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DESAFIO 1 - A Construção Imaginária das Identidades Nacionais

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DESAFIO
A CONSTRUÇÃO IMAGINÁRIA DAS IDENTIDADES NACIONAIS
Tomando como ponto de partida as reflexões sobre as identidades nacionais, procure refletir acerca dos questionamentos a seguir: 
1) Como o índio é representado no texto de Ruffato e no de Caminha? 
2) De que forma o índio é tratado pelo branco? 
3) De que modo é representada nossa identidade nacional?
RESPOSTA:
Costumes distintos O modo de viver do índio é visto primeiro com curiosidade e depois com preconceito pelos europeus. A cultura nativa é, então, subjugada.
Comunicação O choque cultural passa pela falta de entedimento entre grupos tão distintos. A conversa se estabelece, então, por meio de gestos. 
Escambo O escrivão faz o primeiro registro da prática no país. As trocas são muito comuns durante a colonização, pois os índios não conhecem o dinheiro.
Os índios passaram a ser tratados como escravos.
A cultura brasileira considera- se uma cultura da mistura.
Padrão de resposta esperado
A questão envolve uma resposta de cunho dissertativo e não apresenta uma versão definitiva. Entretanto, alguns aspectos importantes devem ser observados.
1) Tal como na carta, há uma visão de espanto do branco diante do índio. Este é tido como selvagem, perspectiva também abordada por Caminha, e o sujeito branco, vendo-se em uma condição superior à do índio, sente-se no direito de fazer troça dele. Há diversas construções pejorativas associadas à imagem do índio no texto de Ruffato, como “cara de idiota”, “dessa raça a gente não especula quando sinceridade, quando dissimulação”, “imbecil”, “importuno”, “bobo”, “desajeitado”, entre outros.
2) Todas essas construções sobre o índio reforçam a ideia de que o branco é o sujeito superior nessa relação desigual. Seu Aprígio, dono do bar para quem o índio pede comida, acha estar ajudando o homem. À medida que ele o manda limpar mais cômodos do bar, mais se repete na narrativa a aceitação do índio e o substantivo “bobo”, enfatizando a noção de submissão deste. Essa cena nos remete à representação do índio na carta, em que é definido como “bom selvagem”, ser sem maldade, servil e necessitado da intervenção do branco para obter a salvação, como recomenda Caminha ao rei. A salvação, no caso da narrativa de Ruffato, se dá pela comida que Seu Aprígio fornece depois de tirar proveito da ingenuidade do índio fazendo-o limpar todo o bar.
3) Apesar de estar no lugar onde seu povo sempre viveu, o Brasil, não há espaço para o índio na grande cidade urbanizada de São Paulo. Por isso, depois da morte de Seu Aprígio, que proporcionou o único meio de sua sobrevivência no local, o índio fica alheio a tudo. Ocorre a sua aniquilação nesse espaço de onde não pode obter meios para sobreviver, tal como de fato os índios foram aniquilados depois da chegada dos portugueses. Nesse sentido, podemos pensar que Ruffato se vale da representação do índio feita já na carta de Caminha justamente para criticá-la. Ele nos mostra uma contranarrativa da nação, na medida em que não retoma a imagem do índio apresentada em Caminha para reforçá-la, mas para subvertê-la.

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