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EO - Linguagens e Códigos_VOLUME2

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1
Caro aluno 
O Hexag Medicina é, desde 2010, referência na preparação pré-vestibular de candidatos às 
melhores universidades do Brasil.
Ao elaborar o seu Sistema de Ensino, o Hexag Medicina considerou como principal diferen-
cial em relação aos concorrentes sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas 
e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado.
Você está recebendo o livro Estudo Orientado. Com o objetivo de verificar se você aprendeu 
os conteúdos estudados, este material apresenta nove categorias de exercícios:
• Aprendizagem: exercícios introdutórios de múltipla escolha para iniciar o processo de fixa-
ção da matéria dada em aula 
• Fixação: exercícios de múltipla escolha que apresentam um grau de dificuldade médio, 
buscando a consolidação do aprendizado 
• Complementar: exercícios de múltipla escolha com alto grau de dificuldade 
• Dissertativo: exercícios dissertativos seguindo a forma da segunda fase dos principais ves-
tibulares do Brasil 
• Enem: exercícios que abordam a aplicação de conhecimentos em situações do cotidiano, 
preparando o aluno para esse tipo de exame 
• Objetivas (Unesp, Fuvest, Unicamp e Unifesp): exercícios de múltipla escolha das faculda-
des públicas de São Paulo 
• Dissertativas (Unesp, Fuvest, Unicamp e Unifesp): exercícios dissertativos da segunda fase 
das faculdades públicas de São Paulo 
• Uerj (exame de qualificação): exercícios de múltipla escolha, buscando a consolidação do 
aprendizado para o vestibular da Uerj 
Visando um melhor planejamento dos seus estudos, ao final de cada aula, o gabarito vem 
acompanhado por códigos hierárquicos que mostrarão a que tema do livro teórico corres-
ponde cada questão. Esse formato irá auxiliá-lo a diagnosticar quais assuntos você encontra 
mais dificuldade. Essa é uma inovação do material didático 2020. Sempre moderno e com-
pleto é um grande aliado para o seu sucesso nos vestibulares.
Bons estudos!
Herlan Fellini
2
SUMÁRIO
ENTRE LETRAS
GRÁMATICA
LITERATURA
Aulas 9 e 10: Advérbios 4
Aulas 11 e 12: Pronomes pessoais 26
Aulas 13 e 14: Pronomes demonstrativos e possessivos 44
Aulas 15 e 16: Pronomes relativos, interrogativos e indefinidos 57
Aulas 9 e 10: Quinhentismo e Barroco 70
Aulas 11 e 12: Gregório de Matos Guerra, o Boca do Inferno 80
Aulas 13 e 14: Padre Antônio Vieira 92
Aulas 15 e 16: Arcadismo em Portugal: Bocage 103
3
GRAMÁTICA
4
Advérbios
CompetênCias: 1 e 8 Habilidades: 1, 2, 3, 4, 26 e 27
AULAS 
9 e 10
E.O. AprEndizAgEm
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
PARA SEMPRE JOVEM
Recentemente, vi na televisão a propaganda de um jipe que saltava 
obstáculos como se fosse um cavalo de corrida. Já tinha visto esse 
comercial, mas comecei a prestar atenção na letra da música, so-
ando forte e repetindo a estrofe de uma canção muito conhecida, 
“forever Young... I wanna live forever and Young...” (para sempre 
jovem... quero viver para sempre e jovem). 1Será que, realmente, 
2queremos viver muito e, de preferência, para sempre jovens? (...)
O crescimento da população idosa nos países desenvolvidos é 
uma bomba-relógio que já começa a implodir os sistemas pre-
videnciários, despreparados para amparar populações com uma 
média de vida em torno de anos. A velhice se tornou uma epi-
demia incontrolável nos países desenvolvidos. Sustentar a popu-
lação idosa sobrecarrega os jovens, cada vez em menor número, 
pois, nesses países, há também um declínio da natalidade. Será 
isso socialmente justo?
Uma pessoa muito longeva consome uma quantidade total de 
alimentos muito maior do que as outras, o que contribui para 
esgotar mais rapidamente os recursos finitos do planeta 3e agra-
var ainda mais os desequilíbrios sociais. Para que uns poucos 
possam viver muito, outros 4terão de passar fome. Será que, em 
um futuro breve, teremos uma guerra de extermínio aos idosos, 
como na ficção do escritor argentino Bioy Casares, O diário da 
guerra do porco? Seria uma guerra justa? /.../
TEIXEIRA, João. PARA sEmPRE JovEns. In: REvIsTA FIlosoFIA: 
cIêncIA & vIdA. Ano vII, n. 92, mARço-2014, P. 54. 
1. (Epcar (Afa) 2017) Elementos de modalização são 
responsáveis por expressar intenções e pontos de vis-
ta do enunciador. Por intermédio deles, o enunciador 
inscreve no texto seus julgamentos e opiniões sobre o 
conteúdo, fornecendo ao interlocutor “pistas” de reco-
nhecimento do efeito de sentido que pretende produzir.
Observe os elementos de modalização destacados nos 
excertos e as respectivas análises.
I. “... e agravar ainda mais os desequilíbrios sociais.” 
(ref. 3) – O advérbio destacado ratifica a ideia de que a 
situação que já é caótica vai piorar.
II. “... terão de passar fome.” (ref. 4) – O verbo auxiliar 
utilizado ressalta a total falta de saída para os jovens.
III. “Será que, realmente, queremos viver muito...” (ref. 
1) – O advérbio utilizado reforça o questionamento so-
bre o desejo de viver muito, presente no senso comum.
IV. “... queremos viver muito e, de preferência, para 
sempre jovens?” (ref. 2) – A locução adverbial sugere 
que a vida longa será também de qualidade.
Apresentam afirmações corretas as alternativas 
a) I e II apenas. 
b) III e IV apenas. 
c) I, II e III apenas. 
d) I, II, III e IV. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Morre Steve Jobs, fundador da Apple e revolucionário 
da Tecnologia
À frente da empresa que criou, o executivo foi o res-
ponsável pelo lançamento de aparelhos que mudaram o 
mundo, como o iPad, o iPhone e o Macintosh.
o EsTAdo dE s. PAulo
CUPERTINO – Morreu, aos 56 anos, Steve Jobs, cofundador 
da Apple. Ele havia renunciado à presidência da empresa em 
agosto, após 14 anos no comando. “Estamos profundamente 
entristecidos com o anúncio de que Steve Jobs morreu hoje”, 
informou a empresa, em um pequeno comunicado. “O brilho, 
paixão e energia de Steve são fontes de inúmeras inovações que 
enriqueceram e melhoraram todas as nossas vidas. O mundo é 
imensuravelmente melhor por causa de Steve.”
Jobs foi responsável por lançamentos de equipamentos que mu-
daram o mundo, como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad. 
Ele sofreu por anos de uma forma rara de câncer pancreático e 
passou por um transplante de fígado.
(...)
Em 2004, Jobs foi submetido a uma cirurgia para tratamento de 
câncer no pâncreas. Cinco anos mais tarde, precisou realizar um 
transplante de fígado. Os dois procedimentos são complicadíssi-
mos e de elevado risco para a vida do paciente.
(hTTP://EconomIA.EsTAdAo.com.bR/noTIcIAs/nEgocos%20TEcnologA,moRRE-
sTEvE-Jobs-FundAdoR-dA-APPlE-E REvolucIonARIo-dA-TEcnologIA,87094,0.
hTm E www.gEEkAco.com/APPlE-sTEvE-Jobs. AcEssAdo Em 10/10/11.) 
5
2. (G1 - ifal) Na frase: “Estamos profundamente entriste-
cidos com o anúncio de que Steve Jobs morreu hoje”, te-
mos o advérbio de tempo hoje, que pode ser mudado de 
posição sem alterar o sentido da frase. Indique a alternati-
va em que essa mudança não interfere no entendimento. 
a) Estamos profundamente entristecidos com hoje o 
anúncio de que Steve Jobs morreu. 
b) Hoje estamos profundamente entristecidos com o 
anúncio de que Steve Jobs morreu. 
c) Estamos hoje profundamente entristecidos com o 
anúncio de que Steve Jobs morreu. 
d) Estamos profundamente entristecidos hoje com o 
anúncio de que Steve Jobs morreu. 
e) Estamos profundamente entristecidos com o anún-
cio de que hoje Steve Jobs morreu. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
CAPÍTULO CII - DE CASADA
Imagina um relógio que só tivesse pêndulo, sem mostrador, de 
maneira que não se vissem as horas escritas. O pêndulo iria de 
um lado para outro, mas nenhum sinal externo mostraria a mar-
cha do tempo. Tal foi aquela semana da Tijuca.
5De quando em quando, 1tornávamos ao passado e 2divertíamo-
-nos em relembrar as nossas tristezas e calamidades, mas isso 
mesmo era um modo de não sairmos de nós. Assim 6vivemos 
novamente a nossa longa espera de namorados, os anos da ado-
lescência, a denúncia 3que está nos primeiros capítulos, e ríamos 
de José Dias 4que conspirou a nossa desunião, e acaboufeste-
jando o nosso consórcio.
mAchAdo dE AssIs, dom cAsmuRRo
3. (Mackenzie) “Imagina um relógio que só tivesse pên-
dulo, sem mostrador, de maneira que não se vissem as 
horas escritas. O pêndulo iria de um lado para outro, 
mas nenhum sinal externo mostraria a marcha do tem-
po. Tal foi aquela semana da Tijuca.”
Considerado o parágrafo transcrito, é CORRETO afirmar: 
a) A forma verbal no imperativo indica que o narrador 
se dirige ao leitor tratando-o por “vós”. 
b) A expressão “de maneira que” expressa, no con-
texto, ideia de finalidade. 
c) Em “de maneira que não se vissem as horas escritas”, 
se o verbo “ ver” fosse substituído por “poder ver”, a 
correção gramatical exigiria a forma “pudesse ver”. 
d) Se o segundo período fosse iniciado com “Nenhum 
sinal externo”, para que se mantivesse o sentido ori-
ginal, a conjunção a ser empregada seria “porém”. 
e) Em “TAL foi aquela semana da Tijuca”, o termo 
destacado é um advérbio. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Texto 1 - Poemeu
(mIllôR FERnAndEs)
Pedem-me um Não,
Digo “Pois sim!”,
Exigem um Sim,
Digo “Pois não!”.
E, entre o Sim e o Não,
O Pois Sim e o Pois não,
Eu me mantenho
Na contramão.
vEJA. são PAulo. 26 ouT. 2005. P. 29
Texto 2 - Depois de brincar de referendo...
É hora de falar sério
Ganhe o NÃO ou ganhe o SIM, o problema do crime no Brasil vai 
continuar do mesmo tamanho. Durante quase um mês as autorida-
des submeteram o país à propaganda eleitoral de uma questão so-
bre a qual a opinião das pessoas, por mais bem-intencionadas, não 
tem o menor poder. O referendo das armas vai ser lembrado como 
um daqueles momentos em que um país entra em transe emocional 
e algumas pessoas se convencem de que basta uma torcida muito 
forte para que se produza um resultado positivo para a sociedade. 
Em finais de Copa do Mundo essa mobilização é muito apropriada. 
O referendo das armas no Brasil tem algo dessa ilusão coletiva de 
que se pode vencer um inimigo poderoso, o crime violento, apenas 
pela repetição de mantras e mediante sinais feitos com as mãos imi-
tando o voo da pomba branca da paz. Infelizmente a vida real exige 
mais do que boas intenções para seguir o vetor do progresso social.
Ganhe o SIM ou o NÃO na proposta de proibir a comercialização 
de armas, continuará intacto e movimentado o principal cami-
nho que elas percorrem das forjas do metal até as mãos dos 
bandidos. Esse caminho é a corrupção policial. Se quisesse efe-
tivamente diminuir o número de armas em circulação o governo 
deveria ter optado por agir silenciosa e drasticamente dentro das 
organizações policiais. São conhecidos os expedientes usados 
por policiais corruptos que deixam as armas escaparem para as 
mãos dos bandidos em troca de dinheiro.
O caminho mais comum é a simples venda para os bandidos de 
armas ilegais apreendidas em operações policiais. A apreensão 
não é reportada ao comando policial e, em lugar de serem enca-
minhadas para destruição, elas são vendidas aos bandidos. É fre-
quente criminosos serem soltos em troca de deixarem a arma com 
policiais. O MESMO vale para cidadãos pegos com armas ilegais 
ou sem licença para o porte. Eles são liberados pagando como pe-
dágio a arma que portavam. Policiais corruptos também simulam 
o roubo, furto ou até a perda da arma oficial. Depois raspam sua 
numeração e a vendem. A corporação cuida de entregar-lhes uma 
nova, que pode vir a ter o MESMO destino. Enquanto esse tráfico 
não for interrompido, podem ser organizados milhares de referen-
dos e o problema do crime continuará do MESMO tamanho.
shElP, dIogo. vEJA. são PAulo. 26 ouT. 2005. P. 62
4. (Pucsp) De acordo com o discurso gramatical tradi-
cional, advérbio é palavra invariável que expressa cir-
cunstância e incide sobre verbos, adjetivos e até mesmo 
advérbios. No entanto, extrapolando esse discurso, sabe-
-se que, como modalizador, em vez de exprimir uma cir-
cunstância (tempo, lugar, intensidade etc.) relacionada a 
um verbo, advérbio ou adjetivo, o advérbio pode revelar 
estados psicológicos do enunciador. Isso se vê em: 
a) “[...] basta uma torcida MUITO forte para que se 
produza um resultado positivo para a sociedade.” 
b) “INFELIZMENTE a vida real exige mais do que boas 
intenções para seguir o vetor do progresso social.” 
6
c) “o governo deveria ter optado por agir SILENCIOSA 
E DRASTICAMENTE dentro das organizações policiais.” 
d) “A apreensão NÃO é reportada ao comando policial 
[...]” 
e) “DEPOIS raspam sua numeração e a vendem.” 
TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Texto 1
Padre Anselmo olhou 5com tristeza as mulheres ajoelhadas à sua 
frente. 2Ia começar a missa e 1sentia-se 6extremamente cansa-
do. Onde aquela piedade com que 3celebrava nos seus tempos 
7de jovem sacerdote, preocupado com a salvação das almas? As 
coisas 4haviam mudado. Discutiam-se os novos ritos, as novas 
fórmulas. (...) Sentia-se tímido, vencido, olhando para os fiéis, 
pronunciando palavras na língua que falava em casa, 8na rua. A 
mesma língua dos bêbedos, dos vagabundos, das meretrizes. De 
todos. Benzeu-se 9instintivamente:
- Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo. Amém. 
bEZERRA, João clímAco. A vInhA dos EsquEcIdos. 
FoRTAlEZA: uFc, 2005. P.32-33. 
Texto 2
11Dissertar sobre uma literatura estrangeira supõe, entre muitas, 
o conhecimento de duas coisas primordiais: ideias gerais sobre 
literatura e compreensão fácil do idioma desse povo estrangeiro. 
10Eu cheguei a entender perfeitamente a língua da Bruzundanga, 
isto é, a língua falada pela gente instruída e a escrita por muitos 
escritores que julguei excelentes; mas aquela em que escreviam 
os literatos importantes, solenes, respeitados, nunca consegui 
entender, porque redigem eles as suas obras, ou antes, os seus 
livros, em outra muito diferente da usual, outra essa que conside-
ram como sendo a verdadeira, a lídima, justificando isso por ter 
feição antiga de dois séculos ou três. Quanto mais incompreensí-
vel é ela, mais admirado é o escritor que a escreve, por todos que 
não lhe entenderam o escrito.
bARRETo, lImA. os bRuZundAngAs. FoRTAlEZA: uFc, 2004. P.7. 
5. (Ufc) No texto 1, o advérbio ou a locução adverbial 
que modifica um adjetivo é: 
a)com tristeza (ref. 5) 
b)extremamente (ref. 6) 
c)de jovem sacerdote (ref. 7) 
d)na rua (ref. 8) 
e)instintivamente (ref.9) 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
NÓS, OS BRASILEIROS
Uma editora europeia me pede que traduza poemas de autores 
estrangeiros sobre o Brasil.
Como sempre, 14eles falam da floresta amazônica, uma floresta 
muito pouco real, aliás. Um bosque poético, com 3”mulheres de 
corpos alvíssimos espreitando entre os troncos das árvores, e olhos 
de serpentes hirtas acariciando esses corpos como dedos amoro-
sos”. Não faltam flores azuis, rios cristalinos e tigres mágicos.
11Traduzo os poemas por dever de ofício, mas com uma secreta 
- e nunca realizada - vontade de inserir ali um grãozinho de rea-
lidade. 19Nas minhas idas (nem tantas) ao exterior, onde convivi 
sobretudo com escritores ou professores e estudantes universitá-
rios - portanto, gente razoavelmente culta -, fui invariavelmente 
surpreendida com a profunda ignorância a respeito de quem, 
como e o que somos.
5- A senhora é brasileira?- comentaram espantados alunos de 
uma universidade americana famosa. - Mas a senhora é loira!
13Depois de ler num congresso de escritores em Amsterdam um 
trecho de um dos meus romances traduzido em inglês, 17ouvi de 
um senhor elegante, dono de um antiquário famoso, que segu-
rou comovido minhas duas mãos:
7- Que maravilha! 23Nunca imaginei que no Brasil houvesse pes-
soas cultas!
21Pior ainda, no Canadá alguém exclamou incrédulo:
6- Escritora brasileira? 22Ué, mas no Brasil existem editoras?
1A culminância foi a observação de uma crítica berlinense, num 
artigo sobre um romance meu editado por lá, acrescentando, a al-
guns elogios, a grave restrição: “porém 8não parece um livro brasi-
leiro, pois não fala nem de plantas nem de índios nem de bichos”.
12Diante dos três poemas sobre o Brasil,esquisitos para qual-
quer brasileiro, 24pensei mais uma vez que 4esse desconheci-
mento não se deve apenas à natural (ou inatural) alienação 
estrangeira quanto ao geograficamente fora de seus interesses, 
mas também a culpa é nossa. 2Pois o que mais exportamos de 
nós é o exótico e o folclórico.
15Em uma feira do livro de Frankfurt, no espaço brasileiro, o que 
se via eram livros (não muito bem arrumados), muita caipirinha 
na mesa, e televisões mostrando carnaval, futebol, praia e... mato.
16E eu, mulher essencialmente urbana, escritora das geografias 
interiores de meus personagens neuróticos, 9me senti tão deslo-
cada quanto um macaco em uma loja de cristais.
10Mesmo que tentasse explicar, ninguém acreditaria que eu era 
tão brasileira quanto qualquer negra de origem africana venden-
do acarajé nas ruas de Salvador. Porque o Brasil é tudo isso.
E nem a cor de meu cabelo e olhos, nem meu sobrenome, nem os 
livros que li na infância, 18nem o idioma que falei naquele tempo 
além do português, 20me fazem menos nascida e vivida nesta 
terra de tão surpreendentes misturas: imensa, desaproveitada, 
instigante e (por que ter medo da palavra?) maravilhosa.
(luFT, lyA. PEnsAR E TRAnsgREdIR. RIo dE 
JAnEIRo: REcoRd, 2005, P. 49-51.)
6. (G1 - cftmg) Todas as palavras destacadas são morfo-
logicamente classificadas como advérbio, EXCETO: 
a) “(...) uma floresta muito POUCO real (...)” (ref. 14) 
b) “E, eu, mulher ESSENCIALMENTE urbana (...)” (ref. 16) 
c) “Pior ainda, no CANADÁ alguém exclamou incré-
dulo (...)” (ref. 21) 
d) “Pois o que MAIS exportamos de nós é o exótico e 
o folclórico (...)” (ref. 2) 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
PASSO NO RUMO CERTO
Na semana passada, a claque convocada para a inauguração de 
um aeroporto na cidade mineira de Uberlândia ouviu de Lula a 
seguinte frase: “Quero dizer que a crise é extremamente grave. 
7
Em horas de crise é preciso ter muita paciência para não tomar 
decisão precipitada, não se deixar levar pelo estado emocional, 
mas, sim, pela razão”. Embora o presidente já tenha se manifes-
tado a respeito da difícil situação política em diversas ocasiões 
(não raro para negar a sua realidade, como se tudo não passasse 
de uma alucinação coletiva promovida por prestidigitadores da 
elite, mas deixemos isso de lado), foi a primeira vez que ele uniu 
à palavra “crise” um advérbio de intensidade, “extremamente”, 
e um adjetivo grandiloquente, “grave”. O encadeamento de 
tais termos permite supor que Lula finalmente (no que pode ser 
considerado um advérbio de alívio) reconheceu a existência da 
fissura ética, política e criminosa que há mais de 100 dias se 
aprofunda mais e mais, levando o governo de cambulhada.
Nessa hipótese, e não se quer aqui evocar o doutor Pangloss, 
aquele personagem de Voltaire para quem todos vivíamos no 
melhor dos mundos, é uma ótima notícia o presidente ter ad-
mitido que o horizonte anda carregado. Pelo simples motivo de 
que, para sanar um problema, qualquer que seja ele, é preciso 
antes de mais nada reconhecer sua existência. Caberia agora a 
Lula contribuir para que a resolução da crise seja efetiva, não 
deixando margem à impressão olfativa de que tudo terminará 
em pizza. O presidente volta e meia afirma que não tem como 
interferir no andamento das investigações e das punições. Não é 
verdade. Pelo peso de seu cargo, e sem extrapolar suas atribui-
ções constitucionais, Lula pode, sim, proceder a que corrompidos 
e corrompedores, no Legislativo e no Executivo, sintam na carne 
e na biografia que não sairão impunes dos crimes de desvio de 
dinheiro público, formação de quadrilha e tráfico de influência. 
Ao empenhar-se com afinco nesse objetivo, movido pela razão 
e sem emocionalismos, o presidente prestaria ao mesmo tempo 
um grande serviço ao Brasil e a si próprio.
(vEJA, EdIToRIAl, 07 Jul. 2005.)
7. (Ufpr 2006) Ao fazer menção a um “advérbio de alí-
vio”, o autor cria uma classificação de advérbio inexis-
tente na gramática tradicional para um advérbio que 
representa uma avaliação ou atitude do emissor do tex-
to, no caso uma atitude de alívio. Qual dos advérbios 
a seguir, em vez de modificar algum termo da oração, 
denota uma avaliação ou atitude do emissor? 
a) Além de provocar uma fissura ética, a crise com-
prometerá gravemente a imagem do governo. 
b) As atitudes presidenciais devem ser enérgicas para 
que a crise seja cuidadosamente resolvida. 
c) A fala do presidente mostra que ele agiu precipita-
damente e se deixou dominar pela emoção. 
d) O presidente se demorou, infelizmente, a reconhe-
cer a existência da crise. 
e) A crise política provém do fato de alguns políticos 
terem agido criminosamente. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
O primeiro passo para aprender a pensar, curiosamente, é apren-
der a observar. Só que isso, infelizmente, não é ensinado. Hoje 
nossos alunos são proibidos de observar o mundo, trancafiados 
que ficam numa sala de aula, estrategicamente colocada bem 
longe do dia e da realidade. Nossas escolas nos obrigam a es-
tudar mais os livros de antigamente do que a realidade que nos 
cerca. Observar, para muitos professores, significa ler o que os 
grandes intelectuais do passado observaram - gente como Rous-
seau, Platão ou Keynes. Só que esses grandes pensadores seriam 
os primeiros a dizer “esqueçam tudo o que escrevi”, se estives-
sem vivos. Na época não existia internet nem computadores, o 
mundo era totalmente diferente. Eles ficariam chocados se sou-
bessem que nossos alunos são impedidos de observar o mundo 
que os cerca e obrigados a ler teoria escrita 200 ou 2000 anos 
atrás - o que leva os jovens de hoje a se sentir alienados, confu-
sos e sem respostas coerentes para explicar a realidade.
Não que eu seja contra livros, muito pelo contrário. Sou a favor 
de observar primeiro, ler depois. Os livros, se forem bons, confir-
marão o que você já suspeitava. Ou porão tudo em ordem, de 
forma esclarecedora. Existem livros antigos maravilhosos, com 
fatos que não podem ser esquecidos, mas precisam ser dosados 
com o aprendizado da observação.
Ensinar a observar deveria ser a tarefa número 1 da educação. 
Quase metade das grandes descobertas científicas surgiu não da 
lógica, do raciocínio ou do uso de teoria, mas da simples observa-
ção, auxiliada talvez por novos instrumentos, como o telescópio, 
o microscópio, o tomógrafo, ou pelo uso de novos algoritmos 
matemáticos. Se você tem dificuldade de raciocínio, talvez seja 
porque não aprendeu a observar direito, e seu problema nada 
tem a ver com sua cabeça.
Ensinar a observar não é fácil. Primeiro você precisa eliminar os 
preconceitos, ou pré-conceitos, que são a carga de atitudes e 
visões incorretas que alguns nos ensinam e nos impedem de en-
xergar o verdadeiro mundo. Há tanta coisa que é escrita hoje 
simplesmente para defender os interesses do autor ou grupo que 
dissemina essa ideia, o que é assustador. Se você quer ter uma 
visão independente, aprenda correndo a observar você mesmo.
Quantas vezes não participamos de uma reunião e alguém diz 
“vamos parar de discutir”, no sentido de pensar e tentar “ver” o 
problema de outro ângulo? Quantas vezes a gente simplesmente 
não “enxerga” a questão? Se você realmente quiser ter ideias 
novas, ser criativo, ser inovador e ter uma opinião independente, 
aprimore primeiro os seus sentidos. Você estará no caminho certo 
para começar a pensar.
(sTEPhEn kAnITZ, obsERvAR E PEnsAR. vEJA, 04.08.2004. AdAPTAdo) 
8. (Fgv) O advérbio “não”, em uma frase do texto, é 
empregado de modo enfático, sem o sentido negativo 
que lhe é próprio.
Assinale a alternativa em que isso ocorre. 
a) Na época não existia internet nem computadores, 
o mundo era totalmente diferente. 
b) Não que eu seja contra livros, muito pelo contrário. 
c) Quase metade das descobertas científicas surgiu 
não da lógica [...], mas da simples observação. 
d) Quantas vezes não participamos de uma reunião e 
alguém diz “vamos parar de discutir” [...]? 
e) Quantas vezes a gente simplesmente não “enxer-ga” a questão? 
TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
TEXTO 1
Valorizar o professor do ciclo básico
Como não sou perito em futurologia, devo limitar-me a fazer um 
exercício de observação. Presto atenção ao que se passa na es-
8
cola hoje e suponho que, daqui a 25 anos, as tendências atuais 
persistirão com maior ou menor intensidade. Provavelmente, o 
analfabetismo dos adultos terá sido erradicado e o acesso à ins-
trução primária terá sido generalizado.
Tudo indica que a demanda continuará a crescer em relação ao 
ensino secundário e superior. Se os poderes públicos não inves-
tirem sistematicamente na expansão desses dois níveis, a escola 
média e a universidade serão, em grande parte, privatizadas.
A educação a distância será promovida tanto pelo Estado como 
pelas instituições particulares. Essa alteração no uso de espaços 
escolares tradicionais levará a resultados contraditórios. De um 
lado, aumentará o número de informações e instrumentos didá-
ticos de alta precisão. De outro lado, a elaboração pessoal dos 
dados e a sua crítica poderão sofrer com a falta de um diálogo 
sustentado face a face entre o professor e o aluno.
É preciso pensar, desde já, nesse desafio que significa aliar efici-
ência técnica e profundidade ou densidade cultural.
O risco das avaliações sumárias, por meio de testes, crescerá, pois 
os processos informáticos visam a poupar tempo e reduzir os 
campos de ambiguidade e incerteza. Com isso, ficaria ainda mais 
raro o saber que duvida e interroga, esperando com paciência, 
até vislumbrar uma razão que não se esgote no simplismo do 
certo versus errado. Poderemos ter especialistas cada vez mais 
peritos nas suas áreas e massas cada vez mais incapazes de en-
tender o mundo que as rodeia. De todo modo, o futuro depende, 
em larga escala, do que pensamos e fazemos no presente.
Uma coisa me parece certa: o professor do ciclo básico deve ser 
valorizado em termos de preparação e salário, caso contrário, os 
mais belos planos ruirão como castelos de cartas.
(bosI, AlFREdo. cAdERno sInAPsE. FolhA dE s. PAulo, 29/07/2003.)
TEXTO 2
Diretrizes de salvação para a Universidade Pública
“... poder-se-ia alegar que não é muito bom o ensino das ma-
térias que se costuma lecionar nas universidades. Todavia, não 
fossem essas instituições, tais matérias geralmente não teriam 
sido sequer ensinadas, e tanto o indivíduo como a sociedade so-
freriam muito com a falta delas...”
AdAm smITh
(...) A grande característica distintiva de uma Universidade 
pública reside na sua qualidade geradora de bens públicos. 
Estes, por definição, são bens cujo usufruto é necessariamen-
te coletivo e não podem ser apropriados exclusivamente por 
ninguém em particular. 
Quanto ao grau de abrangência, os bens públicos podem ser 
classificados em locais, nacionais ou universais.
O corpo de bombeiros de uma cidade, por exemplo, é um 
bem público local, o serviço da guarda costeira de um país é 
um bem público nacional, ao passo que a proteção de áreas 
ambientais importantes do planeta, como a Amazônia, deve 
ser vista como bem público universal, assim como qualquer 
outra atividade protetora de patrimônios da humanidade ou 
de segurança global, como é o caso da proteção contra vírus 
de computador, para citar um exemplo mais atual, embora 
ainda não plenamente reconhecido.
Incluem-se no elenco dos bens públicos as atividades relacio-
nadas à produção e transmissão da cultura, ao pensamento 
filosófico e às investigações científicas não alinhadas com 
qualquer interesse econômico mais imediato.
A Universidade surgiu na civilização porque havia uma neces-
sidade latente desses bens e legitimou-se pelo reconhecimen-
to de sua importância para a humanidade.
Portanto, ela nasceu e legitimou-se como instituição social 
pública e não como negócio privado, como muitos agora a 
querem transformar, inclusive a OMC, contradizendo o pró-
prio Adam Smith, o patriarca da economia de mercado, como 
bem o indica a passagem acima epigrafada, retirada de “A 
Riqueza das Nações”.
As tecnologias podem ser “engenheiradas”, transformando-
-se em produtos de mercado, mas o conhecimento que as ori-
ginou é uma conquista da humanidade e, portanto, um bem 
público universal, como é o caso, por exemplo, das atividades 
do Instituto Politécnico de Zurique, de onde saiu Albert Eins-
tein, e do laboratório Cavendish da Universidade de Cam-
bridge, onde se realizaram os experimentos que levaram a 
descobertas fundamentais da física, sem as quais não teriam 
sido possíveis as maravilhas tecnológicas do mundo moder-
no, da lâmpada elétrica à internet. (...)
(sIlvA, José m. A. JoRnAl dA cIêncIA, 22/07/2003. EXTRAído 
dE: hTTP://www.JoRnAldAcIEncIA.oRg.bR, 15/07/2003.)
9. (Ita) A única opção em que o advérbio em destaque 
indica o ponto de vista do autor é 
a) PROVAVELMENTE, o analfabetismo dos adultos 
terá sido erradicado (...) (Texto 1). 
b) Se os poderes públicos não investirem SISTEMATICA-
MENTE na expansão desses dois níveis, (...) (Texto l,). 
c) Estes, por definição, são bens cujo usufruto é NE-
CESSARIAMENTE coletivo (...) (Texto 2). 
d) (...) e não podem ser apropriados EXCLUSIVAMEN-
TE por ninguém (...) (Texto 2). 
e) (...) como é o caso da proteção contra vírus de 
computador, para citar um exemplo atual, embora 
ainda não PLENAMENTE reconhecido. (Texto 2). 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
CONTAS
Fabiano recebia na partilha a quarta parte dos bezerros e a terça 
dos cabritos. Mas como não tinha roça e apenas se limitava a 
semear na vazante uns punhados de feijão e milho, comia da 
feira, desfazia-se dos animais, não chegava a ferrar um bezerro 
ou assinar a orelha de um cabrito.
Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabe-
ça. Forjara planos. Tolice, quem é do chão não se trepa. Consumi-
dos os legumes, roídas as espigas de milho, recorria à gaveta do 
amo, cedia por preço baixo o produto das sortes. Resmungava, 
rezingava, numa aflição, tentando espichar os recursos mingua-
dos, engasgava-se, engolia em seco. Transigindo com outro, não 
seria roubado tão descaradamente. Mas receava ser expulso da 
fazenda. E rendia-se. Aceitava o cobre e ouvia conselhos. Era 
bom pensar no futuro, criar juízo. Ficava de boca aberta, verme-
lho, o pescoço inchado. De repente, estourava:
9
- Conversa. Dinheiro anda num cavalo e ninguém pode viver sem 
comer. Quem é do chão não se trepa.
Pouco a pouco o ferro do proprietário queimava os bichos de 
Fabiano. E quando não tinha mais nada para vender, o sertane-
jo endividava-se. Ao chegar a partilha, estava encalacrado, e na 
hora das contas davam-lhe uma ninharia.
Ora, daquela vez, como das outras, Fabiano ajustou o gado, ar-
rependeu-se, enfim deixou a transação meio apalavrada e foi 
consultar a mulher. Sinhá Vitória mandou os meninos para o 
barreiro, sentou-se na cozinha, concentrou-se, distribuiu no chão 
sementes de várias espécies, realizou somas e diminuições. No 
dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o negócio 
notou que as operações de Sinhá Vitória, como de costume, dife-
riam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a 
diferença era proveniente de juros.
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, 
via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. 
Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se desco-
briu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida assim no 
toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito 
aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o va-
queiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era 
preciso barulho não. Se havia dito palavra à toa, pedia desculpa. 
Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu 
lugar. Um cabra. Ia lá puxar questão com gente rica? Bruto, sim, se-
nhor, mas sabia respeitar os homens. Devia ser ignorância da mulher, 
provavelmente devia ser ignorânciada mulher. Até estranhara as 
contas dela. Enfim, como não sabia ler (um bruto, sim senhor), acre-
ditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair noutra.
O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo 
o tijolo. Na porta, virando-se, enganchou as rosetas das esporas, 
afastou-se tropeçando, os sapatões de couro cru batendo no 
chão como cascos.(...)
RAmos, gRAcIlIAno. vIdAs sEcAs. 11ª Ed. são 
PAulo: l. mARTIns, 1964. 159 P.
10. (Unirio 2004) “AÍ Fabiano baixou a pancada e 
amunhecou.”
Empregado em registro informal, num processo coesivo 
interparágrafo, o advérbio destacado “AÍ”, assume se-
manticamente o valor de: 
a) concessão. 
b) proporção. 
c) conformidade. 
d) consequência. 
e) conclusão. 
E.O. FixAçãO
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Das vantagens de ser bobo
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, 
ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase 
sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz 
alguma coisa, responde: “Estou fazendo. Estou pensando.”.
1Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os esper-
tos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem 
originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não 
veem. Os espertos estão sempre tão atentos _____i_____ es-
pertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os 
veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade 
e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No 
entanto, muitas vezes, 2o bobo é um Dostoievski.
_____ii_____ desvantagem, obviamente. Uma boba, por exem-
plo, confiou na palavra de um desconhecido para _____iii_____ 
compra de um ar refrigerado de segunda mão: 3ele disse que o 
aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para 
a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo 
sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião 
deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto 
seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, 
a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto 
estar tranquilo, enquanto o esperto não dorme à noite com medo 
de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O 
bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode re-
ceber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tris-
tezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre 
frase: “Até tu, Brutus?”.
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no 
céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem 
passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda cria-
ção, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar 
por bobos. 4Os espertos ganham dos outros. Em compensação 
os bobos ganham a vida. 5Bem-aventurados os bobos porque 
sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que 
saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais _____iv_____ pessoas serem bo-
bas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas 
Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por 
não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das 
casas. É quase impossível evitar o excesso de amor que o bobo 
provoca. É que só 6o bobo é capaz de excesso de amor. E só o 
amor faz o bobo.
lIsPEcToR, clARIcE. dAs vAnTAgEns dE sER bobo. dIsPonívEl 
Em: hTTP://www.REvIsTAPAZEs.com/dAs-vAnTAgEns-dE-sER-bobo/. 
AcEsso Em 10 dE mAIo dE 2017. oRIgInAlmEnTE PublIcAdo 
no JoRnAl do bRAsIl Em 12 dE sETEmbRo dE 1970. 
1. (Ime 2018) Na frase “só o bobo é capaz de excesso 
de amor” (referência 7), a semântica da palavra só, nes-
se contexto, 
a) estabelece comparação entre bobos e espertos e 
funciona como adjetivo. 
b) evidencia a solidão dos que são bobos num mundo 
em que a quase totalidade das pessoas são espertas. 
Funciona como adjetivo. 
10
c) modifica o sentido do substantivo amor, sendo, por 
isso, um advérbio. 
d) incide sobre o adjetivo capaz, intensificando essa 
capacidade que apenas os bobos têm. Funciona, por-
tanto, como advérbio. 
e) tem valor restritivo quanto ao mundo dos que são 
capazes de excesso de amor e funciona como um ad-
vérbio que se refere à palavra bobo. 
2. (G1 - ifsp 2017) De acordo com a norma-padrão da 
Língua Portuguesa e com a gramática normativa e tra-
dicional, assinale a alternativa em que o termo destaca-
do tem valor de advérbio. 
a) Não há meio mais difícil de trabalhar. 
b) Só preciso de meio metro de aniagem para sacos 
de carvão. 
c) Encarou os meninos carvoeiros, esboçando meio 
sorriso. 
d) Os carvões caíram no meio da estrada. 
e) Achei o menino meio triste, raquítico. 
3. (Espm 2017) Quando se perde o grau de investimen-
to, corre-se o risco de uma debandada dos capitais es-
trangeiros, aí é preciso tomar medidas mais drásticas 
do que se desejaria.
JoAquIm lEvy. 
O vocábulo grifado aí é: 
a) advérbio, expressando a ideia de “nesse lugar”. 
b) interjeição, traduzindo ideia de apoio, animação. 
c) palavra expletiva (dispensável) ou de realce. 
d) advérbio, expressando ideia de conclusão “então”. 
e) substantivo, traduzindo ideia de “por outro lado”. 
4. (Eear 2017) Em qual das alternativas abaixo o advér-
bio em destaque é classificado como advérbio de tempo? 
a) Não gosto de salada excessivamente temperada. 
b) Ele calmamente se trocou, estava com o uniforme 
errado. 
c) Aquela vaga na garagem do condomínio finalmen-
te será minha. 
d) Provavelmente trocariam os móveis da casa após 
a mudança. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 
EMBARQUE IMEDIATO
Não basta passar pelos dias. Viva a partir de agora, com 
emoção
PoR máRcIA dE lucA
Neste mundo de turbulências em que estamos vivendo, muitas 
vezes nos sentimos deprimidos. Em certos momentos, parece que 
tudo está perdido, não é mesmo? Achamos que tudo está dife-
rente, que as pessoas estão __________.
Mas aqui e agora, tome uma atitude firme em sua vida. Mude seu 
jeito negativo de ser, evitando que sua vida seja insignificante.
Perdoe erros que você considerava imperdoáveis, troque as pesso-
as insubstituíveis por gente mais leve e solta. O apego aos outros 
está obsoleto. Nada nem ninguém é insubstituível. Aceite a decep-
ção que outros lhe causaram para que você também seja aceito. 
Sim, porque todos, inclusive nós, já decepcionamos alguém.
Antes de reagir por impulso, pare, respire fundo. E, só então, 
aja, com equilíbrio. Ame profundamente, __________ risadas 
gostosas, abrace, proteja pessoas queridas, faça amigos. Pule 
de felicidade e não tenha medo de quebrar a cara – se isso 
acontecer, encare com leveza. Se perder alguém nesta vida, so-
fra comedidamente – e vá em frente, pois tudo passa.
Mas, sobretudo, não seja alguém que simplesmente passa pela 
vida. Viva intensamente. Abrace o mundo com a devida paixão 
que ele merece. Se perder, faça-o com classe, se vencer, que de-
lícia! O mundo pertence a quem se atreve a ser feliz. Aproveite 
cada instante dessa grande aventura.
Agora mesmo, neste __________, sente-se confortavelmente na 
poltrona, com a coluna ereta e de olhos fechados. Faça vários ciclos 
de respiração profunda e sinta o ar entrando e saindo. Quando 
sentir seu corpo relaxado e sua mente mais calma, pense em sua 
nova vida, mais leve. Desta maneira você viverá mais facilmente.
FonTE: REvIsTA gol – lInhAs áREAs InTElIgEnTEs
5. (G1 - ifsul) Sobre o título, são lançadas as seguintes 
afirmações:
I. A palavra embarque é classificada gramaticalmente 
como verbo e está acompanhada de um advérbio.
II. O sentido conotativo está presente e sugere uma 
mudança de atitude do interlocutor.
III. O sentido figurado minimiza o tom apelativo e re-
sume a narrativa. 
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) 
a) I, II e III. 
b) I e II apenas. 
c) II apenas. 
d) III apenas. 
TEXTOPARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
A(s) questão(ões) a seguir está(ão) relacionada(s) ao 
texto abaixo.
1Hoje os conhecimentos se estruturam de modo 3fragmentado, 
4separado, 5compartimentado nas disciplinas. 8Essa situação 
impede uma visão global, uma visão fundamental e uma visão 
complexa. 13”Complexidade” vem da palavra latina complexus, 
que significa a compreensão dos elementos no seu conjunto.
As disciplinas costumam excluir tudo o que se encontra fora do 
9seu campo de especialização. A literatura, no entanto, é uma área 
que se situa na inclusão de todas as dimensões humanas. Nada do 
humano 10lhe é estranho, 6estrangeiro.
A literatura e o teatro são desenvolvidos como meios de ex-
pressão, meios de conhecimento, meios de compreensão da 
14complexidade humana. Assim, podemos ver o primeiro modo 
de inclusão da literatura: a inclusão da 15complexidade humana. 
E vamos ver ainda outras inclusões: a inclusão da personalidade 
humana, a inclusão da subjetividade humana, e, também, muito 
11
importante, a inclusão; do estrangeiro, do marginalizado, do in-
feliz, de todos que ignoramos e desprezamos na vida cotidiana.
A inclusão da 16complexidade humana é necessária porque 
recebemos uma visão mutilada do humano. 11Essa visão, a de 
homo sapiens, é uma 17definição do homem pela razão; de homo 
faber20, do homem como trabalhador; de homo economicus21, 
movido por lucros econômicos. Em resumo, trata-se de uma visão 
prosaica, mutilada, 12que esquece o principal22: a relação do sa-
piens/demens, da razão com a demência, com a loucura.
Na literatura, encontra-se a inclusão dos problemas humanos 
mais terríveis, coisas 18insuportáveis que nela se tornam supor-
táveis. Harold Bloom escreve: 24”Todas as 25grandes obras reve-
lam a universalidade humana através de destinos singulares, de 
situações singulares, de épocas singulares”. É essa a razão por 
que as 19obras-primas atravessam 7séculos, sociedades e nações.
2Agora chegamos à parte mais humana da inclusão: a inclusão 
do outro para a compreensão humana. A compreensão nos tor-
na mais generosos com relação ao outro23, e o criminoso não é 
unicamente mais visto como criminoso, 26como o Raskolnikov de 
Dostoievsky, como o Padrinho de Copolla.
A literatura, o teatro e o cinema são os melhores meios de com-
preensão e de inclusão do outro. Mas a compreensão se torna 
provisória, esquecemo-nos depois da leitura, da peça e do filme. 
Então essa compreensão é que deveria ser introduzida e desen-
volvida em nossa vida pessoal e social, porque serviria para me-
lhorar as relações humanas, para melhorar a vida social.
AdAPTAdo dE: moRIn, EdgAR. A Inclusão: vERdAdE dA 
lITERATuRA. In: RÕsIng, TânIA ET AI. EdgAR moRIn: RElIgAndo 
FRonTEIRAs. PAsso Fundo: uPF, 2004. P.13-18 
6. (Ufrgs) Considere as seguintes afirmações referentes 
às marcas de pessoa e de tempo no texto.
I. O emprego de primeira pessoa do plural, em referência 
exclusiva ao autor, produz um efeito de neutralidade.
II. O emprego do advérbio Hoje (ref. 1) permite inferir 
que a argumentação proposta não é válida para todo e 
qualquer tempo.
III. O advérbio Agora (ref. 2) sinaliza a progressão dos 
argumentos apresentados no texto.
Quais estão corretas? 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas I e II. 
d) Apenas II e III. 
e) I, II e III. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
A falácia do mundo justo e a culpabilização das vítimas
PoR AnA cARolInA PRAdo
“É claro que o cara que estuprou é o culpado, mas as mulheres 
também ficam andando na rua de saia curta e em hora errada!”. 
“O hacker que roubou as fotos dessas celebridades nuas está 
errado, mas ninguém mandou tirar as fotos!”. “Se você trabalhar 
duro vai ser bem-sucedido, não importa quem você seja. Quem 
morreu pobre é porque não se esforçou o bastante.” Você sabe o 
que essas afirmações têm em comum?
Há algum tempo falei aqui sobre como os humanos têm di-
versas formas de se enganar em relação à ideia que têm de si 
mesmos, quase sempre para proteger sua autoestima ou para 
saciar sua vontade de estar sempre certos. Mas nosso cérebro 
não nos engana só em relação a como vemos a nós mesmos: 
temos também a tendência de nos iludir em relação aos outros 
e à vida em geral. E as frases acima exemplificam uma maneira 
como isso pode acontecer: por meio da falácia do mundo justo. 
Por exemplo, embora os estupros raramente tenham qualquer coisa a 
ver com o comportamento ou vestimenta da vítima e sejam normal-
mente cometidos por um conhecido e não por um estranho numa 
rua deserta, a maioria das campanhas de conscientização são vol-
tadas para as mulheres, não para os homens — e trazem a absurda 
mensagem de “não faça algo que poderia levá-la a ser violentada”.
Em um estudo sobre bullying feito em 2010 na Universidade 
Linkoping, na Suécia, dos adolescentes culparam a vítima por 
ser “um alvo fácil”. Para os pesquisadores, esses julgamentos 
estão relacionados à noção — amplamente difundida na fic-
ção — de que coisas boas acontecem a quem é bom e coisas 
más acontecem a quem merece. 1A tendência a acreditar que o 
mundo é assim é chamada, na psicologia, de falácia do mundo 
justo. “Não importa quão liberal ou conservador você seja, al-
guma noção dela entra na sua reação emocional quando ouve 
sobre o sofrimento dos outros”, diz o jornalista David McRaney 
no livro “Você não é tão esperto quanto pensa”. 4Ele acres-
centa que, embora muitas pessoas não acreditem consciente-
mente em carma, no fundo ainda acreditam em alguma versão 
disso, adaptando o conceito para a sua própria cultura.
E dá para entender por que somos levados a pensar assim: viver 
em um mundo injusto e imprevisível é meio assustador e queremos 
nos sentir seguros e no controle. 3O problema é que crer cegamente 
nisso leva a ainda mais injustiças, como o julgamento de que pessoas 
pobres ou viciadas em drogas são vagabundas [...], que mulher de 
roupa curta merece ser maltratada ou que programas sociais são um 
desperdício de dinheiro e uma muleta para preguiçosos. Todas essas 
crenças são falaciosas porque partem do princípio de que o sistema 
em que vivemos é justo e cada um tem exatamente o que merece.
2[...] a falácia do mundo justo desconsidera os inúmeros outros 
fatores que influenciam quão bem-sucedida a pessoa vai ser, como 
o local onde ela nasceu, a situação socioeconômica da sua famí-
lia, os estímulos e situações pelas quais passou ao longo da vida 
e o acaso. 5Programas sociais e ações afirmativas não rompem o 
equilíbrio natural das coisas, como seus críticos podem crer — pelo 
contrário, a ideia é justamente minimizar os efeitos da injustiça 
social. 6Uma pessoa extremamente pobre pode virar a dona de 
uma empresa multimilionária, mas o esforço que vai ter de fazer 
para chegar lá é muito maior do que o esforço de alguém nascido 
em uma família rica que sempre teve acesso à melhor educação 
e a bons contatos. “Se olhar os excluídos e se questionar por que 
eles não conseguem sair da pobreza e ter um bom emprego como 
você, está cometendo a falácia do mundo justo. Está ignorando as 
bênçãos não merecidas da sua posição”, diz McRaney.
Em casos de abusos contra outras pessoas, como bullying ou estu-
pro, a injustiça é ainda maior, pois eles nunca são justificados — e 
aí a falácia do mundo justo se mostra ainda mais perversa. Portan-
to, toda vez que você se sentir movido a dizer coisas como “O estu-
prador é quem está errado, é claro, mas…”, pare por aí. O que vem 
depois do “mas” é quase sempre fruto de uma tendência a ver o 
mundo de uma forma distorcida só para ele parecer menos injusto.
dIsPonívEl Em: <hTTP://suPER.AbRIl.com.bR/blogs>. 
AcEsso Em: 02 sET. 2014 (AdAPTAdo) 
12
7. (G1 - cftmg) O advérbio destacado expressa uma 
ideia de intensidade em: 
a) “O problema é que crer cegamente nisso leva a ainda 
mais injustiças, como o julgamento de que pessoas po-
bres ou viciadas em drogas são vagabundas [...]”.(ref. 3) 
b) “Programas sociais e ações afirmativas não rom-
pem o equilíbrio natural das coisas, como seus críticos 
podemcrer — pelo contrário, a ideia é justamente 
minimizar os efeitos da injustiça social.” (ref. 5) 
c) “Ele acrescenta que, embora muitas pessoas não 
acreditem conscientemente em carma, no fundo ain-
da acreditam em alguma versão disso, adaptando o 
conceito para a sua própria cultura”. (ref. 4) 
d) “Uma pessoa extremamente pobre pode virar a dona 
de uma empresa multimilionária, mas o esforço que vai 
ter de fazer para chegar lá é muito maior do que o es-
forço de alguém nascido em uma família rica...” (ref. 6) 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
A garagem de casa
1Com o portão enguiçado, e num 2convite a 3ladrões de livros, a 
4garagem de casa lembra uma biblioteca pública permanente-
mente aberta para a rua. 5Mas não são 6adeptos de literatura 7os 
indivíduos que ali se abrigam da chuva ou do sol a pino de verão. 
8Esses desocupados 9matam o tempo jogando porrinha, ou len-
do os jornais velhos que mamãe amontoa num canto, sentados 
nos degraus do escadote com que ela alcança as prateleiras al-
tas. 10Já quando fazem o obséquio de me liberar o espaço, de 
tempos em tempos entro para olhar as estantes onde há de tudo 
um pouco, em boa parte remessas de editores estrangeiros que 
têm apreço pelo meu pai. 11Num reduto de literatura tão sortida, 
como bem sabem os habitués de sebos, fascina a perspectiva 
de por puro acaso dar com um livro bom. 12Ou by serendipity, 
como dizem os ingleses quando na caça a um tesouro se tem a 
felicidade de deparar com outro bem, mais precioso ainda. Hoje 
revejo na mesma prateleira velhos conhecidos, algumas dezenas 
de livros turcos, ou búlgaros ou húngaros, que papai é capaz de 
um dia querer destrinchar. Também continua em evidência o livro 
do poeta romeno Eminescu, que papai ao menos 13tentou ler, 
como é fácil inferir das folhas cortadas a espátula. Há uma edi-
ção em alfabeto árabe das Mil e Uma Noites que ele não 14leu, 
mas cujas ilustrações 15admirou longamente, como denunciam 
os filetes de cinzas na junção das suas páginas coloridas. Hoje 
tenho experiência para saber quantas vezes meu pai 16leu um 
mesmo livro, posso quase medir quantos minutos ele se 17deteve 
em cada página. 18E não costumo perder tempo com livros que 
ele nem sequer 19abriu, entre os quais uns poucos eleitos que 
mamãe 20teve o capricho de empilhar numa ponta de prateleira, 
confiando numa futura redenção. Muitas vezes a vi de manhã-
zinha compadecida dos livros estatelados no escritório, com es-
pecial carinho pelos que trazem a foto do autor na capa e que 
papai despreza: parece disco de cantor de rádio. 
(chIco buARquE. o IRmão AlEmão. 1 Ed. são PAulo. comPAnhIA dAs 
lETRAs. 2014. P. 60-61. TEXTo AdAPTAdo com o AcRéscImo do TíTulo.) 
A obra O irmão alemão, último livro de Chico Buarque 
de Holanda, tem como móvel da narrativa a existência 
de um desconhecido irmão alemão, fruto de uma aven-
tura amorosa que o pai dele, Sérgio Buarque de Holan-
da, tivera com uma alemã, lá pelo final da década de 30 
do século passado. Exatamente quando Hitler ascende 
ao poder na Alemanha. Esse fato é real: o jornalista, 
historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, na 
época, solteiro, deixou esse filho na Alemanha. Na fa-
mília, no entanto, não se falava no assunto. Chico teve, 
por acaso, conhecimento dessa aventura do pai em uma 
reunião na casa de Manuel Bandeira, por comentário 
feito pelo próprio Bandeira. 
Foi em torno da pretensa busca desse pretenso irmão 
que Chico Buarque desenvolveu sua narrativa ficcional, 
o seu romance. 
Sobre a obra, diz Fernando de Barros e Silva: “o que o 
leitor tem em mãos [...] não é um relato histórico. Rea-
lidade e ficção estão aqui entranhadas numa narrativa 
que embaralha sem cessar memória biográfica e ficção”. 
8. (Uece) Atente ao enunciado: “Mas não são adep-
tos de literatura os indivíduos que ali se abrigam da 
chuva ou do sol a pino de verão”. (ref. 5)
Indique a opção correta em relação ao enunciado. 
a) No enunciado, o advérbio “ali” aponta para os sintagmas 
nominais “a garagem de casa” e “uma biblioteca pública”. 
b) O advérbio “ali”, no enunciado em pauta, retoma so-
mente o sintagma “uma biblioteca pública”. 
c) O “ali” refere-se a um lugar imaginário ideal, que 
só existe na mente do enunciador. 
d) O “ali” é um elemento de coesão no texto em estudo, 
como o é também o pronome relativo “que”. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
O som da época
luís FERnAndo vERíssImo
21Desconfio de que ainda nos lembraremos 2destes anos como 5a 
época em que vivemos com o acompanhamento dos alarmes de 
carro. Os alarmes de carro são a trilha sonora do nosso tempo8: 
o som da paranoia justificada.
O alarme é o grito da nossa propriedade de que alguém está 
querendo tirá-la de nós. É o som 15mais desesperado que um ser 
humano pode produzir – a palavra “socorro!” –, mecanizado, 
padronizado e a todo volume. É 10“socorro!” acrescentado ao 
vocabulário das coisas, como a buzina, a campainha, a música de 
elevador, o 11“ping” que 22avisa que o assado está pronto e todos 
os “pings” do computador. Também é um som típico porque ten-
ta compensar a carência mais típica 3da época9, a de segurança. 
7Os carros pedem socorro porque a sua defesa natural 12– polícia 
por perto, boas fechaduras ou respeito de todo o mundo pelo 
que é dos outros – não funciona 16mais. 17Só 6lhes resta gritar.
Também é o som da época porque é o som da intimidação. Sua 
função principal é espantar e substituir todas as outras formas 
de dissuasão pelo simples terror do barulho. O som da época em 
que 1os decibéis substituíram a razão.
Como os ouvidos são13, de todos os canais dos sentidos, os mais 
difíceis de proteger, foram os escolhidos pela insensibilidade mo-
derna para atacar nosso cérebro e apressar nossa imbecilização. 
Pois são tempos literalmente do barulho.
O alarme contra roubo de carro também é próprio da época por-
que, 18frequentemente, não funciona. 14Ou funciona quando não 
13
deve. 23Ouvem-se tantos alarmes a qualquer hora do dia ou da 
noite porque, 19talvez influenciados pela paranoia generalizada, 
eles disparam sozinhos. 24Basta alguém se aproximar do carro 
com uma cara suspeita e eles começam a berrar.
20Decididamente, o som 4do nosso tempo.
vERIssImo, luís FERnAndo. o som dA éPocA. JoRnAl 
ZERo hoRA, PoRTo AlEgRE, 29 sET. 2011. 
9. (Unisinos) Assinale a única alternativa correta em re-
lação ao emprego de advérbios no texto. 
a) O advérbio “mais” (ref. 15 e 16) expressa a mesma 
circunstância nas duas ocorrências no texto. 
b) Com o emprego do advérbio “Só” (ref. 17), o autor 
manifesta o sentido de insuficiência, isto é, o ato de 
gritar é considerado o mínimo que alguém pode fazer 
diante da violação de seu patrimônio. 
c) O advérbio de tempo “frequentemente” (ref. 18), 
embora seja sintaticamente acessório, desempenha um 
papel importante no texto, porque relativiza a afirmação 
de que o alarme contra roubo de carro não funciona. 
d) O advérbio “talvez” (ref. 19), por meio do qual o 
autor faz uma afirmação não categórica, poderia ser 
posicionado no final da frase em que se encontra, 
sem acarretar mudança de sentido. 
e) O advérbio “Decididamente” (ref. 20), que poderia 
ser substituído por “De fato” ou “Definitivamente”, 
exprime um menor grau de certeza. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Texto I
Existe amor em São Paulo
A maior criação do Brasil é a cidade de São Paulo, e calma por-
que isso quem diz não sou eu, é o IBGE*.
Da escala humana à escala financeira, São Paulo lidera. Mais de 
10% das riquezas produzidas no Brasil são produzidas nesta ci-
dade. Que família do país não tem um parente trabalhando aqui?
Se São Paulo não tem mar, São Paulo tem um mar de ideias.
O planejamento do Brasil passa tanto pelas torres dos complexos 
empresarias das avenidas Faria Lima e Berrini quanto pelos pré-
dios da Esplanada dos Ministérios.
O novo ciclo de desenvolvimento do Brasil tem tudo a ver 
com a cidade. Seu supermundo financeiro faz a cidade evoluir 
sempre de pilha nova, com carga máxima, conectada pelas 
antenas deseus 11 milhões de habitantes/seguidores.
São pouquíssimas as metrópoles do mundo que contam com 
área tão extensa de massa cinzenta, com mistura tão completa 
de profissionais competentes, cada vez mais especializados.
É um ciclo virtuoso: os serviços de alta qualidade atraem tra-
balhadores de alta qualificação e remuneração, que buscam 
mais serviços de ponta, como cultura, saúde, educação, luxo 
e alta gastronomia, que por sua vez atrairão consumidores de 
outras cidades e países.
São Paulo hoje tem capital humano e capital financeiro para 
encubar qualquer empreendimento. Os galpões industriais que 
ficaram vazios com a transferência das indústrias da cidade para 
outras regiões do Estado e do país são rapidamente reocupados 
por atividades criativas e comerciais. A relativa menor atividade 
industrial (porque a cidade segue potência fabril) foi compensa-
da pela maior atividade cultural, de feiras e de eventos.
Não saí de Salvador para vir para São Paulo, mas acabei che-
gando à metrópole paulista e aqui me desenvolvi em pleni-
tude, prosperei como tantos outros migrantes e imigrantes.
Amo trabalhar e em São Paulo o trabalho sempre foi muito va-
lorizado. Isso é fundamental, porque um dos grandes problemas 
dessa sociedade tão demandada é o desrespeito ao trabalho.
Assim, quando as pessoas querem te ofender, elas dizem: “esse 
cara só pensa em trabalho”. Quando querem ofender São Paulo, 
dizem a mesma bobagem: que a cidade só é boa para trabalhar.
Mas o que mais uma cidade precisa ser? Se ela é boa para 
trabalhar, o resto será consequência.
(nIZAn guAnAEs, FolhA dE s. PAulo, 24.01.2012. AdAPTAdo)
* IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Texto II
Não existe amor em SP*
Não existe amor em SP
Um labirinto místico
Onde os grafites gritam
Não dá pra descrever
Numa linda frase
De um postal tão doce
cuidado com doce
São Paulo é um buquê
Buquês são flores mortas
Num lindo arranjo
Arranjo lindo feito pra você
Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganância vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fel
Aqui ninguém vai pro céu
(cRIolo, dIsPonívEl Em hTTP://www.vAgAlumE.com.bR/cRIolo/nAo-
EXIsTE-AmoR-Em-sP.hTml. AcEsso Em: 27.01.2012. AdAPTAdo)
Na letra da música, a sigla SP refere-se à cidade de São 
Paulo e não ao Estado. 
10. (G1 - cps) Os advérbios de intensidade contribuem 
para enfatizar a ideia expressa pelo(s) termo(s) a que 
eles se associam.
Pensando nisso, assinale a alternativa cujos trechos em 
destaque comprovam o emprego desse tipo de advérbio. 
a) “A maior criação do Brasil é a cidade de São Pau-
lo...”; “Não existe amor em SP” 
b) “O planejamento do Brasil passa tanto pelas torres 
dos complexos empresariais das avenidas...”; “Um 
labirinto místico / onde os grafites gritam” 
c) “Assim, quando as pessoas querem te ofender, elas 
dizem...”; “Numa linda frase / de um postal tão doce” 
14
d) “... em São Paulo o trabalho sempre foi muito valo-
rizado.”; “Os bares estão cheios de almas tão vazias” 
e) “... prosperei como tantos outros migrantes e imi-
grantes.”; “Aqui ninguém vai pro céu”
E.O. COmplEmEntAr
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Agora todo mundo tem opinião
Meu amigo Adamastor, o gigante, me apareceu hoje de manhã, 
muito cedo, aqui na biblioteca, e disse que vinha a fim de um 
cafezinho. 1Mentira, eu sei. 2Quando ele vem tomar um cafezinho 
é porque está com alguma ideia borbulhando em sua mente.
E estava. 3Depois do primeiro gole e antes do segundo, café muito 
quente, ele afirmou que concorda plenamente com a democrati-
zação da informação. Agora, com o advento da internet, qualquer 
pessoa, democraticamente, pode externar aquilo que pensa. 
4Balancei a cabeça, na demonstração de uma quase divergên-
cia, e seu 5espanto também me espantou. Como assim, ele per-
guntou, está renegando a democracia6? Pedi com modos a meu 
amigo que não 7embaralhasse as coisas. Democracia não é um 
termo 8divinatório, que se aplique sempre, em qualquer situação. 
Ele tomou o segundo gole com certa avidez e 9queimou a língua. 
Bem, voltando ao assunto, nada contra a democratização dos 
meios para que se divulguem as opiniões, as mais diversas, mais 
esdrúxulas, mais inovadoras, e tudo o mais. É um direito que toda 
pessoa tem10: emitir opinião. 
O que o Adamastor não sabia é que uns dias atrás andei con-
sultando uns filósofos, alguns antigos, outros modernos, desses 
que tratam de um 11palavrão que sobrevive até os dias atuais: 
gnoseologia. Isso aí, para dizer teoria do conhecimento. 
Sim, e daí?12, ele insistiu. 
O mal que vejo, continuei, não está na 13enxurrada de opiniões as 
mais isso ou aquilo na internet, e principalmente com a chegada 
do Facebook. Isso sem contar a imensa quantidade de textos 
14apócrifos, muitas vezes até opostos ao pensamento do presu-
mido autor, falsamente presumido. A graça está no fato de que 
todos, agora, têm opinião sobre tudo. 
− Mas isso não é bom? 
O gigante15, depois da maldição de Netuno16, tornou-se um ser 
impaciente. 
O fato, em si, não tem importância alguma. O problema é que muita 
gente lê a enxurrada de bobagens que aparecem na internet não como 
opinião, mas como conhecimento. O Platão, por exemplo, afirmava que 
opinião (doxa) era o falso conhecimento. O conhecimento verdadeiro 
(episteme) depende de estudo profundo, comprovação metódica, teste 
de validade. Essas coisas de que se vale em geral a ciência. 
O mal que há nessa “democratização” dos veículos é que se for-
mam crenças sem fundamento, mudam-se as opiniões das pes-
soas, afirmam-se absurdos em que muita pessoa ingênua acaba 
acreditando. Sim, porque estudar, comprovar metodicamente, 
testar a validade, tudo isso dá muito trabalho. 
O Adamastor não estava muito convencido da 17justeza dos 
meus argumentos, mas o café tinha terminado e ele se despediu.
TEXTo dE mEnAlTon bRAFF, PublIcAdo Em 03 dE AbRIl dE 2015. 
dIsPonívEl Em: <hTTP://www.cARTAcAPITAl.com.bR/culTuRA/AgoRA-
Todo-mundo-TEm-oPInIAo-7377.hTml>. AcEsso Em: 20 AbR. 2015. 
1. (G1 - ifsul) Analise as afirmativas a seguir. 
I. O advérbio agora presente no título do texto tem o 
objetivo de contextualizar no tempo o assunto exposto, 
trazendo-o para a atualidade. 
II. Ao utilizar o termo palavrão (ref.11), o autor chama 
a atenção do leitor, que pode associá-lo tanto a algo 
obsceno como à dificuldade de sua pronúncia. 
III. Pelo contexto, pode-se concluir que o adjetivo apó-
crifos (ref.14) foi empregado com o sentido de falsos, 
não autênticos. 
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) 
a) I apenas. 
b) II apenas. 
c) II e III apenas. 
d) I, II e III. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
(...)
As angústias dos brasileiros em relação ao português são de 
duas ordens. Para uma parte da população, a que não teve aces-
so a uma boa escola e, mesmo assim, conseguiu galgar posições, 
o problema é sobretudo com a gramática. É esse o público que 
consome avidamente os fascículos e livros do professor Pasquale, 
em que as regras básicas do idioma são apresentadas de forma 
clara e bem-humorada. Para o segmento que teve oportunida-
de de estudar em bons colégios, a 1principal dificuldade é com 
clareza. É para satisfazer a essa demanda que um novo tipo de 
profissional surgiu: o professor de português especializado em 
adestrar funcionários de empresas. Antigamente, os cursos dados 
no escritório eram de gramática básica e se destinavam princi-
palmente a secretárias. De uns tempos para cá, eles passaram 
a atender primordialmente gente de nível superior. Em geral, os 
professores que atuam em firmas são acadêmicos que fazem 
esse tipo de trabalho esporadicamente para ganhar um dinhei-
ro extra. “É fascinante, porque deixamos de viver a teoria para 
enfrentar a língua do mundo real”, diz Antônio Suárez Abreu, 
livre-docente pela Universidade de São Paulo (...)
(João gAbRIEl dE lImA. “FAlAR E EscREvER, EIs 
A quEsTão”. vEJA, 7/11/2001, nº 1725)
2. (Ita) O adjetivo “principal” (ref. 1) permite inferir que 
aclareza é apenas um elemento dentro de um conjunto 
de dificuldades, talvez o mais significativo. Semelhante 
inferência pode ser realizada pelos advérbios: 
a) avidamente, principalmente, primordialmente. 
b) sobretudo, avidamente, principalmente. 
c) avidamente, antigamente, principalmente. 
d) sobretudo, principalmente, primordialmente. 
e) principalmente, primordialmente, esporadicamente. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
O PODER DA LITERATURA
José cAsTEllo
1Em um século dominado pelo virtual e pelo instantâneo, que poder 
resta à literatura? Ao contrário das imagens, que nos jogam para 
15
fora e para as superfícies, a literatura nos joga para dentro. Ao con-
trário da realidade virtual, que é compartilhada e se baseia na inte-
ração, 2a literatura é um ato solitário, nos aprisiona na introspecção. 
Ao contrário do mundo instantâneo em que vivemos, dominado 
pelo “tempo real” e pela rapidez, a literatura é lenta, é indiferente 
às pressões do tempo, ignora o imediato e as circunstâncias.
Vivemos em um mundo dominado pelas respostas enfáticas e po-
derosas, enquanto a literatura se limita a gaguejar perguntas frá-
geis e vagas. A literatura, portanto, parece caminhar na contramão 
do contemporâneo. Enquanto o mundo se expande, se reproduz e 
acelera, 3a literatura contrai, pedindo que paremos para um mer-
gulho “sem resultados” em nosso próprio interior. Sim: a literatura 
– no sentido prático – é inútil. 4Mas ela apenas parece inútil.
A literatura não serve para nada – é o que se pensa. A indústria 
editorial tende a reduzi-la a um entretenimento para a beira de 
piscinas e as salas de espera dos aeroportos. De outro lado, a 
universidade – em uma direção oposta, mas igualmente impro-
dutiva – transforma a literatura em uma “especialidade”, desti-
nada apenas ao gozo dos pesquisadores e dos doutores. Vou di-
zer com todas as letras: são duas formas de matá-la. A primeira, 
por banalização. A segunda, por um esfriamento que a asfixia. 
Nos dois casos, a literatura perde sua potência. 5Tanto quando é 
vista como “distração”, quanto quando é vista como “objeto de 
estudos”, 6a literatura perde o principal: seu poder de interrogar, 
interferir e desestabilizar a existência. 7Contudo, desde os gregos, 
a literatura conserva um poder que não é de mais ninguém. 8Ela 
lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva a encarar o hor-
ror, as crueldades, a imensa instabilidade e 9o igualmente imenso 
vazio que carregamos em nosso espírito. Somos seres “normais”, 
como nos orgulhamos de dizer. Cultivamos nossos hábitos, ma-
nias e padrões. Emprestamos um grande valor à repetição e ao 
Mesmo. Acreditamos que somos donos de nós mesmos!
Mas 10leia Dostoievski, leia Kafka, leia Pessoa, leia Clarice – 11e 
você verá que rombo se abre em seu espírito. Verá o quanto tudo 
isso é mentiroso. 12Vivemos imersos em um grande mar que cha-
mamos de realidade, mas que – a literatura desmascara isso – não 
passa de ilusão. A “realidade” é apenas um pacto que fazemos 
entre nós para suportar o “real”. A realidade é norma, é contrato, 
é repetição, ela é o conhecido e o previsível. O real, ao contrário, é 
instabilidade, surpresa, desassossego. O real é o estranho.
(...)
A literatura não tem o poder dos mísseis, dos exércitos e das 
grandes redes de informação. Seu poder é limitado: é subjetivo. 
13Ao lançá-lo para dentro, e não para fora, ela se infiltra, como 
um veneno, nas pequenas frestas de seu espírito. Mas, 14nele ins-
talada pelo ato da leitura, 15que escândalos, que estragos, 16mas 
também que descobertas e que surpresas ela pode deflagrar.
Não é preciso ser um especialista para ler uma ficção. Não é 
preciso ostentar títulos, apresentar currículos, ou credenciais. A 
literatura é para todos. Dizendo melhor: é para os corajosos ou, 
pelo menos, para aqueles que ainda valorizam a coragem.
(...)
hTTP://blogs.oglobo.globo.com/JosE-cAsTEllo/PosT/o-PodER-
dA-lITERATuRA-444909.hTml.AcEsso Em: 21 dE FEv 2017. 
3. (G1 - epcar (Cpcar) 2018) Na afirmativa “Mas ela 
apenas parece inútil.” (ref. 4), o advérbio “apenas” e o 
verbo “parece” reiteram o juízo de valor do autor sobre 
a importância da literatura, que para ele 
a) é um entretenimento para a beira de piscinas e 
para as salas de espera dos aeroportos. 
b) conserva um poder que não é de mais ninguém, 
com sua capacidade de lançar o sujeito de volta para 
dentro de si. 
c) é uma especialidade destinada ao gozo dos pesqui-
sadores e dos doutores. 
d) caminha na contramão do contemporâneo, se con-
traindo, enquanto o mundo expande. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
GRITO
Quadro que fundou o expressionismo nasceu de um 
ataque de pânico.
Edvard Munch nasceu em 1863, mesmo ano em que O pique-
nique no bosque, de Édouard Manet, era exposto no Salão dos 
Rejeitados, chamando a atenção para um movimento que nem 
nome tinha ainda. 1Era o impressionismo, superando séculos de 
pintura acadêmica. Os impressionistas deixaram o realismo para 
a fotografia e se focaram no que ela não podia mostrar: as 2sen-
sações, a parte subjetiva do que se vê. 
3Crescendo durante 4essa 5revolução, Munch – que, aliás, também 
seria 6fotógrafo – achava 7a linguagem dos impressionistas super-
ficial e científica, discreta demais para expressar o que sentia. E ele 
sentia: Munch tinha uma história familiar trágica: 8perdeu a mãe 
e uma irmã na infância, teve outra irmã que passou a vida em asi-
los psiquiátricos. 9Tornou-se artista sob forte oposição do pai, que 
morreria quando Munch tinha 25 anos e o deixaria na pobreza. O 
artista sempre viveu na boemia, entre bebedeiras, brigas e roman-
ces passageiros, tornando-se amigo do filósofo niilista Hans Jæger, 
que acreditava que o suicídio era a forma máxima da libertação. 
10Fruto de suas obsessões, 11O Grito não foi seu primeiro quadro, 
mas o que o tornaria célebre. 12A inspiração veio do que parece 
ter sido um ataque de pânico, que ele escreveu em seu diário, 
pouco mais de um ano antes do quadro: “Estava andando por 
um caminho com dois amigos – o sol estava se pondo – quando, 
de repente, o sol tornou-se vermelho como o sangue. Eu parei, 
sentindo-me exausto, e me encostei na cerca – havia sangue e 
línguas de fogo sobre o fiorde negro e a cidade. Meus amigos 
continuaram andando, e eu fiquei lá, tremendo de ansiedade – e 
13senti um grito infinito atravessando a natureza”. 
14Ali nasceria um novo movimento artístico. 15O Grito seria a pe-
dra fundadora do expressionismo, a principal vanguarda alemã 
dos anos 1910 aos 1930. 
AvEnTuRAs nA hIsTóRIA 
4. (Uece 2017) Sobre o advérbio Ali (referência 14), é 
correto afirmar que indica 
a) um lugar distante da pessoa que fala. 
b) um lugar diferente do lugar da pessoa que fala. 
c) naquele ato, naquelas circunstâncias, naquela con-
juntura. 
d) hora, aquele momento. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
O acesso 1à Educação é o ponto de partida
moZART nEvEs 
16
A Educação tem resultados profundos e abrangentes no de-
senvolvimento de uma sociedade: contribui para o crescimento 
econômico do país, para a promoção da igualdade e bem-estar 
social, e também tem impactos decisivos na vida de cada um. 
Um deles, por exemplo, é na própria renda do trabalhador. Uma 
análise feita __________ alguns anos pelo economista Mar-
celo Neri mostrou que, a cada ano a mais de estudo, o brasilei-
ro ganha 15% a mais de salário. Além disso, o estudo também 
mostrou que quem completou o Ensino Fundamental tem 35% 
a mais de chances de ocupação que um analfabeto. Esse número 
sobe para 122% na comparação com alguém que tenha o Ensi-
no Médio e 387% com Ensino Superior. 
Diante disso, o direito do acesso 2à Educação é o ponto de partida 
na formação de uma pessoa e, consequentemente, no desenvol-
vimento e prosperidade de uma nação. 3Não obstante os avan-
ços alcançados pelo Brasil nas duas últimas décadas4, 5ainda 6há 
7importantes desafios a superarmos no que tange esse direito. Se 
8por um lado conseguimos universalizar o atendimento escolar no 
Ensino Fundamental,temos 9ainda, por outro lado, 2,8 milhões de 
crianças e jovens de 4 a 17 anos fora da escola. Isso corresponde 
______ um país do tamanho do Uruguai. O desafio, em termos de 
acesso, é a universalização da Pré-Escola (crianças de 4 e 5 anos) e 
do Ensino Médio (jovens de 15 a 17 anos).
Há outro desafio em jogo10: o de como motivar 5,3 milhões de 
jovens de 18 a 25 anos que nem estudam e nem trabalham, 
a chamada 11“geração nem-nem”, para trazê-12los de volta 
__________ escola e, posteriormente, 13incluí-los no mundo do 
trabalho. Isso é essencial para um país que passa por um bônus 
demográfico que se completará, 14segundo os especialistas, em 
2025. O país, para seu crescimento econômico e sua sustentabi-
lidade, não poderá abrir mão de nenhum de seus jovens.
No Ensino Superior, o 15desafio não é menor. O Brasil tem apenas 
17% de jovens de 18 a 24 anos matriculados nesse nível de ensi-
no. Em conformidade com o Plano Nacional de Educação (PNE), 
o país precisará dobrar esse percentual nos próximos dez anos, 
ou seja, chegar __________ 33%. Para se ter uma ideia da 
complexidade dessa meta, esse era o percentual previsto no PNE 
que se concluiu em 2010. Isso exige – sem que haja perda de 
qualidade com essa expansão – que a educação básica melhore 
significativamente, tanto em acesso como em qualidade, toman-
do como referência os atuais índices de aprendizagem escolar.
O acesso 16à Educação é, 17portanto, ainda um desafio e, caso 
seja efetivado com qualidade, poderá contribuir decisivamen-
te para que o país 18reduza o enorme hiato que separa o seu 
desenvolvimento econômico, medido pelo seu Produto Interno 
Bruto – PIB (o Brasil é o 7º PIB mundial) e o seu desenvolvimento 
social, medido pelo seu Índice de Desenvolvimento Humano – 
IDH (o Brasil ocupa a 75ª posição no ranking mundial). Somente 
quando o país alinhar 19esses índices nas melhores posições do 
ranking mundial, teremos de fato um Brasil com menos desigual-
dade e menos pobreza. Para que isso aconteça, não se conhece 
nada melhor do que a Educação.
dIsPonívEl Em: <hTTP://IsToE.com.bR/o-AcEsso-EducAcAo-E-
o-PonTo-dE-PARTIdA/>. AcEsso Em: 20 mAR. 2017) 
5. (G1 - ifsul 2017) Levando-se em consideração as in-
formações explícitas e as implícitas no texto, o advérbio 
ainda (referências 5 e 9) pressupõe, respectivamente, que 
a) os desafios em relação ao direito do acesso à edu-
cação brevemente serão solucionados pelo governo e 
as crianças e os jovens de 4 a 17 anos deveriam estar 
contemplados pelo atendimento escolar. 
b) os desafios em relação ao direito do acesso à educa-
ção já deveriam ter sido superados e a universalização 
do atendimento escolar deveria se estender a crianças e 
jovens de 4 a 17 anos. 
c) o Brasil não alcançou avanços no que diz respeito ao 
direito do acesso à educação nem à sua universaliza-
ção, sendo que crianças e jovens estão fora das salas 
de aula, seja na Educação Infantil ou no ensino médio. 
d) os desafios do país em relação ao direito do acesso 
à educação não foram superados no ensino funda-
mental e também não houve universalização do aces-
so à educação infantil nem ao ensino médio. 
E.O. dissErtAtivO
1. (Ufjf-pism 3 2016) TEXTO 1
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
– Diga trinta e três.
– Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
– Respire.
...................................................................
– O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão 
direito infiltrado.
– Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
– Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
mAnuEl bAndEIRA. EsTRElA dA vIdA InTEIRA. 16. Ed. RIo 
dE JAnEIRo, novA FRonTEIRA. 2000. P. 128.
TEXTO 2
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Relacione o emprego do advérbio “ainda” na peça pu-
blicitária acima ao tema do texto 1. 
2. (Pucrj) Texto 1
Ensinar exige rigorosidade metódica 
O educador democrático não pode negar-se o dever de, na 
sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do edu-
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cando, sua curiosidade, sua insubmissão. Uma de suas tare-
fas primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade 
metódica com que devem se “aproximar” dos objetos cog-
noscíveis. E esta rigorosidade metódica não tem nada que 
ver com o discurso “bancário” meramente transferidor do 
perfil do objeto ou do conteúdo. É exatamente neste sentido 
que ensinar não se esgota no “tratamento” do objeto ou do 
conteúdo superficialmente feito, mas se alonga à produção 
das condições em que aprender criticamente é possível. E 
essas condições implicam ou exigem a presença de edu-
cadores e de educandos criadores, instigadores, inquietos, 
rigorosamente curiosos, humildes e persistentes. Faz parte 
das condições em que aprender criticamente é possível a 
pressuposição por parte dos educandos de que o educador 
já teve ou continua tendo experiência da produção de cer-
tos saberes e que estes não podem a eles, os educandos, 
ser simplesmente transferidos. Pelo contrário, nas condições 
de verdadeira aprendizagem, os educandos vão se transfor-
mando em reais sujeitos da construção e da reconstrução 
do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito 
do processo. Só assim podemos falar realmente de saber 
ensinado, em que o objeto ensinado é apreendido na sua 
razão de ser e, portanto, aprendido pelos educandos.
FREIRE, PAulo. PEdAgogIA dA AuTonomIA: sAbEREs nEcEssáRIos 
à PRáTIcA EducATIvA. são PAulo: PAZ E TERRA, 2004, P. 26.
Texto 2
A tarefa de desenvolver as capacidades intelectuais e morais 
do sujeito universal, como condição de aprimoramento da per-
sonalidade do indivíduo, juntamente com a inserção social e 
a reprodução dos conteúdos culturais da tradição, formam o 
esteio da intencionalidade educativa moderna. A escola deve 
assumir o compromisso com o desenvolvimento das estrutu-
ras mentais do sujeito para que ele seja capaz de operar em 
níveis de abstração elevada. Essa é uma condição necessária 
para que os processos de tomada de consciência superem a 
racionalidade instrumental e habilitem o sujeito frente às pos-
sibilidades da competência comunicativa. 
Cabe à escola favorecer uma aprendizagem crítica do conhe-
cimento científico, promover a discursividade dos alunos e a 
discussão pública das formas de racionalidade subjacentes aos 
processos escolares. [...] A construção de uma razão que se des-
centra é condição necessária para que o sujeito reconheça outras 
razões e seja capaz de agir com competência no discurso argu-
mentativo, fundamental para a racionalidade comunicativa que 
opera nas bases de um pensamento refletido, tornando cons-
cientes os seus esquemas de ação. 
TEXTo AdAPTAdo dE lImA, João FRAncIsco loPEs dE. A 
REconsTRução dA TAREFA EducATIvA: umA AlTERnATIvA PARA A cRIsE E A 
dEsEsPERAnçA. PoRTo AlEgRE: EdIToRA mEdIAção, 2003, P. 103.
a) Reescreva a frase abaixo, empregando em outra 
posição o advérbio sublinhado. Mantenha o sentido 
da frase original. 
“Só assim podemos falar realmente de saber ensina-
do” (texto 1)
b) Explique a concepção de educação que está em-
butida nos textos 1 e 2. Sua resposta não deve ultra-
passar três linhas. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Texto I
QUAL O PODER DA LEITURA NESTES TEMPOS DIFÍCEIS?
Hoje, é possível dizer que o mundo inteiro é um “espaço em 
crise”. Uma crise se estabelece de fato quando transformações 
de caráter brutal – mesmo se preparadas há tempos -, ou ainda 
uma violência permanente e generalizada, tornam extensamente 
inoperantes os modos de regulamentação, sociais e psíquicos, 
que até então estavam sendo praticados. Ora, a aceleração das 
transformações, o crescimento das desigualdades, das disparida-
des, a extensão das migrações alteraram ou fizeram desaparecer 
os parâmetros nos quais a vida se desenvolvia, vulnerabilizando 
homens, mulheres e crianças, de maneira obviamente bastante 
distinta, de acordo com os recursos materiais, culturais, afetivos

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