM. Nesse caso, os estômatos se mantêm fechados durante o dia, para evitar a transpiração, devido às altas temperaturas, e abrem somente durante à noite. ➘ Plantas com metabolismo CAM abrem os estômatos apenas durante a noite (linha branca – b), enquanto nos outros tipos de metabolismo de fotossíntese, os estômatos abrem durante o dia (linha preta – a).
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