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A EFICIÊNCIA DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR LUCAS GUEDES BARBOSA RESUMO: O perfil dos pacientes vem mudando com o passar dos anos, muitos ao invés de buscarem por tratamentos a base de medicamentos optam por práticas integrativas e complementares, dentre elas a acupuntura, assim, o objetivo do estudo foi verificar a eficácia da acupuntura no tratamento da disfunção temporomandibular. Segundo a academia americana de dor orofacial (AAOP), a disfunção temporomandibular (DTM) é um conjunto de sinais e sintomas clínicos que envolvem os músculos mastigatórios, articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas gerando dor crônica ou aguda. A acupuntura atua ao nível de sistema nervoso central, a inserção de agulhas na pele provoca micro inflamação, a qual, aciona a produção natural de opioides endógenos, liberando serotonina, encefalina e endorfina. Os estudos científicos apontaram resultados positivos na intervenção com acupuntura, constatando redução na intensidade da dor, redução da hiperatividade muscular, melhora da mobilidade e até mesmo dos aspectos psicológicos, comprovando sua efetividade e classificando-a como excelente recurso terapêutico. PALAVRAS-CHAVE: Acupuntura, disfunção temporomandibular. INTRODUÇÃO A articulação temporomandibular (ATM), localiza-se entre a mandíbula e o crânio, na região anterior à orelha, do lado direito e esquerdo. Essa articulação possibilita os movimentos da boca como abertura, fechamento, e funções como mastigar, falar e engolir. Segundo a sociedade brasileira de dor orofacial (SBDOF), a dor orofacial está presente em dois grandes grupos de tecidos: moles (músculos, nervos, pele, glândulas e vasos sanguíneos) e mineralizados (ossos e dentes) da cavidade oral e da face. O sintoma pode-se manifestar na região da cabeça e/ou pescoço, podendo está associada a outras doenças (cervicalgia, cefaleias primárias e doenças reumáticas)1,2. Segundo a academia americana de dor orofacial (AAOP)5, a disfunção temporomandibular (DTM) é um conjunto de sinais e sintomas clínicos que envolvem os músculos mastigatórios, articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas gerando dor crônica ou aguda. Os sintomas mais frequentes relatados pelos pacientes são dor e/ou fadiga nos músculos craniocervicofaciais, principalmente os mastigatórios, limitação e desvios dos movimentos mandibulares, sensação de diminuição da acuidade auditiva, zumbido e presença de ruídos articulares durante a função da ATM1,3,4. Em média 50 a 60% da população apresenta algum sinal ou sintoma de Disfunção Temporomandibular (DTM), acomete todas as idades, embora sua maior incidência seja em jovens com faixa etária entre 20 e 40 anos, prevalente em mulheres. A etiologia da DTM é multifatorial, estando inerente a modificações na oclusão, traumatismos e desgastes da ATM, hábitos parafuncionais e complicações esqueléticas7. Fatores psicológicos podem estar envolvidos na percepção da dor, na predisposição, iniciação e perpetuação da DTM. Depressão, ansiedade, distúrbios do sono, somatização, irritabilidade, são algumas características emocionais presentes em pacientes com DTM8. Devido à subjetividade dos sintomas e da variabilidade etiológica, o tratamento deve ser individualizado e multidisciplinar para obtenção de melhores resultados1. Dentre a abrangência dos tratamentos destaca-se a acupuntura. Considerada uma técnica da medicina tradicional chinesa, a acupuntura tem cerca de cinco mil anos de existência. Originada na China também se fez presente em outros países da Ásia6. Diferente da medicina ocidental, a medicina oriental tem como diferencial tratar o paciente na sua totalidade, busca devolver o equilíbrio do organismo através de intervenções no corpo físico, para ajudar o reestabelecimento da harmonia perdida entre a parte física e psíquica3. A acupuntura é a inserção e estimulação de agulhas em pontos específicos definidos na anatomia humana, denominados “acupontos”. Esses pontos de acupuntura são considerados, na medicina tradicional chinesa, as áreas mais externas do corpo energético do indivíduo, funcionando como elo de comunicação entre o meio externo e interno1,6. Ela atua ao nível de sistema nervoso central, a inserção de agulhas na pele provoca micro inflamação, a qual aciona a produção natural de opioides endógenos, liberando serotonina, encefalina e endorfina, eficaz para o aumento da amplitude de movimento mandibular, diminuindo a hiperatividade muscular, favorecendo o relaxamento dos músculos e a redução da dor3,4,6. O perfil dos pacientes vem mudando com o passar dos anos, muitos ao invés de buscarem por tratamentos a base de medicamentos optam por práticas integrativas e complementares, dentre elas a acupuntura, pois, seus efeitos terapêuticos são comprovados cientificamente por diversos estudos. METODOLOGIA O presente estudo se configura como uma revisão sistemática da literatura. Para o levantamento bibliográfico foram realizadas consultas entre março a julho de 2021, nas seguintes bases de dados de pesquisas científicas: Scielo, LILACS, Pubmed e CAPES. Os critérios de inclusão foram: publicações do tipo artigo científico resultantes do cenário já mencionado, publicados entre os anos 2010 a 2020, em língua portuguesa, que abordassem os objetivos definidos para esta pesquisa, da qual o acesso fosse gratuito e com texto completo disponível. Compuseram a revisão os ensaios clínicos, revisões sistemáticas, estudos de casos e estudos descritivos, envolvendo apenas pesquisas com seres humanos. Os critérios de exclusão foram: estudos que não abordassem o tema central, publicações superiores a uma década e idiomas estrangeiros. Para realizar as buscas nas bases de dados, os descritores utilizados foram: “disfunção temporomandibular”, “epidemiologia” “acupuntura” e “auriculoterapia”. RESULTADOS Após buscas nas bases de dados, 110 artigos foram encontrados, com a utilização dos critérios de exclusão e a análise dos textos potencialmente elegíveis, foram selecionadas 14 publicações que se encaixaram nos critérios de inclusão, sendo que 13 artigos relataram a acupuntura como tratamento para DTM e 1 abordou os dados epidemiológicos da doença. Os artigos examinaram a atuação da acupuntura como terapia, explorando teorias, métodos de avaliação, diagnóstico e tratamento. Para averiguar e comprovar os efeitos, os artigos utilizaram como base a literatura cientifica, análises comparativas com outras técnicas, instrumentos avaliativos mensuráveis e experimentos clínicos. Os estudos científicos apontaram resultados positivos na intervenção com acupuntura, constatando redução do quadro álgico, redução da hiperatividade muscular, melhora da mobilidade e até mesmo dos aspectos psicológicos, comprovando a efetividade da acupuntura e classificando-a como excelente recurso terapêutico. Na tabela segue os artigos e os principais resultados. Tabela – Artigos selecionados para análise Título do artigo Autores Principais Resultados Acupuntura no tratamento da disfunção temporomandibular muscular Boscaine et al. A acupuntura aumentou o limiar de tensão muscular, melhorou a abertura de boca e diminuiu a dor. Atendimento interdisciplinar do tratamento da dor orofacial Correia et al. A acupuntura promoveu controle sobre o sintoma de labirintite, melhorou qualidade do sono e ansiedade O emprego de acupuntura versus agulhamento seco no tratamento da disfunção temporomandibular miofascial Costa et al. A acupuntura demonstrou influências positivas na qualidade de saúde geral e dor dos pacientes com DTM e o agulhamento seco apenas sobre a dor local. Eficiência da acupuntura no tratamento das disfunções temporomandibulares e sintomas associados Garbelotti et al. Evidenciou aumento daamplitude de movimento da articulação temporomandibular, relaxamento dos músculos mastigatórios e redução da dor. Acupuntura auricular associada aos autocuidados caseiros no tratamento das disfunções temporomandibulares crônicas em mulheres. Bontempo et al. Com auriculoterapia houve remissão/diminuição dos sintomas de DTM após 3 semanas de tratamento, principalmente no controle da dor. Aspectos psicológicos de pacientes com disfunção temporomandibular: avaliações pós- tratamento com acupuntura Grillo et al. O tratamento com acupuntura revelou melhora nos aspectos psicológicos (depressão e somatização) após curto período de tratamento. Protocolos de acupuntura para o tratamento da disfunção temporomandibular Porporatti et al. Constatou-se alivio e/ou redução total da intensidade dolorosa, melhora nos movimentos mandibulares, função oral, diminuição da hiperatividade muscular dos músculos da mastigação Efeito da acupuntura em adultos com disfunção temporomandibular Sousa et al. Os dados apontaram que o tratamento com acupuntura em adultos com DTM, reduziu a dor e que essa redução se manteve pelo menos por 12 meses. Acupuntura no manuseio da dor orofacial e do tinido Vera et al. Acupuntura propiciou o relaxamento da musculatura da mastigação e da orelha média, reduzindo a intensidade da dor orofacial e do tinido. Acupuntura como recurso terapêutico na dor e na gravidade da desordem temporomandibular Borin et al. Comprovou-se a efetividade da acupuntura pela melhora no nível da dor e na gravidade da DTM. Avaliação eletromiográfica dos músculos da mastigação de indivíduos com desordem temporomandibular submetidos a acupuntura Borin et al. Através da eletromiografia foi confirmado o efeito da acupuntura na redução da atividade elétrica dos músculos mastigatórios, proporcionando equilíbrio muscular e controle ou resolução da DTM. Redução da dor da disfunção temporomandibular com acupuntura Camargo et al. O tratamento resultou no controle da dor em pacientes com disfunção temporomandibular. A utilização da acupuntura em sinais e sintomas das disfunções temporomandibulares Costa et al. Concluiu que a acupuntura é uma terapia efetiva, promovendo relaxamento, aumento da microcirculação local e a diminuição da dor muscular em pacientes com DTM. DISCUSSÃO Os estudos científicos concordam que o uso da acupuntura em pacientes com distúrbios osteomioarticulares possui alto índice de sucesso, realidade observada na disfunção temporomandibular. Fisiologicamente, promove produção natural de serotonina, encefalina e endorfina, com a liberação desses neurotransmissores, há um bloqueio da propagação dos estímulos dolorosos, eficaz, especialmente quando as causas não são estabelecidas, como as neuralgias trigeminais idiopáticas. Muitas vezes, a acupuntura é indicada como primeira opção de tratamento, quando o paciente é alérgico ou sofre efeitos adversos graves decorrentes do uso de fármacos, bem como, em casos de insuficiência renal, insuficiência hepática, sangramento gástrico ou pacientes que necessitam usar muitos medicamentos3. Na pesquisa de Borin et al.4 realizada com 40 mulheres, em que todas relataram dor na região da articulação temporomandibular e músculos mastigatórios, dois grupos foram divididos: grupo acupuntura, que realizou 10 sessões, e grupo controle, que não realizou o tratamento e aguardava o atendimento de fisioterapia. O grupo submetido a acupuntura, recebeu o tratamento com pontos selecionados na literatura, como pontos para o tratamento da DTM e ansiedade, são eles: E7, E5, TA17, IG4 VB3, VB43, Taiyaing e Yintang. Como resultado, a acupuntura promoveu redução significativa no nível de dor e na gravidade da DTM, o que não foi registrado no grupo controle. Os efeitos analgésicos obtidos, utilizam mecanismos neurológicos e humorais que são próprios do organismo, afirmando os benefícios e a segurança do tratamento. Os mesmos autores, realizaram outro estudo buscando mensurar os efeitos sobre a musculatura mastigatória, onde mulheres com diagnóstico de DTM, submetidas a acupuntura, foram avaliadas por meio da eletromiografia dos músculos masseter e temporal (fascículo anterior), verificando o comportamento da musculatura antes e depois da acupuntura. As participantes foram distribuídas em grupo estudo (GE), cujo tratamento com acupuntura foi aplicado logo após a avaliação inicial, e grupo controle (GC), que recebeu o tratamento após cinco semanas. Após as 10 sessões, os grupos foram reavaliados, o GC apresentou atividade elétrica dos músculos temporais direito e esquerdo com valores aumentados, antagonicamente, observou-se no GE diminuição do potencial elétrico no músculo temporal esquerdo, imediatamente, após uma sessão de acupuntura e no final do tratamento houve redução da hiperatividade muscular bilateralmente do músculo temporal e unilateralmente do músculo masseter14. A redução da tensão muscular provocada pela acupuntura é comprovada pelo exame eletromiográfico, tem alta relevância clínica, já que a hiperatividade muscular pode ser um fator etiológico da DTM. No estudo de Boscaine et al.9 34 indivíduos com diagnóstico de DTM muscular foram randomizados por sorteio simples em dois grupos: G1, pacientes que foram submetidos a tratamento de massagens, termoterapia, aconselhamento e dispositivo oclusal, e G2, pacientes que realizaram 6 sessões de acupuntura. Os pontos utilizados seguiram o protocolo de diagnóstico da MTC, são eles: E7, VG20, IG4, F3, TA5 e E36. A comparação entre os tratamentos, converge para o fato que tanto as terapias convencionais quanto a acupuntura foram eficazes para o tratamento da DTM. Vale ressaltar, nesse estudo, que a terapia com placa oclusal reduz temporariamente a hiperatividade muscular através de mudanças periféricas originadas da alteração do impulso aferente nos receptores orgânicos, conduzindo a uma resposta eferente que reduz a tensão muscular da região em questão. A acupuntura, ao contrário da placa oclusal, atua por meio do mecanismo central de inibição da dor, envolvendo bloqueio segmentar na medula espinhal, além disso, provoca a liberação de neuromoduladores, como endorfinas e serotonina, que alteram a sensibilidade dolorosa por meio do mecanismo central de analgesia, também, promovendo efeitos anti-inflamatórios, ansiolíticos, miorrelaxantes e ativadores da função imunológica. Garbelotti et al.3 afirmam que diferentes protocolos, referentes aos pontos de acupuntura, são sugeridos para tratar DTM, assim como, estimulação, número de sessões e intervalos entre as mesmas, porém, foi possível postular que os pontos mais comumente empregados são: E6, E7, TA21, TA17, ID18, Taiyaing e Yintang (face e cabeça) e IG4 (extrafacial), isso, tanto em estudos que utilizaram protocolo fixos quanto aqueles que utilizaram pontos determinados por diagnóstico. Em alguns relatos clínicos, é perceptível a contribuição positiva da acupuntura na saúde dos pacientes, pois, a terapia atua sobre o controle dos sintomas físicos e psicológicos, além disso, reduz significativamente a dependência medicamentosa, produzindo resultados satisfatórios, havendo relatos de melhoras em diversas condições secundarias da DTM, como distúrbios do sono, labirintite, estresse, ansiedade e entre outros13,1. Através de um prisma comparativo entre agulhamento seco (AS) e acupuntura, um compilado de estudos buscou validar a eficiência das intervenções no tratamento da DTM. A bibliografia descreve que o agulhamento seco, voltado para a patologia em questão, é realizada sobre os músculos masseter, pterigoideo lateral e temporal, através do manuseio, por cerca de 5 vezes, com inserções e retiradas das agulhas, aprofundando entre 1 e 15 mm, em ângulode 30º em relação à pele, a frequência média de aplicações é de 4 sessões. Para a técnica de acupuntura, os tratamentos variaram entre 1 e 10 sessões, os pontos mais utilizados e recomendados foram: E6, E7, E36 e IG4. A partir dos resultados, salientou-se que o agulhamento seco parece ser eficaz na resolução da dor local, devido seu uso sobre o ponto-gatilho miofascial. Já a acupuntura demonstrou influências positivas na dor e na qualidade de saúde geral dos pacientes com disfunção da articulação temporomandibular miofascial10. Portanto, é incutido ao profissional escolher a técnica que julgar necessária ou melhor para o paciente, podendo, até mesmo, conjugar os tratamentos para alcançar os objetivos terapêuticos. Camargo et al. realizaram um estudo descritivo com 31 pacientes acometidos por distúrbio temporomandibular, submetidos a três sessões de acupuntura. Um conjunto de pontos foram selecionados conforme a desarmonia de cada paciente, como: reequilíbrio emocional e psicológico (C7, CS6, ID3, VB20, TA23), Deficiência de Yin do rim com alteração da energia do Meridiano Chong Mai (VC3, R3, R7, VG4, VG14, TA17 e TA21), Ascensão do Yang do fígado com vento interno (R7, VB20, VB34, VB39, TA17 e F2), Deficiência de Yang do baço/pâncreas (VC12, TA3, IG4, BP4 e VG15). É pertinente enfatizar que os fatores emocionais ou extrínsecos, em alguns pacientes, agravaram a dor e o quadro clinico durante o tratamento, entretanto, constatou-se que a dor cessou em 67,7% dos pacientes e 32,3% apresentaram redução na intensidade, a média da avaliação de dor final foi significativamente menor que a média da avaliação inicial11. A dor é um sintoma bastante relatado pelos pacientes, geralmente, a redução da dor indica a efetividade da terapia e o êxito na escolha dos pontos. Examinando a repercussão dos efeitos da acupuntura ao longo dos meses, 20 pacientes adultos com DTM foram submetidos a anamnese e diagnóstico do desequilíbrio energético, segundo os padrões da medicina tradicional chinesa (MTC). Todos receberam tratamento com acupuntura, que durou em média de 6 sessões, no final, os pacientes relataram melhora e declararam-se satisfeitos com o tratamento. Depois de 12 meses, foram coletadas informações sobre o estado de saúde de cada paciente. Como resultado, 4 pacientes necessitaram de tratamentos complementares com placa oclusal ou neurologistas para sanar algumas sintomatologias da doença, porém, 16 pacientes relataram diminuição ou ausência completa da dor12. A analgesia propiciada pelo tratamento manteve-se estável, atestando o efeito duradouro da acupuntura após a alta. Evidencias cientificas são exploradas em outra modalidade da acupuntura, chamada auriculoterapia, capaz de produzir os mesmos efeitos obtidos pela modalidade sistêmica. A acupuntura auricular é uma vertente da acupuntura sistêmica, que se baseia na inserção de agulhas específicas, sementes e/ou cristais em pontos reflexos situados no pavilhão auricular, é uma técnica sensível, que atua por mecanismos diferentes da aplicação sistêmica. Segundo a neurofisiologia, os impulsos aferentes dos pontos auriculares projetam-se em direção a neurônios correspondentes ou adjacentes no sistema nervoso central. Quando há alterações em órgãos ou em regiões do corpo, há uma conexão entre o impulso aferente da orelha e o(s) neurônio(s) do sistema nervoso central, gerando respostas específicas. É gerado um efeito inibitório do foco patológico de excitação, até que o círculo de doença seja bloqueado, aliviado ou curado. Além disso, a acupuntura auricular atua regulando o sistema endócrino e imunológico por transmissão neuro-humoral, fortalecendo a capacidade de combate à doença15. Nesse contexto, Bontempo et al.15 explanam os benefícios da auriculoterapia e dos autocuidados caseiros em pacientes com disfunção temporomandibular. Nove pacientes mulheres, com DTM crônica dolorosa, durante às três semanas de tratamento, receberam instruções e orientações sobre controle das disfunções temporomandibulares através de vídeo educativo e folheto. Seis pacientes, além dos autocuidados, foram tratadas com acupuntura auricular, por meio da aplicação de sementes de mostarda em pontos pré-determinados na orelha que representam órgãos sistêmicos, locais da dor e/ou problemas funcionais. Segundo a literatura, o protocolo estabelecido consiste nos pontos: Shen-men, sistema neurovegetativo, rim, disfunções temporomandibulares e tríade da ansiedade. Os autores concluíram que a auriculoterapia associada à educação e autocuidados caseiros, apresentou os melhores resultados na remissão/diminuição dos sintomas após 3 semanas de tratamento quando comparada ao grupo que recebeu apenas as instruções de autocuidados que, ao contrário, apresentou agravamento da dor. Diante disso, é perceptível que a resposta do organismo, com acupuntura, parece ser mais rápida, reduzindo a intensidade dos sintomas, muitas vezes, fazendo- os desaparecer. A literatura também sugere pontos auriculares adicionais para a referida doença, como, por exemplo, o ponto da neurastenia/nervosismo, o ponto do coração e do pulmão, que atuam no controle de aspectos emocionais como ansiedade, nervosismo, alegria e tristeza, e outros pontos como fígado, vesícula biliar e intestino grosso, relacionados também a aspectos emocionais como raiva, tomada de decisão/coragem e tristeza15. O tratamento com acupuntura, muitas vezes, destaca-se superior e eficiente na melhora da dor e função em pacientes debilitados pela DTM. Cerca de 30 pontos, com combinações diferentes, são utilizados como intervenção e os pontos de acupuntura mais citados foram IG4, E6, E7 e F3. Nota-se grande predileção pelo ponto IG4, ponto distante de ação energética muito forte. O IG4 tem excelente função como agente anti- inflamatório e analgésico. Em 17% de todos os casos o ponto IG4 foi utilizado como ponto de escolha para o tratamento de DTM muscular, seguido por 11% em relação aos pontos E6 e E7, e em 6% o ponto F3. Ainda, em 4% dos casos os pontos ID19 e TA17 foram indicados. Também, é perceptível que alguns pontos extras foram utilizados com maior frequência, no caso, Taiyang e Yintang são pontos extras de fácil acesso e apresentam grande melhora no relato dos sintomas dolorosos16. Apesar dos artigos científicos sugerirem protocolos, a acupuntura é uma técnica da MTC que apresenta diagnóstico energético e tratamento individual para cada paciente, considerando os fatores emocionais, psicossociais e biológicos, elementos que variam e são particulares em cada indivíduo, havendo necessidade de implementar uma avaliação específica. É possível inferir que a acupuntura é uma técnica recomendada pela literatura para o tratamento de disfunções temporomandibulares, promovendo alivio e/ou redução total da intensidade dolorosa, melhora nos movimentos mandibulares, função oral e diminuição da hiperatividade dos músculos da mastigação. CONCLUSÃO Fundamentada cientificamente, a acupuntura demonstrou-se eficiente como tratamento para disfunção temporomandibular e na saúde geral dos pacientes, promovendo redução da dor, tinido e hiperatividade muscular, melhorando a mobilidade e até mesmo os aspectos psicológicos. Além disso, destaca-se pela ausência ou níveis baixos de reações adversas, por ser eficaz quando a etiologia é idiopática e por diminuir a dependência de medicamentos, classificando-a como excelente recurso terapêutico. REFERÊNCIAS 1. VERA, Rosario Martha De La Torre et al. Acupuntura no manuseio da dor orofacial e do tinido: Relato de caso. Revista Dor. 2013, v. 14, n. 3, pp. 226-230. 2. CARRARA, Simone Vieira, Conti, Paulo César Rodrigues and Barbosa, Juliana StuginskiTermo do 1º Consenso em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Dental Press Journal of Orthodontics. 2010, v. 15, n. 3, pp. 114- 120. 3. GARBELOTTI, ThâniaOrlando et al. Effectiveness of acupuncture for temporomandibular disorders and associated symptoms. Revista Dor. 2016, v. 17, n. 3, pp. 223-227. 4. BORIN, Graciele da Silva et al. Acupuntura como recurso terapêutico na dor e na gravidade da desordem temporomandibular. Fisioterapia e Pesquisa. 2011, v. 18, n. 3, pp. 217-222. 5. 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