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SÍNDROMES DEPRESSIVAS O período Renascentista é considerado a idade de ouro da melancolia, e, nos séculos XVIII e XIX, esse sentimento penetrou o espírito do romantismo. A depressão é reconhecida desde a antiguidade, mudando suas feições de época para época, de cultura para cultura, mas sempre acompanhando de perto o destino do ser humano. A depressão causa considerável impacto na saúde física e mental e na qualidade de vida das pessoas acometidas; ela é, entre todas as doenças, sejam físicas e mentais, uma das principais causas daquilo que a Organização Mundial da Saúde(OMS), chama de “anos vividos com incapacidades” e “perda de anos em termos de morte prematura e perda de anos de vida produtiva”. Ter a doença aumenta em 20 vezes o risco de suicídio. Do ponto de vista psicopatológico, as síndromes depressivas tem como elementos mais salientes o humor triste e, na esfera volitiva, o desânimo, mais ou menos marcantes. Tal tristeza e desânimo são na depressão desproporcionalmente mais intensos e duradouros, do que nas respostas normais de tristeza que ocorrem ao longo da vida. Os quadros depressivos caracterizam-se por uma multiplicidade de sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos á autovalorização, á vontade e á psicomotricidade. Também podem estar presentes, em formas graves de depressão, sintomas psicóticos, como delírios e/ou alucinações, marcante alteração psicomotora que geralmente é lentificação ou estupor, assim como fenômenos biológicos que são neuronais ou neuroendócrinos que estão associados. Sintomas das síndromes depressivas nas diferentes esferas psicopatológicas Sintomas afetivos e de humor • Tristeza, sentimento de melancolia, na maior parte do dia, todos ou quase todos os dias; • Choro fácil e/ou frequente • Apatia (indiferença afetiva; “tanto faz como tanto fez”), na maior parte do dia, todos ou quase todos os dias; • Sentimento de falta de sentimento (“É terrível, não consigo sentir mais nada”); • Sentimento de tédio, de aborrecimento crônico • Irritabilidade aumentada (a ruídos, pessoas, vozes, etc), na maior parte do dia, todos ou quase todos os dias; • Também é frequente: angústia, ansiedade, desespero e desesperança. Alterações da volição e da psicomotricidade • Desânimo, diminuição da vontade (hipobulia, “não tenho pique para mais nada”); • Anedonia (incapacidade de sentir prazer em várias esferas da vida, como alimentação, sexo e amizades, por exemplo); • Tendência a permanecer quieto na cama, por todo o dia (com o quarto no escuro, recusando visitas); • Aumento da latência entre as perguntas e respostas; • Lentificação psicomotora (pode progredir até o estupor/catatonia); • Estupor/catatonia • Diminuição da fala, fala em tom baixo, lenta e aumento da latência entre perguntas e respostas; • Mutismo (negativismo verbal completo) • Negativismo ( recusa a alimentação, a interação pessoal, etc) Alterações Ideativas • Ideação negativa, pessimismo em relação a tudo; • Idéias de arrependimento e de culpa; • Ruminações com mágoas atuais e antigas; • Visão do mundo marcada pelo tédio (“A vida é vazia, sem sentido; nada vale a pena”) • Realismo depressivo: inferências sobre a vida mais realista e pessimistas em relação a pessoas sem depressão, sendo que estas tenderiam a apresentar um viés positivo de avaliação da realidade; • Idéias de morte, desejo de desaparecer, dormir para sempre; • Ideação, planos ou atos suicidas. Alterações da esfera instintiva e neurovegetativa • Fadiga, cansaço fácil e constante (Sente o corpo pesado); • Insônia ou hipersonia; • Diminuição ou aumento do apetite; • Constipação, palidez, pele fria com diminuição do turgor; • Diminuição da libido, do desejo sexual; • Diminuição da resposta sexual (disfunção erétil, orgasmo retardado ou anorgasmia) Alterações da autovalorização • Autoestima diminuída; • Sentimento de insuficiência, de incapacidade; • Sentimento de vergonha; • Autodepreciação. Alterações cognitivas • Déficit de atenção e concentração; • Déficit secundário de memoria; • Dificuldade de tomar decisões; • Pseudodemência depressiva. Sintomas psicóticos • Idéias delirantes de conteúdo negativo como, delírio de ruina ou miséria, delírio de culpa, delírio hipocondríaco e/ou de negação de órgãos e partes do corpo, delírio de inexistência, seja de si ou do mundo; • Alucinações, geralmente auditivas, com conteúdos depressivos; • Ilusões auditivas ou visuais; • Ideação paranoide e outros sintomas psicóticos, humor incongruente, delírio de perseguição, se for presente, pode revelar que de algum modo a pessoa “merecia” ser perseguida e punida). Alguns aspectos neurobiológicos Da depressão • Alterações estruturais do cérebro, como redução do volume do hipocampo que se associa a formas mais graves de depressão e redução de área cinzenta em: cíngulo anterior, striatum, ínsula, amígdala e córtex pré-frontal; • Alterações funcionais do cérebro, como alterações em circuitos pré-frontal-límbicos, modulados por serotonina e circuitos striatum-frontais, modulados por dopamina e aumento da atividade em sistemas neurais de base para o procedimento de emoções (amígdala e córtex pré- frontal) e redução em sistemas neurais de apoio á regulação de emoções (córtex pré-frontal dorsolateral) Perdas e depressão As síndromes e a reações depressivas surgem com muita frequência após perdas significativas: de pessoa muito querida, emprego, moradia, status socioeconômico ou algo puramente simbólico. Certamente fatores biológicos, genéticos e neuroquímicos têm importante peso nos diversos quadros dessa doença. As síndromes depressivas têm uma relação fundamental com as experiências de perda. Existe o luto intenso e a depressão, a seguir, terá algumas diferenças: Aspectos diferenciais Luto intenso Depressão Humor/tristeza experimentados e sua evolução Tristeza muito relacionada á experiência da perda, que tende a diminuir com o passar das semanas e meses (duração muito variável, de semanas a vários meses, eventualmente anos) Humor deprimido constante que abrange mais que perdas; humor que não melhora com o passar do tempo (duração variável, mas a média dos episódios fica em torno de quatro meses) Padrão temporal Tristeza ocorre “Em ondas” (dores do luto), associada a lembrança da pessoa perdida Tristeza e desânimo oscilam menos ao longo dos dias ( com exceção da depressão atípica) Conteúdo de pensamento Tristeza e angústia mais centradas em pensamentos relacionados á pessoa perdida Ruminações autocríticas e pessimistas abrangentes, não apenas relacionadas a uma perda Pensamento típico “Por que não disse á pessoa que perdi o quanto a amava, por que não convivi mais com ela?” “Nada na vida vale a pena, eu não sirvo para nada, sou um peso para as pessoas.” Fantasias relacionadas a pensamentos suicidas “Gostaria de morrer para me juntar á pessoa perdida, para revê-la” “Quero morrer para não sofrer mais”, ou “quero morrer pois não mereço mais viver, não darei mais trabalho aos meus familiares” Subtipos de síndromes e transtornos depressivos São eles: 1. Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente (CID 11 e DSM 5) 2. Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico (CID 11 e DSM 5) 3. Depressão atípica (DSM 5) 4. Depressão tipo melancólica ou endógena (CID 11 e DSM 5) 5. Depressão psicótica (CID 11 e DSM 5) 6. Estupor depressivo ou depressão catatônica(DSM 5) 7. Depressão ansiosa ou com sintomas ansiosos proeminentes (CID 11 e DSM 5) e transtorno misto de depressão e ansiedade (CID 11) 8. Depressão unipolar ou depressão bipolar 9. Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual (CID 11 e DSM 5) 10. Depressão mista (DSM 5) 11. Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a condição médica (incluindo aqui o transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento) (CID 11 e DSM 5) No episódio depressivo, evidentes sintomas depressivos, como humor deprimido, anedonia, fatigabilidade, diminuição da concentração e da autoestima, ideias de culpa e de inutilidade, distúrbios do sono e do apetite, devem estar presentes por pelo menos duas semanas e não mais que dois anos de forma ininterrupta. Cerca de 15 a 26% das pessoas com depressão maior apresentam sintoma crônico de depressão, com duração de mais de dois anos. Os critérios para depressão maior precisam ser ao menos cinco e durar por pelo menos duas semanas. São eles: ➢ Sintoma obrigatório: humor deprimido ou perda de interesse ou prazer na maior parte do dia, quase todos os dias e mais, pelo menos, 4 dos sintomas a seguir; ➢ Desânimo, acentuada perda do interesse ou prazer (anedonia); ➢ Redução ou aumento do apetite (redução ou ganho de peso de 5% em 1 mês); ➢ Sono: hipersonia ou insônia; ➢ Fadiga, perda de energia; ➢ Sentimento de inutilidade e/ou culpa, pessimismo; ➢ Baixa autoestima; ➢ Concentração prejudicada, dificuldade para pensar; ➢ Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio; Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente ➢ Retardo/agitação psicomotora. Os subtipos de transtornos depressivo (TD), precisam ser observados, eles podem ser: ➢ Transtorno depressivo maior, episódio único; ➢ Transtorno depressivo maior, recorrente (> 1 episódio); ➢ Transtornos depressivo persistente e distimia: humor cronicamente deprimido por pelo menos dois anos. A gravidade por ser em três, TD leve, moderado ou grave As características também devem ser especificadas como: ➢ TD com sintomas psicóticos congruentes com o humor; ➢ TD com sintomas psicóticos incongruentes com o humor; ➢ TD com catatonia (estupor depressivo): imobilidade, negativismo, mutismo, ecolalia; ➢ TD com características melancólicas (Depressão endógena): acentuado retardo ou agitação psicomotora, perda total de prazer, piora pela manhã, perda de peso, culpa excessiva; ➢ TD com características atípicas: aumento do apetite ou ganho de peso, hipersonia, sensação de peso no corpo, sensibilidade extrema á rejeição interpessoal, humor muito reativo de acordo com as situações ambientais; ➢ TD com sintomas ansiosos; ➢ TD com início no periparto; ➢ TD com padrão sazonal (somente episódios recorrentes), geralmente no inverno. Um grupo de pacientes desenvolve a forma crônica de depressão, muito duradoura (pelo menos dois anos ininterruptos), que pode ser de intensidade leve (distimia) ou de moderada a grave. Ela começa geralmente na adolescência ou no inicio da vida adulta e persiste por vários anos. Os sintomas depressivos mais importantes são em primeiro lugar, o humor deprimido, triste na maior parte do dia, na maioria dos dias. Além disso, o paciente deve ter pelo menos dois dos seguintes sintomas: diminuição da autoestima, fatigabilidade aumentada ou falta de energia, insônia ou hipersonia, apetite diminuído ou aumentado, dificuldade em tomar decisões ou em se concentrar e sentimentos de desesperança. São comuns na distimia o mau humor crônico e a irritabilidade. Em adultos, os sintomas devem estar presentes de forma ininterrupta por pelo menos dois anos e em crianças e adolescentes, por pelo menos um ano. Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico Trata-se de um subtipo de depressão que pode ocorrer em episódios depressivos de intensidade leve a grave, em transtorno unipolar ou bipolar. Além de reatividade de humor aumentada (melhora rapidamente com eventos positivos e piora rapidamente com eventos negativos), o individuo deve apresentar dois ou mais dos seguintes sintomas: • Ganho de peso ou aumento do apetite (principalmente para doces); • Aumento do sono (hipersonia, geralmente mais do que 10 horas por dia ou 2 horas a mais que quando não deprimido); • Sensação do corpo, braços ou pernas muito pesadas (paralisia “de chumbo”), a pessoa se sente de modo geral “pesada”, com uma sobrecarga sobre os ombros; • Sensibilidade exacerbada a rejeição interpessoal, ás vezes a indicativos mínimos e subjetivos de possível rejeição, podendo se manter mesmo quando a pessoa não esteja no episódio depressivo. Trata-se de um subtipo no qual predominam os sintomas classicamente endógenos. A pessoa deve apresentar: 1) perda de prazer ou incapacidade de sentir prazer (anedonia) em todas ou quase todas as atividades ou 2) falta de reatividade a estímulos em geral prazerosos. Além de um desses dois sintomas, deve apresentar pelo menos três dos seguintes sintomas: • Humor depressivo característico com prostração profunda, desespero, hiporreatividade geral; • Lentificação psicomotora, demora em responder ás perguntas (aumento da latência entre perguntas e respostas) ou agitação psicomotora; • Ideias ou sentimento de culpa excessivos e/ou inadequados; • Perda de apetite e/ou peso corporal; • Depressão pior pela manhã que pode melhorar um pouco ao longo do dia. Também pode se constatar a chamada tristeza vital, que é uma tristeza diferente, um peso, uma agonia, que é sentida no corpo, qualitativamente diferente da tristeza normal. Pode ser observado também um padrão de sono característico em que o individuo tende a apresentar a insônia Depressão atípica ou depressão com características atípicas Depressão tipo melancólica ou endógena terminal, que é quando você acorda de madrugada, por volta de 3 ou 4 horas da manhã e não consegue mais dormir. A depressão melancólica é considerada como de natureza mais neurobiológica, mais independente de fatores psicológicos em comparação com outros tipos de depressão, embora toda depressão maior tenha um significativo componente neurobiológico. Trata-se de depressão muito grave, na qual ocorrem, associados aos sintomas depressivos um ou mais sintomas psicóticos, como delírio e/ou alucinação. Os mais frequentes são sintomas como delírio de ruina ou culpa, delírio hipocondríaco ou de negação de órgãos ou alucinações com conteúdos depressivos, com vozes que dizem que “você não presta”, “você vai morrer na miséria” ou “seus filhos vão passar fome”. As alucinações também podem ter o conteúdo de punição merecida, como por exemplo, “vou morrer, vou sofrer, porque mereço isso”, Se os sintomas psicóticos são de conteúdo negativo, depressivo, classificam- se como sintomas psicóticos de humor congruente, que é de culpa, doença, morte, negação de órgãos, punição merecida, entre outros. Caso contrario, são denominados sintomas psicóticos de humor incongruentes, que é quando tem delírio de perseguição, de inserção de pensamentos, autorreferente, entre outros. Os delírios ocorrem em cerca de 25% das pessoas internadas com quadros depressivos e em 15% daquelas com depressões ambulatoriais. Na maior parte das vezes, trata-se de delírio de humor congruente. E em cerca de 18% dos casos, o delírio é humor incongruente. Alucinações auditivas ocorrem em 5 a 59% dos pacientes com depressão maior e alucinações visuais em 1 a 25%. De modo geral, indivíduos deprimidos encontrados nacomunidade e na atenção primária, que é a UBS, tem frequência menor de sintomas psicóticos, aqueles em ambulatórios especializados, tem frequência intermediária e pessoas internadas por depressão, tem frequências mais altas. A depressão psicótica revela mais alterações cerebrais do que a não psicótica, o que indica maior gravidade fisiopatológica dessa forma de doença. Trata-se de estado depressivo muito grave, no qual o paciente permanece dias na cama ou sentado, em estado de catalepsia, que é imóvel e em geral bem rígido, com negativismo que se exprime pela ausência de respostas a solicitações ambientais, geralmente em estado de mutismo (não fala com as pessoas, apesar de estar consciente e não ter afasia), recusando alimentação, ás vezes urinando no leito. O individuo pode nesse estado, desidratar-se e vir a falecer por complicações clínicas. Depressão psicótica ou depressão com sintomas psicóticos Estupor depressivo ou depressão com catatonia A ansiedade é um componente frequente e importante nos quadros depressivos. O DSM 5 e o CID 11 propõem que se distinga uma forma de depressão, geralmente moderada ou grave, com marcante componente de ansiedade, tensão e inquietação psicomotora, chamada de depressão ansiosa ou depressão agitada. O paciente se queixa de angustia ou ansiedade acentuada associada a sintomas depressivos. Sente-se nervoso, tenso, não para quieto, fica irritado, andando de um lado para o outro, desesperado. Pode ter ainda dificuldades para se concentrar devido a muitas preocupações, tem medo de que algo horrível aconteça. Também pode ter o sentimento de perda do controle de si mesmo. Na depressão ansiosa, há risco ainda maior de suicídio. A depressão grave é muitas vezes difícil de diferenciar de um episódio mistos de transtorno bipolar. Já o CID 11 propõe o transtorno misto de depressão e ansiedade, no qual há sintomas geralmente leves de ambas as condições na maioria dos dias, por pelo menos duas semanas. Ao se diagnosticar um quadro depressivo que ocorre pela primeira vez na vida, os profissionais, os pacientes e seus familiares e amigos podem se perguntar se esse episodio esta abrindo um possível transtorno depressivo recorrente, o que é frequente, e a depressão então é denominada como unipolar, ou se é o inicio de um TB com episódios futuros de mania ou hipomania, então a depressão é denominada de bipolar. O tratamento com antidepressivos pode frequentemente desencadear uma fase de mania quando é empregado em depressões bipolares, a fase de mania podendo ter consequências muito graves na vida da pessoa. Critérios para o diagnóstico Depressão Unipolar Depressão Bipolar Idade de inicio Mais velha Mais jovem Duração da fase Mais longa Mais curta Características de personalidade Mais problemas de personalidade, sobretudo mais neuroticismo, mais controle dos impulsos e mais introversão Menos problemas de personalidade, pior controle dos impulsos, mais temperamento hipertímico e busca de estimulos Historia familiar de mania Menos frequente Mais frequente Resposta profilática a antidepressivos Boa Ruim Duração do sono Mais curta Mais longa Depressão ansiosa ou agitada com sintomas ansiosos proeminentes e transtorno misto de depressão e ansiedade Depressão unipolar ou depressão bipolar Ansiedade, queixas somáticas, perda de apetite, insônia terminal Mais frequente Menos frequente Labilidade do humor, irritabilidade, insônia inicial Menos frequente Mais frequente Episódio pós- parto, aspectos psicóticos, uso de drogas Menos frequente Mais frequente Retardo, lentificação psicomotora Menos frequente Mais frequente Agitação psicomotora Mais frequente Menos frequente Trata-se de forma grave de depressão relacionada á síndrome pré- menstrual que se caracteriza por ocorrer na semana final da menstruação, na maioria dos ciclos menstruais. Está presente pelo menos um dos seguintes sintomas intensos de humor: tristeza marcante, nervosismo/ansiedade acentuada, sentimentos de estar “no limite para explodir”, oscilações do humor ao longo do dia ou labilidade afetiva, irritabilidade ou raiva acentuada. Também devem estar presentes outros sintomas, na maioria dos ciclos menstruais, que quando somados aos anteriores, irão resultar em pelo menos cinco sintomas. Sendo eles: interesse diminuído, dificuldade de concentração, falta de energia ou fadiga fácil, alteração do apetite, hipersonia ou insônia, “sentir-se sobrecarregada” ou “fora do controle”, sintomas físicos como inchaço e aumento da sensibilidade nas mamas, dor articular ou muscular e “sensação de inchaço” no corpo. Durante a maioria dos dias da depressão, ocorrem também sintomas maníacos (devem ocorrer pelo menos três deles), como humor elevado ou expansivo, grandiosidade e autoestima elevada, inflada; o paciente se apresenta loquaz, falando muito e com pressão para falar, há aceleração do pensamento até fuga de ideias, aumento de energia no trabalho, vida sexual ou envolvimento em atividades excitantes, mas perigosas. Pode haver também redução da necessidade de sono. Esses sintomas da série maníaca devem ter sido observados por outras pessoas e representar uma mudança no comportamento rotineiro do paciente (apenas o relato pessoal pode não ser suficiente para o diagnóstico) Síndromes depressivas causadas ou fortemente associadas a uma doença física, a um quadro clínico primariamente somático, seja ele localizado no cérebro (por exemplo, doença de Parkinson, doença de Huntington, acidente vascular cerebral (AVC), trauma ou tumor cerebral), seja ele Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual Depressão mista ou depressão com características mistas Depressão secundária ou orgânica (transtorno depressivo devido a outra condição médica ou induzido por substâncias ou medicamento. sistêmico, isto é, em outra parte do organismo, mas com consequências para todos os órgãos, inclusive cérebro. No caso dos AVCs, ocorre depressão após o episodio agudo e de modo geral, AVCs no hemisfério esquerdo e mais próximos do polo frontal tendem a desencadear mais frequentemente depressões secundárias. Pode ocorrer também o transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento. Nesse caso, há um quadro depressivo intimamente associado durante ou logo após a intoxicação por substâncias ou fármacos. A depressão pode ser fator de risco para várias doenças e condições físicas. O transtorno se associa a maior risco de obesidade, doenças coronarianas, AVC e diabetes. Os mecanismos sugeridos para tal associação relacionam-se a alterações metabólicas, imunoinflamatórias, autonômicas, aumento do cortisol sanguíneo e desregulação no eixo hipotálamo-hipófise -adrenal. Depressão em crianças. Adolescentes e idosos A depressão também é frequente e potencialmente grave na infância e na adolescência, em geral mais observada em meninas do que em meninos. Nessa fase da vida, é comum que os quadros depressivos ocorram associados a comportamentos disruptivos (irritabilidade, oposição aos adultos, agressividade, transgressões) e dificuldades escolares. Tem sido proposto que haveria duas sub formas de depressão na infância e na adolescência: uma “pura”, sem sintomas de comportamentos disruptivos, mais frequente em garotas, e uma com sintomas disruptivos mais comum em garotos e rapazes com redução no QI e pior desempenho escolar. Idosos frequentementeapresentam depressão. Os sintomas mais comuns são, além da tristeza (ou dificuldade em sentir- se alegre), sentimentos de solidão, choro, pouco apetite, descuido consigo mesmo, falta de esperança, não aproveitar a vida, sentir que tudo é um grande esforço e dificuldades cognitivas. A depressão em idosos se associa a risco maior de quedas, incapacidades físicas e mortalidade. Depressão e personalidade Uma linha consistente de estudos tem associados as síndromes depressivas com aspectos da personalidade antes, durante e depois dos episódios de depressão. De modo geral, pessoas que apresentam episódios depressivos moderados ou graves tendem a apresentar o perfil de personalidade, com base no Big Five, aumentado para neuroticismo (instabilidade emocional, tensão, tendência a ansiedade, preocupação e autopiedade) e diminuído para extroversão (propensão á atividade, assertividade, energia, entusiasmo, busca dos outros, socialização) Depressão como fator de risco para doenças físicas
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