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ri-3-apontamentos- Estudos Europeus

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 Relações Internacionais 
 PPT 3 
 
 As Grandes Tradições Teóricas nas Relações Internacionais 
→Encontramos três grandes tradições de pensamento na evolução da teoria das RI, que formam três 
grandes campos de analise da realidade internacional: 
1. A tradição hobbesiana (Thomas Hobbes): realista 
2. A tradição kantiana (Immanuel Kant): idealista/universalista 
3. A tradição grociana (Hugo Grócio): internacionalista 
→Trata-se de uma base teórica fundamental para o estudo das RI (três formas diferentes de 
interpretar o mundo), uma necessidade para o entendimento dos grandes debates do âmbito desta 
disciplina (base das correntes teóricas e metodológicas posteriores). 
 
 A tradição Hobbesiana: o estado de anarquia 
→Thomas Hobbes 
• Nasceu em Westport (Inglaterra) em 1588 e morreu em Hardwick em 1679; 
• Filho de um pastor anglicano, foi educado por um tio, frequentou a Universidade de Oxford e 
viajou muito pelo continente europeu; 
• Como tutor do conde de Devonshire, veio a conhecer personalidades como Bacon e Galileu. 
Guerra Civil Inglesa: Sentiu-se ameaçado pela contestação crescente à monarquia absoluta 
dos Stuart, particularmente a Carlos I, e foi obrigado a exilar-se em Paris entre 1640-1651. Aí 
escreve o Leviathan. 
• Os parlamentaristas britânicos condenaram a obra assim que foi publicada. 
 
Hobbes pressupõe: 
-um mundo anárquico, de guerra constante. 
- o comportamento internacional dos estados é moldado pelos seus interesses. 
- a pior tirania é sempre preferível a uma guerra, particularmente uma guerra civil ou a anarquia. 
Centrou o seu estudo: 
-no Homem e de como as suas características podem influenciar a sociedade. 
-para ele o ser humano é essencialmente egoísta (egocêntrico), move-se pela procura da sua 
felicidade, o que o obriga a aumentar o seu poder: riquezas, honras e autoridade (estado de 
natureza). 
-Tinha uma visão profundamente pessimista da humanidade. O estado natural em situação de 
guerra permanente acontecia porque o Homem não era capaz de compreender o que estava 
para além dos seus sentimentos, instintos e vontades. Sendo por natureza egoísta, apenas se 
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preocupa com os meios que lhe podem trazer a felicidade, chamando-lhes “Poder” (a procura de 
poder). 
-Para Hobbes, perante a ausência de uma potência que estabeleça a ordem, todos terão de estar 
preparados, na defesa dos seus interesses, para a possibilidade de usarem a força (estado de 
insegurança). 
 
 A solução passa pela transferência de responsabilidade de segurança para o Leviathan (entidade soberana). 
 
-No Leviathan Hobbes imagina um “estado natural”, um mundo sem governo autoritário ou 
ordem civil, onde o homem governa por paixões, vivendo na constante incerteza da sua própria 
segurança. 
-Hobbes escreveu que no “estado natural” se justifica o princípio de Bellum Omnium contra 
Omnes (“A guerra de todos contra todos”), só evitável com a existência de um Governo forte. 
-Durante o tempo em que os homens viverem sem um poder comum – sem estado e sem 
autoridade - que os mantenha a todos em respeito, eles estarão naquela condição a que 
chamaremos guerra. Numa tal condição, não há lugar para as atividades produtivas. 
 
 O estado de natureza 
 
 
 
 
 
 
→O Estado como “monstro” artificial que permite aos indivíduos sair do “estado de natureza” 
caracterizado pela desordem, pelo conflito permanente, e pelo medo da morte violenta e entrar no 
“estado de sociedade” 
→O Estado, na medida em que garanta a segurança de bens e pessoas e o cumprimento dos 
contratos, possibilita o estabelecimento de uma ordem social alargada (civitas). 
 
 
 
 
 
 
«A natureza faz os homens iguais uns aos outros, tanto nas faculdades do corpo como nas do 
espírito. […] Mas desta igualdade de capacidades resulta a igualdade na esperança de 
conseguirmos atingir os nossos fins. E, portanto, se dois homens desejarem a mesma coisa, 
da qual não possam, contudo, gozar ambos, eles tornam-se inimigos; e, a caminho do seu fim 
[…] esforçar-se-ão para se destruir ou dominar um ao outro» 
«Porque pela arte é criado aquele grande Leviatã a que se chama 
Estado, ou Cidade (em latim Civitas), que não é senão um homem 
artificial, embora de maior estatura e força do que o homem natural, 
para cuja proteção e defesa foi projetado; e no qual, a soberania é 
uma Alma Artificial, pois que dá a vida e o movimento a todo corpo...» 
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→Hobbes conclui que para o homem conseguir sair da guerra, que caracteriza o “estado de 
natureza” – visão pessimista sobre a natureza humana – e encontrar a paz, que só é possível de 
alcançar pelo “estado de sociedade”, é necessário que o homem renuncie – pelo menos 
parcialmente – ao seu direito a todas as coisas, incluindo a liberdade, e transfiram para um poder 
comum que a todos garanta a paz e a segurança (Estado). Rousseau, um século depois, chamará a 
este fenómeno o “contrato social”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ideia de contrato social 
→Importa notar que o “contrato social” de Hobbes não é entre o povo e o rei (como o período 
medieval) mas entre cidadãos. O soberano (representante) é um terceiro beneficiado do contrato, 
pois dele recebe o seu cargo e o poder (pela vontade da maioria). 
→A autoridade do Estado é dada por cada homem (soberania popular), que nascem livres e iguais. 
Este dispõe de tal poder, força e terror, que permite modelar a vontade de todos, obtendo a paz no 
interior e o apoio contra os inimigos no exterior. 
→Hobbes usa um método democrático para defender um poder autoritário. 
→Ele impõe alguns limites no poder absoluto – direitos alienáveis – tais como o direito à vida, e as 
atividades privadas dos cidadãos - os direitos de propriedade e a iniciativa privada. 
→A defesa nacional e a segurança interna são tarefas do Estado, ao passo que a indústria é uma 
tarefa dos cidadãos no exercício da sua liberdade [é um estado autoritário, mas nãototalitário]. 
 
 
«A recompensa e o castigo... são os seus nervos. A opulência e as 
riquezas de todos os particulares, a sua força. Salus populi, a salvação 
do povo, e a sua função... a equidade e as leis são para ele razão e 
vontade artificiais. A concórdia é a sua saúde, a sedição sua doença, e a 
guerra civil a sua morte. Enfim, os pactos e os contratos que, na 
origem, presidiram a constituição, agregação e união das partes desse 
corpo político, assemelham-se ao Fiat ou façamos o homem, 
pronunciado por Deus na criação.» 
«A única maneira de erigir um tal poder comum […] é os homens 
conferirem todo o seu poder e força a um Homem, ou a uma assembleia de 
homens que possa reduzir todas as vontades, pela maioria das vozes, a uma 
só vontade; o que é o mesmo que dizer: escolher um Homem ou uma 
assembleia de homens, que proteja a sua pessoa; […] e que assim cada um 
submeta a sua vontade à vontade dele [soberano] e os seus juízos ao juízo 
dele». 
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 A Tradição Kantiana 
→Immanuel Kant (1724-1804) 
-Nasceu em Königsberg (Prússia), hoje integrada na Federação Russa, de onde nunca saiu. 
-Nasceu em condições humildes, doutorou-se em Filosofia aos 22 anos, e tornou-se professor na 
universidade local. 
-Tinha tendências liberais, apoiou a independência das colónias americanas e os ideais da Revolução 
Francesa (influenciado por Locke e Rousseau). 
-Do ponto de vista político, os seus trabalhos mais importantes são a Paz Perpétua (1785) e a 
Metafísica dos Costumes, I – Teoria do Direito (1797). 
 
Do ponto de vista da teoria do conhecimento, Kant operou uma revolução semelhante à de 
Copérnico na visão do Universo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
-Traduz-se na introdução de um elemento subjetivo na construção do conhecimento racional da 
Natureza (Razão Pura e Razão Prática). Há um aprofundamento do eu e do conceito em face da 
realidade. 
«antes dele, era o sujeito do conhecimento, o eu, que gravitava em 
volta do objeto, como se julgava que as estrelas gravitavam em volta 
da terra; depois dele, foi o objeto que passou a gravitar em volta do 
sujeito, como a Terra em volta das estrelas». 
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-O pensamento político de Kant resulta do esforço do filósofo em elaborar teorias explicativas da 
realidade. Apura os imperativos éticos a que o homem se deve submeter, reforçando o 
individualismo neste processo. 
-Para ele existiam os imperativos éticos hipotéticos – particulares, só aplicáveis a certas pessoas - e 
categóricos –genéricos, abstratos e universais: «Todos os homens devem agir de certa maneira, 
quaisquer que sejam os seus fins» 
-A liberdade de cada um e a liberdade de todos. 
-A realização do bem é o primeiro dos imperativos categóricos. 
-Kant, a partir de uma ética individual, chega-se a uma ética universal, em que cada um atua como se 
fosse um legislador para todos. 
-No século do liberalismo, o imperativo ético equivalia a harmonizar a liberdade de cada um com a 
liberdade de todos os outros. 
 
 A paz perpétua 
 
-Na sua obra Paz Perpétua, defendeu a criação da federação de estados como um meio de atingir a 
paz (cooperação), num mundo onde o homem seria capaz de viver sem medo da guerra. 
- Defende as relações entre indivíduos de forma a criar laços que ultrapassam as fronteiras nacionais 
(o indivíduo tem um papel central e não o Estado). 
-A paz perpétua é uma ideia “revolucionária” (herdada do abade de Saint-Pierre) para alterar o 
modelo de sociedade dividida em Estado nação rivais por uma sociedade onde reina uma ordem 
mundial. 
 
Esta ordem supõe a aceitação de uma ideologia política e de uma cultura comuns, a introdução de 
um sistema capaz de satisfazer as necessidades idênticas dos povos, uma configuração de unidades 
políticas, sem soberania absoluta e o estabelecimento de um estatuto político da humanidade 
(constituição planetária). 
 
 Projeto de paz perpétua 
Kant propõe três artigos centrais para a consolidação de uma paz perpétua: 
1º “A Constituição de cada Estado deve ser republicana”; 
2º “o Direito Internacional deve basear-se numa federação de Estados independentes”; 
3º é necessário “um mundo cosmopolita, com livre acesso de todos os homens a todos os países em 
termos de genuína hospitalidade universal”. 
 
 
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A “constituição republicana” kantiana não visava uma condenação à monarquia, mas defendia uma 
versão que hoje chamamos “constituição democrática”. 
Esta deverá respeitar os direitos individuais dos cidadãos e a eleição livre e periódica dos 
governantes. 
Kant, por inerência, defendia que as democracias não têm tendência para a guerra, por não ser a 
vontade do povo, e os litígios internacionais devem ser resolvidos através da diplomacia ou da 
arbitragem. 
 
 Hospitalidade cosmopolita 
Para a consolidação da paz perpétua entre países democráticos, reafirma a necessidade de se criar 
um ambiente de hospitalidade cosmopolita [cosmos + polis = cidade universal], sempre sob a égide 
do direito. Este princípio está presente nos objetivos principais da ONU. 
Kant não acredita na existência de um único governo mundial, defendendo como alternativa um 
sistema federal pacífico de estados independentes. 
 
 Tratado instituidor 
O seu tratado instituidor não seria um tratado de paz (pois estes só terminam uma guerra), mas um 
“tratado que visasse acabar para sempre com todas as guerras” 
Esta solução implicava a igualdade e cooperação de todos sob a égide do direito. Iniciar-se-ia pela 
associação de um conjunto de países “esclarecidos”, alargando-se a outros de forma federal 
(semelhante ao projeto da UE). 
 
 A tradição Kantiana 
A tradição kantiana assente na paz perpétua/permanente entre os homens, superando o estado de 
anarquia no sistema internacional e ultrapassando a guerra. 
O estado natural (status naturalis) embora sendo de guerra, Kant considerava que era possível 
superá-lo através da COOPERAÇÃO. “O estado de paz” deveria ser instituído, a cessação das 
hostilidades não é uma garantia de paz… 
A visão universalista da tradição kantiana está baseada na existência de uma comunidade universal 
da humanidade, onde os interesses de todos os homens são comuns. 
 
 Fim à “Paz dos cemitérios” 
Kant admite que o modelo não será fácil, mas sublinha com lucidez que a ética ordena à razão que 
construa a paz entre os homens vivos e livres, e que não se contente com a “paz dos cemitérios” – 
“onde fossem enterrados todos os horrores da violência e todos os responsáveis por ela”. 
O futuro comprovaria que Kant estava certo com as suas preocupações. 
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 Tradição Grociana 
→ Hugo Grócio (1583-1645) viveu num período conturbado e os seus escritos refletem o seu tempo 
marcado por controvérsias religiosas, as brutalidades da Guerra dos Trinta Anos, a ascensão 
holandesa face ao poder ibérico, etc. 
→Segundo esta corrente tradicional, as relações internacionais ocorrem entre estados (modelo 
organizacional básico), mas o comportamento destes é guiado por normas e regras de conduta. 
→Embora se tenha debruçado bastante sobre a política internacional, os seus trabalhos mais 
importantes centram-se no Direito Internacional: De Jure Praedae (1604), Mare Liberum (1609) e De 
Jure Belli ac Pacis (1625). 
→A tradição grociana descreve as RI em termos de “Sociedade Internacional”. 
 
 A Tradição Grociana:ordem/sociedade de estados 
-Ao contrário da tradição hobbesiana e maquiavélica, os estados não estão em luta contínua, pois 
existem regras comuns e instituições que limitam e evitam a eclosão de conflitos. Além disso, admite 
(ao contrário da visão kantiana) que os membros principais da sociedade internacional são os 
estados e não o indivíduo. 
-Para além de expor o conceito de norma e lei que regulam a sociedade internacional, adianta que 
embora o sistema de estados seja anárquico (sem autoridade superior), não significa 
necessariamente que seja violento ou desordenado. A anarquia é contida pela sociedade de estados 
(sociedade internacional), que permite a existência de uma ordem baseada em leis que regulam as 
suas relações. 
 
 Idealismo 
-Por vezes denominado de “utopismo” é uma abordagem às relações internacionais/política 
internacional que salienta a importância dos valores morais, ideais, em substituição do poder e da 
procura dos interesses nacionais. 
-Como guia para a política externa, o idealismo é essencialmente uma variante do liberalismo 
internacional. 
 
 A imagem idealista 
O idealismo reflete um forte otimismo sobre as perspetivas da paz mundial, associado com o desejo 
de reforma do sistema internacional, através do reforço da lei internacional e adotando a ética 
cosmopolita (Kant). 
Defendia-se a ideia de uma distribuição de poderes entre as novas organizações internacionais, 
capazes de criar um quadro normativo para melhorar o entendimento entre os estados, 
representando a Sociedade das Nações o centro desse modelo (a criação de normas como fator de 
contenção). 
 
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 O idealismo de Wilson 
Os idealistas consideram a natureza humana como sendo “boa”. Acreditam que com educação, bons 
hábitos e apropriadas estruturas internacionais, a natureza humana tornar-se-á a base da 
cooperação internacional. Os idealistas olham para o sistema internacional como a base de uma 
“comunidade de estados” com potencial para trabalharem juntos e superar os problemas comuns. 
Os idealistas foram particularmente ativos depois da cruel I Guerra Mundial. O presidente Woodrow 
Wilson e outros idealistas depositaram a sua esperança na construção de uma Liga das Nações como 
estrutura formal para a formação de uma “comunidade de nações” (“sonho” desfeito com as 
intervenções militares alemãs e japonesas). 
 
 Os 14 pontos de Wilson ao Congresso 
 (8 de janeiro de 1918) 
1. Exigência da eliminação da diplomacia secreta, a favor de uma diplomacia aberta baseada em 
acordos públicos; 
2. Liberdade de navegação nos mares e águas fora do território nacional; 
3. Abolição das barreiras económicas entre os países e o estabelecimento de princípios de igualdade 
comercial; 
4. Redução/controle dos armamentos nacionais; 
5. Redefinição da política colonial (imparcial), levando em consideração o interesse dos povos 
colonizados; 
6. Retirada dos exércitos do território russo; 
7. Restauração da independência/soberania da Bélgica ; 
8. Restituição da Alsácia e Lorena à França; 
9. Reformulação das fronteiras italianas; 
10. Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autónomo dos povos da Áustria - Hungria; 
11. Retirada das tropas estrangeiras da Roménia, da Sérvia e de Montenegro, restauração dos 
territórios invadidos e o direito de acesso ao mar para a Sérvia; 
12. Reconhecimento da autonomia da Turquia e abertura permanente dos estreitos que ligam o Mar 
Negro ao Mediterrâneo; 
13. Independência da Polónia; 
14. Criação da Sociedade das Nações. 
 
O IDEALISMO POLÍTICO surge na sequência dos ideais de Direito Natura (jusnaturalismo), do estado 
de natureza e do pacto social. Ao mesmo tempo, associa-se à ideia liberal de PROGRESSO MATERIAL 
NA PROCURA DE BEM-ESTAR. 
Descarregado por Sandra Margot (sanmargot@gmail.com)
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Depois do período de equilíbrio de poderes do século XIX, procurou-se um sistema baseado na 
segurança coletiva. A iniquidade ou o comportamento humano inadequado, como a guerra, é, de 
acordo com os idealistas/liberais, o produto de instituições inadequadas ou corruptas e de 
incompreensões de líderes (não pelo homem, entendido como naturalmente altruísta). 
 
 WOODROW WILSON 
 
 Pressupostos do idealismo 
A visão idealista (normativa), nascida no contexto da Primeira Guerra Mundial, partia de 
pressupostos claros: 
1. Defendia o conceito de democracia e justiça no plano internacional como alicerce da ordem; 
2. Salientava o papel das Organizações Internacionais face à visão meramente estatocêntrica; 
3. Defendia que a paz era o objeto primordial do estudo das RI. 
 
 Projetos idealistas 
→Em grande medida, defende-se a resolução de disputas internacionais através de mecanismos 
legais, como a mediação, a arbitragem e o controlo da produção de armamentos. 
→A criação do Tribunal de Justiça Permanente (1919), agregado à Sociedade das Nações; 
→A ratificação do Pacto Kellog-Briand (1928), que proibia a guerra como instrumento de política 
internacional. 
 
 Referências do idealismo 
→Norman Angell 
→Alfred Zimmer 
→Bertrand Russel 
 
Embora o marxismo, fascismo e o nacional-socialismo fossem forças ideológicas da altura, o 
idealismo e os seus princípios universalistas através de conduta pacifista acabou por ganhar 
preponderância no estudo das RI. 
 
 A grande ilusão: a guerra como desperdício 
 
 
“Há uma ilusão de ótica, uma falácia lógica, na ideia hoje alimentada na 
Europa de que uma nação aumenta a sua riqueza ao expandir o seu 
território, porque, ao anexar-se uma província ou um Estado, anexam-se 
também os seus habitantes, que são os únicos e verdadeiros proprietários 
da riqueza correspondente, e o conquistador nada ganha” 
The Great Illusion (1910) 
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 LIBERALISMO 
→John Locke e o liberalismo político 
O inglês John Locke afirmou-se como o primeiro defensor do liberalismo político – assente nas ideias 
da origem popular do poder, dos direitos individuais naturais, da limitação do poder estatal (contra a 
monarquia absoluta), da separação de poderes, da independência do poder judicial e da governação 
não apenas pelo rei, mas também do “consentimento do povo”. 
 
→A mão invisível de Adam Smith 
David Hume (1711-1776) e Adam Smith (1723-1790): interesses individuais, enquadramento 
institucional e bem comum. 
A importância da definição de um enquadramento político-institucional que garanta o 
funcionamento eficiente do Governo e a defesa da liberdade. 
Uma abordagem da sociedade baseada no reconhecimento de que os indivíduos agem 
principalmente (mas não exclusivamente) na prossecução dos seus interesses «egoístas». 
 
 Liberalismo económico: a natureza do comércio livre 
Na origem da teoria económica clássica/neoclássica, e da própria economia, está o trabalho do 
escocês Adam Smith. 
Defensor das virtudes do mercado livre e teórico das vantagens da troca internacional (reação ao 
sistema mercantilista). 
 
 Os interesses individuais na promoção do bem comum 
Smith defendia uma ordem económica em que os interesses individuais possam prover o bem 
comum. 
A defesa que Smith faz da liberdade económica parte da constatação de que a cooperação através 
das trocas em mercado livre é o meio mais eficiente para promover o progresso económico como a 
ordem e o bem-estar social. 
 
→O liberalismo tem tido um profundo impacto na formação das modernas sociedades industriais. 
→Os indivíduos devem ser livres do controlo abusivo do poder do Estado, defendendo a liberdade 
política,democracia e os direitos constitucionais. 
→Além disso, o liberalismo promove a liberdade individual e o equilíbrio perante a lei. 
→O liberalismo defende a competição individual na sociedade civil e o capitalismo é o que melhor 
promove o bem-estar e a distribuição de recursos. 
 
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 Idealismo VS Liberalismo 
O idealismo não ocupa propriamente o mesmo espaço do liberalismo. O idealismo tem um campo de 
visão mais alargado e menos claro. A perspetiva teórica liberal moderna afasta-se claramente dos 
pressupostos idealistas. 
 
→Liberalismo 
-O termo “liberal” tem sido usado desde o século XIV., com várias interpretações, mas é no século 
XIX que se consolida. 
-A expressão latina liber aponta para uma classe de homens livres, ou seja, que nem eram servos 
nem escravos. 
-Tem implícita a ideia de abertura, bem como de liberdade e escolha. 
-As pessoas procuram satisfazer os seus interesses e alcançar a sua realização pessoal. 
-Ideologia Política desenvolvida a partir do Século XVIII por pensadores como John Locke e 
Montesquieu, visando uma limitação no exercício dos poderes públicos, particularmente a atuação 
dos monarcas absolutistas. A organização do Estado fica sujeita aos princípios da Lei e ao primado 
dos direitos humanos (universalistas). 
-Já em 1688 tinha provocado a revolução inglesa e lançou as bases do parlamentarismo na Europa, 
bem como a luta norte-americana contra o domínio colonial. 
-O liberalismo parte da premissa que a natureza humana é boa, a bondade é inata e capaz de 
possibilitar progresso social. 
-O mal ou o comportamento inaceitável dos homens – como a guerra – é o produto de instituições 
sociais corruptas ou inadequadas e de incompreensões entre líderes. 
-A guerra ou qualquer outro comportamento agressivo não é inevitável, pode ser alterado, com 
reformas institucionais e ações coletivas de cooperação. 
-O liberalismo pode formatar a política externa nos países democráticos tanto devido tanto ao facto 
da opinião pública ser aberta e porque a elite política segue valores liberais e implementa-os. 
-As decisões políticas que não sigam uma linha liberal, pouco atrativas para a opinião pública, terão 
menos capacidade se serem adotadas, tendo em conta que serão sancionadas em atos eleitorais 
posteriores. 
-A paz kantiana – democracia política, o comércio internacional, as organizações internacionais – são 
instrumentos fundamentais na construção de novos moldes das RI. 
-A progressiva abertura dos estados ao comércio internacional e a criação de laços de 
interdependência económica têm um papel positivo na erradicação de conflitos bélicos. 
 
 
 
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Conceitos fundamentais 
Individualismo; 
Liberdade; 
Justiça; 
Tolerância; 
Mercado e utilitarismo; 
Democracia; (democracia 
liberal) 
Constitucionalismo. 
 
 Realismo 
-O fracasso das soluções diplomáticas e os interesses das potencias europeias mostram que os 
esforços dos académicos para demonstrar a disfuncionalidade da guerra tinham sido ilusórios. O 
projeto de uma sociedade internacional idealista entrou em contradição com os interesses dos 
estados, e esta corrente perdeu a sua utilidade política. A eclosão da II Guerra Mundial colocaria a 
teoria numa crise definitiva. 
-Para os realistas, os “idealistas” ignoravam o papel do poder, subestimando a racionalidade 
humana, acreditando que os estados-nação partilham um conjunto de interesses comuns e que a 
humanidade é capaz de superar o flagelo da guerra. 
-O despertar da guerra em 1939 tornou inadequado o pensamento idealista e reforçou o 
pensamento realista. 
-O realismo é a teoria dominante das RI. Proporciona a mais poderosa explicação para o estado de 
guerra, a normal condição da vida do sistema internacional ao longo dos séculos. 
-O realismo desenvolve-se como reação ao idealismo (utopismo) do período entre guerras (1919-
1939). 
-O conceito de “idealista” foi precisamente criado pelos realistas para se referir aos autores utópicos. 
 
 Tradições realistas 
A abordagem realista inspira-se em autores antigos para elaborar a sua visão do mundo. 
Tucídides (A Guerra do Peloponeso), entre outros aspetos, é um dos primeiros a abordar a lógica do 
equilíbrio de poder em que se inclui a aliança dos mais fracos aos mais fortes. 
Também Maquiavel (O príncipe), de forma resumida, aborda a questão ética da política e do poder, 
levando a colocar o Estado como ator central, sem uma conduta predeterminada. 
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Thomas Hobbes (Leviatã), resumidamente, ao afirmar que a condição de insegurança que vive o 
homem no Estado natural contribui para a ideia de sistema internacional anárquico elaborada pelos 
que adotam a teoria realista. 
 
 Pressupostos do Realismo 
Os pressupostos básicos do modelo realista mantiveram-se ao longo da segunda metade do século 
XX, perspetiva dominante na teoria das RI: 
→Domínio da perspetiva estatal; 
→ Separação da política interna e externa; 
→Supremacia dos posicionamentos em termos de poder. 
Enquanto o idealismo partia da conceção de que o ser humano racionalmente seria capaz de evitar a 
guerra, procurando soluções acima da lógica estatocêntrica, o realismo (período entre guerras), 
surge numa perspetiva pessimista da natureza humana, em que esta prima pela busca incessante de 
poder, colocando em causa que a razão se pudesse sobrepor a este princípio e evitar a guerra. 
 
 Premissas básicas do Realismo 
-A ideia de um Estado unitário e racional; 
-Uma atenção predominante na segurança internacional, base da sobrevivência do sistema; 
-Centralidade nos interesses particulares dos estados, a razão principal das suas funções; 
-A condição permanente de anarquia do sistema internacional (self-help) e a dificuldade absoluta do 
estabelecimento da paz entre os seus diversos atores; 
-A existência de relações de poder entre os estados baseados em termos económicos, militares e a 
opinião pública internacional. 
 
 Evolução teórica nas RI 
 
 
 
 
 
 
 
 
REALISMO NEOREALISMO 
LIBERALISMO NEOLIBERALISMO 
 CONSTRUTIVISMO SOCIAL 
TEORIA 
CRITICA 
Ideias, normas e regras 
na origem dos 
interesses 
MARXISMO NEOMARXISMO 
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 Críticas ao Realismo 
-Estão implícitos aspetos ideológicos, embora a corrente negue as normas, ideologias e valores; 
-A separação entre domínio interno e externo pouco real; 
- Falta conteúdo objetivo na ideia de “interesse nacional”; 
-A ideia de esfera política como mundo autónomo é também partilhada pelas transações 
económicas; 
- Dificuldades de aceitar a mudança (verdades eternas). 
 
 Neorealismo/Realismo estrutural 
A pretensão de se criar uma alternativa teórico-conceptual ao realismo, deu lugar a uma corrente 
mais pragmáticas, de realismo estrutural. 
Surge o trabalho Theory of International Politics de Kenneth Waltz (1979) neste sentido, dando um 
cariz mais científico à disciplina (behaviorista). 
Trata-se de uma reinterpretação do realismo clássico, e na sua análise baseia-se na estrutura do 
sistema de estados. Waltz defendia que os comportamentos das unidades dos sistemas (estados) 
explicam-se melhor nos limites estruturais do sistema do que nos atributos ou características de cada 
um. 
 
 Mearsheimer e o “realismo ofensivo” 
Defende um “realismo ofensivo”, afirmando que a segurança é tão fugaz num sistema de autoajuda 
(self-help) que os Estados são levados a obter o máximo de poderpossível (definido como 
capacidade material, em particular, capacidade militar). 
Isto conduz a políticas agressivas e expansionistas. 
 
 O debate realismo ofensivo/defensivo 
Os realistas defensivos contrapõem que mais poder pode conduzir a menos segurança e que, por 
conseguinte, o Estado racional não tem grande incentivo para procurar mais poder quando se sente 
seguro em relação a outras potências do sistema. 
Segundo eles, o sistema internacional não recompensa os estados que procuram dominar, mas sim 
aqueles que mantêm o status quo. 
 
 Teoria Marxista nas RI 
Os marxistas centram-se na análise histórica, particularmente na evolução do processo de produção. 
Durante a evolução deste procedimento – do feudalismo para o capitalismo – surgiram novos 
padrões de relações sociais. 
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Os marxistas focam-se na explicação das relações entre produção, relações sociais e o poder. 
Marx teorizou sobre a evolução do capitalismo, baseado na mudança económica e na luta de classes. 
Os interesses privados controlam o trabalho e o mercado, provocando servidão de que certas classes 
se procuram libertar. 
Atores chave: classes sociais; elites transnacionais e empresas multinacionais; 
As ações dos indivíduos são determinadas pelas classes económicas; 
Os estados são agentes da estrutura do capitalismo internacional e agentes ao serviço da burguesia. 
O sistema internacional é altamente estratificado; dominado pelo sistema capitalista internacional. 
Defendem uma alteração radical do sistema. 
 
 A pobreza como consequência: influência marxista 
As instituições financeiras preocupam-se com os seus objetivos, descurando ações que são 
habitualmente atendidas pelo Estado. 
 
 Contestação Radical: 
 teorias da dependência 
Na análise da desigualdade internacional e da organização do sistema económico, através da 
identificação e explicação da dependência dos países pobres sobre os países mais abastados, surgem 
as Teorias de Dependência. Os dependentistas não partilhavam o otimismo de Marx e Lenine no 
desenvolvimento das regiões periféricas (mais pessimistas). 
Não querem ver repetido nos novos países independentes o modelo de capitalismo selvagem do 
século XIX dos países mais desenvolvidos. 
 
 Teorias da dependência 
Tratava-se de uma experiência irrepetível nos países da periferia. O desenvolvimento e 
subdesenvolvimento estavam intrinsecamente interligados (Princípio de Pareto). 
O subdesenvolvimento não era um estado natural ou primordial, antes uma consequência da forma 
de participação na economia internacional. 
 
→De acordo com os dependentistas, o subdesenvolvimento resulta de uma divisão internacional do 
trabalho que se estabeleceu durante o período colonial e que se mantinha no período pós-colonial, 
independentemente das independências políticas que foram ocorrendo. 
Lógica da divisão do trabalho: as colónias exportavam matérias-primas e mão de-obra barata e não 
qualificada para alimentar as indústrias transformadoras dos países do centro. Como a maior parte 
do valor acrescentado reside no processo de transformação, esta divisão do trabalho representava 
uma injustiça e uma desigualdade estrutural que se reproduzia e autossustentava. 
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→Apenas no caso de algumas matérias-primas de valor elevado, como os metais preciosos, pedras 
preciosas, petróleo, as empresas dos países do centro estabeleciam-se diretamente nas regiões 
periféricas para controlarem o processo de extração da riqueza dos recursos naturais (com 
implicações ambientais). 
 
 Dependência e desigualdade 
As regiões periféricas funcionavam também como mercados para as indústrias transformadoras, 
adquirindo, por exemplo, tecidos produzidos com algodão colonial. 
A legislação obrigava muitas vezes as colónias a comprarem produtos transformados na metrópole, 
com benefícios evidentes nas indústrias do centro e prejudicando as capacidades produtivas da 
periferia. 
 
 Contestação Radical: 
 Sistema Mundo 
A Teoria do Sistema-Mundo, de inspiração marxista (pós-marxismo), baseia-se na interpretação do 
mundo associado ao avanço do capitalismo (forte análise estruturalista). 
O conceito de “sistema-mundo” foi trazido por Fernand Braudel, e posteriormente desenvolvido por 
Immanuel Wallerstein, Samir Amin e Giovanni Arrighi. 
O “sistema-mundo” na divisão do espaço global e regiões, com dinâmicas transnacionais entre si e 
com diferentes capacidades de produção. 
 
-Wallerstein parte de uma análise social e não geográfica, explorando o mundo que interage entre si, 
formando sistemas sociais. 
-Só no século XX os mundos sociais e geográficos coincidiram. Identifica também “microssistemas”, 
ou seja, sociedades independentes – pequenos “mundos” – que, ou são totalmente independentes 
ou subsistem com trocas reduzidas com outros mundos. 
-Wallerstein sugere que há impérios que dominam e os “sistemas mundos” (parecido com economia 
global), num sentido global [na Grécia antiga o comércio e a guerra eram indissociáveis]. 
-Nos impérios o sistema costuma ser de “tributo” (como Roma Imperial ou a Pax Sinica), em que o 
império retira dividendos das partes subjugadas. 
-Num “sistema mundo”, as trocas ocorrem entre territórios sob controlos políticos diferentes e, por 
consequência, não pode ser exigido qualquer tributo. Em vez disso, as trocas ocorrem numa base 
económica, sob a fórmula de comércio. 
-Wallerstein defende que a descoberta de ouro nas Américas (século XVI) impulsionou o 
desenvolvimento do capitalismo nos países do centro e impulsionou o desenvolvimento de uma 
economia-mundo que ligava várias regiões num só sistema (sistema mundo). 
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-Sendo o mundo um sistema, o seu funcionamento estrutural só pode ser compreendido através do 
estudo histórico integrado das diferentes dimensões espaciais do sistema. 
-Wallerstein divide o mundo em países do centro, semiperiféricos e periféricos. 
-Os países do centro possuem um tipo de produção essencialmente especializada, com incorporação 
elevada de capital, ao passo que as regiões da periferia baseiam a sua produção em trabalho (mão de 
obra) e à extração de matérias-primas. 
-Esta distribuição confirma a dominação dos países do centro em relação aos da periferia (relações 
Norte-Sul), embora as dinâmicas tecnológicas, podem provocar alterações na distribuição de poder. 
 
Cada região tem determinadas funções no contexto global do sistema-mundo e os processos 
sociais apenas podem ser analisados nesse contexto de interligação global. 
 
 Centro, periferia e semiperiferia 
Centro/países centrais: 
dominam e exploram países da 
periferia, através do trabalho e 
dos recursos naturais 
 
Periféricos: os países que são 
dependentes financeiramente 
dos países do centro; 
 
Semiperiféricos: países que 
partilham um pouco das 
características dos dois 
anteriores. 
 
 
 A visão construtivista: 
construtivismo social 
O construtivismo surgiu em 1989 após a publicação do livro de World of Our Making (Onuf) e do 
artigo “Anarchy is What States Make of It” (Alexander Wendt). Surgiu do debate sobre o lugar das 
ideias e dos valores na análise dos eventos sociais. São próximos da escola inglesa. 
 
 DESIGUALDADE 
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 O contributo sociológico 
O fim da guerra-fria abriu um novo espaço intelectual a académicos que procurassem desafiar as 
teorias tradicionais das RI; 
Os construtivistaspartiram das teorias sociológicas estabelecidas para mostrar como as ciências 
sociais podiam contribuir para os académicos das RI compreendessem a importância da identidade e 
das normas na política global; 
Os construtivistas demonstram como a atenção às normas e à identidade dos estados pode 
contribuir para identificar importantes questões negligenciadas pelos neorrealistas e neoliberais. 
 
 A visão construtivista 
-Os fundamentos básicos do construtivismo assentam na ideia de que o mundo que construímos é 
resultante das escolhas humanas (p.e., culturas e identidades), não é pré-determinado, estando em 
continuada construção e aperfeiçoamento. 
-Aos “construtores” do mundo denominam-se de “agentes”. Para alguns tornou-se uma “terceira 
via” em contraste com as teorias tradicionais. 
-Negação da anarquia (esta é socialmente construída). 
-Os construtivistas veem o mundo como socialmente construídos, em detrimento do mundo 
material. “construído” através de um processo de interação entre agentes (indivíduos, estados, 
atores não estatais), e estruturas do ambiente contextual. 
-P.e., a propósito das armas nucleares, mais do que a sua existência física, importa o contexto social 
que lhes dá significado para aquela capacidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
-Não se devem confundir factos sociais com factos brutos, o que pode levar à atribuição de 
condições naturais a factos que na realidade foram produzidos socialmente (abertos à mudança). 
 
“Há neve no cimo do monte Evereste, independentemente de 
estar alguém para a observar ou não, mas o pedaço de papel 
branco e violeta com uma imagem de Adam Smith que tenho no 
bolso só é uma nota de 20 livras esterlinas, porque assim é 
reconhecida pelas pessoas na Grã-Bretanha”. 
Chris Brown e Kirsten Ainley (2012) Compreender as RI, 93 
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