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9- Noções de Direito Penal e Processual Penal

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
 
 
1. Princípios básicos ................................................................................................................................................................................ 01 
2. Aplicação da lei penal. A lei penal no tempo e no espaço. Tempo e lugar do crime. Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal
 05 
3. Crimes. Classificação. O fato típico e seus elementos. Crime consumado e tentado. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Crimes 
impossíveis. Dolo e culpa. Erro. Ilicitude e causas de exclusão. Excesso punível. Culpabilidade .................................................................................06 
4. Concurso de pessoas .......................................................................................................................................................................... 13 
5. Concurso de crimes ............................................................................................................................................................................ 15 
6. Pena: espécies e aplicação .................................................................................................................................................................. 15 
7. Extinção da punibilidade ................................................................................................................................................................................ 18 
8. Crimes em Espécie: Crimes contra a pessoa ...................................................................................................................................................... 18 
9. Crimes contra o patrimônio ................................................................................................................................................................ 25 
10. Crimes contra a Propriedade Imaterial............................................................................................................................................................ 29 
11. Crimes contra a Dignidade Sexual .................................................................................................................................................................... 30 
12. Crimes contra a Incolumidade Pública ............................................................................................................................................................. 31 
13. Crimes contra a Paz Pública ............................................................................................................................................................................. 34 
14. Crimes contra a Fé Pública ............................................................................................................................................................................... 34 
15. Crimes contra a Administração Pública. .......................................................................................................................................................... 35 
16. Inquérito policial. Histórico, natureza, conceito, finalidade, características, fundamento, titularidade, grau de cognição, valor 
probatório, formas de instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento, garantias do 
investigado; conclusão. .................................................................................................................................................................................. 37 
17. Prova. Preservação de local de crime. Requisitos e ônus da prova. Nulidade da prova. Documentos de prova. Reconhecimento de pessoas e 
coisas. Acareação. Indícios. Busca e apreensão. ..........................................................................................................................................................39 
18. Restrição de liberdade. Prisão em flagrante. Prisão preventiva. Liberdade Provisória. Cautelares diversas ..............................................................40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
1 
 
 
 
 
 
O Direito Penal é o segmento do Direito Público que regula o poder 
punitivo do Estado. Ele detém a competência de selecionar as condutas 
humanas que são consideradas indesejadas, possuidoras de certa 
gravidade e reprovação social, e capazes de colocar em risco a 
convivência em sociedade. 
Cabe ao Direito Penal, também, estabelecer as penas que serão 
cominadas aos agentes infratores, respeitando sempre os princípios 
constitucionais. 
De acordo com a doutrina, o direito penal ou direito criminal é a 
parte do ordenamento jurídico que define as infrações penais (crimes e 
contravenções) e comina as respectivas sanções (penas e medidas de 
segurança). 
A definição é correta, mas incompleta, visto que, além de 
definir crimes e cominar penas, o direito criminal estabelece os 
princípios e regras que regulam a atividade penal do Estado, fixando os 
fundamentos e os limites ao exercício do poder punitivo, a exemplo 
dos princípios de legalidade, irretroatividade, humanidade das penas 
etc. 
As normas penais, notadamente as constitucionais-penais, 
estabelecem ainda a respectiva conformação político-jurídica 
estatal: liberal, democrática, autoritária, teocrática etc. E os limites do 
direito penal são os limites do próprio Estado. 
O conceito dado inicialmente parece também confundir direito 
penal com legislação penal, isto é, confunde lei e direito, embora sejam 
coisas distintas, como ainda veremos. 
Num sentido lato, o direito penal é, portanto, um sistema de 
princípios e regras que estabelece as condições de legitimação e 
deslegitimação da jurisdição penal, que é o poder de dizer o direito. Diz-se 
lato porque esta definição também compreende, em última análise, o 
processo e a execução penal. 
E num sentido estrito, é a parte do ordenamento jurídico que 
define as infrações penais e comina as sanções, bem como institui os 
fundamentos e as garantias que regulam o poder punitivo estatal. Cabe 
também conceituá-lo, como faz García-Pablos, sob o enfoque 
dinâmico e sociológico, como um dos instrumentos do controle social 
formal por cujo meio o Estado, mediante determinado sistema normativo 
(as leis penais), castiga com sanções negativas de particular gravidade 
(penas e outras consequências afins) as condutas desviadas mais 
nocivas para a convivência, assegurando a necessária disciplina social e a 
correta socialização dos membros 
do grupo. 
É certo ainda que, por meio da expressão direito penal, é 
designada a ciência do direito penal. Nesse sentido, o saber ou a ciência 
penal tem por objeto o conhecimento, a interpretação, a 
sistematização e a crítica do direito positivo. 
Convém notar, por fim, que o direito penal é, ele mesmo, uma 
forma de violência (penas etc.) que se pressupõe justa e necessária 
relativamente às violências que regula e combate (os crimes), de modo 
que o direito penal é violência – nem sempre legítima – a serviço do 
controle da violência – nem sempre ilegítima. 
O direito penal é, pois, uma espada de duplo fio, porque é lesão 
de bens jurídicos para proteção de bens jurídicos (Franz von Liszt). Afinal, 
pretende combater crimes (homicídio etc.) por meio de graves 
constrangimentos à pessoa humana, os quais podem variar de uma 
simples multa à pena de morte, que é uma espécie de assassinato 
legal. 
A violência não é, portanto, estranha ou extrínseca ao direito, mas 
inerente à ideia e à realidade mesma do direito. O direito penal é violência 
a serviço do controle da violência. 
E tão importante quanto o controle da violência é a violência do 
controle penal (Vera Andrade). 
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
2 
 
 
O Direito Penal é utilizado numa dupla acepção: como conjunto de 
“normas” queconstituem o ordenamento punitivo e como 
disciplina científica que tem por objeto o estudo sistemático do 
referido ordenamento. Talvez não houvessem equívocos se a 
locução “Direito penal” fosse utilizada para o primeiro caso e a de 
“Ciência do Direito penal” para o segundo. Maior clareza ainda se 
alcançaria (como ensina Zaffaroni) se porventura o Direito penal não 
fosse confundido com o (bruto) “poder punitivo estatal”, que nada 
mais significa que enfocar o Direito penal como mero instrumento de 
controle social (como poder punitivo), sem a observância dos limites 
ao ius puniendi comtemplados no próprio ordenamento jurídico. 
Direito penal, portanto, é um conjunto de normas, mais 
precisamente de normas constitucionais, internacionais e 
infraconstitucionais. É, de outro lado, a área do Direito público que 
reúne todas as normas que cuidam do ius puniendi estatal. Sempre que 
a norma venha a disciplinar algum aspecto do ius puniendi, será de 
Direito penal. Ela pode ser primária ou secundária. 
Norma primária é a que cuida do âmbito do proibido (quais 
condutas são proibidas, quais são determinadas); norma secundária é a 
que norteia o castigo (a sanção). A norma primária, por seu turno, 
possui dois aspectos muito relevantes: (a) o valorativo e o (b) 
imperativo. Toda norma penal primária existe para a tutela de um 
bem jurídico (de um valor) e, ao mesmo tempo, exige um 
determinado comportamento de todos (comportamento de 
respeito ao bem protegido). 
Ciência do Direito penal é a disciplina que tem por objeto o 
estudo do ordenamento penal positivo (leia-se: das normas penais). A 
Ciência do Direito penal tem como função clássica conhecer, 
interpretar, sistematizar e criticar o Direito positivo, contemplando as 
normas já não do ponto de vista de sua estrutura formal externa, senão 
especialmente do seu conteúdo e fins que pretendem alcançar. 
Poder punitivo estatal (bruto), por fim, é uma espécie de Direito 
penal paralelo. O verdadeiro Direito penal está regido por princípios e 
regras limitadores do direito de punir do Estado, que vêm sendo 
desenvolvidos desde o Iluminismo. 
Ele tem como missão a tutela exclusiva de bens jurídicos 
(princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos), que deve 
acontecer de forma fragmentária e subsidiária (princípio da 
intervenção mínima). 
Exige a exteriorização de um fato (Direito penal do fato), que 
esteja previsto em lei (princípio da legalidade) e que seja 
concretamente ofensivo ao bem jurídico protegido (princípio da 
ofensividade). 
Por esse fato o agente responde pessoalmente (princípio da 
responsabilidade pessoal), quando atua com dolo ou culpa (princípio da 
responsabilidade subjetiva) e, mesmo assim, quando podia agir de 
modo diverso, conforme o Direito (princípio da culpabilidade). De outro 
lado, esse agente nunca pode sofrer tratamento discriminatório 
(princípio da igualdade). 
O castigo cabível não pode ofender a dignidade humana, ou seja, não 
pode ser degradante (princípio da proibição de pena indigna), não pode ser 
cruel, denumano ou torturante (princípio da humanização) e deve ser 
proporcional (princípio da proporcionalidade, que se exprime por 
meio dos subprincípios da individualização da pena, personalidade da 
pena, necessidade da pena, suficiência da pena alternativa e 
proporcionalidade em sentido estrito). 
Direito penal é o que está regido rigorosamente por todos 
esses princípios, que se complementam. Poder punitivo estatal é o 
poder exercido por agentes públicos que se desvia desses 
princípios, aplicando-se a norma na sua forma bruta ou equivocada, ou 
seja, não lapidada. O Poder punitivo estatal faz do Direito penal um 
mero instrumento de controle social, desvestido de limites 
constitucionais. 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
3 
 
 
O legislador é o sujeito do Direito penal (é o que produz as 
normas). O penalista é o responsável pela Ciência do Direito penal (é o que 
estuda e sistematiza o Direito penal normativo). Operador ou aplicador 
do direito é o agente do poder público que aplica o Direito penal, ora 
de forma constitucionalizada, equilibrando-se o ius puniendi com o 
ius libertatis, ora de modo bruto, fazendo imperar o “poder punitivo 
estatal”. 
A Ciência do Direito penal, para além de cumprir sua clássica função 
de estudar e sistematizar as normas penais, deve também assumir 
definitivamente seu papel crítico frente ao (paralelo) “poder 
punitivo estatal”, que diariamente vai se alternando com a escorreita 
aplicação do Direito penal. 
 
Disposições Constituicionais Aplicáveis 
O Direito Penal está interligado a todos os ramos do Direito, 
especialmente Direito Constitucional. 
A Constituição Federal, é a Carta Magna brasileira, estatuto 
máximo de uma sociedade que viva de forma politicamente 
organizada. Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena 
eficácia quando compatível com os Princípios e Normas descritos na 
Constituição Federal abstraindo-a como um todo. 
Os princípios são o alicerce de todo sistema normativo, 
fundamentam todo o sistema de direito e estabelecem os direitos 
fundamentais do homem. São eles que determinam a unicidade do 
texto constitucional, definindo as diretrizes básicas do estado de 
forma harmoniosa com a garantia dos direitos fundamentais. O 
Direito Penal, como todo e qualquer outro ramo do direito, 
submete-se diretamente às normas e princípios constitucionais. 
 
Princípios 
O Direito Penal moderno se assenta em determinados 
princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito democrático, 
entre os quais sobreleva o da legalidade dos delitos e das penas, da 
reserva legal ou da intervenção legalizada, que tem base 
constitucional expressa. A sua dicção legal tem sentido amplo: não há 
crime (infração penal), nem pena ou medida de segurança (sanção 
penal) sem prévia lei (stricto sensu). 
Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções 
fundamentais: 
a) Proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen nulla 
poena sine lege praevia); 
b) Proibir a criação de crimes e penas pelo costume (nullum 
crimen nulla poena sine lege scripta); 
c) Proibir o emprego da analogia para criar crimes, 
fundamentar ou agravar penas (nullum crimen nulla poena sine lege 
stricta); 
d) Proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum 
crimen nulla poena sine lege certa); 
 
Irretroatividade da lei penal 
Consagra-se aqui o princípio da irretroatividade da lei penal, 
ressalvada a retroatividade favorável ao acusado. Fundamentam- se a 
regra geral nos princípios da reserva legal, da taxatividade e da 
segurança jurídica - princípio do favor libertatis -, e a hipótese 
excepcional em razões de política criminal (justiça). Trata-se de 
restringir o arbítrio legislativo e judicial na elaboração e aplicação de lei 
retroativa prejudicial. 
A regra constitucional (art. 5°, XL) é no sentido da 
irretroatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade, desde que 
seja para beneficiar o réu. Com essa vertente do princípio da 
legalidade tem-se a certeza de que ninguém será punido por um fato 
que, ao tempo da ação ou omissão, era tido como um indiferente 
penal, haja vista a inexistência de qualquer lei penal incriminando-o. 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
4 
 
 
Taxatividade ou da determinação (nullum crimen sine lege scripta 
et stricta) 
Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que deve ser 
suficientemente clara e precisa na formulação do conteúdo do tipo 
legal e no estabelecimento da sanção para que exista real segurança 
jurídica. Tal assertiva constitui postulado indeclinável do Estado de 
direito material - democrático e social. 
O princípio da reserva legal implica a máxima determinação e 
taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Poder Legislativo, na 
elaboração das leis, que redija tipo penais com a máxima precisão de 
seus elementos, bem como ao Judiciário que as interprete 
restritivamente, de modo a preservar a efetividade do princípio. 
 
Princípio da culpabilidadeO princípio da culpabilidade possui três sentidos fundamentais: 
• Culpabilidade como elemento integrante da teoria analítica do 
crime – a culpabilidade é a terceira característica ou elemento 
integrante do conceito analítico de crime, sendo estudada, sendo 
Welzel, após a análise do fato típico e da ilicitude, ou seja, após 
concluir que o agente praticou um injusto penal; 
• Culpabilidade como princípio medidor da pena – uma vez 
concluído que o fato praticado pelo agente é típico, ilícito e culpável, 
podemos afirmar a existência da infração penal. Deverá o julgador, 
após condenar o agente, encontrar a pena correspondente à 
infração praticada, tendo sua atenção voltada para a culpabilidade do 
agente como critério regulador; 
• Culpabilidade como princípio impedidor da 
responsabilidade penal objetiva, ou seja, da responsabilidade penal 
sem culpa – o princípio da culpabilidade impõe a subjetividade da 
responsabilidade penal. Isso significa que a imputação subjetiva de 
um resultado sempre depende de dolo, ou quando previsto, de culpa, 
evitando a responsabilização por caso fortuito ou força maior. 
 
Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos 
O pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo 
imediato e primordial do Direito Penal reside na proteção de bens 
jurídicos - essenciais ao individuo e à comunidade -, dentro do 
quadro axiológico constitucional ou decorrente da concepção de 
Estado de Direito democrático (teoria constitucional eclética). 
 
Princípio da intervenção mínima (ou da subsidiariedade) 
Estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa dos bens 
jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica das pessoas e que não 
podem ser eficazmente protegidos de forma menos gravosa. 
Desse modo, a lei penal só deverá intervir quando for 
absolutamente necessário para a sobrevivência da comunidade, 
como ultima ratio. 
O princípio da intervenção mínima é o responsável não só 
pelos bens de maior relevo que merecem a especial proteção do 
Direito Penal, mas se presta, também, a fazer com que ocorra a 
chamada descriminalização. Se é com base neste princípio que os bens 
são selecionados para permanecer sob a tutela do Direito Penal, 
porque considerados como de maior importância, também será com 
fundamento nele que o legislador, atento às mutações da 
sociedade, que com sua evolução deixa de dar importância a bens 
que, no passado, eram da maior relevância, fará retirar do 
ordenamento jurídico-penal certos tipos incriminadores. 
 
Fragmentariedade 
A função maior de proteção dos bens jurídicos atribuída à lei 
penal não é absoluta. O que faz com que só devem eles ser 
defendidos penalmente frente a certas formas de agressão, 
consideradas socialmente intoleráveis. Isto quer dizer que apenas as 
ações ou omissões mais graves endereçadas contra bens valiosos podem 
ser objeto de criminalização. 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
5 
 
 
O caráter fragmentário do Direito Penal aparece sob uma 
tríplice forma nas atuais legislações penais: 
a) defendendo o bem jurídico somente contra ataques de 
especial gravidade, exigindo determinadas intenções e tendências, 
excluindo a punibilidade da ação culposa em alguns casos etc; 
b) tipificando somente uma parte do que nos demais ramos do 
ordenamento jurídico se estima como antijurídico; 
 
Princípio da pessoalidade da pena (da responsabilidade pessoal ou da 
intranscendência da pena) 
Impede-se a punição por fato alheio, vale dizer, só o autor da 
infração penal pode ser apenado (CF, art. 5°, XLV). Havendo falecimento 
do condenado, a pena que lhe fora infligida, mesmo que seja de natureza 
pecuniária, não poderá ser estendida a ninguém, tendo em vista seu 
caráter personalíssimo, quer dizer, somente o autor do delito é que 
pode submeter-se às sanções penais a ele aplicadas. 
Todavia, se estivermos diante de uma responsabilidade não 
penal, como a obrigação de reparar o dano, nada impede que, no caso 
de morte do condenado e tendo havido bens para transmitir aos seus 
sucessores, estes respondem até as forças da herança. A pena de multa, 
apesar de ser considerada agora dívida de valor, não deixou de ter caráter 
penal e, por isso, continua obedecendo a este princípio. 
 
Individualização da pena 
A individualização da pena ocorre em três momentos: 
a) Cominação – a primeira fase de individualização da pena se 
inicia com a seleção feita pelo legislador, quando escolhe para fazer 
parte do pequeno âmbito de abrangência do Direito Penal aquelas 
condutas, positivas ou negativas, que atacam nossos bens mais 
importantes. Uma vez feita essa seleção, o legislador valora as condutas, 
cominando-lhe penas de acordo com a importância do bem a ser 
tutelado. 
b) Aplicação – tendo o julgador chegado à conclusão de que o 
fato praticado é típico, ilícito e culpável, dirá qual a infração praticada e 
começará, agora, a individualizar a pena a ele correspondente, 
observando as determinações contidas no art. 59 do Código Penal 
(método trifásico). 
c) Execução penal – a execução não pode igual para todos os 
presos, justamente porque as pessoas não são iguais, mas 
sumamente diferentes, e tampouco a execução pode ser homogênea 
durante todo período de seu cumprimento. Individualizar a pena, na 
execução consiste em dar a cada preso as oportunidades para lograr 
a sua reinserção social, posto que é pessoa, ser distinto. 
 
Proporcionalidade da pena 
Deve existir sempre uma medida de justo equilíbrio entre a 
gravidade do fato praticado e a sanção imposta. A pena deve ser 
proporcionada ou adequada à magnitude da lesão ao bem jurídico 
representada pelo delito e a medida de segurança à periculosidade 
criminal do agente. 
O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto, o 
estabelecimento de cominações legais (proporcionalidade em 
abstrato) e a imposição de penas (proporcionalidade em concreto) que 
careçam de relação valorativa com o fato cometido considerado em seu 
significado global. Tem assim duplo destinatário: o poder legislativo 
(que tem de estabelecer penas proporcionadas, em abstrato,à 
gravidade do delito) e o juiz (as penas que os juizes impõem ao autor 
do delito tem de ser proporcionais à sua concreta gravidade). 
 
Princípio da humanidade (ou da limitação das penas) 
Em um Estado de Direito democrático veda-se a criação, a 
aplicação ou a execução de pena, bem como de qualquer outra 
medida que atentar contra a dignidade humana. Apresenta-se 
como uma diretriz garantidora de ordem material e restritiva da lei 
penal, verdadeira salvaguarda da dignidade pessoal, relaciona-se de forma 
estreita com os princípios da culpabilidade e da igualdade. Está previsto no 
art. 5°, XLVII, que proíbe as seguintes penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada; b) de caráter 
perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis. “Um 
Estado que mata, que tortura, que humilha o cidadão não só perde 
qualquer legitimidade, senão que contradiz sua razão de ser, colocando-
se ao nível dos mesmos delinqüentes” (Ferrajoli). 
 
Princípio da adequação social 
Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será 
tida como típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se 
estiver de acordo da ordem social da vida historicamente 
condicionada. Outro aspecto é o de conformidade ao Direito, que 
prevê uma concordância com determinações jurídicas de 
comportamentos já estabelecidos. 
O princípio da adequação social possui dupla função. Uma delas é a de 
restringir o âmbito de abrangência do tipo penal, limitando a sua 
interpretação, e dele excluindo as condutas consideradas socialmente 
adequadas e aceitas pela sociedade. A segunda função é dirigida ao 
legislador em duas vertentes. A primeira delas o orienta quando da seleção 
das condutas que deseja proibir ou impor, com a finalidade de proteger os 
bens considerados mais importantes. Se a conduta que está na mira do 
legislador for considerada socialmente adequada, não poderá ele 
reprimi-lavalendo-se do Direito Penal. A segunda vertente destina-se a 
fazer com que o legislador repense os tipos penais e retire do 
ordenamento jurídico a proteção sobre aqueles bens cujas condutas 
já se adaptaram perfeitamente à evolução da sociedade. 
 
Princípio da insignificância (ou da bagatela) 
Relacionado o axioma minima non cura praeter, enquanto 
manifestação contrária ao uso excessivo da sanção penal, postula que 
devem ser tidas como atípicas as ações ou omissões que afetam 
muito infimamente a um bem jurídico-penal. A irrelevante lesão do 
bem jurídico protegido não justifica a imposição de uma pena, 
devendo-se excluir a tipicidade em caso de danos de pouca importância. 
“A insignificância da afetação [do bem jurídico] exclui a 
tipicidade, mas só pode ser estabelecida através da consideração 
conglobada da norma: toda ordem normativa persegue uma 
finalidade, tem um sentido, que é a garantia jurídica para possibilitar uma 
coexistência que evite a guerra civil (a guerra de todos contra todos). A 
insignificância só pode surgir à luz da finalidade geral que dá sentido à 
ordem normativa, e, portanto, à norma em particular, e que nos indica 
que essas hipóteses estão excluídas de seu âmbito de proibição, o que 
não pode ser estabelecido à luz de sua consideração isolada”. (Zaffaroni 
e Pierangeli) 
 
Princípio da lesividade 
Os princípios da intervenção mínima e da lesividade são como duas 
faces da mesma moeda. Se, de um lado, a intervenção mínima somente 
permite a interferência do Direito Penal quando estivermos diante de 
ataques a bens jurídicos importantes, o princípio da lesividade nos 
esclarecerá, limitando ainda mais o poder do legislador, quais são as 
condutas que deverão ser incriminadas pela lei penal. Na verdade, nos 
esclarecerá sobre quais são as condutas que não poderão sofrer os 
rigores da lei penal. 
O mencionado princípio proíbe a incriminação de: 
a) uma atitude interna (pensamentos ou sentimentos pessoais); 
b) uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
6 
 
 
(condutas não lesivas a bens de terceiros); 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
7 
 
 
c) simples estados ou condições existenciais (aquilo que se é, não o 
que se fez); 
d) condutas desviadas (reprovadas moralmente pela sociedade) que 
não afetem qualquer bem jurídico. 
 
Princípio da extra-atividade da lei penal 
A lei penal, mesmo depois de revogada, pode continuar a 
regular fatos ocorridos durante a vigência ou retroagir para alcançar 
aqueles que aconteceram anteriormente à sua entrada em vigor. Essa 
possibilidade que é dada á lei penal de se movimentar no tempo é chamada 
de extra-atividade. A regra geral é a da irretroatividade in pejus; a exceção 
é a retroatividade in melius. 
 
Princípio da territorialidade 
O CP determina a aplicação da lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime 
cometido no território nacional. O Brasil não adotou uma teoria 
absoluta da territorialidade, mas sim uma teoria conhecida como 
temperada, haja vista que o Estado, mesmo sendo soberano, em 
determinadas situações, pode abrir mão da aplicação de sua legislação, 
em virtude de convenções, tratados e regras de direito internacional. 
 
Princípio da extraterritorialidade 
Ao contrário do princípio da territorialidade, cuja regra geral é a 
aplicação da lei brasileira àqueles que praticarem infrações dentro do 
território nacional, incluídos aqui os casos considerados fictamente como 
sua extensão, o princípio da extraterritorialidade se preocupa com a 
aplicação da lei brasileira além de nossas fronteiras, em países estrangeiros. 
Princípios que solucionam o conflito aparente de normas 
Especialidade 
Especial é a norma que possui todos os elementos da geral e 
mais alguns, denominados especializantes, que trazem um minus ou um 
plus de severidade. A lei especial prevalece sobre a geral. Afasta- se, dessa 
forma, o bis in idem, pois o comportamento do sujeito só é enquadrado 
na norma incriminadora especial, embora também estivesse descrito 
na geral. 
 
Subsidiariedade 
Subsidiária é aquela norma que descreve um graus menor de 
violação do mesmo bem jurídico, isto é, um fato menos amplo e menos 
grave, o qual, embora definido como delito autônomo, encontra-se 
também compreendido em outro tipo como fase normal de execução do 
crime mais grave. Define, portanto, como delito independente, conduta 
que funciona como parte de um crime maior. 
 
Consunção 
É o princípio segundo o qual um fato mais grave e mais amplo 
consome, isto é, absorve, outros fatos menos amplos e graves, que 
funcionam como fase normal de preparação ou execução ou como mero 
exaurimento. Hipóteses em que se verifica a consunção: crime progressivo 
(ocorre quando o agente, objetivando desde o início, produzir o 
resultado mais grave, pratica, por meio de atos sucessivos, crescentes 
violações ao bem jurídico); crime complexo (resulta da fusão de dois ou 
mais delitos autônomos, que passam a funcionar como elementares ou 
circunstâncias no tipo complexo). 
 
Alternatividade 
Ocorre quando a norma descreve várias formas de realização da figura 
típica, em que a realização de uma ou de todas configura um único crime. 
São os chamados tipos mistos alternativos, os quais 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
8 
 
 
descrevem crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado. Não há 
propriamente conflito entre normas, mas conflito interno na 
própria norma. 
 
Princípio da mera legalidade ou da lata legalidade 
Exige a lei como condição necessária da pena e do delito. A lei é 
condicionante. A simples legalidade da forma e da fonte é condição 
da vigência ou da existência das normas que prevêem penas e 
delitos, qualquer que seja seu conteúdo. O princípio 
convencionalista da mera legalidade é norma dirigida aos juízes, aos 
quais prescreve que considera delito qualquer fenômeno 
livremente qualificado como tal na lei. 
 
Princípio da legalidade estrita 
Exige todas as demais garantias como condições necessárias da 
legalidade penal. A lei é condicionada. A legalidade estrita ou 
taxatividade dos conteúdos resulta de sua conformidade com as 
demais garantias e, por hipótese de hierarquia constitucional, é 
condição de validade ou legitimidade das leis vigentes. 
O pressuposto necessário da verificabilidade ou da 
falseabilidade jurídica é que as definições legais que estabeleçam as 
conotações das figuras abstratas de delito e, mais em geral, dos 
conceitos penais sejam suficientemente precisas para permitir, no 
âmbito de aplicação da lei, a denotação jurídica (ou qualificação, 
classificação ou subsunção judicial) de fatos empíricos exatamente 
determinados. 
 
Princípio da necessidade ou da economia do Direito Penal 
Nulla lex (poenalis) sine necessitate. Justamente porque a 
intervenção punitiva é a técnica de controle social mais 
gravosamente lesiva da dignidade e da dignidade dos cidadãos , o 
princípio da necessidade exige que se recorra a ela apenas como 
remédio extremo. Se o Direito Penal responde somente ao objetivo de 
tutelar os cidadãos e minimizar a violência, as únicas proibições penais 
justificadas por sua “absoluta necessidade” são, por sua vez, as 
proibições mínimas necessárias. 
 
Princípio da lesividade ou da ofensividade do evento 
Nulla necessitas sine injuria. A lei penal tem o dever de prevenir 
os mais altos custos individuais representados pelos efeitos lesivos das 
ações reprováveis e somente eles podem justificar o custo das 
penas e das proibições. O princípio axiológico da separação entre 
direito e moral veta, por sua vez, a proibição de condutas 
meramente imorais ou de estados de ânimo pervertidos, hostis, ou, 
inclusive, perigosos. 
 
Princípio da materialidade ou da exterioridade da ação 
Nulla injuria sine actione. Nenhum dano, por mais grave que 
seja, pode-se estimar penalmente relevante, senão comoefeito de 
uma ação. Em conseqüência, os delitos, como pressupostos da pena 
não podem consistir em atitudes ou estados de ânimo interiores, 
nem sequer, genericamente, em fatos, senão que devem se concretizar 
em ações humanas – materiais, físicas ou externas, quer dizer, 
empiricamente observáveis – passíveis de serem descritas, 
enquanto tais, pelas leis penais. 
 
Princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal 
Nulla actio sine culpa. 
 
Princípio de utilidade 
As proibições não devem só ser dirigidas à tutela de bens 
jurídicos como, também, devem ser idôneas. Obriga a considerar 
injustificada toda proibição da qual, previsivelmente, não derive a 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
9 
 
 
desejada eficácia intimidatória, em razão dos profundos motivos 
– individuais, econômicos e sociais – de sua violação; e isso à 
margem do que se pense sobre a moralidade e, inclusive, sobre a 
lesividade da ação proibida. 
 
Princípio axiológico de separação entre direito e moral 
A valorização da interiorização da moral e da autonomia da 
consciência é traço distintivo da ética laica moderna, a 
reivindicação da absoluta licitude jurídica dos atos internos e, mais 
ainda, de um direito natural à imoralidade é o princípio mais 
autenticamente revolucionário do liberalismo moderno. 
 
Características e Fontes do Direito Penal 
Conforme lecionam André Estefam e Victor Eduardo Rios 
Gonçalves as Fontes do direito são a origem das normas jurídicas. As 
Dividem-se em: fontes materiais, substanciais ou de produção, as 
quais indicam o órgão encarregado da produção do Direito Penal; e 
fontes formais, de conhecimento ou de cognição, correspondem às 
espécies normativas (em sentido lato) que 
podem conter normas penais. 
 
Fontes materiais, substanciais ou de produção 
No ordenamento jurídico brasileiro , somente a União possui 
competência legislativa para criar normas penais (CF, art. 22, I). 
A Carta Magna, em seu parágrafo único, ao dispor que “lei 
complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre 
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo” trouxe 
uma inovação ao nosso ordenamento jurídico. 
Trata-se de competência legislativa suplementar, de ordem 
facultativa, que poderá ser instituída a critério da União. Conforme já 
destacamos nesta obra, desde a promulgação da Carta Política vigente 
não se fez uso dessa prerrogativa. Se isto vier a ocorrer, diversos limites 
deverão ser observados, não só formais, como a necessidade de edição 
de lei complementar autorizadora, fixando as questões específicas a 
serem abordadas, senão também materiais. 
Aos Estados (e ao Distrito Federal, a quem igualmente socorre a 
competência suplementar), será vedado disciplinar temas 
fundamentais de Direito Penal, notadamente aqueles ligados à 
Parte Geral. A lei local, ainda, deverá manter-se em harmonia com a 
federal, estabelecendo-se entre ambas uma relação de regra e 
exceção, cumprindo que esta seja plenamente justificada diante de 
peculiaridades regionais. Os Estados e o Distrito Federal poderão, para 
regular temas específicos, definir condutas como infrações penais e 
impor-lhes a respectiva pena, sem jamais afrontar a lei federal, 
inovando apenas no que se refere às suas particularidades. 
 
Fontes formais, de conhecimento ou de cognição 
As fontes formais referem-se às espécies normativas (em 
sentido lato) que podem conter normas penais (incriminadoras ou não 
incriminadoras). Subdividem-se em imediatas (ou primárias) e 
mediatas (ou secundárias). 
Somente a lei (em sentido estrito) pode servir como fonte 
primária e imediata do direito penal, em face do princípio 
constitucional da reserva legal, embutido no art. 5º, XXXIX, da CF e 
reiterado no art. 1º do CP. Frise-se, que normas incriminadoras 
deverão obrigatoriamente estar previstas em leis ordinárias ou 
complementares. Admitem-se, no entanto, fontes secundárias ou 
mediatas: são os costumes, ou seja um conjunto de regras sociais a que 
pessoas obedecem de maneira uniforme e constante pela convicção 
de sua obrigatoriedade, de acordo com cada sociedade e cultura 
específica, os princípios gerais de direito premissas 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
10 
 
 
do direito, e a analogia in bonam partem. Estas fontes somente 
podem servir como base para normas penais permissivas; jamais 
como fundamento de criação ou agravamento de normas penais 
incriminadoras (CF, art. 5º, XXXIX, e CP, art. 1º). 
Os princípios gerais do direito e os costumes, portanto, somente 
incidem na seara da licitude penal, ampliando-a. Os costumes, além 
disso, representam importante recurso interpretativo, sobretudo no 
tocante aos elementos normativos presentes em alguns tipos penais. 
Anote-se, por derradeiro, que os costumes não revogam lei penal (art. 
2º, § 1º, da LINDB[5] — Decreto-lei n. 4.657/42). 
 
Lei Penal em Branco 
 
▪ Interpretação e Analogia 
As normas penais em branco são normas que dependem do 
complemento de outra norma. 
 
Norma Penal em branco 
Homogênea 
Norma Penal em branco 
Heterogênea 
A norma complementar 
possui o mesmo 
nível hierárquico 
da norma penal. 
Quando homovitelina, 
corresponde ao mesmo 
ramo do Direito, ex. 
Penal e Penal. Quando 
heterovitenila, abrange 
ramos diferentes do 
Direito, ex. Penal e Civil. 
 
 
A norma complementar 
não possui o mesmo nível 
hierárquico da norma penal. 
Ex. o complemento da lei de 
drogas está em decreto 
que define substâncias 
consideradas drogas. 
 
Outro ponto fundamental é a diferenciação entre analogia e 
interpretação analógica: 
 
A lei penal admite 
interpretação analógica Já a analogia só pode 
para incluir hipóteses ser utilizada em normas 
análogas às elencadas 
pelo legislador, ainda que 
não incriminadoras, para 
beneficiar o réu. 
prejudiciais ao agente. 
 
 
Lei Penal no Tempo 
▪ Conflito Aparente de Leis Penais e Tempo do Crime 
A lei penal é regida pelo princípio da anterioridade, em 
consonância com a legalidade: 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não 
há 
pena sem prévia cominação legal. 
Primeiro o fato tem que ser criminalizado para depois ser 
punido. Sem a previsão legal não há crime e punição estatal. 
No mesmo sentido, existe o princípio da abolitio criminis: 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e 
os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que 
decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL. A LEI PENAL NO TEMPO E NO 
ESPAÇO. TEMPO E LUGAR DO CRIME. TERRITORIALIDADE E 
EXTRATERRITORIALIDADE DA 
LEI PENAL 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
11 
 
 
Assim, caso a lei ocorra a descriminação de uma conduta 
criminosa, ela retroage para apagar os efeitos penais do passado, ex. o 
condenado para de cumprir a pena. 
A exceção fica por conta da lei excepcional e temporária: 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o 
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
Mesmo com a revogação da lei excepcional ou temporário o 
agente responde pelos atos praticados no período de sua vigência, com o 
escopo de evitar a impunidade do agente. 
Sobre o tempo do crime, é importante saber que a teoria da 
atividade é adotada pelo Código Penal, de maneira que, considera- se 
praticado o crime no momento da ação ou omissão (data da 
conduta): 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação 
ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
 
Nos crimes permanentes e continuados aplica-se a lei em vigor 
ao final da prática criminosa, ainda que mais gravosa. Não é caso de 
retroatividade, pois na verdade, a lei mais grave está sendo aplicada 
aum crime que ainda está sendo praticado. 
Sobre o conflito aparente de leis penais, a doutrina resolve essa 
aparente antinomia através dos seguintes princípios: 
• Princípio da especialidade = norma especial prevalece sobre a 
geral, ex. infanticídio. 
• Princípio da subsidiariedade = primeiro tentar aplicar o crime 
mais grave, se não for o caso, aplicar a norma subsidiária, menos 
grave. 
• Consunção = ao punir o todo pune a parte. Ex. crime 
progressivo (o agente necessariamente precisa passar pelo crime menos 
grave), progressão criminosa (o agente queria praticar um crime menos 
grave, mas em seguida pratica crime mais grave), atos impuníveis 
(prévios, simultâneos ou subsequentes). 
 
Lei Penal no Espaço 
▪ Lugar do Crime, Territorialidade e Extraterritorialidade 
Quanto à aplicação da lei penal no espaço, a regra adotada no 
Brasil é a utilização do princípio da territorialidade, ou seja, aplica- se a 
lei penal aos crimes cometidos no território nacional. 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no 
território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do 
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de 
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que 
se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto- 
mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados 
a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade 
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em 
vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar 
territorial do Brasil. 
 
Como o CP admite algumas exceções, podemos dizer que foi 
adotado o princípio da territorialidade mitigada/temperada. 
Fique atento, pois são considerados como território brasileiro por 
extensão: 
• Navios e aeronaves públicos; 
• Navios e aeronaves particulares, desde que se encontrem em 
alto mar ou no espaço aéreo. Ou seja, não estando no território de nenhum 
outro país. 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
12 
 
 
Por outro lado, a extraterritorialidade é a aplicação da lei 
penal brasileira a um fato criminoso que não ocorreu no território 
nacional. 
 
Extraterritorialidade 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos 
no 
estrangeiro: 
I - os crimes (EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA): 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito 
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa 
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação 
instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou 
domiciliado no Brasil; 
II - os crimes (EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA): 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a 
reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em 
território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei 
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira 
depende do concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei 
brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter 
aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por 
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei 
mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime 
cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, 
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
Quanto ao lugar do crime, a teoria adotada é a da ubiquidade: 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que 
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde 
se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
Portanto, o lugar do crime é tanto o local da ação/omissão, 
quanto o local da ocorrência do resultado, ex. o local do disparo da 
arma e o local da morte. 
 
 
Conceito 
O crime, para a teoria tripartida, é fato típico, ilícito e culpável. 
Alguns, entendem que a culpabilidade não é elemento do crime 
(teoria bipartida). 
CRIMES. CLASSIFICAÇÃO. O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS. 
CRIME CONSUMADO E TENTADO. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E 
ARREPENDIMENTO EFICAZ. CRIMES IMPOSSÍVEIS. DOLO E CULPA. 
ERRO. ILICITUDE E CAUSAS DE EXCLUSÃO. EXCESSO PUNÍVEL. 
CULPABILIDADE 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
13 
 
 
Classificações 
• Crime comum: qualquer pessoa pode cometê-lo. 
• Crime próprio: exige determinadas qualidades do sujeito. 
• Crime de mão própria: só pode ser praticado pela pessoa. Não 
cabe coautoria. 
• Crime material: se consuma com o resultado. 
• Crime formal: se consuma independente da ocorrência do 
resultado. 
• Crime de mera conduta: não há previsão de resultado 
naturalístico. 
 
Fato Típico e Teoria do Tipo 
O fato típico divide-se em elementos: 
• Conduta humana; 
• Resultado naturalístico; 
• Nexo de causalidade; 
• Tipicidade. 
 
▪ Teorias que explicam a conduta 
 
Teoria Causal- 
Naturalística 
Teoria Finalista (Hans 
Welzel) 
Teoria Social 
Conduta como 
movimento 
corporal. 
Conduta é ação 
voluntária (dolosa ou 
culposa) destinada a 
uma finalidade. 
Ação humana 
voluntária com 
relevância social. 
 
A teoria finalista da conduta foi adotada pelo Código Penal, pois 
como veremos adiante o erro constitutivo do tipo penal exclui o dolo, 
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Isso 
demonstra que o dolo e a culpa se inserem na conduta. 
A conduta humana pode ser uma ação ou omissão. Há também o 
crime omissivo impróprio, no qual a ele é imputado o resultado, em 
razão do descumprimento do dever de vigilância, de acordo com a 
TEORIA NATURALÍSTICO-NORMATIVA. 
Perceba a diferença: 
• Crime comissivo = relação de causalidade física ou natural que 
enseja resultado naturalístico, ex. eu mato alguém. 
• Crime comissivo por omissão (omissivo impróprio) = relação de 
causalidade normativa, o descumprimento de um dever leva ao 
resultado naturalístico, ex. uma babá fica no Instagram e não vê a criança 
engolir produtos de limpeza – se tivesse agido teria evitado o resultado. 
 
O dever de agir incumbe a quem? 
A quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância, ex. os pais. 
A quem tenha assumido a responsabilidade de impedir o 
resultado, ex. por contrato. 
A quem com o seu comportamento anterior, criou o risco da 
ocorrência do resultado (norma de ingerência), ex. trote de 
faculdade. 
 
Quanto ao resultado naturalístico, é considerado como 
mudança do mundo real provocado pela conduta do agente. Nos 
crimes materiais exige-se um resultado naturalístico para a 
consumação, ex. o homicídio tem como resultado naturalístico um corpo 
sem vida. 
Nos crimes formais, o resultado naturalístico pode ocorrer, mas a sua 
ocorrência é irrelevante para o Direito Penal, ex. auferir de fato 
vantagem no crime de corrupção passiva é mero exaurimento. 
Já os crimes de mera conduta são crimes em que não há um 
resultado naturalístico, ex. invasão de domicílio – nada muda no 
mundo exterior. 
Mas não confunda! O resultado normativo/jurídico ocorre em todo 
e qualquer crime, isto é, lesão ao bem jurídico tutelado pela norma 
penal. 
O nexo de causalidade consiste no vínculo que une a conduta do 
agente ao resultado naturalístico ocorridono mundo exterior. No 
Brasil adotamos a Teoria da Equivalência dos Antecedentes 
(conditio sine qua non), que considera causa do crime toda conduta 
sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Por algum tempo a teoria da equivalência dos antecedentes foi 
criticada, no sentido de até onde vai a sua extensão?! Em resposta 
a isso, ficou definido que como filtro o dolo. Ou seja, só será 
considerada causa a conduta que é indispensável ao resultado e que foi 
querida pelo agente. Assim, toda conduta que leva ao resultado do 
crime deve ser punida, desde que haja dolo ou culpa. 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, 
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a 
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 
Em contraposição a essa teoria, existe a Teoria da Causalidade 
Adequada, adotada parcialmente pelo sistema brasileiro. Trata-se 
de hipótese de concausa superveniente relativamente independente 
que, por si só, produz o resultado. 
Mas pera... O que é uma concausa? Circunstância que atua 
paralelamente à conduta do agente em relação ao resultado. As 
concausas absolutamente independentes são aquelas que não se 
juntam à conduta do agente para produzir o resultado, e podem ser: 
• Preexistentes: Já tinham colocado veneno no chá do meu 
desafeto quando eu vou matá-lo. 
• Concomitantes: Atiro no meu desafeto, mas o teto cai e mata 
ele. 
• Supervenientes: Dou veneno ao meu desafeto, mas antes de 
fazer efeito alguém o mata. 
 
Consequência em todas as hipóteses de concausa 
absolutamente independente: O agente só responde por tentativa, 
porque o resultado se deu por causa absolutamente independente. Se 
subtrair a conduta do agente, o resultado teria ocorrido de qualquer 
jeito (teoria da equivalência dos antecedentes). 
Até aí fácil né? Mas agora vem o pulo do gato! Existem as 
concausas relativamente independentes, que se unem a outras 
circunstâncias para produzir o resultado. 
• Preexistente: O agente provoca hemofilia no seu desafeto, já 
sabendo de sua doença, que vem a óbito por perda excessiva de 
sangue. Sem sua conduta o resultado não teria ocorrido e ele teve 
dolo, logo, o agente responde pelo resultado (homicídio 
consumado), conforme a teoria da equivalência dos antecedentes. 
• Concomitante: Doses de veneno se unem e levam a óbito a 
vítima. Sem sua conduta o resultado não teria ocorrido e existe dolo, logo, 
o agente responde pelo resultado (homicídio consumado), conforme a 
teoria da equivalência dos antecedentes. 
 
• Superveniente: Aqui tudo muda, pois é utilizada a teoria da 
causalidade adequada. Se a concausa não é um desdobramento natural 
da conduta, o agente só responde por tentativa, ex. eu dou um tiro no 
agente, mas ele morre em um acidente fatal dentro da ambulância. 
Todavia, se a concausa é um desdobramento da conduta do agente, 
ele responde pelo resultado, ex. infecção generalizada gerada pelo 
ferimento do tiro (homicídio consumado). 
8 
 
 
NOÇÕES DE DIREITO PE 
Agora vem a cereja do bolo, com a Teoria da Imputação 
Objetiva (Roxin). Em linhas gerais, nessa visão, só ocorre imputação ao 
agente que criou ou aumentou um risco proibido pelo Direito, desde 
que esse risco tenha ligação com o resultado. Ex. Eu causo um incêndio na 
casa do meu desafeto, serei imputada pelo incêndio, não pela morte de 
alguém que entrou na casa para salvar bens. 
Explicando melhor, para a teoria da imputação objetiva, a 
imputação só pode ocorrer quando o agente tiver dado causa ao fato 
(causalidade física), mas, ao mesmo tempo, haja uma relação de 
causalidade normativa, isto é, criação de um risco não permitido para o 
bem jurídico que se pretende tutelar. 
 
Criar ou aumentar um risco + O risco deve ser proibido pelo Direito 
+ O risco deve ser criado no resultado 
 
Por fim, a tipicidade consiste na subsunção – adequação da 
conduta do agente a uma previsão típica. Algumas vezes é 
necessário usar mais de um tipo penal para fazer a subsunção 
(conjugação de artigos). 
Ainda dentro do fato típico, vamos analisar dolo e culpa. Com o 
finalismo (Hans Welzel), o dolo e a culpa, que são elementos 
subjetivos, foram transportados da culpabilidade para o fato típico 
(conduta). Assim, a conduta passou a ser definida como ação 
humana dirigida a um fim. 
 
Crime Doloso 
• Dolo direto = vontade livre e consciente de praticar o crime. 
• Dolo eventual = assunção do risco produzido pela conduta. 
Perceba que no dolo eventual existe consciência de que a 
conduta pode gerar um resultado criminoso, e mesmo diante da 
probabilidade de dar algo errado, o agente assume esse risco. 
 
 
Dolo genérico 
Vontade de praticar a conduta 
descrita no tipo penal sem 
nenhuma outra finalidade 
Dolo específico 
(especial fim de agir) 
O agente pratica a conduta típica 
por alguma razão especial. 
Dolo direto de primeiro 
grau 
A vontade é direcionada para a 
produção do resultado. 
 
 
 
Dolo direto de 
segundo grau (dolo de 
consequências 
necessárias) 
O agente possui uma vontade, 
mas sabe que para atingir 
sua finalidade existem 
efeitos colaterais que irão 
necessariamente lesar outros bens 
jurídicos. 
Ex. dolo direto de primeiro grau é 
atingir o Presidente, dolo direto de 
segundo grau é atingir o motorista do 
Presidente, ao colocar uma bomba 
no carro. 
 
 
Dolo geral, por erro 
sucessivo, aberratio 
causae (erro de relação de 
causalidade) 
Ocorre quando o agente, 
acreditando ter alcançado seu 
objetivo, pratica nova conduta, com 
finalidade diversa, mas depois se 
constata que esta última foi 
a que efetivamente causou o 
resultado. Ex. enforco e depois 
atiro no lago, e a vítima morre de 
afogamento. 
 
NAL , PROCESSUAL PENAL 
 
 
 
Dolo antecedente, 
atual e subsequente 
O dolo antecedente é o que se dá 
antes do início da execução. O dolo 
atual é o que está presente 
durante a execução. O dolo 
subsequente ocorre quando 
o agente inicia a conduta com 
finalidade lícita, mas altera o seu 
ânimo e passa a agir de forma 
ilícita. 
 
Crime Culposo 
No crime culposo, a conduta do agente viola um dever de 
cuidado: 
• Negligência: o agente deixa de fazer algo que deveria. 
• Imprudência: o agente se excede no que faz. 
• Imperícia: O agente desconhece uma regra técnica 
profissional, ex. o médico dá um diagnóstico errado ao paciente que vem a 
receber alta e falecer. 
 
▪ Requisitos do crime culposo 
a) Conduta Voluntária: o fim da conduta pode ser lícito ou ilícito, mas 
quando ilícito não é o mesmo que se produziu (a finalidade não é do 
resultado). 
b) Violação de um dever objetivo de cuidado: negligência, 
imprudência, imperícia. 
c) Resultado naturalístico involuntário (não querido). 
d) Nexo causal. 
e) Tipicidade: o fato deve estar previsto como crime culposo 
expressamente. 
f) Previsibilidade objetiva: o homem médio seria capaz de 
prever o resultado. 
 
Culpa Consciente Culpa Inconsciente 
O agente prevê o resultado 
como possível, mas acredita 
sinceramente que este não irá 
ocorrer. 
O agente não prevê que o 
resultado possa ocorrer. 
Só tem a previsibilidade 
objetiva, mas não subjetiva. 
 
Culpa Própria Culpa Imprópria 
 
 
O agente não quer o resultado 
criminoso. 
O agente quer o resultado, mas 
acha que está amparado por 
uma excludente de ilicitude 
ou culpabilidade. 
Consequência: exclui o dolo, 
mas imputa culpa. 
 
Não existe no Direito Penal brasileiro compensação de culpas, de 
maneira que cada um deve responder pelo o que fez. Outro ponto 
interessante é que o crime preterdoloso é uma espécie de crime 
qualificado pelo resultado. No delito preterdoloso, o resultado que 
qualifica o crime é culposo: Dolo na conduta inicial e culpa no resultado 
que ocorreu. 
O crime material consumado exige conduta + resultado 
naturalístico + nexo de causalidade + tipicidade. Nos crimes 
tentados, por não haver consumação (resultado naturalístico), não 
estarão presentes resultado e nexo de causalidade. Eventualmente, a 
tentativapode provocar resultado naturalístico e nexo causal, mas 
diverso do pretendido pelo agente no momento da prática 
criminosa. 
Na adequação típica mediata, o agente não pratica exatamente a 
conduta descrita no tipo penal, mas em razão de uma outra norma 
9 
 
 
que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
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penal, ele deve responder pelo crime. Ex. O agente inicia a execução penal, 
mas em razão a circunstâncias alheias à vontade do agente o resultado 
pretendido (consumação) não ocorre – o agente é punido pelo 
crime, mas de forma tentada. 
 
Crime Preterdoloso 
O crime preterdoloso é uma espécie de crime qualificado pelo 
resultado. No delito preterdoloso, o resultado que qualifica o crime é 
culposo: Dolo na conduta inicial e culpa no resultado que ocorreu. 
Como consequência, o crime preterdoloso não admite tentativa, já 
que o resultado é involuntário. 
 
Erro de Tipo 
 
▪ Erro de tipo essencial 
O agente desconhece algum dos elementos do tipo penal. Ou 
seja, há uma representação errônea da realidade, na qual o agente 
acredita não se verificar a presença de um dos elementos essenciais que 
compõe o tipo penal. Quem nunca pegou a coisa de alguém pensando 
que era sua?! Cometeu furto? Não, pois faltou você saber que a coisa 
era alheia. O erro de tipo exclui o dolo e a culpa (se foi um erro 
perdoável/escusável) ou exclui o dolo e o agente só responde por 
culpa, se prevista (no caso de erro inescusável). 
Outros exemplos: não sabe que o agente é funcionário público, em 
desacato; não sabe que é garantidor em crime comissivo por omissão; 
erro sobre o elemento normativo, ex. justa causa. 
Não restam mais dúvidas, certo? Erro de tipo é erro sobre a 
existência fática de um dos elementos que compõe o tipo penal. 
 
▪ Erro de tipo acidental 
Aqui o erro ocorre na execução ou há um desvio no nexo 
causal da conduta com o resultado. 
• Erro sobre a pessoa: O agente pratica o ato contra pessoa diversa 
da pessoa visada, por confundi-la com o seu alvo, que nem está no local 
dos fatos. Consequência: o agente responde como se tivesse 
praticado o crime contra a pessoa visada (teoria da equivalência). 
• Erro sobre o nexo causal: o resultado é alcançado mediante 
um nexo causal diferente daquele que planejou. 
a) Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: com um ato o 
agente produz o resultado, apesar do nexo causal ser diferente, ex. eu 
disparo contra o meu desafeto, mas ele morre afogado ao cair na 
piscina. Consequência: o agente responde pelo o que efetivamente 
ocorreu (morte por afogamento). 
b) Dolo geral/aberratio causae/dolo geral ou sucessivo: O 
agente acredita que já ocorreu o resultado pretendido, então, 
pratica outro ato (+ de 1 ato). Ao final verifica-se que o último ato foi o 
que provocou o resultado. Consequência: o agente responde pelo nexo 
causal efetivamente ocorrido, não pelo pretendido. 
 
• Erro na execução (aberratio ictus): é o famoso erro de 
pontaria, no qual a pessoa visada e a de fato acertada estão no 
mesmo local. 
a) Erro sobre a execução com unidade simples (aberratio ictus de 
resultado único): O agente somente atinge a pessoa diversa da 
pretendida. Consequência: responde como se tivesse atingido a pessoa 
visada. 
b) Erro sobre a execução com unidade complexa (aberratio ictus 
de resultado duplo): O agente atinge a vítima pretendida, e, também, a 
vítima não pretendida. Consequência: responde pelos dois crimes em 
concurso formal. 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
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• Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido 
(aberratio delicti ou aberratio criminis): o agente pretendia 
cometer um crime, mas por acidente ou erro na execução acaba 
cometendo outro (relação pessoa x coisa ou coisa x pessoa). 
a) Com unidade simples: O agente atinge apenas o resultado não 
pretendido. Ex. uma pessoa é visada, mas uma coisa é atingida 
– responde pelo dolo em relação a pessoa, na forma tentada 
(tentativa de homicídio, tentativa de lesão corporal). Ex. Uma coisa é 
visada, mas a pessoa é atingida – responde apenas pelo resultado 
ocorrido em relação à pessoa, de forma culposa (homicídio culposo, 
lesão corporal culposa). 
b) Com unidade complexa: O agente atinge tanto a pessoa 
quanto a coisa. Consequência: responde pelos dois crimes em 
concurso formal. 
 
• Erro sobre o objeto (Error in objecto): imagine que o agente 
deseja furtar uma valiosa obra de arte, mas acaba subtraindo um 
quadro de pequeno valor, por confundir-se. Consequência: o agente 
responde pelo o que efetivamente fez. 
 
▪ Erro determinado por terceiro 
O agente erra porque alguém o induz a isso, de maneira que o 
autor mediato (quem provocou o erro) será punido. O autor 
imediato (quem realiza) é mero instrumento, e só responderá caso 
ficar demonstrada alguma forma de culpa. 
 
Iter Criminis 
Iter Criminis significa caminho percorrido pelo crime. A 
cogitação (fase interna) não é punida – ninguém pode ser punido 
pelos seus pensamentos. Os atos preparatórios, em regra, também, não 
são punidos. 
A partir do início da execução do crime, o agente sofre 
punição. Caso complete o que é dito pelo tipo penal, o crime estará 
consumado; caso não se consume por circunstâncias alheias à 
vontade do agente, pune-se a tentativa. 
 
Tentativa 
O crime material consumado exige conduta + resultado 
naturalístico + nexo de causalidade + tipicidade. Nos crimes 
tentados, por não haver consumação (resultado naturalístico), não 
estarão presentes resultado e nexo de causalidade. Eventualmente, a 
tentativa pode provocar resultado naturalístico e nexo causal, mas 
diverso do pretendido pelo agente no momento da prática 
criminosa. 
Na adequação típica mediata, o agente não pratica exatamente a 
conduta descrita no tipo penal, mas em razão de uma outra 
norma que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo 
penal, ele deve responder pelo crime. Ex. O agente inicia a execução 
penal, mas em razão a circunstâncias alheias à vontade do agente o 
resultado pretendido (consumação) não ocorre – o agente é punido 
pelo crime, mas de forma tentada. 
O CP adotou a teoria dualística/realista/objetiva da 
punibilidade da tentativa. Assim, a pena do crime tentado é a pena do 
crime consumado com diminuição de 1/3 a 2/3 (varia de acordo o 
quanto chegou perto do resultado). Isso ocorre porque o desvalor do 
resultado para a sociedade é menor. 
— Tentativa branca ou incruenta = o agente não atinge o bem que 
pretendia lesar; 
— Tentativa vermelha ou cruenta = o agente atinge o bem que 
pretendia lesar; 
— Tentativa perfeita = o agente completa os atos de execução; 
— Tentativa imperfeita = o agente não esgota os meios de 
execução. 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
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▪ Crimes que não admitem tentativa 
• Culposo (é involuntário); 
• Preterdoloso (o resultado é involuntário); 
• Unissubsistente (um ato só); 
• Omissivo puro (não dá para tentar se omitir); 
• Perigo abstrato (só de gerar o perigo o crime se consuma); 
• Contravenção (a lei quis assim); 
• De atentado/empreendimento (a tentativa já gera 
consumação); 
• Habitual (atos isolados são indiferentes penais). 
 
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz 
Ambas afastam a tipicidade do dolo inicial e o agente só 
responde pelo o que fez (danos que efetivamente causou). 
• Na desistência voluntária, o agente voluntariamente desiste de 
dar sequência aos atos executórios iniciados, mesmo podendo fazê-lo 
(fórmula de Frank). O resultado não se consuma por desistência do 
agente. 
• No arrependimento eficaz, o agente pratica todos os atos de 
execução, mas após isto se arrepende e adota medidas que impedem 
a consumação. 
 
Atenção: se o resultado, ainda assim, vier a ocorrer, o agente 
responde pelo crime com uma atenuante genérica. 
Atenção: se o crime for cometido em concurso de pessoas e 
somente um deles realiza a conduta de desistência voluntária ou 
arrependimentoeficaz, esta circunstância se comunica aos demais. 
Motivo: Trata-se de exclusão da tipicidade, o crime não foi cometido, 
respondendo todos apenas pelos atos praticados até então. 
 
Arrependimento Posterior 
É uma causa de diminuição de pena para o crime já consumado, desde 
que: 
1. Crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa, ou 
culposo; 
2. O juiz ainda não recebeu a denúncia ou queixa; 
3. O agente reparou o dano ou restituiu a coisa voluntariamente. 
— A diminuição é de 1/3 a 2/3, a depender da celeridade e 
voluntariedade do ato. 
— O arrependimento posterior se comunica aos demais 
agentes. 
— Se a vítima se recusar a receber a reparação mesmo assim o 
agente terá a diminuição de pena. 
 
Crime Impossível (tentativa inidônea) 
Embora o agente inicie a execução do delito, jamais o crime se 
consumará. 
Por quê? O meio utilizado é completamente ineficaz ou o 
objeto material do crime é impróprio para aquele crime. 
Ex. Ineficácia absoluta do meio = arma que não dispara. 
Ex. Absoluta impropriedade do objeto = atirar em corpo sem 
vida. 
O CP adotou a teoria objetiva da punibilidade do crime 
impossível, ou seja, não é punido (atipicidade). 
Câmeras e dispositivos de segurança em estabelecimentos 
comerciais não tornam o crime impossível. 
 
Ilicitude 
Estado de Necessidade, Legítima Defesa, Estrito Cumprimento de 
Dever Legal, Exercício Regular de Direito. 
A ilicitude, também conhecida como antijuridicidade, nos traz a 
ideia de que a conduta está em desacordo com o Direito. 
Presente o fato típico, presume-se que o fato é ilícito. Assim, o ônus 
da prova passa a ser do acusado, ou seja, o acusado é quem vai precisar 
comprovar a existência de uma excludente de ilicitude. 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
12 
 
 
As excludentes da ilicitude podem ser genéricas (incidem em 
todos os crimes) ou específicas (próprias de alguns crimes). 
Causas genéricas = estado de necessidade; legítima defesa; 
exercício regular de direito; estrito cumprimento do dever legal. 
Causa supralegal de exclusão da ilicitude = consentimento do 
ofendido nos crimes contra bens disponíveis. 
 
a) Estado de Necessidade: 
Art. 24 – Considera-se em estado de necessidade quem 
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por 
sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou 
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável 
exigir-se. 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o 
dever legal de enfrentar o perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito 
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 
De acordo com a TEORIA UNITÁRIA, o bem jurídico protegido deve 
ser de valor igual ou superior ao sacrificado. Ex. vida x vida. Se 
compromete um bem de maior valor para salvar um bem de menor 
valor incide uma causa de diminuição de pena (-1/3 a 2/3). 
 
Requisitos: 
— Perigo a um bem jurídico próprio ou de terceiro; 
— Conduta do agente na qual ele sacrifica o bem alheio para 
salvar o próprio ou do terceiro; 
— A situação de perigo não pode ter sido criada voluntariamente 
pelo agente; 
— O perigo tem que estar ocorrendo (atual); 
— O agente não pode ter o dever jurídico de impedir o 
resultado, ex. bombeiro; 
— A conduta do agente precisa ser inevitável (o bem jurídico só 
pode ser salvo se ele agir); 
— A conduta do agente precisa ser proporcional (salvar bem de 
valor igual ou maior). 
 
Estado de 
necessidade 
agressivo 
Estado de 
necessidade 
defensivo 
Estado de 
necessidade 
real 
Estado de 
necessidade 
putativo 
 
 
 
 
O agente 
prejudica o 
bem jurídico 
de terceiro 
que não 
produziu o 
perigo. 
Obs. o agente 
precisa 
indenizar. 
 
 
 
 
 
O agente 
sacrifica o 
bem jurídico 
de quem 
provocou o 
perigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O perigo 
existe. 
Quando a 
situação de 
perigo não 
existe de fato, 
apenas na 
imaginação do 
agente. 
Consequência: 
se o erro é 
escusável, 
exclui dolo e 
culpa; se o erro é 
inescusável, 
exclui o dolo, 
mas responde 
por culpa, se 
prevista. 
 
• Estado de necessidade recíproco é possível, se nenhum deles 
provocou o perigo. 
• O estado de necessidade se comunica a todos os agentes. 
 
b) Legítima Defesa: 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, 
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
13 
 
 
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no 
caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o 
agente de segurança pública que repele agressão ou risco de 
agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 
O agente pratica um fato para repelir uma agressão injusta, atual ou 
iminente (prestes a ocorrer), contra direito próprio ou alheio. Ex. o dono 
de um animal bravo utiliza o animal como instrumento de agressão 
contra outrem – o agente poderá se defender. 
• Cabe LD contra agressão de inimputável; 
• Ainda que possa fugir, o agente pode escolher ficar e repelir a 
agressão (no estado de necessidade não); 
• Os meios utilizados devem ser suficientes e necessários para 
repelir a injusta agressão (proporcionalidade); 
• Na LD putativa, o agente pensa que está sendo agredido. 
Consequência: se o erro é escusável, exclui dolo e culpa; se o erro é 
inescusável, exclui o dolo, mas responde por culpa, se prevista. 
• É possível que ocorra LD sucessiva, ex. A agride B, B repele a 
agressão de forma excessiva, A passa ter o direito de agir em LD em razão 
do excesso (agressão injusta). 
• Se o bem é indisponível, a vontade do dono (consentimento) é 
indiferente para a atuação da LD de terceiro. 
• Não cabe LD real em face de LD real, porque falta injusta 
agressão. Por outro lado, pode ter LD putativa (agressão injusta) 
sucedida por LD real (repelir agressão injusta). 
 
c) Estrito Cumprimento do Dever Legal: 
O agente comete um fato típico, em razão de um dever legal. Mas 
não confunda! Quando um policial numa troca de tiros mata um 
bandido não age em estrito cumprimento de dever legal, mas em LD, 
pois não existe o dever legal de matar, mas sim injusta agressão. 
• O estrito cumprimento do dever legal se comunica aos 
demais agentes. 
• Particular também pode estar amparado pelo estrito 
cumprimento do dever legal. 
 
d) Exercício Regular de Direito: 
O agente age no legítimo exercício de um direito seu (previsto em 
lei). Ex. lutas desportivas. 
 
EXCESSO PÚNIVEL: EM TODAS AS EXCLUDENTES DE ILICUTDE, EVENTUAL 
EXCESSO SERÁ PUNIDO, SEJA ELE DOLOSO OU 
CULPOSO! 
 
Culpabilidade: Imputabilidade Penal, Potencial Consciência da 
Ilicitude, Exigibilidade de Conduta Diversa 
O último elemento da análise analítica do crime é a 
culpabilidade. Lembre-se, para a teoria tripartida o crime é fato típico, 
antijurídico e culpável. Para a teoria bipartida a culpabilidade é 
pressuposto para a aplicação da pena. 
A culpabilidade é o juízo de reprovabilidade, e divide-se nas 
seguintes teorias: 
• Teoria Psicológica: Os causalistas acreditavam que o agente era 
culpável se imputável no momento do crime e se havia agido com dolo 
ou culpa. 
• Teoria normativa (psicológico-normativa): Além de imputável e com 
dolo ou culpa o agente tinha que estar consciente da ilicitude e ser 
exigível conduta diversa. 
• Teoria extremada da culpabilidade (normativa pura): Se 
coaduna com a teoria finalista, pois dolo e culpa transportaram-se para 
a tipicidade (dolo subjetivo). Para essa teoria, os elementos da 
culpabilidade são: imputabilidade + potencial consciência da ilicitude 
(dolo normativo) + exigibilidade de conduta diversa. 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
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• Teoria limitada da culpabilidade: A teoria normativa pura se 
divide em teoria extremada e teoria limitada. O que as diferencia é o 
tratamento dado ao erro sobre as causas de justificação (exclusão da 
ilicitude), isto é, descriminantesputativas. A teoria extremada 
defende que todo erro que recaia sobre uma causa de justificação seja 
equiparado ao ERRO DE PROIBIÇÃO. A teoria limitada divide o erro 
sobre pressuposto fático da causa de justificação e o erro sobre a 
existência ou limites jurídicos de uma causa de justificação. No primeiro 
caso (erro de fato) aplicam-se as regras do erro de tipo, que aqui passa a 
se chamar erro de tipo permissivo. No segundo caso (erro sobre a 
ilicitude da conduta) aplicam-se as regras do erro de proibição. 
 
Obs.: O CP adota a teoria normativa pura limitada, ou seja, 
separa o erro de tipo do erro de proibição. 
 
▪ Elementos da culpabilidade: 
1. Imputabilidade Penal: Capacidade de entender o caráter 
ilícito da conduta e autodeterminar-se conforme o Direito. Na 
ausência de qualquer desses elementos será inimputável, de acordo com 
o critério biopsicológico. 
O CP também adota o critério biológico, pois os menores de 18 
anos são inimputáveis. 
Lembre-se que a imputabilidade penal deve ser aferida no 
momento que ocorreu o fato criminoso. 
Lembre-se, também, que em crime permanente só cessa a 
conduta quando a vítima é liberada (ex. sequestro), logo, a idade do 
agente vai ser analisada até que realmente cesse a conduta, com a 
libertação da vítima/apreensão do agente. 
O ordenamento jurídico prevê a completa inimputabilidade, 
que exclui a culpabilidade e impõe medida de segurança (sentença 
absolutória imprópria); bem como, prevê a semi-imputabilidade, que 
enseja medida de segurança (sentença absolutória imprópria) ou 
sentença condenatória com causa de diminuição de pena (-1/3 a 2/3). 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental 
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao 
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender 
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
Redução de pena 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois 
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental 
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não 
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
Atenção 
— Os índios podem ser imputáveis (integrados à sociedade), 
semi-imputáveis (parcialmente integrados à sociedade) ou 
inimputáveis (não integrados). 
— A conduta do sonâmbulo é atípica, pois falta conduta (dolo/ 
culpa). 
— A embriaguez acidental gera inimputabilidade (isenção de 
pena), desde que decorrente de caso fortuito ou força maior + 
completa + retirar totalmente a capacidade de discernimento do 
agente. Obs. se for parcial (retirar parcialmente a capacidade de 
discernimento do agente) a pena será reduzida. 
 
•Nos casos de embriaguez não se aplica medida de segurança, 
pois o agente não é doente mental. 
• A embriaguez voluntária e culposa não exclui a imputabilidade! 
• A lei de drogas exclui a imputabilidade do inebriado 
patológico. 
NOÇÕES DE DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL 
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— A embriaguez preordenada (se embriaga para cometer 
crime) não retira a imputabilidade do agente, pelo contrário, trata- se de 
circunstância agravante da pena. 
 
2. Potencial consciência da ilicitude: neste elemento da 
imputabilidade, é verificado se a pessoa tinha a possibilidade de 
conhecer o caráter ilícito do fato, de acordo com as suas 
características (não como parâmetro o homem médio). 
Quando o agente age acreditando que sua conduta não é 
penalmente ilícita comete erro de proibição. 
 
3. Exigibilidade de conduta diversa: É verificado se o agente podia 
agir de outro modo. Caso comprovado que não dava para agir de outra 
maneira, no caso concreto, a culpabilidade é excluída (isenção de pena). 
Ex. coação moral irresistível – uma pessoa coage outra a praticar 
determinado crime, sob ameaça de lhe fazer algum mal grave. Obs. se a 
coação é física exclui a tipicidade pela falta de conduta. Obs. se podia 
resistir a coação, recebe apenas uma atenuante genérica. Ex. 
obediência hierárquica – funcionário público cumpre ordem não 
manifestamente ilegal emanada pelo seu superior (isenção de pena). 
Obs. se a ordem é manifestamente ilegal comete crime. 
 
Concurso de Pessoas 
O concurso de pessoas consiste na colaboração de dois ou mais 
agentes para a prática de um delito ou contravenção penal. De acordo 
com a teoria monista (unitária), todos respondem pelo mesmo crime, na 
medida de sua culpabilidade. Ex. 3 amigos furtam uma casa, todos 
respondem pelo crime de furto, mas o juiz vai valorar a conduta de 
cada um de acordo com a individualidade dos agentes. 
 
Concurso de pessoas eventual 
Concurso de pessoas 
necessário 
O tipo penal não exige a 
presença de mais de uma 
pessoa. 
O tipo penal exige que a 
conduta seja praticada por 
mais de uma pessoa. 
 
▪ Requisitos do concurso de pessoas: 
— Pluralidade de agentes: Se um imputável determina que um 
inimputável realize um crime não existe concurso de pessoas, mas sim 
autoria mediata (o mandante é o autor do crime e o inimputável 
instrumento). 
Nos crimes plurissubjetivos (concurso de pessoas necessário), se um 
dos colaboradores não é culpável, mesmo assim haverá crime. 
Nos crimes eventualmente plurissubjetivos (concurso de 
pessoas eventual) não é necessário que todos os agentes sejam 
culpáveis, basta um deles para qualificar o crime, ex. o concurso de 
pessoas qualifica o furto, logo, se um é imputável, não importa se os 
demais são inimputáveis, pois o furto estará qualificado. 
Nesses casos que tem inimputáveis, mas eu considero o 
concurso para tipificar ou qualificar o crime a doutrina os denomina de 
concurso impróprio/aparente. 
— Relevância da colaboração: A participação do agente deve ser 
relevante para a produção do resultado. Ou seja, a colaboração que em 
nada contribui para o resultado é um indiferente penal. Além disso, a 
colaboração deve ser prévia ou concomitante à execução. A colaboração 
posterior à execução enseja crime autônomo, salvo o ajuste tenha 
ocorrido previamente. 
— Vínculo subjetivo (concurso de vontades): Ajuste ou adesão de um 
à conduta do outro. Caso não haja vínculo subjetivo entre os agentes 
haverá autoria colateral, e não coautoria. 
— Unidade de crime (identidade de infração): todos respondem 
pelo mesmo crime. 
— Existência de fato punível: a colaboração só é punível se o crime for, 
pelo menos, tentado (princípio da exterioridade – exige o início da 
execução). 
• Na autoria mediata por inimputabilidade do agente não basta que o 
executor seja inimputável, ele deve ser um instrumento do mandante (não ter 
o mínimo discernimento). 
• Na autoria mediata por erro do executor, quem pratica a conduta é 
induzido a erro pelo mandante (erro de tipo ou erro de proibição), ex. 
médico determina que enfermeira aplique uma injeção tóxica no paciente 
alegando que é um medicamento normal. 
• Na autoria mediata por coação do executor existe coação moral 
irresistível, a culpabilidade é apenas do coator, não do coagido 
(inexigibilidade de conduta diversa). 
• Para ter autoria mediata em crime próprio, o autor mediato 
(mandante) precisa reunir as condições especiais exigidas pelo tipo penal. 
Se o mandante não reúne as condições do crime próprio há autoria por 
determinação, punindo quem exerce sobre a conduta domínio 
equiparado à figura da autoria (autor da determinação da 
conduta/responsável pela sua ocorrência). 
• Nos crimes de mão própria não se admite autoria mediata, porque o 
crime não pode ser realizado por interposta pessoa. Todavia, pode ter a figura 
do autor por determinação (pune quem determinou o crime). 
 
Autor é quem pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal, todos 
os demais que de alguma forma prestarem colaboração serão partícipes. 
Essa teoria foi adotada pelo Código Penal e é denominada de teoria objetivo-
formal. 
No entanto, atente-se para a teoria do domínio do fato (nos crimes 
dolosos), criada por Hans Welzel e desenvolvida por Claus

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