Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Arquitetura em saúde e a RDC 50 APRESENTAÇÃO Um dos aspectos importantes para a hotelaria hospitalar e humanização é a adequação dos ambientes, visando o conforto, a adequação, a economia de movimentos e a beleza estética. A arquitetura em saúde tem como proposta criar novos espaços para o exercício do cuidado em saúde, de convivência e de trabalho, atendendo não só a legislação e normas técnicas, mas ampliando as formas de habitar um espaço. É possível que o ambiente seja capaz de influenciar não apenas o processo de trabalho em saúde, mas tornar a permanência, para pacientes, uma experiência acolhedora e confortável sob a ótica da ambiência. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer o que é a arquitetura hospitalar, qual a sua abrangência em uma instituição em saúde, a normatização vigente e relação com a humanização. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os principais conceitos relacionados à arquitetura hospitalar. • Reconhecer a legislação vigente a respeito de arquitetura para serviços de saúde, destacando a RDC 50. • Identificar a relação da arquitetura hospitalar e da hospitalidade com a humanização do atendimento à saúde. • INFOGRÁFICO Os projetos de arquitetura em saúde com base na RDC 50 abrangem vários aspectos de um projeto arquitetônico, regulamentando todos os detalhes do projeto. Um dos aspectos importantes é o abastecimento de água, pois os Estabelecimentos de Assistência em Saúde - EAS necessitam da água em todos os processos desenvolvidos e na assistência. Neste Infográfico, você vai ver um recorte da RDC 50 sobre a normatização do consumo de água nos EAS. CONTEÚDO DO LIVRO A atuação da arquitetura hospitalar é ampla e abrange todos os aspectos de uma instituição de saúde. É na estrutura hospitalar que os processos de cura ocorrem e necessitam de ambiente adequado e propício para tal. Nesse sentido, a legislação direciona as normas necessárias para que, ao padronizar os processos e garantir a segurança, se realizem projetos de arquitetura hospitalar humanizada e a adequação de recursos. No capítulo Arquitetura em saúde e a RDC 50, da obra Hotelaria, hospitalidade e humanização, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os principais detalhes sobre a normatização de planejamento e execução de projetos de arquitetura hospitalar e a relação da arquitetura hospitalar com a humanização e atendimento à saúde. Boa leitura. HOTELARIA, HOSPITALIDADE E HUMANIZAÇÃO Karen Cardoso Arquitetura em saúde e a RDC 50 Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os principais conceitos relacionados à arquitetura hospitalar. Reconhecer a legislação vigente a respeito de arquitetura para serviços de saúde, destacando a RDC 50. Identificar a relação da arquitetura hospitalar e da hospitalidade com a humanização do atendimento à saúde. Introdução Neste capítulo, você vai conhecer aspectos importantes sobre a arquite- tura hospitalar e seus principais conceitos. Os aspectos conceituais vão ajudar você a compreender quais são as bases teóricas da arquitetura hospitalar e sua aplicação nos estabelecimentos de saúde. A arquitetura hospitalar segue uma regulamentação estrita, que define como deve ser a operacionalização de ambiência humanizada nos espaços. Além disso, é preciso estabelecer também a conexão entre os conceitos, a prática e a regulamentação, pois o equilíbrio desses fatores mostra a necessidade de refletir sobre a influência dos espaços com foco nas pessoas. 1 Conceitos relacionados à arquitetura hospitalar O hospital é uma estrutura complexa, que demanda o esforço de planejamento em um projeto arquitetônico. Para Góes (2011, p. 47), o hospital é um edi- fício que contém múltiplas funções onde ocorrem inter-relações entre a alta tecnologia e processos especializados e complexos de cuidado e de atuação profi ssional. Dessa forma, o hospital possui características industriais devido aos serviços e produtos complementares que compõem o complexo hospitalar, como lavanderia, nutrição, transportes, entre outros. Nesse cenário multifacetado, é importante refletir sobre as mudanças que foram ocorrendo nos conceitos e na forma de conceber projetos de arquitetura hospitalar, além do processo de humanização, que era inexistente, mas hoje é prioritário em projetos centralizados nas pessoas, como é o caso do hospital. Assim, o conceito de hospital evoluiu, direcionando todo o seu processo de assistência e a sua estrutura para o paciente e para as pessoas que trabalham nessas estruturas. A arquitetura é definida pela RDC 50, em seu anexo, observando uma série de aspectos: Consiste na definição gráfica do partido arquitetônico, através de plantas, cortes e fachadas (opcional) em escala livre e que contenham graficamente: – a implantação da edificação ou conjunto de edificações e seu relacionamento com o local escolhido; – acessos, estacionamentos e outros - e expansões possíveis; – a explicitação do sistema construtivo que serão empregados; – os esquemas de zoneamento do conjunto de atividades, as circulações e organização volumétrica. – o número de edificações, suas destinações e locações aproximadas; – o número de pavimentos; – os esquemas de infraestrutura de serviços; – o atendimento às normas e índices de ocupação do solo (AGÊNCIA NACIO- NAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002, documento on-line). Quando aplicada ao contexto hospitalar, a arquitetura é um dos instrumentos para o planejamento, elaboração e execução de projetos de humanização das estruturas, visando proporcionar o espaço de cura, reflexão, cultura, diálogo e construção coletiva da saúde. Nesse sentido, a mudança de paradigma envolve a construção de ambientes seguros, que atendam a uma série de requisitos para serem considerados saudá- veis. Afinal, ambientes onde se desenvolvem atividades em prol da saúde devem promover a saúde e não o contrário, ou seja, não se deve focar na doença e sim na saúde. Dessa forma, Martins (2019) afirma que a mudança de paradigma de focar na saúde e não na doença das pessoas abre a visão de planejamento dos serviços e de seus edifícios para uma maneira muito mais holística agregando a complexidade do ser humano e suas diversas necessidades. Arquitetura em saúde e a RDC 502 A RDC 50 traz vários conceitos importantes para compreender e designar corretamente o processo da elaboração de projetos em arquitetura hospitalar (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). Para de- terminação das relações entre as diversas atribuições dos estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), é necessário reconhecer as categorias de pessoas circulantes, que definirão os fluxos e acessos. A classificação do público pode ser categorizada conforme os tópicos a seguir. Paciente — pessoa que está sob cuidados médicos: ■ paciente externo — paciente que, após ser registrado em um esta- belecimento de saúde, recebe assistência ambulatorial ou de emer- gência (unidades funcionais diretamente vinculadas, ambulatório e atendimento imediato); ■ paciente interno — paciente que, admitido no estabelecimento de saúde, passa a ocupar um leito por período acima de 24 horas (unidade funcional diretamente ligada, internação); ■ doador — pessoa que, voluntariamente, doa insumos humanos com fins terapêuticos; ■ funcionário — pessoa que tem ocupação profissional no estabeleci- mento, como, por exemplo, profissionais de nível técnico ou superior administrativo ou assistencial; ■ aluno — pessoa que recebe instrução ou educação no estabelecimento; ■ público — pessoa que circula no estabelecimento sem nenhuma das características citadas acima e pode ser classificada como acompa- nhante de paciente, visitante, fornecedores e prestadores de serviço, etc. Quanto a elementos estruturais do hospital: ■ barreira (contra contaminação)— bloqueio físico que deve existir nos locais de acesso à área onde seja exigida assepsia e somente se permita a entrada de pessoas com indumentária apropriada (paramentação); ■ EAS — denominação dada a qualquer edificação destinada à pres- tação de assistência à saúde da população e que demande o acesso de pacientes, em regime de internação ou não, qualquer que seja o seu nível de complexidade; 3Arquitetura em saúde e a RDC 50 ■ estabelecimento autônomo especializado — EAS que realiza ativi- dades especializadas relativas a uma ou mais unidades funcionais, físicas, isoladas ou extra-hospitalar, dispondo de recursos materiais e humanos compatíveis à prestação de assistência; ■ hospital — estabelecimento de saúde dotado de internação, meios diagnósticos e terapêuticos, com o objetivo de prestar assistência médica curativa e de reabilitação, podendo dispor de atividades de prevenção, assistência ambulatorial, atendimento de urgência e emergência e de ensino e pesquisa; ■ hospital-dia (regime de) — modalidade de assistência à saúde, cuja finalidade é a prestação de cuidados durante a realização de proce- dimentos diagnósticos ou terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na unidade por um período de até 24 horas; ■ resíduos de serviços de saúde — resíduos resultantes das atividades exercidas por estabelecimento gerador, classificados de acordo com regulamento técnico da Anvisa sobre gerenciamento de resíduos de serviços de saúde; ■ unidade — conjunto de ambientes fisicamente agrupados, onde são executadas atividades afins. Há mais conceitos que envolvem a arquitetura hospitalar e que também devem ser considerados, como o conforto ambiental, isto é, as condições ambientais, que incluem as condições agradáveis em relação à temperatura, ruído, vibração, segurança, iluminação, ventilação e privacidade. No caso dos edifícios de assistência à saúde, onde é frequente a ocorrência de situações críticas e estressantes, envolvendo relações interpessoais e indivíduos com algum grau de sofrimento físico e/ou psíquico, os fatores ambientais que definem as condições de conforto, assumem responsabilidade significativa durante o desenvolvimento do projeto arquitetônico (BITENCOURT, 2002, documento on-line). Ou seja, o conforto ambiental humanizado e intimamente conectado com aspectos de arquitetura hospitalar deve estar presente no ambiente que irá acolher as pessoas, conforme a Figura 1. Arquitetura em saúde e a RDC 504 Figura 1. Conforto ambiental e ambiente humanizado. Fonte: Rede Sarah ([201–?, documento on-line). A percepção do ambiente é subjetiva para cada indivíduo, provocando sensações diferentes em cada pessoa. Dessa forma, os sistemas de controle ambiental dependem das dimensões endógenas e exógenas. A dimensão endógena é fundamentada nas normas técnicas e de segurança do trabalho, devendo considerar as condições de salubridade necessárias e distan- ciando, assim, variáveis ambientais externas. (BITENCOURT, 2002). Já a dimen- são exógena é fundamentada no impacto que a construção causa no meio ambiente e suas interferências em aspectos como clima, terreno, esgoto e o cumprimento das normas e regras para construções como o hospital (BITENCOURT, 2002). Portanto, os fatores ambientais que devem ser considerados na elaboração de projetos arquitetônicos são os seguintes (BITENCOURT, 2002). Acessibilidade: abrangência de contemplar todas as possibilidades de circulação horizontal (corredores e portas) e vertical (escadas, rampas, elevadores e planos inclinados), além de estar em conformidade com a NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Acústica: condições de controle de ruídos nos ambientes. Esse controle do ruído nos ambientes é normatizado com regulamentação federal, es- tadual e municipal, visando manter o conforto acústico nas instituições. 5Arquitetura em saúde e a RDC 50 Biossegurança: elementos, práticas, adequações e uso de materiais e equipamentos que devem ser instalados com o propósito de preservar o ambiente, proporcionar a qualidade dos procedimentos e, principal- mente, preservar a segurança e saúde das pessoas que desenvolvem as atividades inerentes ao espaço referido. Clima: relacionado com o controle de temperatura, ventilação, umidade e qualidade do ar em condições saudáveis para pacientes e equipes. Comunicação visual: elementos gráficos e pictóricos de comunicação visual que devem apresentar as condições de clareza de leitura, precisão, objetividade, dimensões razoáveis e compatibilidade ao ambiente onde es- tejam inseridos, permitindo a percepção a uma distância proporcional sem, no entanto, interferir na harmonia do espaço arquitetônico circundante. Cores: diz respeito ao uso de diferentes cores no ambiente, com objetivo de provocar o conforto visual e acolhimento do usuário. Ergonomia do mobiliário: observação dos aspectos antropométricos, biomecânicos e fisiológicos da coletividade que usa o estabelecimento assistencial de saúde, como clientes, profissionais de saúde e visitantes, que deverão ser considerados na elaboração do projeto e na aquisição dos seus equipamentos e mobiliários. Iluminação natural e artificial: contempla o impacto dos efeitos bacte- ricidas, biológicos e psicológicos da luz sobre o usuário. Substâncias químicas: refere-se às contribuições patogênicas decorrentes da presença de substâncias químicas presentes nos locais que necessitam de condições de ar climatizado. Vibrações: considera o desconforto decorrente dos reflexos das vibra- ções provenientes de equipamentos instalados sem a devida acomodação e amortecimento de impacto (torres de arrefecimento de água, casas de máquinas de elevadores, etc.), além das vibrações provocadas pela ação dos ventos e dos movimentos das forças tectônicas, que devem merecer atenção especial no desenvolvimento do projeto e na execução da construção do ambiente de saúde. Por outro lado, temos os seguintes conceitos da arquitetura hospitalar que estão conectados ao planejamento dos projetos (GÓES, 2011). Conformidade: conceito que caracteriza um projeto para que ele atenda às condições essenciais para que os espaços projetados cumpram as funções para as quais foram planejados. Arquitetura em saúde e a RDC 506 Contiguidade: organização da anatomia hospitalar, de forma a estabele- cer os trajetos, o fluxo, distância entre setores, unidades e departamentos. Expansibilidade: previsão de crescimento ou ampliações a partir do projeto desenvolvido. Flexibilidade: capacidade de absorver o dinamismo do ambiente hospi- talar, bem como as constantes necessidades de ampliação, modificação e reformas, sem comprometer o funcionamento quanto à prioridade, urgência e necessidade. Estudo preliminar: estudo preliminar para verificar a viabilidade do projeto e o impacto ambiental de um determinado projeto ou empreendimento. Projeto básico: conjunto de informações técnicas básicas que caracterizam de forma suficiente o que necessita ser feito, as obras, os serviços, des- crevendo com detalhes suficientes para definir quais são os materiais e a quantidade necessária, bem como os equipamentos e serviços necessários. Projeto legal: conjunto de informações técnicas que definem a sua aprovação pelos órgãos competentes. Projeto executivo: conjunto de informações técnicas necessárias para reali- zação do projeto, contendo todas as indicações detalhadas para que ocorra a perfeita instalação, montagem e execução das obras e dos serviços. Parecer técnico: descrição, análise e avaliação do projeto básico de arquitetura, com foco na adequação do projeto para os EAS e verificação da pertinência do projeto físico em adequação à proposta assistencial pretendida, baseada em unidade funcional e no conjunto dos EAS, com o objetivo de adequação da proposta do plano. Funcionalidade do edifício: avaliação dos fluxos de trabalho que foram propostos no projetofísico, com objetivo de verificar os problemas de funcionamento e controle de infecção. Dimensionamento do ambiente: verificação das áreas e dimensões lineares do projeto proposto em comparação com a dimensão mínima exigida pela portaria, verificando a flexibilidade necessária para os ajustes sem a interferência no resultado. Instalações especiais e ordinárias: verificação de adequação de pontos de instalação que dão suporte ao funcionamento geral das unidades, como, por exemplo: verificação de sistemas de ar condicionado nas áreas críticas, fornecimento de energia geral e de emergência, sistemas de gases medicinais, sistema de tratamento de esgoto e equipamentos necessários para a infraestrutura. 7Arquitetura em saúde e a RDC 50 Os conceitos a seguir estão vinculados às instalações propriamente ditas (GÓES, 2011). Check-list: relacionado aos itens importantes que devem estar presentes nos projetos de arquitetura hospitalar, por exemplo: hidráulica, elétrica, normal, de urgência, diferenciada, fluido-mecânicas, climatização, cen- trais energéticas, energias ativas e passivas, agrupamento de unidades com necessidades semelhantes, acesso aos sistemas, instalações aparentes, assepsias, manutenção, legislação, economia e consumo de energia. Condições ambientais: iluminação, conforto térmico e acústico, ergo- nomia e sinalização de cores. Espaços lúdicos: espaços dentro de um hospital que não estão especifica- mente ligados à assistência e à cura, como lojas, galerias de arte, lanchonete, locais para apresentações musicais, bancos, cabeleireiros, livrarias e capela. Prédios e estruturas podem ser “doentes”, isto é, insalubres e com capacidade de adoecer pessoas (OLIVEIRA; MAZZURANA; OLIVEIRA, 2019). 2 Legislação sobre a arquitetura para serviços de saúde — RDC 50 No que se refere à legislação vigente aplicada à arquitetura para serviços de saúde, a RDC 50 é a legislação principal, entretanto, há outras normas complementares. A RDC 50, de 21 de fevereiro de 2002, dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de EAS. Normas complementares Na elaboração de projetos físicos, cabe a normatização complementar da ABNT se os casos descritos não forem atendidos pela RDC 50 (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002): Arquitetura em saúde e a RDC 508 NBR 6492 — representação de projetos de arquitetura; NBR 13532 — elaboração de projetos de edificações — arquitetura; NBR 5261 — símbolos gráficos de eletricidade — princípios gerais para desenho de símbolos gráficos; NBR 7191 — execução de desenhos para obras de concreto simples ou armado; NBR 7808 — símbolos gráficos para projetos de estruturas; NBR 14611 — desenho técnico — representação simplificada em es- truturas metálicas; NBR 14100 — proteção contra incêndio — símbolos gráficos para projetos. Especificidades da regulamentação das instalações nos estudos preliminares É necessário gerar programas básicos das instalações específi cas e atender às diretrizes básicas quando forem aplicáveis. Elétrica e eletrônica Os projetos para os EAS devem conter um programa básico que atenda à necessidade das instituições e do projeto arquitetônico, bem como à regula- mentação vigente, de modo a contemplar vários aspectos da normatização (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). Nesse sentido, o projeto deve conter todo o detalhamento da instalação elétrica, por exemplo: o fornecimento da rede pública; o tipo de tensão; o sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramento de áreas específicas; a localização e características da instalação elétrica de cada unidade do EAS; especificação e descrição do sistema elétrico que alimentará a telefonia; outros sistemas de comunicação, bem como do sistema de informação. 9Arquitetura em saúde e a RDC 50 Além dessas descrições básicas e preliminares, o sistema de gerador, para caso de queda de energia, deve descrever e determinar quais áreas irá cobrir em caso de falta de energia. A confirmação dos seguintes aspectos vai determinar a viabilidade da execução do projeto elétrico (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002): pontos de força para equipamentos e tomadas de uso geral; pontos de luz e seus respectivos interruptores; pontos de detecção e alarme de incêndio; pontos de telefones e interfones; pontos para o sistema de sinalização de enfermagem, com seus res- pectivos acionamentos; proposição dos pontos para locação dos captores e para o sistema de proteção contra descargas atmosféricas; proposição dos pontos de alimentação do sistema de ar condicionado, ele- vadores, sistema de som, intercomunicação e sistemas de computadores; proposição dos pontos de alimentação de todos os sistemas de supri- mento, processamento e tratamento de efluentes, líquidos ou sólidos, quando for o caso. Ao final, a legislação determina que se elabore um memorial descritivo, definitivo e explicativo do projeto, com soluções adotadas e compatibilizadas com o projeto básico e as soluções adotadas nos projetos das áreas complemen- tares, contendo os seguintes documentos gráficos (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). implantação geral — escala 1:500; plantas baixas — escala 1:100; planta de cobertura — escala 1:100. Hidráulica e fluido-mecânica Fazem parte das diretrizes dos estudos preliminares muitos detalhes que devem constar no projeto, por exemplo: tipo de fornecedor (público ou rede própria artesiana); previsão de consumo, formas de estoque de água e bombeamento; descrição do sistema de aquecimento, descrição do sistema de proteção e com- bate de incêndios; localização da rede pública de esgoto e, quando necessário, a indicação de sistema de tratamento (fossa séptica, câmaras de decantação para esgoto radioativo, outros); localização de galeria para drenagem de águas Arquitetura em saúde e a RDC 5010 pluviais ou, quando necessário, a indicação de despejo livre e águas pluviais. Além disso, a previsão de fornecimento e consumo de vapor e gases medicinais (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). Climatização As seguintes diretrizes básicas devem ser adotadas no desenvolvimento do projeto em relação à climatização (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002, documento on-line): – Proposição das áreas a serem climatizadas (refrigeração, calefação, umidi- ficação, pressurização, ventilação e câmaras frigoríficas); – Descrição básica do sistema de climatização, mencionando: filtros, água gelada, "self" a ar, Tc; – Previsão do consumo de água; – Previsão de consumo de energia elétrica; – Elaboração do perfil da carga térmica; – Elaboração do estudo comparativo técnico e econômico das alternativas técnicas para o sistema; – Localização da central de casa de máquinas em função dos sistemas pro- postos; – Pré-localização do sistema de distribuição, prumadas dos dutos e redes de água em unifilares da alternativa proposta. Após a determinação das diretrizes do plano básico, deve ser elaborado o projeto básico de instalações de ar condicionado e ventilação mecânica, quando aplicáveis, e o memorial descritivo, explicativo e definitivo do projeto. Programação físico-funcional dos estabelecimentos assistenciais de saúde Esse programa é baseado no Plano de Atenção à Saúde já elaborado, onde são especifi cadas as ações e determinadas as metas a serem alcançadas. Ele também determina a listagem de atribuições dos estabelecimentos de saúde. Nesse sentido, a RDC 50 define as atribuições tanto no setor público quanto no privado como: Os conjuntos de atividades e sub-atividades específicas, que correspondem a uma descrição sinóptica da organização técnica do trabalho na assistência à saúde. Os conjuntos de atribuições admitem diversas composições (teóricas) 11Arquitetura em saúde e a RDC 50 que são as tipologias (modelos funcionais) deestabelecimentos assistenciais de saúde. Portanto, cada composição de atribuições proposta definirá a tipo- logia própria a ser implantada (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002, documento on-line). Assim, a RDC 50 não limita a normatização a programas e projetos pré- -elaborados, que, muitas vezes, não atendem a realidades e contextos locais ou regionais. Desse modo, evita o compromisso de soluções padronizadas e possibilita a complementação das atribuições conforme o perfil institucional. Portanto, de acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2002, documento on-line): […] a listagem contém as atribuições e atividades, com a qual se pode mon- tar o estabelecimento desejado, ou seja, reunindo-se determinado grupo de atribuições-fim, associadas às atribuições de apoio necessárias ao pleno desenvolvimento das primeiras, define-se um estabelecimento específico. Atribuições e atividades desenvolvidas nos diversos tipos de estabelecimentos assistenciais de saúde São oito as atribuições que se desdobram em atividades e subatividades dos EAS (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002): prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e de hospital-dia — atenção à saúde incluindo atividades de promoção, prevenção, vigilância à saúde da comunidade e atendimento a pacientes externos de forma programada e continuada; prestação de atendimento imediato de assistência à saúde — atendimento a pacientes externos em situações de sofrimento, sem risco de vida (urgência) ou com risco de vida (emergência); prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de inter- nação — atendimento a pacientes que necessitam de assistência direta programada por período superior a 24 horas (pacientes internos); prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia — aten- dimento a pacientes internos e externos em ações de apoio direto ao reconhecimento e recuperação do estado da saúde (contato direto); prestação de serviços de apoio técnico — atendimento direto a assis- tência à saúde em funções de apoio (contato indireto); formação e desenvolvimento de recursos humanos e de pesquisa — atendimento direta ou indiretamente relacionado à atenção e assistência à saúde em funções de ensino e pesquisa; Arquitetura em saúde e a RDC 5012 prestação de serviços de apoio à gestão e execução administrativa — atendimento ao estabelecimento em funções administrativas; prestação de serviços de apoio logístico — atendimento ao estabeleci- mento em funções de suporte operacional. A RDC 50 determina as características de dimensionamento e atividades das unidades funcionais, bem como os ambientes que devem ser atendidos no planejamento e execução de projetos de arquitetura hospitalar. Critérios para projetos de estabelecimentos assistenciais de saúde Os projetos podem ser regulados e orientados por determinadas variáveis que são importantes em diversas etapas. Circulações externas e internas: reguladas pela NBR 9050 da ABNT sobre acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos. Condições ambientais de conforto: conforme o código de obras local em relação a condições térmicas e qualidade do ar. Quanto a condições acústicas, a NBR 10152 sobre níveis de ruído para conforto acústico e a NBR 12179 sobre tratamento acústico em recintos fechados devem ser seguidas. Quanto ao conforto luminoso, as condições são regula- mentadas pela NBR 5413 sobre iluminância de interiores. Condições ambientais de controle de infecção hospitalar: seguem norma- tização específica, conforme a RDC 307, de 14 de novembro de 2002, a NBR 13700 sobre áreas limpas e classificação e controle de contaminação, além da RDC 171, de 04 de setembro de 2006, que regulamenta todos os aspectos ambientais que promovem a proteção contra a infecção. Além disso, a RDC 50 reconhece os níveis de biossegurança necessários para o estabelecimento de barreiras arquitetônicas para evitar a infecção. Instalações prediais ordinárias e especiais: normatizações referentes a questões hidráulicas, de gases medicinais, sinalização, instalações elétricas, esgoto sanitário, dentre outras. Condições de segurança contra incêndio: regulamentada por uma série de normas: ■ NBR 9441 — alarmes contra incêndio; 13Arquitetura em saúde e a RDC 50 ■ NBR 8674 — execução de sistemas fixos automáticos de proteção contra incêndio com água nebulizada para transformadores e reatores de potência; ■ NBR 9441 — execução de sistemas de detecção e alarme de incêndio; ■ NBR 14432 — exigências de resistência ao fogo de elementos cons- trutivos de edificações; ■ NBR 5628 — componentes construtivos estruturais e determinação da resistência ao fogo; ■ NBR 6125 — chuveiros automáticos para extinção de incêndio; ■ NBR 9077 — saídas de emergência em edifícios; ■ NBR 11785 — barra antipânico especificação; ■ NBR 11742 — porta corta fogo para saídas de emergência; ■ NBR 11711 — portas e vedadores corta-fogo com núcleo de madeira para isolamento de riscos em ambientes comerciais e industriais; ■ NBR 13714 — sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndios; ■ NBR 98 — armazenamento e manuseio de líquidos inflamáveis e combustíveis; ■ NBR 10897 — proteção contra incêndio por chuveiro automático; ■ NBR 12693 — sistemas de proteção por extintores de incêndio; ■ NBR 13434 — sinalização de segurança contra incêndio e pânico e formas, dimensões e cores; ■ NBR 13435 — sinalização de segurança contra incêndio e pânico; ■ NBR 13437 — símbolos gráficos para sinalização contra incêndio e pânico; ■ NBR 11836 — detectores automáticos de fumaça para proteção contra incêndio. Dessa forma, é possível perceber que a RDC 50 tem um papel determi- nante no desenvolvimento e execução de projetos de arquitetura hospitalar. O planejamento de estruturas adequadas para funcionamento de EAS depende da observação dos critérios por ela regulamentados, além de outras normas complementares. Arquitetura em saúde e a RDC 5014 Para entender melhor os novos caminhos da arquitetura hospitalar, leia o artigo Os novos caminhos da arquitetura hospitalar e o conceito de humanização, de Rogério dos Reis Brito. 3 Arquitetura hospitalar e hospitalidade na humanização do atendimento à saúde A conexão entre a arquitetura hospitalar, a hospitalidade e a humanização fi ca evidente quando é percebida sua importância no sentido de planejar e construir estruturas saudáveis e promover a saúde das pessoas: A humanização de ambientes consiste na qualificação do espaço construído a fim de promover ao seu usuário conforto físico e psicológico, para a realização de suas atividades, através de atributos ambientais que provocam a sensação de bem-estar. Mas não se trata apenas disso, envolve principalmente a forma como o usuário do espaço percebe cada um dos elementos do ambiente e a forma como cada um desses elementos vai influenciá-lo (SOETHE; LEITE, 2015, documento on-line). Nesse sentido, essa relação se fortalece devido às mudanças de paradigmas que transformaram o modelo de atenção que é centrado na promoção da saúde, buscando não apenas prevenir as doenças, mas desenvolver espaços saudáveis e voltados para as pessoas e suas necessidades, auxiliando no processo de cura (SOETHE; LEITE, 2015). Fica claro que a percepção de bem-estar está intimamente ligada ao processo de humanização quando faz parte de um ambiente que promove o bem-estar em todas as suas dimensões. A relação entre a arquitetura hospitalar, hospitalidade e a humanização tem se tornado cada vez maior à medida que o tempo foi passando e as estruturas hospitalares foram ficando obsoletas e longe do ideal de acolhimento e bem-estar. Dessa forma, surge um novo modelo de estruturas voltadas ao tratamento em saúde para o conforto ambiental e o bem-estar. 15Arquitetura em saúde e a RDC 50 Estudosdemonstram que há requisitos para o desenvolvimento de uma nova geração de EAS, com outras funcionalidades e estruturas, evidenciando que os estabelecimentos podem influenciar na melhoria da saúde das pessoas (SOETHE; LEITE, 2015). O Quadro 1 apresenta os requisitos mencionados por Soethe e Leite (2015). Fonte: Adaptado de Soethe e Leite (2015). Requisitos Descrição 1 Eliminar os fatores estressantes do ambiente (ru- ído, falta de privacidade, iluminação excessiva- mente forte, baixa qualidade do ar interior) 2 Promover o contato dos usuários com a natureza por meio de jardins e outros dispositivos semelhantes 3 Oferecer condições de controle individual da privacidade e contato social, incluindo o controle de luz, temperatura ambiente, tipo de música ambiente ou até da possibili- dade de silêncio, opções de posicionamento corporal 4 Possibilitar a socialização e encontro de grupos em áreas com arranjos ambientais apropriados 5 Promover atividades com potencial de distração e relaxamento como arte interativa, aquários, acesso à internet, acesso a ca- nal e programas especiais com temáticas reconfortantes 6 Promover ambientes relaxantes, com possibilidade de conexão espiritual, relaxamento e bom humor Quadro 1. Requisitos para o desenho de EAS humanizadas baseado em evidências Portanto, a arquitetura e a hotelaria devem seguir alguns critérios para criar projetos e desenvolver os ambientes com as características necessárias para que ações e processos de humanização tenham a estrutura propícia para ocorrer. A conexão da pessoa com o ambiente, principalmente, em um momento tão crítico como a doença, leva à reflexão sobre a possibilidade de os ambientes contribuírem de alguma forma para a recuperação das pessoas, tornando a atividade laboral em saúde um processo com maior fluidez. Arquitetura em saúde e a RDC 5016 No passado, as estruturas abrigavam doentes de forma totalmente insa- lubre, revelando a intensidade que uma estrutura hospitalar pode influenciar para adoecer ou para curar as pessoas, pois “a arquitetura possui o poder de influenciar o aparecimento de enfermidades físicas e psíquicas, se pressupõem que também pode agir de maneira contrária, e contribuir para com a saúde de seus usuários” (SOETHE; LEITE, 2015, documento on-line). Assim, as recomendações envolvem o acolhimento, a informatização, a promoção, a flexibilização e a humanização. Acesse o link a seguir para conhecer os “Doutores da alegria” e como é a proposta de humanização dos ambientes hospitalares (DOUTORES DA ALEGRIA, [2020?]). https://qrgo.page.link/ZNEnb Estruturas de redução psicológica do estresse Ao desenvolver estruturas hospitalares humanizadas, cumprir a legislação para a adequação dos projetos conforme as necessidades dos usuários e oferecer serviços de hotelaria compatíveis, o ambiente tende a tornar o local menos estressante para todos os frequentadores. Assim, o conjunto de ações na estrutura se confunde com o foco de hu- manizar os espaços: A humanização de cada ambiente através da iluminação, cores e formas presentes no local motivam as pessoas que ali estarão. O projeto é elemento de fundamental importância, preza pela funcionalidade, conforto ambiental, flexibilidade e humanização das atividades e locais (BONI; SILVA; FORTU- NA, 2018, documento on-line). Quando se diminui o estresse nas estruturas dos EAS, nos processos de trabalho e nas relações entre as pessoas, a sensação de bem-estar se espalha por toda a instituição de saúde. 17Arquitetura em saúde e a RDC 50 Efeitos ambientais de projetos de arquitetura hospitalar sobre a saúde e o bem-estar As estruturas dos EAS podem ser determinantes na saúde e recuperação das pessoas (Quadro 2). Uma das bases teóricas para compreender o efeito do ambiente nos indivíduos é a psiconeuroimunologia: A Psiconeuroimunologia é a arte e ciência de criar ambientes que ajudam a evitar doenças, acelerar a cura e promover o bem-estar das pessoas. Estuda os estímulos sensoriais, os elementos do ambiente que os causam, e as relações entre estresse e saúde. Seus estudos demonstram que a variação na quantidade de estímulos sensoriais é necessária, pois a condição de monotonia permanente induz a distúrbios patológicos (SOETHE; LEITE, 2015, documento on-line). Esse conceito é atribuído a Robert Ader, que o utiliza para se referir às emoções que podem influenciar no processo das doenças físicas, principal- mente, aquelas de causa imunológica, como o câncer, infecções e doenças alérgicas (SOETHE; LEITE, 2015). Fator ambiental Efeito na saúde e no bem-estar Recomendações Iluminação e vistas Boa luz natural Recuperação mais rápida do biorritmo após cirurgia Melhor absorção de vitaminas e sais minerais Aumento de produtividade de 2 a 3% Inserção de aberturas para a iluminação natural Considerar o impacto da variação da luminosidade no conforto visual e térmico dos pacientes Vista da luz natural Percepção do tempo, clima e localização Inserção de aberturas para o ambiente externo Iluminação artificial apropriada Reforço de identidade Melhora da atmosfera Aumento da segurança dentro e em torno das edificações Aumento de produtividade Seguir a Norma NBR 5413 – Iluminação de Interiores Quadro 2. Efeitos ambientais sobre a saúde e o bem-estar dos pacientes (Continua) Arquitetura em saúde e a RDC 5018 Fator ambiental Efeito na saúde e no bem-estar Recomendações Iluminação e vistas Qualidade da luz Melhora da atmosfera Apoio à função Relaxamento Projetar corretamente o nível de iluminação e proporcionar ambiente íntimo e aconchegante Uso de cores funcional e ergonômico Redução da agitação Aumento do caráter Reconhecimento e senso de direção Aumento de produtividade Uso de luz em tom amarelado, que proporciona a sensação de aconchego e relaxamento Atmosfera e identidade Sala com propósitos especiais Reunião, distração, relaxamento, regeneração, recreação ativa, expressão cultural, redução do estresse Conversas particulares, privacidade, alívio mental Reflexão e oração, alívio mental, força espiritual, consolo Projetar locais para reuniões, formação de grupos, espaços para lazer e oração Escritórios celulares (< 4 pessoas) Menor perturbação, maior concentração, 2 a 4% mais produtividade da mão de obra Projetar locais de trabalho que respeitem a privacidade, territorialidade e apropriação de cada indivíduo Projeto adequado ao nível de interação social Estímulo a reuniões, distração, relaxamento ou simplesmente privacidade, individualidade Projetar espaços confortáveis e com mobiliário flexível — que permitam o rearranjo conforme as necessidades do indivíduo ou do grupo que o utiliza Quadro 2. Efeitos ambientais sobre a saúde e o bem-estar dos pacientes (Continuação) (Continua) 19Arquitetura em saúde e a RDC 50 Fator ambiental Efeito na saúde e no bem-estar Recomendações Atmosfera e identidade Integração de artes Relaxamento, contemplação, apreciação da organização Visuais para trabalhos de arte, mobiliário interativo, presença de elementos como a água, iluminação e uso de cores Cores adequadas aos estímulos Criar ilusões, influenciar diretamente o espaço e gerar efeitos diversos Diminuir ou aumentar a capacidade de percepção, de concentração e de atenção Fazer uso correto das cores, a fim de que ajudem a gerar os estímulos necessários ao usuário Som e vibrações Paz e tranquilidade, menos poluição sonora Menor perturbação do sono Menor irritação Menor estresse e problemas de ritmo cardíaco Recuperação mais rápida Melhor concentração, menor cansaço Aumento de produtividade Escolha adequada de móveis e revestimentos, a fim de que não reflitam ou amplifiquem as ondas sonoras Sons naturais, especialmente causados pela água e vegetação em movimento, possuem efeitocalmante e relaxante e ajudam a diminuir a intensidade de sons indesejáveis Música-ambiente Distração, relaxamento, menor necessidade de analgésico Prever circuito de música ambiente Autonomia Controle pessoal de venezianas, aquecimento, etc. Aumento da noção de controle e autonomia Prever o máximo controle do ambiente por parte de seus ocupantes Quadro 2. Efeitos ambientais sobre a saúde e o bem-estar dos pacientes (Continuação) (Continua) Arquitetura em saúde e a RDC 5020 Fator ambiental Efeito na saúde e no bem-estar Recomendações Autonomia Localização de instalações delicadas em lugares menos críticos Menor risco de transferência de infecções Menos problemas de contaminação biológica, física e química Prever localização de instalações de controle do ar em locais adequados, seguros, de fácil acesso e manutenção Separação entre fontes de contaminantes Menor risco de transferência de infecções Menos problemas de contaminação biológica, física e química Prever locais adequados para manuseio de produtos com odor desagradável, indesejável ou que contaminem o ar Menos fontes de poluição do ar Menor irritação das vias aéreas Menos infecções Menos problemas com odores Aumento de produtividade de 3% a 8%. Redução de faltas por doença Minimizar ao máximo o uso de equipamentos ou produtos que provoquem a poluição do ar Risco menor de desenvolvimento de doenças em longo prazo Odor agradável Impressão positiva do espaço. Lembrança positiva da estada Arranjos florais e vegetações que proporcionam fragrâncias agradáveis. As plantas possuem a propriedade de purificar o ar, alegrar o ambiente e promover o contato com a natureza Clima Ambiente interno uniformemente bom Conforto, bem-estar, ganho de produtividade de 10% a 15%, redução de faltas por doença Uso de ventilação natural, telhados verdes, vegetação, espelhos d’água e sistema de climatização quando necessário Quadro 2. Efeitos ambientais sobre a saúde e o bem-estar dos pacientes (Continuação) (Continua) 21Arquitetura em saúde e a RDC 50 Fonte: Adaptado de Soethe e Leite (2015). Fator ambiental Efeito na saúde e no bem-estar Recomendações Acessibilidade Boa sinalização Capacidade de encontrar o caminho, aumento da autonomia Prever projeto de sinalização e informação visual Piso plano não escorregadio Melhor sensação de equilíbrio Movimentação mais segura Menos quedas acidentais Uso de piso antiderrapante e o mais linear possível Espaços livres de obstruções físicas Maior segurança, aumento da autonomia Projetar espaços sem obstruções físicas e com equipamentos para autonomia do usuário Projetar espaços sem obstruções físicas e com equipamentos que auxiliem a autonomia do usuário Entrada protegida do vento e da chuva Segurança física, aumento da autonomia Projetar espaços de transição como halls e marquises, ao abrigo de intempéries Ergonomia Tamanho ergonômico dos locais de trabalho Postura correta, relaxamento, menos problemas físicos, maior produtividade Prever mobiliário adequado à antropometria do usuário e com sistema de regulagem Tamanho ergonômico das rotas Movimento sem obstrução, menos acidentes, aumento da privacidade física e social Projetar circulações em dimensões adequadas ao fluxo de pessoas no local Espaço verde Bom acesso e jardins Relaxamento, recreação, melhora do estado físico Projeto paisagístico Vista para o verde e objetos naturais Relaxamento, regeneração, apreciação, recuperação física mais rápida Aberturas para visuais da paisagem e jardins. Uso de vegetação em jardins internos Quadro 2. Efeitos ambientais sobre a saúde e o bem-estar dos pacientes (Continuação) Arquitetura em saúde e a RDC 5022 É possível perceber a grande contribuição da arquitetura hospitalar na humanização dos EAS e a importância da regulamentação para o planejamento e a execução dos projetos. A busca por ambientes humanizados é um processo que se inicia com a mudança de paradigmas, o planejamento e a execução de um projeto arquitetônico, além da percepção dos efeitos nas pessoas. Para conhecer o caso da rede de hospitais Sarah e como ela trata a arquitetura hos- pitalar e a humanização, leia o artigo “Conforto ambiental hospitalar na perspectiva dos hospitais da Rede Sarah Kubistchek”, de Cláudio Boni, Conrado Renan da Silva e Talita Carli Fortuna. https://qrgo.page.link/Gg32b AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada — RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para plane- jamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Diário Oficial da União, Brasília, n. 54, 20 mar. 2002. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_50_2002_COMP. pdf/9682e8b7-3c4f-4b30-bec9-f76de593696d. Acesso em: 17 fev. 2020. BITENCOURT, F. Espaço e promoção de saúde: a contribuição da arquitetura ao conforto dos ambientes de saúde. Revista Saúde em Foco: informe epidemiológico em saúde coletiva, Rio de Janeiro, n. 23, p. 35–46, jul. 2002. Disponível em: http://smsrio.org/ revista/index.php/revsf/article/view/607/550. Acesso em: 17 de fev. 2020. BONI, C.; SILVA C. R. da; FORTUNA, T. C. Conforto ambiental hospitalar na perspectiva dos hospitais da rede Sarah Kubistchek. Revista Contemporânea: Revista Unitoledo: Arquite- tura, Comunicação, Design e Educação, Araçatuba, v. 03, n. 1, p. 74–88, jan./jun. 2018. Disponível em: http://ojs.toledo.br/index.php/contemporanea/article/view/2969/360. Acesso em: 17 fev. 2020. DOUTORES DA ALEGRIA. [S. l.], [2020?]. Disponível em: https://doutoresdaalegria.org. br/. Acesso em: 18 fev. 2020. GÓES, R. de. Manual prático de arquitetura hospitalar. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2011. 23Arquitetura em saúde e a RDC 50 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. MARTINS, B. C. (org.). Arquitetura e urbanismo: planejando e edificando espaços 2. Ponta Grossa: Atena, 2019. E-book. Disponível em: https://www.atenaeditora.com.br/wp- -content/uploads/2019/07/E-book-Arquitetura-e-Urbanismo-Planejando-e-Edificando- -Espacos-2.pdf. Acesso em: 17 fev. 2020. OLIVEIRA, E. R. de; MAZZURANA, M. M.; OLIVEIRA, T. D. de. Edificações saudáveis e a síndrome do edifício doente. In: PAINEL DE PESQUISAS EM ARQUITETURA E URBANISMO, 2., 2019, Ijuí. Anais [...]. Ijuí: Unijuí, 2019. p. 1–4. Disponível em: https://publicacoeseventos. unijui.edu.br/index.php/papearur/article/view/17594/16341. Acesso em: 17 fev. 2020. REDE SARAH. Unidade lago norte. [201–?]. 1 fotografia. Disponível em: http://www. sarah.br/media/1398/a_redeSARAH_unid_lagonortegrande.jpg?anchor=center&m ode=crop&rnd=130537082120000000. Acesso em: 17 fev. 2020. SOETHE, A.; LEITE, L. S. Arquitetura e a saúde do usuário. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE QUALIDADE DO PROJETO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 4., 2015, Viçosa. Anais [...]. Viçosa: UFV, 2015. p. 1–13. Disponível em: https://www.locus.ufv.br/bitstream/ handle/123456789/6039/50.pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em: 17 fev. 2020. Arquitetura em saúde e a RDC 5024 DICA DO PROFESSOR O uso das cores nas estruturas hospitalares é essencial para compor a ambiência e o conforto ambiental. Nesse sentido, o uso das cores faz parte do processo de colorir e humanizar instituições de saúde monocromáticas e acinzentadas ou envolvidas em paredes brancas. Na Dica do Professor, você vai conhecer um pouco mais sobre o assunto e sensibilizar-seao uso adequado das cores no ambiente hospitalar. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! NA PRÁTICA Os ambientes humanizados contam com características que necessitam ser atendidas para que os espaços tenham a capacidade de acolhimento necessário. Desse modo, quatro hospitais foram avaliados em relação as principais características de humanização dos espaços, por meio da Matriz FOFA, procurando perceber os pontos necessários de atenção para a implantação de arquitetura em saúde humanizada nas diversas dimensões. Conheça, Na Prática, o caso de avaliação de quatro instituições de saúde. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Vídeo tour 360o maternidade Einstein Neste vídeo você vai conhecer um pouco mais sobre a estrutura de uma maternidade e como ela pode auxiliar no processo de humanização do cuidado. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Arquitetura construída para sanar Neste vídeo você var refletir sobre aspectos ampliados da arquitetura e sua relação com as pessoas. Não esqueça de ajustar a legenda. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Compartilhar