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Paradigmas atuais da Educação A Educação em busca de si mesma

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Paradigmas atuais da Educação: A Educação
em busca de si mesma
O que vigora, muitas vezes, nas escolas é uma tendência de se formular um currículo insípido
e nebuloso.
Resumo: Vivemos hoje um tempo de vacuidade ideológica, em que a busca pelos meios de vida substituiu em parte a
procura pelos fins mais elevados. O que vigora, muitas vezes, nas escolas é uma tendência de se formular um currículo
insípido e nebuloso: insípido quando voltado para conteúdos utilitaristas sem vínculos com ideais de qualquer tipo; nebuloso
quando postula a formação do caráter da juventude ao mesmo tempo em que nega – pelo exemplo social e até de alguns
educadores – o valor absoluto dos princípios do espírito.
Palavras-chave: Educação. Liberdade. Consciência. Currículo.
Aristóteles já ensinava que o primeiro passo para se definir o currículo é idealizar um modelo de Estado que se deseja
erigir. Uma sociedade baseada em ambições explicitamente bélicas, como a de Esparta, possuía um projeto educacional
dedicado a enrijecer os músculos, desenvolver a coragem e embotar a liberdade individual, o que ajudava a estabelecer
uma disciplina militar absoluta, ao passo que o ideal ateniense de vida – sintetizado na busca de três valores do espírito
humano: o Bom, o Belo e o Verdadeiro – pedia um currículo centrado no desenvolvimento da ética, da estética e da ciência.
Ora, a mesma antiga reflexão aristotélica é um dos grandes desafios para a nossa geração. Que tipo de sociedade
desejamos edificar? Que tipo de currículo educacional nos ajudará a chegar lá?
As utopias podem e devem cumprir um papel importante no desenvolvimento social, especialmente no tocante à educação.
Se formos capazes de manter em nossas mentes a visão de uma sociedade que no futuro seja pacífica, colaborativa, plural,
justa, sustentável e democrática, com abundância simultânea de meios, oportunidades e liberdades para todos, saberemos
como iniciar a construção de um currículo competente, e teremos a coragem de assumir um posicionamento mais nítido na
defesa dos princípios que consolidam o caráter do indivíduo.
Ninguém é perfeito, mas a busca sincera pelo aperfeiçoamento mental, intelectual, é uma força integradora e
transformadora que atua de modo decisivo sobre o consciente e o inconsciente dos jovens mais sensíveis de cada geração.
Se quisermos perseguir (ainda que apenas perseguir) esse tipo de sociedade ideal, teremos de estimular na juventude
algumas das seguintes características:
Autoconhecimento – Não por acaso, Sócrates, um dos pais da Filosofia Ocidental, dedicou décadas de sua vida ao dístico
metafísico gravado no pórtico do Templo de Apolo, em Delfos: “Homem, conhece-te a ti mesmo.” O famoso pensador
ateniense esforçava-se por contagiar a juventude de seu tempo com um objetivo de vida bastante singular: o de sentir,
saborear e experimentar a própria essência – utilizando a intuição – tangenciasse o seu Eu profundo ou Espírito. Sócrates
conhecia os benefícios que adviriam aos seus pupilos se esses alcançassem esse tipo de experiência transcendente: “Há
em cada ser humano uma luz interior que, se invocada, ordenará em cosmos e felicidade, o caos doloroso”, ensinava o
filósofo.
Nessa mesma linha socrática de pensamento, pode-se dizer que a inabilidade da sociedade moderna em conhecer-se a si
mesma é geradora do grande vazio existencial, responsável por tanta frustração e ansiedade. O nosso ego físico-mental-
emocional é, por sua natureza, centrífugo, extrovertido. Demandando sempre às periferias do mundo objetivo. O seu
ambiente é o seu mundo externo, dos sentidos, da inteligência, das emoções. O nosso ego é visceralmente exteriorizante.
O nosso Eu profundo, espiritual, é essencialmente centrípeto, introvertido, tendendo sempre ao centro da natureza humana.
Os maiores médicos e psiquiatras do mundo confessam que, grande parte da humanidade atual, é neurótica, frustrada ou
esquizofrênica. O Dr. Viktor Frankl, diretor da Policlínica Neurológica da Universidade de Viena, dá o diagnóstico do mal: a
falta de uma consciência de unidade. Frustrar é a palavra latina para despedaçar, fragmentar, desintegrar. O homem
frustrado sente-se realmente como que desintegrado interiormente, o que produz nele um senso de profunda infelicidade.
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Em última análise, toda felicidade provém de um sentimento de coesão e integridade. O homem é infeliz porque perdeu a
consciência de sua inteireza e unidade; pode ser uma personalidade, uma persona (máscara), mas deixou de ser uma
individualidade, um ser indiviso em si mesmo. Unidade, integridade e felicidade quer dizer, em grego, mente partida.
Liberdade e Consciência – Precisamos estimular nos estudantes um espírito livre para pensar e criar. Nada de “vaquinhas
de presépio”, nada de “maria-vai-com-as-outras”! Alguns filósofos norte-americanos ensinavam que com palavras ásperas
dizemos o que pensamos agora e, amanhã, dizemos o que pensamos amanhã, novamente com palavras duras, embora
isso contradiga tudo o que dissemos hoje.
Quanto ao temor de sermos mal compreendidos, será que é tão mal assim? Tanto Pitágoras foi mal compreendido como
Sócrates, Jesus, Lutero, Copérnico, Galileu e Newton, como também todo espírito puro e sábio que jamais tomou forma
humana. Podemos concluir que ser grande é ser mal compreendido.
Esse tipo de liberdade de consciência não é fruto da instrução intelectual apenas. Essa orientação ensina o homem a
descobrir as leis da natureza, isto é, a ciência, mas a educação leva o homem a criar valores dentro de si mesmo. Ora, o
tipo de sociedade que apresentamos anteriormente só pode existir quando todos forem capazes de conciliar 100% de
coragem para apresentar seu pensamento e 100% de consideração para com o pensamento alheio.
Albert Einstein foi também um árduo defensor da liberdade de consciência. Em seus “Escritos da Maturidade”, o cientista
afirma que o grande objetivo da escola deve ser a formação de indivíduos capazes de ação e pensamento independentes
que, no entanto, vejam no serviço à comunidade seu mais importante problema vital. Ainda dizia que o pior pra uma escola
é trabalhar com métodos de medo, força e autoridade artificial. Esse tratamento destrói os sentimentos sadios, a
sinceridade e a autoconfiança do aluno. Produz o sujeito submisso. Se queremos erigir uma sociedade verdadeiramente
democrática e justa, o primeiro cuidado que devemos tomar na elaboração do currículo e na aplicação de metodologias
educacionais é o de não utilizar métodos coercitivos. A motivação mais importante para o trabalho, na escola e na vida, é o
prazer no trabalho, o prazer com o seu resultado e o conhecimento do valor desse resultado para a comunidade. Despertar
e fortalecer essas forças psicológicas no jovem é a mais importante tarefa desempenhada pela escola. Contudo, é preciso
lembrar que o professor deve gozar de ampla liberdade na escolha do conteúdo a ser ensinado e dos métodos de ensino a
empregar. Pois, também no caso dele, o prazer na elaboração de seu trabalho é destruído pela força e pressão externas.
Em um nível ainda mais sutil, educandos e educadores devem aprender a agir por razões intrínsecas, pois só assim
amarão continuamente aquilo que fazem: ensinar e aprender. Sócrates diz que o sábio não deve agir tendo em mira apenas
os resultados da ação, mas, sim, porque a ação virtuosa tem um valor intrínseco e realiza a purificação da alma e a
satisfação íntima, que constituem o verdadeiro êxito.
Desenvolvimento de potenciais– A filosofia educacional que não considera o educando uma “semente humana”, ou seja,
que é incapaz de intuir os potenciais ocultos que se podem realizar em cada ser humano, jamais logrará resultados
poderosos. Essa é a essência do próprio termo “educar”, do latim seduzir, que significa que o educador deve seduzir,
desenvolver e fazer manifestar os potenciais que já estão latentes na natureza do educando. Todo ser humano – já sabiam
disso os gregos pré-socráticos – possui uma natureza pluridimensional sujeita a necessidades de permanente
desenvolvimento: físico, mental, emocional e espiritual.
A moderna teoria das múltiplas inteligências, parece identificar que cada uma dessas dimensões se ramificam em
competências diversas, cada vez mais específicas. O topo da conhecida pirâmide de Maslow, que contem a hierarquia das
necessidades humanas, certamente indica que a auto-realização é uma função direta da atualização de nossos potenciais.
Contudo, se um educador não souber enxergar as potências invisíveis para além da aparência da mediocridade, nada
poderá trazer para o educando.
Um sentido poderoso e transcendente para viver - A auto-realização é fruto de um equilíbrio sutil entre o máximo de
desenvolvimento de nossas potencialidades e a colocação dessas potencialidades a serviço do outros.
Fio esse o achado do grande psicoterapeuta Viktor Frankl (1905 – 1997), que sobreviveu aos horrores dos campos de
concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Frankl observou em sua própria atitude e na de seus
companheiros que somente aqueles que possuíam uma razão transcendente para viver, alguma causa importante pela qual
lutar após a guerra, foram capazes de sobreviver aos mal-tratos impostos pelos carrascos nazistas.
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Um programa educacional que atenda a esse chamado – Não é tão difícil criar adesão à idéia exposta até aqui, a de que
os educandos precisam desenvolver um forte senso de autoconhecimento, de liberdade de consciência, de atualização de
seus potenciais, e tudo isso colocado a serviço de um ideal coletivo. O problema é que parece quase impossível criar
programas educacionais que abarquem todos esses aspectos e que obtenham êxito em sua execução.
Desenvolver um programa que seja capaz de proporcionar ferramentas aos jovens e aos adolescentes para lidar com a vida
e modo eficaz, deveria ser a meta primordial do ensino na metodologia educacional brasileira. Faz-se necessário
proporcionar aos educadores e responsáveis a ajudarem a melhorar o desempenho geral dos estudantes; reduzir conflitos e
melhorar a cooperação e o trabalho em equipe e entre familiares, adolescentes e professores, pois os jovens de hoje
necessitam aprender a lidar com decisões difíceis, pressão dos colegas, insegurança pessoal e a ansiedade em relação ao
que os outros jovens pensam sobre eles.
Por meio de um programa organizado e voltado para a realidade educacional atual, é possível desenvolver no jovem e no
educando autonomia para planejar seu futuro; a empreender; a cuidar de si mesmos (física, mental, emocional e
espiritualmente); a trabalhar em equipe convivendo abertamente com a diversidade do outro e sabendo construir a partir
das diferenças; a compreender os princípios que asseguram o sucesso sustentável; a viver com mais autoconfiança e auto-
estima; a encontrar equilíbrio entre escola, trabalho, amigos, esportes e vida afetiva.
Origem e conteúdo – Por meio de estudos recentes, sabe-se que existem dois pensamentos sobre o êxito, o sucesso. Um
deles baseado na ética da personalidade (superficial, voltado para técnicas e projeção de imagens, aparências) e o outro
baseado na ética do caráter (profundo, voltado para o desenvolvimento de qualidades atemporais, para princípios
universais atemporais e objetivos como integridade, mentalidade de abundância, maturidade).
Segundo os estudos, tão real quanto o norte verdadeiro no mundo físico são as leis eternas de causa e efeito que operam
no mundo da eficácia pessoal e da interação humana. A sabedoria coletiva das épocas revela esses princípios como temas
recorrentes, fundamentais a todas as pessoas ou sociedades realmente grandes. Não basta alcançar as coisas que
valorizamos para obtermos qualidade de vida. Nem todo o desejo e mesmo todo o trabalho no mundo, se não forem
baseados em princípios válidos, serão capazes de produzir qualidade de vida.
Pode-se citar alguns exemplos de princípios do norte verdadeiro que regulam a eficácia pessoal e a interação humana:
* Lei da Fazenda: tudo em nossa vida deve respeitar o ritmo natural da semeadura, cultivo e colheita. O imediatismo
mecanicista coloca em risco a saúde de nossos empreendimentos pessoais e profissionais.
* Eficácia: só é possível obter resultados superiores continuados quando se respeita o equilíbrio entre produção e
preparação para a produção. A metáfora perfeita está na fábula de Esopo A gansa e os ovos de ouro. Se queremos ter
ovos sempre, precisamos cuidar da saúde da Gansa, e não exaurí-la até a morte.
Segundo o que foi dito até aqui, percebe-se que deve existir uma interação entre educação/escolarização e vida prática,
pois vive-se em uma época histórica em que, ou se mescla escolarização à realidade, ou volta-se cem anos pro processo
evolutivo. Nos primórdio dos tempos modernos temos fenômenos importantíssimos na área da educação. O primeiro de
todos é que se passa propriamente à fase da escolarização, pois a transmissão cultural se deu antes da escolarização, pela
socialização e pela educação, assim sendo, percebe-se que a escola é um fenômeno moderno.
Assim, temos uma instituição nascida com a modernidade e que teve em Jan Amos Comenius, professor, cientista e escritor
tcheco, seu grande sistematizador, especialista na Didactica Magna (1985). O que a escola moderna é, ela deve em grande
parte, em termos de sistematização pedagógica, aos delineamentos de Comenius.
Está-se diante de um fenômeno realmente novo na modernidade, que pode-se caracterizar pelos seguintes pontos:
1. Passagem da fase de aprendizagem para a instrucional no âmbito educacional, implicando um forte acento da
heteroformação em detrimento da autoformação da fase anterior.
2. Formação de agentes educativos com características funcionais específicas, os professores, responsáveis pela condução
do processo instrucional.
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3. Criação de dispositivos pedagógicos formais e materialmente distintos e adequados à nova fase, como o plano de
estudos, a seqüência instrucional (currículo), o grupo de estudantes com algum grau de coesão interna (classe), o corpo de
saberes e práticas para levar a docência (subordinante) e a discência (subordinada) a bom temo – e aqui se está falando da
didática – e os recursos necessários ao funcionamento ótimo (ou econômico, na visão de Comenius) do todo, a saber, a
locação física (escola) e as máquinas instrucionais (manuais didáticos).
Acontece que do início desse processo aos dias dehoje, passaram-se 500 anos. E não é possível pensar que a sociedade
e suas instituições tenham ficado paradas. Ao contrário, várias alterações ocorreram nas relações sociais, abrangendo o
conjunto da sociedade. Evidentemente, a escola e sua maquinaria sofreram o influxo dessas mudanças. E é nesse ponto
que intervém a questão dos métodos de ensino nesse início de século. Em outras palavras, a questão dos métodos no
âmbito da didática.
Se esta apareceu para dar conta de uma racionalização do processo de transmissão de saberes – principalmente dos
chamados “saberes elementares” – o que predominou, em termos de métodos, por muito tempo foi o protagonismo
professoral. Se a virada instrucional representou precisamente esse momento de mudança do primeiro plano de
aprendizagem para o ensino, o professor passou a ser o agente por excelência do processo.
Aí coloca-se o problema do método, um problema histórico. Não se trata de procurar o melhor método para promover o
mais eficiente, ou o mais construtivo ensino. Tratava-se, sim, de uma adequação às exigências sociais e históricas.
O progresso das ciências e, mais do que isso, sua transformação em força produtiva de primeira grandeza, levará as forças
dominantes da sociedade a ampliar o progresso científico a todos os domínios sociais e, evidentemente, a um que é
nevrálgico para a conformação das relações sociais e o desenvolvimento do sistema, educação. Em vários pontos do
mundo e em diversos momentos compreendidos entre a metade do século XX, irão surgir – como decorrência desse
contexto modificado – a escola nova e os métodos ativos.
Embora não sejam a mesma coisa, já que a escola nova, dentro de uma grande variedade de abordagens, pretende ser a
“pedagogia da sociedade industrial” – e nesse sentido ela é uma forte ideologia educacional de matiz liberal – e os métodos
ativos pretendam ser uma tecnologia do ensino-aprendizagem para além da disputa ideológica, o certo é que por momentos
ambas as expressões se confundem e continuadamente se interpenetram.
As escolas novas representam um movimento ideológico-educacional liberal, voltado quase sempre aos interesses das
classes dominantes, embora aqui e ali em seu nome pudesse ser apontado algum experimento ligado à idéia da
escolarização de massa, de elevação do nível cultural das classes populares. Dotada de um caráter classista, a escola
nova, não obstante e como escudo ideológico, propunha uma educação igualitária, multiclassista, patrocinada pelo Estado,
sem outro fator distintivo do que o mérito dos alunos.
No Brasil, o escolanovismo começou a penetrar nas reformas educacionais realizadas em alguns Estados da federação nos
anos de 1920 e deslanchou após o famoso Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932.
Mario Alighiero Manacorda, professor de História da Pedagogia nas Universidades de Florença e de Roma, afirma que as
escolas novas, por suas características, foram depois chamadas de “ativas”. Embora possa ter havido, e historicamente
houve, uma certa sobreposição entre o movimento da escola nova e o ativismo pedagógico, trata-se de duas coisas
diversas. A escola nova – ou, se lhe quisermos acentuar o caráter de movimento ideológico, o escolanovismo – é a
ideologia educacional liberal numa das fases do seu desenvolvimento. Hoje, por exemplo, esse movimento desemboca no
neoliberalismo pedagógico, que desenvolve diversas tendências educacionais como a chamada pedagogia das
competências. Já os métodos ativos constituem um conhecimento e uma prática didática que têm sua validade, como
estratégia de ensino e aprendizagem, para além da ideologia educacional liberal, ainda que tenham se desenvolvido em
conjunto com ela. O grande problema é, portanto, confundir essa ideologia educacional libera com o método ou os métodos
ativos da didática.
Antônio Gramsci, político, filósofo e cientista político, colaborou decisivamente na construção de um estilo de pedagogia que
visasse beneficiar as classes subalternas, no sentido de sua libertação. Suas idéias para um sistema educacional deste tipo
correspondem à noção de pedagogia crítica e educação popular, segundo foram teorizadas e postas em prática décadas
depois por Paulo Freire no Brasil. Ele considerava necessário que as crianças passassem, antes dos seis anos, por
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instituições pré-escolares em que adquirissem “uma certa disciplina coletiva”, para então chegarem à escola propriamente
dita.(MANACORDA, 1990, p. 160).
Outro autor indiscutivelmente progressista, Georges Snyders, considera que as chamadas “pedagogias não diretivas”
deverão ser superadas na medida em que possam implicar uma atitude antiintelectual, mas superadas “por incorporação”,
ou seja, incorporando-se delas seu núcleo válido, representado exatamente pelos métodos didáticos ativos. (SNYDERS,
1976).
Entre os métodos ativos, não se pode excluir, em absoluto, o método da experiência de John Dewe, o método dos projetos
de William Kilpatrick, entre outros tanto, desde que devidamente depurados de suas intenções ideológicas, ou seja,
segundo Snyders, desde que “superados”. Tomado na sua integridade, o “aprender fazendo”, reveste-se de descabido
anacronismo, mais próprio do aprendizado de ofícios da corporação tardo-medieval do que da educação para o trabalho da
sociedade moderna e especialmente contemporânea. Mas não haja nenhuma dúvida de que o aluno de Física, que tenha
feito a experiência de medir com um termômetro a temperatura em que a água de uma chaleira levada ao fogo começa a
ferver, aprenderá bem mais fácil que o fenômeno ocorrem aos 100o C do que um que tenha simplesmente ouvido isso de
seu professor ou lido tal informação no manual da disciplina. E muito mais simples ainda se, após fazer a experiência,
receber do professor a explicação teórica do fenômeno. Aí ele atingirá o conceito.
Analisando os paradigmas atuais da educação, seus processos, suas causas e conseqüências, percebe-se que a
atualidade da didática faz-se necessário. Conceber uma metodologia antiquada e livresca, diz respeito ao passado. Mas,
pensar uma metodologia que viabilize a aprendizagem a partir da experiência, está alinhada com as modernas descobertas
no campo cognitivo (ensino para a compreensão, teoria das múltiplas inteligências), com as diretrizes da UNESCO em seus
quatro pilares da educação no século XXI (aprender a ser, aprender a aprender, aprender a fazer e aprender a conviver);
inclui também o uso opcional de avançados recursos tecnológicos e possui uma grande abundância de exercícios vivenciais
que aproveitam a base dos saberes da dinâmica de grupo, além de exercícios escritos individuais.
Referências Bibliográficas
BECKER, Fernando. Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
BOTO, Carlota. Sobrevivências do passado e expectativas de futuro: a tradição escolar na cultura portuguesa. In:
MENEZES, M.C. (org.). Educação, memória, história: possibilidades, leituras. Campinas, SP; Mercado de Letras, 2004.
CAMBI, Franco. História da pedagogia. Trad. Álvaro Lorencini. São Paulo: EdUNESP, 1999.
CASTANHO, Maria Eugênia L.M. Universidade à noite: fim ou começo de jornada? Campinas, SP: Papirus, 1989.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas, SP: Papirus, 1998. (Coleção
Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
COMÊNIO, João Amós. Didáctica Magna. 3. ed. Porto: Fundação CaloustreGulbenkian, 1985.
COSTA, Marisa Vorraber. O currículo nos limiares do contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1982.
HAMILTON, David. A virada instrucional (construção de um argumento) e Da dialética à didática. São Paulo: PUC-SP, 2001.
(Textos de trabalho para seminários apresentados em março de 2001).
MANACORDA, Mário Alighiero. O princípio educativo em Gramsci. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Currículo: Questões atuais. Campinas, SP: Papirus, 1997. (Coleção Magistério:
Formação e Trabalho Pedagógico).
SNYDERS, George. Para onde vão as pedagogias não diretivas? Lisboa: Moraes, 1976.
Jones Godinho
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Professor, Licenciado em Geografia
Fonte: Brasil Escola - https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/paradigmas-atuais-educacao-educacao-busca-si-
mesma.htm
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