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1 2 ✔ Organização administrativa da União - Com o desenvolvimento das atividades estatais, surge a necessidade de especialização e melhor organização de certas atividades. - Os instrumentos disponíveis para essa melhor especialização ou organização são a criação de novos órgãos ou novas entidades, através das chamadas DESCENTRALIZAÇÃO e DESCONCENTRAÇÃO. DESCONCENTRAÇÃO - É uma especialização interna (ou seja, dentro de uma entidade dotada de personalidade própria), realizada, dentre outros objetivos, para ampliar a eficiência da atividade. - Ocorre por meio da criação de um novo órgão. Cuidado: órgãos podem ter CNPJ. - Não há nova personalidade jurídica. - Há aprimoramento da atuação estatal por meio da criação de órgãos especializados e subordinados dentro da estrutura original. - Macetinho: quando você se desconcentra, é algo que acontece DENTRO da sua própria pessoa. Obs.: quando um órgão público é extinto, ocorre a CONCENTRAÇÃO administrativa. - O conjunto de entes públicos (União, Estados, DF e Municípios) e seus órgãos formam a ADMINISTRAÇÃO DIRETA. DESCENTRALIZAÇÃO - Possui os mesmos objetivos da desconcentração. - Ocorre por meio da criação de um novo ente ou entidade, uma nova pessoa jurídica. - O ente público transfere para a outra pessoa parte de sua competência. - Essas novas entidades formam a ADMINISTRAÇÃO INDIRETA. Figura 1 - Comparativo entre Descentralização e Desconcentração RESUMO: ↦ Administração Direta = conjunto de órgãos e agentes públicos que compõem os entes federativos (União, Estados, DF e Municípios). ↦ Administração Indireta = conjunto de pessoas jurídicas, especialmente criadas pelos entes federativos para a realização de atividades administrativas específicas, ou ainda para explorarem atividades econômicas, mediante processo de descentralização. ↪ São elas as Autarquias, as Fundações Públicas (FP), as Empresas Públicas (EP) e as Sociedades de Economia Mista (SEM). 3 ➔ Entidades Estatais - Integram o Estado. - Subdividem-se em: Entidades Políticas União Estados Municípios Distrito Federal Entidades Administrativas Autarquias Fundações Públicas Empresas Públicas Sociedade de Economia Mista Consórcios Públicos - Nem toda entidade do Estado possui personalidade jurídica de Direito Público. - Todas as entidades estatais devem: ↪ Fazer concurso; ↪ Fazer licitação; ↪ Prestar contas; ↪ Observar, em regra, a proibição de acumulação de cargo/emprego público. ⁕ Mesmo as empresas estatais (EP e SEM), que são pessoas de Direito Privado, submetem-se às regras do Direito Público. - Entre as entidades que compõem a administração pública direta e indireta há relação de vinculação, em conjunto com controle finalístico (tutela ou supervisão ministerial). ➔ Órgãos Públicos - Órgãos públicos são unidades da administração despersonalizados com atribuições específicas, cuja atuação é imputada à pessoa que integra. > Principais características: ↪ Só podem ser criados ou extintos por meio de LEI ↦ (CF/88, art. 84, VI “a”) ↪ Não possuem personalidade jurídica própria; ↦ eventualmente podem possuir CNPJ. ↪ Sempre integram a estrutura de uma pessoa jurídica; ↪ Existem na Adm. Direta e Indireta; ↪ Não possuem patrimônio próprio. - Seus administradores podem firmar CONTRATO DE GESTÃO (art. 37, § 8º, CF), com a finalidade de obter maior autonomia gerencial, financeira e orçamentária. → Agência executiva. 4 > Classificação dos órgãos 1. Quanto à hierarquia: 1.1 Independentes: previsto diretamente na CF, não são subordinados a nenhum outro órgão. Ex.: Presidência da República, Câmara dos Deputados, Senado Federal, TCU, MP. 1.2 Autônomos: aquele subordinado ao órgão independente, com ampla autonomia administrativa, financeira e orçamentária. Ex.: Ministérios, Casa Civil, AGU. 1.3 Superior: aquele que tem poder de direção e decisão, porém sem autonomia financeira e orçamentária. Ex.: Receita Federal, PRF. 1.4 Subalterno: órgão de mera execução, sempre subordinado a vários níveis hierárquicos superiores. Ex.: delegacias e escolas. 2. Quanto à divisão interna: 2.1 Simples: não possuem divisão interna. Ex.: escolas e delegacias. 2.2 Compostos: possuem divisão interna. Ex.: Ministérios, Congresso Nacional. 3. Quanto ao poder decisório: 3.1 Singulares: as decisões são tomadas por um único agente. Ex.: Presidência da República. 3.2 Colegiados: mais de um agente toma decisões. Ex.: Conselho Nacional de Justiça. ➔ Entidades Administrativas > Noções gerais: - Entidades criadas pelos entes políticos (descentralização) para o desempenho de atividades administrativas. - Possuem personalidade jurídica própria, atuando em seu próprio nome e risco. - São elas: Autarquia, Fundação Pública, Empresa Pública, Sociedade de Economia Mista. ↪ Compõem a Administração Indireta. - Há uma relação de vinculação entre a Administração Direta e Indireta. ↪ apenas controle finalístico, tutela, supervisão ministerial. ↪ não há subordinação hierárquica. ↪ as entidades compreendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada sua principal atividade. - Sempre incidirão regras de direito público (total ou parcialmente), mesmo nas entidades organizadas sob o direito privado. Exemplo: concurso público e licitação. > Áreas de atuação: - Autarquias: desempenham atividades típicas de Estado. - FP: desempenham atividades sociais.1 - EP e SEM: ou exploram atividades econômicas ou prestam serviços públicos. > Personalidades jurídicas: - Autarquias: de Direito Público. - FP: de Direito Público ou de Direito Privado. - EP e SEM: de Direito Privado. 1 Na verdade, as áreas de atuação das FPs serão definidas por lei complementar, mas esta ainda não existe, então na prática o que se estabeleceu é que elas desempenham atividades sociais. 5 - Obs.: para instituir uma empresa subsidiária de alguma outra EP ou SEM, é necessária uma lei autorizativa, que não necessariamente precisa ser específica. Ou seja, a própria lei específica autorizativa da EP ou SEM pode já permitir a instituição da sua empresa subsidiária. → Entidades Administrativas em espécie: 1. AUTARQUIAS - São pessoas jurídicas de direito público interno, CRIADAS por lei específica. - Desempenham atividades típicas de Estado: aquelas atividades cuja existência somente encontra razão ou sentido dentro da estrutura do Estado, não havendo similaridade no setor público. - Fruto da opção estatal de descentralização de certa atividade pública. - Regime integralmente de direito público. 1.1 Características das autarquias (regras gerais): - Gozam da imunidade tributária própria dos entes públicos → necessidade de vinculação do benefício às finalidades essenciais da autarquia para que se configure a imunidade tributária. - Aplica-se a prescrição quinquenal. - Créditos sujeitos à execução fiscal. - Débitos pagos por meio de precatório/RPV. - Em suma, possuem as prerrogativas processuais conferidas à Fazenda Pública. - Contratos são contratos administrativos e devem ser formados por licitação. - Servidores admitidos por concursos públicos e regidos por regime estatutário. - Seus bens são bens públicos, razão pela qual gozam de impenhorabilidade, imprescritibilidade etc (art. 99 do Código Civil). - Sua responsabilidade civil é objetiva (CF/88, art. 37, §6º), uma vez que se trata de pessoa jurídica de direito público. 1.2 Tipos de autarquias: 1.2.1 Comuns: fala-se que uma autarquia é comum quando a ela não se aplicam regras diferenciadas que as inclua em alguma das demais categorias. Aplicam-se normalmente as regras gerais. 1.2.2 Autarquias corporativas ou conselhos de classe: são os órgãos de fiscalização das profissões ou conselhos profissionais, como CRMs, CREAs,OAB2, etc. Controlam o exercício de uma profissão conforme previsão legal, por regulamentação do inciso XIII do art. 5º da CF/88. 1.2.3 Autarquias em regime especial: possuem alguma peculiaridade em relação às demais, geralmente no sentido de maior autonomia. ↪ Exemplos: Universidades públicas: gozam de autonomia pedagógica, além de outras peculiaridades; Agências reguladoras: possuem regime especial na escolha de seus dirigentes e na duração de seus mandatos. 1.2.3.1 Agências reguladoras: surgiram da necessidade de controle de pessoas privadas que prestam serviços públicos por meio de concessão ou congênere. Servem de instrumento de 2 A OAB é uma autarquia profissional, mas possui tratamento totalmente diverso, estando dispensada, por exemplo, de fazer concurso e licitação (STF, ADIN 3026). 6 controle estatal das atividades privatizadas, dotada de alto grau de especialização técnica, com maior autonomia para alcançar maior celeridade. - Características especiais: procedimento especial para escolha dos dirigentes, que cumprem um mandato nesse cargo3; elaboração de normas de regulação (≠ regulamentação); possível gestão de contratos de concessão; vinculação a algum ministério. - Regulação: competência para a edição de normas e regulamentos no seu âmbito de atuação. Deslegalização. 1.2.4 Consórcios públicos: podem se constituir em autarquias. 2. FUNDAÇÕES PÚBLICAS - As Fundações Públicas podem ser instituídas com personalidade jurídica de direito público ou privado. - As fundações prestam atividades não lucrativas e atípicas de poder público, mas de interesse coletivo, como assistência médica, educação, pesquisa científica, assistência social, etc. > As Fundações Públicas de direito público são efetivamente criadas por lei. Dessa forma, elas ganham a personalidade jurídica no momento da vigência da lei instituidora. ↪ Autarquia Fundacional (ou Fundação Autárquica) - De acordo com o entendimento adotado pela doutrina majoritária, as fundações públicas são espécies de autarquias e por isso, revestem-se das mesmas características jurídicas a ela aplicáveis. - A diferença de uma autarquia e uma fundação autárquica é meramente conceitual: aquela é definida como serviço público personificado, enquanto esta é um patrimônio personificado destinado a uma finalidade específica de interesse social. > Por outro lado, as Fundações Públicas de direito privado recebem autorização legislativa para criação, mas dependem do registro do ato constitutivo no registro civil de pessoas jurídicas para que adquiram a personalidade jurídica. > Características próprias das Fundações Públicas de Direito Privado: • Só adquirem personalidade jurídica com a inscrição dos seus atos constitutivos no registro público competente. • Não podem desempenhar atividades que exijam o exercício de poder de império, a prática de atos auto executórios e pertinentes ao poder de polícia, como aplicação de multas e sanções a particulares. • Não têm poder normativo (não podem editar atos gerais e abstratos que obriguem os particulares). • Seus bens não se enquadram como bens públicos. ↪ Alguns bens sim, como os empregados diretamente na prestação de serviços públicos. Estes bens são impenhoráveis. • Não estão sujeitas ao regime de precatórios judiciais. • Não podem ser sujeitos ativos tributários. ↪ Não podem exigir tributos. 3 Lei 9.986/2000: Art. 6º O mandato dos Conselheiros e dos Diretores terá o prazo fixado na lei de criação de cada Agência. 7 • Não têm a prerrogativa de cobrar suas dívidas mediante processo especial de execução judicial. > Seguem regime jurídico predominantemente privado, pois são regidas pelo Código Civil, apesar do regime jurídico híbrido → devem obediência às seguintes normas de natureza pública, além daquelas previstas na lei instituidora: • Subordinação à fiscalização, controle e gestão financeira, o que inclui fiscalização pelo Tribunal de Contas e controle administrativo, exercido pelo Poder Executivo, com sujeição a todas as medidas indicadas no artigo 26 do Decreto-lei nº 200 (arts. 49, X, 72 e 73 da Constituição); • A sua extinção somente poderá ser feita por lei; • Equiparação dos seus empregados (sujeitos ao regime trabalhista comum – CLT) aos funcionários públicos para os fins previstos no art. 37 da Constituição, inclusive acumulação de cargos e aprovação em concurso público, para fins criminais (art. 327 do Código Penal) e para fins de improbidade administrativa (arts. 1º e 2º da Lei nº 8429/92); • Sujeição dos seus dirigentes a mandado de segurança quando exerçam funções delegadas do poder público (art. 1º, § 1º, da Lei nº 1533/51 e art. 5º, LXXIII, da CF), cabimento de ação popular contra atos lesivos do seu patrimônio (art. 1º da Lei nº 4717/65 e art. 5º, LXXIII, da CF), legitimidade ativa para propor ação civil pública (art. 5º da Lei nº 7.347/86); • Juízo privativo na esfera estadual; • Submissão à Lei nº 8.666/93, nas licitações e contratos; • Em matéria de finanças públicas, as exigências contidas nos arts. 52, VII, 169 e 165, §§ 5º e 9º, da CF; • Imunidade tributária referente ao imposto sobre o patrimônio, a renda ou serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes (art. 150, § 2º, da CF). > Tomar como regra que as Fundações Públicas são aquelas de direito privado. 3. EMPRESAS PÚBLICAS e 4. SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA > Características em comum: - Sua criação é autorizada por lei. - Em regra estarão sujeitas a um regime predominantemente de direito privado (regime híbrido). - Podem ter por finalidade a prestação de serviços públicos ou desenvolvimento de atividades econômicas. - Não gozam, em regra, dos privilégios processuais, fiscais, civis, contratuais etc. típicos das entidades de direito público, havendo, no entanto, exceções: ↪ A depender da atividade da empresa estatal, ela poderá gozar de benefícios típicos da Fazenda pública, inclusive da imunidade recíproca. ↪ Requisitos para a incidência dos privilégios públicos: desempenho de serviço público e ausência de regime concorrencial. - Seus agentes são regidos pela CLT (empregados públicos). - Submetem-se a algumas limitações típicas do Estado, com incidência de regras de direito público, tais como a obrigatoriedade da realização de concurso público, vedação à acumulação de cargos, licitações (embora com regras próprias) etc. > Características específicas da Empresa Pública: - Capital 100% público. 8 - Podem assumir qualquer forma societária. - As empresas públicas federais terão as causas judiciais de que participem julgadas pela Justiça Federal, por força do art. 109, I da CF. - Exemplo: Caixa Econômica Federal. > Características específicas da Sociedade de Economia Mista: - Capital majoritariamente público. - Forma societária necessariamente de Sociedade Anônima. - Submetem-se à lei nº 6.404/76 (Sociedades por Ações). - Foro processual: Justiça estadual. - Exemplo: Banco do Brasil, Petrobrás. > Lei nº 13.303/2016: Lei das Estatais - Suas regras são válidas para TODAS as empresas públicas e sociedades de economia mista, sejam federais, estaduais, distritais ou municipais (lei nacional), não importando, também, a atividade desenvolvida. ↪ A lei unificou esse regime para todas as esferas da administração pública.
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