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@NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 1 GERIATRIA E GERONTOLOGIA ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO: Fisiológico: alterações que ocorrem à medida que envelhecemos, mas que NÃO resultam em doenças podem levar a maior chance de desenvolver uma doença futura Exemplo: perda neuronal sem impacto na cognição Patológico: alterações que resultam em doenças Exemplo: quadro demencial e prejuízo considerável da cognição O envelhecimento fisiológico compreende uma série de alterações nas funções orgânicas devido exclusivamente aos efeitos da idade avançada sobre o organismo não necessariamente resultando em doenças Entender a fisiologia do envelhecimento é a chave para compreender toda a geriatria e gerontologia. COMPOSIÇÃO E FORMA DO CORPO: A partir dos 40 anos, a estatura diminui cerca de 1cm por década Essa perda é devido à redução dos arcos dos pés, aumento da curvatura da coluna vertebral (aumento da cifose torácica) e diminuição do diâmetro dos discos intervertebrais Os diâmetros da caixa torácica e do crânio também tendem a aumentar Crescimento do nariz e orelhas conformação facial típica do idoso Composição corporal (% de gordura e massa magra) também muda com o envelhecimento aumento da gordura e diminuição da massa muscular e água o Importantíssimo ter isso em mente sempre. Essa mudança na composição corporal altera também a farmacocinética dos medicamentos, sendo este um fator muito importante para a prescrição de medicamentos. PELE E FÂNEROS: diminuição das camadas derme e epiderme pode levar a hipotermia Equimoses: vasos sanguíneos fragilizados que se rompem com facilidade Queratose Seborreica: manchas salientes e escuras decorrentes da associação entre a luz solar e mutações ocorre diminuição da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas pele seca e áspera @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 2 GERIATRIA E GERONTOLOGIA Diminuição do número de pelos (exceto em regiões como narinas, orelhas e sobrancelhas) Unhas opacas, frágeis, finas, sem brilho e com estrias longitudinais SISTEMA ÓSSEO: Pico de massa óssea: 30-40 anos Após esse pico, começa a ocorrer perda progressiva da massa óssea cortical e trabecular o Homens: 3,3% ao ano o Mulheres: 1% ao ano mais acentuado em decorrência da menopausa Isso ocorre pois, normalmente, há um equilíbrio entre os osteoblastos e osteoclastos. Com o envelhecimento, a osteoclastogênese supera a oesteoblastogênese causando desarmonia entre a formação e a reabsorção óssea. SISTEMAS ARTICULAR E MUSCULAR: O envelhecimento altera músculos e tendões No músculo há perda de massa muscular, área de secção transversal e do número de células Muitas células atrofiam e morrem; outras são substituídas por tecido adiposo e conjuntivo = aumento do tecido adiposo e colágeno intersticial na musculatura Discos intervertebrais: núcleo pulposo perde agua e proteoglicanos e suas fibras colágenas tornam- se espessas e em maior número. Contratiamente, o anelfibroso perde células, sofre depósitos de cálcio e as fibras colágenas tornam-se mais finas predispondo ao aparecimento de hérnias de disco As cartilagens se tornam mais finas e surgem rachaduras e fendas na superfície devido à diminuição do numero de condrócitos, água e proteoglicanos podendo resultar em osteoartrite SISTEMA NERVOSO: Diminuição do volume e peso do cérebro nota- se uma redução de 5% aos 70 anos e cerca de 20% aos 90 anos de idade Certo grau de atrofia cortical, com consequente aumento volumétrico do sistema ventricular bem evidenciado pelo estudo tomográfico Tais alteração NÃO levam a prejuízo cognitivo são alterações fisiológicas @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 3 GERIATRIA E GERONTOLOGIA A redução da massa encefálica está associa à perda neuronal que não é uniforme em todas as áreas cerebrais Microscopicamente, nota-se, com o envelhecimento, o acúmulo do pigmento lipofucsina nas células nervosas não tem repercussão sistêmica SISTEMA CARDIOVASCULAR: Aumento da rigidez arterial que resulta em aumento da pós-carga é o principal marcador de envelhecimento do sistema circulatório O aumento da pós-carga leva ao aumento da PA Sistólica idosos têm a PA Sistólica mais elevada ( mas NÃO ocorre aumento da PA Diastólica) = aumento da PAM Modificações anatômicas do coração o Hipertrofia ventricular esquerda o Aumento do átrio esquerdo o Alterações funcionais como diminuição do enchimento ventricular no inicio da diástole o Diminuição da distensibilidade do ventrículo esquerdo Sistema de Condução: o Infiltração de células adiposas entre as células musculares especializadas do sistema de condução e acentuada redução do número dessas células com consequente substituição por fibras colágenas e elásticas do tecido conjuntivo o Alteração lenta, mas contínua, de início por volta dos 60 anos o Predispõe a arritmias Valvas Cardíacas: alterações podem levar a valvopatias o As Atrioventriculares Esquerda (Mitral) e Aórtica são as mais acometidas o Aparecem placas arterioscleróticas o Cordas tendíneas que ligam as cúspides aos músculos papilares se espessam o Calcificação e fibrose o Tornam-se opacas e espessadas Clinicamente, verifica-se que, em condições basais, a função cardíaca é suficiente para as atividades orgânicas Entretanto, em condições de sobrecarga (exercícios físicos intensos, anemia, febre, emoções, infecções e hipertireoidismo, a reduzida reserva pode ser responsável por descompensações. SISTEMA RESPIRATÓRIO: @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 4 GERIATRIA E GERONTOLOGIA O envelhecimento modifica a constituição e forma do tórax aumento do diâmetro ântero- posterior e redução do diâmetro transverso Alterações já mencionadas: COMPOSIÇÃO E FORMA DO CORPO: Calcificação das cartilagens costais e das articulações costo-condrais Essas alterações resultam no enrijecimento da caixa torácica prejudica a mecânica da ventilação Único músculo que não costuma ser afetado pelo envelhecimento é o diafragma Aumento progressivo dos bronquíolos respiratórios, ductos alveolares (principalmente – ductoectasia) , sacos alveolares e alvéolos Redução da superfície alveolar de 75m2 aos 30 anos para 60m2 aos 75a menor superfície de troca Nos pulmões, observa-se redução de peso de aprox.. 20% entre os 30 e os 80 anos redução da complacência e volume expiratório final Redução do Reflexo da Tosse = menor efetividade para eliminar partículas e secreções nas vias aéreas e maior risco para aspiração brônquica Atrofia do Epitélio Colunar Ciliado e das Glândulas da mucosa brônquica = redução do clareamento realizado por este aparelho mucociliar Alteração da qualidade e propriedades visco- elásticas do muco secretado com redução da quantidade de IgA Tais alterações acabam predispondo o idoso a infecções respiratórias SISTEMA DIGESTÓRIO: BOCA : Edentulismo: perda dos dentes NÃO é uma consequência inevitável do envelhecimento. A principal causa são as cáries, não o envelhecimento Alterações involutivas que atingem os tecidos da cavidade bucal gerando menor capacidade de sustentação e menor eficiência da defesa imunitária da cavidade oral (predispondo a cáries) condições associadas também influenciam neste processo: osteoporose, tabagismo, falta de medidas preventivas ESÔFAGO : pouca alteração da musculatura lisa redução progressiva e considerável da inervação intrínseca da musculatura lisa Presbiesôfago = aumento da frequência de contrações não propulsivas não “ajudam” o bolo alimentara seguir o fluxo fisiológico Presbiesôfago e Refluxos Gastroesofágicos levam a disfagia e atrasos de esvaziamento, o que aumenta os riscos para aspirações ESTÔMAGO : Declínio na produção da secreção ácida secundária à diminuição do número de células parietais, relacionado com a atrofia gástrica Hipocloridria = aumenta com a idade e é observada em 20% dos idosos com +70ª. o Diminuição da produção de ácido clorídrico (HCl) que torna o pH mais elevado, causando sintomas como náuseas, inchaço, desconforto abdominal e deficiências nutricionais @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 5 GERIATRIA E GERONTOLOGIA Aumento do tempo para esvaziamento gástrico pode prejudicar a digestão e interferir na absorção de medicamentos PÂCREAS : Alterações estruturais e funcionais Redução de peso Redução da capacidade de secreção de lipase tolerância reduzida a refeições ricas em lipídios e dificuldade para absorver vitaminas lipossolúveis Redução da secreção de insulina FÍGADO : Sofre principalmente com as alterações que influenciam na metabolização de medicações influencia nas prescrições Redução do peso e de seu fluxo sanguíneo Redução da secreção de Albumina, colesterol, ácidos biliares Aumento da secreção de alfa-ácido glicoproteínas INTESTINO DELGADO : Redução de cerca de 40-50% da superfície de absorção vilosidades, mucosa, fluxo esplâncnico Sem alterações significativas do tempo de trânsito intestinal e função absortiva de açúcares e proteínas Alguns estudos mostram que alguns nutrientes podem ter sua absorção diminuída = vitamina D, ácido fólico, vitamina B12, cálcio, cobre, zinco, ácidos graxos e colesterol CÓLON: Diminuição do fluxo sanguíneo Diminuição de neurônios dos plexos mioentéricos Atrofia da mucosa Enfraquecimento muscular Alteração da peristalse e dos plexos nervosos locais Aumento na prevalência de constipação e Doença Diverticular RETO E ÂNUS: Alterações intrínsecas ao envelhecimento dessa região podem predispor a incontinência fecal (NÃO é parte do processo de senescência) Alterações na musculatura do esfíncter externo espessamento e alterações do colágeno e redução da força muscular diminuem a capacidade de retenção fecal volumosa SISTEMA GENITAL FEMININO: Diminuição da produção de estrógeno Atrofia do útero, trompas e ovários Atrofia da vagina e genitália externa adelgaçamento e ressecamento de vulva e parede genital = perda de lubrificação e predisposição a infecções do trato urinário (ITUs) Atrofia da uretra – predisposição a ITUs Atrofia e perda da elasticidade do sistema de sustentação do assoalho pélvico facilitando o prolapso genital , incontinência urinária e ITUs SISTEMA GENITAL MASCULINO: Redução da função das células da parede do túbulo seminífero diminuição de espermatozoides Redução gradual na produção de testosterona pelas células intersticiais (sem ultrapassar limites da normalidade) @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 6 GERIATRIA E GERONTOLOGIA Aumento de peso e tamanho prostático predispõe a HPB (Hiperplasia Prostática Benigna) SISTEMA GENITAL MASCULINO: a partir dos 40anos inicia-se o envelhecimento renal diminuição do peso e área redução da área e taxa de filtração glomerular o fator importante para a prescrição/administração de medicamentos fluxo sanguíneo renal começa a cair a partir da quarta década em uma taxa de 10% por década massa renal chega a 400g durante a quarta década e declina para 300g na nona tais alterações levam à maior prevalência de Doença Renal Crônica (DRC) Bexiga e uretra: desarranjo do equilíbrio entre os músculos estriados (voluntários) e lisos (autonômicos) podendo levar a incontinência urinária SISTEMA HEMATOPOIETICO: É pouco afetado pelo envelhecimento em si Diminuição da massa celular da medula óssea substituição por tecido adiposo e fibrótico o Consegue manter a produção normal de células sanguíneas exceto em condições de aumento de demanda (infecções graves, anemias...) Declínio do nível da hemoglobina o Decréscimo de 0,06 a 0,6g/L por ano aceitável ALTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS: Alterações dos linfócitos T, responsáveis pela resposta imune celular influenciados pelo Timo, um órgão que involui com o envelhecimento @NOVAIISVITORIA VITÓRIA NOVAIS – MEDICINA UFJF 7 GERIATRIA E GERONTOLOGIA Imunidade Humoral sem mudanças no número de linfócitos B, mas apresenta menor capacidade de neutralização dos anticorpos SISTEMA ENDÓCRINO: ASPECTOS OTORRINOLARINGOLÓGICOS: Orelha externa: redução do número de glândulas produtoras de cerúmen levando ao ressecamento e descamação da pele o que propicia o aparecimento de prurido o Aumento do número de pêlos no conduto: somado às alterações das cartilagens que reduzem o diâmetro ântero-posterior do conduto, propiciam a formação de rolhas de cera Orelha Média: processos degenerativos nas articulações dos músculos martelo, bigorna e estribo, mas geralmente não ocasionam perda auditiva Orelha Interna: é a parte mais afetada o Presbiacusia = perda auditiva irreversível no idoso, geralmente bilateral prejuízo na percepção de sons agudos, sem alterações da discriminação vocal 10-60% dosindivíduos com mais de 65 anos apresentam presbiacusia Decorrente de atrofia progressiva das células do órgão de Corti Redução da população de neurônios cocleares Redução do fluxo sanguíneo para uma região da cóclea Alterações no ducto coclear Sistema Vestibular: passa por um processo degenerativo ao longo do tempo predispondo a quedas ASPECTOS OFTÁLMICOS: Desnaturação progressiva das proteínas do cristalino aumenta e se espessa, tornando-se muito menos elástico Presbiopia = diminuição da capacidade do Cristalino de se acomodar a partir dos 40anos Opacidade e rigidez das lentes = podendo levar a catarata Alteração do humor vítreo = redução da acuidade visual Redução da profundidade da Câmara Anterior e da reabsorção do humor aquoso predispondo ao Glaucoma Dificuldade de adaptar-se à visão noturna
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