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Enfermagem na Atenção em Saúde Mental Aulas 02 e 03: Reforma Psiquiátrica e Políticas de Saúde Mental LEILSON LIRA 2020 PROFESSOR Centro Universitário Christus – Unichristus Curso de Graduação em Enfermagem Campus Benfica O que veremos hoje? ➢ Apresentação e discussão de vídeo; ➢ Reforma Psiquiátrica e reabilitação psicossocial: ➢ Antecessores da reforma; ➢ Movimentos de reforma psiquiátrica; ➢ Dimensões da reforma psiquiátrica; ➢ Políticas de assistência em saúde mental; ➢ Legislações internacional, nacional e local; ➢ Portarias, normas e decretos importantes; ➢ Rede de atenção psicossocial (RAPS). Conteúdos e objetivos explorados na aula de hoje: Unidade I - Processo saúde-doença mental, políticas de saúde mental e Reforma Psiquiátrica ➢Conteúdos: ✓Reforma psiquiátrica e políticas de saúde mental ➢Objetivos: ✓Explicar os pressupostos da Reforma Psiquiátrica e sua influência na organização dos serviços e práticas de enfermagem em saúde mental ✓Discorrer sobre as políticas públicas de saúde mental no âmbito do SUS Enfermagem na Atenção em Saúde Mental Reforma psiquiátrica Resgate da aula passada O que você sabe sobre o processo saúde-doença em saúde mental? Como ele foi compreendido no decorrer da história da humanidade? Fale-me um pouco sobre a história da psiquiatria. Como surgiu o internamento? Você lembra de Philippe Pinel? https://www.youtube.com/watch?v=t8Hn-jWbAao https://www.youtube.com/watch?v=t8Hn-jWbAao Como tudo começa... ➢Lembremos de que com Pinel nasce a psiquiatria de observação; ➢Antes não havia contato da medicina com as pessoas com transtornos mentais ➢Contudo, essas medidas fazem com que o sujeito com adoecimento mental vire mero objeto; ➢As práticas da psiquiatria são desenvolvidas com base no tratamento moral, centrada no sintoma e em procedimentos. Pinel retira as correntes das pessoas com adoecimento mental NÃO É AVANÇO!!! Como tudo começa... ➢Essas práticas perduraram durante muitos anos; ➢No pós-guerra, países conheceram os horrores nos campos de concentração, encontrando semelhanças com os hospícios; ➢Movimentos diferentes: ◦ Corrente reformista - o hospital precisa de reformas, mas é necessário como recurso terapêutico fundamental; ◦ Corrente desinsittucionalizadora - não só hospital, mas o próprio dispositivo médico psiquiátrico e as instituições e dispositivos terapêuticos a ele relacionados precisam ser repensados. Reino Unido, França e EUA Como tudo começa... ➢E no Brasil? Como tudo começa... ➢Em 1970 um grupo de residentes insatisfeitos com as condições de trabalhos e de atendimento aos pacientes decide realizar um manifesto ao DISAM; ➢Surge então o MTSM o qual deu origem ao Movimento de Luta Antimanicomial; ➢Tais movimentos ganharam a adesão não só de médicos, mas também dos outros trabalhadores de saúde e da população; MTSM Interesses corporativos Qualificação assistência Perspectivas de ordem social, econômica e política Como tudo começa... ➢Culminou com a crise do DISAM e demissão de 260 profissionais, o que desencadeou uma greve nacional; ➢Um dos pilares do Movimento de Reforma Psiquiátrica no Brasil será a luta pela desinstitucionalização; ➢Em 1990, surge a preocupação em criar serviços alternativos ao hospital psiquiátrico no SUS; ➢I Conferência Nacional de Saúde Mental, em 1987, marca o distanciamento da reforma psiquiátrica do sanitarismo em decorrência da opção prioritária pela estratégia da desinstitucionalização e da desconstrução/invenção. Como tudo começa... 1. Fechamento da Casa de Saúde Anchieta e implementação de uma ampla rede territorial de serviços de saúde mental; 2. Conferências Nacionais de Saúde e de Saúde Mental; 3. Leis (e projetos) e CF de 1988; 4. Portarias ministeriais que viabilizaram a organização e o financiamento dos serviços substitutivos; 5. NAPS de Santos. 6. CAPS Prof. Luiz da Rocha Cerqueira – São Paulo; Mas o que compreende a Reforma Psiquiátrica, mesmo hein?!... ➢Lembra que eu pedi para vocês guardarem isso? ➢Por que será que eu pedi? O que vocês acham? Vejam as palavras do quadro! Perspectivas de ordem social, econômica e política Reforma Psiquiátrica ➢Pois bem, a Reforma Psiquiátrica articulada questões ligadas à economia, política e sociedade; ➢De antemão, quero esclarecer a vocês que não se trata apenas de uma reorganização dos serviços... ➢Tampouco uma humanização das práticas; Não é uma modernização das técnicas terapêuticas! Reforma Psiquiátrica A reforma envolve quatro dimensões: Epistemológica Técnico- assistencial Jurídico- política Sociocultural Reforma Epistemológica ➢Produção dos saberes; ➢Reflexão sobre a Ciência; ➢Envolve: Alienação Isolamento terapêutico Doença Degeneração Tratamento moral Normal e anormal Terapêutica e cura Epistemológica ➢Desinstitucionalização seus significados; ➢Curso natural da doença; ➢Alienação mental e terapêutica; ➢Desconstrução e desconstrução da clínica; ➢O que você entende por clínica? ➢Envolve: Observar Paciente Doença- objeto Técnico-assistencial ➢Modelo assistencial. Lembram? ➢O que tínhamos antes. Basta lembrar do filme... ➢O louco não decide! Tutela Ordem Punição Vigilância Disciplina Custódia Reeducação Restituição da Cidadania Jurídico-político e sociocultural ➢Psiquiatria e seus conceitos; ➢Relações sociais e civis, direitos humanos e sociais; ➢Na sociocultural cabem o senso-comum, imaginário social; ➢Objetivo maior da Reforma É estratégico. Por quê? Questões para fixação • Que corrente influenciou a reforma psiquiátrica brasileira? Por que você considera essa corrente? • Descreva como começou o movimento pela reforma psiquiátrica brasileira. • Quais as dimensões da reforma psiquiátrica? Caracterize-as. Enfermagem na Atenção em Saúde Mental Políticas de Saúde Mental Declaração de CARACAS 14 de Novembro de 1990 Legislação Federal Legislação Estadual Ceará Legislação Internacional Declaração de Caracas –Conferência Regional para reestruturação da Assistência Psiquiátrica nas Américas ➢Objetivo: o reestruturação da atenção à assistência psiquiátrica na América Latina, com apoio da OMS/OPS – Venezuela, 1990); ➢Crítica ao papel hegemônico e centralizador do hospital; ➢Importância da conferência: oSuperação do hospital psiquiátrico como serviço central; oComprometer-se a torná-lo local de tratamento e não de sofrimento; oConstruir uma rede diversificada e ampliada de assistência sanitária, acessível , efetiva e eficiente. Legislação Brasileira Lei nº 9.867, de 10 de novembro de 1999 Dispõe sobre a criação e o funcionamento de Cooperativas Sociais, visando à integração social dos cidadãos conforme específica. Lei nº 10.708, de 31 de julho de 2003 Institui o auxílio-reabilitação psicossocial para pacientes acometidos de transtornos mentais egressos de internações. Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001 Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. A lei redireciona o modelo da assistência psiquiátrica, regulamenta cuidado especial com a clientela internada por longos anos e prevê possibilidade de punição para a internação involuntária arbitrária ou desnecessária. Esse texto, aprovado em última instância no plenário da Câmara Federal, reflete o consenso possível sobre uma lei nacional para a reforma psiquiátrica no Brasil. Legislação Ceará - Lei nº 12.151, de 29 de julho de 1993 Dispõe sobre a extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos e sua substituição por outros recursos assistenciais, regulamenta a internação psiquiátrica compulsória, e dá outras providências. Art. 1o - Fica proibido no território do Estado do Ceará, a construção e ampliação de hospitais psiquiátricos, públicos ou privados, e a contratação e financiamento, pelos setores estatais, de novos leitos naqueles hospitais. Guarda relação com a 8ª. CNS – Municipalizaçãodos serviços de saúde. Portarias de Consolidação Números 3 e 6. 31 Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) ➢Diretrizes: ➢respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas; ➢promoção da equidade, reconhecendo os determinantessociais da saúde; ➢combate a estigmas e preconceitos; ➢garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar; ➢atenção humanizada e centrada nas necessidades das pessoas; ➢diversificação das estratégias de cuidado; ➢desenvolvimento de atividades no território, que favoreça a inclusão social com vistas à promoção de autonomia e ao exercício da cidadania; ➢desenvolvimento de estratégias de Redução de Danos; ➢ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle social dos usuários e de seus familiares; 32 Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) ➢organização dos serviços em rede de atenção à saúderegionalizada, com estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado; ➢promoção de estratégias de educação permanente; ➢desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, tendo como eixo central a construçãodo projeto terapêutico singular; ➢Objetivos: ➢ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em geral; ➢promover o acesso das pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogase suas famílias aos pontos de atenção; ➢garantir a articulação e integração dos pontos de atenção das Redes de saúde no território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às urgências. 34 Serviços Residenciais Terapêuticos ➢Serviços residenciais terapêuticos (SRT) ➢Componente da política de SM do MS ➢Desinstitucionalização ➢Casas do espaço urbano comum ➢Pessoas com transtornos mentais oriundas de hospitais psiquiátricos ou não ➢Reintegração à comunidade ➢Referenciada a um CAPS ➢Ceará (4) 35 ➢SRT Tipo I as moradias destinadas a pessoas com transtorno mental em processo de desinstitucionalização, devendo acolher no máximo 8(oito) moradores; ➢SRT Tipo II as modalidades de moradia destinadas às pessoas com transtorno mental e acentuado nível de dependência, especialmente em função do seu comprometimento físico, que necessitam de cuidados permanentes específicos, devendo acolher no máximo 10 (dez) moradores; ➢Cabe a esses aos SRT: ➢Garantir assistência aos portadores de transtornos mentais com grave dependência institucional que nã otenham possibilidade de desfrutar de inteira autonomia social e não possuam vínculos familiares e de moradia; ➢Atuar como unidade de suporte destinada, prioritariamente, aos portadores de transtornos mentais submetidos a tratamento psiquiátrico em regime hospitalar prolongado ➢Promover a reinserção desta clientela à vida comunitária. Serviços Residenciais Terapêuticos Centros de Atenção Psicossocial ➢Centros de Atenção Psicossocial poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e CAPS III definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional; ➢Os CAPS deverão constituir-se em serviço ambulatorial de atenção diária que funcione segundo a lógica do território; ➢Somente os serviços de natureza jurídica pública poderão executar as atribuições de supervisão e de regulação da rede de serviços de saúde mental; ➢Só poderão funcionar em área física específica e independente de qualquer estrutura hospitalar (psiquiátrica). Tipos de Centros de Atenção Psicossocial CAPS CAPS Geral CAPS adCAPS infanto- juvenil CAPS I CAPS II CAPS III CAPS ad CAPS ad III CAPS ad IV Tipos de Centros de Atenção Psicossocial Questões para fixação • O que é reabilitação psicossocial e como ela pode ser trabalhada? • Que legislações foram implementadas para a consolidação da reabilitação psicossocial? • Cite três serviços componentes da RAPS e diga que cuidados são ofertados por eles. • Pesquisa no site do Ministério da Saúde e descreva sobre o que dispõe uma das portarias 148, 132, 131 e 122, de janeiro de 2012. Se liga!Tina Tânia, 18 anos, encontra-se em situação de rua há mais de seis anos e em uso e consumo de crack (três a cinco pedras ao dia). Recorre à prostituição e a pequenos tráficos para subsistência e conseguir adquirir a droga. É HIV positivo. Um homem que também frequenta os espaços da rua relata: “ela num consegue nem fazer os corre, mah... Tá doente! Nem fazer os corre ela quer!”. Não mantem nenhum contato com os dois filhos e o restante da família, logo que decidiu habitar o espaço das ruas depois que foi violentada sexualmente por um tio. A mesma pessoa ainda afirma que Tina Tânia já teve tuberculose (começou o tratamento e não terminou), tem pressão arterial elevada e às vezes apresenta dor precordial, que passa quando ela se deita no chão. No momento em que eram registrados os dados presentes nesta narrativa, a gestante encontrava-se ao solo, sobre uma folha de papelão, depois de ter sido agredida por dois homens que desceram de uma moto. A suspeita era de dívidas com traficantes, pois Tina Tânia havia recebido ameaças há dois dias por conta de “mercadoria” por ela revendida, mas não repassada a quantia correta. Resumindo... https://www.youtube.com/watch?v=UM0nYHAWFKQ https://www.youtube.com/watch?v=UM0nYHAWFKQ
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