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PARTE II Teoria Geral dos Contratos e Português Jurídico Profa. Me Claudete de Souza • INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS – Critérios de interpretação – Integração contratual – Formas de interpretação: integração – Regras de interpretação • INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS DE CONSUMO • CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO NO DIREITO CIVIL BRASILEIRO • PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES o I - Quanto aos direitos e deveres das partes envolvidas ou quanto à presença de sinalagma o II - Quanto ao sacrifício patrimonial das partes o III - Quanto ao momento do aperfeiçoamento do contrato o IV - Quanto aos riscos que envolvem a prestação o V - Quanto à previsão legal o VI - Quanto à negociação do conteúdo pelas partes. O conceito de contrato de adesão. Diferenças em relação ao contrato de consumo 4º sem. o VII - Quanto à presença de formalidades o VIII - Quanto à independência do contrato. O conceito de contratos coligados o IX - Quanto ao momento do cumprimento o X - Quanto à pessoalidade o XI - Quanto às pessoas envolvidas o XII - Quanto à definitividade do negócio • FORMAÇÃO DO CONTRATO NO CÓDIGO CIVIL: FASES o a) Manifestação da vontade o b) Fase de negociações preliminares ou de puntuação. o c) Fase de proposta, policitação ou oblação. o d) Fase de contrato preliminar. o e) Fase de contrato definitivo ou de conclusão do contrato. • FORMAÇÃO DO CONTRATO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR • Da oferta – arts. 30 a 35, CDC • FORMAÇÃO DO CONTRATO ELETRÔNICO (INTERNET) Interpretação do contrato • Imprescindível que façamos a interpretação da manifestação da vontade para se possa alcançar seu significado e alcance, pois – Nem sempre o contrato expressa a real manifestação da vontade das partes, – Redação pode mostrar-se obscura e ambígua, – Complexidade do negócio e dificuldades próprias do vernáculo. • Por essa razão não só a lei deve ser interpretada, mas também os negócios jurídicos em geral. • A linguagem contratual exterioriza-se por meio de sinais ou símbolos, dentre os quais as palavras. • “ Interpretar o negócio jurídico é, portanto, precisar o sentido e alcance do conteúdo da declaração de vontade. – Busca-se apurar a vontade concreta das partes, não a vontade interna, psicológica, mas a vontade objetiva, o conteúdo, as normas que nascem da sua declaração”. Critérios para a interpretação dos contratos • a) A melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é verificar o modo pelo qual o vinham executando, de comum acordo; • b) Deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa para o devedor (in dubiis quod minimum est sequimur); • c) As cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto com as demais; • d) Qualquer obscuridade é imputada a quem redigiu a estipulação, pois, podendo ser claro, não o foi (ambiguitas contra stipulatorem est); • e) Na cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em atenção ao que pode ser exequível (princípio da conservação ou aproveitamento do contrato) Formas de interpretação do contrato • A interpretação contratual é – Declaratória • quando tem como único escopo a descoberta da intenção comum dos contratantes no momento da celebração do contrato; e – Construtiva ou integrativa, • quando objetiva o aproveitamento do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixados pelas partes. • Pela integração contratual se preenche as lacunas encontradas nos contratos, – complementando-os por meio de normas supletivas especialmente as que dizem respeito – à sua função social, – ao princípio da boa-fé, – aos usos e costumes do local, – bem como buscando encontrar a verdadeira intenção das partes, muitas vezes revelada nas entrelinhas. Regras de interpretação contidas no CC e em Lei Especial • No contrato de adesão, existindo cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente (arts. 423 e 424, CC); • – CC não estabeleceu regulação própria aos contratos por adesão, o que foi feito pelo CDC com toda pertinência. – Enunciado n. 171, III Jornada de Direito Civil, 2004 : • “O contrato de adesão, mencionado nos arts. 423 e 424 do novo Código Civil, não se confunde com o contrato de consumo”. • A transação interpreta-se restritivamente (art. 843); – As concessões recíprocas das partes podem criar, modificar ou extinguir relações iguais ou diversas da que tiver dado origem à pretensão ou contestação. ... ...regras de interpretação • A fiança não admite interpretação extensiva (art. 819); – O caráter benéfico de que se reveste a fiança não permite lhe seja dada uma interpretação extensiva; – Súmula 214 do STJ: “O fiador não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu”. • A cláusula testamentária é suscetível de interpretações diferentes, prevalecendo a que melhor assegure a observância da vontade do testador (art. 1.899). – No testamento, o aspecto subjetivista prevalece, e o que se tem de perquirir e revelar é a real vontade do testador. (vide art. 112, CC) – Deve-se atentar à linguagem do testador no sentido pessoal e próprio em que ele a empregara. Interpretação do contrato de adesão no CC • “Contrato de adesão é aquele cujo conteúdo será determinado unilateralmente por um dos contratantes, cabendo ao outro contratante apenas aderir ou não aos seus termos”. • Art. 423, CC : • Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. • “É ambígua a cláusula quando da sua interpretação gramatical seja possível a extração de mais de um sentido.” • Art. 424, CC: • Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. – Ex.: Não reparação pelos danos decorrentes de defeitos da coisa ou pela má prestação de serviços, não indenizabilidade de vícios redibitórios, evicção etc. Interpretação dos contratos no Código de Defesa do Consumidor • Conceito de contrato de adesão: art. 54, CDC: – “Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo”. • Art. 47, CDC: – “As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”. • Justificativa dessa excepcionalidade : – previsão específica do rol dos direitos fundamentais, como disposto no art. 5º, XXXII, combinado com o art. 170, V, da Constituição Federal. CLASSIFICAÇÕES DO CONTRATO NO DIREITO CIVIL BRASILEIRO Principais classificações contratuais o I - Quanto aos direitos e deveres das partes envolvidas ou quanto à presença de sinalagma o II - Quanto ao sacrifício patrimonial das partes o III - Quanto ao momento do aperfeiçoamento do contrato o IV - Quanto aos riscos que envolvem a prestação o V - Quanto à previsão legal o VI - Quanto à negociação do conteúdo pelas partes. O conceito de contrato de adesão. Diferenças em relação ao contrato de consumo o VII - Quanto à presença de formalidades o VIII - Quanto à independência do contrato. O conceito de contratos coligados o IX - Quanto ao momento do cumprimento o X - Quanto à pessoalidade o XI - Quanto às pessoas envolvidas o XII - Quanto à definitividade do negócio I - Quanto aos direitos e deveres das partes envolvidas ou quanto à presença de sinalagma • Contrato unilateral: apenas um dos contratantes assume deveres (ou obrigações), em face do outro. – no momento em que se forma, origina obrigação, tão somente, para uma das partes. – Ex. Doação pura e simples: há deveres apenas para o doador; o donatário terá vantagens. – Mútuo : empréstimo de bem fungível para consumo – Comodato : empréstimo de bem infungível para uso. • Contrato bilateral ou sinalagmático : os contratantes são simultânea e reciprocamente credores e devedores uns dos outros; o negócio produz direitos e deveres paraambos, de forma proporcional. (art. 481, CC) – Ex. compra e venda, troca ou permuta, a locação, a prestação de serviços, a empreitada, o transporte, o seguro... • Contrato plurilateral : envolve várias pessoas, trazendo direitos e deveres para todos os envolvidos, na mesma proporção. – Ex. Sociedade empresária. II - Quanto ao sacrifício patrimonial das partes • Contratos onerosos : trazem vantagens para ambos os contratantes; ambos sofrem sacrifício patrimonial; ambas as partes assumem deveres obrigacionais, havendo um direito subjetivo de exigi-lo; há uma prestação e uma contraprestação; em regra são bilaterais. – Ex. Compra e venda • Contratos gratuitos ou benéficos : oneram somente uma das partes, proporcionando à outra uma vantagem sem qualquer contraprestação; em regra são unilaterais. – Ex. Doação pura ou simples, reconhecimento de filho. III - Quanto ao momento do aperfeiçoamento do contrato • Contratos consensuais : são aqueles negócios que têm aperfeiçoamento pela simples manifestação de vontade das partes envolvidas. – Ex. compra e venda, a doação, a locação, o mandato... – OBS: aperfeiçoamento = plano da validade • Contratos reais : se aperfeiçoam apenas com a entrega da coisa (traditio rei), de um contratante para o outro; antes da entrega da coisa tem-se apenas uma promessa de contratar e não um contrato perfeito e acabado. – Ex. comodato, o mútuo, o depósito. – OBS: tradição e registro = plano da eficácia IV - Quanto aos riscos que envolvem a prestação • Comutativo ou pré-estimado : quando as partes já sabem quais e quantas são as prestações, que são certas e determinadas. – Compra e venda, em regra; contrato de locação... • Contrato aleatório : a prestação de uma das partes não é conhecida com exatidão no momento da celebração do negócio jurídico pelo fato de depender da sorte, da álea, que é um fator desconhecido. (arts. 458 a 461, CC). – Vocábulo latino alea significa sorte, risco, acaso. – Seguro, jogo, aposta, compra e venda de colheita futura... Os contratos aleatórios podem ser: • 1) Contrato aleatório emptio spei (venda da esperança ou venda de coisas futuras – art. 459, CC) : – o risco é maior e depende da existência da coisa tratada; – a venda é de coisas futuras (não existem no momento da contratação; – um dos contratantes toma para si o risco relativo à própria existência da coisa; – é ajustado um preço que será devido integralmente, mesmo que a coisa não exista no futuro, desde que não haja dolo ou culpa da outra parte (art. 458 do CC). – Ex. Compra dos legumes resultantes das sementes a serem plantadas em 2 alqueires de terra. ...contratos aleatórios... • 2) Contrato aleatório emptio rei speratae (venda da coisa esperada – arts. 460 e 461, CC): – É a venda de coisas já existentes, mas expostas a risco (que é menor); – O risco é correspondente à quantidade das coisas negociadas, que podem sofrer deterioração ou perecimento; – Ex: compra da produção de 2019, a ocorrer em dezembro, de laranjas de uma determinada fazenda. V - Quanto à previsão legal • Contratos típicos ou nominados (nomen iuris) – 23 contratos regulados por lei (Código Civil). • Contratos atípicos ou inominados (art. 425, CC) - aqueles que não encontram previsão legal. – É lícito às partes estipular contratos atípicos, desde que observadas as normas gerais estabelecidas pelo próprio Código Civil. – Exigem minuciosa especificação de direitos e obrigações de cada parte; VI - Quanto à negociação do conteúdo pelas partes. • A) Contrato paritário ou negociado • B) Contrato de adesão (standard) – Arts. 423 e 424, CC • C) Contrato de consumo (também chamado de adesão) - Lei 8.078/1990, art. 54. • D) Contrato-tipo ...VI - Quanto à negociação do conteúdo pelas partes... • A) Contrato paritário ou negociado – As partes discutem livremente as condições, pois se encontram em situação de igualdade; – Há uma fase preliminar de negociação, onde as partes discutem as cláusulas e condições do negócio. – Ex : Você, adquirindo um carro usado de um colega. • B) Contrato de adesão (standard) – Arts. 423 e 424, CC – é aquele em que uma parte, o estipulante, impõe o conteúdo negocial, restando à outra parte, o aderente, duas opções: aceitar ou não o conteúdo desse negócio; – Ex. Contrato de franchising (franquia) • C) Contrato de consumo (também chamado de adesão) - Lei 8.078/1990, art. 54: – “Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo”. – É destinado a um número indeterminado de consumidores; – Ex : Seu contrato com a Vivo, Comgás, Sabesp, seguro, transporte... • D) Contrato-tipo • as cláusulas são pré-redigidas, caso do contrato formulário, mas permite discussão de algumas cláusulas; • há espaços em branco para serem preenchidos, de comum acordo, após discussão entre os contratantes (taxa de juros, prazo e condições de financiamento); • não é essencial a desigualdade econômica entre os contratantes; • destinado a certas pessoas ou grupos identificáveis. • Ex: Você, adquirindo um carro usado numa Loja da Av. Prestes Maia. ...VI - Quanto à negociação do conteúdo pelas partes VII - Quanto à presença de formalidades • Solenes ou formais – São os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar, caso serão considerados nulos. – Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. • Não solenes ou não formais – Forma livre – regra do direito civil brasileiro. – Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. VIII - Quanto à independência do contrato • A) Contrato principal • B) Contrato acessório • C) Contratos coligados • D) Contrato derivado ou subcontrato ...VIII - Quanto à independência do contrato... • A) Principal – Têm existência própria, autônoma – Ex: compra e venda, locação... • B) Acessório – Dependem da existência de outro contrato; são subordinados a um contrato principal. – Nulo o principal, também o será o acessório. – Ex: cláusula penal, fiança – Art. 184, CC. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. • C) Contratos coligados são os que, embora distintos, estão ligados por uma cláusula acessória, implícita ou explícita. – O conceito de contratos conexos é bastante abrangente e pode ser descrito – mas não definido – pela utilização de uma pluralidade de negócios para a realização de uma mesma operação econômica – São unidos parcialmente, mas detêm certa independência; – Ex: Posto de gasolina – fornecimento do combustível, arrendamento das bombas, locação para conveniência... • JULGADO: “...no caso, há um elo direto nas obrigações pactuadas, cujos efeitos são totalmente interligados, havendo uma relação concertada entre a empresa de telefonia e a prestadora do ‘Disk Amizade’ no tocante à disponibilização e cobrança dos serviços, sendo coligadas economicamente, integrantes de um mesmo e único negócio por ação conjunta, havendo conexão e entrelaçamento de suas relações jurídicas. (...) Nesse passo e em uma perspectiva funcional dos contratos, deve-se ter em conta que a invalidade da obrigação principal não apenas contamina o contrato acessório (CC, art. 184), estendendo-se, também, aos contratos coligados, intermediário entre os contratos principais e acessórios, pelos quais a resolução de um influenciará diretamente na existência do outro” (STJ, REsp 1.141.985/PR, 4.ª Turma, Rel. Min. LuisFelipe Salomão, j. 11.02.2014, DJe 07.04.2014). ...VIII - Quanto à independência do contrato... • D) Contratos derivados ou subcontratos são aqueles que têm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato (básico ou principal); – Um dos contratantes transfere a terceiro, sem se desvincular, sua posição contratual . – Diferente da cessão de contrato, onde o contrato básico persiste, mas com novo titular, o cessionário. – Ex: sublocação, subempreitada, subconcessão... • Na sublocação, o locatário transfere a terceiro (sublocatário), os direitos contratuais que são seus; – O contrato de locação não se extingue; – Os direitos do sublocatário terão a mesma extensão dos direitos do locatário, que continua vinculado ao locador. ...VIII - Quanto à independência do contrato... IX - Quanto ao momento do cumprimento • Contratos instantâneos, de execução imediata ou única – têm aperfeiçoamento e cumprimento de imediato, num só ato. – Compra e venda à vista. • Contratos de execução diferida – têm o cumprimento previsto de uma vez só no futuro, a termo. – Compra e venda pactuada com pagamento por cheque pré ou pós-datado. • Contratos de execução continuada (ou trato sucessivo) – têm o cumprimento previsto de forma sucessiva ou periódica no tempo. – Locação, Compra e venda com pagamento por boleto bancário, com periodicidade mensal, quinzenal, bimestral, trimestral ou qualquer outra forma sucessiva. X - Quanto à pessoalidade • Contratos pessoais, personalíssimos ou intuitu personae – celebrados em razão das qualidades pessoais de um dos contraentes. – Com a morte do contratante que assumiu uma obrigação infungível, insubstituível, ocorrerá a extinção desse contrato; – Ex: Contrato de fiança, uma vez que a condição de fiador não se transmite aos herdeiros, mas somente as obrigações vencidas e não pagas enquanto era vivo o fiador e até os limites da herança (art. 836 do CC). • Contratos impessoais - a pessoa do contratante não é juridicamente relevante para a conclusão do negócio. – A prestação pode ser cumprida pelo obrigado ou por terceiro. – Ex: compra e venda realizada em Casas Bahia. Independe qual o vendedor que o atenderá. XI - Quanto às pessoas envolvidas (5) (classificação de Roberto Senise Lisboa) • 1. Contrato individual ou intersubjetivo: é aquele que conta com apenas um sujeito em cada polo da relação jurídica. • 2. Contrato individual plúrimo: é aquele que conta com mais de um sujeito em um ou em ambos os polos da relação jurídica. – Consórcio • 3. Contrato individual homogêneo: é aquele realizado por uma entidade, com autorização legal, para representar os interesses de pessoas determinadas, cujos direitos são predeterminados ou preestabelecidos, havendo uma relevância social. – Serviço odontológico oferecido aos Advogados, pela OAB • 4. Contrato coletivo: é aquele que possui, ao menos em um dos polos, uma entidade autorizada pela lei para a defesa dos interesses de um grupo, classe ou categoria de pessoas indeterminadas, porém determináveis, vinculadas por uma relação jurídica-base. – Contrato coletivo de trabalho, celebrado por sindicato. • 5. Contrato difuso: é aquele que possui, ao menos em um dos polos, uma entidade que tenha autorização legal para a defesa dos interesses de pessoas indeterminadas, vinculadas por uma situação de fato. – Termo de compromisso firmado entre o Ministério Público e uma empresa fornecedora de um determinado produto que esteja fora das especificações legais. ...XI quanto as pessoas envolvidas... • Súmula 601, 2018, STJ – “O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores ainda que decorrente da prestação de serviço público”. • “Processo civil. Ação civil pública. Legitimidade ativa do Ministério Público. Reajustes de prestações. Sistema financeiro de habitação. CF, art. 129, III, Lei 7.347/85. Lei 8.625/93. Utilização da TR como índice de correção monetária dos contratos do SFH. Decisão liminar proferida em sede de ação civil pública mantida pelo tribunal de origem.” (STJ, REsp 586.307/MT, 1.ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, j. 14.09.2004, DJ 30.09.2004, p. 223). ...XI quanto as pessoas envolvidas XII - Quanto à definitividade do negócio • Contrato preliminar, pré-contrato ou pactum de contrahendo é um negócio que tende à celebração de outro, denominado contrato definitivo. – Por via do contrato preliminar a(s) parte(s) se compromete(m) a celebrar outro contrato, que será o principal. – O contrato preliminar (arts. 462 e 466), será estudado no capítulo que trata da formação do contrato. • Contrato definitivo – Contrato final, aquele que já teve todas as cláusulas discutidas e estabelecidas. FASES DA FORMAÇÃO DO CONTRATO Arts. 427 a 435, CC • a) Manifestação da vontade • b) Fase de negociações preliminares ou de puntuação. • c) Fase de proposta, policitação ou oblação. • d) Fase de contrato preliminar. • e) Fase de contrato definitivo ou de conclusão do contrato. a) A MANIFESTAÇÃO DA VONTADE DAS PARTES • Este é o primeiro e mais importante momento para a existência do negócio jurídico. • A vontade se processa inicialmente na mente das pessoas: – É o momento subjetivo, psicológico. – O momento objetivo é aquele em que a vontade se revela por meio da declaração exteriorizada: – Só assim a vontade se torna conhecida e apta a produzir efeitos nas relações jurídicas. ...manifestação da vontade... • A manifestação da vontade pode ser expressa ou tácita. • Poderá ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa (CC, art. 111). – Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. • Expressa é a exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto ou mímica, de forma inequívoca. • Algumas vezes a lei exige o consentimento escrito como requisito de validade da avença. – Não havendo na lei tal exigência, vale a manifestação tácita. O silêncio é manifestação de vontade? • O silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando : – as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa (CC, art. 111), – quando a lei o autorizar, como nos arts. 539 (doação pura), 432 (praxe comercial) ... – Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. – Ou quando tal efeito ficar convencionado em um pré-contrato. ...manifestação da vontade... b) Fase de negociações preliminares ou de puntuação • Fase não prevista no CC 2002 • É anterior à formalização da proposta, podendo ser composta por: – Carta de intenções – Ou apenas a manifestação da intenção de contratar futuramente – Sondagens, conversações prévias – Não cria direitos nem obrigações – ...mas gera expectativas para a outra parte, quando houver falsa manifestação de interesse. • Boa-fé e deveres anexos devem ser respeitados : – Seu descumprimento pode gerar dever de indenizar. • “Responsabilidade pré-contratual. Despesas realizadas pela autora, de forma antecipada, com o objetivo de viabilizar negócio futuro com o réu. Não celebração do contrato, após uma série de diligências e pagamentos feitos pela autora. Comportamento concludente do réu que gerou expectativa da autora de finalização do contrato e estimulou a realização de despesas para a regularização do imóvel. Composição de interesses negativos, consistentes nos danos que sofreu a autora com a frustração do negócio na fase de puntuação. Sentença de procedência. Recurso improvido” (TJSP, Apelação 0134186-53.2006.8.26.0000, Acórdão 5408504, Jacareí, 4.ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Francisco Loureiro, j. 15.09.2011, DJESP 30.09.2011). c) Fase de proposta, policitação ou oblação • Proposta, oferta, policitação ou oblação “é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quempretende celebrar um contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar”. • Trata-se de uma declaração unilateral de vontade receptícia, ou seja, só produz efeitos ao ser recebida pela outra parte. • A proposta deve conter todos os elementos essenciais do negócio proposto: – Preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento, etc. – Deve ser séria e consciente, pois vincula o proponente, sob pena de responsabilização pelas perdas. – Deve ser clara, completa e inequívoca, há de ser formulada em linguagem simples, compreensível ao oblato, representando a vontade inquestionável do proponente. Os 2 polos de uma proposta contratual são denominados : • 1) policitante, proponente ou solicitante – aquele que formula a proposta • 2) policitado, oblato ou solicitado – aquele que recebe a proposta – Caso a proposta seja aceita, este torna-se aceitante, o que gera o aperfeiçoamento do contrato. ...proposta... • 1. se contiver cláusula expressa a respeito: – “proposta sujeita a confirmação”; “não vale como proposta”; • 2. natureza do negócio: – Propostas abertas ao público são limitadas ao estoque; • 3. circunstâncias do caso: elencadas no art. 428, CC. ...proposta... Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Art. 428, CC = excludentes de obrigatoriedade da proposta • Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. ...proposta... Art. 429, CC (desajustado à realidade social contemporânea) • Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. • Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. • A oferta não perde o caráter de negócio jurídico receptício se for endereçada a pessoas indeterminadas = oferta aberta ao público: – Mercadorias expostas em vitrines, feiras, leilões com preço à mostra... • O art. 30, CDC, tutela de forma mais abrangente a oferta feita ao público. • Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. ...proposta... • Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. – Reafirma a boa-fé: dever de informar o recebimento da proposta. • Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. – Trata-se da contraproposta. • Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. – Aceitação tácita ou silêncio eloquente (contraria as regras do art. 111, CC – “quem cala consente”) • Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. – A lei permite a retratação da aceitação, antes que o aceitante tome providências para a conclusão do contrato. MOMENTO DA ACEITAÇÃO DA PROPOSTA ...proposta... Formação do contrato entre ausentes e entre presentes • Entre ausentes (inter absentes) – Por correspondência - carta, telegrama, fax, e-mail...ou enviada por intermediário (motoboy) • Teoria da cognição ou da informação = – o contrato se aperfeiçoa a partir do momento em que o policitante se inteira do teor da aceitação do oblato (art. 434, caput, do CC). • Teoria da declaração ou da agnição é subdividida em : – A) da declaração – B) da expedição – C) da recepção ...recepção da proposta... • Teoria da declaração ou da agnição é subdividida em : • A) da declaração – O instante da conclusão coincide com o da redação da correspondência; – Inconcebível pois o aceitante pode destruir a mensagem sem remetê- la. • B) da expedição – Não basta a redação da resposta, mas que tenha sido expedida pelo oblato; – A mais aceitável, pois evita o arbítrio dos contraentes, afastando dúvidas de natureza probatória. – O art. 434, CC expressamente acolhe esta subteoria. • C) da recepção – Além de exigir que a escrita tenha sido expedida, a resposta deve ter sido entregue e lida pelo destinatário. – O Código Civil adota, em regra, esta subteoria. ...proposta... • Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I - no caso do artigo antecedente; II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III - se ela não chegar no prazo convencionado. • Enunciado 173, III Jornada de Direito Civil/2004: – “A formação dos contratos realizados entre pessoas ausentes, por meio eletrônico, completa-se com a recepção da aceitação pelo proponente”. ...proposta......recepção da proposta... FORMAÇÃO DO CONTRATO PELO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Lei 8.078/1990 • Diferentemente do CC, o CDC não faz menção sobre o momento da formação do contrato de consumo. • Se necessário, busca-se subsídio nas regras comuns de Direito Privado, havendo dúvida quanto à constituição da obrigação de natureza consumerista. – sem prejuízo de outros regramentos também aplicáveis à fase pré-negocial, ou seja, às tratativas iniciais para a formação do pacto. – Diálogo de complementariedade Da Oferta no CDC – arts 30 a 35 • Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. • O princípio da boa-fé objetiva e a conduta proba também deve estar presente na fase pré-contratual do contrato de consumo. – Qualquer oferta feita ao consumidor, seja por qual meio de divulgação for (out-door, rádio, TV, vitrine, divulgação por microfone...) vincula o ofertante ao seu cumprimento da forma como foi ofertado. • EMENTA - Direito do Consumidor. Recurso especial. Vício do produto. Automóveis seminovos. Publicidade que garantia a qualidade do produto. Responsabilidade objetiva. Uso da marca. Legítima expectativa do consumidor. Matéria fático-probatória. Súm. n. 7-STJ.1. O Código do Consumidor é norteado principalmente pelo reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor e pela necessidade de que o Estado atue no mercado para minimizar essa hipossuficiência, garantindo, assim, a igualdade material entre as partes. Sendo assim, no tocante à oferta, estabelece serem direitos básicos do consumidor o de ter a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços (CDC, art. 6º, III) e o de receber proteção contra a publicidade enganosa ou abusiva (CDC, art. 6º, IV ). 2. É bem verdade que, paralelamente ao dever de informação, se tem a faculdade do fornecedor de anunciar seu produto ou serviço, sendo certo que, se o fizer, a publicidade deve refletir fielmente a realidade anunciada, em observância à principiologia do CDC. Realmente, o princípio da vinculação da oferta reflete a imposição da transparência e da boa-fé nos métodos comerciais, na publicidade e nos contratos, de forma que esta exsurge como princípio máximoorientador, nos termos do art. 30. 3. Na hipótese, inequívoco o caráter vinculativo da oferta, integrando o contrato, de modo que o fornecedor de produtos ou serviços se responsabiliza também pelas expectativas que a publicidade venha a despertar no consumidor, mormente quando veicula informação de produto ou serviço com a chancela de determinada marca, sendo a materialização do princípio da boa-fé objetiva, exigindo do anunciante os deveres anexos de lealdade, confiança, cooperação, proteção e informação, sob pena de responsabilidade.4. A responsabilidade civil da fabricante decorre, no caso concreto, de pelo menos duas circunstâncias: a) da premissa fática incontornável adotada pelo acórdão de que os mencionados produtos e serviços ofertados eram avalizados pela montadora através da mensagem publicitária veiculada; b) e também, de um modo geral, da percepção de benefícios econômicos com as práticas comerciais da concessionária, sobretudo ao permitir a utilização consentida de sua marca na oferta de veículos usados e revisados com a excelência da GM. Recurso improvido. STJ - RECURSO ESPECIAL N. 1.365.609-SP (2011/0105689-3), 4ª Turma, Ministro Relator Luis Felipe Salomão, Data de julgamento: 28/04/2015. ...da oferta no CDC... Cumprimento da oferta no CDC Art. 35 Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos • Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. • Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. ...da oferta no CDC... A publicidade como oferta de produtos e serviços Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem. ...da oferta no CDC... Publicidade enganosa e abusiva é entendida como oferta e punida Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. ...da oferta no CDC... • 0292630-30.2016.8.19.0001- APELAÇÃO – TJRJ - 1ª Ementa Des(a). EDSON AGUIAR DE VASCONCELOS - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO FORNECEDOR - PRODUTO DENOMINADO KIT DIGITAL PARA ACESSO AO PROFESSOR ON LINE – PROPAGANDAENGANOSA E DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL - DEFICIÊNCIA NO DEVER DE PRESTAR INFORMAÇÃO CORRETA, CLARA E PRECISA SOBRE O OBJETO DA CONTRATAÇÃO - VIOLAÇÃO DA BOA-FÉ OBJETIVA NA FASE DE FORMAÇÃO DO CONTRATO - EXPECTATIVA DA CONSUMIDORA FRUSTRADA PELA ATUAÇÃO DESLEAL DA RÉ –I NSCRIÇÃO DO NOME DA AUTORA EM CADASTROS RESTRITIVOS DE CRÉDITO - DANO MORAL CONFIGURADO - Quebra da expectativa da autora, que aderiu ao contrato com o réu, com o objetivo de obter material on line de apoio e reforço aos estudos de seu filho, e descobriu, posteriormente, que foram lançados débitos não autorizados em seu cartão de crédito. Apontamento do nome da autora em cadastro de inadimplentes. A inversão do ônus prova na modalidade ope legis prescinde de determinação judicial nesse sentido, eis que a Lei nº 8.078/90 adotou a teoria do risco do empreendimento, invertendo o ônus da prova em favor do consumidor. O quadro fático revela o descumprimento dos princípios da transparência máxima, da vulnerabilidade do consumidor, e da função social e boa-fé objetiva dos contratos, dando azo à rescisão contratual. Informação defeituosa. Prática abusiva que impede o consentimento consciente do vulnerável, afastando a liberdade de escolha do consumidor. O réu não apresentou qualquer prova de que, no ato da contratação, tenha prestado adequadamente as informações ao consumidor, ônus este que lhe incumbia. Provimento ao recurso. Íntegra do Acórdão-Data de Julgamento: 06/06/2018 . ...da oferta no CDC... • Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos. ...da oferta no CDC... Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. § 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa. § 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu. § 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. § 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial. ...cumprimento da oferta no CDC... Direito ao arrependimento Art. 49, CDC Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados. Outros artigos do CDC, de conhecimento obrigatório • Art. 39 – Vedação das práticas abusivas por parte do fornecedor • Art. 51 – Rol exemplificativo de cláusulas abusivas • Art. 52 – Dever de informação ao consumidor de crédito bancário FORMAÇÃO DO CONTRATO ELETRÔNICO (INTERNET) • Direito Digital ou Eletrônico ainda está em vias de formação. – Na ausência de Lei Especial, aplica-se o CC + CDC = Diálogo das Fontes. – Medida Provisória 2.200/2001 institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil •“O Direito Digital consiste na evolução do próprio Direito, abrangendo todos os princípios fundamentais e institutos que estão vigentes e são aplicados até hoje, assim como introduzindo novos institutos e elementos para o pensamento jurídico, em todas as suas áreas”. • Características desse “novo Direito”: – a celeridade, o dinamismo, a autorregulamentação, a existência de poucas leis, uma base legal na prática costumeira, o uso da analogia e a busca da solução por meio da arbitragem... ...contrato eletrônico... O contrato pela internet ocorre entre ausentes ou entre presentes? • Uma primeira corrente defende que contrato via e-mail constitui contrato entre ausentes, tendo em vista que, tal como ocorre nas cartas, há uma diferença de tempo entre os contatos das partes. • Numa outra linha de raciocínio : – o art. 428, I, CC, segunda parte informa que ‘Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante’. – A internet convencional é meio de comunicação semelhante ao telefone, já que a informação é enviada via linha. – Logo, o contrato que se formaliza nessa modalidade é entre presentes (inter praesentes). • Assim, quando o policitante e o oblato estiverem conectados em tempo real, como ocorre nos chats de bate-papo, ou ainda nos sítios especializados em comércio eletrônico, em que a resposta é imediata, estaremos diante de um contrato entre presentes. – Raras serão as situações em que as partes não estarão em comunicação em tempo real, muito mais rápida até que o telefone, mesmo porque geralmente as pessoas permanecem grande parte do tempo on-line. ...contrato eletrônico... • Em conclusão, é correto afirmar que via de regra, o contrato eletrônico deve ser considerado entre presentes. – somente excepcionalmente o contrato eletrônico ocorrerá na modalidade entre ausentes. • Enunciado n. 173, CJF/STJ - III Jornada de Direito Civil – “A formação dos contratos realizados entre pessoas ausentes por meio eletrônico, completa-se com a recepção da aceitação pelo proponente”. ...contrato eletrônico... d) Fase de contrato preliminar Arts 462 a 466, CC • O pactum de contrahendo é novidade inserida na atual codificação civil. • O contrato preliminar é fase dispensável numa negociação = não é obrigatória – Porém, se as partes optarem pela fase preliminar, esse contrato deve conter todos os requisitos do contrato final. – Em regra, o contrato preliminar é celebrado em compra e venda de imóvel para dar mais segurança às partes. • Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. • “Contrato. Tratativas. Culpa in contrahendo. Responsabilidade da empresa alimentícia, industrializadora de tomates, que distribui sementes, no tempo do plantio, e então manifesta a intenção de adquirir o produto, mas depois resolve, por sua conveniência, não mais industrializá-lo naquele ano, assim causando o prejuízo do agricultor, que sofre a frustração da expectativa da venda da safra, uma vez que o produto ficou sem possibilidade de colocação. Decorre do princípio da boa-fé objetiva, aceito pelo ordenamento, o dever de lealdade durante as tratativas e a consequente responsabilidade da parte que, depois de suscitar na outra a justa expectativa de celebração de certo negócio, volta atrás e desiste de consumar a avença”. (RJTJRJ, 154/378) – STJ Resp 1.051.065-AM, 3ª T., rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 21-2-2013. ...contrato preliminar... ACÓRDÃO 2 tipos de contrato preliminar ou compromisso de contrato • A) Compromisso unilateral de contrato ou contrato de opção: – as duas partes assinam o instrumento, mas somente uma das partes assume um dever, uma obrigação de fazer o contrato definitivo. – Ex: Contrato de leasing ou arrendamento mercantil • Art. 466, Código Civil: • “Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor”. ...contrato preliminar... • B) Compromisso bilateral de contrato : – as duas partes assinam o instrumento e, ao mesmo tempo, assumem a obrigação de celebrar o contrato definitivo. – O compromisso bilateral pode ter como objeto bens móveis ou imóveis. – Para gerar os efeitos constantes no atual Código Civil, no contrato preliminar não poderá constar cláusula de arrependimento, conforme prevê o art. 463, CC. • Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. • Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. ... ...contrato preliminar - espécies... Interpretação do art. 463, CC • Enunciado n. 30 do Conselho da Justiça Federal/I Jornada de Direito Civil/2002: – “A disposição do parágrafo único do art. 463 do novo Código Civil deve ser interpretada como fator de eficácia perante terceiros”. – O verbo “dever” merece ser interpretado como “poder”. – Se o contrato não for registrado, haverá compromisso bilateral de contrato, gerando uma obrigação de fazer e efeitos obrigacionais inter partes; – Se houver o registro, haverá direito real de aquisição do promitente comprador, gerando obrigação de dar e efeitos reais erga omnes = compromisso irretratável de compra e venda registrado na matrícula. • ação de adjudicação compulsória ...contrato preliminar ... Contrato com pessoa a declarar (cláusula pro amico eligendo) Arts. 467 a 471, CC • Outra novidade do CC 2002, com grande aplicação aos pré- contratos, principalmente quando envolverem compra e venda de imóveis. • Possibilita que momento da conclusão do contrato, uma das partes possa reservar-se a faculdade de indicar outra pessoa que adquirirá os direitos e assumirá as obrigações decorrentes do negócio. Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato. ...contrato preliminar ... e) Fase de contrato definitivo ou de conclusão do contrato • O encontro de vontades originário da liberdade contratual ou autonomia privada ocorre nessa fase. • A partir de então, o contrato estará aperfeiçoado, gerando todas as suas consequências como, por exemplo, aquelas advindas da responsabilidade civil contratual. • A responsabilidade civil contratual está estabelecida nos arts. 389 a 391, CC, que tratam do inadimplemento contratual. • A boa-fé objetiva, com todos os seus deveres anexos, também deve ser aplicada a essa fase, bem como à fase pós-contratual. • Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. – O contrato será celebrado no lugar em que foi proposto, qual seja, no local onde foi oferecida a contraproposta. – Para os contratos internacionais, em que os contraentes residem em países diferentes, prevalece a regra do art. 9º, § 2°, LINDB : o local do contrato é o de residência do proponente. – As partes podem, ainda, eleger o foro de eleição que lhes for conveniente. CONCLUSÃO DO CONTRATO
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