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Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020 (1)

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Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direitos dos Migrantes, dos Refugiados e dos Apátridas 
2 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO DO MATERIAL: 
Alexandre Norberto Canuto Franco 
 Graduado em Administração Pública, pela Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho, da Fundação 
João Pinheiro (FJP), especialista em Cidadania e Direitos Humanos no Contexto das Políticas Públicas, pela 
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), com créditos concluídos do curso de Mestrado 
em Ciência Política, do Departamento de Ciência Política (DCP), da Universidade Federal de Minas Gerais 
(UFMG). Servidor público do Poder Executivo de Minas Gerais, na carreira de Especialista em Políticas Públicas 
e Gestão Governamental, atua como técnico de referência para políticas de apoio ao migrante e de 
enfrentamento ao trabalho escravo e ao tráfico de pessoas, na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social 
de Minas Gerais (Sedese/MG), representando a Sedese no Comitê Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado 
e Apátrida, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho Escravo de Minas Gerais 
(Comitrate/MG). 
3 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
Sumário 
 
CONCEITOS BÁSICOS ......................................................................................................................................... 4 
MIGRAÇÃO E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO ................................................................................... 13 
O DIREITO A SERVIÇOS BÁSICOS ..................................................................................................................... 16 
VIOLAÇÕES DE DIREITOS ................................................................................................................................. 24 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
 
Direitos dos Migrantes, dos Refugiados e dos Apátridas 
Alexandre Norberto Canuto Franco1 
 
CONCEITOS BÁSICOS 
 
Migração 
Migração é um 
processo de atravessamento de uma fronteira internacional ou de um 
Estado. É um movimento populacional que compreende qualquer 
deslocação de pessoas, independentemente da extensão, da 
composição ou das causas; inclui a migração de refugiados, pessoas 
deslocadas, pessoas desenraizadas e migrantes económicos. (OIM, 
2009). 
Podemos tratar as pessoas que passam por tal processo como migrantes, ou alterar 
para emigrante ou imigrante, dependendo se estamos tratando de sua partida ou 
de sua chegada. Por exemplo, se falamos dos brasileiros que se mudam para 
Portugal ou qualquer outro país, podemos falar deles como emigrantes brasileiros, 
ou seja dos brasileiros que saem de seu país de origem. Mas, se falamos daqueles 
migrantes que vieram da Venezuela ou do Haiti para o Brasil, podemos chamá-los 
de imigrantes, ou seja, daqueles estrangeiros internacionais que entram em nosso 
País. Nesse sentido, a escolha do termo será em função da perspectiva em que 
estamos falando. Destaque-se que: 
A palavra “migrante” costuma ser utilizada para designar aquele que se 
desloca dentro de seu próprio país e também pode ser usada para falar 
dos deslocamentos internacionais. Alguns especialistas, inclusive, 
aconselham o uso do termo migrante quando se fala de migrações entre 
países, por ser abrangente e não simplista. (ACNUR, 2019, p. 10). 
 
1 Graduado em Administração Pública, pela Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho, da Fundação João 
Pinheiro (FJP), especialista em Cidadania e Direitos Humanos no Contexto das Políticas Públicas, pela Pontifícia 
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), com créditos concluídos do curso de Mestrado em Ciência Política, 
do Departamento de Ciência Política (DCP), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Servidor público do 
Poder Executivo de Minas Gerais, na carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, atua como 
técnico de referência para políticas de apoio ao migrante e de enfrentamento ao trabalho escravo e ao tráfico de 
pessoas, na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese/MG), representando a Sedese 
no Comitê Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e Apátrida, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação 
do Trabalho Escravo de Minas Gerais (Comitrate/MG). 
5 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
As causas de migrações podem ser diversas e, da mesma forma, são diversas teorias 
que procuram trazer luz a este fenômeno, podendo, inclusive, serem utilizadas de 
modo conjugado. De acordo com Carolina Nunan (2012), as principais são: 
• Teorias neoclássicas: analisam as migrações como um somatório de movimentos 
autônomos dos indivíduos, que se deslocam em função de suas respectivas demandas, 
dentro de um cenário de livre-mercado internacional. Nessa perspectiva, as pessoas migram 
em busca de melhores oportunidades econômicas, seja em termos de empregos, ou em 
termos de salários. 
• Teoria histórico-estrutural: é uma perspectiva que analisa o fenômeno migratório como 
uma questão coletiva e social, em função de desigualdades socioespaciais. Ou seja, as 
desigualdades fazem com que grupos saiam de lugares mais pobres e com menores 
condições para ascensão social, para outros territórios em que possam ter melhores 
condições. 
• Teoria do mercado dual de trabalho: nessa abordagem não importam as condições dos 
países de origem, mas somente os fatores de atração de países de destino. Desse modo, 
pessoas migram porque determinados países ou regiões atraem pessoas que percebem 
vantagens em se mudar, como oportunidades de ganhos melhores do que em seus países 
de origem, mesmo em trabalhos menos qualificados, ou até mesmo os benefícios sociais 
oferecidos nos países de destino. 
• Teoria de sistemas mundiais: nessa abordagem, a liberdade de escolha não importa tanto, 
pois o fenômeno migratório é causado pelo próprio sistema capitalista, constituído em 
“metrópoles” e “colônias”, sendo as primeiras responsáveis pela manutenção dessas 
últimas, mantendo uma relação de subalternidade e, assim, mantendo as diferenças entre 
as forças de trabalho nos dois polos. 
• Teoria das redes sociais: consideram as migrações como fenômenos subjetivos, associados 
aos desejos dos indivíduos e às visões e comportamento de grupos que, inclusive podem 
motivar ou inibir as migrações de outros membros dos respectivos grupos. 
Percebe-se, assim, que as motivações e explicações para as migrações internacionais 
são diversas, formando uma temática complexa e que exige conhecimentos, dados 
e reflexões para uma melhor compreensão de seus mecanismos. 
Mas somente estrangeiros internacionais são migrantes? E quando falamos de 
migrantes entre regiões do Brasil? Não! Não há somente migrantes internacionais, 
6 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
podendo haver migrantes internos dentro de um mesmo país. Nesse sentido, a 
migração interna é a 
Circulação de pessoas de uma região do país para outra, com 
a finalidade ou o efeito de fixar nova residência. Este tipo de 
migração pode ser temporária ou permanente. O migrante 
interno desloca-se, mas permanece dentro do seu país de 
origem (por ex., migração de zonas rurais para zonas 
urbanas). (OIM, 2009). 
No Brasil, os desequilíbrios econômicos regionais, independente da perspectiva 
teórica que se utilize, formam o principal fator das trajetórias migratórias (GHUZI, 
2012).Apesar das maiores teorias sobre as migrações brasileiras terem sido 
construídas nos anos 1960 e 1970, pode-se considerar três grandes movimentos 
migratórios no País. O primeiro, entre 1888 e 1920, em função da substituição da 
mão de obra escrava por mão de obra de trabalhadores livres, inclusive com a 
finalidade de ocupação de povoamento do território, e com grande participação de 
migrantes vindos de outros países, principalmente da Alemanha e da Itália (GHUZI, 
2012). O segundo, entre 1930 e 1980, principalmente com migrações internas no 
País, em função da substituição da economia agrária pela economia industrializada, 
com grandes fluxos migratórios do meio rural para as cidades, principalmente com 
pessoas indo da região Nordeste para as regiões Norte e Sudeste e, também, desta 
última para as regiões Centro-Oeste e Sul (GHUZI, 2012). O terceiro, a partir dos anos 
1980, diminui os fluxos interestaduais, mas mantem fluxos internos, sendo que o 
principal consenso sobre suas causas é a ocorrência de crises sociais e econômicas 
(GHUZI, 2012). Como exemplo, o estado de São Paulo perde a atratividade que tinha 
para os nordestinos, que tenderam a retornar a seus territórios de origem, e isso 
relaciona-se com o aumento da violência urbana, do desemprego, do acesso a 
serviços básicos e à habitação, entre outros (GHUZI, 2012). Outros autores dividem 
os movimentos migratórios brasileiros em dois períodos, sendo um anterior à 
década de 1980, relacionado às mudanças de modelo social e econômico até a 
industrialização, e outra após os anos 198, em razão das disfunções sociais 
ocasionadas pela urbanização e “metropolização” (BRITO, 2009). 
 
PORTANTO, NUM CENÁRIO AMPLO, MIGRAÇÃO REFERE-SE À MIGRAÇÃO INTERNACIONAL OU EXTERNA, AO 
PASSO QUE AS MIGRAÇÕES QUE OCORREM DENTRO DE UM PAÍS PODEM SER DENOMINADAS MIGRAÇÃO NACIONAL OU 
INTERNA, HAVENDO OUTROS TIPOS (QUADRO 1). 
 
 
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Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
QUADRO 1. TIPOS DE MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS. 
Tipos Descerição 
Migração internacional 
ou externa Aquela que se realiza de um país para outro. 
Migração nacional ou 
interna Aquela que se realiza dentro do mesmo país. 
Migração inter-regional Realiza-se de uma região para outra. 
Migração intrarregional Aquela que se realiza dentro da mesma região. 
Migração definitiva 
Ocorre quando o migrante não retorna mais para o local de origem, 
permanecendo definitivamente no local de destino, ou seja, para 
onde migrou. 
Migração temporária Quando a migração se dá por um tempo que pode ser determinado ou indeterminado. 
Migração espontânea Dá-se por vontade própria do migrante. 
Migração forçada Quando ela se dá por vontade externa ao interesse do migrante. 
Fonte: KLEIN et al, 2009, p. 607. 
 
Refúgio 
Após o fim da II Guerra Mundial, a partir da criação da Organização das Nações 
Unidas (ONU), também foi criada, na sequência, uma agência internacional, o Alto 
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) para auxiliar os europeus 
que perderam suas casas durante a guerra e, em 1951, foi assinada a Convenção das 
Nações Unidas relativa ao Estatuto do Refugiado, também denominada de 
Convenção de Genebra. A Convenção de Genebra, de 1951, foi um marco 
importante, pois trouxe definições sobre refúgio e estabeleceu direitos específicos 
para aqueles, bem como obrigações para os Estados signatários da Convenção, 
tendo o Brasil ratificado a Convenção no ano de 1960. De acordo com a Convenção 
de Genebra, considera-se refugiada qualquer pessoa 
Que, em consequência dos acontecimentos ocorridos antes 
de 1º de janeiro de 1951 e temendo ser perseguida por 
motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou 
opiniões políticas, se encontra fora do país de sua 
nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, 
não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não tem 
nacionalidade e se encontra fora do país no qual tinha sua 
residência habitual em consequência de tais acontecimentos, 
não pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar a ele. 
(ACNUR, 1951). 
8 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
Percebe-se que o termo refugiado tem limites geográficos e temporais, e atendia 
principalmente às pessoas que sofreram, na Europa, em função da II Guerra 
Mundial. Ou seja, só poderia ser considerado refugiada a pessoa perseguida até a 
data citada – 1º de janeiro de 1951. Mas a edição do Protocolo Relativo ao Estatuto 
dos Refugiados, de 1967, extinguiu tais limitações (ONU, 1967). 
Atualmente, refugiados 
São pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados 
temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, 
nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião 
política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos 
humanos e conflitos armados. (ACNUR, 2020b) 
Refugiados, portanto, são fugitivos que tiveram de deixar seu país por ameaças a 
seus direitos e à sua vida ou por perseguições, sejam políticas, sejam por opiniões, 
ou por escolhas pessoais. Não devemos confundi-los com criminosos pelo fato de 
nem sempre estarem com sua documentação em situação irregular, o que será 
tratado na próxima sessão. Apesar da violência e da perseguição infligida a pessoas 
e que as motiva a buscar sua segurança e melhores condições de vida em outros 
países, atualmente há um debate sobre outras condições que levam ao refúgio, 
discutindo-se a formação de novas categorias de refúgio que ainda precisam ser 
reconhecidas pela comunidade internacional, como (ACNUR, 2019): 
• Refugiados econômicos: grupos de indivíduos forçados a abandonar seu país na busca de melhores 
condições de vida. 
• Refugiados ambientais: grupos populacionais forçados a deixarem seus territórios devido a 
calamidades ambientais, como poluição, contaminação do ambiente, secas, enchentes ou outras 
grandes variações climáticas que afetem as condições de sobrevivência em seus respectivos países 
de origem. 
No Brasil, a Lei Federal nº 9.474/1997 traz definições para a implementação do 
Estatuto dos Refugiados, também passa a ser considerado refugado qualquer vítima 
de violação grave generalizada dos direitos humanos, numa alusão aos Direitos 
Fundamentais, ampliando o conceito no País. 
Outro ponto de destaque é quanto à diferenciação entre migrantes e refugiados. Da 
mesma forma que nem todo mineiro é belorizontino, mas todo belorizontino é 
mineiro, todo refugiado é um migrante, mas tem todo migrante é um refugiado. 
 
 
 
 
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Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
Apatridia 
Mudanças nas relações internacionais estão fortemente relacionadas à ocorrência 
de apatridia, que normalmente ocorre devido à disputa entre Estados, da 
marginalização de grupos específicos dentro de um país, ou de sucessão de Estados 
(ACNUR, 2009), e leva à exclusão de indivíduos ou grupos de indivíduos dentro de 
seu próprio país, inclusive de seus direitos, enquanto cidadãos e seres humanos. 
Apátridas 
São pessoas que não têm sua nacionalidade reconhecida por 
nenhum país. A apatridia ocorre por várias razões, como 
discriminação contra minorias na legislação nacional, falha em 
reconhecer todos os residentes do país como cidadãos quando 
este país se torna independente (secessão de Estados) e 
conflitos de leis entre países. (ACNUR, 2020a). 
A nacionalidade é um dos determinantes da soberania de um país, e a sua perda, ou 
denegação, – que pode levar à apatridia – é uma decisão interna, mas o Direito 
Internacional também determina que os Estados “têm que cumprir as suas 
obrigações para com outros Estados em conformidade com as normas do direito 
internacional” (ACNUR, 2009, p. 8). 
A Convenção de Haia sobre Determinadas Questões Relativas aos Conflitos de Leis 
sobre a Nacionalidade, de 1930, afirma que a forma que cada Estado define quem 
são seus cidadãos deve respeitar as normas de direito internacional. E a DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos, de 1948 determina que todo indivíduo tem direito 
a uma nacionalidade, mas não define a qual nacionalidade a pessoa tem direito, o 
que levou a comunidade internacional a desenvolver alguns instrumentos que 
auxiliam nessa questão: a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, de 1951, 
e a Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954. A primeira determina que 
um refugiado apátrida seja portador de direitos e que deve ser reconhecido como 
refugiado, por considerar a negação de seu direito à cidadania – lembrando que a 
nacionalidade é um elemento importante para a cidadania – um indicativo do 
motivo de seu refúgio. O segundo normativo internacional, por sua vez, traz uma 
definição jurídica de apátrida, ou apátrida de jure, que é “toda a pessoa que não seja 
considerada por qualquer Estado, segundo sua legislação, como seu nacional” 
(ACNUR, 2009). Assim, 
Supõe-se que um indivíduo tem uma nacionalidade a menos 
que haja prova em contrário. Todavia, às vezes, os Estados 
com os quais um indivíduo pode ter um vínculo genuíno não 
chegam a um acordo com respeito a qual deles serão Estado 
que tem que reconhecer a cidadania a essa pessoa. Portanto, 
10 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
o indivíduo não pode demonstrar que é um apátrida de jure, 
não tendo, ainda assim, uma nacionalidade efetiva, nem 
gozando da proteção de um Estado. Essas pessoas são 
definidas apátridas de facto. (ACNUR, 2009, p. 11). 
Entretanto, apesar das convenções considerarem que um apátrida pode ser 
refugiado, deixam margem para que certos apátridas de facto não sejam 
qualificados como refugiados, por não haver necessariamente uma perseguição 
(ACNUR, 2009). Assim, dada complexidade da questão, é importante o 
conhecimento sobre outros normativos internacionais, a fim de garantir que as 
pessoas sem nacionalidade sejam respeitadas e tenham seus direitos individuais 
garantidos. Convenções sobre a mulher, a criança e o adolescente, a eliminação de 
discriminações, direitos civis e políticos, além de tratados regionais (da Organização 
dos Estados Americanos, da Organização da Unidade Africana, etc.). 
Para se reconhecer um apátrida, primeiramente deve-se provar a negação de seu 
vínculo legal com qualquer país. Entretanto, isso deixa margem para que o país de 
origem ou de residência do indivíduo seja omisso na emissão de algum documento 
que informe que aquela pessoa não é nacional do referido país. Mas, “pode deduzir-
se então que quando um Estado se recusar a confirmar que uma pessoa é um dos 
seus cidadãos, a mesma negação constitui uma forma de prova, pois geralmente os 
Estados oferecem proteção diplomática aos seus cidadãos.” (ACNUR, 2009, p. 19). 
O reconhecimento da apatridia não possui um procedimento homogêneo e único, 
variando de país a país, conforme a regulação normativa de cada um, e o 
requerimento, bem como a busca de comprovante de sua “não nacionalidade” 
depende do indivíduo requerente, o que nem sempre é possível. 
Causas da apatridia (ACNUR, 2009): 
• Conflito entre legislações de diferentes Estados. Ex.: a nacionalidade de um indivíduo que 
vive em determinado país é dada pela descendência (jus sanguinis), mas seus pais são 
naturais de outro país, que define a nacionalidade pelo local de nascimento (jus soli). 
• Conflite de leis relacionadas à renúncia da nacionalidade. Ex.: um país obriga o indivíduo a 
renunciar à sua nacionalidade de origem para adquirir a do país em que se encontra, mas o 
seu país original só permite a renúncia à nacionalidade após ele adquirir outra. 
• Ausência de prova de nascimento oficial que permita a uma criança adquirir alguma 
nacionalidade. 
• Custos administrativos e prazos inexequíveis para apresentação de documentos a uma 
requisição de nacionalidade. 
11 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
• Discriminação de gênero. Ex: mulher é obrigada a adquirir a nacionalidade do marido 
estrangeiro, podendo perder a nacionalidade com a dissolução do casamento, antes mesmo 
de adquirir outra nacionalidade. 
• Perda automática da nacionalidade quando a pessoa deixa o país ou reside no exterior. 
• Transferência de território ou de soberania, de um Estado para outro. Ex: quando um Estado 
for dissolvido e for sucedido por outro Estado, alterando as normas e procedimentos sobre 
nacionalidade. 
• Discriminação. Ex.: um indivíduo nascido em determinado Estado pode não ter sua 
nacionalidade garantida por pertencer a determinada etnia, descendência ou religião, 
apesar de ser motivo totalmente contrário às convenções de direitos humanos, inclusive à 
Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. 
• Privação ou denegação da nacionalidade, quando determinado Estado priva um indivíduo de 
sua nacionalidade e, normalmente, logo o expulsa. 
No Brasil, que reconheceu em 2002 a Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas 
(BRASIL, 2002), a apatridia é regulamentada pela Lei de Migração, na qual apátrida 
é definido como “pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum 
Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos 
Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de 2002 , ou 
assim reconhecida pelo Estado brasileiro.” (BRASIL, 2002). E a identificação civil será 
“(...) realizada com a apresentação dos documentos de que o imigrante dispuser. 
(Idem). O governo nacional, por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, 
é o responsável pelo reconhecimento da condição de apatridia, podendo considerar 
os documentos apresentados pelo solicitado e por órgãos e organismos 
internacionais, no processo, podendo o requerente preencher uma declaração 
própria na qual assume a responsabilidade pela informação. Ao solicitar, o 
requerente tem direito a residência provisória no Brasil até a resposta do seu 
pedido. Além de direito a residência, o requerente também goza de direito a 
emissão de carteira de trabalho provisória, a ter seu Cadastro de Pessoa Física (CPF) 
e a abrir conta bancária no País. 
Quando reconhecido como apátrida, o que deve ser decidido pelo órgão 
competente em até 30 dias, a pessoa pode optar pela naturalização brasileira 
imediata e, mesmo não optando, pode solicitar residência definitiva no Brasil. Se não 
for reconhecido, ainda assim, é garantido que não será devolvido ao país de origem 
ou de residência, caso sua vida ou integridade sejam ameaçados. 
 
12 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
Quanto aos seus direitos e deveres, o ACNUR coloca que (ACNUR, 2009): 
• Sua detenção deve ser tratada como excepcionalidade, mesmo que não esteja em situação de 
permanência legal dentro de um país. 
• Todo apátrida deve obedecer à legislação do país em que se encontra, onde deve gozar dos mesmos 
direitos e benefícios que qualquer outro estrangeiro, não podendo ser discriminado, inclusive, por 
questões de raça, religião ou país de origem. 
• Ao apátrida deve ser emitido algum documento de viagem no país em que se encontra, mesmo que 
não seja residente. 
• Devem ser disponibilizadas garantias processuais para o apátrida ter a oportunidade de responder e 
apresentar provas contra acusações que possam culminar em sua expulsão. 
• Os Estados devem se esforçar para garantir a naturalização e integração dos apátridas em seu 
território, inclusive quanto à diminuição de custos e minimização de prazos para tal. 
• Uma pessoa que renuncia à proteção do Estado do qual é cidadã, mas que não lhe provê todos os 
benefícios relacionados à nacionalidade, deve ter seus direitos garantidos como apátrida de fato. 
 
13 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
MIGRAÇÃO E O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
 
Estatuto do Estrangeiro 
Em 1980 foi editada uma lei que definia a situação dos estrangeiros em solo 
brasileiro, denominada Estatuto do Estrangeiro (BRASIL, 1980).Criada durante a 
Ditadura Militar, seu viés era de tratar o migrante sob uma ótica de segurança 
nacional, condicionando a concessão de visto ao “interesse nacional”. O Estatuto, 
inclusive, condicionava a saída de asilado no Brasil à autorização governamental, 
além de proibir a legalização do estado de clandestino, de irregular e a conversão de 
vistos temporários em permanentes. 
O controle sobre estrangeiros, por meio do Estatuto, era tão grande que 
determinava que diversas instituições (inclusive privadas) mantivessem atualizados 
os registros de estrangeiros no País: 
Art. 45. A Junta Comercial, ao registrar firma de que participe 
estrangeiro, remeterá ao Ministério da Justiça os dados de identificação 
do estrangeiro e os do seu documento de identidade emitido no Brasil. 
Parágrafo único. Tratando-se de sociedade anônima, a providência é 
obrigatória em relação ao estrangeiro que figure na condição de 
administrador, gerente, diretor ou acionista controlador. 
Art. 46. Os Cartórios de Registro Civil remeterão, mensalmente, ao 
Ministério da Justiça cópia dos registros de casamento e de óbito de 
estrangeiro. 
Art 46. O estabelecimento hoteleiro, a empresa imobiliária, o 
proprietário, locador, sublocador ou locatário de imóvel e o síndico de 
edifício remeterão ao Ministério da Justiça os dados de 
identificação do estrangeiro admitido na condição de hóspede, 
locatário, sublocatário ou morador. 
Art. 47. O estabelecimento hoteleiro, a empresa imobiliária, o 
proprietário, locador, sublocador ou locatário de imóvel e o síndico de 
edifício remeterão ao Ministério da Justiça, quando requisitados, os 
dados de identificação do estrangeiro admitido na condição de 
hóspede, locatário, sublocatário ou morador. 
Art. 48. Salvo o disposto no § 1° do artigo 21, a admissão de 
estrangeiro a serviço de entidade pública ou privada, ou a 
matrícula em estabelecimento de ensino de qualquer grau, só se 
efetivará se o mesmo estiver devidamente registrado (art. 30). 
Parágrafo único. As entidades, a que se refere este artigo remeterão ao 
Ministério da Justiça, que dará conhecimento ao Ministério do 
Trabalho, quando for o caso, os dados de identificação do estrangeiro 
admitido ou matriculado e comunicarão, à medida que ocorrer, o 
término do contrato de trabalho, sua rescisão ou prorrogação, bem 
como a suspensão ou cancelamento da matrícula e a conclusão do 
curso. (BRASIL, 1980, grifo nosso). 
14 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
Outro aspecto controlador é a possibilidade de exigência de visto de saída do 
estrangeiro, pelo interesse da segurança nacional. E o estrangeiro em situação 
irregular poderia ser deportado por “interesse nacional”, ou seria legal a expulsão 
de qualquer estrangeiro que atentasse contra a “segurança nacional, a ordem 
política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou 
cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais” (BRASIL, 
1981, Art. 65), inclusive se incorresse em vadiagem ou mendicância, num 
posicionamento claramente higienista. 
Além disso, o Estatuto estabelecia diversas vedações aos estrangeiros, como ser 
proprietário, orientador intelectual ou administrativo de empresas jornalísticas, 
participar de atividades sindicais, exercer determinadas profissões relacionadas à 
segurança nacional, como algumas atividades portuárias, capelania militares. 
Também era vedado ao estrangeiro o exercício de atividade política e ilegal a sua 
associação em clubes ou organizações beneficentes, de assistência ou a clubes 
desportivos e sociais. O Estatuto previa, entretanto, algumas exceções ao 
estrangeiro português. 
Outro elemento restritivo no Estatuto é a possibilidade de tornar a naturalização 
sem efeito, caso o prazo de solicitação de certificado espirar, além de poder ser 
impugnada ou a falta de garantia de ser concedida, pois “a satisfação das condições 
previstas nesta Lei não assegura ao estrangeiro direito à naturalização.” (BRASIL, 
1980, art. 121). 
Além disso o próprio Estatuto criminalizava e impunha penalidades a brasileiros que 
auxiliassem ou transportassem estrangeiros sem documentação, bem como ocultar 
estrangeiro clandestino ou empregar estrangeiro com documentação irregular. 
 
Lei de Migração 
Considerando o conflito do Estatuto do Estrangeiro com os tratados da ONU, e a 
participação do Brasil na Cúpula de Líderes sobre Refugiados, após 30 anos de sua 
promulgação, o Brasil assumiu o compromisso humanitário e a responsabilidade de 
inclusão de refugiados na sociedade brasileira, revogando aquele Estatuto e o 
substituindo pela Lei de Migração (BRASIL, 2017), que dispõe também sobre direitos 
e deveres dos migrantes ou visitantes, além de estabelecer princípios e diretrizes 
para políticas para o emigrante. 
Interessante destacar alguns dos princípios, como a “universalidade, indivisibilidade 
e interdependência dos direitos humanos”, o repúdio a qualquer forma de 
discriminação, a descriminalização da migração, a promoção da regularização de 
documentos, a acolhida humanitária, a promoção do desenvolvimento brasileiro 
15 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
pela migração, a igualdade de tratamento e de oportunidades (inclusive de acesso à 
Assistência Social e a outras políticas e serviços), a previsão de políticas públicas para 
inclusão do migrante e de sua participação na formulação daquelas, a livre 
circulação, e o repúdio à expulsão ou deportação coletiva. Como princípio, também 
consta a “proteção ao brasileiro no exterior”. (BRASIL, 2017). 
Com algumas diferenças centrais (Quadro 2), pode-se perceber que os migrantes 
internacionais passam a ter garantias, inclusive de transitar, conviver, incluir-se 
socialmente e acessar políticas públicas, em igualdade com os brasileiros, além da 
falta de documentação passar a ser considerada apenas uma situação irregular, e 
não mais ilegal, como foi durante a vigência do Estatuto. A transparência e as 
premissas de Direitos Humanos passam, portanto, a proteger tanto os migrantes 
internacionais que se encontram no Brasil, quanto os brasileiros que se encontram 
no exterior. O grande desafio é a concretização desses direitos inscritos na norma, 
tanto pela ação do Estado quanto das instituições públicas e societais que, também, 
amparam, auxiliam e oferecem suporte aos migrantes. 
 
QUADRO 2. DIFERENÇAS PRINCIPAIS ENTRE O ESTATUTO DO ESTRANGEIRO E A LEI DE MIGRAÇÃO. 
Item Estatuto do Estrangeiro Lei de Migração 
Concepção 
do 
Indivíduo 
Prioriza a segurança 
nacional em detrimento 
da liberdade dos 
imigrantes 
Migrante é um cidadão do mundo, detentor 
de direitos universais, inclusive da igualdade 
de tratamento e de oportunidades, que 
devem ser promovidos pelo Estado 
Extradição / 
Expulsão 
Expulsão em diversas 
situações, inclusive pela 
prática de mendicância 
ou de vadiagem 
Extradição omente em 2 casos: (a) quando o 
imigrante comete crime no território do 
estado que pede a extradição; e (b) quando o 
imigrante estiver respondendo processo 
investigatório ou for condenado no seu país 
de origem 
Sindicalizaç
ão 
Vetada a participação em 
atividades sindicais e em 
associações 
profissionais 
Assegurado o direito à livre associação para 
fins lícitos, inclusive a sindical 
Fonte: Adaptado de SIQUEIRA, 2017. 
Portanto, atualmente, os migrantes e refugiados não são considerados ilegais ou 
criminosos, mesmo que não estejam com seus documentos totalmente 
regularizados. Eles são pessoas que precisam de compreensão e acolhimento, por 
estarem apenas em situação irregular quanto aos documentos. 
16 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
O DIREITO A SERVIÇOS BÁSICOS 
 
O art. 6º da Carta Magna, num caráter universalista, afirma que são direitos sociais 
a educação, a saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao lazer, 
à segurança, à previdência social, à proteção à maternidadee à infância, e à 
assistência aos desamparados (BRASIL, 1988). E, como são direitos sociais universais, 
devem ser garantidos tanto aos brasileiros como, também, aos migrantes que 
estiverem em território brasileiro. 
Serão brevemente tratados, aqui, três direitos sociais básicos de grande relevância: 
(a) à assistência social, que envolve proteção e assistência; (b) e à educação; e (c) à 
saúde. 
Entretanto, a garantia de direitos aos migrantes, aos refugiados e aos apátridas, não 
é feita somente com a informação e a capacitação destes. Agentes do Estado e a 
sociedade em geral também são responsáveis pela inserção social daqueles 
migrantes, e nada melhor do que conhecer um pouco sobre eles, sua situação e 
vulnerabilidaes, seus desafios e suas histórias, além dos direitos que lhes são 
garantidos em território brasileiro, para uma melhor interação, reforçando o 
multiculturalismo em nossa sociedade. 
 
Assistência Social 
A Assistência Social, no Brasil, é um direito universal, extensível aos migrantes, aos 
refugiados e aos apátridas, conforme previsto na Carta Magna, da seguinte forma: 
Art. 203 – A assistência social será prestada a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por 
objetivos: 
I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à 
velhice; 
II – o amparo às crianças e adolescentes carentes; 
III – a promoção da integração ao mercado de trabalho; 
IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e 
a promoção de sua integração à vida comunitária; 
V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa 
portadora de 
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a 
própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a 
lei. 
2. A Assistência Social, juntamente com a Previdência Social e a Saúde, 
compõe a Seguridade Social, segundo a Constituição: 
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de 
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a 
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência 
social. (BRASIL, 1988). 
 
17 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
Deve-se considerar que as pessoas em situação migratória e, principalmente de 
refúgio e apatridia, normalmente encontram-se em condição de vulnerabilidade, 
que deve ser encarada pelas políticas públicas e pelo apoio das instituições 
parceiras, principalmente no que tange a (a) fragilidade de vínculos afetivos, (b) 
identidade etno-cultural estigmatizada, (c) submetida a situação de pobreza e à 
exclusão associada, e (d) dificuldades de inserção no mercado de trabalho (ENAP, 
2020). Sejam necessidades de proteção básica – via Centros de Referência em 
Assistência Social (CRAS) – ou de proteção especial – via Centros de Referência 
Especializados de Assistência Social (CRAS) ou de outros equipamentos de maior 
complexidade – eles têm total direito a estes atendimentos, quando necessários. 
A proteção social básica, oferecida nos CRAS, compreende nos serviços e benefícios 
de: 
• Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), com a 
disponibilização de atividades de convívio, de socialização, bem como de 
informações sobre e o respectivo acesso a direitos promovidos pela assistência 
social. 
• Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), orientado para a 
formação de grupos para que os indivíduos vocalizem suas dificuldades e para 
que se busque uma solução conjunta, no respectivo grupo, para as 
vulnerabilidades apresentadas, tornando-se um importante serviço preventivo 
da Assistência Social. 
• Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência 
e Idosas, associado ao PAIF, proporciona a inclusão social de seu público, 
fortalecendo sua participação na comunidade e sua autonomia, além de 
prevenir situações de riscos, isolamento ou exclusão. 
• Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é a concessão de um salário 
mínimo aos idosos maiores de 65 anos e ás pessoas com alguma doença 
incapacitante. A partir da discussão do Grupo de Trabalho sobre Migrações e 
Refúgio, da Defensoria Pública da União (DPU), foi elaborado o Recurso 
Extraordinário RE 587.970, julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 
favor do acesso de migrantes e refugiados ao benefício (STF, 2017). 
18 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
• Benefícios eventuais, como Bolsa Família e outros benefícios que visam suprir 
necessidades básicas em caso de nascimento e morte (pagamento das custas 
de registros), em casos de vulnerabilidade temporária que afetem a integridade 
da família (concessão de cestas básicas, i.e.), e em situações de calamidade 
pública. 
A proteção social especial, por sua vez, relaciona-se à proteção em situações 
de violações de direitos, dividindo-se em serviços de média e alta complexidade. 
São serviços de média complexidade, oferecidos pelos CREAS: 
• Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos 
(PAEFI), com a disponibilização de atividades de convívio, de socialização, bem 
como de informações sobre e o respectivo acesso a direitos promovidos pela 
assistência social, com o objetivo de restaurar direitos e fortalecer vínculos 
familiares e comunitários, quando há ameaça ou a violação de direitos, 
prevenindo sua incidência. 
• Serviço Especial em Abordagem Social, constituindo-se em uma busca ativa, 
pelos agentes locais da Assistência Social, de situações de violação de direitos, 
como o trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, 
atendimento á população de rua, etc. 
• Serviço de Proteção Social a Adolescente em Cumprimento de Medida 
Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à 
Comunidade (PSC), constituindo-se no acompanhamento de jovens em 
cumprimento de medida judicial. 
• Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosos e 
Suas Famílias, voltado para situações em que este público se encontra em 
situação de dependência e com seus direitos violados, fortalecendo seus 
direitos e prevenindo seu abrigamento. 
• Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, procura desenvolver 
a autonomia, a sociabilização e a construção de projetos de vida junto às 
19 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
pessoas que vivem nas ruas, oferecendo atendimento, assistência e acesso a 
outros serviços socioassistenciais. 
São serviços de alta complexidade, oferecidos por equipamentos especializados que 
buscam garantir a segurança e o acolhimento, ou o afastamento do indivíduo de seu 
meio familiar ou comunitário, quando este oferece risco a seus direitos: 
• Serviço de Acolhimento Institucional. 
• Serviço de Acolhimento em República. 
• Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora. 
• Serviço de Proteção em Situações de Calamidade Pública e de Emergência. 
Para facilitar o acesso de migrantes e refugiados à Assistência Social é importante 
que se observe a situação documental dos mesmos, inclusive atentando às 
peculiaridades dos documentos para estrangeiros, sejam eles imigrantes ou 
refugiados, de modo a melhor prover seus documentos complementares – Carteira 
Nacional de Trabalho e Previdência (CTPS), Cadastro de Pessoa Física (CPF), certidões 
de nascimento e de óbito, registro bancário etc –, bem como capacitar agentes locais 
e promover campanhas informativas e a respectiva afixação de cartazes, em idiomas 
diferentes do Português. Atenção especial deve ser dada a crianças e adolescentes, 
dada a sua maior vulnerabilidade. 
 
Educação 
O art. 205 da Carta Magna garante a todos o direito à educação, não fazendo 
nenhuma distinção entre brasileiros e estrangeiros, sejam eles migrantes, refugiados 
ou apátridas, estabelecendo, conforme segue no art. 206, como princípios para o 
direito à educação, além da valorizaçãodos professores, da gestão democrática da 
educação e de sua qualidade, a garantia, para todos, à 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, 
a arte e o saber; 
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência 
de instituições públicas e privadas de ensino; 
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
(...). (BRASIL, 1988). 
E, como é dever do Estado, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente 
(BRASIL, 1990), assegurar a educação de crianças e adolescentes, bem como o 
respeito a valores culturais, artísticos e históricos de seu meio, garante-se ao 
migrante internacional o acesso e o respeito a sua cultura e a seus valores. 
Além disso, a própria Lei de Migração repete os princípios inscritos na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, colocando, novamente, os migrantes em 
20 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
grau de igualdade de acesso com brasileiros, reforçando o caráter universalista da 
política educacional. 
Um dos maiores desafios que os migrantes internacionais enfrentam (ENAP, 2020), 
ao buscarem o acesso à educação é a exigência documental. Entretanto, a 
impossibilidade de apresentarem a Carteira de Registro Nacional Migratório não 
deve impedir seu acesso à escola, principalmente à educação básica. Além disso, 
sabe-se que, a exigência de tradução juramentada de seus documentos, 
normalmente solicitada para adequação de sua inserção no ano mais adequado, é 
cara e muitos migrantes internacionais encontram-se em situação de 
vulnerabilidade, principalmente aqueles na condição de refugiados. Dessa forma, 
torna-se necessária a flexibilização da exigência da tradução juramentada, ou até 
mesmo da tradução simples. Apresentação de histórico escolar ou avaliação de 
competências para uma melhor alocação escolar podem ser alternativas válidas, a 
fim de garantir seu acesso à educação. 
Outro desafio que os migrantes internacionais enfrentam é a dificuldade com nosso 
idioma, o português (ENAP, 2020). E, para que eles não fiquem fora do sistema 
educacional, podem ser construídas alternativas na própria comunidade escolar, ou 
pode-se buscar a oferta de cursos de português para estrangeiros em instituições 
parceiras, como OSCs, universidades e outros atores que já tem empreendido 
esforços de auxiliar neste importante item para acolhida humanitária. As próprias 
escolas podem empreender junto à comunidade, algum apoio voluntário para aulas 
de português e para que seja apresentado a estes migrantes algumas características 
da cultura brasileira e local, de modo que se sintam realmente inseridos na 
comunidade. 
Alguns temas para capacitação, de migrantes e de seus apoiadores, podem ser: 
1 - O ensino do português como língua estrangeira. 
2 - O direito dos migrantes à educação. 
3 - Conhecimento e valorização da diversidade cultural. 
4 - História das migrações. 
5 - Desconstrução de estereótipos e preconceitos. 
6 - Identificação de situações de violação, como violência de 
gênero e tráfico de pessoas. (ENAP, 2020). 
A permanência escolar dos migrantes internacionais também deve ser incentivada, 
sendo fundamental o envolvimento da gestão escolar, a fim de evitar a evasão 
escolar e de promover as trocas e o combate à xenofobia, além de facilitar a já 
mencionada adaptação ao idioma português. 
Outro importante desafio que os migrantes internacionais enfrentam é a revalidação 
de seus diplomas, ou seja, o reconhecimento de seus títulos obtidos em seus 
respectivos países de origem para que possam exercer a profissão, seja ela de 
caráter técnico ou superior, em território nacional. 
21 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
A revalidação de diplomas de ensino superior, muitas vezes importante para garantir 
o exercício profissional do migrante internacional em sua área de formação técnica 
ou superior, é de competência do Governo Federal, e realizada por universidades 
federais, mas podendo ser delegada a outras instituições de ensino. O processo pode 
ser feito pelo próprio migrante, mas pode ser apoiado por pessoas ou instituições 
que estejam ajudando no acolhimento. O processo é feito virtualmente, pelo Portal 
Carolina Bori, pelo link http://carolinabori.mec.gov.br/. 
Entretanto, os custos de tradução juramentada também dificultam a revalidação, 
podendo ser exploradas outras alternativas, como a busca de OSCs ou instituições 
acadêmicas que atuam com trabalho voluntário – em alguns casos, como no estado 
de São Paulo, até mesmo com a participação de tradutores juramentados – para 
auxiliar na tradução dos títulos dos migrantes. Uma alternativa é o próprio 
empregador, quando exige a titulação técnica ou superior, realizar uma prova 
prática como o candidato a emprego a fim de dar mais tempo para que o migrante 
possa obter recurso suficiente para pagar as custas e aguardar o fim do processo de 
revalidação. Outra alternativa é o próprio empregador dispor-se a arcar com os 
custos da revalidação do diploma do empregado migrante. 
 
Saúde 
No Brasil, o acesso à saúde também é uma política social universalista, instituído 
pela Constituição, conforme indicado em seu artigo 196: “A saúde é direito de todos 
e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à 
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” (BRASIL, 1988). 
Entretanto, o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) é precedido pelo 
cadastramento do indivíduo no sistema, que lhe dá direito ao Cartão Nacional de 
Saúde, e as condições para tal foram instituídas pela Lei Federal nº 8080/1990. 
Uma das condições para o cadastro, que pode dificultar o acesso ao migrante e, 
assim, a realização do universalismo do SUS, é a localização do indivíduo, que 
normalmente pode ser verificado pelo comprovante de residência – que foi 
instituído como documento visando facilitar o planejamento das ações de saúde. 
Mas não há nenhum impedimento legal para a aceitação de outro tipo de 
comprovante. A flexibilização do comprovante de residência, com a aceitação, por 
exemplo, do fornecimento do endereço do Centro de Referência de Assistência 
Social (CRAS), é uma forma de garantir a universalidade do serviço, que tem como 
objetivo principal o atendimento à saúde, e não a mera conferência de documentos. 
Quanto à identificação do indivíduo, para além da carteira de identidade ou da 
Carteira Nacional de Habilitação (CNH), a facilitação do cadastramento do migrante 
pode se dar pela apresentação da Carteira de Registro Nacional Migratório (CRNM), 
22 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
que substitui o antigo Registro Nacional de Estrangeiro (RNE), ou a apresentação do 
Protocolo de solicitação de refúgio acompanhado do Cadastro de Pessoa Física 
(CPF), este último já autorizado e facilitado para o migrante, conforme a legislação 
vigente prevê. 
Seguindo os princípios da universalidade, da equidade (diminuição das 
desigualdades), e da integralidade (atendimento da pessoa, como um todo, no 
sentido da promoção, da prevenção, do tratamento e da reabilitação em sua saúde, 
de forma intersetorial), o SUS atua em diferentes níveis (ENAP, 2020): 
Atenção Primária: responsável por orientações de prevenção de doenças e 
pelo encaminhamento de casos mais graves às unidades dos demais níveis de 
atenção. A atenção primária é realizada nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e 
conta com diversos Agentes Comunitários de Saúde, que são as pessoas mais 
próximas da realidade do indivíduo e da sua comunidade em que está inserido ou 
referenciado. 
Atenção Secundária: este nível é o responsável pelo atendimento 
ambulatorial e hospitalar de média complexidade, realizado em Unidades de Pronto 
Atendimento (UPAs) e em hospitais referenciados pelo sistema desaúde. Também 
é o nível em que ocorrem os atendimentos especializados, ou de alta complexidade, 
como os de saúde mental e a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) 
Destaque-se que a RAPS, que tem como porta de entrada os Centros de Atenção 
Psicossocial (CAPs), que incluem: (a) Serviço Residencial Terapêutico (SRT); (b) 
Unidades de Acolhimento para adultos e para crianças e adolescentes; (c) 
Enfermarias Especializadas em Hospital Geral; (d) Hospital Psiquiátrico; (e) Hospital-
Dia; (f) Atenção Básica; (g) Urgência e Emergência; (h) Comunidades Terapêuticas; e 
(i) Ambulatório Multiprofissional de Saúde Mental (ENAP, 2020). 
Na rede de atenção à saúde, outro desafio para migrantes e profissionais é a 
compreensão do idioma e, sempre que necessário, pode contar com contribuição 
de outras unidades de referência de outras políticas, como os CRAS, as escolas, caso 
tenham capacidade para ajudar, bem como redes de apoio, que envolvem agentes 
públicos e Organizações da Sociedade Civil (OSCs) para apoio ao migrante. 
Um terceiro desafio está relacionado à cultura de cada migrante que busca o SUS. 
Diferenças culturais, principalmente de tratamento de gênero, de crianças e 
adolescentes, de hábitos alimentares, de ritos religiosos, são aspectos importantes 
para que os profissionais do SUS e para as redes de apoio conhecerem, de modo a 
auxiliar no processo de compreensão da visão de mundo do migrante e de 
orientação da melhor forma possível quanto à segurança e aos princípios que 
norteiam o atendimento ofertado. 
Traduções de conteúdos em cartazes afixados em equipamentos públicos ou em 
sites que possam ser acessados pelos migrantes, assim como a capacitação de 
23 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
migrantes, de servidores da rede de saúde e de voluntários de redes de apoio, são 
fundamentais para que se gere uma melhor comunicação, maior empatia e 
compreensão dos desafios enfrentados pelos migrantes, e para que as abordagens 
sejam mais conscientes, humanizadas e esclarecedoras sobre os procedimentos e 
serviços ofertados, bem como sobre aspectos de nossa cultura para migrantes. Nas 
capacitações, destacam-se, em importância, temas como: (a) questões culturais; (b) 
violência de gênero; (c) tráfico de pessoas; (d) e idiomas (ENAP, 2020). 
 
24 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
VIOLAÇÕES DE DIREITOS 
 
Os migrantes, principalmente refugiados e apátridas, podem ser considerados um 
grupo que, devido à distância de seu território de nascimento ou de residência – 
muitas vezes longe de familiares – e à dificuldade de adaptação ao idioma e à cultura 
do país em que se encontra, além do desconhecimento de normas, já pode ser um 
considerado vulnerável. E essa vulnerabilidade aumenta, no caso de refugiados e 
apátridas, por terem se deslocado em virtude de ameaças ou violações a seus 
direitos, que impactam em suas condições de vida, inclusive em sua estabilidade 
emocional. E aumentam, também as chances de serem revitimizados ou de sofrerem 
discriminações e novas ameaças, pela sua condição de migrante. 
Por mais que tenham garantidos, no Brasil, os seus direitos e o acesso a políticas 
universalistas básicas, é importante que os seus apoiadores conheçam algumas 
violações de direitos que podem impactar mais ainda sobre migrantes do que sobre 
outros públicos. 
 
Xenofobia 
De acordo com a Organização Internacional para Migrações (OIM): 
No plano internacional não existe uma definição universalmente aceite 
de xenofobia, muito embora possa ser descrita como atitude, 
preconceito ou comportamento que rejeita, exclui e, frequentemente, 
diminui pessoas com base na percepção de que são estranhas ou 
estrangeiras relativamente à comunidade, à sociedade ou à identidade 
nacional. Existe uma relação estreita entre racismo e xenofobia, termos 
que são difíceis de distinguir. (OIM, 2009). 
Percebe-se que a xenofobia está relacionada ao olhar que temos em relação ao 
outro, com cargas valorativas muitas vezes baseadas em preconceitos – tanto no 
sentido de termos conceitos pretéritos quanto no sentido de conceitos negativos a 
respeito do outro. A ignorância e as suposições a respeito do outro é que levam a 
este tipo de preconceito e, além disso, somos bombardeados cotidianamente com 
estereótipos exibidos em filmes e novelas. 
Para combater a xenofobia, precisamos enxergar o outro sem nossa grade de 
preconceitos, o que se inicia com o reconhecimento de que o outro não é nem 
melhor ou pior, e que ele carrega apenas modos de pensar e agir diferentes dos 
nossos. Afinal, não temos o mesmo lugar de fala dos migrantes internacionais em 
nosso País, pois portamos valores advindos de nossa cultura e nossa experiência de 
vida. Portanto, para entender o outro, precisamos tentar nos colocar em seu lugar, 
reconhecendo o nosso lugar de fala e o dele. 
Por fim, devemos abandonar a visão de que é suficiente construir uma postura de 
tolerância em relação ao outro, para substituir por uma abordagem de respeito ao 
outro e aos seus valores. O respeito às diferenças, por sua vez, é essencial ao 
25 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
desenvolvimento do multiculturalismo de nossa nação, e para o cumprimento dos 
princípios internacionais de Direitos Humanos. 
A xenofobia é considerada um dos “crimes resultantes de discriminação ou 
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”, conforme previsto 
na Lei nº 7.716/1989, e deve ser denunciada, independente da ofensa ter sido 
verbal, gestual ou discriminatória. A denúncia pode ser feita pelo registro de Boletim 
de Ocorrência (BO) em uma delegacia da Polícia Civil e, em Minas Gerais, foi criada 
a Delegacia Especializada de Investigação de Crimes de Racismo, Xenofobia, 
LGBTFobia e Intolerâncias Correlatas (Decrin), que fica na Capital Mineira. A 
denúncia pode ser feita também pelo telefone de chamada gratuita Disque 100, que 
é o número nacional para qualquer denúncia de violação de Direitos Humanos. 
 
Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrante 
O tráfico de pessoas é uma grave situação de violação de direitos humanos e 
constitui prática criminosa ainda presente no mundo inteiro, inclusive fazendo parte 
da trajetória de vida de muitos brasileiros e brasileiras. 
No contexto internacional, a Assembleia-Geral da ONU aprovou a Convenção das 
Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, vigente desde 2003, sendo 
posteriormente complementada por outros três protocolos mais específicos quanto 
ao tipo de crime organizado, tendo entrado em vigor, ainda em 2003, o Protocolo 
Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial 
Mulheres e Crianças, que foi promulgado no Brasil no ano seguinte (BRASIL, 2004). 
Este protocolo, também conhecido como Protocolo de Palermo, define o tráfico de 
pessoas como 
O recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de 
pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de 
coerção, de rapto, de fraude, de engano, do abuso de poder ou de uma 
posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber pagamentos ou 
benefícios para obter o consentimento para uma pessoa ter controle 
sobre outra pessoa, para o propósito de exploração (BRASIL, 2004). 
O tráfico de pessoas, por ser lucrativo, dada a sua própria natureza, modifica-se a 
cada instante e, por isso, são necessárias atualizações frequentes para que se 
entendam detalhes e características da prática criminosa. Para isso, periodicamente 
governos, sociedade civil, instituições públicas e agências internacionais reúnem-se 
para revisar as estratégias de combate ao tráfico de pessoas. Políticas de prevenção 
(campanhas educativas e informativas), de proteção (garantia de proteger as vítimas 
de seus algozes ou de quaisquer outra violência), bem como a criminalização de 
autores de tráfico de pessoas (sejam pessoas ou organizações), são os três eixos 
principais para sua erradicação.A caracterização do tráfico de pessoas possui três elementos fundamentais: 
26 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
1. O ato, que pode ser o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento 
de pessoas. 
2. O meio, que pode ser ameaça de uso de força, coerção, abdução, fraude, engano, abuso de poder, 
abuso de vulnerabilidade, ou o pagamento e/ou fornecimento de benefício à vítima em troca do 
controle sobre sua vida. 
3. O objetivo, que pode ser para exploração (sexual, laboral, escravidão, remoção de órgãos). 
O contrabando de migrante é tipificado de modo diferente do tráfico de pessoas, 
pois tem o conhecimento e o consentimento da vítima sobre o ato criminoso, 
enquanto a caracterização do tráfico ou da exploração de pessoas, não depende 
desse consentimento. Outra característica do contrabando de migrantes é sua 
ocorrência entre países, ou seja, é um crime transnacional, enquanto o tráfico de 
pessoas pode ser entre países ou dentro de um mesmo país. 
Algumas questões podem auxiliar na básicas caracterização e identificação de uma 
possível situação de tráfico de pessoas, inclusive junto a migrantes (ENAP, 2020): 
 
• O migrante acredita que tem que trabalhar contra sua vontade? 
• O migrante está sujeito a ameaças de violência contra ele, familiares ou pessoas próximas? 
• O migrante desconfia das autoridades? 
• O migrante é de um território que está sofrendo alguma calamidade ou conflito? 
• Os documentos do migrante estão sob a posse de outra pessoa? 
• O migrante está portando documento falso? 
• O migrante possui conhecimento limitado do idioma do território em que se encontra? 
• O migrante fica desconfortável ou com medo em comentar de sua situação migratória? 
• O migrante desconhece o endereço de sua casa ou de seu trabalho? 
• O migrante deixa que outra pessoa fale por ele, quando a pergunta é dirigida diretamente a 
ele? 
• O migrante age como se estivesse cumprindo orientações de outra pessoa? 
• O migrante não tem acesso a cuidados de saúde? 
• O migrante interage pouco socialmente ou se comunica pouco com terceiros? 
• O migrante não tem contato ou pouquíssimo contato com seus familiares e com pessoas 
fora de seu meio? 
• O migrante trabalha para traficantes no país de destino, a fim de retribuir o pagamento de 
seu transporte? 
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Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
• O migrante foi enganado sobre os planos de viagem, os meios de transporte ou as condições 
desta? 
• O migrante age com base em falsas promessas feitas a ele? 
 
Trabalho Escravo 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, já em seus artigos 4º e 5º 
proibia a escravidão e a sujeição de pessoas à tortura, a penas ou tratamentos cruéis, 
desumanos ou degradantes. E, ainda no âmbito internacional, a Convenção da 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão do Sistema ONU, elaborou a 
Convenção nº 105, de 1956, continuou reiterando a proibição ao trabalho escravo. 
Apesar de tal compromisso, a escravidão moderna ou o trabalho análogo à 
escravidão passou a ter outras formas de manifestação. 
Em 2003, foi alterado o art. 149 do Código Penal, de 1940, tipificando como crime: 
Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a 
trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a 
condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer 
meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador 
ou preposto: 
(...) 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do 
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; 
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de 
documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo 
no local de trabalho. (BRASIL, 1940). 
Portanto, pode ser tipificado como crime de trabalho análogo à escravidão, qualquer trabalho que 
se enquadre numa das quatro situações, isoladamente ou em conjunto, a seguir: 
• Infrinja condições degradantes, que violem a dignidade da pessoa humana, colocando em 
risco a saúde ou a vida do indivíduo; ou 
• Caracterize-se por jornadas exaustivas, em que a carga de trabalho gere riscos ou danos à 
saúde do trabalhador; ou 
• Caracterize-se como trabalho forçado, no qual a pessoa fica mantida por fraude, por 
isolamento, ou por qualquer ameaça física ou psicológica; ou 
• Caracterize-se como servidão por dívida, em que o trabalhador contrai um débito ilegal pelo 
qual é forçado a ficar naquele trabalho até pagar a suposta dívida. 
O aliciamento para o está associado ao contexto socioeconômico de vulnerabilidade 
de parte da população. Em Minas Gerais, destaca-se a região do Vale do 
Jequitinhonha, no norte mineiro. Diante da necessidade e de poucas oportunidades 
de emprego e geração de renda no local de origem, somado à falta de informação 
sobre direitos, o trabalhador se torna suscetível a ofertas enganosas de serviço por 
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Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
parte dos aliciadores. Minas Gerais abriga não só casos no meio rural, onde 
trabalhadores são explorados em atividades relacionadas à colheita de café, no sul 
do estado, ou à pecuária bovina, por todo seu território. Há também uma tendência 
ao emprego de vítimas desse tipo de exploração em empreendimentos da 
construção civil. 
Ainda sobre o aliciamento, este é feito pelos “gatos”, que são pessoas terceirizadas 
para buscar pessoas de regiões que apresentam fortes vulnerabilidades sociais e 
pessoais. Os “gatos”, então, fazem promessa de trabalho em outra região, mediante 
deslocamento oferecido pelo próprio contratante. As vítimas são, na sequência, 
transportadas para o local do prometido trabalho, normalmente em locais isolados, 
ermos e/ou vigiados por pessoas ostensivamente armadas. Além disso, os 
documentos dessas pessoas são retidos e tudo o que precisam comprar para 
sobrevivência costuma ser vendido por algum ponto de vendas controlado pelos 
criminosos, a preços altos, justamente para fazer com que a vítima fique sempre 
devendo, o que a força a precisar trabalhar mais para pagar as dívidas. O isolamento 
das vítimas é feito também para evitar o contato desses trabalhadores com a 
comunidade, dificultando sua saída da situação de trabalho análogo à escravidão. 
Outra condição frequente é o trabalho temporário (colheita, obra específica), no 
qual, muitas vezes ao seu término, não são pagos todos os valores a que os 
trabalhadores têm direito. 
O perfil das vítimas, que os exploradores sabem e tiram proveito, pode ser 
caracterizado com a seguinte predominância: 
• Homens. 
• Idade entre 18 e 44 anos. 
• Oriundo de regiões de pobreza ou de grave crise social e econômica. 
• Baixa escolarização e baixo acesso a informações. 
• Migrantes de outras regiões. 
Um grave problema é a reincidência do trabalho escravo, ou seja, de determinada 
vítima voltar a ser vítima do mesmo ciclo de trabalho escravo, por desconhecimento 
das condições dignas de trabalho. Normalmente, as vítimas não percebem que estão 
sendo exploradas. Por isso, a importância de ações educativas junto aos públicos 
mais vulneráveis. 
O enfrentamento ao trabalho escravo e ao tráfico de pessoas prescinde de 
articulação entre todos os entes federativos, e entre estes e instituições da 
sociedade civil, seja em ações de prevenção, seja na proteção das vítimas, embora 
as ações de combate sejam realizadas por órgãos de competências específicas, que 
possuem Poder de Política do Estado, como a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária 
Federal, as superintendências regionais de trabalho do Ministério da Economia – 
29 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
que assumiu as funções do extinto Ministério do Trabalho –, o Ministério Público do 
Trabalho (MPT), com o apoio das polícias estaduais. As superintendências regionais 
de trabalho possuem equipes de auditores fiscaisdo trabalho, que são os 
responsáveis pela fiscalização de empresas e de atuarem em casos de denúncia. 
Denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, em unidades policiais, ou em 
equipamentos públicos de atendimento, que podem auxiliar no encaminhamento 
aos órgãos competentes para registro de denúncia, fiscalização e repressão aos 
criminosos. Os equipamentos públicos de assistência social e de saúde podem, 
ainda, auxiliar no encaminhamento das vítimas para um local seguro, ou para ajudar 
no contato e no retorno das vítimas a suas respectivas regiões de origem ou para 
auxiliar no estabelecimento de contato com parentes. Voluntários e OSCs também 
podem auxiliar na identificação e em denúncias de situações de trabalho escravo. 
A proteção envolve a retirada das vítimas de trabalho escravo do local em que têm 
sido exploradas, o apoio social e psicológico por meio dos equipamentos de 
Assistência Social e de Saúde, bem como o cálculo e a abertura de processo para que 
possam receber indenizações trabalhistas. Por outro lado, a responsabilização dos 
autores deste tipo de crime é difícil, dadas dificuldades do processo legal e do grande 
poder econômico dos criminosos, que pagam advogados caros que conseguem 
protelar processos ou minimizar as penalidades. 
 
 
30 
Relatorio - Direitos dos Migrantes, Refugiados e Apátridas 2020.docx 
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