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0 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DA ALFABETIZAÇÃO 1 MARÍLIA CARVALHO TELES ÁGUA BRANCA-PI 2020 Fonte: https://www.intensivacursos.com.br/cursos/drm-curso-de-fundamentos-teoricos-e- metodologicos-da-alfabetizacao/ FUNDAMENTOS TEÓRICO- METODOLÓGICOS DA ALFABETIZAÇÃO 2 TELES, Marília Carvalho. Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização. 1ª ed. Água Branca; FAS – Cursos de Graduação. 57p. Bibliografia 1. Pedagogia 2. Educação 3. Título. Ficha Catalográfica Todos os direitos em relação ao design deste material são reservados à FAS. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material são reservados ao autor. Todos os direitos de Copyright deste material didático são à FAS. Diretor Geral Levi de Sousa Lima Secretária Acadêmica Ivânia Pires de Sousa Oliveira Francisco Edesio Carlos Soares Joselina da Silva Costa 3 09 10 12 13 13 16 18 19 19 26 28 29 35 37 38 39 42 44 46 48 50 52 54 61 08 Apresentação do curso ..................................................................... 06 Apresentação da disciplina................................................. 08 18 UNIDADE 01 APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA NA ÓTICA PSICO-SOCIOLINGUÍSTICA PARA O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO ESCOLAR 1. Leitura e escrita como relevantes no processo de alfabetização............... ATIVIDADE........................................................................................................... FÓRUM................................................................................................................ . 09 17 17 UNIDADE 02 MÉTODOS E EXPERIÊNCIAS INOVADORAS PARA O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO 2. Métodos para Alfabetização......................................................................... 2.1 As principais metodologias........................................................................ ATIVIDADE...................................................................................................... FÓRUM........................................................................................................... 19 20 26 26 05 06 4 27 47 UNIDADE 03 PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO 3. Problemas de aprendizagem no processo da aquisição da leitura e da escrita................................................................................................... ATIVIDADE............................................................................................... FÓRUM..................................................................................................... 28 46 46 UNIDADE 04 MATERIAIS DIDÁTICOS E SUAS RELEVÂNCIAS PARA O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO ESCOLAR 4. Materiais didáticos para a realização do processo de Alfabetizaçãoescolar...................................................................................... ATIVIDADE.............................................................................................. FÓRUM.................................................................................................... REFERÊNCIAS....................................................................................... 48 53 53 54 5 A concretização de um curso superior em Pedagogia na modalidade à distância tem como meta o atendimento às necessidades de toda comunidade quanto ao acesso e atendimento ao um ensino superior de qualidade. Desse modo, propõe-se a importância para o curso de Pedagogia numa perspectiva histórico- cultural, tendo como eixo articulador a interdisciplinaridade e a busca da construção de um currículo integrador. As disciplinas pedagógicas que formulam o currículo foram moldadas para uma sociedade cujo princípio da qualidade torna-se prioridade a partir da relação teoria-prática de um trabalho docente de qualidade que procure satisfazer as necessidades de aprendizagem, enriquecendo as experiências do educando no processo educativo. É dentro desta ideia que o curso de Pedagogia da FAS na modalidade à distância constitui-se de uma base comum formada pelos conhecimentos de ciências humanas aliadas a tecnologia, de uma parte diversificada com uma ampliação dos fundamentos na leitura do fazer pedagógico dentro da escola e da sociedade e uma parte complementar com o objetivo de trabalhar os problemas educativos da realidade educacional em vista a qualificação do professor com novas formas de intervenções como aplicações de ferramentas metodológicas. A FAS tem como recurso didático-educacional o uso de materiais como apostilas/livros, plataformas virtuais, internet, vídeos e principalmente um excelente sistema de acompanhamento à distância através de tutores e monitores. É válido salutar que este curso otimiza sempre seus resultados pelas experiências existentes e atendem a ampla procura de profissionais da área educacional. Os profissionais da área da educação serão orientados a sempre desenvolver a capacidade de intervenção científica e técnica assegurando a reflexão critica permanente sobre sua prática e realidade educacional historicamente contextualizada. O que espera deste docente é sua capacidade de (re) construir seu projeto pessoal e profissional a partir da compreensão da realidade histórica e profissional diante das políticas que direcionam as práticas educativas na sociedade. 6 A disciplina de Fundamentos teórico-metodológicos da Alfabrtização destina- se a estudantes da área da licenciatura sendo fundamental para o mecanismo que orienta e acompanha o processo educativo, tornando-se inevitável a reflexão sobre a o processo de alfabetização e letramento escolar dos educandos. Assim, observemos todas as óticas aglutinadas neste campo tão complexo que é o da educação quando dirigimos as orientações teóricas e metodológicas que servirão como base para conduzi-lo ao conhecimento acerca das questões e debates que envolvem esta língua, não esquecendo de problematizar o tema e possibilitar uma visão ampla dos diversos aspectos relacionados ao processo de ensino-aprendizagem desta. O processo de letramento e também de alfabetização deve ser peculiar quando se trata do quão relevante é ensinar e fazer a aprendizagem acontecer, ou seja, é dinâmico usar toda uma didática para a construção desse processo sob ótica de todos àqueles envolvidos na arte de ensinar. Assim, desejo-lhes bons estudos! Marília Carvalho Teles Licenciada em Pedagogia Mestre em Ciências da Educação Especialista em Docência do Ensino Superior, Psicopedagogia, AEE, Libras, Supervisão escolar. 7 8 UNIDADE 01 Aprendizagem da leitura e da escrita na ótica psico- sociolinguística para o processo de Alfabetização Escolar Fonte http://www.alfaletrar.org.br/aprendizagem-inicial-da-escrita 9 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização 1. Leitura e escrita como relevantes no processo de alfabetização A leitura está presente em nosso cotidiano. As letras e palavras estão presentes em embalagens de alimentos que consumimos, placas de trânsito, nas fachadas de lojas etc. Vivemos em um mundo letrado. Entretanto, por ser rodeada de distintas representações no que tange as técnicas presentes na escrita, à alfabetização nesta óptica configura-se como um desafio que assombra muitos educadores. (AUGUSTO, 2011). A leitura e a escrita são as formas de linguagem mais avaliadas pela escola. Elas são o fundamento para a avaliação escolar. Ambas implicam em um duplo sistema simbólico, pois permitemtranscrever um equivalente visual em um equivalente auditivo, ou o contrário. A leitura envolve uma síntese; surge como um sistema simbólico secundário alicerçado em um primeiro sistema simbólico, a linguagem falada, que por sua vez depende da linguagem interior. A relação entre a palavra escrita e o sistema simbólico de significação é uma operação cognitiva que envolve processos específicos como a codificação, decodificação, percepção, memória, transdução, atribuição de significado. (ZUCULOTO, 2001, p. 22). Alfabetização e letramento são processos distintos que se complementam, antes de aprender a escrever é necessário aprender a ler. Sendo assim, é ambos são importantes para o processo de ensino-aprendizagem da leitura e escrita. A alfabetização na perspectiva do letramento inclui uma segunda dimensão, a da inserção do aprendiz nas práticas de leitura e escrita. Tal dimensão é que pode garantir que as crianças, os jovens e os adultos do campo consigam fazer uso real da leitura e da escrita, em seu cotidiano, nas diferentes situações políticas e sociais. No decorrer do processo de alfabetização é imprescindível que as crianças entrem em contato, manipulem, utilizem e criem diferentes textos, que circulem em sua comunidade de maneira não simulada e que tenham sentido para elas. É importante que compreendam os objetivos dos diferentes gêneros textuais e suas características particulares. Ao realizar atividades que envolvam a reflexão sobre estes aspectos, possibilitamos que as crianças elevem seu nível de letramento e possam fazer o uso efetivo da língua escrita em diferentes contextos sociais. (BRASIL, 2012b, p.21). Devemos considerar a leitura como um importante processo pelo qual compreendemos a linguagem escrita. Quando lemos desenvolvemos nossa 10 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização capacidade de decodificar, interpretar e refletir sobre o que estamos lendo, tirando dúvidas e elaborando conclusões. O ato de ler é um processo abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de intelecção de mundo que envolve uma característica essencial e singular ao homem: a sua capacidade simbólica e de interação com o outro pela mediação da palavra. Da palavra enquanto signo, variável e flexível, marcado pela mobilidade que lhe confere o contexto. Contexto entendido não só no sentido mais restrito de situação imediata de produção do discurso, mas naquele sentido que enraíza histórica e socialmente o homem. (BRANDÂO e MICHELETTI, 2007, p.17) Ferreiro (1995, p.10) revela que “a escrita pode ser considerada como uma representação da linguagem ou como um código de transcrição gráfica das unidades sonoras”. A função social da escrita era muito mais restrita e a informação muito menos acessível, por outros meios que não a escola. Atualmente, os portadores de texto são diversificados e sua compreensão exige capacidades de pensamento com outros enfoques. (SCHWARTZ, 2008, p.3). A escrita faz parte do cotidiano e pode ser percebida de várias maneiras, por exemplo, letreiros de ônibus, placas de transito, fachadas de lojas e etc. O fato de Fonte: http://www.redesagradosul.com.br/noticias/ler-e-viajar-so-com-os- olhos-e-a-imaginacao 11 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização não saber ler em algumas situações pode ser comparado à falta do sentido d visão, isto é, quem não sabe ler é como se fosse um cego. A escrita é muito essencial em nossa vida. Podemos observar que na cidade ou no campo a escrita muda à vida dos indivíduos, e ela encontra-se não só em atividades escolares, mas também em outras como, por exemplo, lista de compras, assinatura de documentos etc. Pereira & Calsa (2007, p. 1602) dizem que: A escrita exige o desenvolvimento de habilidades específicas e um esforço intelectual proporcionalmente superior às aprendizagens anteriores da criança. Na escrita ocorre à comunicação por meio de códigos que variam de acordo com a cultura, e sua aprendizagem se dá pela realização da cópia, do ditado e na escrita espontânea. Ao escrever a criança precisa ter noção de espacialidade para representar as letras no papel, para adequá-las em tamanho e forma ao espaço de que se dispõe, por isso destaca-se que é fundamental a escola oferecer a criança subsídios indispensável para que ela vivencie situações que estimulem o desenvolvimento dos conceitos psicomotores. São muitos os desafios que vivenciamos nos últimos anos na busca da garantia de uma escola democrática, em que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade. Aprender a ler e escrever é um direito de todos, que precisa ser garantido por meio de uma prática educativa baseada em princípios relacionados a uma escola inclusiva. (BRASIL, 2012, p. 05). Alfabetização e letramento são processos distintos e definir claramente esses termos é extremamente relevante. A compreensão destes termos depende dos resultados de alfabetização obtidos em sala de aula, pois somente isso permitirá ao professor avaliar qual a melhor metodologia de ensino que lhe ajudará a alcançar os objetivos almejados. (MENDONÇA, 2011). Ribeiro (2005, p. 73) destaca que: “As crianças com dificuldades de leitura e de escrita encontram-se frequentemente em desvantagem em todas as áreas curriculares, o que por vezes leva à existência de repercussões intransponíveis. ” Para Lerner (2002) ensinar a ler e escrever configura-se como um vasto dilema que ultrapassa amplamente a alfabetização em sentido estrito. A escrita conforme a autora é uma herança cultural, porém o ato de ler e escrever na escola não são uma atividade apreciada pelos alunos. 12 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização Entretanto, fazer o que é necessário em relação ao ensino da leitura e escrita na escola é um desafio a ser superado. Alfabetizar crianças, jovens ou adultos é uma tarefa complexa, mas pode, e esperamos que seja, prazerosa. É possível, sim, aprender a escrever e ler por meio de brincadeiras, por meio de reflexão, por meio de um trabalho solidário. Há que se perceber, no entanto, que isso não significa dizer que as aprendizagens são simples ou que são fáceis, ou que não exigem esforço do aprendiz. (BRASIL, 2012a, p.13). Lerner (2002) relata que é necessário à escola possibilitar aos alunos a apropriação da escrita e de suas práticas sociais para assim, poder incorporá-los a comunidade de leitores e escritores. A escrita não é um produto escolar, mas sim um objeto cultural, resultado do esforço coletivo da humanidade. (...). Imersa em um mundo onde há a presença de sistemas simbólicos socialmente elaborados, a criança procura compreender a natureza destas marcas especiais. (FERREIRO, 1995, p.43). Deve-se ater ao fato de que as dificuldades de ensinar a ler e escrever existe, porém tem-se que burlar tais empecilhos para oferecer ao educando uma aprendizagem condizente com suas necessidades e que o permita usar a leitura e a escrita em seu cotidiano. Fonte: https://blog.dentrodahistoria.com.br/educacao/alfabetizacao-e-leitura/8-formas-ensinar-o- alfabeto-de-forma-ludica/ 13 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização O letramento como nos explica Kleiman (2005) não é um método pedagógico, mas ele auxilia a imersão do aluno no mundo da escrita, a autora nos alerta também que a definição de letramento causa confusões e interpretações equivocadas. De fato, o letramento ocorre não somente na escola, mas também se encontra fora dela, além disso, os objetivos se diferem, na escola o letramento visa o desenvolvimento de competências e habilidades que podem ser ou não relevantes para os alunos, fora da escola o letramento tem objetivos sociais relevantes para aqueles que participam do processo. É importante destacar também que a participação da família no processo de alfabetizaçãoda criança desempenha um importante papel, pois essa participação estimula o desenvolvimento cognitivo das crianças. Em sala de aula há uma grande diversidade cultural e social entre os alunos e isso exige dos professores estratégias diferentes de ensino de forma a tornar a prática eficiente para todos os alunos. (MEDINA-PAPST & MARQUES, 2010). Nesse sentido pode-se perceber que quanto maior o número de experiências da criança nos diferentes níveis melhor é a capacidade da mesma para aprender e se adaptar aos programas escolares. A aprendizagem depende da experiência e dos estímulos que cerca a criança, por isso deve-se levar em conta que a participação da família é importante para os alunos que estão em processo de letramento. Em relação ao letramento escolar Kleiman (2005) nos explica que é um conjunto de atividades que visam o desenvolvimento de estratégias de leitura e escrita. Todos os recursos que podem ser utilizados para ensinar decodificação podem ser considerados como práticas de letramento. No que diz respeito ao ensino da língua escrita todo método utilizado pelo professor desde que seja adequado pode ser um instrumento importante no processo de letramento. Não há como negar que na prática docente todo professor precisa ter um método de ensino, porém não é necessário como alega Kleiman (2005) transformar toda novidade cientifica em método, pois o professor tem que acreditar em seu próprio potencial e conhecimento. Letramento e alfabetização estão associados e há maneiras distintas de compreender essa relação. Sobre a questão da prática alfabetizadora é papel do professor elaborar atividades de alfabetização e é dever dos alunos com a orientação do professor realizar as atividades que lhe foi proposta. 14 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização O objetivo da alfabetização é promover nas crianças a aprendizagem do sistema da língua escrita. Em outras práticas de letramento é possível aprender apenas observando os outros fazendo, já na prática de alfabetização é necessário à mediação do professor. As estratégias de leitura dependem do contexto e das situações envolvidas, Kleiman (2005) alega que há diversas formas de ler e interpretar textos ou uma anotação qualquer isso vai depender do contexto em que a leitura está inserida. Ao fazer uma anotação o leitor destaca apenas o que ele considera importante, a autora nos mostra o exemplo de um casal formado por uma dentista que lê jornal para se informar e um professor de língua portuguesa que lê jornal para fins didáticos. Assim como a leitura, a escrita também tem funções distintas que também depende da situação. No ensino da leitura e da escrita os métodos utilizados devem ser adequados. Kleiman (2005) também nos chama atenção em relação à leitura de jornal que de acordo com ela, o deve-se supor que o leitor já seja alfabetizado, pois para ler jornal é preciso ter alguns conhecimentos prévios, como por exemplo, o que é e qual é a função da manchete. Conforme Weisz (2002) as crianças provenientes de camadas populares por não terem geralmente acesso a um ambiente letrado apresentam desvantagens em relação ao aprendizado da leitura e escrita ao contrário daquelas que por conviverem em um ambiente rico de estímulos relacionados à alfabetização e o letramento tem mais facilidade de aprender a ler e escrever. Todavia é preciso levar em conta que alfabetizar exige uma responsabilidade por parte do alfabetizador que deve lançar mão de métodos eficientes nos quais contribuam efetivamente com o processo de aprendizagem de seus alfabetizandos. (MENDONÇA, 2009). Além de saber expressar-se por meio da escrita é necessário dar oportunidade para o aluno expressar-se oralmente. Falar e pensar são práticas centrais para aprendizagem do letramento/literacia, como ler e escrever. Contrariando o desenvolvimento natural, a criança precisa do suporte e mediação do adulto, que é coparticipante do processo do letramento/literacia.( KISHIMOTO, 2010, p. 26). Em relação à produção textual em sala de aula Mendonça (2009) afirma que a produção de texto deve iniciar-se junto com o processo de alfabetização e tudo que a criança produzir nesse período deve ser elogiado, fazendo com que ela sinta- se valorizada e tenha vontade de escrever sempre mais. 15 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização A leitura e a produção de diferentes textos são tarefas imprescindíveis para a formação de pessoas letradas. No entanto, é importante que, na escola, os contextos de leitura e produção levem em consideração os usos e funções do gênero em questão. É preciso ler e produzir textos diferentes para atender a finalidades diferenciadas, a fim de que superemos o ler e a escrever para apenas aprender a ler e a escrever. (ALBUQUERQUE, 2007, p. 20). O ensino da leitura e escrita está ligado à alfabetização. Compreende-se o ensino de alfabetização como um processo complexo e árduo que exige uma metodologia eficaz e que contribua com o processo de aprendizagem dos alunos. Neste sentido, o uso do método sociolinguístico justifica-se pelo fato de que essa metodologia ao focar a escrita e o conhecimento de mundo trabalha com a realidade do aluno permitindo com que ele por meio da codificação e da descodificação desenvolva sua consciência crítica. (MENDONÇA, 2009). É de extrema relevância ressaltar que ao levar em conta que codificação e a descodificação exercem um papel importante no processo de alfabetização do aluno o professor proporciona-os o desenvolvimento do senso crítico e da oralidade, contribuindo para sua socialização. O aluno que tem a oportunidade de aprender a codificar e descodificar é capaz de agir com autonomia, confiança e segurança. Sobre a oralidade é importante destacar que quando se trabalha com a oralidade em sala de aula o professor possibilita ao seu aluno a internalizarão dos conteúdos estudados por meio da fala. Nesta perspectiva entende-se que a alfabetização deve ser minuciosamente planejada com o objetivo de proporcionar ao alfabetizando uma aprendizagem significativa que o faça refletir criticamente sobre sua realidade. Deste modo, o alfabetizador deve ter explicitamente claro quais são os conteúdos que almeja que o aluno aprenda para ter capacidade de organizar suas estratégias com a finalidade de contribuir com o processo de aprendizagem dos seus alunos. (MENDONÇA, 2011). 16 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização O método sociolinguístico além de valorizar o desenvolvimento da consciência crítica e de conhecimento de mundo, enfatizando a valorização do diálogo em sala de aula. De acordo com esse método o diálogo permite a interação entre professor/aluno e aluno/aluno. É por meio dessa interação que ocorre a aquisição de conhecimentos. É relevante destacar que o letramento ocorre não somente na escola, mas também se encontra fora dela, além disso, os objetivos se diferem, na escola o letramento visa o desenvolvimento de competências e habilidades que podem ser ou não relevantes para os alunos, fora da escola o letramento tem objetivos sociais relevantes para aqueles que participam do processo. Também é importante destacar que a participação da família no processo de alfabetização da criança desempenha um importante papel, pois essa participação estimula o desenvolvimento cognitivo das crianças. Desse modo, a partir do presente exposto percebe-se que o ensino e o aprendizado da leitura e escrita são processos indissociáveis e complexos, entretanto, a modernidade juntamente com os avanços tecnológicos nos mostra que aprender a ler e escrever representa um marco importantíssimo na história da humanidade. Neste sentido, vivemos numa cultura cada vez mais letrada e dependente do uso da leitura e escrita. Infelizmente, alguns usuários das redes sociais, porexemplo, não percebem que estes atos desempenham um papel significativo em suas vidas. Em suma, ensinar/ aprender a ler e escrever como já foi mencionado anteriormente são processos complexos e que necessita indiscutivelmente da participação de todos os envolvidos com a educação. Assim como, os professores, os pais também podem contribuir de alguma forma com este feito, ainda que não seja alfabetizado o apoio e o incentivo dos pais é primordial para que as crianças DICA DE VÍDEO: Método Sociolinguístico de Alfabetização. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BsrGTdTW EDY 17 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização 1. Descreva a importância de o docente compreender a diferença entre alfabetizar e letrar. possam sentir-se motivadas a aprender os elementos presentes no mundo da leitura e escrita. Deve ser considerado que os desafios são muitos para a escola e seus colaboradores, mas os resultados obtidos com o esforço garantem a todos os envolvidos a sensação de um trabalho demorado, mas bem feito. Relate como a equipe escolar, bem como os docentes podem estar melhor engajados no processo de alfabetização, não deixando de lado a preocupação com a qualidade no ensino. 18 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização UNIDADE 02 Métodos e experiências inovadoras para o processo de Alfabetização Fonte: https://novosalunos.com.br/a-importancia-da-inovacao-no-ensino-e-aprendizagem- dos-alunos/ 19 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização 2. Métodos para Alfabetização O mundo em que vivemos se transforma em uma velocidade muito superior à do sistema de educação tradicional. Por essa razão, o desafio de propor formas de aprendizado efetivas para as próximas gerações aumenta mais e mais a cada dia. Já que não sabemos exatamente o que o amanhã nos reserva, como preparar os jovens para os desafios do desconhecido? Na prática, o entendimento é de que modelos de educação mais flexíveis têm mais condições de assimilar mudanças quando comparados a formatos rígidos. Afinal, como verificamos ao longo da história da humanidade, a capacidade de adaptação e de superação de adversidades garantem a continuidade da nossa existência. É frente a essa realidade que cabe a nós questionar: qual é a tarefa da escola hoje? Pensando nisso, reunimos aqui algumas iniciativas que buscam repensar o papel dessa instituição, considerada o alicerce de qualquer sociedade, assim como os processos de inovação no ensino. Nesse caso, ao contrário do que acontece nos modelos educacionais conservadores, os alunos são agentes ativos em sua própria formação. Por definição, a inovação é o processo que busca tornar nossas vidas melhores. Ela cria recursos que nos afetam nos mais diversos aspectos, alterando a maneira como nos comunicamos, aprendemos e pensamos. E isso, consequentemente, modifica nossa visão sobre o mundo. Muitas escolas acreditam que apenas levar computadores e outros dispositivos eletrônicos para a sala de aula já está de bom tamanho em matéria de inovação. Contudo, muito além de simplesmente incluir a tecnologia no dia a dia dos estudantes, é preciso inovar nos recursos pedagógicos, de maneira a fazer com que se dê, de fato, um passo à frente na educação dos alunos. Uma série de dispositivos e serviços impulsionados pela tecnologia estão revendo os limites de quem consegue aproveitá-los. Segundo James Flynn, filósofo e pesquisador da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, os índices de QI (Quociente de Inteligência) nunca foram tão altos mundo afora. Para o estudioso, isso está diretamente relacionado aos inegáveis avanços na educação. Apesar disso, ainda não somos capazes de solucionar aqueles que continuam sendo os 20 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização grandes desafios do século XXI, como a desigualdade, a inacessibilidade à água potável e as mudanças climáticas. A revolução para a qual devemos trabalhar, antes de mais nada, é a social. Nisso está fundada a necessidade de uma educação que amplie o entendimento dos estudantes sobre o mundo, dialogando com a tecnologia e os avanços na ciência. Tudo isso sem deixar de investir na humanização e na ampliação individual da consciência. Considerando um futuro cenário de economia compartilhada, os estudantes devem aprender a ser mais proativos e persistentes, além de cada vez mais aptos a abraçar riscos. Afinal, as carreiras mais promissoras serão aquelas criadas pelas pessoas e para as pessoas. Uma educação inovadora deve promover o diálogo entre as necessidades da sociedade que nos cerca e as possibilidades tecnológicas para resolver problemas. 2.1 As principais metodologias Alguns métodos que já se consolidaram em escolas de Pedagogia em todo o mundo têm atingido resultados satisfatórios para uma educação mais inovadora em nosso país. Vamos conhecer brevemente alguns deles? Método Pestalozzi No método Pestalozzi, acredita-se que, no lugar de dar as respostas prontas para os alunos, é preciso encorajá-los a descobri-las por si mesmos. Isso ajuda os estudantes a aprenderem a observar, imaginar, julgar e raciocinar de forma autônoma. Método Montessoriano Criado por Maria Montessori, o método entende que é a curiosidade natural da criança que a leva a aprender, desde que ela esteja em um ambiente satisfatoriamente instigante. Por isso, o espaço é preparado de forma que a criança tenha fácil acesso a livros, brinquedos e outras ferramentas pedagógicas, a fim de também incentivá-la a preservar a ordem. 21 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização Essa prática, que é um dos pilares do método, tem por objetivo colocar em exercício a autonomia do ser em formação, razão por que também aposta na realização de trabalhos manuais e privilegia experiências de contato concreto com a realidade aos conceitos abstratos. Método Harkness O método Harkness transforma a sala de aula em um espaço de conferência, proporcionando a interação. Os estudantes se sentam em volta de uma mesa circular, configuração que desperta neles a responsabilidade e o gosto por compartilhar suas descobertas com os colegas. Trata-se de uma alternativa às cadeiras enfileiradas, estimulando o pensamento crítico e o senso de coletividade. A inovação na prática Quais são os desafios impostos pelas novas gerações para as salas de aula? Continuamos a ouvir o eco dessa pergunta, não é mesmo? No Brasil, algumas escolas já propõem respostas ideais para remodelar a educação, fornecendo ferramentas para que os estudantes integrem processos inovadores e adaptem seu modo de agir em um futuro repleto de desafios. Redefinição das regras A ideia é confiar no senso de responsabilidade das crianças, para assim cuidarem de si mesmas e aprenderem com os próprios erros. O experimento, conduzido por universidades locais, deu certo! Foram registrados menos acidentes, menos casos de vandalismo e bullying. Isso sem contar que a concentração das crianças nas aulas aumentou, bem como a vontade de irem à escola. Reorganização dos espaços Na escola, os estudantes recebem apostilas com roteiros de pesquisa e cada um escolhe a ordem que deseja seguir. Até o final do ano, todas as atividades que constam no roteiro devem ser cumpridas. Os alunos podem fazer pesquisas na biblioteca, na sala de informática ou nos livros didáticos 22 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização distribuídos pelo salão. Assim, mesmo que estejam em um mesmo grupo, não estão necessariamente no mesmo roteiro de pesquisa. De toda forma, com essa disposição, eles aprendem a trabalhar em equipe, desenvolvendo assim o espírito de colaboração. Aprendizadodentro e fora de sala Os grandes pensadores da educação seguem nos ensinando que aprender é um processo em que a sala de aula é o mundo! Nesse sentido, o conhecimento teórico deve servir como base para conceber e desenvolver soluções práticas para problemas que fazem parte do cotidiano. Especialmente hoje, em que dispositivos que cabem em nossas mãos abrem janelas para um universo múltiplo, a concepção de que a figura do professor (e, por extensão, a da escola) centraliza o saber está completamente superada. A arte também assume um papel relevante na formação dos alunos da escola, sendo exercida em oficinas de sapateado, música, escultura, pintura, circo e teatro. As humanidades são trabalhadas em oficinas de leitura e escrita, abordando atualidades e projetos de conhecimento para desenvolver a autonomia do aluno. Por fim, o cuidado com o corpo também é tratado como essencial, fazendo com que os alunos aprendam a ter uma vida mais saudável em aulas de judô, culinária, xadrez e futebol. Os passos para chegar lá Em comparação aos novos e híbridos métodos de aprendizagem, fica difícil ignorar a ineficácia da tradicional equação quadro de giz + aulas expositivas, que persistiu por centenas e centenas de anos. Como vimos nas experiências de várias instituições, o relacionamento interpessoal vem crescendo em importância no processo educativo, os limites da autoridade estão sendo flexibilizados e o lúdico deixou de ser visto como sinônimo de perda de tempo, indisciplina ou anarquia. Com base nesses e outros exemplos, quais ferramentas, condutas e processos podem ser usados para inovar no ensino? 23 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização Flexibilidade de horários Horários flexíveis permitem que o ensino seja organizado de forma mais dinâmica, respeitando os diferentes relógios biológicos dos alunos. Assim, a escola pode oferecer a cada ao estudante o direito de escolher em que horário quer iniciar sua jornada de estudo, conforme seu tipo de rendimento, por exemplo. Aprendizado e observação O que os modelos de educação consolidados defendem é que o professor conduza as lições sem dar espaço para que os estudantes emitam suas opiniões, imprimam seu ritmo de aprendizado e desenvolvam suas próprias habilidades. Já vimos que, nesse aspecto, o método Montessoriano investe em um espaço para que as crianças tenham todas as condições para protagonizar seu aprendizado, enquanto o professor observa o progresso. Personalização da grade É comum que os blocos convencionais de disciplinas não funcionem para certos tipos de aluno, especialmente quando apresentam dificuldade na matéria. Às sextas-feiras flexíveis, instituídas em algumas escolas dos Estados Unidos, permitem que uma disciplina seja abordada durante todo o dia. Nesses dias, os professores ajudam os estudantes a estudar e identificar suas dificuldades, desenvolvendo o foco. Muitos professores acreditam ser mais fácil ensinar certos conteúdos por meio de uma abordagem mais personalizada. Em algumas unidades de ensino, os estudantes chegam a passar uma semana inteira em uma só disciplina, o que pode otimizar sua curva de aprendizado e aumentar seu grau de familiaridade com determinado conteúdo. Documentários e vídeos educativos Os usos de vídeos educacionais durante as lições têm transformado o nível de engajamento dos estudantes, criando uma experiência de aprendizado muito melhor ao deixarem os estudantes mais concentrados e motivados. Isso 24 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização acontece porque existem conexões entre as habilidades de retenção de informações, o conhecimento armazenado na memória e os conteúdos visuais. Além disso, os alunos são transportados para o universo do tópico discutido, o que estimula os insights e a conexão com conhecimentos prévios que podem contribuir para a discussão em grupo. Investimento em pesquisa Aplicar questões abertas ajuda os estudantes a agirem como verdadeiros repórteres, investigando em busca de novos conhecimentos, que originam novas perguntas. Motivá-los a explorar a realidade em que vivem faz com que se sintam menos intimidados diante dos desafios reais. Uma excelente estratégia é usar dados reais, que façam diretamente parte da realidade do aluno, em detrimento de inventar exemplos a serem resolvidos. Além disso, é importante transformar os estudantes em sujeitos ativos, criadores, que possam se envolver na geração de novos conhecimentos e soluções. Foco em um projeto por vez Nos métodos educacionais tradicionais, o aprendizado depende de lições individuais e múltiplos projetos. Contudo, focar em um único projeto possibilita que o estudante reúna conhecimentos na forma de questões direcionadas e avaliações do problema. Elos entre os conhecimentos No currículo tradicional, os estudantes vão de um conteúdo ao outro muitas vezes sem estabelecer conexões com as habilidades e os conhecimentos previamente adquiridos — inclusive, os de outras áreas. Uma proposta para tornar esse processo mais natural e espontâneo é ajudá-los a construir pontes entre os saberes, ressaltando as relações entre eles. Dessa forma, o aluno é provocado a desenvolver uma perspectiva mais ampla sobre o que aprende, e, logo, pensar de forma mais crítica. 25 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização Valorização do trabalho em grupo No lugar de priorizar o trabalho individual, propor um problema que todos os alunos possam resolver em conjunto é uma ação inovadora em educação. Assim, o conhecimento individual contribui para a resolução colaborativa. Reposicionamento do professor O professor deve deixar seu papel de especialista onisciente para abraçar o de facilitador. Assim, deve ajudar a trazer novos conhecimentos, de forma que os alunos possam construir o saber em conjunto. Ele é responsável pelo método que aplica e deve se preocupar em criar técnicas e explorar recursos diferentes para ensinar. Em outras palavras: se o professor é a ponte até o conhecimento, só o aluno é quem pode percorrê-la. Crescimento com os erros Ao invés de um ambiente rígido, em que erros são penalizados com dureza, a sala de aula deve ser um espaço aberto para a experimentação. O desafio do marshmallow é, hoje, uma das atividades mais aplicadas em cursos e oficinas de empreendedorismo. Ele mostra a importância de se construir protótipos para aprender com os erros no início do projeto. A inovação no ensino se alinha às capacidades extraordinárias que as crianças têm de inovar. São habilidades que, na maioria das vezes, são desestimuladas em escolas rígidas, que desencorajam os alunos a se relacionarem com seus contextos e a pensarem em soluções para os problemas que vivem. Os caminhos para a inovação, como vimos, são vários. É necessário que as escolas abram suas portas e mentes à comunidade para uma gestão colaborativa, propondo-se à reinvenção constante. 26 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização 1. Significado de inovar tem propriedades curiosas e importantes para se alcançar determinados objetivos. Quando se trata de processo de ensino e aprendizagem, como podemos defini-lo? Enfatize pontos que qualificam o ensino sob a ótica de autores mencionados neste capítulo. 27 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização UNIDADE 03 Problemas de aprendizagem da leitura e da escrita na Alfabetização Fonte: https://www.trabalhosescolares.net/dificuldade-de-aprendizagem-na-leitura-e-na- escrita/ 28 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização 3. Problemas de aprendizagem no processo da aquisição da leitura e da escrita As dificuldades deaprendizagem é um assunto que tem sido discutido, pois a escola não tem dado conta de umas das suas funções primordiais que é a acesso ao conhecimento científico, no caso dessa pesquisa, da leitura e da escrita. Apesar de as legislações (Constituição Federal, ECA, LDB 9394/96, dentre outras) apararem o ingresso e a permanência de todos na escola, o que se constata é que, muitos alunos não foram excluídos fisicamente das escolas, todavia são excluídos do conhecimento que a escola oferece. Dessa forma a escola não tem cumprido a tarefa de transmitir os conteúdos historicamente produzidos e socialmente necessários aos seus alunos. O fracasso escolar tem sido estudado sob diferentes enfoques. Houve período em que suas causas foram atribuídas especialmente aos fatores extra-escolares. A família e as condições de vida material dos alunos eram apontadas como a causa. Posteriormente, atribuíram-se as causas do fracasso às questões biológicas (fome, desnutrição) e culturais. Acreditava-se que o indivíduo oriundo de meio pobre, sem acesso a uma boa alimentação e aos bens culturais fracassariam na escola. Moisés e Colares (1996) apresentam teses em que desmistificam a nutrição como fator de fracasso escolar. Corroboramos com a ideia de que várias causas interferem na aprendizagem dos alunos. Destacamos os fatores extraescolares e extraescolares, tais como o ensino inadequado feito por meio de currículos obsoletos, falta de motivação e fatores socioeconômicos e culturais. Outros fatores são os biológicos e psicológicos, isto é, causas relacionadas ao desenvolvimento biológico e psicológico, tais como a falta de percepção, atenção, memória ou requisitos básicos para a elaboração do conhecimento escolar. O fracasso escolar, ou insucesso escolar, mais especificamente a dificuldade na elaboração da leitura e da escrita tem preocupado os educadores, pesquisadores e pais. Apesar das inúmeras discussões, constatamos, por meio de pesquisas que grande parte dos alunos que estudam na segunda e terceira séries do ensino básico não elaboraram a leitura e a escrita. Muitos desses alunos são encaminhados para a sala de recursos, apesar de não terem qualquer deficiência ou distúrbio de aprendizagem (SHIMAZAKI, 2007). 29 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização De acordo com as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, a sala de recursos é um serviço de apoio pedagógico especializado, que o sistema educacional oferece para assegurar a educação aos alunos com necessidades educacionais especiais, no ensino regular e realiza atendimento complementar às necessidades especiais em sala de recursos, provida de material e equipamentos adequados na própria escola ou, em outra escola, sob orientação de professor especializado. Para Freire (1980) alfabetização é o desenvolvimento de consciência crítica e um dos instrumentos primordiais para a emancipação do homem. É um processo que se faz por meio de uma prática social, intencional e planejada. Luria (1988, p. 84) afirma que a escrita da criança começa muito antes da primeira vez que o professor coloca um lápis em sua mão, e é preciso que o professor considere tais habilidades, pois “se formos estabelecer a pré-história da escrita, teremos adquirido um importante instrumento para os professores: o conhecimento daquilo que a criança era capaz de fazer antes de entrar na escola. ” Os rabiscos podem mostrar algo mais que simples garatujas. As posições de um rabisco, a sua posição e a relação com outros rabiscos permitem a criança recordar o que havia registrado. Fonte: https://educandonovasgeracoes.wordpress.com/2015/08/18/fracasso- escolar-ou-problemas-de-aprendizagem-reflexao-com-os-seres-da-nova-era/ 30 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização Luria (1988) verificou que os atributos quantidade, tamanho e cor, quando utilizados em sentenças ditadas às crianças, conduzem à pictografia e tem efeito de traços de verdadeira escrita. O desenho antecede à escrita propriamente dita, pois esse é o limite entre a pictografia e a escrita por signos. Ensina-se a desenhar letras e construir palavras com ela, mas não se ensina a linguagem escrita. Enfatiza-se a mecânica de ler o que está escrito. A compreensão da linguagem escrita é efetuada, primeiramente, por meio da linguagem falada; mas essa via é reduzida, abreviada, e a linguagem falada desaparece como elo intermediário. A linguagem escrita adquire o caráter de simbolismo direto, passando a ser percebida da mesma maneira que a linguagem falada. A linguagem escrita e a capacidade de ler, transformam o desenvolvimento cultural do homem, por meio delas podemos tomar ciência de tudo que os gênios da humanidade criarem no universo da escrita. A escrita deve ter significado para a criança. Deve ser despertada nela e ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante à vida, como uma forma nova e complexa de linguagem. O escrever pode ser “cultivado” e não ser “imposto”. Com o referencial diferente dos estudos de Luria, Ferreiro e Teberosky (1986), realizaram investigações científicas e constataram que a criança é capaz de reconstruir o código linguístico e refletir sobre a escrita. Desenvolveram os trabalhos sobre as hipóteses de pensamento que a criança pode apresentar a respeito da linguagem escrita. Essas pesquisas não propõem uma “nova pedagogia” ou um “novo método”, deixam claro que o que leva o aprendiz à reconstrução do código linguístico, não é o cumprimento de uma série de tarefas ou o conhecimento das letras e das sílabas, mas uma compreensão do funcionamento do código escrito. Ferreiro e Teberosky (1986), que se fundamentam na história da escrita, afirmavam que, para construir a escrita o indivíduo passava por níveis que são denominados de denominavam de pré-silábico, silábico, silábico- alfabético e alfabético. O primeiro nível é quando o pensamento faz as passagens pelas fases icônica, de grafismo primitivo, uso de letra, onde estabelece a quantidade mínima ou máxima, sem diferenciação de uma palavra para outra. 31 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização No nível silábico, ao escrever, o indivíduo coloca uma letra para cada sílaba e não uma letra para cada fonema. Na fase silábico-alfabética, passa a escrever ora silabicamente, ora alfabeticamente. Na fase alfabética, as letras componentes das sílabas passam a corresponder à base alfabética dos sistemas fonológico e gráfico da língua, na qual o indivíduo se alfabetiza (SHIMAZAKI, 2006). Embora o construtivismo não proponha uma prática pedagógica, sua contribuição é essencial para que o educador repense todo o processo de ensino e aprendizagem da linguagem e o funcionamento do código. Conhecendo os diversos níveis conceituais linguísticos da criança, é possível criar as atividades para que ela possa desestruturar a sua concepção e construir o conhecimento da base alfabética da escrita. A teoria histórico e cultural vem sendo desenvolvida a partir dos estudos de Vygotsky e seus seguidores. As pesquisas de Vygotsky (1986) e alguns percussores sobre aquisição de linguagem como fator histórico e social, enfatizam a importância da interação e da informação linguística para a construção do conhecimento. O centro do trabalho passa a ser, então, o uso e a funcionalidade da linguagem, o discurso e as condições de produção. O papel do professor é o de Fonte: http://jottaclub.com/tag/pre-silabico-silabico-silabico-alfabetico-e-alfabetico/ 32 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização mediador, e facilitador, que interage com os alunos através da linguagem num processo dialógico. Vygotsky (1989) buscava uma solução científica para os problemas do ensino inicial da línguaescrita e, neste sentido, deixou algumas recomendações. Acreditava ser necessário que as letras se convertessem em elementos da vida das crianças tal como o é a linguagem, ressaltando que do mesmo modo que as crianças aprendem a falar, devem aprender a ler e a escrever. Em suas conclusões práticas, o autor entende que para levar o aluno a uma compreensão interna da língua escrita, é preciso organizar um plano. Assim, ao expressar-se pelo desenho, a criança pode chegar a perceber num determinado momento que este não lhe é suficiente. A alfabetização pressupõe o aprendizado do código e a sua utilização social, portanto, não é somente um processo de aquisição de habilidade de forma mecânica, mas alfabetizar é compreender, criticar, interpretar e produzir conhecimento. A leitura e a escrita em um indivíduo ajuda na promoção social, possibilitando a construção de novos conhecimentos e acesso aos bens materiais e culturais que a sociedade tem acumulado. Corroboramos com as ideias de Freire que a alfabetização é um fator propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da sociedade como um todo. Portanto, é preciso pensar em letramento. Letramento para Soares (2001) é o resultado da ação de ensinar e aprender, as práticas sociais da leitura e escrita; o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo; como consequência de deter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais. Concordamos com as ideias de Scribner e Cole (1984) de que letramento é um conjunto de práticas socialmente organizado que usa um sistema de símbolos e tecnologia para a sua produção e reprodução. Não se refere somente ao saber ler e escrever, mas aplicar o conhecimento de leitura e escrita para um fim específico e em um contexto específico de uso. Portanto, a alfabetização é uma das formas de letramento. Castillo (1999) aponta que para que a criança faça uso da leitura e escrita é necessário que se desenvolva algumas habilidades, tais como: discriminação visual; discriminação auditiva; memória visual e auditiva; coordenação motora; coordenação motora fina; conhecimento do esquema corporal; orientação espacial; atenção seletiva; domínio da linguagem oral; diferenciação entre letras e outros símbolos; cópia de modelos e memorização de relatos curtos, canções infantis, versos de rima fácil. 33 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização Ao constatar a necessidade de aprofundarmos nos temas, leitura e escrita, mais especificamente as suas dificuldades propomo-nos o desenvolvimento da presente pesquisa que objetiva estudar em alunos apontados como com dificuldade na leitura e escrita, as suas causas. Quando se reflete sobre dificuldade de aprendizagem, refere-se sobre algumas questões de a pessoa realizar determinadas atividades. Acredita-se que quando o aluno está em fase de alfabetização, é preciso ele conhecer a estrutura da escrita, sua organização e seus princípios que contém a relação da escrita e oralidade para que assim possa aprender e desenvolver sua aprendizagem. Contudo, existem professores que ainda não estão aptos para receber esses alunos e compreender algumas dificuldades e assim trabalham de uma forma tradicional que não proporciona nenhum interesse para eles. Para que os nossos alunos tenham um bom desenvolvimento em seu processo de aprendizagem é de suma importância que o educador oportunize os mesmos a estarem envolvidas nas mais variadas atividades que precisam ser realizadas. Muitas vezes, o educador utiliza muito material em suas aulas, mas deixa os alunos utilizando-os sem dar nenhuma explicação. É preciso que ele esteja sempre o orientando e desta forma, haverá um progresso na aprendizagem dessas crianças. Inúmeras vezes encontramos crianças que falam bem, compreendem múltiplas combinações simbólicas, mas apresenta dificuldades para entender, ou mesmo produzir símbolos escritos. Muitos são inteligentes, capazes, criativos e excelentes em se comunicar, mas, possuem mentes dispersas e impulsos para não permanecerem parados em um só lugar e quase sempre deixam uma brincadeira no meio ou não concluem as lições que tão bem começaram. Outras se destacam com uma inteligência superior em muitas coisas, mas, parece não ter sucesso. Todos esses alunos possuem em comum dificuldade de aprendizagem, isto é, problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro de entender, recordar, desenvolver as habilidades de ler e escrever. Por isso, este artigo visa contribuir e aprofundar os conhecimentos teóricos sobre o tema dificuldade de aprendizagem no processo de alfabetização. 34 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização Quando observamos essas dificuldades, percebemos o quanto elas interferem com o mundo natural e social da criança, fazendo com que as mesmas percam o interesse pela escola, desenvolvendo a insegurança e o senso de baixa autoestima. É nesse momento que o educador precisa saber como trabalhar com cada dificuldade de aprendizagem que ele encontra em sua trajetória profissional, buscando diversas estratégias, usando dinâmicas interessantes que possam garantir um avanço no desenvolvimento dessas crianças. Quando o aluno apresenta uma dificuldade na aprendizagem é preciso que ele seja encaminhado para o profissional adequado para que ele trabalhe em cima desse problema, porque se o aluno não ter um acompanhamento correto, consequentemente, não terá rendimento algum. O aluno com dificuldade em aprender, precisa estudar numa turma normal e ser bem acolhido. A metodologia do professor com os alunos também trará grandes avanços na aprendizagem à medida que ele se dedica pela causa a qual assumiu, tendo sempre compromisso e amor e os belos frutos serão colhidos. A alfabetização é um processo de construção de significado do mundo e que está interligado ao letramento, isto é, podemos ensinar as crianças a ler, a conhecer os sons que as letras representam e, ao mesmo tempo, incentivá-los a participarem da aventura do conhecimento implícita no ato de ler. Fonte: http://pedagogiasimples.blogspot.com/2011/03/dificuldades- de-aprendizagem-no.html 35 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização De acordo com Ferreiro, Teberosky (1999), “as crianças se apropriam da leitura e da escrita mesmo quando ainda não as fazem convencionalmente”. Nessa perspectiva, as crianças aprendem naturalmente no meio em que vivem, através de estímulos visuais, sonoros. A leitura está presente na vida cotidiana sempre buscando compreensão e significados para o mundo. Para Paulo Freire (2000, p.5), “leitura boa é a leitura que nos empurra para a vida, que nos leva para dentro do mundo, que nos interessa a viver”. Para que a criança desperte sua curiosidade pela leitura é preciso que o educador faça sempre leituras interessantes e atividades que favoreçam a participação das mesmas, possibilitando-as uma compreensão sobre o significado das palavras. Isso só ocorrerá realmente por intermédio das práticas de alfabetização que estimulam a leitura e a escrita, levando-os ao prazer de estarem sempre lendo e desta forma aprender a escrever com autonomia. Segundo o Referencial curricular nacional para educação infantil (1998, p. 151): Diz-se que um ambiente é alfabetizador quando promove um conjunto de situações de usos reais de leitura e escrita nas quais as crianças tem a oportunidade de participar. Se os adultos com quem as crianças convivem utilizam a escrita no seu cotidiano e oferecem a elas a oportunidade de presenciar e participar de diversos atos de leitura e de escrita, elas podem, desde cedo, pensar sobre a língua e seus usos, construindo ideias sobre como se lê e como se escreve. Portanto, o processo de alfabetização só ocorrerá quando o aluno souber ler, escrever, interpretar e elaborarproduções de textos simples ou complexos com eficiência e qualidade. Esse processo tem início na alfabetização e estende-se por toda vida. E para que esse processo realmente aconteça os alunos necessitam de mediadores que venham contribuir através de um trabalho interativo, contextualizado e bem planejado. Não basta apenas a criança apropriar-se do código escrito, mas fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano, apropriando-se da função social dessas duas práticas. Sabe-se que muitas vezes a criança não está conseguindo dominar as habilidades de leitura e escrita e culpa-se a família e/ou a falta de interesse dos mesmos, mas, é preciso que o professor quando perceber que determinados alunos não estão avançando na aprendizagem, buscar subsídios para que estes problemas sejam solucionados. Também, torna-se relevante o educador se autoavaliar, examinado sua prática pedagógica, pois muitas vezes o aluno é rotulado como 36 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização alguém que não “aprende nunca”, causando sérios constrangimentos e traumas em sua vida. As crianças que apresentam realmente dificuldades em aprender, precisam ser acompanhadas pelo profissional responsável nessa área que é o psicopedagogo, pois, através do diagnóstico que ele fará, dependendo do problema observado, ele saberá o melhor caminho a percorrer para que essas crianças possam avançar em suas aprendizagens. Sobre dificuldades de aprendizagem, o conceito de dificuldades de aprendizagem remete-se também as necessidades educacionais especiais, mas também aos maiores recursos educacionais necessários para atender essas necessidades e evitar maiores complicações. Ao falar de dificuldade de aprendizagem e evitar a terminologia da deficiência a ênfase situa-se na escola, na resposta educacional. De acordo com Grigorenko; Ternemberg (2003 p.29): Dificuldade de aprendizagem significa um distúrbio em um ou mais processos psicológicos básicos envolvidos no entendimento ou no uso da linguagem, falada ou escrita, que pode se manifestar em uma aptidão imperfeita para ouvir, pensar, falar, ler, escrever, soletrar ou realizar cálculos matemáticos. Frequentemente são identificadas crianças dentre as que frequentam a escola, aquelas que, por alguma razão, não conseguem cumprir de modo satisfatório as expectativas da escola e dos pais. Habitualmente, os familiares ou responsáveis por estas crianças são orientadas no sentido de procurar um profissional a fim de que este possa diagnosticar o “problema da criança” com o objetivo de corrigir ou sanar as dificuldades presentes, pois, se essas crianças não tiverem um acompanhamento adequado não terão rendimento escolar satisfatório. Muitas vezes a criança apresenta alguma dificuldade na aprendizagem e a família não mostra nenhum interesse em ajudá-la, deixando que a escola se encarregue de encontrar a solução. Sabemos que é de grande importância que a escola receba esses alunos, mas é também preciso que a família colabore no sentido de ajudá-los em relação a formação da criança, bem como é responsável por modelar e programar o comportamento e a identidade do indivíduo. É preciso que a família acompanhe de perto a vida escolar dos filhos. Os pais não podem pensar que todos os problemas de aprendizagem dos filhos é obrigação 37 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização somente da escola resolvê-los. É papel dos pais, estarem sempre acompanhando todo processo de formação de seus filhos, dedicando-se ao máximo, propiciando momentos de cumplicidade, amor e atenção. O vínculo afetivo da família desempenha um papel importante no desenvolvimento da criança. Observamos que diversas vezes, os próprios pais cometem erros gravíssimos quando se referem aos filhos que apresentam alguma deficiência na aprendizagem, dizendo: “ele não tem jeito, não aprende nunca”. Isso muitas vezes é a causa das crianças não aprenderem mesmo, devido os traumas causados dentro da própria casa. Não existe criança que não aprenda. Ela sempre aprenderá alguma coisa, umas de modo mais rápido, outras mais lentamente, mais a aprendizagem certamente se processará, independentemente da via neurológica usada, mas utilizando-se associações infalíveis, baseada em uma vertente básica: ambiente adequado + estímulo + motivação. Talvez seja a chave que procuramos para encaminhar os distúrbios de aprendizagem e as dificuldades de escolaridade. (CIASCA, 2004). Nessa perspectiva, entende-se que toda criança tem a capacidade de aprender, mesmo que tenha problemas neurológicos, dependendo da maneira como ela receber as informações, algo com certeza vão ficar registrados em sua mente. Em relação a essa abordagem, torna-se de grande relevância o papel do professor Fonte: https://www.infancia.com.br/blogs/news/124324483-erros-cometidos- pelos-pais-na-educacao-de-seus-filhos 38 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização que precisa estar se capacitando constantemente, tanto em prol de sua formação como em saber atuar frente aos desafios de sua profissão. Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervindo, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 2004, p.29). O professor tem um papel importante no desenvolvimento do educando, cabendo a ele, perceber as dificuldades dos alunos, ajudando e incentivando para que eles não se sintam fracassados, achando que nunca vão conseguir aprender. Algumas crianças por diversas razões, não chegam a desenvolver habilidades comunicativas por meio da fala, como, por exemplo, crianças com deficiência auditiva, algumas portadoras de paralisia cerebral, autistas etc. Nesses casos, a inclusão dessas crianças nas atividades regulares favorece o desenvolvimento de várias capacidades, como a sociabilidade, a comunicação, entre outras. Convém salientar que existem certos procedimentos que favorecem a aquisição de sistemas alternativos de linguagem, como a que é feita por meio de sinais, por exemplo, mas que requerem um conhecimento especializado. Cabe ao professor uma ação no cotidiano, visando à integração de todas as crianças no grupo. As crianças com problemas auditivos criam recursos variados para se fazerem entender. O professor, deve também buscar diferentes possibilidades para entender e falar com elas, valorizando várias formas de expressão. Além da inclusão em classes regulares, as crianças portadoras de necessidades especiais deverão ter paralelamente um atendimento especializado. Ensinar e aprender são processos lentos, individuais e estruturados. Quando esses processos não se completam, por alguma falha ou falta, interna ou externa, surgem os distúrbios e as dificuldades de aprendizagem que levam a criança não só à desmotivação, mas ao desgaste e à reprovação social. A criança se transforma num rótulo dentro da escola, perturba pais e professores que passam a buscar, a partir daí, todo e qualquer tipo de solução na tentativa de descobrir causas, classificá-las e, se possível, entender de forma objetiva um quadro que, apesar de não se mostrar claro, sugere uma perturbação, e implica em prejuízo contínuo em uma fase da vida extremamente importante, o início da escolarização. 39 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização Sobre as caudas das dificuldades de aprendizagem, é notável que os fatores sociais sejam determinantes na manutenção dos problemas de aprendizagem, e entre eles o ambiente escolar e o contexto familiar são os principais componentes desses fatores. Quanto ao ambiente escolar, é necessário verificar a motivação e a capacitaçãoda equipe de educadores, a qualidade da relação professor-aluno- família, a proposta pedagógica, e o grau de exigência da escola, que, muitas vezes, está preocupada com a competitividade e põe de lado a criatividade de seus alunos. Em relação ao ambiente familiar, famílias com alto nível sociocultural podem negar a existência de dificuldades escolares da criança. Há também casos em que a família apresenta um nível de exigência muito alto, com a visão voltada para os resultados obtidos, podendo desenvolver na criança um grau de ansiedade que não permite uma evolução no processo de aprendizagem. A real etiologia dos transtornos de aprendizagem ainda não foi esclarecida pelos cientistas, embora existam algumas hipóteses sobre suas causas. Sabe-se que sua etiologia é multifatorial, porém, ainda são necessárias pesquisas para melhor identificar e elucidar essa questão. O desenvolvimento cerebral do feto é um fator importante que contribui para o processo de aquisição, conexão e atribuição de significado às informações, ou seja, da aprendizagem. Dessa forma, qualquer fator que possa alterar o desenvolvimento cerebral do feto, facilita o surgimento de um Fonte: https://neurosaber.com.br/o-que-sao-transtornos-de-aprendizagem/ 40 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização quadro de transtorno de aprendizagem, que possivelmente só será identificado quando acriança necessita expressar suas habilidades intelectuais na fase escolar. Com relação aos transtornos de aprendizagem, pesquisas científicas sobre distúrbios de aprendizagem são relativamente recentes e ganharam relevância a partir dos anos 1980. Ainda existem testes padronizados mundialmente para diagnosticá-los embora haja referências importantes. Com isso, é difícil encontrar crianças com diagnóstico fechado de outros transtornos, além dos mais conhecidos como dislexia e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Tanto o CID-10, como o DSM-IV apresentam basicamente três tipos de transtornos específicos: o transtorno da leitura, o transtorno da matemática, e o transtorno da expressão escrita. A caracterização geral destes transtornos não difere muito entre os dois manuais. “Distúrbio da escrita: são distúrbios neurológicos que afetam especificamente a produção da escrita e podem aparecer de maneira isolada ou combinados a outras patologias, como dislexia” (JARDIM, 2003, P. 28) Essa dificuldade ocorre no processo de leitura, escrita, soletração e ortografia. Isso não significa que todos os problemas da fala, leitura e escrita possam ser associados à dislexia. A dislexia independe de causas intelectuais, emocionais e culturais. “Há uma discrepância inesperada entre seu potencial para aprender e seu desempenho escolar”. (JARDIM, 2003, p. 36). Isso quer dizer que, apesar de condições adequadas para a aprendizagem, capacidade cognitiva apropriada e oportunidade sociocultural a criança disléxica falha no processo da linguagem. A língua alfabética é fundamentada na relação grafema/fonema. Os disléxicos, ao exibirem representações fonológicas mal especificadas, adotam um modelo diferente de decodificar ou representar os atributos falados das palavras. “Portanto, essa falta de sensibilidade fonológica inibe a aprendizagem dos padrões de codificação alfabética subjacentes ao reconhecimento fluente de palavras”. (FRANÇA,2006, p. 169). Isso quer dizer que a criança reconhece a letra, mas não Distúrbio de leitura e de escrita: é uma nomenclatura genérica, utilizada para definir as alterações que impedem ou dificultam a aquisição e continuidade do processo de leitura e escrita, variando segundo a etiologia e sintomatologia podem apresentar-se de muitas formas como: 41 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização consegue associar ao som. Desta forma, a leitura fica prejudicada e, paulatinamente, ocorrem outros problemas na realização de tarefas que exigem memória fonológica. A dislexia normalmente é hereditária. Estudos mostram que dislexos possuem pelo menos um familiar próximo com dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita. Esse transtorno envolve percepção, memória e análise visual. O dislexo geralmente demonstra insegurança e baixa autoestima, sentindo-se triste e culpado. Muitos se recusam a realizar atividades com medo de mostrar os erros e repetir o fracasso. Com isso criam um vínculo negativo com a aprendizagem, podendo apresentar atitude agressiva com professores e colegas. O distúrbio na matemática caracteriza-se da seguinte forma (Sanchez, 2004, p.177): “A capacidade matemática para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático, capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo não atinja a média esperada para sua idade cronológica”. As dificuldades da capacidade matemática apresentada pelo indivíduo trazem prejuízos significativos em tarefas da vida diária que exigem tal habilidade. Em caso de presença de algum déficit sensorial, as dificuldades matemáticas ultrapassem aquelas que geralmente está associada. Diversas habilidades podem estar prejudicadas nesse transtorno, como as habilidades linguísticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou conceitos matemáticos e transposição de problemas escritos ou aritméticos, ou agrupamentos de objetos em conjuntos), de atenção (copiar números ou cifras, observar sinais de operação) e matemáticas (dar sequência a etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação). Observa-se, pelo exposto, que as dificuldades de aprendizagem em matemática podem ser diversas e que não existe uma forma única de solucioná-las em função de suas peculiaridades. Todavia, conhecer essas dificuldades possibilitará aos profissionais da educação, condições de melhor analisar o Distúrbio da matemática: O distúrbio da matemática é conhecido como discalculia. Esse distúrbio não afeta as habilidades básicas da matemática como contagem, e sim, as atividades que exigem raciocínio. Esse distúrbio vem sempre em junção com outros, como o da leitura e da escrita. 42 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização desempenho de seus alunos a fim de propor alternativas para conduzir o trabalho pedagógico com eles. O Transtorno da expressão escrita não se trata apenas de uma dificuldade na caligrafia ou ortografia, ao contrário trata-se de um transtorno que engloba desde a competência de elaborar um texto até a ausência de uma boa escrita e de tudo que está ligado a mesma. Este transtorno de escrita é algo que ainda não há um tratamento específico, pois, sabe-se pouco sobre o tratamento. No entanto, há alguns critérios que podem evidenciar o transtorno e que podem auxiliar no diagnóstico. Uma criança com esse transtorno possui habilidades na escrita inferior às outras crianças de sua série ou faixa etária, tal dificuldade influencia em atividade. Dentro da escola, a participação do psicopedagogo com suas experiências de intervenção junto ao professor, num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito importante e enriquecedora, principalmente se os professores forem especialistas na área. Não só a sua intervenção junto ao professor é positiva, também com a participação efetiva dos pais nas reuniões, esclarecendo o desenvolvimento de seus filhos na escola, bem como acompanhando e sugerindo atividades, buscando estratégias e apoio necessário para cada criança com dificuldade. Segundo Bossa (1994, p.23), (...) “cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação”. A intervenção psicopedagógica possibilitao acompanhamento do trabalho junto aos professores, visando à solução de problemas de aprendizagem. É preciso que ele faça um diagnóstico, ou seja, um processo que se realiza numa atitude investigadora, até a intervenção. É importante que essa investigação prossiga durante todo o trabalho com o objetivo de observação ou acompanhamento da evolução do sujeito. No diagnóstico psicopedagógico “as perturbações na leitura e escrita expressam uma mensagem” (FERNANDES, 1991 p.43). Para a autora as dificuldades na leitura e escrita requerem uma atenção rebuscada pelo fato do não aprender desencadear omissões, negações, desinteresse e até mesmo aversão pela escola. Segundo Weiss (2001, p.97): 43 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização É preciso resgatar, desde o diagnóstico, o hábito de ler com satisfação e compreensão daquilo que se propõe a ler abrangendo capacidades desenvolvidas no processo de alfabetização que habilita o aluno a participação ativa nas práticas sociais e na contribuição da sua aprendizagem. Quando diagnosticada, a criança passa primeiramente por um longo caminho de busca, que começa em postos de saúde e chega à rede terciária de atendimento ou a consultórios particulares, sempre procurando um substrato que justifique o fato de não aprender. Nesses serviços, as crianças são submetidas a uma série de exames clínicos, psicológicos, oftalmológicos, neurológicos e pediátricos, entre outros, cuja conclusão em sua grande maioria, é pela a não constatação de anormalidades que justifiquem o problema escolar. Tendo a escola um papel fundamental na vida de cada estudante, é preciso perceber tais dificuldades na aprendizagem. Ficou constatado através desse estudo, que trabalhar com dificuldades de aprendizagem constitui um verdadeiro desafio que a cada passo mostra outros tantos a serem desenvolvido, tal foi à abrangência e a complexidade de desenvolver este tema através das contribuições de vários teóricos. Grande parte da dificuldade em definir, conceituar e avaliar os problemas de aprendizagem surge basicamente da necessidade de diferenciar aquilo que é considerado como distúrbio de aprendizagem. As dificuldades ocorrem por diversos fatores, por utilização de metodologia não adequada e não atualizadas, muitas vezes devido à prática do educador que se prendem a métodos tradicionais, ensinando por meio de repetição e cópias de palavras que não tem nenhum significado para o aprendiz. Muitas vezes, as dificuldades de aprendizagem são de origem intelectual, emocional, incluindo-se dificuldade de relacionamento professor e aluno, no qual o papel do mesmo é fundamental para que ocorra a aprendizagem. Geralmente, quando o aluno tem um bom relacionamento com o professor, o aprendizado ocorre com facilidade. Cabe ao professor, ter um olhar observador para detectar quando um aluno não aprende, recorrendo a novas metodologias, procurando dar maior atenção para que o mesmo consiga atingir os objetivos propostos. Após a tentativa de utilizar vários recursos para reverter o problema e, ainda assim, o aluno apresentar dificuldades, deverá ser acompanhado para uma 44 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização avaliação do psicopedagogo que deverá promover o diagnóstico e descobrir se a causa é de ordem metodológica ou se é caso de distúrbio de aprendizagem, que são de ordens neurológicas, psicológicas ou fonoaudiológicas, sendo assim, esse aluno deverá receber um tratamento com profissional específico. Verificou-se também que a participação do psicopedagogo nesse processo é de grande relevância, pois, o mesmo realiza um papel fundamental na escola, ajudando as crianças em seu processo de desenvolvimento intelectual, fazendo o diagnóstico psicopedagógico. A atuação do psicopedagogo compreende então, os processos de desenvolvimento e os caminhos da aprendizagem. Compreende o aluno de maneira interdisciplinar, buscando apoio em várias áreas do conhecimento e analisando a aprendizagem no contexto escolar, familiar e no aspecto afetivo, cognitivo e biológico fazendo as intervenções necessárias para a evolução de aprendizagem das mesmas. Fonte: https://neurosaber.com.br/atuacao-psicopedagogo-no-disturbio-de- aprendizagem/ 45 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização Desse modo, o problema na aprendizagem pode ser enquadrado como um sintoma e não como um quadro permanente. Há várias hipóteses para justificar o não-aprender, dependendo do significado que tem para cada um. Para uns, a aprendizagem é gratificada com o carinho dos pais, para outros, este mesmo carinho só vem se a criança não aprende. As dificuldades de aprendizagem podem ocorrer em determinadas áreas do conhecimento. Há alunos com verdadeiro talento na arte, na dança, na música, no esporte ou em outra habilidade e apresentam dificuldades na leitura, escrita ou nos cálculos. Cada ser humano é singular e apresenta características diferenciadas. 46 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização 1. Conceitue transtorno e distúrbio de aprendizagem, observando suas diferenças e semelhanças. Que relevância um professor pode ter em reabilitar seu perfil, uma vez que o mesmo deva se preocupar em atender alunos com dificuldades plurais? 47 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização UNIDADE 04 Materiais didáticos e suas relevâncias para o processo de alfabetização escolar Fonte: http://oficinasdealfabetizacao.blogspot.com/2017/02/pesquisa-sobre-jogos-e- materiais.html 48 Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Alfabetização 4. Materiais didáticos para a realização do processo de alfabetização escolar O processo de ensino e aprendizagem e os materiais didáticos O presente trabalho se insere no contexto de estudos realizados numa perspectiva de que o profissional professor é de extrema importância para o futuro da nossa sociedade. Desta forma, depende de sua formação didática o modo ou modelo operativo que utilizará na construção de sua prática nos processos que utiliza para a organização das situações de aprendizagem dos alunos, percebendo-se assim, a importância da Didática. Consideramos em primeiro lugar, que o processo de ensino – objeto de estudo da Didática – não pode ser tratado como atividade restrita ao espaço de sala de aula. O trabalho docente é uma das modalidades específicas da prática educativa mais ampla que ocorre na sociedade. Para compreendermos a importância do ensino na formação humana, é preciso considerá-lo no conjunto das tarefas educativas exigidas pela vida em sociedade. A ciência que investiga a teoria e prática da educação nos seus vínculos com a prática social global é a Pedagogia. Sendo a Didática uma disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo em vista finalidades educacionais, que são sempre sociais, ela se fundamenta na Pedagogia; é, assim, uma disciplina pedagógica (LIBÂNEO, 1994, p.15-16). De maneira geral, a didática é uma área de aplicação da pedagogia cujo objetivo fundamental é ocupar-se, conforme Perrenoud (2000, p.14), do estudo da organização e direção de situações de aprendizagem. Isso implica no estudo de estratégias de ensino, questões relativas a metodologias de ensino situado em um espaço educativo complexo. Assim, conforme Anastasiou e Alves (2004) surgiu o termo ensinagem, que indica a superação da visão fragmentada do processo de ensino e aprendizagem, pois essa é uma “prática social complexa efetivada entre os sujeitos, professor e aluno, englobando tanto a ação de ensinar quanto a de aprender em um processo