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www.literaturafuvest.com.br 1 EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO Vestibular Fuvest 2021 Professor Henrique Landim EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 1 - O romance Nove Noites, de Bernardo Carvalho, é uma obra pós-moderna vista como metaficção historiográfica que pode ser compreendia como a junção de três elementos: a) história, ficção e intertextualidade b) história, referencialidade e ficção c) investigação, história e solipsismo d) intertextualidade, investigação e moralismo e) maniqueísmo, ficção e investigação 2 - Procure avaliar todos os itens a seguir a respeito do livro Nove noites, de Bernardo de Carvalho, e marque o único item errado acerca do livro: a) A leitura de Nove Noites costuma despertar nos leitores, como primeira impressão, o questionamento acerca do que é ficção e o que é realmente “verdade”. b) Intercaladas aos relatos desse de Manuel Perna, emergem as narrativas de um homem que afirma ter pesquisado a vida do antropólogo com o intuito de escrever um livro sobre a morte desse. c) Buell Quain viera com intuito inicial de estudar a vida dos índios Karajá, mas ao tomar consciência de que os Trumai estavam em vias de extinção, decide pesquisá-los. d) O jornalista renova suas esperanças investigativas ao conhecer um casal de antropólogos, que conheciam um dos índios da época em que Buell havia cometido o suicídio. Por esse motivo, decide ir à aldeia dos Krahô, para conversar com esse índio, desta vez há importantes revelações sobre o caso. e) As contradições serão muitas, na pesquisa do jornalista, o narrador-repórter, como já havia exposto o “amigo” de Quain, sobre as várias versões que a história assumiu. 3 - Logo a seguir há um trecho do romance Nove noites, de Bernardo Carvalho, leia-o para fazer o que se pede: O importante ele me disse ainda na primeira noite em Carolina, sem que eu pudesse entender do que realmente falava, ‘é que os Trumai vêm na morte uma saída e uma libertação dos seus temores e sofrimentos’. [...] Agora, quando penso nas suas palavras cheias de entusiasmo e tristeza, me parece que ele tinha encontrado um povo cuja cultura era a representação coletiva do desespero que ele próprio vivia como um traço de personalidade (CARVALHO, 2008, p.51). A compreensão do trecho, nos leva a concluir que: a) Os índios nada podem dizer acerca do perfil existencial e psicológico de Quain. b) Quain premeditou o suicídio em sua terra natal. c) A “fragilidade” cultural indígena é a mesma do pesquisar americano. d) Os Trumai apelidaram Quain de “cãmtwyon” e) A melancolia é a marca mais relevante do romance. www.literaturafuvest.com.br 2 4 - Procure ler com atenção todos os itens abaixo sobre o livro Nove Noites, de Bernardo de Carvalho, e faça o que é pedido: I. Em meio a tantas pistas falsas e sem sentido, no momento em que o pai do jornalista está no hospital, ele acaba presenciando a morte de um americano, que lhe diz as últimas palavras como se ele, o jornalista, fosse o Buell. II. Ao chegar aos Estados Unidos, o jornalista (narrador-repórter), disfarçado de empregado de uma companhia de transportes, consegue entrar na casa do filho do fotógrafo e lá descobre que aquele homem não era filho legítimo; fato descoberto quando o fotógrafo estava no Brasil. III. O jornalista-repórter encontra, ao voltar de avião para o Brasil, um rapaz “de cabelos cacheados, olhar simpático, embora fosse feio”, que vinha ao seu lado, e dizia vir ao Brasil estudar os índios. Instigador? Mais um motivo de reflexão? Poderia até ser, mas o jornalista já está convencido de que a verdade não é fácil de ser encontrada, a ficção já é o caminho pelo qual se engendrará. A alternativa CORRETA é: a) I e III b) II e III c) Somente III d) Nenhum dos itens e) Todas 5 - No romance Nove Noites, de Bernardo Carvalho, os fatos se misturam, se confundem e a explicação que fica é a que o jornalista dá quando chega nos Estados Unidos: “A ficção começou no dia em que botei os pés nos Estados Unidos” (CARVALHO, 2008, p. 142). Esse trecho do livro nos permite dizer: a) O livro é essencialmente feito em fatos reais. b) Tudo que lemos pode ser facilmente comprovado. c) A ficção procura preencher as lacunas do real. d) A viagem aos EUA nada ajudou à compreensão dos fatos. e) O forte teor metapoético do romance. 6 - Nas palavras de Bernardo Carvalho, autor do livro Nove Noites: Esse é um livro de ficção, embora esteja baseado em fatos e pessoas reais. É uma combinação de memória e imaginação – como todo romance, em maior ou menor grau, de forma mais ou menos direta (CARVALHO, 2008, p.9) As palavras do escritor no levam a dizer: a) O livro é inquestionavelmente sobre fatos reais. b) A ficção é problemática e mentirosa. c) Há uma profunda reflexão sobre a construção de verdade. d) A memória é falsa e enganosa. e) A imaginação é soberana na construção da memória. 7 - Julgue todos os itens a seguir feitos sobre o romance Nove Noites, de Bernardo Carvalho, e marque o único item errado: a) O que é mais visível é a forma pela qual várias “verdades”, vários discursos se entrecruzam, de forma que não é possível desvendar o que é real do que é ficção. Tudo isso, permite afirmar que estamos frente a uma crônica pós- moderna. b) É interessante observar que o romance, na verdade, não narra a história do suicídio de Buell Quain, como podemos ser levados a pensar inicialmente, mas é um romance que fala da busca de fatos para a composição de um romance. c) Há duas vozes principais, estruturadoras do romance – a do jornalista e a do morador que se diz amigo de Buell –, e “subvozes”, que auxiliam na construção “ labiríntica” da narrativa, caracterizando a obra como um romance polifônico. d) No anseio de reconstruir as peças desse quebra-cabeça, o livro propõe a oferecer ao leitor uma versão “ficcional” da história (vale lembrar que o texto está inscrito no gênero do “romance” e não no gênero de “reportagem” ou do “romance-testemunha”). e) A antropologia, muito presente no romance, também opera a partir da visão e do estudo do sujeito em relação ao outro – pois o eu existe como ser social a partir das relações que estabelece com aqueles que o cercam no grupo – ao mesmo tempo em que tece vínculos com os demais sujeitos desse grupo. www.literaturafuvest.com.br 3 8 - Leia atentamente todas as afirmações a seguir sobre o livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, e marque a única alternativa ERRADA: a) O livro foi escrito na década de 1940 quando sua autora, então jornalista, chegou a Ouro Preto, com a finalidade de documentar os eventos de uma Semana Santa. b) Fruto de longa pesquisa histórica o livro é, para muitos, a principal obra da autora. Nesse livro, por meio de uma hábil síntese entre o dramático, o épico e o lírico a fim de descrever objetivamente a história do Brasil. c) Envolvida pela “voz irreprimível dos fantasmas”, conforme dissera, passou a reescrever, de forma poética, os episódios marcantes da Inconfidência Mineira. d) A obra parece seguir uma certa organização, há a divisão temática composicional entre os três ciclos: Ouro, Diamante e Liberdade ou Inconfidência com ascensão e queda. e) Romanceiro da Inconfidência caracteriza- se como uma obra épica, de reflexão líricas, mas com um contexto épico, narrativo, firmemente calcado na história. 9 - Avalie cada uma das afirmações abaixo sobre o livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, e assinale a única ERRADA: a) A obra, de caráter épico-lírico caracteriza-se, ao mesmo tempo, pela presença da reflexão e pelo conteúdo narrativo firmemente apoiado em fatos históricos. b) Por meio da hábil manipulação entre fatos e ficção se criam os elos entre o passado e o presente,entre o antigo e o moderno, entre o circunstancial histórico e o universal. c) De volta ao Rio de Janeiro, a autora continuaria sendo perseguida pelos fantasmas daquela época, e pelos apelos do fantasma do próprio Tiradentes, presentes nos últimos lugares pelos quais ele passou em vida. d) No Romanceiro da Inconfidência, o registro de fatos possui uma cronologia e, assim, uma sequência de causa e efeito. e) Podemos considerar que cada poema corresponde a uma pedra do mosaico, ou seja, são independentes entre si, mas possuem, no conjunto, uma unidade válida de significação. 10 - Logo a seguir há alguns comentários críticos acerca do livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, leia-os e faça o que é pedido: O Romanceiro da Inconfidência deixa transparecer as múltiplas facetas da autora: a sensível criadora de poesia; a pesquisadora séria, profunda conhecedora de História e de Literatura; a cidadã consciente, defensora de ideais libertários; a educadora lúcida, buscando lições do passado para iluminar a compreensão do presente (GOLDSTEIN, 1998, p. 13). Os comentários analíticos acima nos permitem dizer que a obra: a) Faz uma fusão entre historiografia e ficcionalidade b) Possui elementos concretos e objetivos tão somente c) Tem uma tendência à objetividade positivista d) Realiza uma reflexão metapoética e) Sobrepõe a ficção sobre a realidade www.literaturafuvest.com.br 4 11 - Logo a seguir há um trecho do livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, leia-o e faça o que é pedido: Fala Inicial Não posso mover meus passos, por esse atroz labirinto de esquecimento e cegueira em que amores e ódios vão: - pois sinto bater os sinos, percebo o roçar das rezas, vejo o arrepio da morte, à voz da condenação; - avisto a negra masmorra e a sombra do carcereiro que transita sobre angústias, com chaves no coração; - descubro as altas madeiras do excessivo cadafalso e, por muros e janelas, o pasmo da multidão. [...] Ó meio-dia confuso, ó vinte-e-um de abril sinistro, que intrigas de ouro e de sonho houve em tua formação? Quem ordena, julga e pune? Quem é culpado e inocente? Na mesma cova do tempo cai o castigo e o perdão. Morre a tinta das sentenças e o sangue dos enforcados... - liras, espadas e cruzes pura cinza agora são. Na mesma cova, as palavras, o secreto pensamento, as coroas e os machados, mentira e verdade estão. A compreensão do livro e do fragmento acima nos permite dizer: a) A ação do tempo apaga os fatos históricos que ocorreram na antiga Vila Rica. Por isso, a persona poética não reflete apenas sobre os acontecimentos, mas sim sobre as motivações que levaram os inconfidentes a lutarem pelos seus ideais, ou seja, ela parte do concreto para abordar os sentimentos humanos. b) O poema acima é construído em versos na medida nova, sem rimas, condição que pode sinalizar para uma certa modernidade do trecho. c) Há uma voz enunciadora, a que chamamos persona poética, que nos conduz a uma atmosfera de lembranças ressuscitadas na memória do tempo, em que história e poesia encontram abrigo numa linguagem de tênue expressividade. d) Essa mesma voz, que se manifesta liricamente, também está situada no tempo passado, momento contemporâneo à Inconfidência. e) Ao se transportar para o passado, o eu faz uma série de questionamentos refletindo de forma negativista sobre as motivações e o desfecho da revolução. www.literaturafuvest.com.br 5 12- Analise o fragmento abaixo retirado do livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, e faça o que se pede: Atrás de portas fechadas, à luz de velas acesas, entre sigilo e espionagem, acontece a Inconfidência. E diz o Vigário ao Poeta: "Escreva-me aquela letra do versinho de Vergílio…" E dá-lhe o papel e a pena. E diz o Poeta ao Vigário, com dramática prudência: "Tenha meus dedos cortados antes que tal verso escrevam…" LIBERDADE, AINDA QUE TARDE, ouve-se em redor da mesa. E a bandeira já está viva, e sobe, na noite imensa. E os seus tristes inventores já são réus — pois se atreveram a falar em Liberdade (que ninguém sabe o que seja). Através de grossas portas, sentem-se luzes acesas, — e há indagações minuciosas dentro das casas fronteiras. "Que estão fazendo, tão tarde? Que escrevem, conversam, pensam? Mostram livros proibidos? Leem notícias nas Gazetas? Terão recebido cartas de potências estrangeiras?" (Antiguidades de Nimes em Vila Rica suspensas! Cavalo de La Fayette1 saltando vastas fronteiras! Ó vitórias, festas, flores das lutas da Independência! Liberdade – essa palavra, que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!) 1 Marquês de La Fayette (1757-1834) foi um general e estadista francês. Ficou conhecido como o “herói dos dois mundos”, por ter participado de duas grandes revoluções do E a vizinhança não dorme: murmura, imagina, inventa. Não fica bandeira escrita, mas fica escrita a sentença. (MEIRELES, 1989, p. 106) Avalie cada uma das afirmações a seguir: I. A curiosidade e maledicência das pessoas que não tinham acesso às reuniões em que confabulavam os rebeldes aparece no trecho. As estrofes, com exceção da última, começam com versos que remetem ao caráter sigiloso das reuniões dos inconfidentes. II. Aparecem os assuntos tratados nas reuniões: as discussões literárias, a economia, bem como as atividades econômicas exercidas na capitania, a recém-conquistada independência das colônias inglesas, o desejo de liberdade e de revolução. III. Nos versos “já são réus – pois se atreveram/ a falar em Liberdade”, é retratado o fato de que os rebeldes, por pensarem em liberdade são acusados de traição à Rainha. IV. Na última estrofe, os versos “Não fica bandeira escrita,/ mas fica escrita a sentença.” exprimem uma previsão dos acontecimentos negativos vindouros, pois o sonho de liberdade, antes de se concretizar, já caminhava para o seu fim: os inconfidentes foram descobertos antes mesmo de a revolução acontecer. Quais das alternativas são CORRETAS? a) Somente I. b) Somente III. c) I e III. d) I e II. e) Todas século XVIII – a Guerra da Independência Americana e a Revolução Francesa. www.literaturafuvest.com.br 6 13 - A seguir está um fragmento retirado de uma conferência de Cecília Meireles, realizada em Ouro Preto, na Casa dos Contos, acerca do livro Romanceiro da Inconfidência: O Romanceiro teria a vantagem de ser narrativo e lírico; de entremear a possível linguagem da época à dos nossos dias; de, não podendo reconstruir inteiramente as cenas, também não as deformar inteiramente; de preservar aquela autenticidade que ajusta à verdade histórica o halo das tradições e da lenda (MEIRELES, 2009, p. 25). O fragmento acima nos permite dizer que: a) A obra possui a expressividade lírica marcada pela perspectiva cênica dos autos medievais. b) Em Cecília o apelo lírico se sobrepõe pujantemente aos aspectos históricos. c) A noção épica pode ser associada à expressividade lírica. d) A linguagem da época se sobrepõe à linguagem contemporânea. e) A noção de tradição histórica literária só é notada no interior do livro graças à perspectiva da forma do romanceiro. 14 - Analise todos os itens a seguir sobre a obra Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, e marque a única alternativa errada: a) O livro pode ser considerado um monólogo, já que a voz narrativa do eu que fala pouco deixa transparecer as vozes de outros sujeitos. b) Ao ouvir as palavraslançadas pelos “fantasmas” e procurando dar voz a eles, reproduzindo-lhes a história, Cecília Meireles assumiria o papel de erudito que traz à luz as narrativas populares, as “epopeias guardadas na memória coletiva”. c) Cecília no livro, constrói um romanceiro com as narrativas evocadas à memória pela presença em Ouro Preto e pela pesquisa histórica. d) Os romances de I a XI dedicam-se especialmente a ressaltar as loucuras, os desvarios e os excessos que a exploração e a sede pelo ouro causam à alma humana. e) Chico-Rei é um símbolo de afirmação dos negros: ele é capaz de comprar sua própria alforria e de vários de seus companheiros, criando uma pequena tribo da qual é o líder. Esse episódio representa, assim, a perseverança e a luta do negro pela sua liberdade. 15 - Analise todos os itens a seguir a respeito do livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, e assinale o único item EQUIVOCADO: a) “Pois vai ser levado à forca, / para morte natural…” (MEIRELES, 2009, p. 64). O referido romance situa o nascimento e a morte natural do mártir. b) A propósito, Chica da Silva é a personagem principal do “ciclo” seguinte de romances, que contam um pouco da vida na negra alforriada e a bancarrota de seu amante João Fernandes. c) Os integrantes do “país da Arcádia”, poetas e intelectuais que estiveram envolvidos (notadamente, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa) – já adiantando o funesto fim da empreitada – e expressa-se a onipresença das ideias iluministas. d) Joaquim Silvério é comparado a Judas, analogia muito interessante na medida em que Tiradentes é, frequentemente, comparado a Jesus Cristo em seu sacrifício e nas esperanças quase messiânicas que se lhe depositaram. e) Com exceção dos tropeiros, todos os locutores dos romances destacados são “inventados” por Cecília Meireles e inseridos por ela na história. Cada uma das falas no livro correspondem a testemunhos, ou seja, documentos históricos em linguagem escrita www.literaturafuvest.com.br 7 16 - Avalie os versos a seguir, retirados do livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, e faça o que se pede: Liberdade – essa palavra que o sonho humano alimenta que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda! E a vizinhança não dorme: murmura, imagina, inventa. Não fica bandeira escrita mas fica escrita a sentença. (MEIRELES, 2009, p. 91) No fragmento acima, podemos ver um diálogo, às indiretas, com a tradição clássica mundial, por meio da alusão ao poeta: a) Cláudio Manuel da Costa b) Tomás Antônio Gonzaga c) Gregório de Matos Guerra d) Públio Virgílio Maro e) Alvarenga Peixoto 17 - Um locutor muito singular foi escolhido pela autora do Romanceiro da Inconfidência para um momento de suma importância na obra: na ocasião do enforcamento de Tiradentes, ninguém menos que um bêbado está presente para constatar as incoerências de se ver tanta alegria em um dia de morte anunciada: Vi o penitente de corda ao pescoço. A morte era o menos: mais era o alvoroço. Se morrer é triste, porque tanta gente vinha pra rua com cara contente?(…)Não era uma festa. Não era um enterro. Não era verdade e não era erro. – Então por que se ouvem salmo e ladainha, se tudo é vontade da nossa rainha? (MEIRELES, 2009, p. 160-161) Discuta a sutil ironia de Cecília Meireles a respeito da visão do bêbado acerca da morte de Tiradentes. 18 - No romance X, por exemplo, Cecília dedica-se a traçar um retrato de uma pobre donzela cujos parentes estão longe, na busca pelo ouro: Donzelinha, donzelinha dos grandes olhos sombrios, teus parentes andam longe, pelas serras, pelos rios, tentando a sorte nas catas, em barrancos já vazios! (MEIRELES, 2009, p. 61) Com qual intento Cecília Meireles inseriu a figura da senhorita no trecho acima? Disserte sobre. www.literaturafuvest.com.br 8 19 - Analise todas as afirmações a seguir sobre a novela “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, e faça o que se pede: I. O Ritual da crisma/batismo, por um lado, confirma e garante a genealogia de Miguilim como sendo filho de Nhô Berno; por outro lado, Terêz se apresenta como pai, ainda que ilegítimo, o que não, porém, confirmado explicitamente pelo narrador. O ritual, portanto, confirma o tio como pai substituto, já que o padrinho, muitas vezes, substitui o pai na falta deste. II. O cenário entranha-se na perspectiva de mundo de Miguilim. O Mutum, onde vive e onde expressa toda a passagem ritualística da infância, é um lugar, ao mesmo tempo, de hostilidades e de abrigo, de refutação e de aceitabilidade. III. Em “Campo Geral”, a representação da infância se faz pela linguagem, ora com estilo infantil, ora com maturidade de adulto por meio de um narrador onisciente e discurso indireto livre. IV. Em relação ao Dito, a precocidade do adulto nesse personagem leva-o à morte literal e simbólica. Dito, menino-adulto, tem resposta para tudo, sem necessidade de sofrimento ou angústia que o próprio Miguilim absorve cotidianamente em sua transição para o estágio seguinte da vida. Está(ão) correta(s) a) apenas I, II e III b) apenas I, II, III, IV c) apenas II e IV d) apenas II, III e IV e) apenas I e IV 20 - Leia com atenção as afirmativas abaixo feitas sobre o livro “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, e faça o que se pede: I. Nas duas pontas da narrativa há, na verdade, duas referências fortes à beleza do lugar. No trecho acima, a ida-e-volta da viagem de Miguilim simboliza uma pequena busca, de um fulgor intenso, em que o menino descobre que “O Mutum é lugar bonito”. II. A partida de Miguilim, que é simultaneamente fechamento de um ciclo e abertura de outro, fim de sua infância e abertura de um novo destino, dá-se também em meio a uma visão repentina da beleza das coisas que o menino deixará para trás. III. Aos poucos, Miguilim começa a cismar que vai morrer. Faz uma promessa a Deus: se ele não morresse nos próximos dias, não morreria mais. Enquanto isso, se compromete a rezar uma novena. IV. Com a chegada de Luisaltino, novo parceiro de trabalho de Nhô Bero, vem a notícia de que Patori assassinou um rapaz e está foragido. Patori acaba morrendo de fome, e Nhô Bero larga tudo para prestar solidariedade a Seo Deográcias, que se desesperava com a perda do filho. Mas o que mais agradou a Miguilim foi que Luisaltino traz consigo um papagaio, o Papaco-o-Paco. Está(ão) correta(s) a) apenas I, II e III b) apenas I, II, III, IV c) apenas II e IV d) apenas II, III e IV e) apenas I e IV www.literaturafuvest.com.br 9 21 - Analise todos os itens a seguir a respeito do livro “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, e marque o único item ERRADO: a) O texto narra a história da família e da vida de Miguilim no interior do sertão mineiro. O menino experimenta diversas situações típicas da infância, os medos, as brincadeiras. No entanto, uma experiência específica será decisiva para o seu amadurecimento: a morte do irmão mais novo, Dito. b) Pouco tempo depois da morte do irmão, Miguilim é levado para trabalhar com o pai e a relação entre os dois se torna cada vez pior, mas a alma feridade de Miguilim se torna equilibrada. c) O médico dentro da narrativa desempenha um papel fundamental na formação do protagonista, pois descobre sua miopia e lhe fornece seus primeiros óculos. A novela tem fim quando, acompanhado do doutor Lourenço, Miguilim deixa a casa em que viveu toda a vida e vai estudar na cidade. d) “Campo Geral” é uma narrativa bastante lírica, não à toa que Guimarães nomeia a narrativa de “poema”em umas das primeiras versões da obra. Tudo isso é utilizado para recriar o mundo do ponto de vista de uma criança. e) Narrado em terceira pessoa, narrador onisciente. Apesar de ser escrita em terceira pessoa, a história é filtrada unicamente pelo ponto de vista de Miguilim e, por essa razão, o mundo infantil é organizado a partir das vivências de um menino sensível, delicado, inteligente, empenhado em compreender as pessoas e as coisas. 22 - Todas as afirmações abaixo foram feitas sobre o livro “Campo geral”, de Guimarães Rosa, leia-as e faça o que se pede: I. “Campo Geral” traz grande parte das palavras na forma diminutiva, reforçando a ideia de que tudo o que vemos passa, antes, pelos olhos de uma criança, Miguilim. Tal recurso, capaz de criar uma atmosfera mais íntima e afetuosa, pode ser facilmente verificado, como se percebe nas expressões: biquinho, menorzim, viajadinho, figurinha (p.47). II. Na narrativa de Guimarães Rosa, notamos o quanto o pai, Bernardo, de Miguilim conduz os filhos e filhas ao caminho do aprendizado seguro. A educação paterna é um elemento essencial à travessia das crianças. III. Seo Deográcias, curandeiro e cobrador de dívidas das redondezas, classifica o Mutum como “más brenhas, donde só se vê falta tudo, muita míngua, ninguém não olha p’ra este sertão dos pobres...” (p.42). Contudo, o que vemos sobre o referido lugar são abundâncias em várias ordens. IV. Vó Izidra, que “enxergava no escuro” e ralhava sempre contra vícios e pecados, e o pai Bero podem ser identificados como representantes da censura na novela. Ambos são temidos pelos familiares e têm em comum o gosto pelo café “amargoso”, imposto a todos da casa. Está(ão) correta(s) a) apenas I, II e III b) apenas I, II, III, IV c) apenas I e IV d) apenas II, III e IV e) apenas I, II e IV www.literaturafuvest.com.br 10 23 - Na novela “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, a figura do Tio Terêz parece ser mais representativa a que a própria imagem do pai do protagonista. Discuta a importância da imagem do Tio. Disserte. 24 - A respeito do livro “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, não podemos afirmar que: a) As viagens que abrem e fecham a narrativa “servem de moldura simbólica à principal trajetória de aprendizagem do protagonista em busca de respostas para suas indagações” (2007, p.165). De fato, o fundamental no universo rosiano é a travessia empreendida. b) Aristeu ser um contador de estórias, situa-se em posição privilegiada para transmitir a Miguilim a resposta pela qual tanto anseia, a saber, que “a superação da morte, ou o caminho possível de renovação, dá-se pelo ingresso no mundo das estórias”. c) Superado o luto, os óculos do doutor da cidade surgem como metáfora para uma nova forma de ver o mundo, ajustada às suas necessidades. Com as lentes corretoras, Miguilim será capaz de vislumbrar o horizonte que o espera e, ainda, de reconhecer por si próprio a beleza do Mutum: “O Mutum era bonito! Agora ele sabia.” (p.142). d) A partida para a cidade grande evidenciaria justamente a maturidade a ser atingida, aprendida a pequenos “goles” (p.77) de velhice e elaboração das perdas. Contudo, essa suposta gradação não é vista, pois o protagonista acaba por se perder em desenganos. e) Na última olhada para o Mutum antes de partir, Miguilim torna-se capaz, pela primeira vez, de tirar suas próprias conclusões sobre a beleza do lugar e das pessoas. O "saber", nesse caso, toma o lugar da fabulação na compensação; metaforicamente, os óculos não trazem apenas a visão a Miguilim, mas certo conhecimento. 25 - Logo a seguir temos vários personagens do livro “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, associados ao universo místico / espiritual. Contudo, apenas um deles não pode ser diretamente vinculado a esse aspecto: a) Vó Izidra b) Mãitina c) Dito d) Seu Aristeu e) Tio Terêz www.literaturafuvest.com.br 11 26 - Em “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, temos um personagem que encarna o poder do sonho vinculado à infância, anúncio da morte próxima, elogio velado à mulher, decisão equivoca nas escolhas de vida: a) Gato Sossõe, Julim, Papaco-o-Paco e Patori b) Papaco-o-Paco, Julim, Patori e Gato Sossõe c) Patori, Gato Sossõe, Papaco-o-Paco e Julim d) Seu Deográcias, Julim, Papaco-o-Paco e Patori e) Seu Aristeu, Papaco-o-Paco, Gato Sossõe e Patori 27 - A respeito das produções literária da nossa lista de obras obrigatória, leia todos os itens a seguir e marque o único errado: a) Teodorico, personagem do romance A Relíquia, de Eça de Queirós, se assemelha ao processo positivo de formação de Miguilim, da obra “Campo Geral”, de Guimarães Rosa. b) O tema da viagem enquanto elemento de transformação do sujeito é recorrente nos seguintes livros: Angústia, de Graciliano Ramos, Nove Noites, de Bernardo Carvalho, Quincas Borba, e Machado de Assis. c) O livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, e Mayombe, de Pepetela, se comunicam nos que se refere ao processo de colonização lusitana. d) A metaficção (apropriação de dados históricos objetivos pela obra literária) é uma das marcas mais recorrentes do romance Nove Noites, de Bernardo Carvalho. e) A infelicidade conjugal é retratada nos seguintes livros: Nove Noites, de Bernardo Carvalho, Angústia, de Graciliano Ramos, A relíquia, de Eça de Queirós e Mayombe, de Pepetela. 28 - O texto a seguir foi retirado do livro Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade, leia-o e faça o que se pede: OFICINA IRRITADA Eu quero compor um soneto duro como poeta algum ousara escrever. Eu quero pintar um soneto escuro, seco, abafado, difícil de ler. Quero que meu soneto, no futuro, não desperte em ninguém nenhum prazer. E que, no seu maligno ar imaturo, ao mesmo tempo saiba ser, não ser. Esse meu verbo antipático e impuro há de pungir, há de fazer sofrer, tendão de Vênus sob o pedicuro. Ninguém o lembrará: tiro no muro, cão mijando no caos, enquanto Arcturo, claro enigma, se deixa surpreender. (ANDRADE, Carlos Drummond de, Claro enigma, Rio de Janeiro, 2010, Record, p. 38). Os estudiosos compreendem o poema acima por meio de uma clave metapoética. Contudo, essa posição aparentemente avessa a questões de ordem social, pode revelar um posicionamento crítico do escritor. Vale lembrar que o texto, embora publicado em 1951, foi escrito antes, talvez no Estado Novo. Sendo assim, a suposta indiferença social guarde um teor crítico do escritor com o mundo, condição também vista em: a) Mayombe e A relíquia b) Nove noites e o Romanceiro da Inconfidência c) Campo Geral e A Relíquia d) Angústia e “Campo Geral” e) Poemas Escolhidos de Gregório de Matos e “Campo Geral” www.literaturafuvest.com.br 12 29 - Sobre as produções abaixo, julgue todos os itens e marque o único INCOMPATÍVEL a compreensão do referido livro: a) A floresta Mayombe, do livro de Pepetela, é o símbolo da nação a ser gestada e construída. É da floresta que a nova Angola emergirá. Curiosamente, cada guerrilheiro entra no Mayombe de acordo com as suas crenças étnicas e sai dali angolano. b) Subitamente enriquecido, Rubião, protagonista do livro Quincas Borba, de Machado de Assis, se muda para o Rio de Janeiro e já na viagem conhece o casal Sofia e Cristiano Palha, que se comprometem a apresentar-lhe a Corte e cuidar para que ele não seja alvo de aproveitadores, aspecto que ocorre de fato. Dessa maneira, Sofia e Cristiano logo incluem Rubião em seu círculo de amizades. c) Miguilim, protagonista da novela “Campo Geral”,de Guimarães Rosa, mora com sua família numa região isolada e primitiva: o Mutum. Lá, o pai – Bernardo –, a mãe – Nhanina –, os irmãos – Dito, Tomezinho, Chica e Drelina –, a avó Izidra, o Tio Terêz e os vaqueiros vizinhos vão lhe ensinando, dura mas liricamente, a distinguir, a compreender o mundo. d) O romance Nove Noites, de Bernardo Carvalho, é uma biografia dupla, de alguém que não pode narrar porque já está morto e do narrador-jornalista que se autobiografa nesse processo e vai preenchendo os espaços com elementos eminentemente inventivos. e) Luís da Silva, personagem do Angústia, é insatisfeito com seu presente, só consegue olhar para o passado, remoendo memórias amarguradas de um passado rural, sua base ideológica. Surgem lembranças de uma infância com afetos problemáticos, frustrações profissionais e sexuais, abalando todo o encanto de sua existência, seja em relação às coisas exteriores ou interiores. 30 - Respectivamente, notamos nas abras seguir a noção de pátria enquanto território do embate, a polifonia de sujeitos diversos e divergentes, a transformação significativa do protagonista a) Mayombe, Romanceiro da Inconfidência, “Campo Geral” b) Romanceiro da Inconfidência, Mayombe, Nove Noites c) Quincas Borba, Mayombe, Nove Noites d) Poemas Escolhidos, Nove Noites, Mayombe e) “Campo Geral”, Romanceiro da Inconfidência, Nove Noites 31 - Leia os itens a seguir sobre diversas produções literárias e faça o que se pede: I. Em Mayombe, de Pepetela, o uso das línguas africanas reflete a necessidade da emancipação da pátria por meio da língua, condição similar aos neologismos de “Campo Geral”, de Guimarães Rosa. II. Aristeu é curandeiro de “Campo Geral” vinculado a uma espécie de “catarse”, respiradouro para aquele que sofre as angústias da travessia existencial. III. Em Nove noites o índio é evidenciado como um órfão da civilização, mas dotado de uma possibilidade de alternância da ordem vigente. IV. O livro de Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência, é uma epopeia alicerçada em valores como simetria, enredo com herói épico e versos isométricos. São VERDADEIRAS: a) Apenas I, II e III. b) Apenas II. c) Apenas I, III e IV. d) Apenas II e IV. e) Apenas II e III. www.literaturafuvest.com.br 13 32 – Leia o trecho a seguir retirado do livro A relíquia, de Eça de Queirós, e faça o que se pede: E logo uma ideia sulcou-me o espírito, com um brilho de visitação celeste... Levar à Titi um desses galhos, o mais penugento, o mais espinhoso, como sendo a relíquia fecunda em milagres, a que ela poderia consagrar seus ardores de devota e confiadamente pedir as mercês celestiais! "Se entendes que mereço alguma cousa pelo que tenho feito por ti, traze-me então desses santos lugares uma santa relíquia..." Assim dissera a senhora D. Patrocínio das Neves na véspera da minha jornada piedosa, entronada nos seus damascos vermelhos, diante da magistratura e da igreja, deixando escapar uma baga de pranto sob seus óculos austeros. Que lhe podia eu oferecer mais sagrado, mais enternecedor, mais eficaz, que um ramo da árvore de espinhos, colhido no vale do Jordão, numa clara, rosada manhã de missa? (QUEIRÓS, Eça de. A relíquia. Porto: Lello e Irmãos, 1976, p. 125). Todo o fervor católico representado pela personagem Maria do Patrocínio do livro A relíquia pode ser vinculado ao (à) personagem: a) Vitória, da obra Angústia, de Graciliano Ramos b) Maitina, da obra “Campo Geral”, de Guimarães Rosa c) Manuel Perna, da obra Nove Noites, de Bernardo Carvalho d) Professor, do romance Mayombe, de Pepetela e) D. Tonica, do livro Quincas Borba, de Machado de Assis 33 – Procure ler com bastante cuidado todos os itens a seguir sobre diversas produções literárias e faça o que é pedido: I. O sincretismo religioso pode ser percebido na novela “Campo Geral” por meio de alguns personagens alegóricos da narrativa: Maitina (catolicismo) e Avô Izidra (crenças afros). II. O catolicismo em seu estado primitivo e verdadeiro é representado por meio da personagem Maria do Patrocínio, do romance A relíquia, de Eça de Queirós. III. O personagem Comandante, do livro Mayombe, de Pepetela, é nomeado Ogum, o Prometeu africano, aspecto que sinaliza para um sincretismo religioso. IV. Em “nascem capelas / no mudo espanto dos matos, / onde rudes homens duros” a fé, no livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, nasce como mecanismo de elevação do homem. São VERDADEIRAS: a) Apenas I, II e III. b) Apenas III. c) Apenas I, III e IV. d) Apenas II e IV. e) Apenas III e IV. www.literaturafuvest.com.br 14 34 – Procure ler o texto a seguir e faça o que se pede: Contemplando nas cousas do mundo desde o seu retiro, lhe atira com seu ágape, como quem a nado escapou da tormenta Neste mundo é mais rico o que mais rapa; Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; Com sua língua, ao nobre o vil decepa; O velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa;2 Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa: Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por Tulipa; Bengala hoje a mão, ontem garlopa;3 Mais isento se mostra, o que mais chupa. Para a tropa do trapo vazo a tripa,4 e mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa. (WINISK, José Miguel. Gregório de Matos. Poemas Escolhidos. SP, Cultrix, 1976, p. 38) O poema de Gregório de Matos Guerra apresenta um mundo em processo de transformação, talvez por isso, o eu lança as suas farpas à sociedade. De maneira análoga, outras produções de nossa lista podem ter uma proposta similar: I. O processo de insatisfação com um modelo vigente (existência citadina) é apresentado por Luís da Silva, protagonista do livro Angústia, de Graciliano Ramos. II. “Caçador que andas na mata, /bem sei por que vais contente, /com grandes olhos felizes:/ vês que de reino encantado, / pelo vale, pela serra,/ qualquer caminho que pises”. Esse fragmento, retirado do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, destoa da postura crítica do texto de Gregório de Matos. III. O dogmatismo do Comissário, personagem do livro Mayombe, de Pepetela, é insistentemente relativizado pelo Comandante 2 Mostra o patife da nobreza o mapa: exibe genealogia, pretende-se descendente de linhagem nobre. 3 Bengala hoje na mão, ontem garlopa: metonímias da condição social, opostas ironicamente hoje bengala (índice de fidalguia), ontem garlopa Sem Medo, personagem dotado de uma perspectiva reflexiva e móvel. IV. No romance A relíquia, de Eça de Queirós, notamos uma insurreição para com os valores passadistas que atrasam o efetivo desenvolvimento da sociedade lusa. São VERDADEIRAS: a) Apenas I, II e III. b) Apenas III. c) Apenas I, III e IV. d) Apenas II e IV. e) Apenas III e IV. (ferramenta de marcenaria, para aplainar madeira grossa, índice do trabalho braçal). 4 Vazo a tripa: tem o sentido de defecar; manifestação máxima de desprezo pela “tropa do trapo”, isto é, a fidalguia baiana sem tradição. www.literaturafuvest.com.br 15 35 – Logo a seguir há um trecho do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, leia-o e faça o que é pedido: [...] Muito longe, em Luanda, era bom viver. Bate a enxada comigo, povo, desce pelas grotas! - Lá na banda em que corre o Congo eu também fui Rei. Toda a terra é mina: O ouro se abre em flor... Já está livre o meu filho, povo, - vinde libertar-nos, que éreis, meu Príncipe, cativo, e ora forro sois! (MEIRELES, Cecília. Romanceiroda Inconfidência: edição comemorativa – 60 anos. Org. André Seffrin. 12. ed. São Paulo: Global, 2013, p. 58). Com base na compreensão do fragmento acima e a leitura dos referidos livros abaixo julgue os enunciados a seguir: I. No trecho da obra de Cecília Meireles encontramos uma alusão ao processo de insurreição dos negros encarnada na figura histórica de Zumbi. II. A difícil relação entre colônia e metrópole pode ser notada nos livros Poemas escolhidos de Gregório de Matos, Mayombe, de Pepetela, e Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. III. Nas estrofes do Romanceiro o ouro é, ao mesmo tempo, a escravidão do negro, mas a possibilidade de sua redenção. IV. Os avanços imperialistas lusos sobre novos espaços podem ser metaforizados na figura de Teodorico e Alpedrinha, personagens do livro A relíquia, de Eça de Queirós. São VERDADEIRAS: a) Apenas I, II e III. b) Apenas II e III. c) Apenas I, III e IV. d) Apenas II e IV. e) Apenas III e IV. 36 – Analise o trecho seguinte retirado do romance Nove Noites, de Bernardo de Carvalho, e faça o que se pede: Isto é para quando você vier. É preciso estar preparado. Alguém terá de preveni-lo. Vai entrar numa terra em que a verdade e a mentira não tem mais os sentidos que o trouxeram até aqui.(...) A verdade está perdida entre todas as contradições e os disparates (CARVALHO, B. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 07). A leitura do trecho anterior e das obras literárias citadas a seguir nos permite jugar os enunciados: I. No trecho de Bernardo Carvalho a expressão “verdade e mentira” pode ser lida como sendo a realidade e ficção, literatura e fatos históricos. II. A dialética entre o literário e histórico também pode ser encontrada no livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. III. Na parte “Selo de Minas”, do livro Claro Enigma, Drummond realiza uma idealização do mundo negro à maneira do romance Mayombe, de Pepetela. IV. A loucura do livro Quincas Borba, de Machado de Assis, é vista como um rebaixamento do ser humano à condição de barbárie, por isso a frase “Ao vencedor, as batatas”. São VERDADEIRAS: a) Apenas I, II e III. b) Apenas I e II. c) Apenas I, III e IV. d) Apenas II e IV. e) Apenas III e IV. www.literaturafuvest.com.br 16 RESPOSTAS 1 A 2 D 3 C 4 E 5 C 6 C 7 A 8 B 9 D 10 A 11 A 12 E 13 C 14 A 15 A 16 D 17 DISC. 18 DISC. 19 B 20 B 21 B 22 C 23 DISC. 24 D 25 E 26 A 27 A 28 B 29 B 30 A 31 B 32 B 33 C 34 C 35 B 36 B QUESTÃO 17 RESOLUÇÃO Decerto, a escolha do narrador não é fortuita: em meio a uma multidão de pessoas que vinham à praça acompanhar o enforcamento do alferes, o bêbado é o único a perceber quão incoerente se configura tanta festa no momento da morte de um homem; reflete também sobre os motivos por que traziam ao condenado alimentos e flores, já que era um criminoso em hora de sua morte. O ébrio deflagra a tolice de todo o povo: apenas estando sob o efeito entorpecente do álcool ele é capaz de livrar-se da mentalidade soez que congrega tanta gente para assistir ao lúgubre espetáculo. Enquanto testemunho histórico válido, um bêbado seria preterido sem dúvidas; entretanto, é justamente ele que Cecília escolhe para o derradeiro momento de Tiradentes. Vale notar que esse é o único momento em que se narra a morte do herói: a única versão que temos de sua execução, a partir do Romanceiro, é a leitura crítica de um bêbado que não consegue crer no que está acompanhando. QUESTÃO 18 RESOLUÇÃO Trazendo à luz esse relato, a autora ressalta as dores e os sofrimentos daqueles que perderam seus parentes na corrida pelo ouro. Ao voltar os olhos aos que são excluídos das grandes narrativas históricas, a autora valoriza-os e demonstra que há algo além dos relatos que alguns documentos são capazes de demonstrar. QUESTÃO 23 RESOLUÇÃO: Vânia Resende (1987) comenta a importante posição ocupada pelo tio, em relação aos contos "As margens da alegria" e "Os Cimos" (ROSA, [1962]1977). O mesmo se dá em "Campo Geral", uma vez que a figura o tio representa um "guia ou protetor", como um "elemento mediador, entre ida e volta da criança e sua função é encaminhá-la, mostrando-lhe as faces ambíguas da vida: alegria e tristeza, sonho e realidade. É ponto de ligação entre Menino e mundo" (idem, p.43). Segundo Nogueira, as viagens que abrem e fecham a narrativa “servem de moldura simbólica à principal trajetória de aprendizagem do protagonista em busca de respostas para suas indagações” (2007, p.165). De fato, o fundamental no universo rosiano é a travessia empreendida – beirando a transcendência, motivo reincidente.
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