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ENTRE AVANÇOS E RECUOS O ENSINO DE GEOGRAFIA

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0 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ-UESPI 
CAMPUS CLÓVIS MOURA 
COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA 
LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA 
 
 
 
JÚLIO CÉSAR PORTO DA PAZ 
 
 
 
 
 
 
ENTRE AVANÇOS E RECUOS: O ENSINO DE GEOGRAFIA 
NA E. M. SIMÕES FILHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA-PI 
2012 
1 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ-UESPI 
CAMPUS CLÓVIS MOURA 
COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA 
LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA 
 
 
 
JÚLIO CÉSAR PORTO DA PAZ 
 
 
 
 
 
 
ENTRE AVANÇOS E RECUOS: O ENSINO DE GEOGRAFIA 
NA E. M. SIMÕES FILHO 
 
Monografia exigida como trabalho final de 
conclusão do curso de Licenciatura Plena 
em Geografia da Universidade Estadual do 
Piauí, sob orientação do professor esp. 
Werton Francisco Rios da Costa Sobrinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA-PI 
2012 
2 
 
JÚLIO CÉSAR PORTO DA PAZ 
 
 
 
ENTRE AVANÇOS E RECUOS: O ENSINO DE GEOGRAFIA 
NA E. M. SIMÕES FILHO 
 
 
Monografia Defendida em ___, ___, _____. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
___________________________________________ 
Prof. Esp. Werton Francisco Rios da Costa Sobrinho 
Presidente 
 
 
___________________________________________ 
Profa. MSc. Teresinha de Jesus dos Santos Sousa 
1º MEMBRO 
 
 
___________________________________________ 
Profa. MSc. Marly Cipriano Feitosa de Melo 
2º MEMBRO 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho primeiramente a Deus 
e a minha família, que muito contribuíram 
para tornar-me o ser humano que sou. 
 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus, por me permitir vivenciar este momento. 
Agradeço a minha família: meus pais (José e Dalvimar), irmãos Josélia, 
Jacqueline, Josenildo, Jailson); sobrinhos (João Pedro e Ana Luísa) e cunhada 
(Sandra). 
Agradeço à Universidade Estadual do Piauí, por me permitir cursar esta 
graduação. 
Agradeço a você Geografia, pois não fui eu que lhe escolhi, foi você que me 
escolheu! 
Agradeço a minha grande amiga Kelly Diane do Nascimento Silva, que 
sempre esteve comigo em todos os momentos, minha amiga de todas as horas! 
Agradeço também a meu amigo Francisco Magalhães Pinheiro Neto, que 
também esteve comigo no decorrer deste curso. 
Agradeço a meu digitador Diego Rodrigo, que muito colaborou durante todo 
esse período! 
Agradeço ainda a todos aqueles que foram meus professores: da Educação 
Infantil até o Ensino Superior, de todas as disciplinas, não lembrarei o nome de 
todos, mas se cheguei até aqui, também devo isso a vocês! 
Agradeço a meu orientador: o professor Werton, por sua paciência e 
conhecimento, além de ter sido uma grata surpresa ter reencontrado o meu 
professor de Geografia do 2º Ano do Ensino Médio. 
Agradeço também a minha professora Teresinha de Jesus dos Santos Sousa, 
pelo seu conhecimento e compreensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cada um de nós possui um fogo no 
coração para alguma coisa, é nossa meta na 
vida encontrá-lo e mantê-lo aceso. 
 
Mary Lou Retton 
 
6 
 
RESUMO 
A presente pesquisa tem como tema: Entre avanços e recuos: o ensino de Geografia 
na escola municipal Simões Filho. Apresenta como objetivo geral: analisar o 
processo de ensino-aprendizagem na disciplina de Geografia. Os objetivos 
específicos foram: retratar historicamente a evolução do ensino de Geografia; 
caracterizar as metodologias empregadas pelos docentes no processo de ensino-
aprendizagem da ciência geográfica; identificar os problemas relacionados à prática 
docente no ensino da ciência geográfica; descrever a visão do aluno em relação à 
ciência geográfica. Para isso, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, tendo como 
embasamento os teóricos: Vesentini (2004); Almeida (2007); Carvalho (2004); 
Castellar (2010); Kaercher (1999); dentre outros. Foi realizada ainda uma pesquisa 
de campo na E. M. Simões Filho, situada no bairro Cristo Rei. Os sujeitos da 
pesquisa foram 4 (quatro) professores que correspondem a todos os docentes que 
ministram Geografia do Ensino Fundamental do 3º e 4º ciclos e 30 alunos do 
respectivo nível de ensino – o que corresponde a 10% (dez por cento) do total de 
alunos deste estabelecimento de ensino. O instrumento utilizado foi à aplicação de 
questionários. Os dados coletados relevaram que existe uma divergência de 
opiniões entre docentes e discentes, no que se refere ao incentivo da leitura e 
escrita e na diversificação da bibliografia. Verificou-se a permanência de 
metodologia de ensino tradicional, em pleno século XXI, considerando a existência 
de recursos e estratégias inovadoras que passam a ser utilizadas pelos docentes, 
como debates, trabalhos em grupo, aulas de campo, práticas estas importantes 
tanto no que se refere à interação dos alunos, ao próprio aprendizado da ciência 
geográfica. 
 
Palavras-chave: Ensino de Geografia. Práticas docentes. Metodologias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
ABSTRACT 
This research has as its theme: Among advances and retreats: the teaching of 
geography in public school Simões Filho. Displays general objective is to analyze the 
process of teaching and learning in the discipline of Geography. The specific 
objectives were: to depict the historical evolution of the teaching of geography; 
characterize the methodologies employed by teachers in the teaching-learning of 
geographical science, to identify problems related to teaching practice in the teaching 
of geographical science, to describe the vision of the student in relation geographical 
science. For this, we performed a literature search, having as basis the theorists: 
Vesentini (2004), Almeida (2007), Carvalho (2004); Castellar (2010); Kaercher 
(1999), among others. We also carried out field research in E. M. Simões Filho, 
located in the district Christ the King The subjects were 4 (four) teachers that 
correspond to all teachers of Geography Elementary School 3rd and 4th cycles and 
30 students of their education level - which corresponds to 10% (ten percent) of all 
students in this school. The instrument used was the use of questionnaires. The data 
collected reveal that there is a divergence of opinions between teachers and students 
with regard to the incentives of reading and writing and diversification of the 
literature. It is the permanence of the traditional teaching methodology, in the XXI 
century, considering the existence of resources and innovative strategies that are 
being used by teachers, such as debates, group work, field lessons, practice these 
important both in refers to the interaction of students, and in their own learning of 
geographical science. 
 
Keywords: Teaching Geography. Teaching practices. Methodologies. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 
1 REFLEXÕES ACERCA DO ENSINO DE GEOGRAFIA ................................ 
1.1 A Perspectiva Tradicional no Ensino de Geografia ................................. 
1.2 Metodologias para o Ensino de Geografia ............................................... 
1.3 O Ensino de Geografia: avanços e limitações ......................................... 
2 AVANÇOS E LIMITAÇÕES DO ENSINO DE GEOGRAFIA NA ESCOLA 
MUNICIPAL SIMÕES FILHO .............................................................................. 
2.1 Caracterização da Área de Estudo ............................................................ 
2.2 Metodologia ................................................................................................. 
2.3 Análise dos resultados ............................................................................... 
CONCLUSÃO ..................................................................................................... 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................9 
12 
12 
16 
19 
 
27 
27 
27 
28 
52 
54 
APÊNDICES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
É do conhecimento de todos que o ensino da Geografia vem passando por 
algumas alterações desde sua constituição, ou seja, desde quando a Geografia 
surgiu enquanto disciplina escolar no século XIX. A partir do surgimento da 
Geografia escolar até a maior parte do século XX, temos uma disciplina voltada para 
a descrição, isto é, baseada na memorização, centrada principalmente na Geografia 
Física, com suas formas de relevo, bacias hidrográficas, seus tipos climáticos, suas 
formações vegetais, sendo essa a chamada Geografia Tradicional. 
Entretanto, já no final do século XX, com o advento das discussões acerca da 
Geografia Crítica (décadas de 1980 e 1990), fruto do movimento de renovação 
ocorrido na ciência geográfica. Essa nova corrente do pensamento geográfico, tem 
entre seus princípios, o de trabalhar os conteúdos de forma reflexiva, buscando 
sempre a contextualização dos mesmos, ou seja, ensina o aluno dentro de seu 
espaço de vivência, proporcionando ao mesmo a conscientização enquanto cidadão, 
do seu papel na sociedade atual, com as contradições e mazelas. 
O ensino de Geografia na atualidade, baseado na perspectiva critica - 
reflexiva, busca uma analogia entre o conteúdo abordado e o meio em que o aluno 
está inserido, o que despertou o interesse em saber se essa corrente do 
pensamento geográfico é trabalhada na E. M. Simões Filho, local onde a pesquisa 
foi realizada, sendo uma conceituada escola da rede municipal de Teresina, sendo 
considerada ainda uma “escola modelo”. Nesse sentido, lançamos as seguintes 
questões: como se encontra a criticidade dos alunos da escola municipal Simões 
Filho? Até que ponto os professores desta escola contribuem para que os alunos 
possuam uma postura crítica no ensino de Geografia? 
Para respondermos as questões norteadoras, foram levantados os objetivos 
(geral e específicos). Dentre estes, o objetivo geral: foi analisar o processo de 
ensino-aprendizagem na disciplina Geografia. Já os objetivos específicos foram 
retratar historicamente a evolução do ensino de Geografia; caracterizar as 
metodologias empregadas pelos docentes no processo de ensino-aprendizagem da 
ciência geográfica; identificar os problemas relacionados à prática docente no ensino 
da ciência geográfica; e descrever a visão do aluno em relação à ciência geográfica. 
Para a realização do presente trabalho, utilizou-se dois questionários, sendo 
um destinado aos professores e aos alunos. Realizou-se a aplicação dos 
questionários da seguinte maneira: trabalhamos com todos os professores de 
10 
 
Geografia da escola (total de 4 professores); trabalhamos com um total de 30 (trinta) 
alunos, o que corresponde a 10% (dez por cento) dos alunos do Ensino 
Fundamental (do 6º ao 9º ano). 
O trabalho foi realizado através da pesquisa explicativa e a documentação 
indireta.Diversos autores foram consultados para a constituição deste trabalho, 
dentre eles: José William Vesentini; Nídia Nacib Pontuschka; André Nestor Kaercher; 
Ariovaldo Umbelino de Oliveira; Sônia Castellar, Rosângela Doin de Almeida; Maria 
Inês Carvalho, sendo autores que discutem acerca do ensino de Geografia. Foram 
utilizados ainda, autores referentes a outras áreas do conhecimento, tais como Anne 
Marie Chartier; Cipriano Luckesi; Edigar Morin; Selva Guimarães, que muito 
contribuíam com seus posicionamentos sobre o ensino de modo geral. Avaliou-se 
ainda um documento oficial: os Parâmetros Curriculares Nacionais, onde foram 
analisados alguns pontos que dizem respeito tanto ao ensino de modo geral, quanto 
ao ensino de Geografia. 
Observou-se ao longo da construção deste trabalho, que o ensino de 
Geografia na sua constituição, até boa parte do século XX, estava centrado na 
perspectiva tradicional, voltado para a memorização e descrição, privilegiando a 
vertente física. Vale ressaltar a questão da memorização/descrição é característica 
típica do ensino tradicional de modo geral, sendo que o mesmo pode ser encontrado 
também em outras disciplinas. A partir dos anos 1970, houve um retrocesso do 
ensino de Geografia: a criação da disciplina Estudos Sociais, e a consequente 
extinção das disciplinas Geografia e História, o que acabou por prejudicar esta 
disciplina, gerando um “esvaziamento” das ciências humanas. Outro retrocesso do 
ensino de Geografia foi a criação dos cursos de Licenciatura Curta, com o objetivo 
de atender a demanda de profissionais. Constatou-se assim, que as primeiras 
mudanças dentro do ensino de Geografia só vieram a ocorrer após dois 
acontecimentos: o movimento de renovação da ciência geográfica e a realização do 
Congresso da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que posicionaram-
se contra a disciplina dos Estudos Sociais, e a favor do retorno da Geografia e da 
História. 
 Percebeu-se ainda, que existem divergências em relação ao posicionamento 
de professores e alunos, entretanto constato-se, que os professores já realizam 
práticas muito proveitosas no ensino de Geografia, tais como: as aulas de campo, 
debates em sala de aula, trabalhos, programas de computador, recursos como o 
11 
 
data-show, a utilização de revistas, outros livros didáticos, práticas estas que 
contribuem para diversificar as metodologias utilizadas no ensino da Geografia. 
O presente estudo tem sua relevância no sentido de realizar um apanhado 
histórico do ensino de Geografia, retratando os avanços e limitações ocorridas neste 
componente curricular, além de constatar as falhas referentes aos procedimentos 
metodológicos dos docentes e diagnosticar a visão dos alunos acerca da Geografia. 
Esta monografia está estruturada em dois capítulos, no primeiro realizou-se uma 
análise da Geografia escolar, retratando a perspectiva tradicional da mesma; as 
metodologias utilizadas pelos professores de Geografia; e as permanências e 
rupturas existentes dentro desta disciplina. No segundo capítulo, busco-se verificar 
questões referentes à bibliografia, metodologias, incentivo à leitura, incentivo à 
escrita, tendo estas sido construídas com a aplicação de questionários com 
professores e alunos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
1 REFLEXÕES ACERCA DO ENSINO DE GEOGRAFIA 
1.1 A Perspectiva Tradicional no Ensino de Geografia 
Para realizarmos uma reflexão sobre o ensino de Geografia, é necessário que 
se faça uma análise do próprio ensino de maneira geral, ou seja, de uma abordagem 
macro para uma micro. Essa torna-se necessária para se identificar os problemas 
existentes dentro do ensino de Geografia, procurando saber se os mesmos partem 
desta disciplina ou do ensino de forma geral. Para José William Vesentini (2004, 
p.163): 
O sistema escolar, a escola tal como a conhecemos hoje, é algo 
relativamente recente na história; foi construído a partir do século XVIII, no 
contexto de desenvolvimento do capitalismo com a industrialização e 
urbanização, de ascensão da burguesia como classe dominante com o 
correlato enfraquecimento do poderio e da visão-de-mundo aristocráticos. 
Nessa perspectiva, podemos concluir que o surgimento da escola está 
diretamente relacionado com a emergência do capitalismo industrial e da classe 
burguesa, sendo que esses buscavam trabalhadores que se adequassem à nova 
realidade, priorizando questões como a pontualidade, a metodicidade, a valorização 
do tempo, dentre outras. É nesse contexto que se dá a formação da Geografia 
enquanto disciplina escolar no século XIX, dentro da perspectiva tradicional, 
baseada na memorização. Segundo Carvalho (2004) os currículos plenamente 
tradicionais descrevem o espaço geográfico. Um espaço criado a partir das 
premissas positivistas de neutralidade e objetividade, espaço esse que é uma 
abstração e, portanto, não retrataa realidade. 
Dessa forma, constatamos que a Geografia a partir de sua constituição no 
século XIX até boa parte do século XX era uma disciplina voltada para a 
memorização e descrição, sem análise crítica, considerada uma disciplina 
“decoreba”.Vale ressaltar que na Geografia Tradicional, o professor é o centro do 
processo de ensino-aprendizagem, o livro didático é o principal instrumento, e o 
aluno um agente passivo. 
Outro problema da chamada Geografia Tradicional, é o privilégio a Geografia 
Física, em detrimento da Geografia Humana, isto é, a disciplina de Geografia fica 
reduzida à memorização de nomes de rios, tipos de climas, vegetações, formações 
de relevo, quando na verdade sabe-se que o ideal é que a Geografia retrate 
conjuntamente os elementos físicos e humanos, para uma melhor compreensão da 
mesma. É importante destacar ainda, o fato de que a Geografia Tradicional dominou 
o sistema escolar brasileiro durante a maior parte do século XX. 
13 
 
Outro ponto que merece atenção dentro dessa discussão sobre a Geografia 
enquanto disciplina escolar, é o ano de 1971, quando o Ministério da Educação 
declara a extinção das disciplinas Geografia e História, e a criação de uma nova 
disciplina: os Estudos Sociais, assim como afirmam os Parâmetros Curriculares 
Nacionais: 
 A consolidação dos Estudos Sociais em substituição a História e a Geografia 
ocorreu a partir da lei Nº 5692/71, durante o governo militar [...].Com a 
substituição por Estudos Sociais os conteúdos de História e Geografia foram 
esvaziados ou diluídos, ganhando contornos ideológicos de ufanismo 
nacionalista destinado a justificar o projeto nacional organizado pelo governo 
militar implantado no pais a partir de 1964 (BRASIL, 1998, p.60). 
Dessa forma, podemos constatar que a nova disciplina – os Estudos Sociais – 
tinha dois objetivos básicos: legitimar o novo regime e formar o cidadão nacional. É 
com esses objetivos que os Estudos Sociais iriam dominar a educação brasileira 
durante as décadas de 1970 e 1980. Deve-se ressaltar ainda que essa substituição 
da Geografia e da História pelos Estudos Sociais é fruto do contexto histórico 
nacional – Regime Militar – onde o Brasil alinhou-se com os Estados Unidos. 
Outro ponto polêmico a ser destacado sobre os Estudos Sociais, diz respeito 
à polivalência, o que vem a proporcionar um esvaziamento das ciências humanas, 
na medida em que estas são transmitidas conjuntamente – neste caso a Geografia e 
a História – havendo então uma superficialidade no que diz respeito aos cursos de 
Licenciatura Curta, que foram criados pelo governo com o objetivo de suprir a 
demanda de profissionais na área, mas também geraram muitas críticas, como 
afirmam os PCNs: 
Para atender à demanda de profissionais da área dos Estudos Sociais, os 
governos militares permitiam a criação dos cursos de Licenciatura Curta o 
que contribuiu para o avanço das entidades privadas no ensino superior e 
uma desqualificação profissional do docente. Além disso, os Estudos Sociais, 
que praticamente ignoravam as áreas de conhecimentos específicos em favor 
de saberes puramente escolares, contribuíram para um afastamento entre as 
universidades e as escolas de primeiro e segundo grau. Isso prejudicou o 
diálogo entre pesquisa acadêmica e o saber escolar, bem como atrasou as 
necessárias introduções e reformulações do conhecimento histórico e das 
ciências pedagógicas no âmbito escolar (BRASIL, 1998, p.27). 
Desse modo, observamos que a criação dos Estudos Sociais veio promover 
uma separação entre a academia e os antigos ensinos de 1º e 2º graus. Na verdade, 
essa nova disciplina prejudicou a parceria entre a escola e a universidade, o que 
poderia ter permitido maiores avanços tanto na pesquisa, quanto no ensino. 
Dentro dessa discussão sobre o ensino de Geografia Tradicional, devemos 
fazer uma observação acerca do ensino tradicional (de forma geral), destacando as 
14 
 
tendências pedagógicas, que influenciaram a nossa educação como a pedagogia 
liberal tradicional. 
Para Luckesi (1994, p. 56-57): 
Os métodos baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou 
demonstração. Tanto a exposição quanto à análise são feitas pelo 
professor, observados os seguintes passos: a) preparação do aluno; b) 
apresentação; c) associação; d) generalização; e) aplicação. A ênfase nos 
exercícios, na repetição de conceitos ou fórmulas, na memorização visa 
disciplinar a mente e formar hábitos. 
A partir dessa visão, constatamos a existência de uma metodologia baseada 
na exposição verbal, dando-se ênfase à repetição e simultânea memorização dos 
conteúdos, refletindo um ensino estritamente tradicional, logo, o que comprova o fato 
desta tendência ser tradicional, é a relação entre docente e discentes. 
Segundo Luckesi (1994 p. 57): 
Predomina a autoridade do professor que exige atitude receptiva dos alunos 
e impede qualquer comunicação entre eles no decorrer da aula. O professor 
transmite o conteúdo na forma de verdade a ser absorvida; em 
consequência a disciplina imposta é o meio mais eficaz para assegurar a 
atenção, o silêncio. 
Desse modo, percebemos a existência de um ensino centrado na figura do 
professor, onde o mesmo impõe a sua autoridade sobre os alunos (fato corriqueiro 
no ensino tradicional), observando-se, também, a maneira como o conteúdo é 
transmitido, como um “dogma”, uma ‘’verdade absoluta”, não sendo possível 
questioná-lo, pois o docente não abre possibilidades para que isso ocorra. 
Outra tendência que pode ser percebida em nosso sistema educacional é a 
liberal tecnicista, que dentre seus objetivos está a preparação para o mundo do 
trabalho, presente principalmente no Ensino Médio. 
Para Luckesi (1994, p.62): 
São relações estruturadas e objetivas, com papéis bem definidos o 
professor administra as condições de transmissão da matéria, conforme um 
sistema institucional eficiente e efetivo em termos de resultados da 
aprendizagem, o aluno recebe, aprende e fixa as informações. O professor 
é apenas um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno, cabendo-
lhe empregar o sistema instrucional previsto. 
Dessa forma, percebemos a estreita ligação existente entre esta tendência e 
a tendência liberal tradicional, na medida em que ambas tem o professor como o 
“centro” do processo de ensino-aprendizagem, e o aluno é apenas um agente 
passivo, cabendo ao docente repassar/transmitir o conteúdo e ao discente receber o 
mesmo. 
15 
 
Dentro dessa discussão sobre o ensino tradicional, é necessário que se 
realize uma análise da Geografia Tradicional, suas implicações no ensino, 
principalmente na vertente tradicional. A Geografia Tradicional possui várias 
manifestações que a fundamentam, dentre elas a seguinte: “A Geografia é uma 
ciência de síntese”, conceito este que ainda é muito trabalhado mesmo nos dias 
atuais em que vivenciamos as novas discussões fruto do movimento de renovação 
da Geografia. 
Segundo Moraes (1999, p.25): 
Na verdade, a idéia de ‘ciência de síntese’ serviu para encobrir a vaguidade 
e a identificação do objeto. Tal idéia, que postulava um conhecimento 
excepcional, desvinculava tal ciência de uma exigência do próprio 
positivismo - a definição precisa do objeto de estudo. Assim, esta máxima 
serviu para legitimar o estudo geográfico com base num fundamento, do 
qual não se cumpria uma exigência central. 
Dessa forma, constatamos que o conceito de “ciência de síntese” na realidade 
não objetivava dar um “status’ a ciência geográfica, mas sim, “fugir” da obrigação 
imposta pelos pressupostos do positivismo, em outras palavras, a Geografia 
Tradicional acaba por revelar uma identificação dentro do seu próprio objeto de 
estudo, na medida em que essa perpassa por todas as ciências e acaba por não 
identificar/apropriar seu objeto de estudo. 
É dentro dessa discussão sobre a Geografia Tradicional, que retomamosuma 
análise sobre o ensino de Geografia Tradicional, ressaltando a questão do livro 
didático, que é motivo de muitas controvérsias. Deve-se acrescentar que os livros 
didáticos de Geografia vêm sofrendo alterações significativas nos últimos anos, 
dentre essas alterações, pode-se citar o fato dos mesmos buscarem retratar 
conjuntamente os conceitos físico e humano, algo que não era visto nos manuais 
antigos. Entretanto, apesar dos livros didáticos terem sofrido um processo de 
renovação, os mesmos devem ser utilizados com reservas, pois ainda apresentam 
problemas. Outra questão a ser levantada sobre o livro didático, é o fato deste ser 
utilizado como único instrumento pelo docente de Geografia – principalmente nas 
escolas da rede pública. 
 Para Vesentini (2004, p.34): 
O professor pode e deve encarar o manual não como o definidor de todo o 
seu curso, de todas as suas aulas, mas fundamentalmente como um 
instrumento que está a seu serviço, a serviço de seus objetivos e propostas 
de trabalho. Trata-se de usar criticamente o manual, relativizando-o, 
confrontando-o com outros livros, com informações de jornais e revistas, 
com a realidade circundante. Ao invés de aceitar a ‘ditadura’ do livro 
didático, o bom professor deve ver nele não somente um apoio ou 
16 
 
complemento para a relação ensino-aprendizagem que visa a integrar 
criticamente o educando ao mundo. 
 Nesse sentido observamos a necessidade/urgência do docente tentar 
ampliar/diversificar a sua bibliografia, não ficando restrito somente ao livro adotado 
pela escola; o objetivo dessa prática é promover o ‘’confronto de ideias entre os 
autores, proporcionando, assim, um debate/discussão em sala de aula. 
1.2 Metodologias para o Ensino de Geografia 
É do conhecimento de todos, que um dos fatos mais comuns existentes 
dentro do processo de ensino-aprendizagem é a utilização de metodologias, a 
prática visa diversificar as aulas ministradas, além de procurar “prender” a atenção 
dos alunos. Foi dentro dessa perspectiva que tomamos por base um dos objetivos 
gerais propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de 
Geografia: “fazem leituras de imagens de dados e de documentos de diferentes 
fontes de informação, de modo a interpretar, analisar e relacionar informações sobre 
o espaço geográfico e as diferentes paisagens (BRASIL, 1998, p. 13). Desse modo, 
percebemos a necessidade/importância da utilização de tais recursos para o ensino 
de Geografia, buscando uma melhor compreensão do aluno em relação a dois dos 
conceitos- chave da ciência geográfica: o espaço e a paisagem. 
Um dos procedimentos metodológicos mais utilizados pelos professores de 
Geografia são os mapas, porém é importante ressaltar que muitas vezes, os 
docentes não os utilizam em sala de aula da maneira correta. Segundo Kaercher 
(1999) as escolas nem sempre estão bem equipadas. Outra característica: trabalha-
se mais “projeções cartográficas” do que o significado, interpretação e/ou construção 
dos mapas. Mapa vira um “conteúdo” cristalizado, um produto “pronto”. A partir 
dessa visão contatamos os principais motivos que fazem com que o ensino dos 
mapas acabe não saindo como o desejado: a falta/pouca estrutura da maioria das 
escolas, e a forma como os docentes ministram tal conteúdo. Isto é algo 
preocupante, tendo em vista que o ensino dos mapas constitui elemento 
fundamental para o ensino de Geografia. 
Dentro dessa discussão acerca da utilização de mapas pelos docentes de 
Geografia, abordamos a questão da interpretação que nossos alunos realizam 
diante dos mapas. Esta é de grande importância para a compreensão que os 
educandos têm em relação ao espaço a sua volta. 
 
17 
 
Para Castellar (2010, p.24): 
Em Geografia, a leitura que se faz do entorno ou dos mapas e das imagens 
tem a mesma finalidade para olhar e para ler, mas a possibilidade de utilizar 
diferentes linguagens proporciona aos alunos meios para comparar o que é 
do nível da sua imaginação com os fenômenos reais que organizam o 
espaço geográfico. 
Dessa forma, percebemos a importância/necessidade de se trabalhar mapas 
em nossas aulas, pois podem proporcionar aos discentes, uma visão melhorada do 
espaço geográfico, na medida em que têm a possibilidade de compreensão 
ampliada. Um outro problema que pode ser percebido em relação a este assunto, se 
refere à própria forma como os mapas são trabalhados havendo uma espécie de 
padronização, principalmente em relação às crianças. 
Segundo Almeida (2007, p.18): 
O que geralmente se observa é o emprego direto do mapa usado pelo 
geógrafo, ou o extremo oposto: o uso de mapas excessivamente 
simplificados para a criança. Os mapas escolares são reproduções dos 
mapas geográficos. O que ocorre é que os pequenos ‘lêem’ os mapas dos 
grandes, os quais são generalizações da realidade que implicam uma 
escala, uma projeção e uma simbologia espaciais e que não têm 
significação para as crianças. 
Assim, podemos constatar a urgência de haver uma reformulação em relação 
a produção de mapas, no que se refere as crianças, pois necessitam de 
instrumentos (mapas), adequados para sua faixa etária, incluindo ainda aspectos 
lúdicos, que facilitem a sua compreensão em relação aos mesmos. Destacamos 
aqui, uma outra questão, que acaba sendo muito discutida pelos estudiosos em 
educação: o aspecto lúdico, logo imprescindível que no processo de ensino-
aprendizagem o professor busque metodologias/recursos que auxiliem sua prática 
docente. 
Para Nidelcoff (1991, p.21-22): 
Parece que, um nosso afã de que os alunos descubram e analisem a 
realidade, enfatizamos exclusivamente o que é sério os aspectos duros e 
criticáveis, e não valorizamos suficientemente o prazeroso, o agradável, o 
divertido, o lúdico, como parte dos temas ou parte da relação em classe e 
dos mil e um incidentes que nela ocorrem. 
Nesse sentido, percebemos a grande deficiência por parte dos professores 
em utilizar o lúdico em seu cotidiano de sala de aula, na medida em que segue a 
linha do ensino tradicional, em que se trabalha apenas o conteúdo pelo conteúdo, 
sem levar em conta a aprendizagem do aluno, ou seja, sem utilizar uma metodologia 
que favoreça a compreensão do educando. 
18 
 
Um outro recurso que é pouco utilizado pelos professores, mas que também 
abre inúmeras possibilidades de exploração em sala de aula são os jornais escritos. 
Estes tanto possibilitam a análise de conteúdos, como o desenvolvimento da leitura. 
Para Archela e Cavalcante (2008, p.147): 
A utilização de jornais em sala permite ao aluno relacionar o conteúdo da 
disciplina de Geografia, que muitas vezes é considerado, por ele, um 
conhecimento apenas abstrato ou decorativo. Com esse trabalho do 
cotidiano, o interesse e a participação na aula aumentam. 
Desse modo, percebemos a importância do jornal escrito em sala de aula, na 
medida em que o mesmo pode despertar o interesse do aluno, a partir do momento 
em que o discente associa o conteúdo trabalhado pelo professor com a matéria 
publicada no jornal. É nesse contexto de apresentação de recursos úteis aos 
professores, que comentamos mais um: a realização de trabalhos/aulas de campo. 
A disciplina Geografia permite a realização de inúmeros trabalhos de campo: 
trabalhos de Geografia Urbana, Geografia Agrária, Geografia da População, 
Climatologia, Hidrografia, dentre outros. 
Segundo Archela e Cavalcante (2008, p.147): 
A utilização de trabalhos de campo com alunos é uma forma de propiciar a 
eles a interação com o objeto de estudo, permitindo a construção do 
conhecimento pelo aluno mediado pelo professor. O trabalho de campo é 
uma atividade bastante adequada as propostas de educação de cunho 
socioconstrutivistas, além de ser fundamental aos estudos geográficos. 
A partir dessa visão, observamos a importância/necessidade da realização de 
trabalhos de campo com os alunos, na medida em que os mesmos ampliamas 
possibilidades de compreensão dos discentes a partir do contato destes com o 
objeto de estudo em questão. É dentro dessa discussão sobre os recursos utilizados 
pelos docentes de Geografia que apresentamos um outro recurso, que também 
pode ser utilizado:os filmes/documentários. A utilização destes pode vir a enriquecer 
a aula de Geografia, no sentido de promover a aproximação do discente com o 
conteúdo da disciplina. 
Segundo Oliveira e Pontuschka (2009, p.52): 
É nessa perspectiva de tratamento da informação que é possível 
transformá-la em conhecimento, ou seja, ela só gera conhecimento quando 
submetida a um tratamento adequado. O professor tem um papel 
importante nesse processo, como mediador entre o aluno e a informação 
recebida, promovendo o ‘pensar sobre’ e desenvolvendo a capacidade do 
aluno de contextualizar, estabelecer relações e conferir significados as 
informações. 
A partir dessa visão, observamos que o filme pode ser bem utilizado, desde 
que seja aplicado de forma correta, promovendo a compreensão do aluno, que pode 
ser alcançada a partir do momento em que o docente abre a possibilidade da 
19 
 
reflexão, da analogia do conteúdo com o filme. Um outro recurso que o professor de 
Geografia também pode utilizar em suas aulas é a televisão. Dentre as vantagens 
que este recurso apresenta, está o fato deste possuir grande alcance entre a 
população, ou como afirma Penteado (1991, p. 111): 
Como a TV é feita para atingir diferentes camadas da população, diferentes 
aspectos da realidade social são por ela retratados. Se a escola quiser 
seguir outra lição que o método Paulo Freire ensina - a importância da 
representação iônica da realidade existencial – não precisa sequer cuidar 
da elaboração de material visual. Ele já existe, independente dela, e a ela 
praticamente toda a população se expõe de forma regular e prazerosa. 
A partir dessa visão, observamos que a televisão ao retratar as diversas 
realidades das diferentes camadas populacionais, também pode ser explorada pelo 
docente, independente de estar na sala de aula, na medida em que o mesmo pode 
pedir ao aluno que ele assista em casa o jornal, ou um determinado programa, 
proporcionando assim uma discussão na aula seguinte. 
1.3 O Ensino de Geografia: avanços e limitações 
Na atualidade o ensino de Geografia passa por um processo de mudanças, 
dentre elas podemos citar a emergência das discussões da Geografia Crítica, que se 
fundamenta contrária aos conceitos formulados pela Geografia Tradicional. 
Devemos ressaltar , o fato dessas discussões dentro do ensino de Geografia serem 
fruto das mudanças ocorridas na ciência geográfica, em outras palavras,do 
movimento de renovação da Geografia. 
Para Vesentini (1989, p.27): 
Pode-se dizer que os pressupostos básicos dessa ‘revolução’ ou 
reconstrução do saber geográfico consideram e consistem na criticidade e 
no engajamento. Criticidade entendida como uma leitura do real – isto é do 
espaço geográfico que não omita as suas tensões e contradições, tal como 
fazia a geografia tradicional que ajude a esclarecer a espacialidade das 
relações de poder e de dominação. E engajamento visto como uma 
categoria não mais ‘neutra’ e sim comprometida com a justiça social, com a 
correção das desigualdades socioeconômicas e das disparidades regionais. 
Desse modo, constatamos o fato do ensino de Geografia buscar novas 
concepções/novos olhares, visando um ensino esclarecedor/dinâmico, que 
possibilite ao aluno uma forma de inserção em seu cotidiano, em seu espaço de 
vivência. É nesse sentido que a Geografia Tradicional torna-se insuficiente para 
explicar os novos paradigmas em vigor na ciência geográfica, como afirma o PCN 
(1998) o levantamento feito através de estudos apenas empíricos tornou-se 
insuficiente. Era preciso realizar estudos voltados para a análise das relações 
mundiais, de ordem econômica, social, política e ideológica. Assim, observamos que 
20 
 
as técnicas iniciais empregadas já não contemplam as novas abordagens da 
Geografia. Essas abordagens/conteúdos advém também da atual fase em que 
vivemos: a globalização, que muito influencia o espaço, e é fruto de inúmeros 
estudos na ciência geográfica. 
Uma outra discussão presente acerca da Geografia Crítica é a questão de 
como trabalhamos os conteúdos. É bem verdade, que os conteúdos nos livros 
didáticos de Geografia sofreram algumas mudanças, principalmente no que diz 
respeito a postura, entretanto ainda encontramos alguns problemas, pois muitos 
professores não sabem como selecionar e transmitir o conteúdo. 
Segundo Kaercher (1999 p.36): 
Num primeiro momento, estudamos a natureza, separadamente em cada 
um de seus itens (clima, relevo, hidrografia, vegetação, geologia) e sem a 
presença do homem. Em plena era industrial, estudamos - melhor seria 
dizer, memorizamos - nomes de rios e relevos sem apreciar as alterações 
significativas que o homem faz. Somente num segundo momento 
estudamos o homem - o titulo geral denominado população. Então, as lições 
quase se transformam em aulas de matemática, tamanha a quantidade de 
números e fórmulas, pois o homem é visto como um todo homogêneo, sem 
a mínima menção as diferenças de classe social. É um homem biológico, 
não um ser social. 
Dessa forma, percebemos que mesmo com as inovações ocorridas no ensino 
da Geografia, os conteúdos ainda são trabalhados - na grande maioria das vezes - 
de forma separada o que acaba por reforçar o velho problema existente dentro da 
ciência geográfica: a dicotomia físico/humano, aliás, algo muito presente dentro do 
ensino de Geografia Tradicional. É nesse sentido, que abordamos a importância de 
trabalhar a questão das escalas: o local e o global, buscando com isso, relacionar o 
espaço do aluno com o espaço macro. De acordo com Morin (2004) a era planetária 
necessita situar tudo no contexto e no complexo planetário. O conhecimento do 
mundo como mundo é necessidade ao mesmo tempo intelectual e vital. Desse modo 
percebemos que não se trata apenas de uma forma de facilitar a compreensão do 
aluno, mas sim de procurar proporcionar ao mesmo, uma nova visão acerca das 
disparidades existentes entre o espaço mundial e o espaço local. 
Dentro dessa discussão acerca do ensino de Geografia, é necessário que se 
realize uma análise sobre as alterações realizadas no ensino, que são fruto do 
movimento de renovação da ciência geográfica ocorrido nos anos de 1970, onde 
houve um rompimento com a Geografia Tradicional, e a busca por novas 
abordagens. 
 
21 
 
Segundo Cavalcanti (1998, p.18): 
As reformulações da ciência geográfica levaram, então, alterações 
significativas no campo do ensino de Geografia, mesmo porque alguns dos 
pesquisadores mais expressivos circulavam nas duas áreas de 
investigação. Atestam isso os inúmeros trabalhos produzidos, nas últimas 
décadas, que denunciaram as fragilidades de um ensino com base na 
Geografia Tradicional e que propuseram o ensino de uma Geografia nova, 
com base em fundamentos críticos. 
De acordo com a afirmação observamos que os últimos trabalhos realizados 
atestam as transformações ocorridas dentro da ciência geográfica, e que, por 
consequência, repercutiram diretamente no ensino de Geografia, propondo uma 
nova abordagem para esta disciplina. Dentre as novas abordagens que permeiam a 
Geografia enquanto disciplina escolar, podemos destacar a interdisciplinaridade, 
pois a interação da Geografia com outras disciplinas irá proporcionar uma melhor 
compreensão. Entretanto, é importante ressaltar, que o que ocorre na maioria das 
escolas é o inverso, ou seja, não ocorre uma interação/aproximação entre as 
disciplinas, há um distanciamento entre elas, algo prejudicial para o processo de 
ensino-aprendizagem. 
Para Oliveira e Pontuschka (2009, p.80): 
A interdisciplinaridade pode criar novos saberes e favorecer uma 
aproximação maior com a realidadesocial mediante leituras diversificadas 
do espaço geográfico e de temas de grande interesse e necessidade para o 
Brasil e para o mundo. 
Desse modo, constatamos que a interdisciplinaridade torna-se uma prática 
cada vez mais necessária em nossas escolas, na medida em que esta amplia as 
possibilidades de compreensão da Geografia, além de proporcionar uma maior e 
melhor contextualização social do aluno. 
Dentro dessa discussão sobre a interdisciplinaridade, devemos ressaltar 
ainda o fato do ensino de Geografia, desde seus princípios estar preocupado com 
questões que não estão centradas apenas no ensino desta disciplina. Alguns 
autores já discutiam questões referentes à Geografia enfatizando a aproximação 
desta com outras áreas do conhecimento. Segundo Carvalho (1925) em todo e 
qualquer assunto de Geografia, o meio em que vive o aluno deve ser escolhido 
como assunto principal de estudo e as noções sobre outras regiões devem ser 
acrescentadas como informações suplementares e comparativas. A partir dessa 
visão, observamos que desde o início do século XX, já existia a preocupação com a 
necessidade de propiciar ao aluno um melhor conhecimento sobre o mundo em que 
ele está inserido, isto é, a contextualização. 
22 
 
Um outro ponto que deve ser destacado é o momento em que a disciplina de 
Estudos Sociais passa a ser questionada, tanto por setores do ensino de Geografia 
quanto do ensino de História. Tal fato ocorreu no ano de 1976, com a realização de 
um importante congresso para as pesquisas no Brasil, onde este coloca-se contra 
esta disciplina e os cursos criados para atendê-la – os cursos de Licenciatura Curta. 
Podemos considerar então este movimento como um primeiro passo para o retorno 
das disciplinas Geografia e História para o sistema escolar brasileiro. 
Segundo Selva Fonseca (2005, p. 30): 
Em 1976, o Congresso da ciência coloca-se oficialmente favorável a 
extinção dos cursos de licenciatura curta e dos Estudos Sociais, da 
resolução nº 30 do conselho federal de educação, bem como se manifesta 
contrariamente a participação das instituições universitárias, científicas e 
profissionais no processo de elaboração das políticas educacionais. 
A partir dessa visão, observamos o apelo dos profissionais da educação pelo 
retorno das disciplinas Geografia e História. Em outras palavras percebia-se que a 
disciplina dos Estudos Sociais não atendia às necessidades tanto do ensino quanto 
dos profissionais. Sendo assim, é a partir do retorno da Geografia enquanto 
disciplina escolar, que teremos avanços na mesma. Dentre os avanços que 
podemos encontrar nesta podemos citar o advento das discussões acerca da 
Geografia Crítica, que dentre seus preceitos podemos destacar a sua função social. 
Para Vesentini (1989) ou a Geografia muda radicalmente e mostra que pode 
contribuir para formar cidadãos ativos, para ajuda-lo a entender as relações 
problemáticas entre sociedade e natureza e entre todas as escalas geográficas, ou 
ela vai acabar virando uma peça de museu. Dentro dessa visão constatamos a 
necessidade/urgência da Geografia possuir um engajamento social, de 
transformação, para que a mesma contribua com a formação de cidadãos 
conscientes. 
A partir dessa discussão sobre o ensino da Geografia crítica, verificamos a 
estreita ligação existente ente esta corrente e a tendência progressista crítico-social 
dos conteúdos, na medida em que ambas apresentam muitas afinidades. 
De acordo com Luckesi (1994, p. 30): 
Os conteúdos não são abstratos, mas vivos, concretos e, portanto, 
indissociáveis das realidades sociais. A valorização da escola como 
instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos 
interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar a 
seletividade social, e torná-la democrática. Se a escola é parte integrante do 
todo social, agir dentro dela é também agir no rumo da transformação da 
sociedade. 
23 
 
Dentro desse contento, observamos que os conteúdos ministrados têm um 
objetivo: criar no aluno uma postura crítica, onde possa tomar conhecimento de sua 
realidade social, sendo este, um dos objetivos do ensino de modo geral: a inserção 
social do discente. Entretanto, verificamos que para que nosso aluno venha possuir 
essa postura crítica é essencial que incentivemos os mesmos a escrever sobre os 
conteúdos. Porém, essa escrita, contudo só pode ser alcançada através de leituras, 
algo que o professor de Geografia também deve incentivar. Para Seffnner (1998) a 
leitura dos jovens se inscreve em geral na descontinuidade e na fragmentação: 
leitura da resposta certa, do aviso do quadro, do questionário, do bilhete do 
professor, da propaganda, do cartaz, etc. A partir dessa visão, verificou-se que a 
leitura de nossos alunos é fragmentada, desconexa, sendo esta uma deficiência da 
sociedade de modo geral. 
Dentro dessa perspectiva, observamos também que já se inicia, algumas 
transformações nos livros didáticos de Geografia, e também das outras disciplinas. 
Para a Geografia, vale destacar que os mesmos buscam uma visão integrada das 
Geografias Físicas e Humana, objetivando uma visão conjunta do espaço e a 
consequente criticidade dos alunos. Entretanto, apesar dessa renovação, ainda 
encontramos características tradicionais nos manuais de Geografia. 
Segundo Ronca e Amaral (2000, p. 38): 
Da Geografia a História, do Português a Física, as ciências em geral 
passam a ser demonstradas e estudadas à farta e a grade, em função da 
memorização. Prova disto o fato da grande maioria das avaliações e das 
provas, apresentarem só perguntas sem texto ou contexto, elaboradas sob 
a sina das palavras quem, onde e porquê. 
Desse modo, observamos ainda o fato da postura tradicional refletir também 
nas avaliações, com suas “clássicas” perguntas. Aliás, as provas de Geografia 
apresentam na sua grande maioria enunciados e expressões como caracterize, cite, 
comente, relate, descreva, etc. tais expressões acabam por transformar os 
conteúdos de Geografia em meros conceitos de memorização. 
A partir dessa discussão sobre as avaliações, inserimos a questão do livro 
didático, destacando as transformações que estes vêm passando desde os últimos 
trinta anos. É necessário ressaltar o fato desses manuais serem resultado de seu 
contexto histórico. 
De acordo com Vesentini (2004, p. 171): 
Já na década de 1980, por influência tanto da conjuntura interna quanto da 
adaptação criativa dos ricos debates que agitam a geografia crítica e a 
radical da incorporação do(s) Marxismo(s) no discurso geográfico, da 
24 
 
assimilação do pensamento da nova esquerda etc, temos uma ruptura mais 
efetiva com o paradigma tradicional e um delineamento mais preciso das 
visões-de-mundo que norteiam cada proposta de renovação. 
Desse modo, constatamos que a emergência de novos paradigmas dentro da 
ciência geográfica foram fundamentais para que houvessem inovações nos livros 
didáticos. Em outras palavras, passa à haver uma crítica a sociedade capitalista. 
Junto á essa crítica ao capitalismo, é necessário que os professores, busquem a 
caracterização do assunto, como afirma Kaercher (1999) devemos fazer com que o 
aluno perceba qual a importância do espaço na construção de sua individualidade e 
da(s) sociedade(s) de que ele faz parte (escola, família, cidade, país, etc). A partir 
dessa visão, percebemos que é indispensável inserir o aluno em seu contexto, para 
facilitar sua aprendizagem. 
É importante fazer uma reflexão acerca das práticas avaliativas. Os 
professores devem buscar uma flexibilidade, além de propiciar uma diversificação 
das mesmas, não ficando restrita apenas à prova escrita, ou como afirma 
Depresbiteris (2009) devem-se estimular situações de avaliação que privilegiem o 
exercício da capacidade argumentativa dos alunos, evitando penalizar o 
pensamento divergente. Nesse sentido, observamos queo professor deve realizar 
atividades que proporcionem o debate/questionamento, e uma consequente postura 
crítica. 
Dentro dessa questão a respeito dos instrumentos de avaliação, é necessário 
fazer uma análise não só da prática do professor mas também do livro didático, na 
medida em que este possibilite ao docente uma diversidade das avaliações. Para 
Chartier (1996) façam o que fizerem, os autores não escrevem livros, os livros não 
são de modo algum escritos, são manufaturados por escribas e outras artesãos, por 
impressores e outras máquinas. Nesse sentido, observamos que o livro didático está 
inserido em uma sociedade capitalista como a nossa que objetiva o lucro. A partir 
do momento em que o livro didático é fabricado, objetiva-se altos índices de 
vendagem o que acaba por prejudicar o trabalho de professores e alunos. 
Dentro dessa discussão, tratamos ainda sobre um ponto fundamental, não só 
para o ensino de Geografia, mas como para o ensino de modo geral: o 
planejamento, pois o mesmo representa o norteamento das atividades do professor 
em sala de aula. 
 
 
25 
 
De acordo com Luckesi (1994, p. 28): 
Ele nos alerta sobre a necessidade de termos sempre em mente que o 
plano é um guia de ação, passível de mudanças sempre que necessário. 
Devemos seguir uma ordem lógica, uma sequência, mas devemos também 
ser flexíveis sempre que as respostas ou dificuldades dos alunos nos 
indicarem necessidades de mudanças. Essa flexibilidade mostra a interação 
entre sujeito e objeto do conhecimento na ação docente. O plano deve ser 
coerente, ou seja, articular de uma maneira lógica o conteúdo e a forma na 
perseguição dos objetivos propostos. A avaliação, como parte do processo 
de ensino e aprendizagem, também deve ser planejada para que 
consigamos saber se os objetivos estão sendo alcançados. 
A partir dessa visão, constatamos que o planejamento não é algo pronto e 
acabado, mas sim um processo em construção, no sentido de que o mesmo deve 
sempre atender as necessidades dos discentes. Além disso, o plano deve 
contemplar ainda a avaliação, para proporcionar um melhor entendimento em 
relação aos objetivos tratados. Segundo Luckesi (1994) o planejamento da aula está 
intrinsecamente ligado ao plano de ensino, pois nele se faz a conexão entre a 
atividade escolar e o contexto social dos alunos. Desse modo, observamos a 
importância do planejamento estar em consonância direta com a proposta curricular, 
na medida em que ambos proporcionem uma melhor compreensão por parte dos 
alunos. 
Partindo deste ponto, abordamos uma outra discussão: os novos temas que 
a Geografia passa a tratar, e em alguns casos, a nova abordagem que esta 
disciplina faz sobre conteúdos já tratados anteriormente. Um exemplo disso é a 
nova abordagem acerca da “clássica” problemática divisão da ciência geográfica: o 
físico e o humano. Durante muitos anos, os livros didáticos traziam estes dois 
paradigmas separadamente – período em que a Geografia Tradicional dominava. 
Atualmente já ocorrem mudanças nos livros didáticos, buscando retratar os 
conceitos físico e humano paralelamente. Para Oliveira e Pontuschka (2009, p. 142): 
A apropriação da natureza se dá pelo processo de trabalho, que é um ato 
social. Portanto, dado é pelo trabalho social que se estabelece a relação 
sociedade – natureza, é fundamental o entendimento da sociedade para 
entender a natureza, já que esta é apropriada historicamente. 
Nesse sentido, constatamos que a relação existente entre o social e o natural 
se mostra necessária para a compreensão de ambos. Outro ponto a ser destacado é 
o novo conceito que se dá a Geografia. No período dominado pela vertente 
tradicional, havia um privilégio do conceito físico. Entretanto, observamos na 
atualidade a existência de um novo conceito, ou como a firma Oliveira e Pontuschka 
(2009) nesse sentido, a Geografia explica como as sociedades produzem o espaço, 
26 
 
conforme seus interesses em determinados momentos históricos e que esse 
processo implica uma transformação contínua. A partir desta visão, percebemos que 
esse conceito já aborda o espaço, o tempo histórico e as transformações ocorridas 
nesse mesmo espaço. Observamos ainda, que tal conceito é fruto das novas 
discussões advindas do processo de renovação da ciência geográfica. 
Ainda tratando sobre os novos conceitos ou redimensionamento dos mesmos 
dentro da ciência geográfica, abordamos não um conceito, mas uma discussão 
sobre a conscientização do cidadão, ou como afirma Carlos (2005) o grande dilema 
do geógrafo e da geografia brasileira é analisar e procurar soluções para alguns 
problemas fundamentais, como o da pobreza e o do desnível no desenvolvimento 
regional. A partir dessa afirmação, constatamos a necessidade do professor de 
Geografia buscar uma analise de cunho crítico-social, proporcionando ao discente 
a conscientização sobre a realidade brasileira, com suas mazelas e contradições, e 
também saídas/soluções para solucionar as mesmas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
2 AVANÇOS E LIMITAÇÕES DO ENSINO DE GEOGRAFIA NA ESCOLA 
MUNICIPAL SIMÕES FILHO. 
2.1 Caracterização da Área de Estudo 
A escola Municipal Simões Filho esta localizada no bairro Cristo Rei, zona sul 
de Teresina, fica no cruzamento das avenidas Barão de Castelo Branco com Abdias 
Neves. Esta escola é a mais antiga do bairro Cristo Rei, tendo sido fundada no ano 
de 1955. A exemplo das outras escolas municipais, ela oferta o Ensino Fundamental 
– 1º ao 9º ano - possuindo um número de alunos superior a 1000 (1235 alunos) nos 
três turnos: manhã, tarde e noite. 
A escola, em termos gerais, apresenta uma boa estrutura, com 18 salas de 
aula com ar refrigerado, sala dos professores, diretoria, banheiros, cantina, quadra 
de esportes, biblioteca com razoável numero de livros, laboratório de informática, 
sala de vídeo. Recentemente esta escola passou por uma reforma (ano de 2010), 
merecendo destaque a nova pintura e pisos além do teto das salas de aula. A escola 
municipal Simões Filho é considerada uma das melhores da rede municipal, 
apresentando o segundo melhor IDEB (índice de desenvolvimento da educação 
básica), dentre as escolas da rede municipal de Teresina (motivo que levou a 
pesquisa a ser desenvolvida na escola em questão). 
O presente trabalho se estruturou com base na abordagem qualitativa, na 
medida em que pretende-se avaliar algumas amostras, observando-se hábitos, 
atitudes, tendências de comportamento. A pesquisa identifica-se também como 
Estudo de Caso, na medida em que trabalhei com uma escola (E. M. Simões Filho), 
visando analisar se nesse mesmo estabelecimento de ensino (que é muito 
conceituado), os avanços e limitações do ensino de Geografia. 
2.2 Metodologia 
Este trabalho trata do ensino de geografia, focando a sua trajetória, bem 
como a visão dos alunos sobre o mesmo e ainda analisando as metodologias 
utilizadas pelos professores. O tipo de pesquisa a ser utilizada foi a explicativa, na 
qual se busca justificar os motivos que tornam o ensino de Geografia tradicional ou 
crítico, tentando esclarecer que fatos contribuem para essa constatação. 
 As técnicas utilizadas foram a documentação indireta, através da pesquisa 
bibliográfica e ainda a observação direta extensiva, com a elaboração e aplicação de 
questionários com alunos e professores. Foi utilizada uma escola da rede pública 
28 
 
municipal, utilizando a amostragem probabilística, para permitir a utilização de 
tratamento estatístico, com a utilização de gráficos. 
 Os dados coletados foram analisados a partir dos resultados obtidos com os 
questionários, procurando diagnosticar a porcentagem de visões dos discentes 
sobre o ensino de geografia, e a porcentagem de metodologias utilizadas pelos 
docentes desta disciplina, buscando obter um panorama da situação do ensino deGeografia na escola em questão. Foram pesquisados todos os professores: 4 
(quatro); e 30 (trinta) alunos, que representam 10% da amostra. 
2.3 Análise dos resultados 
De acordo com as informações obtidas diante da pergunta nº 1 do 
questionário destinado ao professor, fez -se a seguinte indagação: as suas aulas 
ficam restritas a abordagens dos conteúdos do livro didático? Constatou-se que a 
maioria dos professores deu uma resposta positiva, alegando como principal motivo 
o tempo reduzido das aulas. Apenas a minoria dos professores deu sua resposta 
negativa, afirmando que busca ampliar os recursos didáticos em suas aulas. 
É a partir deste resultado que constatamos um fato, que a maior parte das 
aulas de Geografia, ficam restritas a um único recurso, o livro didático, algo perigoso 
e não recomendável, e em pleno século XXI, onde encontramos diversos recursos 
tecnológicos, tal como o data-show, softwares, que muito tem a contribuir para o 
ensino de Geografia, seja na Cartografia, seja na Climatologia, seja na Geografia 
Urbana, dentre outras áreas deste componente curricular, assim como podemos 
perceber no gráfico a seguir: 
Gráfico n° 01 
Docentes que diversificam as aulas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov /2011 
 
 
 
29 
 
A respeito da pergunta Nº 2: Caso a resposta da questão anterior tenha sido 
negativa (caso procure diversificar suas aulas), cite os instrumentos utilizados em 
suas aulas. Foram utilizadas quatro alternativas: obras literárias, vídeos, aulas de 
campo e outros. Porém, apenas duas respostas foram assinaladas pelos 
professores, que foram as aulas de campo e a utilização de vídeos, fato este que 
reforça o que já havíamos relatado anteriormente: mesmo com os avanços ocorridos 
tanto no que se refere aos recursos tecnológicos, quanto a outras 
formas/instrumentos de avaliação, os instrumentos utilizados em sala de aula ainda 
são reduzidos. 
Podemos observar também, que uma das alternativas apresentadas aos 
docentes acabou não sendo utilizada como resposta pelos mesmos: a utilização de 
obras literárias, algo preocupante, já que é incentivando a leitura, que podemos 
desenvolver em nossos alunos outro ponto fundamental: a escrita, onde assim, 
nossos discentes poderão expor os seus posicionamentos/opiniões a respeito de 
determinado tema, desse modo, estaremos construindo um ensino geográfico 
crítico. Conforme o gráfico a seguir: 
Gráfico nº 2: 
Recursos utilizados pelos docentes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov /2011 
Em relação a pergunta de nº 3, foi indagado aos professores se os mesmos 
procuram estimular o senso crítico de seus alunos. Fornecemos aos docentes duas 
alternativas para respostas: sim, porque é uma forma de despertar a sua cidadania; 
34%
66%
Vendas
Utilização de Vídeo
Aulas de Campo
 
30 
 
e não, pois o modelo de ensino não favorece. Tivemos a seguinte constatação: 
todos os professores afirmaram incentivar seus alunos a terem um senso crítico. 
 A partir deste resultado percebemos que todos os professores afirmaram 
incentivar o censo crítico em seus alunos, pois na atual fase do ensino, que exige 
uma participação maior do aluno no processo de ensino-aprendizagem, tal postura 
do discente é considerada de grande valia. Trazendo essa discussão para o ensino 
de Geografia, tal discurso mostra-se também de fundamental importância, pois 
tomando como exemplo um assunto como meio ambiente, o mais importante não é 
destacar/elencar os recursos existentes no planeta, mas sim mostrar ao aluno que 
tais recursos devem ser utilizados de maneira sustentada, proporcionando a 
manutenção dos mesmos as gerações futuras, ou de acordo com o gráfico a seguir: 
Gráfico nº 03 
Estimulo ao senso crítico 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/2011 
Com base na pergunta de nº 4, que trata da forma de estímulo ao senso 
crítico, foram dadas aos docentes quatro possibilidades de resposta: debates, 
trabalhos em grupo, pesquisa de campo, outros. Verificamos que foram utilizadas 
três respostas. 
Devemos ressaltar aqui um ponto positivo: a diversificação das atividades 
realizadas pelos professores, na medida em que estas permitem, entre outras 
coisas, proporcionar aos alunos o contato direto com o objeto de estudo, caso da 
pesquisa de campo, além da integração/interação com os colegas de classe, seja 
através dos trabalhos em grupo, seja através da realização de debates, pois em 
31 
 
ambos os casos ocorrem valiosos posicionamentos dos mesmos. De acordo com o 
gráfico a seguir: 
Gráfico nº 04 
Metodologia de ensino adotada para estimular o senso crítico dos alunos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/ 2011 
 
Questionados sobre a utilização de mapas em sala de aula, os docentes 
informaram, ou pelo menos a maioria afirmou, que utiliza este recurso, pois é de 
fundamental importância para a disciplina. Apenas a minoria - 25% - afirmou que 
não utiliza mapas, pois o recurso exige muita habilidade. É nesse sentido, que 
realizamos a seguinte ressalva: é de fundamental importância que os cursos de 
graduação de Licenciatura plena em Geografia tragam em suas propostas 
curriculares, disciplinas que permitam ao professor de Geografia uma maior 
habilidade no que se refere ao manejo dos mapas. Uma outra solução encontrada 
pode ser através dos cursos de formação continuada, onde os mesmos permitem 
sanar tais dificuldades. 
Para Castellar (2010) a cartografia tem uma técnica de representar os 
lugares, e todos esses conteúdos são importantes de ser trabalhados. Mas é 
fundamental entendê-la como uma linguagem e também como uma metodologia na 
educação geográfica. Desse modo, percebemos que a Cartografia nada mais é do 
que uma grande aliada da Geografia, fato este que pode ser percebido por sua 
grande utilização pelos docentes, assim como afirma o gráfico seguinte: 
 
 
32 
 
Gráfico nº 05 
Quantificação dos docentes que utilizam mapas no ensino e Geografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/ 2011 
Diante do questionamento nº 6, fizemos a seguinte indagação: caso a 
resposta da pergunta anterior tenha sido positiva, diga de que forma você trabalha 
os mapas. Foram dadas três opções de respostas aos docentes: cadernos de 
mapas, programas de computadores, desenhos no quadro. Contatamos que duas 
respostas foram utilizadas, sendo as que se referem ao uso do caderno de mapas e 
a utilização de programas de computador. 
Nesse sentido, percebemos que mesmo com os avanços da informática, com 
seus programas de softwares e os equipamentos de hardwares que já começam a 
ser utilizados pelos professores, e que são de fundamental importância para o 
ensino de Geografia, nesse caso - o da E.M. Simões Filho - a maioria dos docentes 
ainda utiliza um método tradicional. Devemos entretanto ressaltar, que a utilização 
de um método tradicional não é exclusividade da E.M. Simões Filho, mas algo 
recorrente principalmente nas escolas da rede oficial de ensino, sendo necessários 
principalmente maiores investimentos por parte dos órgãos públicos e em 
capacitação dos professores, para que estes possam manusear corretamente esses 
recursos. Entretanto, verificamos também que uma das alternativas propostas aos 
docentes não foi utilizada como resposta: os desenhos de mapas no quadro. 
Observamos nesse sentido, que no caso desta escola, apesar de ainda persistirem 
metodologias tradicionais, uma metodologia também tradicional não foi apontada, 
metodologia esta que é muito utilizada pelos docentes de Geografia. De acordo com 
o gráfico a seguir: 
75%
25%
professores que utilizam 
mapas
professores que não 
utilizam mapas
 
33 
 
Gráfico nº 06 
Forma de utilização de mapas 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/ 2011 
Questionadossobre a diversificação da bibliografia (pergunta nº 7 do 
apêndice) as respostas obtidas foram: 50% responderam sim, pois a utilização de 
demais livros é fundamental para a compreensão dos alunos, 50% responderam 
não, porque o livro didático utilizado é suficiente. Percebemos assim, que existe um 
equilíbrio entre a quantidade de docentes que diversificam as suas fontes 
bibliográficas e os que utilizam como única fonte o livro didático adotado pela escola. 
A partir destes dados constatamos também um problema que ocorre com 
todos os componentes curriculares: o uso excessivo do livro didático por parte dos 
docentes, algo já discutido anteriormente, onde o professor utiliza exclusivamente o 
livro, não abrindo a possibilidade de consulta para outros livros didáticos, revistas, 
pesquisas da internet, dentre outros. É importante salientar que o uso excessivo do 
livro didático pode gerar vários problemas, dentre eles: o acesso do aluno a um 
único ponto de vista de determinado conteúdo, sendo que com a utilização de outras 
vias de informação o próprio discente poderia expor ricos posicionamentos, caso de 
divergências entre as fontes consultadas, caso de um livro com uma revista, ou do 
mesmo livro com um artigo da internet. Ao mesmo tempo, observamos ainda que 
uma considerável parcela dos professores (50%) realiza a diversificação de sua 
bibliografia, fato muito positivo, na medida em que estes incluem para seus alunos 
outras fontes de informação sobre determinados conteúdos de Geografia, conforme 
o gráfico a seguir: 
34 
 
Gráfico nº 07 
Professores que diversificam a bibliografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/ 2011 
Em relação a questão de nº’ 08, que trata a respeito da forma como os 
professores procuram ampliar a bibliografia em suas aulas, propusemos aos 
docentes quatro possibilidades de respostas: outros livros didáticos; obras 
acadêmicas; revistas e outros. Entretanto, só obtivemos dois tipos de respostas, 
dentro de um universo de quatro questionamentos. As respostas utilizadas pelos 
professores foram: a utilização de outros livros didáticos e a utilização de revistas. 
Observamos nesse sentido, que metade dos professores afirmou utilizar 
outros livros didáticos em suas aulas, algo positivo, já que a partir dessa prática, é 
possível realizar uma analogia entre os autores, ou seja, a comparação entre a 
visão /ponto de vista de um autor com outro, algo que pode gerar ainda uma rica 
discussão no decorrer da aula. A outra resposta assinalada por metade dos 
docentes foi a utilização de revistas, outra importante fonte de informações, que 
muito pode vir a enriquecer as aulas de Geografia, com suas reportagens acerca do 
aquecimento global, processo de assoreamento dos rios, das mudanças ocorridas 
na estrutura da população, nos novos rumos das economias nacional e global, 
dentre outras. Entretanto, observamos que uma das alternativas disponibilizadas aos 
docentes – obras acadêmicas – não foi utilizada pelos mesmos, algo ruim, pois as 
mesmas poderiam ser utilizadas pelos alunos, ou como percebemos no gráfico 
seguinte: 
 
 
35 
 
Gráfico nº 08 
Outras bibliografias utilizadas pelos docentes 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/ 2011 
Indagados a respeito do incentivo a leitura para seus alunos, metade dos 
professores afirmaram que buscam incentivar a mesma. A outra metade afirmou que 
não procura realizar tal incentivo. Os dados permitem constatar que existe uma séria 
divisão entre os docentes. Tal resultado mostra ainda que na própria escola, não 
ocorre o devido estimulo à leitura. Entretanto, sobre a mesma, deve-se ressaltar que 
essa é uma das maiores deficiências nacionais. Um dos vários motivos que levam a 
esta deficiência é hábito de realizarmos leituras descontínuas, fragmentadas, ou 
seja, ao invés de lermos um livro completo, lemos apenas um ou dois capítulos. 
Para Seffnner (1998) a leitura dos jovens se inscreve em geral na 
descontinuidade e na fragmentação: leitura da resposta certa, do aviso do quadro, 
do questionário, do bilhete do professor, da propaganda, do cartaz, etc. assim, 
observamos que o problema remete ao fato dos alunos se interessarem apenas pelo 
resumo, sendo este um defeito não só dos alunos, mas de grande parte da 
sociedade. Ainda no que diz respeito à leitura, o fraco desempenho dos alunos e da 
sociedade em sua grande maioria revela uma outra deficiência nacional o baixo 
investimento em educação, pois caso o contrário de priorização e 
consequentemente maiores investimentos em educação – haveriam também 
maiores incentivos à prática da leitura. É ainda através do incentivo a leitura que 
surgirá a escrita onde nossos alunos poderiam expor seus posicionamentos no que 
diz respeito aos mais variados conteúdos, ou como aponta o gráfico seguinte: 
 
36 
 
Gráfico nº 09 
Incentivo a leitura 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/ 2011 
A pergunta de nº 10 trouxe o seguinte questionamento: caso a resposta da 
questão anterior tenha sido positiva, diga de que forma você incentiva a leitura com 
seus alunos. Foram dadas quatro alternativas: leitura do conteúdo com a classe, 
leitura de outros livros didáticos, leitura de revistas, outros. Obtivemos a seguinte 
conclusão: todos os professores afirmaram que buscam incentivar a leitura com a 
classe. 
A partir destes dados, constatamos que mesmo os professores que 
incentivam a leitura com seus alunos, esse incentivo se resume a apenas uma 
atividade: a leitura do livro didático com a classe. Devemos ressaltar ainda, que 
outras formas de incentivo à leitura também poderiam ser adotadas como as que 
foram propostas: leitura de outros livros didáticos, revistas, artigos científicos, 
jornais. Estas outras formas de incentivo à leitura, também apresentam o seu grau 
de importância. No caso da leitura de outro livro didático, é importante destacar que 
o professor pode ratificar ou não a abordagem de outro autor acerca do mesmo 
conteúdo. A leitura de revistas com a classe também pode ser utilizada no sentido 
de levar aos alunos uma reportagem sobre determinado conteúdo de um autor que 
não seja geográfico. Para a utilização de um artigo científico, por exemplo, é 
importante que o docente que o professor aborde um tema conhecido pelos alunos 
com um certo grau de compelxidade, ou como aponta o gráfico a seguir: 
 
37 
 
Gráfico nº 10 
Forma de incentivo à leitura 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/ 2011 
Sobre a pergunta de nº 11, que trata sobre o incentivo à escrita nas aulas, a 
partir dos dados coletados, obtivemos o seguinte panorama: a maioria dos 
professores afirmou incentivar a escrita para seus alunos, algo raro, se comparado a 
outras realidades, principalmente se lembrarmos, que muitas vezes o professor não 
pede o posicionamento do educando. 
Ainda sobre essa questão da escrita, vale destacar que a mesma “anda”, ou 
pelo menos deve “andar” juntamente com a leitura, na medida em que não se 
concebe escrita sem leitura, fato este que comprova o mau desempenho de nossos. 
Tal postura reforça ainda o compromisso de nós enquanto professores, de estarmos 
comprometidos em incentivar a leitura para nossos alunos, seja através das mais 
diversas fontes disponíveis na atualidade, proporcionando assim para os mesmos o 
consequente incentivo à escrita, com seus posicionamentos e posturas críticas. É 
ainda através do incentivo a escrita, que o professor poderá estar despertando em 
seu aluno uma outra questão sua inserção na sociedade, isto é a sua cidadania, na 
medida em que incentivado através da leitura, o aluno irá expor seu posicionamento 
sobre as mais variadas temáticas, e consequentemente desenvolverá um rico 
acervo que poderá até mesmo ser utilizado como um artigo científico, ou como 
podemos observar no gráfico a seguir: 
 
38 
 
Gráfico nº 11 
Professores que incentivam a leitura 
 
Fonte:Pesquisa direta, nov/ 2011 
A respeito da pergunta de nº 12, realizamos o seguinte questionamento: Caso 
a resposta da questão anterior tenha sido positiva, diga de que forma você incentiva 
a escrita. Foram dadas três possibilidades de respostas aos professores: alunos 
interpretem a posição do autor, alunos comparem a posição do autor, alunos 
comparem a posição do autor com outros autores, alunos criem seus próprios 
pontos de vista. 
Percebemos que a maioria dos professores afirmou pedir que seus alunos 
interpretem a posição do autor, algo extremamente positivo, na medida que tal 
interpretação irá gerar a postura crítica do aluno. Percebemos também, que a outra 
resposta dada pelos docentes - minoria - foi a de pedirem/incentivem seus alunos a 
criarem seus próprios pontos de vista o que é extremamente inovador, pois é a partir 
do momento em que o aluno expõe sua opinião/ponto de vista, ele está tomando 
consciência de seu papel na sociedade, isto é, de sua cidadania. É importante 
ressaltar ainda que duas das alternativas disponibilizadas aos professores não foram 
utilizadas: alunos comparem a posição do autor e alunos comparem a posição do 
autor com outros autores. Desse modo, observamos que essas propostas também 
poderiam ser desenvolvidas pelo professor, pois a partir da analogia, entre 
posicionamentos, o aluno poderá criar seus posicionamentos/posturas críticas 
acerca dos mais variados assuntos, ou como podemos observar no gráfico a seguir: 
 
39 
 
Gráfico nº 12 
Forma de incentivo a escrita 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/ 2011 
Em seguida, realizamos à aplicação de um questionário com alguns alunos – 
30 (trinta). Na primeira pergunta, fizemos o seguinte questionamento: você gosta do 
livro didático de Geografia? Disponibilizamos aos discentes duas respostas: sim e 
não. A partir dos dados coletados, percebemos que, a maioria dos alunos afirmou 
não gostar do livro didático de Geografia, algo que não traz tantas surpresas. 
Observamos ainda que o percentual de alunos que gostam do livro didático, 
mostrou-se considerável - total de 40%. Percebemos assim, que existe um equilíbrio 
entre a quantidade de alunos que gostam do livro didático e os que afirmam não 
gostar do mesmo. É nesse sentido, que retomamos novamente a discussão acerca 
do livro didático, ou seja, do problema em utilizá-lo excessivamente, ou em muitos 
casos, como único instrumento no processo de ensino-aprendizagem, não só em 
Geografia, mas em todos os componentes curriculares. Enfatizamos também que o 
uso excessivo do livro didático e ainda, a utilização deste como único recurso revela 
um outro dado: a herança do ensino tradicional, que mesmo em pleno século XXI, 
ainda se encontra presente em nosso sistema escolar tradicionalismo este onde o 
professor é considerado o centro do processo de ensino aprendizagem e o aluno 
sendo apenas um agente um agente secundário. É de fundamental importância que 
nós enquanto professores ampliemos nossos instrumentos em sala de aula, ou 
como verificamos no gráfico seguinte: 
 
40 
 
Gráfico nº 13 
Opinião dos alunos sobre o livro didático 
40%
60%
alunos que gostam do livro 
didático
alunos que não gostam do 
livro didático
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/ 2011 
Indagados a respeito do motivo que os leva a não gostar do livro didático de 
Geografia, foram disponibilizados aos discentes três respostas: linguagem difícil, por 
ser extenso; outros.Constatamos que a maioria dos alunos respondeu o seguinte: 
não gostam do livro didático por ele ser extenso. Para Chartier (1996) façam o que 
fizerem, os autores não escrevem livros, os livros não são de modo algum escritos. 
São manufaturados por escribas e outros artesãos, por impressores e outras 
máquinas. A partir dessa visão, percebemos que a fabricação do livro didático 
objetiva altos índices de vendagem, o que acaba por prejudicar o trabalho de 
professores e alunos. É necessário ainda que os autores e as editoras tornem o livro 
mais “atraente” aos olhos dos alunos. É bem verdade que já estão ocorrendo 
algumas mudanças nos livros didáticos de Geografia, entretanto é preciso que essas 
transformações ocorram mais ainda. 
Observamos que a minoria dos alunos - 34% - afirmou que não gostam do 
livro didático de Geografia pelo fato do mesmo apresentar uma linguagem difícil. 
Abordamos mais uma vez aqui, o papel dos autores no sentido de que os mesmos 
procurem trazer uma linguagem cada vez mais acessível para os alunos que são os 
destinatários dos livros didáticos, proporcionando aos mesmos um melhor 
entendimento/compreensão dos conteúdos. É a partir do momento em que o livro 
didático desperta o interesse do aluno, que o mesmo instrumento também criará no 
discente o interesse pela leitura, essa que pode não ficar limitada somente ao livro 
didático, mas também a outras fontes, ou como percebemos no gráfico a seguir: 
41 
 
Gráfico nº 14 
Motivo que leva os alunos a não gostarem do livro didático de Geografia 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/ 2011 
Interrogados sobre o questionamento de nº 3: durante as aulas de Geografia, 
o professor utiliza apenas o livro didático? Nesse sentido, oferecemos aos alunos 
duas possibilidades de resposta: sim ou não. A partir dos dados coletados, 
observamos que a maioria dos discentes respondeu sim, e apenas uma minoria - 
20% - responderam negativamente. 
Percebemos aqui uma contradição: no questionário destinado aos 
professores realizamos a mesma pergunta aos docentes e a maioria afirmou que 
não, pois procurava diversificar as aulas com outros instrumentos, ou seja, parece 
não haver um consenso entre alunos e professores. É nesse sentido que 
observamos como de fundamental importância o papel da escola, no sentido de que 
esta, por meio de sua gestão – diretores e coordenação pedagógica - devem 
mostrar-se empenhados em verificar se realmente os professores cumprem com 
suas propostas pedagógicas previstas em seus planejamentos, sendo estes nas 
variadas escalas: bimestral ou diária (plano de aula). Nesse momento, abrimos uma 
discussão acerca do planejamento do professor, sendo este instrumento de grande 
importância, pois é através do planejamento que o professor alcançará os objetivos 
para determinada turma. No caso do planejamento bimestral, sua importância se 
revela na previsão que o docente fará a respeito dos conteúdos que o mesmo 
ministrará para o plano de aula, o professor realiza um planejamento para a aula 
diária, para o conteúdo ministrado no cotidiano, como se observa no gráfico 
seguinte: 
42 
 
Gráfico nº 15 
Aulas na visão dos alunos 
 
Fonte: Pesquisa direta, nov/ 2011 
Questionados sobre o recurso utilizado pelo professor em suas aulas, foram 
disponibilizados quatro respostas aos discentes: obras literárias, data-show, vídeos 
e outros. Entretanto, apenas duas foram utilizadas pelos discentes, sendo que houve 
um empate entre o data-show e vídeos. A partir desse resultado, percebemos que 
mesmo entre os professores que buscam diversificar suas aulas, as possibilidades 
ainda são restritas, devido a vários fatores. Dentre os fatores que podem ser 
abordados, apontamos a questão da falta/pouca estrutura da maioria das escolas, 
algo muito presente principalmente nas escolas, algo muito presente principalmente 
nas escolas da rede pública de ensino. Outro problema que acaba por contribuir 
para esta situação e a burocracia, na medida em que os instrumentos existem, mas 
o seu acesso em muitas das vezes é dificultado ao máximo. 
A respeito desta questão, verificamos que os docentes da E.M. Simões Filho 
optam por utilizar dois recursos em sala de aula, sendo estes também muito 
utilizados por outros professores em outras escolas. Porém deve-se ressaltar que 
ambos recursos devem ser utilizados de maneira adequada, pois no caso do data-
show é preciso que o professor saiba manusear o mesmo de forma adequada, além 
de procurar utilizar

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