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Redação nota 45 FUVEST

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O medicamento mágico: SOMA 
 Felizes e satisfeitos, os Ípsilon não ambicionam sua emancipação e liberdade. 
Programados artificialmente para serem pequenas formigas operárias no sistema de 
produção, esses indivíduos são incapazes de raciocinar sem tutelamento estatal, 
soberanos às escolhas alheias ao seu ser. Caso descontentes, nada que a pílula da 
felicidade “SOMA” não resolva, confortando o estado de inquietação presente e, 
consequentemente, o desejo de pensar de forma autônoma. Quem dera que o cenário 
contido no imaginário literário de “Admirável novo mundo" se restringisse apenas ao 
ideário distópico -ledo engano. Concomitantemente ao pressuposto “ápice do 
progresso" social, os Ipsilon's modernos permutam sua reflexão independente pela 
comodidade propiciada pela menoridade racional e o pensamento analítico é 
banalizado como a origem de frustrações e infelicidade que abrangem o coletivo atual. 
Nesse viés, há necessidade de reverberar os fatores que validam a menoridade 
existente na hodiernidade. 
 Primordialmente, é evidente que, assim como as pílulas SOMA, o consumismo e 
capital garante que os indivíduos optem por intranscender para sua razão 
emancipacional, já que a satisfação fornecida pela aquisição de um produto ofusca a 
condição humana como formiga operária. Divergente do senso comum, o prazer 
permanente, ao garantir alegria constante, refuta a necessidade de deliberar o 
tutelamento consciente, visto que a lógica e reflexão só é analisada individualmente 
devido ao ideário revolucionário do coletivo. O Esclarecimento apenas se concretizou 
devido a percepção de causa-consequência de uma sociedade fragilizada pelas 
desigualdades sociais, fome e óbitos do período medieval. Todavia, com a bonificação 
disfarçada de mérito dada aos grupos coletivos que se alinham a ordem atual de 
produtividade e estabilidade, o complexo social solidifica sua inaptidão de se 
conscientizar das falhas dessa ordem em prol da monetização assalarial que 
futuramente será liquidada por mercadorias. Portanto, assim como produtos, as ideias 
e maioridade possuem valores mercantis e são facilmente manipuláveis através da 
sensação confortável das "pílulas SOMA" modificadas conforme o contexto atual. 
 No entanto, além das cápsulas de insuficiência reflexiva, a sociedade pós-moderna 
convive com as pequenas relações de poder existentes na ditadura científica 
contemporânea. Assim como Fabiano, em "Vidas Secas”, considerava-se 
desqualificado para induzir seu senso crítico autônomo, as parcelas sociais 
subalternizadas são instigadas a acreditar que sua maturidade e conhecimento são 
insuficientes para se livrar das amarras da minoridade esclarecida. Dessa forma, 
Fabianos reais são manipulados por Soldados Amarelos, personagem de Graciliano 
Ramos na obra supracitada, que utilizam de seu monopólio de poder para sobrepor 
seus ideais e valores à tais indivíduos, mantendo-os cativos da hierarquização da 
racionalidade conforme o status social do manipulador, afim de que a maioridade seja 
validada pelos padrões da elite e as outras, descartadas como sinal de ignorância 
perante à comunidade. 
Enquanto a informação na atualidade é facilmente acessível, as consequências de uma 
era técnico -científica-informacional suprimiram o anseio natural da humanidade de se 
desprender da reflexão guiada, que se tornou sinônimo de felicidade e passividade. 
Portanto, caso o organismo social não desestruture sua ordem hodierna de poder e 
consumo, os indivíduos viverão eternamente através de seus vícios em genéricos e 
similares "SOMA".

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