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PNEUMOPATIAS INTERSTICIAIS DIFUSAS (PID) - Sd. clínica estereotipada: - Dispneia (esforço repouso): aguda, subaguda ou crônica. Geralmente insidiosa. - Tosse seca, pois não afetam o espaço aéreo e a secreção. - Fadiga, perda ponderal. - Dor torácica subaguda/crônica, hemoptise, sibilos. - Se aguda, lembrar que é comum o pneumotórax de repetição nesses pcts. - Exame físico: geralmente normal nas fases iniciais. - Se seguirem o curso clínico, evoluem com estertores “em velcro” bibasais. - Lab: - LDH, ECA: aumentam. - FAN (sarcoidose), FR (Wegener), ANCA, Anti-GBM. - ECG/Eco: cor pulmonale (IVD após PID grave). - Rx/TCAR com infiltrado intersticial. - Pode ser normal no Rx, mas ser detectado na TCAR (mais sensível). - Biópsia pulmonar ainda é o padrão ouro para diagnóstico. - Provas de função respiratória: - Padrão restritivo, com queda de todos os volumes estáticos por rigidez e contração do pulmão. - VEF1/CVF é normal ou aumentado. - Dlco (capacidade de difusão do CO) é reduzido, exceto em sds. Hemorrágicas (aumenta). Atesta se há diminuição do parênquima para troca gasosa. - Teste da caminhada de 06 min: avaliar a saturação de O2 em exercício, já que muitas vezes o pct está normal em repouso mas não aguenta fazer um teste mínimo. - BFC: biópsia (4/8 fragmentos); LBA incerto. - Broncofundoscopia. - Lavado broncoalveolar. - Bx toracoscópica ou “céu aberto” por vídeo ou toracotomia em 2 lobos. TRATAMENTO - Incerto, é feito uma abordagem genérica. - Medidas gerais: - Remover agente causal. - Hipoxemia: O2 suplementar. - Manuseio do cor pulmonale. - Farmacológico: - Corticoide (Prednisona 0,5-1mg/kg/dia). - Tratamendo deve durar 04-12 semanas: - Resposta: PDN 0,25-0,5mg/kg/dia (+ 04-12 semanas) – desmame. - Sem resposta: PDN 0,25/mg/kg/dia + imunossupressores (Ciclosporina, Aza, MMF). CLASSIFICAÇÃO - Inflamatórias/Fibrosantes x Granulomatosas. - Granulomatosas: - Linfócitos T. - Macrófagos. - Células epitelioides. - Pode ou não evoluir para fibrose. - Melhor clínica e prognóstico. - Inflamatórias/Fibrosantes: - Padrões histopatológicos variados. - Pneumonia Intersticial Usual (UIP): encontro de alterações como faveolamento (cistos aéreos fibrosados), infiltração de células inflamatórias, etc. - Pneumonia Intersticial Não Específica (NSIP): homogeneidade das alterações do parênquima. É difuso e igual. Não tem diferença de tempo e espaço. Comum na AR, alterações farmacológicas, etc. - Pneumonia Intersticial Descamativa (PID) e Bronquiolite Respiratória (RB): pouca ou mesmo nenhuma alteração inflamatória. Exclusivos do tabagismo. Se diferenciam pois o segundo ocorre nos bronquíolos e não no interstício. - Pneumonia Criptogênica Organizante (COP/BOOP): afeta as VAs e causa padrão obstrutivo, criando tecido de granulação nelas + matriz extracelular. Cria dilatação do espaço alveolar. - Dano Alveolar Difuso (DAD): dilatação capilar, com quebra do endotélio que permite a passagem de sangue e fluído proteináceo. Ocorre na SARA. - Pneumonia Intersticial Linfocítica (LIP): padrão inespecífico, comum no HIV. - Evolução habitual para fibrose. - Comprometimento V/Q progressivo faveolamento, mesmo com boa perfusão não ocorre troca com o sangue. - Etiologia conhecida x desconhecida. PRINCIPAIS DOENÇAS FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA (FPI) - Predomina 40-60 anos, sem pref. Por sexo. - Tabagismo é um FR “leve”. - 50% tem baqueteamento digital. - TCAR: - Predomínio em lobos inferiores (basal). - Predomina na periferia (faveolamento) e subpleural. - Pode evidenciar UIP. - Bx = UIP. Preferir a biópsia cirúrgica. - Tratamento: - Tratar a DRGE se associada. - Talidomida melhora tosse, mas não aumenta sobrevida. - Exacerbação aguda (dano alveolar difuso – DAD) subitamente. Tratar com terapia de suporte (VMI). - Corticoide não tem benefício, mesmo no DAD. - Nintedanibe ou Tx precoce, antes da evolução para exacerbações agudas. PNEUMONIA INTERSTICIAL AGUDA - Sd. de Hamman-Rich. - Caracterizada por DAD idiopático. - Predomina < 40 anos. - Começa com um pródromo “gripal”, que evolui para uma SARA. - Evolução fulminante. - TCAR: - SDAR: intersticial + alveolar. - Predomínio subpleural. - Bx: DAD. - Tratamento: - Suporte: VM. - Corticoide tem papel incerto. - Alta letalidade. PNEUMONIA CRIPTOGÊNICA ORGANIZACIONAL (COP/BOOP) - Predomina 40-50 anos. - Pródromo “gripal”, com tosse geralmente secretivo e mucóide. - TCAR: - Infiltrado alveolar bilateral. - Opacidades “migratórias”. - Predomínio subpleural basal. - Bx: afastar infecções, vasculites e CA. Identificar o BOOP. - Tratamento: corticoide isolado. - 2/3 têm boa resposta. DOENÇAS FORTEMENTE ASSOCIADAS AO TABAGISMO - Pneumonia intersticial descamativa. - Bronquiolite respiratória. - TCAR: - Infiltrado alveolar bilateral difuso. - Bx: macrófagos com pigmentos no espaço aéreo. - Parênquima adjacente inflamado. - Tratamento: cessar tabagismo. - Corticoide tem papel incerto. HISTIOCITOSE DE CÉLULAS DE LANGERHANS - Também associada ao tabagismo. - Homens 20-40 anos. - Pneumotórax de repetição em 25%. - Pode ter padrão obstrutivo na PFR. - TCAR: - Infiltrado retículo-nodular (interstício). - Nódulos “estrelados”. - Cistos aéreos em lobos superiores. - Poupa seios costofrênicos. - Bx: - Nódulos escleróticos com células de Langerhans e fibrose. - Fibrose adjacente gera alterações císticas. - Tratamento: - Cessar tabagismo (1/3 melhora). - Corticoide tem papel incerto, se cessar tabagismo não solucionar. PNEUMOPATIA INTERSTICIAL DAS COLAGENOSES - Esclerose sistêmica, LES, AR, Sjogren, PM/DM. - Sinais e sintomas da doença de base, raramente a pneumopatia precede as outras manifestações (dificulta diagnóstico). - TCAR: - Infiltrado reticular. - Alterações associadas à DRGE. - Atelectasias (fraqueza muscular). - Infecções oportunistas. - Bx: maioria tem padrão de NSIP. - Tratamento: corticoide + imunossupressor. - Lembrar: - Em pcts com AR, é mais comum em homens (sd. de Caplan). - PM/DM – associação com anti-sintetase. PROTEINOSE ALVEOLAR PULMONAR - Autoanticorpo anti-GM/CSF. - Disfunção de macrófagos: acúmulo de surfactante. - Predomnina em homens 30-50 anos. - Associação com neoplasia hematopoiética. - TCAR: - Infiltrado alveolar simétrico. - Predomina em campo médio/inferior. - Bx: espaço aéreo repleto de material lipoproteináceo amorfo PAS+. - Tratamento: - Lavagem pulmonar com TOT duplo-lúmen. LINFANGIOLEIOMIOMATOSE (LAM) - Exclusiva de mulheres pré-menopausa. - Predomínio em brancas. - Padrão de DVO ou DVM. - Pneumotórax recorrente, quilotórax (linfa). - Exacerba na gravidez/melhora com ooforectomia. - TCAR: - Cistos de parede finas difusos. - Parênquima normal. - Bx: cistos associados à hiperproliferação de células musculares lisas atípicas (anti-HMB45+) – não é CA! - A Bx é patognomônica. - Tratamento: - Evitar estrógenos. - NÃO fazer ooforectomia/progesterona/GnRH. - Sirolimus pode estabilizar (imunossupressor). - Tx pulmonar (pode recidivar). - Prognóstico ruim sem tratamento (6-8 anos de sobrevida). PNEUMONITE POR HIPERSENSIBILIDADE - Alveolite alérgica extrínseca. - Tabagismo protege contra PH. - Presença de precipitinas específicas (anticorpos). - Formas agudas (tirar o estímulo melhora), subagudas (diagnóstico difícil) e crônicas (evolui com fibrose). - TCAR: - Agudo/subagudo: vidro fosco (áreas de aprisionamento aéreo), nódulos. - Crônico: faveolamento. - Bx: granulomas não caseosos “frouxos” (limite mal definido) e peribrônquicos (diferente da sarcoidose, que são mais rígidos e chegam aos alveólos). - Componente peribrônquico causa o DVO. - Tratamento: - Evitar antígenos. - Corticoide. RADIOLOGIA BÁSICA DAS PIDS INFILTRADO INTERSTICIAL X ALVEOLAR - Interstício: compartimentos - Broncovascular (axial): broncos calibrosos e vasos, mergulhados em TC frouxo. - Parênquima (alveolar): interstício que preenche a membrana alveolar (pneumócitos, endotélio, membranabasal). TC frouxo. - Subpleural (periferia e cissuras): cola o interstício externo às pleuras. - Espaço aéreo: ar brônquico e alveolar. - Consolidação: ocupação do espaço aéreo. - Rx normal: - Compartimento broncovascular central é o mais visível. - Porção hilar é o que mais dá para ver. - Única coisa do interstício vistos são as sombras dos vasos pulmonares. - Sobreposição e calibre diminui conforme você vai para a periferia. O interstício em si não é visível, já que o pulmão é preto (ar). - Infiltrado intersticial: - Infiltrado retículo-nodular grosseiro: perca da diferença entre a região hilar e a periferia, mas há preservação do espaço aéreo. Acentuação das marcas do interstício. - Infiltrado alveolar: macroaspiração. Ocorre “inundação” dos espaços alveolares. Tem limites e nódulos mais imprecisos. - Infiltrado da consolidação lobar: doença que começa no espaço aéreo e causa inflamação no alvéolo, produzindo uma imagem de broncograma aéreo. - Tipos de infiltrado intersticial: - Linear = linhas de Kerley. Representam acentuações dos componentes subpleurais centrais (A) e periféricos (B). - Reticular = acentuamento do componente alveolar. SARCOIDOSE - Inflamação causada por granulomas não-caseosos (“queijo tuberculoso”) que infiltram todos os órgãos e tecidos do corpo, podendo evoluir com disfunção. - Predomina em 90% dos casos no pulmão. - Os granulomas aumentam e distorcem, comprometendo a função do órgão. EPIDEMIOLOGIA - Predomínio em populações nórdicas e mulheres. - Idade entre 20-40 anos, com 2º pico aos 60 anos (bimodal). - Rara antes dos 18 anos. - Forma familiar em 5%. - Raça vai influir nas manifestações clínicas. - Negros: doença pulmonar e cutânea mais grave. - Japoneses: mais doença ocular e cardíaca. - Exceção: neurossarcoidose. ETIOLOGIA - Idiopática. - Agente ambiental? acomete olhos, pulmões, pele... - FRs: - Inseticidas, fungos. - Construção civil, bombeiros. - Profissionais de saúde. - Agente etiológicos prováveis: - Propionobacterium acnes. - Proteína mKatG (ptn micobacteriana). - Hipótese: reação estereotipada a vários agentes diferentes em indivíduos geneticamente predispostos. FISIOPATOLOGIA - Célula Apresentadora de Antígeno + Linfócito TCD4 interagem (começo da resposta imune adaptativa). - Liberação excessiva de TNF-alfa, IL-2 e INF-gama. - Células mononucleares se direcionam de forma concêntrica tentando bloquear o antígeno apresentado pela CAP, formando o granuloma. - Autolimitado na maioria dos pcts, mas nos que não é gera uma cápsula fibrótica. - Observações: - AIDS e TARV pct que faz TARV melhora da sarcoidose, pois aumenta a contagem de CD4. Também é uma das condições da sd. de reconstituição imune, expressando uma sarcoidose até então oculta. - Diagnóstico diferencial: micobacterioses, micoses, neoplasias, beriliose. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - 1/3 dos casos são assintomáticos. - Rx de tórax: adenopatia hilar bilateral e simétrica (volume dos linfonodos). - Aguda: evolução em semanas. - Sd de Lofgren: - Adenopatia hilar no Rx. - Eritema nodoso. - Uveíte anterior. - Artrite. - Sd. de Heefordt: - Febre. - Aumento da parótida. - Uveíte anterior. - Paralisia facial. - Negros e nórdicos. - Crônica: queixas durante meses. - Pulmões (95%). - Dispneia e tosse seca. - Desconforto pré-cordial. - PFR: 2/3 = DVR; ½ = DVO. - Rx de tórax alterado: escala de Scadding. - Estágio 1: adenopatia hilar isolada. - Estágio 2: adenopatia + infiltrado. - Estágio 3: infiltrado isolado. - Estágio 4: fibrose. - Infiltrado reticulo-nodular em lobos superiores (subpleural). - Complicações: - Atelectasias (linfonodo). - Micetoma (hemoptise maciça). - HAP (fibrose avançada). - Pele (1/3): - Maculopapulas infiltradas e indolores (+ comum), geralmente coalescentes. - Eritema nodoso (agudo, bom prognóstico). - Lupus Pernio (cronicidade, pior prognóstico) - Ponte nasal. - Abaixo dos olhos. - Bochechas. - Olhos (15-30%): - Uveíte anterior = fotofobia, visão borrada, lacrimejamento. - Pode haver uveíte posterior (1/4). - Assintomáticos podem ficar cegos. Deve ser feito exame oftalmológico de rotina em toda sarcoidose. - Síndrome seca em 50% dos casos, em que o pct não produz o filme lacrimal. - Fígado, baço e medula óssea (menos comuns): - A Bx geralmente vai ter granulomas. - Fígado: - Hepatograma alterado (20-30%). - Somente 5% fazem colestase grave. - Aumento da fosfatase alcalina. - Baço: - Esplenomegalia 5-10%. - TC abdome: nódulos hipocaptantes. - Medula: - Granulomas não caseosos na Bx = 1/3. - Anemia (20%). - Manifestação hematológica mais comm é a linfopenia, pelo sequestro de linfócitos. - Neurossarcoidose (5-10%): - Qualquer parte do SNC ou SNP. - Sítios mais comuns: - NCs (VII e II). - Meningite basilar. - Hipotálamo anterior (DB insipidus) - Medula espinhal - Líquor alterado: pleocitose linfocítica, aumento de proteínas, glicose normal ou diminuída. - Excluir: esclerose múltipla e neurotuberculose (BK). - Fadiga: lesão de pequenas fibras periféricas. - Cardiossarcoidose (~5%): - Infiltração do miocárdio por granulomas. - Falência do VE (reverte com tratamento). - Distúrbios de condução (BAVT). - Arritmias ventriculares (Holter CDI), risco de MS. - ICFEr, com FEs bem baixas. - Diagnóstico: RM ou PET-TC. A biópsia é pouco sensível pois os granulomas ficam bem separados. - Outras manifestações: - Hipercalcemia: aumento da forma ativa da vit. D que os granulomas sintetizam. - Nefropatia: - Hipercalcemia: IRA. - Hipercalciúria: litíase/calcinose. - Raro fazer NIC granulomatosa. - Músculo-esqueléticas: - Granulomas (raros). - Mioartralgia por inflamação. - Mama, testículo, ovário e estômago: - Pouco acometidos. - Raro, então afastar câncer. DIAGNÓSTICO - Sinais e sintomas compatíveis + biópsia com granulomas não-caseosos + exclusão de outras doenças. - O diagnóstico nunca é 100% de certeza, mas tem boa aproximação. - 1º cenário: manifestações clínicas típicas + Bx do órgão envolvido. - 2º cenário: - Pct assintomático + achados sugestivos. - Pct sintomático + Bx do órgão envolvido inviável. - Pode fazer BFC: Bx transbrônquica/PAAF (punção aspirativa por agulha fina) guiada por USG como ferramenta diagnóstica (+ de 90% dos pcts têm acometimento pulmonar) após um Rx sugestivo. - Auxiliares diagnósticos: podem fortalecer o diagnóstico. - Aumento dos níveis da ECA > 2x ao limite superior normal. Auxilia para excluir neoplasia. - Aumento dos linfócitos no Lavado Broncoalveolar (LBA) (CD4/CD8 > 3.5). - Múltiplas lesões PET, RM, Cintilografia Ga-67: sinal do panda na cintilografia. - Reação de Kviem-Siltzbach (extrato de baço SC, leitura em 4-6 semanas): não usada hoje em dia. TRATAMENTO - Glicocorticoides para controle terapêutico. - Doença sintomática e multiorgânica: - Prednisona 20-40mg/dia (+ alto se neuro). - Diminuir dose por 5-10mg/dia em 06 meses. - Manter controle clínico. - Toxemia + desmame impossível: - MTX. - Micofenolato. - Azatioprina. - Ciclofosfamida. - Anti-TNF (Infliximab, Adalimumab). - Doença sintomática e uniorgânica: - Glicocorticoide tópico se olho, pele, tosse. - GC sistêmico se outros órgãos. - Pct assintomático: - GC sistêmico se neuro, cardio, oftalmo ou hipercalemia. - Sem tratamento se outros.
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