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Módulo 5 - Atendimento a Imigrantes

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Direitos dos Imigrantes 
e Orientações para o 
Atendimento
Atendimento a 
Imigrantes5
M
ód
ul
o
2Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Enap, 2021
Enap Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Presidente 
Diogo Godinho Ramos Costa
Diretor de Desenvolvimento Profissional
Paulo Marques
Coordenador-Geral de Produção Web 
Carlos Eduardo dos Santos
Equipe responsável
Ana Beatrice Neubauer de Moura (Revisora de texto, 2021).
Ana Carla Gualberto Cardoso (Diagramação, 2020).
Ana Paula Medeiros Araújo (Direção de arte, 2021).
Gabriel Silvestre Marques Boere (Implementador Rise 360º, 2021).
Ivan Lucas Alves Oliveira (Coordenador de produção, 2021).
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos - MMFDH (Conteudista, 2020).
Patrick Oliveira Santos Coelho (Implementador Moodle, 2021).
Priscila Campos (Coordenadora de desenvolvimento, 2020).
Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT / Laboratório 
Latitude e Enap.
Curso produzido em Brasília, 2021.
3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Unidade 1: Documentação ............................................................... 5
Unidade 2: Acesso à saúde ............................................................... 9
Unidade 3: Assistência social e Moradia ......................................... 12
Unidade 4: Acesso à educação ........................................................ 14
Unidade 5: Trabalho e renda ........................................................... 17
Unidade 6: Assistência jurídica e acesso à justiça ............................ 19
Unidade 7: Reunião familiar e soluções duradouras ........................ 22
Glossário ........................................................................................ 24
Referências ..................................................................................... 25
Sumário
4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Neste módulo, será abordada a importância da documentação para assegurar a qualidade 
de vida aos imigrantes. Além disso, serão abordados os direitos que os imigrantes possuem à 
saúde, à assistência social, à moradia, à educação, ao trabalho, à renda, à assistência jurídica 
e à reunião familiar.
Unidade 1: Documentação
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer a importância da documentação para a 
qualidade de vida dos imigrantes.
A documentação é um aspecto muito importante para a qualidade de vida dos imigrantes e o 
acesso a direitos. O principal documento de identificação dos migrantes no Brasil é chamado 
Carteira de Registro Nacional Migratório (CRNM). Esse documento é padrão, independente da 
hipótese utilizada pelo migrante para a regularização migratória no Brasil. A CRNM é produzida 
pela Polícia Federal (Decreto nº 9.199/2017, artigo 58).
Carteira de Registro Nacional Migratório. 
Fonte: Portaria nº 11.264, de 24 de janeiro de 2020. https://portaldeimigracao.mj.gov.br/
images/portarias/PORTARIA_N%C2%BA_11.264_DE_24_DE_JANEIRO_DE_2020.pdf.
Entre as diferentes formas de regularização migratória no Brasil, podem ser citados vistos 
temporários (solicitados fora do Brasil) e autorizações de residência (solicitadas no Brasil), assim 
M
ód
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o Atendimento a 
Imigrantes5
https://portaldeimigracao.mj.gov.br/images/portarias/PORTARIA_N%C2%BA_11.264_DE_24_DE_JANEIRO_DE_2020.pdf
https://portaldeimigracao.mj.gov.br/images/portarias/PORTARIA_N%C2%BA_11.264_DE_24_DE_JANEIRO_DE_2020.pdf
6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
como a solicitação de reconhecimento da condição de refugiado e a solicitação de reconhecimento 
da condição de apátrida.
Todos os imigrantes, uma vez que tenham a sua situação migratória estabelecida 
no Brasil, recebem a CRNM. Para tal, é importante saber que todos os imigrantes 
devem realizar o seu registro junto à Polícia Federal, inclusive os que entram 
no país através de visto temporário (Decreto nº 9.199/2017, artigo 62).
Para os imigrantes que entram no país através de visto, o registro deve ser feito em até 90 dias 
após a chegada. Todos os migrantes também devem manter atualizados os seus dados de contato 
junto à Polícia Federal.
Uma vez que o imigrante procede ao registro junto à Polícia Federal, receberá um documento 
provisório que permite acessar todos os direitos que são garantidos pela legislação. Imigrantes 
que dispõem de visto ou solicitam autorização de residência recebem um protocolo provisório que 
pode ser apresentado junto com o documento de viagem quando necessário, e que permanece 
válido por até 180 dias (Decreto nº 9.199/2017, artigo 63, § 1º), sendo possível que o documento 
definitivo esteja disponível para retirada na Polícia Federal antes deste prazo.
Para proceder ao registro na Polícia Federal, será preciso apresentar:
• Formulário de solicitação preenchido (disponível no site da Polícia Federal);
• Duas fotos 3x4 recentes, coloridas e com fundo branco;
• Documento de viagem válido ou outro documento que comprove a identidade e a 
nacionalidade;
• Certidão de nascimento ou de casamento, caso não constem os dados de filiação 
no documento anterior;
• Formulário original do visto/consulta ao visto no Sistema de Tráfego Internacional 
(STI), conforme o caso;
• Documento de identificação do chamante (para visto temporário por reunião 
familiar);
• Declaração, sob as penas da lei, subscrita pelo chamante e chamado, que não está 
presente nenhuma das causas de perda de autorização de residência previstas no 
artigo 135 do Decreto nº 9.199/2017 (para visto temporário por reunião familiar); 
e
• Comprovante de pagamento de taxas ou Declaração de Hipossuficiência.
7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
No caso de solicitantes de reconhecimento da condição de refugiado, o protocolo recebido tem 
validade de um ano e funciona como documento de identificação até que o Comitê Nacional para 
os Refugiados (Conare) decida sobre a solicitação de reconhecimento da condição de refugiado.
Caso essa decisão não ocorra antes da data de vencimento do protocolo de solicitação, este poderá 
ser renovado na Polícia Federal por mais um ano. O Protocolo de Solicitação de Reconhecimento 
da Condição de Refugiado é um documento de identificação válido e pode ser apresentado em 
todas as situações que requerem a apresentação de documento de identificação no Brasil.
Atualmente, o formato do protocolo se encontra em transição para um novo modelo de 
documento provisório (Decreto nº 9.277/2018). Até a plena implementação do modelo descrito 
no Decreto nº 9.277, ambos têm validade.
De posse da CRNM ou de algum dos protocolos provisórios, o imigrante pode então emitir 
os outros documentos brasileiros, tais como o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e a Carteira 
de Trabalho e Previdência Social (CTPS), e se registrar no Sistema Único de Saúde (SUS) e no 
Cadastro Único (CadÚnico).
Por conta dos prazos de validade e hipóteses definidas para a regularização migratória no Brasil, 
pode ser necessário encaminhar a mesma pessoa para a regularização migratória mais de uma 
vez. Isto pode se dar por vários motivos, entre eles o fim do prazo de residência temporária ou o 
surgimento de uma hipótese de regularização migratória mais vantajosa para o imigrante.
Assim como os brasileiros, os imigrantes podem solicitar o CPF na Receita Federal e, para isso, 
devem apresentar a CRNM ou o protocolo de que disponham. Para fazer a inscrição no CPF, o 
imigrante pode se dirigir às agências do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal ou dos 
Correios e deverá pagar uma taxa de R$7,00 ou apresentar a declaração de hipossuficiência 
econômica, em igual modelo à apresentada junto à Polícia Federal para fins de regularização 
migratória. Os menoresde 16 anos deverão apresentar também o documento de identificação 
de um dos pais ou de outro responsável legal que detenha sua guarda.
O imigrante pode também solicitar a carteira de trabalho, bem como a nova carteira de trabalho 
digital. Assim como ocorre com o CPF, o procedimento para a emissão da CTPS é semelhante ao 
seguido pelos brasileiros. Será necessário fazer um agendamento no Ministério da Economia e 
comparecer à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego ou outra unidade indicada no 
dia e hora do agendamento.
Os imigrantes precisarão levar a CRNM ou protocolo (original e cópia) e o CPF, e, em alguns 
locais, comprovante de residência e uma foto 3x4 com fundo branco. A carteira de trabalho 
digital também poderá ser feita pelo imigrante. As instruções para a instalação da carteira digital 
podem ser encontradas no site da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. Em todos 
os casos, a CTPS emitida para imigrantes tem a mesma validade do documento de regularização 
migratória e pode ser renovada quando a CRNM for renovada.
O Cartão Nacional de Saúde também pode ser obtido por todos os imigrantes que residam no 
Brasil. Para solicitar o cartão, o imigrante pode se dirigir à Secretaria de Saúde do município ou a 
qualquer unidade de saúde do SUS. Será necessário apresentar um documento de identificação 
https://empregabrasil.mte.gov.br/carteira-de-trabalho-digital/
8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
(CRNM ou protocolo) e o CPF. Uma vez feito o cadastro, também será possível acessar o portal de 
saúde do cidadão. A pessoa pode, ainda, fazer um pré-cadastro através desse portal.
Destaque h, h, h, h, 
De qualquer maneira, é importante lembrar que ninguém será impedido de 
receber atendimento de saúde por não portar ou ter um cartão do SUS.
Já o cadastramento no CadÚnico deve ser feito pelo responsável pela unidade familiar, através 
da apresentação do CPF, nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Os demais 
membros da família devem apresentar qualquer um dos seguintes documentos de identificação: 
certidão de nascimento, certidão de casamento, CPF, carteira de identidade (RG), carteira de 
registro nacional migratório (CRNM), carteira de trabalho ou título de eleitor.
A pessoa que será registrada como responsável pela unidade familiar deve ser maior de 16 anos 
e preferencialmente mulher. Embora não sejam documentos indispensáveis, a apresentação de 
comprovante de endereço, comprovante de matrícula escolar das crianças de 4 a 17 anos e 
carteira de trabalho agilizam a inclusão da família em programas sociais.
A abertura de conta bancária também é garantida pela nova Lei de Migração. No entanto, 
às vezes os imigrantes podem encontrar obstáculos para a abertura de conta, inclusive por 
desconhecimento acerca dos documentos de que eles dispõem. A Carta Circular nº 3.813, de 
7 de abril de 2017, do Banco Central do Brasil, esclarece os requisitos para a abertura de conta 
bancária para imigrantes, explicitando que essa abertura pode ser feita com a CRNM ou o 
protocolo de solicitação de refúgio. Caso o imigrante encontre dificuldades na abertura de conta, 
pode levar uma cópia da carta circular para esclarecimento.
9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Unidade 2: Acesso à saúde
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar o direito de acesso à saúde dos imigrantes.
No Brasil, a saúde é direito de todos e dever do Estado (Constituição Federal, artigo 196). O 
SUS pode, portanto, ser acessado por todos os imigrantes no Brasil, independente da sua 
nacionalidade, condição migratória ou tempo de estadia. 
Assim como os brasileiros, os imigrantes podem ser atendidos gratuitamente em todos os 
equipamentos de saúde da rede pública, assim como ter acesso às consultas, aos exames, à 
internação, aos programas de vacinação e aos remédios disponibilizados nas farmácias populares 
da rede pública, e todos os outros serviços de que a rede pública dispõe.
Destaque h, h, h, h, 
Em caso de urgência ou emergência, a pessoa deve ser atendida independente 
de sua situação migratória e documentação.
Igualmente, tal como descrita na Constituição Federal, a saúde pública no Brasil tem um 
componente de participação da comunidade (artigo 198, inciso II). Imigrantes podem integrar as 
iniciativas de participação comunitária no sistema público de saúde em igualdade com os demais 
membros da comunidade.
Também não existe impedimento à participação de imigrantes nos processos seletivos para 
profissionais de saúde, desde que cumpridos os requisitos. A contratação de imigrantes no SUS 
pode, de fato, fortalecer o acesso à saúde de parte da população imigrante, além de enriquecer o 
sistema como um todo. Particularmente, destaca-se o papel que agentes comunitários de saúde 
imigrantes podem ter na promoção do acesso à saúde de outros imigrantes e na superação de 
barreiras linguísticas e culturais entre os imigrantes e os serviços.
Leitura recomendada: Agentes de saúde estrangeiros atendem uma crescente 
população imigrante em São Paulo
Além de o acesso à saúde estar garantido a todas as pessoas que se encontrem no território 
brasileiro, ele também é uma das hipóteses de concessão de visto e autorização de residência 
previstas na nova Lei de Migração (artigo 14, inciso I, alínea b e artigo 30, inciso I, alínea b).
Para acessar essa hipótese de regularização migratória, o imigrante deve comprovar que dispõe 
de meios próprios para custear o tratamento de saúde e que o tratamento necessário tem 
https://epoca.globo.com/saude/noticia/2018/01/agentes-de-saude-estrangeiros-atendem-uma-crescente-populacao-imigrante-em-sao-paulo.html
https://epoca.globo.com/saude/noticia/2018/01/agentes-de-saude-estrangeiros-atendem-uma-crescente-populacao-imigrante-em-sao-paulo.html
10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
indicação médica. No caso de tratamento feito pelo SUS, será possível dispensar a comprovação 
de meios de subsistência (Portaria Interministerial nº 3, de 27 de fevereiro de 2018).
Essa hipótese de regularização migratória prevê, ainda, que, nos casos em que o tratamento 
necessário seja decorrente de uma situação provocada por traumas ou condições de saúde 
ocorridas já no Brasil e que impossibilitem a remoção do paciente para o país de origem 
– por representar riscos à sua saúde ou integridade física –, é possível flexibilizar a exigência 
documental e substituir alguns dos documentos necessários por relatório médico que explicite 
o impedimento de retorno ao país de origem, incluindo prova de que o paciente está sob 
responsabilidade médica (Portaria Interministerial nº 3, de 27 de fevereiro de 2018, Anexo I). Os 
vistos e as autorizações de residência para tratamento de saúde podem incluir o paciente e um 
acompanhante, caso necessário.
Destaque h, h, h, h, 
Os imigrantes que buscarem atendimento de saúde no Brasil após um agravo 
ou trauma ocorridos no território nacional não podem ser removidos ao país 
de origem caso a remoção possa resultar risco à vida ou integridade física do 
paciente ou ameaçar à saúde pública. Essas pessoas têm direito a concluir 
o tratamento médico no Brasil, ou seja, a situação migratória em que se 
encontra a pessoa no momento do atendimento não é obstáculo para que o 
tratamento prossiga. Pode ser necessário que as equipes de saúde forneçam 
relatório médico para que o imigrante possa concluir o pedido de autorização 
de residência para tratamento de saúde.
Além da possibilidade de regularização migratória para tratamento de saúde, o acesso à saúde 
é uma consideração importante também na admissão ao território nacional, em particular 
no caso de crianças, conforme o princípio de não devolução e o seu entendimento no Direito 
Internacional e na Legislação Brasileira. O conceito também tem interpretação relacionada à 
saúde, em particular no caso de crianças.
Na compreensão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o princípiode não devolução 
impede a devolução de crianças a países em que elas possam estar privadas de um tratamento 
médico indispensável à sua saúde ou expostas a condições de insuficiência de serviços 
alimentares ou sanitários. Nesses casos, uma das possibilidades de autorização de entrada no 
território nacional é a admissão excepcional (Lei nº 13.445/2017, artigo 40), ainda pendente de 
regulamentação.
A saúde pode ser, assim, um dos fatores que motiva a migração, como contemplado na legislação 
brasileira através da hipótese de regularização migratória por tratamento de saúde. Porém, o 
nexo entre migração e saúde inclui também outras questões igualmente complexas, como pode 
ser a incidência de questões de saúde mental entre migrantes, em especial aqueles que viveram 
situações de migração forçada, incluindo o refúgio.
11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
 Agora, assista ao vídeo: “Pieter Ventevogel (ACNUR) sobre saúde mental 
dos refugiados”. 
Fonte: ACNUR, 17/01/2017.
Os profissionais de saúde também desempenham um papel importante no enfrentamento ao 
tráfico de pessoas. Em algumas ocasiões, a identificação de vítimas pode ser feita por profissionais 
de saúde. Em outros casos, a vítima precisará acessar serviços de saúde durante o processo de 
assistência.
Diagnosticar as necessidades de saúde de uma vítima de tráfico de pessoas é complexo, já que 
o processo de tráfico geralmente leva a efeitos cumulativos de danos à saúde. A maioria das 
vítimas de tráfico de pessoas são expostas a riscos para a saúde antes, durante e, inclusive, após 
o período de exploração (Cathy e Borland, 2017).
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) disponibiliza um Manual 
para a Assistência às Vítimas de Tráfico de Pessoas, direcionado a profissionais 
de saúde. Você pode consultar o manual na bibliografia deste curso, ou através 
do link.
https://youtu.be/xyQp0a2WeXQ
https://youtu.be/xyQp0a2WeXQ
https://publications.iom.int/system/files/pdf/guia_para_profissionais_da_saude.pdf
12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Unidade 3: Assistência social e Moradia
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar o direito de assistência social e moradia 
dos imigrantes.
O imigrante tem direito a acessar os programas de inclusão social no Brasil, por meio da inserção 
do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), em conformidade 
com os critérios de cada programa. Essa previsão já existia antes da Lei de Migração e a nova Lei 
reforça a possibilidade de inclusão de imigrantes e refugiados na assistência social.
O atendimento aos imigrantes está garantido em todos os níveis de proteção, respondendo às 
demandas apresentadas, inclusive em casos de abrigamento emergencial e acomodações de 
médio e longo prazo. Algumas localidades dispõem de abrigos específicos para imigrantes em 
situação de vulnerabilidade; onde estes abrigos específicos não estão disponíveis, os imigrantes 
poderão acessar os abrigos existentes de acordo com seu perfil.
A partir de 2014, a expansão e o reordenamento do Serviço de Acolhimento para Adultos e Famílias 
passou a contemplar a migração e, em especial, os migrantes em situação de vulnerabilidade.
A Portaria nº 70 do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 
de 11 de junho de 2014, incluiu novos critérios de partilha do cofinanciamento 
federal, por meio do Piso de Alta Complexidade II – PAC II.
Entre os serviços aos quais os imigrantes podem acessar na proteção social básica, destacam-se 
o Benefício de Prestação Continuada e o Programa Bolsa Família. Cabe lembrar que nenhum dos 
dois está condicionado ao tempo de residência no Brasil. Assim como ocorre com os brasileiros, 
os critérios de concessão estão relacionados aos aspectos de vulnerabilidade social.
Por vezes, podem surgir dúvidas com respeito ao acesso dos imigrantes ao Benefício de Prestação 
Continuada, já que a redação do Decreto nº 6.214/2007 estipula que o benefício é exclusivo para 
brasileiros natos ou naturalizados e portugueses residentes no Brasil.
No entanto, a Constituição Federal e a Lei Orgânica da Assistência Social não restringem o benefício 
por motivo de nacionalidade ou situação migratória, determinando que a concessão obedecerá 
a critérios de vulnerabilidade social. Em 2017, de forma unânime, o Superior Tribunal Federal 
decidiu sobre a questão, estipulando que o BPC deve ser concedido a imigrantes residentes 
no Brasil que atendam aos requisitos estabelecidos para a concessão(Recurso Extraordinário 
587970).
13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Assim como acontece com outros direitos sociais, os imigrantes também têm o direito ao acesso 
igualitário à moradia no Brasil. No entanto, não é raro que imigrantes e refugiados encontrem 
obstáculos consideráveis no acesso à moradia, em particular devido a uma dificuldade para 
cumprir as exigências praticadas para o aluguel, como apresentar um fiador (que por vezes deve 
ter um imóvel na mesma cidade), realizar o pagamento de seguros-fiança com altos custos, ou 
mesmo para cumprir requisitos para obter crédito imobiliário no caso de compra de imóvel.
14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Unidade 4: Acesso à educação
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar o direito de acesso à educação dos 
imigrantes.
O acesso à educação é garantido aos imigrantes no Brasil em todos os níveis e a Lei de Migração 
assegura o direito dos imigrantes à educação pública, vedada a discriminação em razão da 
nacionalidade e da condição migratória. 
No caso das crianças imigrantes, a educação é um direito fundamental garantido pela Convenção 
dos Direitos da Criança, pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente 
(Lei nº 8.069/1990), que não estabelecem nenhuma diferença entre crianças no acesso à 
educação com base na nacionalidade, situação migratória ou tempo de residência no país, e que 
determinam o acesso igualitário à educação básica gratuita dos 4 aos 17 anos de idade.
Portanto, todas as crianças imigrantes nas idades de escolaridade obrigatória podem fazer a 
matrícula em estabelecimentos da rede escolar, independente da sua nacionalidade, condição 
migratória, e de que documentos possuam.
 Agora assista ao vídeo: “#EducaçãoEmMovimento: migração, 
deslocamento e educação: construir pontes, não muros”. 
Fonte: UNESCO, 21/11/2018.
A criança imigrante não precisa apresentar documentos como o histórico escolar ou traduções 
para efetivar a sua matrícula na rede escolar. De fato, como estabelece a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação (Lei nº 9.394/1996, artigo 24, inciso II), a classificação de série do aluno, incluindo 
o aluno imigrante, pode ser feita mediante avaliação realizada pela escola para a determinação 
da série adequada.
Além de garantir o acesso à educação, a escola tem também a obrigação de cumprir o direito da 
criança imigrante à não discriminação, incluindo por motivos de nacionalidade, idioma, religião, 
situação migratória, entre outras.
O princípio da não discriminação deve ser respeitado dentro do ambiente escolar e em sala 
de aula, o que quer dizer que a criança não pode ser excluída do processo educativo em razão 
de barreiras linguísticas, culturais, ou de qualquer outro tipo. A escola deve ser inclusiva e 
contemplar as necessidades e potencialidades específicas dessas crianças.
https://youtu.be/jjDXwSyj_1I
https://youtu.be/jjDXwSyj_1I
15Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
 Agora assista ao vídeo:“Quem não é migrante? Migração e educação em 
São Paulo”. 
Fonte: Escravo, Nem Pensar! - 20/04/2018.
Caso ocorram situações de violência discriminatória entre alunos (bullying) por nacionalidade, 
raça, religião ou condição migratória, entre outros motivos, é possível solicitar à escola que 
desenvolva soluções de proteção e prevenção contra a violência. Assim como ocorre com 
qualquercriança no Brasil, as crianças imigrantes também podem recorrer ao Conselho Tutelar, 
à Defensoria Pública Estadual e à Defensoria Pública da União para garantir os seus direitos de 
acesso à educação em condições igualitárias e não discriminatórias.
O ensino fundamental e médio pode também ser acessado por imigrantes adolescentes e adultos 
que não tenham completado os estudos nas idades previstas para sua realização. Nesses casos, 
a Educação de Jovens e Adultos (EJA) se apresenta como uma modalidade de ensino alternativa, 
que permite retornar à escola e terminar as séries necessárias em tempo reduzido (em cada ano 
letivo, podem ser cursadas até duas séries nesta modalidade). A inscrição na EJA pode ser feita 
diretamente nas escolas que oferecem esta modalidade, com matrículas duas vezes ao ano:
• Primeiro semestre: janeiro a fevereiro
• Segundo semestre: junho a julho
Para realizar a matrícula na EJA, a pessoa interessada deve apresentar um documento de 
identificação com foto (CRNM, passaporte ou a carteira de trabalho), CPF e histórico escolar.
 Agora assista ao vídeo: “Haitianos: migração e educação em São Paulo 
(SP)”. 
Fonte: Escravo, Nem Pensar! - 20/04/2018.
Imigrantes que não tiveram acesso ao ensino regular na idade própria ou não possuem histórico 
escolar podem, também, certificar as suas competências através do Exame Nacional para a 
Certificação de Competências para Jovens e Adultos (ENCCEJA), de maneira gratuita e voluntária. 
A inscrição para o exame ocorre várias vezes por ano e é informada através da página do Inep, 
que realiza a prova.
Imigrantes que tenham completado os seus estudos de ensino fundamental e médio em outros 
países podem solicitar o reconhecimento dos seus estudos no Brasil. No caso dos ensinos 
https://youtu.be/TgfOl1dpwo0
https://youtu.be/TgfOl1dpwo0
https://youtu.be/TN3QSzObLSs
https://youtu.be/TN3QSzObLSs
16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
fundamental e médio, a revalidação é feita pelas Secretarias Estaduais de Educação, que devem 
ser procuradas diretamente para a realização do trâmite. 
No geral, será preciso apresentar: 
1. Tradução do histórico escolar e diploma, de preferência por tradutor público 
juramentado, ou escola de língua estrangeira idônea, cujo tradutor tenha o Curso 
de Letras, com diploma registrado no MEC.
2. Estar de posse do histórico escolar relativo aos estudos realizados anteriormente 
no Brasil.
3. Documento de identificação e CPF. Pode ser também necessário apresentar um 
comprovante de residência no estado em que se solicita a revalidação do diploma.
Da mesma maneira, os imigrantes podem acessar cursos universitários no Brasil e realizar a 
matrícula com os documentos que mencionamos antes: CRNM ou Protocolo de residência ou 
de refúgio.
Várias universidades brasileiras dispõem de políticas de promoção do acesso ao ensino superior 
para refugiados e imigrantes. Estes processos incluem a disponibilização de vagas remanescentes, 
o processo seletivo facilitado e o estabelecimento de cotas.
Leitura recomendada: UFPR abre 10 vagas para migrantes e refugiados
A Lei nº 12.711/2012, conhecida como Lei de Cotas, dispõe sobre o ingresso no ensino superior 
de alunos provenientes de escolas públicas (artigo 1º) e alunos autodeclarados pretos, pardos 
e indígenas e por pessoas com deficiência (artigo 3º). O direito a acessar a política de ação 
afirmativa para o ingresso no ensino superior também é garantido a imigrantes que cumpram os 
requisitos especificados, já que a Lei de Cotas não estipula a nacionalidade brasileira como um 
requisito de acesso.
Vale mencionar também a existência de projetos que promovem a integração de imigrantes 
por meio do ensino de português como língua de acolhimento em diversas localidades do 
país, oferecendo a possibilidade de aprender o idioma de maneira gratuita e utilizando uma 
metodologia própria, adaptada à realidade de imigrantes e refugiados.
Cursos de português como língua de acolhimento são oferecidos gratuitamente por diversas 
universidades no país, assim como algumas ONGs e organizações da sociedade civil. No caso 
de cursos oferecidos por universidades reconhecidas pelo MEC, a conclusão do curso pode ser 
utilizada como comprovante de domínio do idioma, para pedidos de naturalização.
https://www.plural.jor.br/noticias/vizinhanca/ufpr-abre-10-vagas-para-migrantes-e-refugiados/
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Unidade 5: Trabalho e renda
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os direitos laborais dos imigrantes.
Os imigrantes, refugiados e solicitantes de refúgio no Brasil têm garantidos todos os seus direitos 
laborais. De fato, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) garante igualdade de direitos e 
condições dignas de trabalho, sem fazer discriminação por nacionalidade, condição migratória 
ou tempo de estadia no país. Isto significa que os imigrantes estão protegidos contra a exploração 
laboral, independente da sua condição migratória.
O imigrante pode ser encaminhado à participação em programas de qualificação profissional, 
quando for este o caso, e ao cadastro no Sistema Nacional de Emprego (SINE). Para o processo 
de contratação em uma empresa, o imigrante terá de apresentar a Carteira de Trabalho, a CRNM 
ou protocolo de solicitação de residência ou refúgio, e o CPF. Alguns documentos que costumam 
ser apresentados pelos trabalhadores brasileiros, como o título de eleitor e o certificado de 
reservista, devem ser dispensados para os trabalhadores imigrantes.
Ao enviar os dados do trabalhador para o e-Social, pode ser informado o tipo de visto ou 
autorização de residência. Atualmente, o número do CRNM ou protocolo não é um campo 
obrigatório, sendo obrigatório informar apenas o CPF.
Por vezes, o sistema informático das empresas não está adaptado ao tipo de numeração dos 
documentos apresentados pelos migrantes. Esses sistemas podem ser adaptados para permitir 
a contratação, quando necessário.
Confira o passo a passo para a contratação de imigrantes nesta Cartilha.
A Revalidação de Diplomas permanece como um dos grandes obstáculos à integração laboral 
de imigrantes em postos de trabalho compatíveis com a sua qualificação. No Brasil, a revalidação 
de diplomas é realizada por instituições públicas de ensino superior através de regras próprias 
estabelecidas por cada instituição, incluindo o valor das taxas a serem cobradas.
Para fazer a revalidação do diploma, em geral será necessário apresentar ao menos o diploma 
original e histórico escolar apostilados de acordo com as normas da Convenção de Haia, um 
processo que deve ser feito no país de origem.
A Plataforma Carolina Bori reúne informações sobre os processos de reconhecimento de diplomas 
disponíveis em várias universidades brasileiras, além de incluir um processo simplificado de 
revalidação ou reconhecimento de diplomas. Podem ser consultados na plataforma os cursos 
https://brazil.iom.int/sites/default/files/Publications/OIM%20-%20Folder%20Contrata%C3%A7%C3%A3o%20de%20Migrantes.pdf
http://plataformacarolinabori.mec.gov.br/usuario/acesso
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que já foram reconhecidos por cada universidade, e se alguma universidade já reconheceu o 
diploma de que o imigrante dispõe.
Embora o processo de revalidação de diplomas normalmente exija o pagamento de taxas, vários 
estados do Brasil aprovaram leis que determinam a isenção de taxas de revalidação de diplomas 
para refugiados e imigrantes em situação de vulnerabilidade ou acolhida humanitária. Algumas 
universidades também adotaram a mesma isenção de forma autônoma.
Imigrantes e refugiados também podem se registrar como Microempreendedores Individuais 
(MEI) para trabalhar por conta própria nas profissões incluídas na categorização do MEI. Assim 
como os brasileiros, os imigrantes inscritos como microempreendedores individuais podem 
se registrar no Registro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Os imigrantese refugiados 
empreendedores também podem acessar linhas de crédito e microcrédito no Brasil, em 
conformidade com as normativas de cada serviço.
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Unidade 6: Assistência jurídica e acesso à justiça
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer o direito de assistência jurídica dos 
imigrantes.
O acesso à justiça pode ser definido como “a capacidade das pessoas de fazer pleno uso dos 
processos legais existentes, desenhados formal ou informalmente para proteger os seus direitos 
de acordo com critérios subjetivos de equidade e justiça”. Inclui, portanto, todas as esferas nas 
quais uma pessoa pode entrar em contato com o Sistema de Justiça, incluindo os procedimentos 
de regularização migratória e outras questões tais como decisões de admissão no território, 
processos de retirada compulsória ou situações de conflito com a lei.
A Lei de Migração garante o pleno acesso à assistência jurídica, inclusive à assistência jurídica 
gratuita para os imigrantes que dela necessitarem. Nesse contexto, a Defensoria Pública da União 
(DPU) tem um papel de destaque na defesa dos direitos dos imigrantes e pode ser procurada 
para questões relacionadas à regularização migratória e ao acesso a direitos como educação, 
saúde, assistência social, entre outros.
Leitura recomendada: O trabalho da DPU na defesa dos direitos dos migrantes 
venezuelanos
Especialmente em algumas localidades, o acesso à assistência jurídica oferecida pela DPU 
pode se encontrar com obstáculos significativos, uma vez que a Defensoria tem uma presença 
limitada no território nacional. Assim, é importante saber que além da DPU, vários projetos de 
extensão universitária e organizações não governamentais oferecem assessoria jurídica solidária 
a migrantes e refugiados no Brasil.
Ao pedir a regularização migratória no Brasil, é comum que o migrante deva apresentar um 
comprovante de antecedentes penais e uma declaração de ausência de antecedentes penais em 
qualquer país ao longo dos últimos 5 anos.
No entanto, a existência de antecedentes não é necessariamente um impedimento para a 
regularização migratória no Brasil. Segundo a Lei de Migração, a regularização migratória é 
possível para pessoas que: 
1. Tenham antecedentes por condutas de menor potencial delitivo. 
2. Sejam beneficiárias de tratado de livre circulação e residência. 
3. Busquem residência no Brasil por reunião familiar, acolhida humanitária ou 
tratamento de saúde. 
https://www.conjur.com.br/2018-nov-06/tribuna-defensoria-trabalho-dpu-defesa-direitos-migrantes-venezuelanos
https://www.conjur.com.br/2018-nov-06/tribuna-defensoria-trabalho-dpu-defesa-direitos-migrantes-venezuelanos
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Nesses casos, se for necessário, a assistência jurídica pode ser procurada para auxiliar o processo 
de regularização migratória.
Embora muitas hipóteses de regularização migratória estejam regulamentadas e possam 
ser solicitadas diretamente na Polícia Federal, em alguns casos, pode ser preciso recorrer ao 
Sistema de Justiça para solicitar uma autorização de residência. Isto pode se dar nos casos em 
que uma hipótese de autorização de residência está pendente de regulamentação ou quando a 
regulamentação existente não abrange algum caso específico.
É o caso também quando a pessoa tem motivos fundamentados para solicitar uma flexibilização 
documental. Neste último contexto, a Associação de Juízes Federais (AJUFE) recomenda que 
“a exigência documental de migrantes em situação de vulnerabilidade deve ser relativizada 
diante das circunstâncias do caso concreto e da dificuldade de obtenção de documentos no 
país de origem”.
A pessoa que precisar de assistência jurídica para a regularização migratória pode procurar a 
Defensoria Pública da União, além de advogados particulares, inclusive aqueles que oferecem 
assistência jurídica solidária (pro-bono).
Destaque h, h, h, h, 
A regularização migratória e a guarda de uma criança não são a mesma coisa, 
nem estão diretamente vinculadas. Mesmo quando uma criança solicita a 
autorização de residência por reunião familiar – ou é listada como dependente 
de um ou uma solicitante de refúgio – este ato não garante a guarda à pessoa 
adulta que apresenta o pedido. Assim sendo, entende-se que geralmente é 
suficiente a presença do pai ou da mãe (não sendo necessário que estejam 
ambos) para solicitar a regularização migratória da criança; na ausência de 
ao menos um dos progenitores, a DPU deve ser acionada para representar 
a criança para propósitos de regularização migratória. Isto ocorre porque se 
entende que a regularização migratória é parte da proteção integral da criança 
imigrante. Essa regularização não constitui um obstáculo para uma posterior 
determinação da guarda. Igualmente, ela não impede o retorno da criança que 
se encontre em situação de sequestro internacional quando esta for a solução 
que responda ao seu superior interesse.
É importante lembrar que, crianças migrantes que não estejam acompanhadas 
dos pais devem também buscar a regularização da guarda, além da 
regularização migratória. Para isto, a pessoa adulta que a acompanha pode 
solicitar assistência jurídica da Defensoria Pública Estadual, para o processo de 
determinação da guarda.
Como vimos em diversos âmbitos até aqui, a nova Lei de Migração representou um avanço 
importante nos direitos dos imigrantes. Isto também é certo no caso dos imigrantes em conflito 
com a lei, inclusive aqueles em cumprimento de pena.
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A Lei de Migração permite a regularização migratória da pessoa que esteja em liberdade 
provisória ou em cumprimento de pena no Brasil (Lei nº 13.445, artigo 30, II, h.), permitindo 
também a essas pessoas o acesso à carteira de trabalho e aos demais documentos. É importante 
lembrar, ainda, que a Convenção de Viena garante o direito à assistência consular do país de 
origem, e que a jurisprudência regional da Corte Interamericana de Direitos Humanos reforça a 
importância de que se garanta a assistência consular.
A nova Lei de Migração prevê a autorização de residência para cumprimento de pena no Brasil, 
permitindo à pessoa imigrante em conflito com a lei ter acesso à carteira de trabalho, e facilitando 
o seu acesso à progressão de regime, pena alternativa à prisão, entre outros. Enquanto a 
regulamentação dessa hipótese de autorização de residência estiver pendente, o acesso a essa 
forma de regularização migratória deve ser obtido por decisão judicial.
A Associação de Juízes Federais (Ajufe) recomenda que as sentenças condenatórias sobre 
réu ou ré imigrante disponha sobre o acesso à autorização de residência (Enunciado nº 3 do 
Fonadirh).
A pessoa imigrante condenada por crimes no Brasil pode ser alvo de medida de retirada 
compulsória. No entanto, é importante lembrar que mesmo nesses casos não se pode em 
nenhuma hipótese devolver uma pessoa a um país onde ela possa vir a estar sujeita à tortura 
ou a outras penas cruéis, desumanas e degradantes, ou a qualquer das violações de direitos 
humanos contra as quais o princípio de não devolução oferece proteção.
A nova Lei de Migração oferece garantias de ampla defesa em todos os casos em que um 
imigrante possa estar sujeito a processos de remoção compulsória do território nacional. A lei 
também destaca o princípio de não devolução (non-refoulement) e a proibição da deportação 
ou expulsão coletivas. Segundo o Enunciado nº 5 do Fonadirh, em todos os casos, o princípio de 
não devolução oferece proteção a todos os não nacionais, inclusive às pessoas em trânsito pelo 
Brasil, assim como os brasileiros naturalizados.
O princípio de não devolução está descrito em diversos instrumentos internacionais, tais 
como a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados e a Convenção contra a Tortura e 
o Pacto de San José. A Lei de Migração reforça este princípio de diversas maneiras, com 
destaquepara o artigo 62.
Destaque h, h, h, h, 
Cabe ainda notar que a lei não tem previsão de prisão por razões migratórias, 
ou seja, um imigrante não pode ser penalizado pela forma que entra no país 
ou por permanecer no país sem regularização migratória, por exemplo. Nesse 
sentido, a Associação dos Juízes Federais (Ajufe), de acordo com o Enunciado 
nº 2 do Fonadirh, esclarece que não se admite a prisão de imigrantes para fins 
de deportação ou expulsão.
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Unidade 7: Reunião familiar e soluções duradouras
🎯 Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer o direito à reunião familiar dos imigrantes.
Os imigrantes têm garantido o seu direito à reunião familiar. Esta pode se dar através da vinda ao 
Brasil dos membros da família que ficaram no país de origem, através de vistos de reunião familiar, 
autorizações de residência por reunião familiar ou outras formas de regularização migratória. 
A reunificação familiar pode ter um impacto muito positivo, em especial para imigrantes em 
situações vulneráveis.
 Agora assista ao vídeo: “Congolês conta como foi saga para trazer sua 
família ao Brasil”. 
Fonte: TV Folha, 01/05/2016.
Por vezes, no entanto, os imigrantes podem perder contato com os membros de suas famílias 
durante o processo migratório. Isto pode ocorrer em diversos momentos durante o ciclo migratório 
e pode levar a uma necessidade de apoio para o reestabelecimento de laços familiares.
Instituições de assistência a migrantes podem desempenhar um papel importante no 
reestabelecimento de laços familiares, por meio de variadas formas de busca, inclusive em 
contato e colaboração com embaixadas e consulados dos países de origem e organizações da 
sociedade civil, entre outros.
Quando o imigrante expressa a vontade de retornar ao seu país de origem, a orientação para a 
assistência consular também se faz importante, assim como o apoio para garantir o contato com 
estas representações diplomáticas do país de origem. 
A assistência consular pode variar de país a país, mas em alguns casos, os consulados podem 
apoiar no reestabelecimento de laços familiares e no auxílio ao retorno, inclusive assumindo 
custos de transporte. A assistência consular também pode fornecer apoio com a documentação 
necessária para o retorno e a garantia de assistência no país de origem.
É importante ter em mente que, no caso de pessoas refugiadas ou solicitantes de refúgio, o 
retorno ao país de origem implica, em geral, na perda da condição de refúgio, já que se assume 
que o temor de voltar ao país de origem, que justificava a condição de refúgio, deixa de existir. 
Pessoas com a condição de refugiado reconhecida ou solicitantes de refúgio podem, no entanto, 
retornar ao seu país de origem por breves períodos e manter a sua condição reconhecida no 
https://youtu.be/9YX6ADUcTbQ
https://youtu.be/9YX6ADUcTbQ
23Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Brasil, desde que obtenham autorização prévia do CONARE.
Para tal é essencial ter em mente que todo retorno ao país de origem deve ser absolutamente 
voluntário e acompanhado de avaliações para determinar a existência de possíveis riscos. 
Também se deve garantir que o imigrante se encontra em condições de saúde adequadas para 
realizar a viagem.
O retorno e reintegração voluntários também podem ser apoiados por 
organismos não governamentais ou internacionais, como a Organização 
Internacional para as Migrações - OIM, que tem um programa de apoio ao 
retorno e reintegração voluntária para migrantes em situação de grande 
vulnerabilidade. Para solicitar o apoio do programa, os migrantes podem 
contatar diretamente o escritório da organização em Brasília. Consulte o site 
do programa. 
https://reintegracaobrasil.com/
24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Glossário
 + Assistência ao retorno e reintegração voluntários
Apoio administrativo, logístico e econômico, incluindo a assistência à reintegração, 
para migrantes que não podem ou não querem permanecer no país de destino ou 
de trânsito e que decidem retornar ao país de origem.
 + CRNM
Carteira de Registro Nacional Migratório, também conhecida como RNM.
 + Integração
Um processo de dois sentidos, de adaptação mútua entre as pessoas migrantes e 
as sociedades nas quais elas vivem, em que as pessoas migrantes são incorporadas 
à vida social, econômica, cultural e política da comunidade de acolhida. Implica 
um conjunto de responsabilidades compartilhadas entre a pessoa migrante e as 
comunidades, e incorpora outras noções relacionadas, tais como a coesão social e a 
inclusão social (Glossário OIM, 2019).
25Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Referências
CATHY, Z.; BORLAND, R. Assistência às vítimas de tráfico de pessoas: guia para profissionais da 
saúde. OIM: Genebra, 2017.
ITCC. Instituto Terra, Trabalho e Cidadania. De estrangeiras a migrantes: os 15 anos de luta do 
projeto estrangeiras. São Paulo, 2016.
SOUZA, G; BRITO, A. O Ministério Público Federal e os direitos do preso estrangeiro. Brasília, 
2018.
	Unidade 1: Documentação
	Unidade 2: Acesso à saúde
	Unidade 3: Assistência social e Moradia
	Unidade 4: Acesso à educação
	Unidade 5: Trabalho e renda
	Unidade 6: Assistência jurídica e acesso à justiça
	Unidade 7: Reunião familiar e soluções duradouras
	Glossário
	Referências

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